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BlogPai
Pensador Antropofágico Informatizado
Plataforma de divulgação dos resultados do projeto de pesquisa EPI-BR
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E P I - BR
(Epistemologia Pragmática-Instrumentalista Brasileira)
Síntese com resultados da pesquisa sobre: a lógica e aplicações
práticas do modo de pensar característico dos brasileiros.
EDSON DE MELO
Coordenação geral da pesquisa e composição de textos
Frankfurt/Recife
2010
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BlogPai
Pensador Antropofágico Informatizado
Plataforma de divulgação dos resultados do projeto de pesquisa EPI-BR
EDSON DE MELO
Coordenação geral da pesquisa e composição de textos
ARTHUR BIGHEAD
Produção do projeto e organização
ALICE SANTOS
Projeto gráfico e web
2010
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Textos sobre a “EPI” desenvolvidos
pelo pesquisador e epistemólogo
Edson de Melo entre os anos de 2010
/ 2014 e apresentados no blogPAI.
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(organizador)
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INÍCIO
BLOGPAI
Apresentamos, neste blog, os resultados de programa de
pesquisas, com objetivo de desenvolver Epistemologia
adequada aos hábitos cognitivos dos brasileiros. E propor
uma Teoria do Brasil.
A pesquisa continuada foi iniciada nos anos 90, deve
estender-se até o ano de 2016.
O projeto cultural EPI-BR, teve a etapa I e II (de formatação e
organização) patrocinado pelo Sistema de Incentivo a Cultura
(SIC), da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) edital 2010.
Resultaram as monografias: Epistemologia Pragmática Instrumentalista I e II. Esta ultima tem
o subtítulo, Sistemática Criatividade Heurística.
A pesquisa esta sendo realizada, em grande parte, na Alemanha e Holanda, contando com fluxo
diário de informações do Brasil.
Ao longo deste ano, atualizaremos os textos, introduzindo recentes desenvolvimentos,
informações, melhoramentos, correções etc.
BLOGPAI
Neste blog iniciamos um processo de informação e discussão das propostas e resultados.
Inicialmente, introduz o universo das EPIs. Seus conceitos, processos, perspectivas, utilizações e
aplicações. Mais além, atualiza e informa sobre o processo de desenvolvimento dos trabalhos.
Finalmente, oferece um ponto de encontro, comente, onde os interessados trocarão pareceres e
proposições, para o desenvolvimento de nossos objetivos. Principalmente, funcionará como
banco INTERATIVO DE INFORMAÇÕES, onde os leitores nos ajudarão, participando
ativamente.
Esta página estende nossas possibilidades de observação, por todo o país, acelerando e
melhorando a qualidade dos resultados.
Assim, o BLOGPAI possibilita pensar cooperativa, e interativamente, interferindo no processo.
Com isto todos nós temos a ganhar.
Edson de Melo
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Índice das páginas do BlogPai
Plataforma de divulgação dos resultados do projeto de pesquisa EPI-BR
Início……….................................................................................................................................. ….2
Objetivos ....................................................................................................................................... 8
Epistemologia.............................................................................................................................. 10
Correntes................................................................................................................................... 133
Instrumentário .......................................................................................................................... 199
Aplicação ..................................................................................................................................... 20
Cenários Futuros ......................................................................................................................... 21
Antropofagia ............................................................................................................................... 22
EPI – BR........................................................................................................................................ 25
Resumo Explicativo das EPI's (I, II, III)………………………………………….....……........………………………..28
Pensador Informatizado.................................................................Erro! Indicador não definido.5
Teoria do Brasil.......................................................................................................................... 366
Conceitos Chaves ...................................................................................................................... 388
Conceitos............................................................................................................... 399
Cultura e Natureza .................................................................................................. 41
Componentes da Pesquisa Científica ...................................................................... 43
Lógica, A Lógica no Ocidente, A Lógica de Aristóteles, Indução e Dedução............................... 46
Os modos cognitivos dos brasileiros........................................................................................... 51
Reforma Civilizatória................................................................................................................... 52
O conceito do tipo....................................................................................................................... 54
A linguagem como ação .............................................................................................................. 55
O mundo em que vivemos (LEBENSWELT).................................................................................. 56
A Música e seu Tempo-Espaço.................................................................................................... 57
Herbert Witzenmann e a Percepção........................................................................................... 58
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Conceitos nas EPIs....................................................................................................................... 59
Componentes recivilizatórios da cultura brasileira..................................................................... 60
Ferramentas da EPI – I................................................................................................................. 62
Inter e Trans-subjetividade ......................................................................................................... 65
Práticas pré-científicas na população ......................................................................................... 66
A teoria da Ação (Handlungstheorie).......................................................................................... 67
A Romantização dos Românticos................................................................................................ 68
Processos Compositores como Atividade Diretoras ................................................................... 71
O significado epistemológico da cultura holandesa ................................................................... 73
Aspectos do Pluralismo de Paul Feyerabend.............................................................................. 77
A Reforma Americana ................................................................................................................. 80
Esclarecimento cientifico dedutivo-nomológico de Hempel-Oppenheim.................................. 84
A inovação técnica ...................................................................................................................... 89
O conceito do know-how............................................................................................................ 91
Anexos
Anexos.......................................................................................... ................................93
 Teoria do Brasil......................................................... ............................................94
Contém os desdobramentos da EPI I e II como elementos de vários proposições para
composição da Teoria do Brasil
 CD – A Socialidade, Diversidade e Disponibilidade................................. ........96
Peças para piano do músico pernambucano Edson de Melo (radicado na Alemanha), inspiradas na pintura
do holandês Jan Vermeer (1632-1675), apresentando em forma de música o conceito de Socialidade,
Diversidade e Disponibilidade.
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TEXTO ORIENTATIVO
Pelo seu volume e diversidade, o BLOG PAI vem tornando-se livro virtual. Desenvolve-se
paralelamente as pesquisas e resultados das EPIs.
Este é o lugar de primeira publicação de vários temas e projetos. São hipóteses, sugestões,
exemplos.
Nesse sentido, uma parte apresenta-se como PESQUISA EPISTEMOLOGICA BÁSICA. São
textos mais complexos que exigem atenção e leitura intensa, paciente e lenta.
Ao longo do tempo, com as seguidas atualizações, ganharam maior leveza, fluência e referências
práticas. Este aspecto corresponde e desenvolve-se paralelamente a EPI II e ao manual Res
Nuncius.
Em resumos, os resultados dividem-se em:
1 – Recursos Básicos advindos das pesquisas fundamentais:
Tem caráter descritivo, científico e epistemologizante. São mais complexos e abstratos.
2 – Resultados Apresentados como Tecnologia Filosófica:
São ferramentas, exemplos de aplicações etc.
Edson de Melo (agosto de 2011)
Atualizações do BlogPAI: Como se trata de uma pesquisa com resultados contínuos, desde
essa data, passaremos a informar as atualizações propostas pelo autor. Para os
que estão acompanhando, ficará mais objetivo saber a respeito de novos textos, e para os que
buscam compreender o desenvolvimento do sistema cognitivo criado pelo epistemólogo Edson
de Melo, facilitará discernir entre o já postado e os avanços atingidos.
 Tecnologia Filosófica (09/05/2013)
 Crônica da Teoria do Brasil (01/05/2013)
Edson de Melo
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Objetivos
Apresentação Pesquisa sobre a lógica e aplicações práticas do modo de pensar
característico dos brasileiros.
___________*____________
OBJETIVOS DA PESQUISA (EPI).
1 - O objetivo inicial foi desenvolver instrumentário epistemológico adequado. Sua
concepção geral correspondente aos sistemas abertos. É composto de subsistemas,
autoincrementativos. Pretende ser apto a processar fenômenos característicos da
realidade nacional.
Basicamente, o instrumentário consiste no processamento de agentes de sistemas
epistemológicos, em modo associativo-pragmático.
Orientado por objetivos e levando as idiossincrasias do objeto em consideração,
aplicam-se agentes, diferenciadamente, formulando os fenômenos pela perspectiva
adequada.
As características particulares dos sistemas formam estrutura diversificada, constituída
por várias unidades, homogêneas ou heterogêneas, com diferentes especialidades.
Integram-se, eclética e associativamente, procurando resolver problemas pela
intervenção coletiva.
Tais sistemas existem na Biologia e na Informática, nos processos de “inteligência
artificial”. São, porém, ainda raros na Epistemologia.
Os agentes apresentam características diversas: são autônomos, aperfeiçoam-se
constantemente, interagem recíproca e cooperativamente. São flexíveis. Em nosso caso,
os “agentes” são conceitos e sistemas filosóficos, epistemológicos, científicos e
artísticos.
Através de processos especialmente desenvolvidos, rastreiam fenômenos. Intervém
circular e reciprocamente, isolada ou conjuntamente, quantas vezes forem necessárias.
Produzem processo elíptico de intensificação, regulado por objetivos definidos.
Por ser “sistema aberto complexo adaptativo”, o instrumentário desenvolve-se
ininterruptamente, no contato com os fenômenos, como “work in progress”.
Associamos elementos que possibilitam abrangência, efetividade, mobilidade e
criatividade. Outro critério foi o fato de apresentarem características relacionáveis à
cognição dos brasileiros. Podem sugerir a incrementação de qualidades que temos.
Queremos desenvolver. E outras que precisamos aprender.A
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2 – O segundo objetivo foi desenvolver conceitos brasileiros. Os sistemas componentes
do instrumentário foram processados, em conjunto, para estudar os “modos cognitivos
dos brasileiros,” em momentos característicos e representativos. Foram formulados
como conceitos especificamente brasileiros. Resgatam a perspectiva construtiva, para
que transformem-se em inovações e recursos inusitados.
O processo da composição musical aparece como laboratório excepcional, onde
componentes de nossa realidade podem ser simulados e testados, em “experimentos
pensamentais,” sensualizados parcialmente pelos sons. Simultaneamente, é o campo
onde os processos cognitivos dos brasileiros apresentam-se com vigor e clareza. Neste
processo identificamos a proto-transformação dos modos cognitivos dos brasileiros, dos
distúrbios de sua possível originalidade, em criações geradoras de autoconfiança.
a
3 – O objetivo seguinte foi sugerir procedimentos elementares para a operacionalidade
dos conceitos brasileiros. Isto sugere-se como paradigma para modos cognitivos
correspondentes.
a
4 – Finalmente, desenvolver instrumentos para esboçar Teoria Instrumentalista do
Brasil.
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Epistemologia
Ciência e Epistemologia
 O que é;
 como funciona;
 algo de sua historia;
 tendências;
 sua relação com a Música
CURTA HISTORIA DA CIÊNCIA (para orientação global do leitor)
R. Descartes Newton David Hume
Sob a perspectiva idealista, a Ciência inicia com a fundamentação da Lógica, por Platão,
para proteger-se das investidas relativísticas dos Sofistas, principalmente Protágoras.
Tentou estabelecer normas racionais, derivadas de princípios gerais e livres de toda
sensualidade, a partir de puras idéias. Assim, a Lógica desempenharia o papel
transcendental e normativo de ciência da Ciência, determinante de todas as outras.
Todavia, o conhecimento desenvolveu-se de modo mais ou menos espontâneo. Afastou-
se daquela idealização absolutista, sem método unitário, mas com diferentes
concepções, aplicáveis de acordo com a situação. O idealismo radical de Husserl, por
exemplo, não reconhece este processo como Ciência genuína, do mesmo modo como
não reconhece a ciência de culturas pré-socráticas, arcaicas.
Em perspectiva realista, a Ciência inicia com Galileu sob uma,
mais ou menos, sistemática confrontação de lógica e
observação. B. Russell acrescenta as contribuições de Kepler,
Kopérnico e Newton, como fundadoras. Paul Feyerabend quis
mostrar como as descobertas de Galileu contaram com
elementos criativos, propagandísticos e oportunistas, com o
objetivo de impor sua teoria contra as concorrentes.
Galileu
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A relação entre Lógica e Ciência é intensivamente holística e diversificada. Isto
verifica-se no empirismo de Aristóteles e, anteriormente, em Heráclito. Mais tarde, em
Bacon, Hume e Mill, intervindo nas correntes modernas.
No século XVII os silogismos aristotélicos pareciam superados. Não eram mais
condizentes com os modos científicos vigentes. Bacon investe contra eles. Desenvolve
um Novum Organon, um método científico baseado na percepção de estruturas básicas
(EBI), o chamado Empirismo, utilizando indução mais desenvolvida. Assim, surge o
EMPIRISMO LÓGICO TRADICIONAL. Uma feição particular de Realismo. Sob esta
perspectiva, aparece como elemento básico, diretor. Isto, ao menos, no que concerne ao
desenvolvimento da Epistemologia no Ocidente. As outras posições parecem querer
melhorá-lo.
Como sistema epistemológico central, serve de referência. As correntes representativas
posteriores advêm dele. Ou tem de considerá-lo.
A Epistemologia ganha contornos modernos ao início do Século XX, através da Escola
de Viena. A Teoria da Realidade e a Mecânica Quântica abalavam as bases de antigas
convicções, exigindo novos questionamentos e reflexões. Este impacto transparece
claramente em pensadores como Karl Popper e A. N. Whitehead.
A Epistemologia é a ciência que investiga a natureza do conhecimento científico e de
sua prática. É sistema explicativo, orientativo e normativo da pesquisa científicas.
Seus desafios fundamentais são a caracterização do que seria o conhecimento científico,
o questionamento da possibilidade ou necessidade de métodos, a determinação do grau
de veracidade da teoria científica, além da relação entre as diferentes teorias e outras
disciplinas. Assim, examina teorias científicas, seu surgimento, desenvolvimento,
mudanças, além do modo de trabalho dos cientistas.
De modo mais específico, estuda o caráter e desenvolvimento de
conceitos, proposições, hipóteses, argumentos e conclusões, com
respeito a sua função na Ciência, os meios através dos quais o
cientista prevê ou explica fenômenos, os modos de explicação,
formulação, objetivo e estrutura dos métodos empregados, suas
implicações, ilações, também de resultados, com respeito ao
desenvolvimento de tecnologias.
Ernst Mach
A Epistemologia interage com as demais disciplinas, tentando generalizar os conceitos
desenvolvidos. O objetivo é compor uma teoria homogênea, como fundamento para
todas as formas de ciência. Compreende-se como matriz, tecendo, implicitamente, o
paradigma no qual justifica-se como melhor e mais desenvolvido meio de obter
conhecimentos.
Em seus inícios mais remotos, por exemplo, em Aristóteles, tinha o caráter de
conhecimento seguro através do conhecimento das causas. Esta visão predominou
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durante séculos. Mais tarde, Descartes pleitearia a necessidade de conhecimento seguro,
a partir da autoconsciência do sujeito pensante, em sua capacidade de formar idéias
claras. A experiência e observação teriam um papel secundário. Isto favoreceu o
desenvolvimento das chamadas ciências analíticas, principalmente a Matemática que
teria grande influência no desenvolvimento da Epistemologia. Em contrapartida, Francis
Bacon daria relevância à observação com seu processamento indutivo. Um experimento
crucial (instantia crucis) determinaria a validade da teoria.
Enquanto os dois aspectos ressaltam a experiência e o pensar, talvez
unilateralmente, Kant tentaria a síntese em seu idealismo
transcendental.
A maioria dos cientistas não ocupou-se com questões
epistemológicas. Todavia, Galileu Galilei, Isaac Newton e Albert
Einstein, entre outros, participaram ativamente das discussões. Sua
contribuição é imensa. Do mesmo modo, filósofos como Aristóteles,
Descartes, John Locke, David Hume, Immanuel Kant e John Stuart
Mill, marcaram seu curso, no Ocidente.
Einstein
Copérnico Kepler
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Correntes
(Para informação global e orientativa do leitor)
CORRENTES EPISTEMOLOGICAS
É bastante difícil apresentar uma visão geral das correntes
epistemológicas. Seguem dados orientativos.
O EMPIRISMO LÓGICO (Bacon, Locke, Hume, Mill) toma o
processo científico como confrontação sistemática de LÓGICA e
EXPERIÊNCIA. Tendo a OBSERVAÇÃO como ponto de partida,
não reconhece lógicas e epistemologias que não partam dela.
Baseia-se na IDENTIDADE DE TEORIA E DADOS. Sua falta
compromete a teoria. Este elemento é comum a todo empirismo.
Registrando repetição e regularidade na aparição de fenômenos,
formula este fato como Lei Natural, em processo lógico metódico
(Steiner, 1985, p. 454). O pensar processa relações entre fenômenos
através de comparação, analogias, diferenças e relações (idem. p.
456). Todavia, não aceita que o pensar e o mundo percebido tenham a
mesma natureza. Sua lógica é a INDUÇÃO PELA ELIMINAÇÃO,
tentando corrigir o pensar meramente acumulativo de Aristóteles.
Tem como instrumento o MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DE RELAÇÕES
CAUSAIS, um sistema de processos indutivos, desenvolvido por Bacon, mais tarde
aperfeiçoado por Hume e Mill. É composto por diferentes processos.
Procura comprovar hipóteses em experimentos e observações de seus resultados. Assim,
testa a capacidade explicativa de hipóteses. Por partir da realidade como dada, reflete os
modos de pensar da vida cotidiana, na sociedade moderna, daí seu intenso senso
comum. Este aspecto fez dele um elemento importante na Epistemologia moderna.
No POSITIVISMO de A. Comte (1798-1857) a Ciência tem a
significação de uma conexão de fenômenos observáveis, renunciando
ao estudo e conhecimento de suas causas. Para tal, as condições de
investigação são definidas com exatidão. Ocupa-se com os fenômenos
diretos, como apresentam-se, apenas levando em consideração
conceitos que tenham correspondentes na observação. Por tomar
como metafísica o estudo de fenômenos não observáveis diretamente,
não aceita, por exemplo, a teoria atômica.
Isto caracteriza uma filosofia de orientação ferrenhamente empirista.
Caso a teoria possa ser referenciada à juízos de percepção é tomada literalmente, como
verdadeira ou falsa (E. du Bois-Raymond, E. Mach). De certo modo reduz a
Epistemologia à Lógica. Isto é praticado intensamente, como análise linguística
(Neopositivismo).
Mill
Auguste Comte
Francis Bacon
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No MODERNO EMPIRISMO LÓGICO (Popper, Hempel,
Carnap, Feigl, Nagel, Lakatos), contrapondo-se ao
neopositivismo, Popper viu sua posição como racionalismo
crítico. Como a indução é problemática, pela inviabilidade de
examinar todos os casos possíveis, por mais que se experimente,
sugere, em lugar da atitude verificativa, um processo para
demonstrar erros e fraquezas da teoria. Assim, formula o
processo científico como tentativa de refutação
(Falsificacionismo). Parte do princípio de que apenas a hipótese
refutável é científica. Refutável significa a possibilidade de
demonstrar erros, em afirmação ou proposição falsa, por
exemplo, através de experimento.
Dessa maneira, a Ciência é vista como processo metódico e seletivo no qual hipóteses e
teorias são generalizadas e refinadas. Depois, atacadas, com ajuda de experimentos.
Descarta-se, provisoriamente, as hipóteses que não resistem aos testes, preferindo
aquelas de maior “teor de veracidade”. As fraquezas descobertas podem ser reparadas,
melhoradas ou substituídas, “aproximando-se da verdade”.
Bas van Fraassen
O chamado falsificacionismo ingênuo de Popper é desenvolvido, possibilitando o
falsificacionismo sofisticado de I. Lakatos, em sua “Methodology of Scientific Research
Programm” (MSRP). A modificação essencial é o afastamento da proibição de
“imunização” pela introdução de hipóteses ad-hoc (Popper).
Sob condições determinadas, a teoria pode ser protegida por um cinturão de hipóteses
ad-hoc, para salvaguardar as convicções que constituem seu cerne. Em casos nos quais a
teoria é refutada apenas são modificados elementos que não pertencem a este cerne.
Aqueles centrais, suas convicções básicas, apenas serão abandonadas caso o programa
de pesquisas desenvolva-se de modo degenerativo e tenha de ser substituído por outro.
Assim, a teoria não tem de ser substituída por outra mais forte, caso seja contestada em
experimentos ou resultados empíricos. Esta proposta de Lakatos não foi plenamente
integrada ao moderno racionalismo empírico.
O ESTRUTURALISMO (J. Sneed, W. Stegmüller, C. U. Moulines)
foi iniciado por J. D. Sneed ao tentar integrar o racionalismo crítico e
o positivismo lógico, mais tarde desenvolvido e propagado por W.
Stegmüller e C. Ulises Moulines (1946). Mais além, procura associar
as duas escolas com o “Historismo”. Um aspecto interessante é o fato
de levar em conta interrelações de teorias. Podem coexistir e explicar
os mesmos fatos, sem que sejam idênticas. Entre tais possibilidades o
REDUCIONISMO desempenha um papel importante na unidade da
Ciência. Igualmente, vê as teorias científicas como construções ou
Popper
Lakatos
W. Stegmuller
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criações culturais (C. U. Moulines).
Para o REALISMO ESTRUTURAL (John Worrall), a Ciência descreve a realidade
com fidelidade. A estrutura de hipóteses, e leis científicas, são genuínas descrições do
mundo e as fórmulas matemáticas da hipótese representam a verdadeira ordem da
Natureza (John Worrall, “Structural Realism: the Best of Both Worlds?” 1989). Caso a
teoria seja correta, este status advém mais da ordem da natureza.
O REALISMO DE ENTIDADES (Ian Hacking, Nancy Cartwright),
vê teorias e leis naturais como ferramentas para descrever a realidade.
(Ian Hacking, Representing and Intervening, 1983 e Nancy Cartwright,
How the Laws of Physics Lie, 1983). Não necessitam ser verdadeiras.
Apenas entidades fundamentais, como partículas, energia etc. são reais e
desempenham um papel fundamental na existência dos fenômenos. Por
isso, exclusivamente as entidades fundamentais nos experimentos tem o
status de realidade.
O CONVENCIONALISMO (Henri Poincaré, Ernst Mach) toma a Ciência como
“convenção útil”. Não pode ter a pretensão de ser verdadeira. É uma descrição
pragmática do mundo, dependente de elementos ontológicos e psicológicos. Fatos
científicos, aparentemente objetivos, são advindos da poiética da sociedade e
dependentes de condições sociais nos laboratórios e instituições científicas (Bruno
Latour e Karin Knorr-Cetina). Recomenda que os conceitos da teoria científica não
sejam vistos como necessariamente existentes, podendo ser abstrações, para tecer uma
explicação. Determinados elementos axiomáticos da teoria não podem ser refutados
pelo experimento (Henri Poincaré, Science and Hypothesis, 1902 e Hans Reichenbach,
The Philosophy of Space and Time, 1958).
O REALISMO CONSTRUTIVO, de Friedrich Wallner, distingue a realidade
manifesta perante a consciência humana, a realidade construída, com seus âmbitos
microcósmicos e a realidade de vida, sistema de regras e convicções específicas a cada
cultura. Seu objetivo é a caracterização do círculo de objetos, métier e métodos, na
pesquisa, para a compreensão da Ciência. Todavia, mostra-se consciente das
dificuldades em delimitar e precisar o métier científico. Mais além, aceita a necessidade
e possibilidade de conjunto de práticas, para constituir um sentido homogêneo. Sugere o
alheamento como método para o autoconhecimento.
O CONSTRUTIVISMO METÓDICO (P. Lorenzen, W. Kamlah, J.
Mittelstraß, K. Lorenz, P. Janich) procura reconstruir a linguagem
científica a partir de seu estágio pré-científico. Nesse sentido, a Lógica
deve ser reconstruída como disciplina de argumentação dialógica. O
objetivo é o desenvolvimento de racionalidade técnica e política. Seu
elemento central é a construção de conceitos verificáveis que possam ser
ensinados e aprendidos por todos. Isto constitui a base de toda teoria que
pretende ativar uma prática. Tem aspecto antielitista e democrático.
Nancy Cartwright
J. Mittelstrass
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O HISTORISMUS de T. Kuhn, Polanyi, Merton revolucionou a
Epistemologia ao introduzir elementos históricos, sociológicos e
culturais, como fatores integrantes e determinantes da pesquisa
científica. Tem seu elemento diretor no conceito de
PARADIGMA, o elemento compositor da ciencialidade, tentando
justificá-lo pela observação de sua PRESENÇA e MUDANÇA, ao
longo da História.
Um elemento basilar é o conceito de incomensurabilidade de S. Kuhn. O paradigma
pode ser caracterizado como elemento eferente diretivo, organizador dos modos
científicos, e, até mesmo, dos modos de percepção dos indivíduos envolvidos. Pode ser
total ou parcialmente incomensurável. Conceitos de outros paradigmas não possuem a
mesma significação o que impossibilita a comparação ou unificação. Cada um deles
funciona como um universo fechado.
Segundo Kuhn, a ciência normal segue um paradigma e não testa seus limites. Caso
surjam contradições, é ampliado, permanecendo intacto. Em casos extremos, inicia-se o
processo crítico, uma crise. Dessa maneira, distingue-se a ciência ordinária da
revolucionária. Caso o novo paradigma abranja os novos elementos, acontece a
revolução científica. Todavia, o novo paradigma não impõe-se idealisticamente, pela
força de argumentos lógicos, embora seja sustentado por tais argumentos. É produto
histórico-ontológico-sociológico.
O Coerentismo, Ceticismo e Fundamentalismo surgiram com a dificuldade em justificar
teorias científicas por si mesmas, exclusivamente com elementos aceitos como
“científicos” (Kuhn). A estrutura das revoluções científicas são descritivas. Concentra-
se em conceitos genéricos. E denota um aspecto histórico e sociológico. Assim, o
Historismus tem ambições metateóricas e motiva o pesquisador a levar em consideração
elementos históricos e ontológicos. Tais conceitos são ganhos por um processo de
pensar contra-indutivo ou retrodutivo, pela identificação da rede de elementos
implícitos na poiética científica. Assim, os modos de observação denunciam o
paradigma. Igualmente, intervém um ethos, invariavelmente. Por isso, teorias testadas
não podem ser tomadas independentemente de teorias que justificam a observação ou
experimento. A concepção aceita do que é ou não “científico” intervém regularmente
(Kuhn).
Outras correntes são o REALISMO HIPOTÉTICO (Lorenz, Campbel, Planck,
Popper).
O realismo característica das ciências exatas (Lorenz,
1973. p. 15) mostrando-se extremamente afinado com o
senso comum. (Lorenz, 1973. p. 9 – 32). É aprendido
nos livros escolares, dos professores etc. Impera na
sociedade, nos livros científicos populares, revistas etc.
Pela sua influência positivista foi habituada na visão do
mundo das pessoas. Foi a posição de grande parte dos
pensadores europeus, sendo assim um sistema
referencial de grande abrangência. Adequa-se
extraordinariamente à aplicação construtivista.
Kuhn
Planck
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O REALISMO CIENTÍFICO (Putnam, Russel, Boyd, Newton-Smith,
A. N. Whitehead) parte do fenômeno, como apresenta-se á percepção
(Putnam, H.: Meaning and the Moral Sciences, p 20 ). Para os realistas
as relações entre fenômenos são fatos cognitivos independentes do
sujeito. A auto-observação não pode ser tomada como entidade. Pois,
quando pensamos, o ato não desempenha um papel essencial. Dessa
maneira, o pensar é considerado e estudado independentemente do
sujeito pensante.
Disciplinas como a Mecânica Quântica, que utilizam modelos
matemáticos abstratos, são consideradas pouco realistas. Em contrapartida, as que
estudam fenômenos naturais organizados, como a Biologia Molecular, são normalmente
vistas como realistas. Esta discrepância torna difícil estabelecer um critério uniforme,
para toda a Ciência, segundo Giere.
M.Bunge considera a Ciência falibilista. O conhecimento é temporário e incerto.
Todavia a realidade existe e é objetiva. O realismo avalia o progresso da Ciência pela
sua aproximação à verdade. Contrapondo-se ao empirismo que busca novas
concordâncias com a teoria, tenta conhecer melhor as causas e efeitos. Desse modo,
considera-se mais coerente com os conhecimentos científicos atuais.
Nesta escola, as teorias científicas são tomadas literalmente, podendo ser verdadeiras ou
falsas. Dois de seus elementos mais importantes são o pragmaticismo e o holismo de
Quine (Putnam, Philosophical Papers, Vol I, p. 61). O realismo crítico vê-se como novo
Iluminismo. Por isso, combate o irracionalismos e o racionalismo reducionista.
O HOLISMO de W. V. Quine considera o sistema como
unidade holística, o conjunto de convicções partilhadas pela
comunidade de cientistas. Em seu exemplo mais conhecido,
argumenta que a observação da rota do planeta Vênus
justifica-se pelo fato de ser coerente com nossas convicções e
conhecimentos sobre ótica, manejo de telescópios e
movimentos de planetas. Como perceber é atividade cognitiva
integral, a observação da rota do planeta une uma série de
“fatores”. Noções de ótica, manejo dos instrumentos, a técnica de dispor o telescópio,
conhecimentos e experiência com a mecânica dos corpos celestes etc. Para contornar
esta dificuldade, desenvolveu-se o Fundacionismo, no qual determinadas declarações
não necessitam de justificação. Por exemplo, indução e dedução são formas diferentes
de fundacionismo. Pois, os dados da observação não são justificados, como
fundamentos derivados da percepção.
Indução e dedução têm a propriedade de explicar fatos recorrendo a outras declarações
científicas. Ambos têm de contornar os problemas da validade de critérios, e daí, o
problema da regressão infinita. O holismo não distingue o analítico do sintético. Toda
declaração depende de elementos lingüísticos e empíricos. Meramente a proporção de
tais elementos determina a diferença. O cientista pode ver a declaração refutada como
incorreta ou correta, de acordo com disposição do experimento. Pode ser que ele não
adéqua-se à teoria. Assim, pode reformular seus conceitos e práticas, considerar a
Lógica e a Matemática inadequadas, reformulando-as a partir de sua teoria. O holismo
das declarações, na teoria, torna difícil determinar qual delas deve ser abandonada. O
Putnam
Quine
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“coerentismo” aconselha considerar a possibilidade da declaração ser mantida por fazer
parte de sistema coerente.
O holismo mostra-se adequado em âmbitos onde é imprescindível levar em
consideração a maior quantidade possível de elementos, com suas inter-relações. Isto
sugere, por exemplo, sua aplicação em associação aos processos desenvolvidos por
Goethe, e empregados na Agricultura Biodinâmica.
O PLURALISMO EPISTEMOLÓGICO de Paul Feyerabend não elimina de antemão
determinadas sugestões ou possibilidades, por contradizerem métodos dogmáticos
canonizados. Tudo pode ajudar e ser utilizado, caso ajude na solução de problemas.
Finalmente a FILOSOFIA ANALÍTICA, como corrente
filosófica advinda do Empirismo Lógico, desempenha
importante papel na Epistemologia moderna. Seus nomes mais
representativos são os do Círculo de Viena, R. Carnap, O.
Neurath, H. Hahn, W. van Quine. Wolfgang Stegmüller, H.
Putnam e representantes da lógica matemática, como B. Russel,
G. Frege, contribuíram intensamente em seu desenvolvimento.
No início do século XX, o Círculo de Viena impulsionou a
Epistemologia, tendo o empirismo e o logicismo como
elementos componentes. O estudo da Lógica e da Lingüística,
particularmente por L. Wittgenstein (1889-1951), desempenhou um papel central. A FA
postulava a necessidade de reduzir a Ciência a dados observáveis. Conceitos teóricos
apenas têm significação quando traduzidos em verbalizações de dados observáveis.
Teorias são tomadas literalmente. São verdadeiras ou falsas, em linguagem referente a
dados observáveis. A FA tinha orientação verificativa. Todavia com os resultados da
Física Moderna esta posição tornou-se insustentável, sendo substituído pela
confrontação de proposição e observação.
Wittgenstein
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Instrumentário
O que é, como se utiliza, qual sua função e necessidade
São as disciplinas, com seus processos básicos, conceitos,
operações lógicas, técnicas de observação etc organizados e
aplicados como sistema. Orientam desenvolvem as capacidades
cognitivas. Como o pensar transcorre em unidades organizadoras
(conceitos) e processos de relacionamento (lógicas), o
instrumentário oferece ferramentas para dispor os conceitos
adequados e correspondentes aos problemas tratados, com a
lógica proposta pelos mesmos, ou tida como mais apropriada.
A disposição do instrumentário é uma atividade cientifica e artística.
Na EPI, por exemplo, é formado, genericamente, sob a Teoria dos
Sistemas. Inicialmente desenvolvida por Ludwig von Bertalanffy,
encontra-se em constante desenvolvimento, principalmente nos
trabalhos de John H. Holland e seus colaboradores.
Os demais componentes são subsistemas com propriedades e
funções específicas. A Semiótica de Charles Sanders Peirce será
estendida pela “Doutrina da Eferência-Aferência,” de Herbert
Witzenmann. Relacionam-se à Teoria Quântica através do pensamento
de Alfred North Whitehead.
Sua concepcao da realidade como progressao criativa é, por sua vez,
estendida pelo Culturalismo Metódico de Peter Janich e seus
colaboradores. O esboço de epistemologia pluralista-relativística,
encontrado na obra de Paul Feyerabend, equilibra o sistema.
Outros componentes são o processo da composição
musical, visto de modo fenomenológico por Pierre
Boulez, e a Análise Morfológica, de Fritz Zwicky,
como foi desenvolvida pela Swedisch
Morphological Society, sob o impulso de Tom
Ritchey, entre outros.
Paul Feyerabend
von Bertalanffy
Charles Sanders Peirce
A.N.Whitehead Pierre Boulez
Fritz Zwicky
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Aplicação
o papel da epistemologia, como utilizar na prática construtiva e no gesto compositor
A Epistemologia pode ser vista como ferramenta genérica de um paradigma. A visão da
cultura brasileira como proto-civilização sugere a possibilidade de Epistemologia
advinda e voltada aos modos cognitivos da população.
Assim, a aplicação genérica seria a decodificação e articulação de componentes
idiossincráticos na psicologia, cultura, formação e historia. Por isso, partimos de
praticas do dia a dia, onde tais elementos apresentam-se realizados. A cultura popular
brasileira é o local e momento desta sintetização e realização.
A Epistemologia brasileira, através de seus instrumentários, tem a função de
desenvolver e colocar a disposição de cientistas, artistas e população em geral,
possibilidades para que manifestações populares, de todo tipo, possam contribuir de
modo mais concreto, direto e efetivo, no desenvolvimento econômico, social e ético do
país e seus cidadãos.
Dando sentido e função a acontecimentos normalmente tomados como distúrbios,
acessar e integrar novas fontes de recursos, para a articulação de nosso futuro, como
indivíduos, nação e civilização.
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Cenários Futuros
Como trabalhar com Cenários Futuros
O presente em que vivemos é, na verdade, um passado, pela defasagem entre hábitos e
modelos anacrônicos de pensar e a velocidade das transformações. Assim, não
utilizamos plenamente as possibilidades que temos a disposição. Sua aplicação, pela
democratização da informação, acesso e utilização de ferramentas apropriadas e
relacionamento intenso com a realidade constitui o presente atualizado. Aparece como
futuro próximo, imediatamente acessível e manejável.
A partir desta atualização, revelam-se possibilidades de atuação neste futuro inter-
subjetivo, alem de necessidades, predileções etc. imediatamente deduzíveis como
prognoses, a partir do presente atualizado. A realização torna esta possibilidade
realidade trans-subjetiva.
Dispor cenários, a partir desta nova realidade, organiza e articula retroversamente as
ações e pensamentos, no momento atual. Igualmente acessa vantagens e novas
possibilidades emergentes.
Tais procedimentos são dependentes de ferramentas de seleção e processamento da
informação. Mais alem, conceitos adequados para relacioná-las com o futuro. A
progressiva habituação da utilização consciente de abduções é instrumento central. Isto
resume-se em dar ao pensar maior diversidade, simultaneidade, flexibilidade e
velocidade, equilibrando conscientemente o pensar dedutivo e abdutivo, particularmente
desenvolvido para tecer cenários futuros.
Tais práticas apresentam-se em modo pré-científico na população. Devem ser
desenvolvidas ao nível de tecnologias e propostas como aplicações sistemáticas e
planejáveis, com valor e objetivos pragmáticos.
Uma possibilidade de aplicação pratica transcorre pela Analise Morfológica. Coleta,
organiza e relaciona parâmetros existentes, prováveis, possíveis e prediletos deste
futuro. O processamento para sua identificação pode lançar mão de ferramentas do
instrumentário da EPI. Por exemplo, o esboço da Teoria do Brasil e a Lógica da
Abdução de C. S. Peirce.
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Antropofagia
Conceito emblemático e orientativo da cultura brasileira recente.
Este conceito tem intervenção diretora na sociedade brasileira
moderna. Como prognose influenciou o transcorrer daquilo que
prognostifica. Não necessita aval de justificações
transcendentais de sua existência e veracidade.
Provavelmente, Tarsila do Amaral, foi a primeira a empregar
este conceito. Aboporu (“Antropófago”, em Tupi-guarani) era o
título da pintura que presenteou a Oswald de Andrade.
Contemplando aquela estranha figura, um homem de pés
grandes fincados na terra, cabeça apoiada em uma das mãos,
cercado por cenário “tropical”, o céu azul, o sol e um cacto
verde, Oswald decidiu iniciar um movimento, junto com Raul Bopp (1898-1984).
O “Manifesto Antropófago”, de 1928 tornou-se o Leitmotiv, elemento
propulsor da cultura brasileira do resto do século. De certo modo,
articula e verbaliza o mito da originalidade e da possível vocação
recivilizatória do país. Este elemento é a atividade diretora pré-
simbólica nas artes e pensamento brasileiros, com interferência no
Concretismo, Tropicalismo e em Milton Nascimento.
Oswald de Andrade concebeu a devoração como impulso
reformista. Identificamos proto-atividades poiéticas antropofágicas
na pintura de Tarsila do Amaral, em seu período “antropofágica” de
1928 a 1929, aproximadamente. Corresponde às obras Abaporu, O
Ovo [Urutu] (1928), A Lua (1928), Floresta (1929), Sol Poente
(1929), Antropofagia (1929), entre outras. O quadro A Negra
(1923) é considerado precursor.
Este período caracteriza-se pela proposição do cenário de
uma tradição histórica, imaginada e alegre. É proposto ad
hoc como algo enraizado na cultura popular do país.
Suas dimensões relevantes:
1 – Inicialmente, interessa-nos, a perspectiva culturalista,
no pensamento que impulsiona o movimento.
Distinguindo–se dos processos no Sturm und Drang, principalmente em Herder, que
procurava fundar e justificar a unidade do povo alemão no “a priori analítico”
(Volksgeist ou Volkswesen), Oswald de Andrade busca atividades poiéticas básicas.
Oswald de Andrade
O Ovo - Tarsila do Amaral
Abapuru - Tarsila do
Amaral
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Este é um parâmetro decisivo. O pragmatismo que renega o Wesen, (cerne metafísico)
como fica claro em muitas passagens do manifesto de 1928, em troca da poiesis.
Assim, propomos a hipótese de que no modernismo brasileiro balbucia a mesma
reforma civilizatória verificada nos EUA, todavia em modos construtivistas originais.
Já no manifesto da poesia pau-brasil (1924), encontram-se tendências culturalistas: “O
trabalho contra o detalhe naturalista — pela síntese, contra a morbidez romântica. —
pelo equilíbrio geômetra, e pelo acabamento técnico, contra a cópia, pela invenção e
pela surpresa”.
A poética sugerida quer fundar-se em proto-atividades: “Poetas. Sem reminiscências
livrescas. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.
2 – Sugere-se em Oswald de Andrade o pensamento transformativo, quase técnico-
pragmático. A diversidade cultural do Brasil aparece como distúrbio por faltar-lhe
instrumentos adequados de avaliação e transformação. Desesperada ou
estrategicamente, tenta reverter esta ordem pelo conceito de antropofagia.
O ethos do movimento inspira o desenvolvimento e
emancipação do Brasil, como cultura histórica, no sentido
de Paul Feyerabend. Todavia não abre mão da necessidade
e desejo de progredir como tradição abstrata, no
paradigma vigente. Vive intensamente o desejo de ser,
simultaneamente, sociedade abstrata e histórica. Nesse
aspecto, articula-se o paradigma brasileiro. Isto expressa-
se no brado: “Contra Goethe”. “Somos concretistas. As
idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças
públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias.
Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos
instrumentos e nas estrelas”.
Assim, caracteriza-se o espírito reformista, futurista e otimista. Percebendo em Paris,
como a arte da Europa industrial era renovada pela intervenção de elementos africanos e
polinésios, descobriu possibilidades latentes, no Brasil.
Como formulado, o conceito é imaginativo (a presença do objeto, no caso a pintura de
Tarsila do Amaral). Este status permanece ao longo do manifesto. Todavia, expressa o
desejo de ser universalizado. Nesse aspecto, é o protótipo do conceito brasileiro, pela
necessidade de ser abrangente e simultaneamente local e efetivo. Exige o
desenvolvimento de lógica e paradigma originais. Ânsia por reflexibilidade.
3 – Neste aspecto, pressupõe certa operacionalidade do conceito de
homologia para tornar operável a universalização da antropofagia.
4 - Em modo geral, o conceito é empregado em status universalizado,
através de homologias, ressaltando suas diversas dimensões. O
“cunhadismo”, assim como a liturgia cristã da “Santa Ceia,” podem ser vistos como
atividades antropofágicas. Para que estas associações não transcorram sob dimensões
A Lua - Tarsila do Amaral
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irrelevantes, devem ser realizadas metodicamente, sob critérios e objetivos pragmáticos,
com quantidade e qualidade relevantes de elementos extensivos, apreensivos e
reversivos.
5 – Finalmente, o modo como este conceito foi compreendido e aplicado, ao longo de
sua história recente, faz dele um “tipo ideal”, no sentido de Max Weber. Caracteriza-se
por apreender perspectivas da realidade e ligar a outros elementos, em uma forma
inusitada.
Tem função rastreadora-diagnóstica importante pelo fato de exagerar contornos da
realidade, e assim torná-los mais percebíveis. Pode ser utilizado de modo crítico e (ou)
criativo. Presta-se, igualmente, ao uso contra-indutivo. Assim, tem significação
epistemológica.
Sua estrutura é idêntica ao conceito de “disponibilidade”. É uma idealização criativa-
imaginativa, utópica, como o próprio autor indica. Pelo seu status, sugere possibilidades
realizáveis.
A formulação operacionável da Antropofagia, melhor formulada como “heterofagia”
(Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago), como princípio
civilizatório e epistemológico exige:
1 – A teoria genérica que mostre a viabilidade de tal projeto, ao mesmo tempo
orientando o desenvolvimento de processos correspondentes. Isto, elevaria o status de
hipótese ad hoch ao de hipótese plausível. A discussão centraliza-se na disposição de
meios e processos para intervir.
2 – Processos de aplicação em diferentes âmbitos científicos ou diretamente poiéticas.
Em sentido culturalista, seu desenvolvimento, a partir de conceitos atividades
antropofágicas básicas, até a formulação como regra técnica.
3 – A formulação descritiva e prescritiva.
4 – Delimitação do seu nível de individualização, adequado à aplicação. Igualmente,
discutir suas possibilidades heurísticas
TROPICALIA Clube da Esquina
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EPI – BR
O que é, qual a função da cultura brasileira
Epistemologias Pragmática-Instrumentalista Brasileira
Trata-se da construção de sistema de conceitos e processos coerentes com a realidade e
objetivos da nação brasileira, partindo de sua própria realidade. Este sistema é
formulado, inicialmente, como hipótese operacional plausível. Neste caso, foi
desenvolvida pela aplicação da Lógica da Abdução de Peirce, a partir do
questionamento inventivo de uma teoria da Ciência, coerente e articulável como
adequada e produtiva aos modos e componentes da realidade brasileira.
Desenvolve-se dinamicamente, em processo circular de formação hipotética e aplicação
em acontecimentos, contando com inúmeras reformulações, correções e adaptações.
Assim, a cultura popular brasileira, os movimentos Antropofágico, Tropicalismo, Clube
da Esquina e todo acontecimento, do dia a dia, funcionam como recursos e impulsos.
Esboçada na EPI I, esta Epistemologia cristaliza-se em sistemas iconológicos para
aplicação pratica, criativa e diversificada. Isto já apresentado na EPI II, a SCH, será
desenvolvido na EPI III, como sistema mais abrangente e genérico.
Nesse sentido, a EPI III proporá a formulação amadurecida da Epistemologia Brasileira.
EPI I – Epistemologia Pragmática Instrumentalista
Obra básica e orientativa. Desenvolve e dispõe o
instrumentário que será determinante ao longo de toda a
pesquisa. Paralelamente, desenvolve ferramentas especificas
para propor uma Teoria do Brasil.
Analisa, sugere e traça o paradigma para a Epistemologia
Brasileira. Alem disto, apresenta inúmeras possibilidades,
como a formalização e desenvolvimento de conceitos
brasileiros, processos de transladação etc. Sugere uma
tecnologia filosófica.
Simultaneamente, possui caráter educativo, informativo e orientativo. O leitor recebe
uma visão geral da historia da Ciência e da Epistemologia, correntes mais importantes,
definições s de conceitos obscuros, vasta fonte bibliográfica, etc. Assim, funciona
simultaneamente como um mini-curso de educação e atualização filosófica-
epistemológica.
A obra esta pronta, em fase de revisão, para publicação (aprox. 600 paginas).
Pessoa de Morais
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EPI II – (Sistemática Criatividade Heurística )
É aplicação prática de possibilidades sugeridas na EPI
I. A transformação de recursos e propostas em
sistema, para utilização no cotidiano. O leitor tem a
oportunidade de realizar as propostas, concreta e
autonomamente, vivenciando suas possibilidades.
A concepção do desenvolvimento de conceitos
brasileiros é desenvolvida. Surgem princípios
inventivos e explicativos, formados a partir de acontecimentos da
realidade cotidiana do país. Alem do mais, formula, utiliza e normaliza o
desenvolvimento da criatividade popular.
Esta criatividade, formulada como conceito dispositivo e equilibrado, e apoiada por um
sistema composto de princípios, processos, relações e ferramentas. Suas inúmeras
possibilidades predispostas orientam o pensar imaginativo do leitor. Propiciam o
desenvolvimento e aplicação sistemática da criatividade, com interesses inventivos e
heurísticos.
Trata-se, pois, de modelo para pensar criativa e heuristicamente, sob hábitos cognitivos
característicos dos brasileiros.
A obra esta pronta, em fase de revisão, para a publicação, no primeiro semestre deste
ano (aprox. 100 paginas).
EPI III (Sistemática Realização do Futuro)
Integra as propostas da EPI I e II criando o paradigma da brasilidade no
século XXI. O sistema da EPI II estende-se acessando novos recursos.
Passa a considerar e operar com o pensar criativo inspirativo e intuitivo.
Assim, são utilizadas contribuições da tradição romântica literária,
filosófica e artística, as religiões e místicas, entre nos, os recursos da
cultura afro-brasileira e da Antroposofia.
Por outro lado, é ressaltada, com maior intensidade, a perspectiva da
atividade do operador e executor, o trabalhador e lavrador, hoje
pertencentes as classes D e E de nossa população. São o ponto final de confluência de
toda ciência, arte e tecnologia. Agentes responsáveis e reguladores da realidade trans-
subjetiva. Pode-se dizer, os construtores da realidade.
O sistema oferecera a possibilidade de canalizar quaisquer recursos, sejam metafísicos
ou técnicos, em sentido a aplicações práticas e poiética. Para tal, serão propostas
ferramentas adequadas, meios e esquemas de transformação, alem do desenvolvimento
e aperfeiçoamento de propostas apresentadas anteriormente. Trata-se de plena
tecnologia filosófica-epistemológica, acessível a toda população, formulada como
atividade artesanal, sob o modelo das praticas e artes populares.
G. Altshuller
Construção
ars combinatória
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O tipo do Pensador-Operário Antropofágico Informatizado
desenvolve-se. Todavia, sem perder o romantismo e doçura,
alem de tendências metafísicas, como é coerente com a nossa
natureza e cultura. Na EPI I vivenciamos o tipo
exacerbadamente característico das civilizações do hemisfério
norte. Consciente, pragmático-instrumentalista, articulando-se
na tradição e paradigma do ocidente moderno.
Na EPI II este tipo aproxima-se do Brasil. Centraliza sua atividade no pensar e articular-
se inventivo e imaginativo. Todavia, incrementado pela tradição sistemática e
pragmática. Para tal, ele questiona o valor pragmático de pensamentos, ações e
acontecimentos.
O tipo na EPI III articula a autoconfiança e consciência do que é. O brasileiro
emancipado. Aterra no país, literalmente, sem perder a lucidez e abrir mão das
ferramentas desenvolvidas. É agora o homem de três cabeças. Pensa pragmática-
instrumentalisticamente. Simultaneamente é imaginativo e inventivo. E, finalmente,
integrando a rica metafísica que utilizamos como forma de comunicação, nas artes e no
dia a dia, alem de recursos de culturas autóctones e abrasileiradas.
Assim, a EPI III será composta por três sistemas,
interligados. Serão, igualmente três paradigmas. Um ao nível
mais abstrato e metafísico. Interliga-se com o sistema da EPI
II que transcorre em nível imaginativo. Finalmente, deságua
em subsistema puramente realizativo, inspirado nos modos de
falar, agir e pensar de operários e lavradores. O aspecto mais
operacional e realizativo de toda a civilização.
Os pressupostos deste sistema, seu desenvolvimento e aplicação viabilizarão a
formulação de uma Epistemologia adequada aos hábitos cognitivos dos brasileiros.
As pesquisas, para este trabalho, foram iniciadas em Janeiro de 2011. A conclusão do
livro está prevista para o final do ano de 2015. Esperamos contar com a ajuda dos
leitores, em forma de comentários, envio de informações e sugestões (aprox. 250
paginas).
Trabalhando
Lavradores
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RESUMO EXPLICATIVO DAS EPIs (I,II,III)
Uma Filosofia ou Epistemologia, normalmente, transcorre em
abstrações para a formação de conceitos genéricos e regulativos.
Mais alem, tenta explicar e regular relações entre conceitos e
percepções. Isto caracteriza sua orientação mais teórica.
Caso ofereça sugestões para um modo especifico de agir, passa a
ter ambições e orientação práticas. Este é, por exemplo, o caso da
filosofia de F. Nietzsche, entre outras.
O aspecto poiético consiste no fato do pensar ser apoiado por artefatos que possibilitam
inusitadas observações. Igualmente, apoio ao processamento. Por exemplo, o
microscópio. Mais recentemente o computador. Ou sistemas heurísticos, como a Ars
Combinatória de Lulli, ou a TRIZ de G. Altshuller.
O exemplo básico e paradigmático da interferência da poiésis foi o telescópio.
Aperfeiçoado por Galileu Galilei, possibilitou-lhe desferir a revolução heliocêntrica que
lhe custou muitos problemas com a Inquisição. Com ajuda da extensão da percepção,
relata a humanidade fatos nunca antes conhecidos, em suas Sidereus Nuncius
(Mensagem das Estrelas.).
Igualmente, o pensar poiético pode transcorrer em sentido individualizante, ordenado e
adequado a construção de tais artefatos. Por exemplo, o pensar de engenheiros,
arquitetos, designers etc.
A contribuição de Galileu Galilei funda o paradigma da Ciência, como conhecemos. A
unidade e sistemática de teoria, prática e poiésis. E a confrontação sistemática de lógica
e experimento, como definiu J. Monod (V. O Acaso e a Necessidade).
Isto nos levou a emancipação da metafísica. Pois, caso consideremos a realidade através
de conceitos quantitativos, em relação funcional-matemática recíproca, o mundo
transforma-se em sistema democrático de entidades, isentas de caráter indicativo
metafísico.
A Ciência desenvolveu-se sob o paradigma iniciado pelo mestre florentino. E apresenta
seu clímax na Física e Astronomia modernas. Por exemplo, nas publicações de S.
Hawking. E na Epistemologia coerente com este desenvolvimento, em autores como
Quine, Hempel ou Stegmüller, entre outros.
A concepção básica das EPIs segue este paradigma. Busca a moderna integração de
teoria, pratica e poiésis, evitando a metafísica e pretensões absolutistas. Seguindo a
tradição da Filosofia Analítica, de origem anglo-saxônica, procura normalizar e
simplificar o uso de conceitos e formulações de sentenças, entre outros aspectos.
Dai as frases curtas, diretas, como meio de tecer contornos claros as unidades cognitivas
propostas. Mais alem, a preocupação em utilizar conceitos em status inter ou trans-
Ars combinatória
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subjetivo. Ou seja, definidos e aceitos pela maioria da comunidade comunicativa, como
sugere J. Habermas.
Seu aspecto particular é o fato de levar em consideração a realidade brasileira, como
pré-requisito de todo pensamento tecido no país. Ou seja, conjunto de dados e leis,
acontecimentos, também históricos, e objetos inter e trans-subjetivos, como
precondições de todo pensar, abstrair e adequar. Assim, cristalizam-se condições
similares aquelas encontradas por Galileu. E outras idiossincráticas, originais,
especificamente brasileiras.
A EPI-I inicia pelo aspecto teórico, com intencionamento implicitamente poiético, como
finalidade e resultado de toda teorização.
Inicialmente é disposto um sistema de conceitos e processos, de
diferentes filosofias, como instrumentário. O instrumentário pode ser
comparado a caixa de ferramentas do artesão. De acordo com as
necessidades de seu trabalho e objetivos, utiliza ferramentas e
maquinas correspondentes. Por exemplo, para medir, furar, serrar,
juntar etc.
De acordo com os objetivos do projeto, o instrumentário necessitava de doutrina que
descrevesse detalhadamente as relações entre o pensar e os dados dos sentidos. O
processo aferente-eferente, como proposto por Herbert Witzenmann, nos pareceu o mais
indicado (V. Witzenmann, Sinn und Sein).
Todavia, pelo seu caráter psicologista, introspectivo e idealista, levou-nos a necessidade
de operar redução epistemológica, para adequá-lo ao senso comum. Para tal,
eliminamos componentes transcendentais-absolutistas, como, por exemplo, a
necessidade de evidencia baseada em intuição no mundo das idéias, aos modos
platônicos. Por conseguinte, a necessidade de conceitos analíticos, destituídos de
relação a dados da realidade trans-subjetiva.
Outra desvantagem era a sua complexidade. Infelizmente ainda não nos foi possível
contornar satisfatoriamente esta deficiência. O projeto de transformação das três EPIs
em manual prático, para aplicação direta, devera resolver este problema.
Alem disto, introduzimos a descrição da realidade, desenvolvida pelo matemático e
filosofo inglês A. N. Whitehead. Sendo extremamente realista, mas igualmente com
aspirações metafísicas, os conceitos e processos de Whitehead, integrados ao processo
aferente-eferente de Witzenmann, compõem ferramenta abrangente.
O procedimento introspectivo de Witzenmann é complementada pela relacionalidade
extensional de Whitehead. Dessa maneira, operamos a incrementação recíproca. E
aproximação ao senso comum.
O objetivo final deste processamento foi refinar e diversificar
a capacidade de observar e processar acontecimentos. Dessa
maneira, um telescópio virtual, em analogia a Galileu.
Assim, temos acesso a novas perspectivas da realidade.
computador
Galileu
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Os dois sistemas e sua integração, todavia, necessitavam de maior relação com a
realidade. Pois, têm sentido explicitamente epistemologizante. Ou seja, compõem
descrições teóricas e abrangentes da realidade.
Nesse sentido, a extensionalidade de Whitehead é acentuada pela introdução da
Semiótica de C. S. Peirce. Seu pragmaticismo implícito permite enfocar acontecimentos
da realidade cotidiana, sem recorrer a elementos históricos, ontológicos ou psicológicos.
São processado como apresentam-se a percepção, independentemente do sujeito
percebedor. Isto é resumido na definição de todo objeto ou acontecimento como signo.
Por outro lado, a interferência do sistema Witzenmann-Whitehead na Semiótica de
Peirce possibilita-lhe considerar a Metafísica como recurso produtivo. Este aspecto seria
de grande importância, pelo fato dos modos cognitivos dos brasileiros conterem,
frequentemente, componentes irracionalistas.
Mais alem, propomos um sistema para o exercício e desenvolvimento da capacidade de
abstração, utilizando a audição musical. E processando suas dimensões sob operação
denominada Transladação.
Esta ferramenta, necessária a aplicação da Progressão Criativa de Whitehead,
possibilita/nos, igualmente vivenciar algumas das propostas de Herbert Witzenmann.
Pois, desenvolve a introspecção, pré-requisito a compreensão e aplicação do processo
aferente-eferente.
Todavia, faltaria um sistema que acentuasse o aspecto da criatividade. Nesse sentido, a
sistematização do processo da composição musical, como realizada por Pierre Boulez,
apresenta-se como modelo de formação criativa e macroscopica da realidade.
Assim, introduzimos este processo no instrumentário. Explica e dá sentido ao processo
aferente-eferente. Simultaneamente é sofisticado e justificado. Generalizado e integrado
a Aferência-Eferência e a concepção da Progressão Criativa, transforma-se em
ferramenta excepcional.
Com isto ganhamos um sistema complexo e diversificado, capaz de formar, descrever e
processar a realidade, em diversas perspectivas. Macro e microscópicas. Isto conclui o
aspecto teórico do instrumentário.
Sua transposição prática-existencial, transcorre pela introdução de dois componentes.
1 – A Analise Morfológica
2 – Sistemática Competência Existencial.
O primeiro sugere-se como sistema acessível para organizar e tratar de problemas
diversificados. De certa forma, era o modo corrente de pensar, até o século XIX. Foi,
por exemplo, muito utilizado na Astronomia por F. Zwicky e na Botȃnica por W. von
Goethe.
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Sua concepção implícita da realidade como sistema de interferência de parâmetros, ou
dimensões, permite a formulação orientativa de projetos criativos e problemas. Sua
integração as Redes de Bayer (Baysian Network) e outros sistemas mais sofisticados,
possibilita processamento quantitativo-estatístico.
Na EPI II é proposto, por exemplo, uma técnica simples e efetiva de comunicação,
baseada no pensar morfológico.
A Sistemática Competência Existencial, como seu titulo programático, foi esboçada,
igualmente, na EPI-II. Propõe princípios para um existencialismo pragmático, como
novo paradigma e substituto do existencialismo-romântico. Ressalta o aspecto da ação
prática, no mundo cotidiano, para dar conta as necessidades prementes da vida em
sociedade.
Finalmente, o aspecto poiético orienta-se nas contribuições do CULTURALISMO
METÓDICO.
Em escritos, como La Bilancetta (A Balança),
Galileu não limitava-se a descrição de teorias,
mesmo que fundamentadas matematicamente.
Incitava o leitor, democrática e interativamente, a
participação ativa. Descrevia seus experimentos. E
colocava a disposição informações detalhadas para a
construção dos artefatos necessários. Seu pensar transcorria em unidade de teoria e
prática, tendo a poiésis como centro através do qual transcorria.
Este modo de pensar tem no Culturalismo Metódico seu desenvolvimento mais recente.
Certamente foi influenciado pela tradição da Engenharia Mecânica e Filosofia Técnica
na Alemanha. São fatores de sucesso e sustentabilidade do padrão de vida da população.
E Engenharia Mecânica tem longa tradição no país. É responsável por parte
considerável de seu PIB, pelas inúmeras exportações no setor. Recentemente, as
encomendas, principalmente de grandes nações emergentes, como China e Brasil,
cresceram consideravelmente.
Esta disciplina recente, desenvolvida por Peter Janich e colaboradores, reconstrói
disciplinas cientificas, partindo da concepção de que toda ciência desenvolveu-se de
proto-práticas artesanais.
Assim, conscientiza-nos do papel da poiésis no pensar. Ao mesmo tempo, desenvolve e
propõe conjunto de conceitos e práticas competentes para a produção de artefatos
industriais, construção de casas etc.
Com este instrumentário lançamos um olhar por sobre o Brasil. Sua gente, cultura,
processos cognitivos, possibilidades, realizações e problemas. Foi concebido para poder
lidar com a complexidade desta nação.
O objetivo central seria dar nova significação a aparentes distúrbios do modo de vida da
população. Conferindo-lhes sentido e utilidade, transformar-se-iam em recursos
inestimáveis. Esta é uma das teses centrais das EPIs.
La Bilancetta
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Para tal investigamos dois aspectos básicos:
1 – Possibilidade de existência, identificação, formulação e disposição
de conceitos brasileiros em sistema.
2 – Identificação, coleta e transformação de recursos do modo de viver
dos brasileiros, para transposições biônicas.
O trabalho preliminar consistiu no estudo e formulação dos modos
cognitivos dos brasileiros. Para tal utilizamos o método de G.
Altshuller, coletando e observando grande quantidade de
acontecimentos da cultura nacional. E resumindo-os em princípios diretores. Em
processo análogo, Altshuller desenvolveu sua famosa TRIZ, responsável por grande
numero de patentes, na Engenharia Mecânica, em todo o mundo.
Em nosso caso, foram observadas milhares de canções representativas da MPB. Isto
corresponde à perspectiva de observador. O principio diretor foi identificado como
especifico pensar imaginativo.
Simultaneamente foram compostas milhares de canções, para introduzir a perspectiva
de participante. Pressupomos hipoteticamente que nelas os modos cognitivos
correspondentes são exercidos regular e intensamente, com componentes
representativos e excepcionais.
A isto, somaram-se práticas culturais da população. Danças, culinária, modos de sofrer,
festejar, brigar etc.
O instrumentário é utilizado como sistema de rastreamento, organização e significação
de tais acontecimentos, com o objetivo de desenvolver novas entidades que possam ser
assimiladas como ferramentas neste sistema.
Este processamento foi visto como canibalismo epistemológico, inspirando-se na
concepção de Mario de Andrade. Possibilitou o desenvolvimento de sistema de
conceitos especificamente brasileiros. Este aspecto foi desenvolvido na segunda parte
da EPI I.
Todavia, surgem questões sobre o que seria o especificamente brasileiro? Ou, se a
concepção do conceito, certamente influenciado por sua origem platônico-aristotélica,
seria coerente a realidade brasileira.
Tais questões nos levaram a desenvolver um instrumentário especifico, para o
tratamento de acontecimentos brasileiros. Isto desenvolveu-se como o esboço da teoria
instrumentalista do Brasil (TIB). Constitui o capitulo final da EPI I. Nela são
apresentadas ferramentas para a identificação de signos brasileiros, sua transformação e
hibridação com outros. Mais alem, a mudança de visão do conceito brasileiro para o
acontecimento brasileiro.
A partir de tais pesquisas chegamos a conclusão que o conceito, em sentido
especificamente brasileiro seria melhor formulado e compreendido como
Microscópio
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acontecimento, formado por signos, vistos, igualmente, como acontecimentos. Nesse
sentido, poder-se-ia utilizar, pragmaticamente, a distinção feita por Whitehead entre
organismos, objetos e acontecimentos.
Assim, genericamente, poder-se-ia ver conceitos idéias, sentenças etc. como
acontecimentos, raramente despidos de componentes kinestéticos, ou seja, movimentos,
emoções, sensações, devido a sensualidade de nossa natureza.
Isto permite-nos traçar uma continuidade entre os aspectos teóricos, práticos e poiéticos.
Igualmente as diferentes fases, status, e hibridações de tais perspectivas. Esta concepção
nos pareceu, então, mais adequada a descrição e processamento da realidade brasileira.
A partir deste desenvolvimento iniciamos pesquisas para cumprir
a meta seguinte. Ou seja, colocar a disposição elementos
epistemológicos para a transformação de componentes
idiossincrático do modo de vida dos brasileiros, considerados
como distúrbios, em recursos, para modernas tecnologias.
Esta Biônica existencial foi sugerida na EPI I. Todavia, necessita ser desenvolvida
plenamente.
Na EPI II, os acontecimentos, estocasticamente reconhecidos como brasileiros, são
formulados como princípios inventivos. Isto, associado as ferramentas de
processamento propostas, constitui um sistema brasileiro de pensar criativa-
imaginativamente.
Este desenvolvimento de sistemas, em analogia a construção de artefatos, como
resultados posteriores de longo e sistemático processo de transformação de conceitos e
concepções filosóficas, é visto, nas EPIs como Tecnologia Filosófica. No caso, com
interesses criativos. Podem ser, igualmente, heurísticos.
Filosofias são integradas como sistemas cognitivos, para maior complexidade,
segurança, objetividade e velocidade no pensar. Isto é apoiado pelas categorias Intuição,
Inspiração e Imaginação, Metafísicas e Kinestéticas, propostas na EPI III.
Mais alem, a EPI III unifica, mais efetivamente, os aspectos práticos e poiéticos,
desenvolvendo o existencialismo pragmático. Isto acontece, inicialmente pela definição
diferenciadora de passado, presente e futuro, em diversas camadas.
Posteriormente, contando com tecnologias adequadas, propomos relações bilaterais
incrementativas. Presente, passado e futuro interligam-se, diversificadamente. Por
exemplo, o passado interfere no futuro para desenvolver o presente. Ou, possibilidades
futuras são levadas a transformar acontecimentos do passado.
O objetivo é intensificar e estender o agora, o momento e acontecimento atual. Ao par
disto, o instrumentário da EPI I é, igualmente, sintetizado em categorias, do âmbito
metafísico da Intuição ate seu extremo na intuição kinestética.
Computador
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Esta transposição do aspecto mais teórico da EPI em artefatos cognitivos poiéticos
cumprira a função de feiçoar o presente, a partir de recursos do passado e futuro. Dessa
maneira tem a dupla denominação de sistemática criação do futuro e do futuro a
sistemática criação.
Era típico na época anterior de Galileu a mistura de empiria e metafísica. Isto ainda
encontramos na sociedade brasileira, em diversas variações. Esta é uma perspectiva de
sua complexidade. Aparece, inicialmente, como distúrbio, anacronismo.
A transformação deste distúrbio nos levou a hipótese da presença latente de recursos
para a superação da dicotomia entre a ciência moderna e a metafísica, presente desde o
século XVII, com reflexos em todos os setores da vida pratica.
A EPI III sugere resolução preliminar deste conflito pela utilização da ciência
quantitativa e da metafísica como recursos, democrática e pluralisticamente
equivalentes. Evita pretensões absolutistas de exigir de uma ou de outra o papel diretor
e fonte exclusiva de verdades absolutas e transcendentais.
O eixo, através do qual esta solução torna-se viável é a
concepção do Pensador Antropofágico Informatizado. O
protótipo do cidadão brasileiro do futuro. Seu progressismo e
curiosidade tecnológica, associados a sanha integrativa de
nossa cultura, permite administrar produtivamente seus
extremos modernistas, medievais, arcaicos. Este homem de
duas cabeças é descrito na EPI II como solução, quando
romântica-anacronicamente é visto como problema.
Nesse sentido, o modo como os brasileiros administram esta
dualidade é proto-modelo. Será transposto e formulado
epistemológica-poiética e praticamente na EPI III. Assim,
temos a contribuição da cultura brasileira a resolução de
problemas prementes na historia da ciência e constituição da
civilização.
Com isso alcançaríamos o objetivo central das EPIs. Transformar em recursos
inusitados aquilo normalmente identificado nos brasileiros como distúrbio a ser sanado.
E isto sendo aplicado para a recivilização do Ocidente.
Brasileiros e a Poiética
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Pensador Informatizado
Qual a necessidade deste desenvolvimento, o que é isto
exatamente, como desenvolve-se, como funciona, como
modernizar-se, como intelectual ou artista poderá usar
Trata-se da concepção do homem contemporâneo, na realidade brasileira atual.
Característico em países como o nosso é o entusiasmo e fácil assimilação de tecnologias
de ponta. Isto nos contrasta com os cidadãos de países industrializados.
Igualmente, modos antropofágicos, muitas vezes selvagens, de pensar, integrar o
passado, presente, próximo e distante, erudito e popular, romântico e pragmático, como
foram desenvolvidos e propostos como princípios na EPI II (Sistemática Criatividade
Heurística).
Tais componentes propõem novo paradigma para o sujeito pensante. A integração
incrementativa do pensador clássico, agora conectado com sistemas eletrônicos de
comunicação e processamento, alem de novas possibilidades de pensar, sugeridas por
um instrumentário abrangente e diversificado, igualmente conectado com o futuro
recente.
Assim, o PAI é um conceito dispositivo que une produtivamente o pensamento erudito,
com a criatividade popular, inventiva, administrativa e critica. Tudo isto, incrementa-se
com o caráter antropofágico, dos brasileiros, articulado sob a plena utilização das
tecnologias mais modernas. Assim, cristaliza-se um tipo para atividades intelectuais. O
cidadão consciente vivendo no presente atualizado que e na verdade o futuro recente e
já realizado.
O processo de desenvolvimento transcorre pelo estudo, exercício e constante aplicação
do instrumentário proposto na EPI I. O objetivo e alinhar e adequar o pensar a
diversidade, elementos emergentes e velocidade da realidade no Brasil.
Bill Gates
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Teoria do Brasil
O que é, como desenvolve-se, qual a sua função.
A Teoria Científica é uma proposição descritiva ou
explicativa. Pode ser igualmente, um modelo que
regula modos de interação de um grupo determinado
de fenômenos. Assim, é formada pela disposição dos
dados (informações científicas) em modo determinado.
Pode ser criativa, inventiva e construtiva.
Têm propriedades previsivas, baseadas em deduções testáveis em experimentos. Caso
necessário, adapta-se aos fenômenos observáveis ou provocados em experiências (V.
Hartmann/Janich, 1996, p. 164).
C.Maxwell Eike Baptista
Em modo geral, a teoria é composta por um conjunto de leis capazes de descrever o
âmbito científico determinado. Por exemplo, a Teoria da Gravitação de I. Newton, a
famosa Teoria da Relatividade de A. Einstein, as equações de Maxwell que descrevem a
Eletrodinâmica etc. Todavia, não pode ser comprovada definitivamente ou ter
pretensões absolutistas. É sempre uma “hipótese” provisória.
A Teoria do Brasil consistirá em grupo delimitado de princípios, capazes de descrever,
deduzir, ou prever, estocasticamente, acontecimentos da vida nacional. Não tem
pretensões absolutistas e determinísticas. Todavia, sugere ferramentas e processos para
a sistemática observação e decodificação da nossa realidade cotidiana.
Missões Índios
Bonecos de Vitalino
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No estágio atual, apresentado na EPI I, permite-nos processar inúmeros signos,
observados em acontecimentos da vida nacional, parcialmente sob modos cognitivos
dos brasileiros. Abduzidos, comporão princípios hipotéticos, testáveis, empiricamente,
na vida cotidiana.
O objetivo atual é fundar as bases para o pleno
desenvolvimento com a introdução da perspectiva de
participante, da atualidade brasileira. Objetivos finais serão
colocar a disposição pré-requisitos para DESCREVER a
importância da intervenção de componentes ou signos
brasileiros em acontecimentos da vida nacional. Assim,
descrever graus, valores e modos da intervenção de signos
brasileiros e suas leis constantes. Possibilita, normalizar e
orientar inferências dedutivas e abdutivas, como apoio a
decisões governamentais, desenvolvimento de produtos,
trabalho de sociólogos, educadores, artistas etc
Explicaremos fatos e comportamentos específicos dos brasileiros, prevendo
estocasticamente consequências de sua intervenção. Assim, regulamentamos a aplicação
produtiva e impulsionamos o DESENVOLVIMENTO de componentes brasileiros, com
funções determinadas.
O desenvolvimento desta Teoria seguirá dois interesses colaterais explícitos:
1 – A determinação de objetivos sancionados que transformem elementos
aparentemente negativos de nossa realidade em impulsos reformadores.
2 – A conversão de conceitos e processos em modelos de comportamento, ações e
práticas.
Gravitations Theorie Quantentheorie
Darcy Ribeiro
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Conceitos Chaves
OBJETIVO
Familiarizar o leitor com conceitos e operações cognitivas. Assim, facilitar a
compreensão dos resultados.
Para cada link abaixo, corresponde textos. O leitor poderá por meio desse material
ampliar ser campo de compreensão.
 CONCEITO da ATIVIDADE DIRETORA, do ARTEFATO, e da POIESIS
 CULTURA E NATUREZA
 COMPONENTES DA PESQUISA CIENTÍFICA
QUESTIONAMENTO | PRINCÍPIOS | HIPÓTESE | TEORIA CIENTÍFICA | MODELO |
EXPERIMENTO | COMPROVAÇÃO | INVENÇÃO | DESCOBRIMENTO |
ANALOGIA | RACIONALIDADE
em construção
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Conceitos
CONCEITO DA ATIVIDADE DIRETORA:
Baseia-se no fato de em toda ação intervir uma anterior que pela sua descrição,
“explicação” ou execução, indica a atividade intencionada. Pois, ações seguem
normalmente outras presenciadas, representadas, deduzidas, abduzidas etc.
Quando universalizada, a AD ganha abrangência e concisão. Todavia, perde o elemento
kinestético que possibilita sua imitação ou aplicação direta, como em exemplos ou
demonstrações. Individualizada, pode ser estendida, temporal-espacialmente. Entre os
dois extremos encontram-se inúmeras possibilidades.
A maior independência e regularidade é alcançada quando formulada em conjunto de
regras técnicas, referentes à atividade determinada, garantindo o resultado esperado, de
modo intersubjetivo e o mais independente possível das condições atuais.
Leia mais sobre o tema na EPI-I.
CONCEITO DO ARTEFATO
O artefato é o centro, ao redor do qual gira toda a civilização e ciência. Nesse
sentido, o artefato desempenha papel essencial no processo científico.
Instrumentos de medição e processamento, como o computadores, são
imprescindíveis. Mais além, o artefato, como a concentração de saber e regras
poiéticas, revela o princípio de ordem metódica, como formulado e
desenvolvido por Hugo Dingler.
Na confecção de artefatos, como ademais em outras atividades, é
necessária rígida seqüência de atos, para que o processo seja bem sucedido. Por
exemplo, um ato simples como calçar sapatos e meias.
CONCEITO DA POIESIS:
O conceito “poietik” tem originalmente a significação de fazer,
realizar. Refere-se à ciência deste processo. O processo de
realização, propriamente dito, é a poiesis. No “Simpósio” Platão
distingue três tipos. Todavia, pouco interessou-se por aquela
relacionada à técnica, vista por Aristóteles como habilidade poiética.
Aristóteles define a poiesis como ação com a finalidade determinada
de confeccionar. Distingue-se da prática pelo fato desta ter mero
sentido de ação, sem consideração de resultados.
Assim, a filosofia poiética estuda ações e processos relacionados à realização de
artefatos. A distinção aristotélica de práxis e poiesis foi retomada pelo pragmatismo e
operacionalismo. Mais recentemente, pelo construtivismo e culturalismo metódico. Em
Hugo Dingler
Thomas Edison
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sua Filosofia da Técnica, M. Heidegger partiu igualmente desta distinção (V. Krisis der
Poiesis. Schaffen und Bewahren als doppelter Grund im Denken, Würzburg, 1992).
Na perspectiva aplicativa, a pioiesis é a competência e técnica necessárias à realização.
O lugar da necessidade de sequência determinada, organizada, em cadeia de ações.
Ordem e sequência são determinadas pelo objetivo. Este aspecto assegura a
intersubjetividade do processo que, invariavelmente, modifica as características
espaciais das coisas.
Em nossa vida diária, conhecemos vários exemplos de atividades poiéticas. Peter Janich
afirma que na vida cotidiana o homem continua sendo um artesão. Mesmo em
atividades artísticas e científicas. Até mesmo parte da natureza são obras poiéticas.
Pensamos a partir delas e em seu sentido.
A valorização deste aspecto apresenta duas perspectivas importantes como foram
desenvolvidas na EPI-I.
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Cultura e Natureza
CONCEITOS MODERNOS E OPERACIONÁVEIS PARA A EPISTEMOLOGIA
BRASILEIRA
No Culturalismo Metódico a cultura é definida como algo que abrange toda atividade
humana. Atividades manuais e artesanais, como cozinhar, lavar pratos ou trabalhar, são
produtos culturais, do mesmo modo que livros ou pinturas. Mais além, tudo que seja
influenciado por ela, incluindo efeitos no meio ambiente.
Por exemplo, manejos de plantas ou do solo, desenvolvidos e praticados na Agricultura
Biodinâmica são atividades “culturais” (kultürlich). Também o projeto de
reflorestamento, a disposição das plantas no jardim etc. Em contrapartida, o crescimento
das plantas é “natural”. Assim, distingue-se Cultura e Natureza.
Nesse sentido, exemplo contundente de “culturalismo” foi
apresentado por C. Nüsslein-Volhard, prêmio Nobel de
Medicina, em 1995. A pesquisadora alemã afirma que o
cultivo de plantas iniciou-se há onze mil anos, na Ásia. O
trigo, com o qual fazemos o pão de cada dia, foi modificado
geneticamente. Não mais corresponde aos seus ancestrais
“naturais” (V. DLG – Revista da Sociedade Alemã de
Agricultura, Junho, 2009). No Brasil, temos o exemplo da
mandioca, transformada pelos índios para tornar-se comestível
(Veja, D. Ribeiro, O Povo Brasileiro).
Orientando-se por este conceito de cultura, poder-se-ia dizer que signos interpretados
como “naturais” contém camadas “culturais”, indicadoras de práticas. Assim, sugere-se
a possibilidade de diferenciar a disposição dos dois conceitos. Tornam-se refinadamente
operáveis. Acontecimentos do meio-ambiente, cultural e natural, tornam-se fontes
inesgotáveis de recursos. O resultado expressa-se no fato de nosso Meio-ambiente ser
formado, em grande parte, por conceitos dispositivos Cultura-Natureza, ou cultural-
natural.
Peter Janich
Norbert Wiener
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A práxis humana orienta-se e funciona no mundo em que vivemos (Lebenswelt), de
acordo com objetivos. A cultura é o resultado desta prática, canonizada e divulgada por
tradições, hábitos, instituições, etc.
Dessa maneira, quando contemplamos a “Natureza”, interagimos com considerável
quantidade de signos culturalistas, advindos de práticas habituadas. Repetem, indicam e
habituam o círculo de causa-efeito que caracteriza a cognição, lógica e dimensão trans-
subjetiva do país. Assim, a Teoria do Brasil pode partir e desenvolver-se com base neste
Meio-ambiente, repleto de práticas que formam a base poiética de nossa cultura.
Em tais casos, seria importante definir a proporção de
elementos culturalistas e naturalistas. Aparentemente o
comportamento habituado tem mais familiaridade com
processos culturais aplicados em acontecimentos naturais.
Nosso conceito de “Natureza” refere-se, frequentemente, a
esta dimensão de acontecimentos naturais. Isto segue o
pressuposto de poder incentivar ou desenvolver processos
naturais através da atividade poiética.
Na Agricultura Biodinâmica encontramos bons exemplos, nos processos para “vivificar
a terra”e “enobrecer” plantas.
Na EPI-I encontra-se detalhada apresentação do Culturalismo Metódico, ainda pouco
conhecido entre nós. Mais além, propostas para sua integração e ferramentas para operar
a diferenciação pragmática de Cultura e Natureza.
Cultura e Natureza
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Componentes da Pesquisa Científica
A pesquisa científica conta com elementos constituintes, regularmente presentes. Podem
ser caracterizados, resumidamente.
QUESTIONAMENTO
Formula o problema a ser resolvido. Inicia pela observação, sob estado de incerteza.
Move-se, gradativamente, à certeza.
PRINCÍPIOS
São conceitos genéricos, formados em processo lógico-criativo (abdutivo), para dar
ordem a série de fenômenos. Surgem da observação, também em experimentos ou em
livre criatividade. Advêm da criatividade conceitual mais vinculada à dados da
observação e do senso comum.
HIPÓTESE
É a proposta de explicação ou possibilidade de correlação entre vários fenômenos. Caso
confirmada torna-se parte da teoria científica. Ou, pode fundar a nova teoria. A hipótese
tem de ser capaz de possibilitar previsões, através de dedução. Necessita ser testadas em
experimentos. Caso resistam aos testes empíricos, em experimentos, ganham o status de
provisoriamente “comprovadas”.
TEORIA CIENTÍFICA
É proposição descritiva ou explicativa. Pode ser igualmente, o modelo que regula
modos de interação do grupo de fenômenos. Assim, é formada pela disposição dos
dados (informações científicas) em modo determinado, pelo rechaçamento de seu
elemento aferente. A teoria é composta por conjunto de leis capazes de descrever o
âmbito científico determinado. Por exemplo, as equações de Maxwell descrevem a
Eletrodinâmica. Todavia, não pode ser absoluta ou comprovada definitivamente.
MODELO
É a formulação de entidade de conceitos, constantemente presentes na estrutura de
elementos e fatores interventes em descobertas científicas. Esta entidade constitui a
feição particular dela. Todas as leis conhecidas são modelos. Na Física, modelos são
reproduções abstratas e simplificadas de fenômenos reais complexos. Permitem
construções que facilitam a verificação, com ajuda de dados empíricos.
EXPERIMENTO
É o processo de produção ou reprodução de fenômenos. O conjunto de ações e
observações realizadas no sentido de resolver o problema particular, para revidar ou
comprovar temporariamente a hipótese concernente ao fenômeno determinado. O
experimentador tem a expressão de sua competência na capacidade de dispor os
aparelhos, de modo que a teoria ou hipótese intencionada verifique-se. Realizado, sob
condições cientificamente sancionadas, apresenta elementos constantes: Testa a
hipótese ou teoria, no que concerne a intervenção de uma variável, tomada como
independente, sobre outra dependente. A variável independente é a única que modifica-
se sistematicamente no experimento.
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Por outro lado, é necessário que a variável dependente reflita o fenômeno estudado. Este
aspecto tem a ver com a questão da “validade” do experimento. Ao mesmo tempo, é
necessário poder quantificar com exatidão a variável dependente.
COMPROVAÇÃO
Acontece pela adequação de previsões e resultados de observações. Mais exatamente
acontece quando o tipo do conceito móvel, ganho pela repetição sistemática e
deliberada de movimento específico, em um grupo de estruturas básicas, identifica-se,
ao menos parcialmente, com pressuposições formuladas na hipótese.
Assim, a comprovação conta com a familiaridade do tipo, do movimento particular (a
observação do fenômeno como experiência), em processo compositor de identidade da
universalização do elemento conceitual (Lei Científica, Teoria, Hipótese) e sua
individualização em um fenômeno ou série de fenômenos aparentados.
É, invariavelmente, provisória. Todavia, procura ter caráter intersubjetivo e universal.
Exige quantidade e repetibilidade, aplicação e resultados. Finalmente, é dependente do
paradigma. Ou, da presença do pesquisador particular. Desse modo, inclui elementos
holísticos e ontológicos. Pela clareza, inicia ciclo repetido de eferências. Assim, torna-
se cada vez mais evidente à percepção do fenômeno. Isto caracteriza a INVENÇÃO e
DESCOBERTA.
Caso formulemos a unidade conceitual, capaz de permitir a reprodução do fenômeno
determinado, ou explicar seu vir-a-ser, temos uma LEI NATURAL. Trata-se de unidade
conceitual, correspondente ao fenômeno. Pode ser individualizada em fenômenos
aparentados. Manifesta-se pela regularidade. Tem natureza descritiva. É desenvolvida a
partir dos resultados de experimentos, sob convenções apriorísticas (Grunwald, 1996, p.
72).
Invariavelmente é parte da teoria científica homogênea e isenta de contradições. Para
tal, necessita ser composta por elementos capazes de serem reproduzidos em
experimentos. Isto permite sua verificação na prática. De outro modo, terá o status
inferior de hipótese.
A lei natural descreve estados e modificações de sistemas da Física, através de
grandezas, claramente definidas e quantificáveis. Normalmente é formulada
matematicamente, para assegurar clareza conceitual e lógica. São acrescidas ilustrações
e descrições em linguagem corrente. Um exemplo é a lei da gravitação, de Newton: A
forca de atração (F) entre dois corpos (m1 e m2) é proporcional à sua grandeza e
indiretamente proporcional ao quadrado da distância.
INVENÇÃO
É relativa ao paradigma, de acordo com a possibilidade de sua integração no âmbito de
conceitos vigentes. Ou seja, na medida em que a idéia geral do paradigma abrange o
conceito desta invenção. Pode resultar, igualmente, de erro ou distúrbio, também
diretamente pela atividade poiética. O pré-requisito, para que seja reconhecido como
invenção, é sua referenciação ao objetivo sancionado. Desse modo, pode introduzir
novos conceitos, anteriormente não integráveis à idéia geral.
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Tem status superior quando é modificação planejada, na atividade poiética diretora, de
modo que o meio técnico é modificado deliberadamente (Käbisch, p. 203). Mais além,
tem camada ontológica e pode contar com elementos teleológicos. É, em suma,
processo compositor de elemento conceitual, aferente, utilizando pegadas da
individualização. E orientando-se através delas para novas eferências. Assim, é voltado
à individualização.
Epistemólogos como Groys, Grunwald, Banse e Weyer definem a INOVAÇÃO como
modificação aceita na práxis vigente, através de processo de aprendizagem e
reconhecimento que modifica esta práxis. É introduzida pela aceitação da novidade, no
discurso de planejamento da comunidade, de modo a ser assimilada em seu repertório
de atividades simbólicas e icônicas. Pois, o novo manifesta-se, inicialmente, como
distúrbio. Ou falta de competência, em práxis corrente (Käbisch, p. 226.)
DESCOBRIMENTO
É processo compositor de percepções, a partir de elemento conceitual, eferente, ganho
em atividades anteriores. O elemento conceitual necessita ser adaptável ao elemento
aferente. Acontece em camadas. Em ritmo aferente-eferente. Corresponde ao processo
de composição de movimentos, podendo contar com camada determinante, igualmente
composta de intencionamentos teleológicos, como utilidade, comerciabilidade etc. Pode
ser visto como o momento inicial em que a invenção torna-se notável. Para a
formulação aproximativa de elementos conceituais inusitados ou desconhecidos, é
necessária a referenciação ao conhecido ou, ao menos, imaginável.
ANALOGIA
É meio de referenciação, pelo fato de conter uma camada de conceitos idênticos ou
semelhantes. Podem ser acidentais. Mais resumidamente, é o intencionamento eferente
de elemento conceitual, ganho em estrutura desconhecida. O elemento conceitual é
vago, não consciente e experimentado no sentido de estruturas já individualizadas e
tornadas inerentes. Conta com elementos determinantes do mundo de representações do
sujeito, podendo ter intencionamento teleológico.
RACIONALIDADE
Pode ser definida como sistema cognitivo delimitado por conceitos e idéias gerais dos
processos de invenção e descobrimento, tendo na hipótese, teoria, modelo, experimento,
lei, comprovação, lógica e método suas unidades cognitivas centrais. Organiza todos os
conceitos possíveis, em torno destas unidades. Tolera alguns que não enquadram-se
neste sistema. Todavia, a racionalidade tem de ser delimitada e controlada. Idealmente
estabelece limites em sincronização com os da Lógica. A falta de unidade remete esta
problemática ao seu início.
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10/02/2011
Lógica, A Lógica no Ocidente, A Lógica de Aristóteles,
Indução e Dedução
LÓGICA
De modo geral, a lógica é a ciência das leis e formas do pensar. Pode ser
vista como tradução cognitiva do vir-a-ser dos processos da Natureza.
Sob ponto de vista idealista é hierarquicamente anterior ou superior.
Pode ser caracterizada como processo compositor de orientação e
previsão. Sistema orientativo de valor pragmático. Pelo seu aspecto
explicativo, sugere a possibilidade de repetir fenômenos
deliberadamente. Normalmente, toma o tempo como dado implícito,
transcendental e a realidade como dada. Considerando o conhecido, advinha o
desconhecido.
Como o pensar é o meio e linguagem do conhecimento, tornou-se necessário
sistematizar normativamente seu uso. Foram desenvolvidas regras prescritivas para
distinguir argumentos e inferências válidas.
Igualmente, investiga a validade da estrutura de reflexões e argumentos, abstraídos de
seu conteúdo (Lógica Formal). Genericamente, um sistema lógico é o conjunto de
axiomas e regras de inferência que visam representar formalmente o raciocínio válido.
Os primeiros sistemas conhecidos originaram-se na Índia, China e na Grécia, a partir do
Século IV a. C. Na ĺndia, por exemplo, a Escola Nyâyam desenvolveu um silogismo de
cinco elementos: A proposição (a mata está queimando), a razão ou causa (pois, pode-se
ver a fumaça), um exemplo (onde há fumaça há fogo, como na cozinha), uma aplicação
(desse modo, a mata está fumaçando) e, finalmente, a conclusão (consequentemente, a
mata está queimando).
A LÓGICA NO OCIDENTE
A história da Lógica, no Ocidente, inicia com a dialética de Sócrates. É organizada e
desenvolvida sob o impulso de Aristóteles.
Contudo, os Eleatas e Sofistas já teciam conclusões e comprovações, metodicamente.
Inicialmente, no Topik, Aristóteles viu a Lógica como meio de
influenciar o ouvinte. Era parte de sua Retórica.
(Tradicionalmente, a Lógica é uma das disciplinas filosóficas,
componente da tríade clássica, junto à Gramática e a Retórica.
Na Antiguidade e na Idade Média, a Lógica ocupava-se com a
qualidade da argumentação. Isto registra-se em Platão e
Bertrand Russel
Kant
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  • 1. BlogPai Pensador Antropofágico Informatizado Plataforma de divulgação dos resultados do projeto de pesquisa EPI-BR http://blogpai.wordpress.com E P I - BR (Epistemologia Pragmática-Instrumentalista Brasileira) Síntese com resultados da pesquisa sobre: a lógica e aplicações práticas do modo de pensar característico dos brasileiros. EDSON DE MELO Coordenação geral da pesquisa e composição de textos Frankfurt/Recife 2010
  • 2. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 2 http://blogpai.wordpress.com/ http://blogpai.wordpress.com http://blogpai.wordpr BlogPai Pensador Antropofágico Informatizado Plataforma de divulgação dos resultados do projeto de pesquisa EPI-BR EDSON DE MELO Coordenação geral da pesquisa e composição de textos ARTHUR BIGHEAD Produção do projeto e organização ALICE SANTOS Projeto gráfico e web 2010 © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados
  • 3. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 3 Textos sobre a “EPI” desenvolvidos pelo pesquisador e epistemólogo Edson de Melo entre os anos de 2010 / 2014 e apresentados no blogPAI. http://blogpai.wordpress.com/ (organizador)
  • 4. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 4 INÍCIO BLOGPAI Apresentamos, neste blog, os resultados de programa de pesquisas, com objetivo de desenvolver Epistemologia adequada aos hábitos cognitivos dos brasileiros. E propor uma Teoria do Brasil. A pesquisa continuada foi iniciada nos anos 90, deve estender-se até o ano de 2016. O projeto cultural EPI-BR, teve a etapa I e II (de formatação e organização) patrocinado pelo Sistema de Incentivo a Cultura (SIC), da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) edital 2010. Resultaram as monografias: Epistemologia Pragmática Instrumentalista I e II. Esta ultima tem o subtítulo, Sistemática Criatividade Heurística. A pesquisa esta sendo realizada, em grande parte, na Alemanha e Holanda, contando com fluxo diário de informações do Brasil. Ao longo deste ano, atualizaremos os textos, introduzindo recentes desenvolvimentos, informações, melhoramentos, correções etc. BLOGPAI Neste blog iniciamos um processo de informação e discussão das propostas e resultados. Inicialmente, introduz o universo das EPIs. Seus conceitos, processos, perspectivas, utilizações e aplicações. Mais além, atualiza e informa sobre o processo de desenvolvimento dos trabalhos. Finalmente, oferece um ponto de encontro, comente, onde os interessados trocarão pareceres e proposições, para o desenvolvimento de nossos objetivos. Principalmente, funcionará como banco INTERATIVO DE INFORMAÇÕES, onde os leitores nos ajudarão, participando ativamente. Esta página estende nossas possibilidades de observação, por todo o país, acelerando e melhorando a qualidade dos resultados. Assim, o BLOGPAI possibilita pensar cooperativa, e interativamente, interferindo no processo. Com isto todos nós temos a ganhar. Edson de Melo
  • 5. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 5 Índice das páginas do BlogPai Plataforma de divulgação dos resultados do projeto de pesquisa EPI-BR Início……….................................................................................................................................. ….2 Objetivos ....................................................................................................................................... 8 Epistemologia.............................................................................................................................. 10 Correntes................................................................................................................................... 133 Instrumentário .......................................................................................................................... 199 Aplicação ..................................................................................................................................... 20 Cenários Futuros ......................................................................................................................... 21 Antropofagia ............................................................................................................................... 22 EPI – BR........................................................................................................................................ 25 Resumo Explicativo das EPI's (I, II, III)………………………………………….....……........………………………..28 Pensador Informatizado.................................................................Erro! Indicador não definido.5 Teoria do Brasil.......................................................................................................................... 366 Conceitos Chaves ...................................................................................................................... 388 Conceitos............................................................................................................... 399 Cultura e Natureza .................................................................................................. 41 Componentes da Pesquisa Científica ...................................................................... 43 Lógica, A Lógica no Ocidente, A Lógica de Aristóteles, Indução e Dedução............................... 46 Os modos cognitivos dos brasileiros........................................................................................... 51 Reforma Civilizatória................................................................................................................... 52 O conceito do tipo....................................................................................................................... 54 A linguagem como ação .............................................................................................................. 55 O mundo em que vivemos (LEBENSWELT).................................................................................. 56 A Música e seu Tempo-Espaço.................................................................................................... 57 Herbert Witzenmann e a Percepção........................................................................................... 58
  • 6. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 6 Conceitos nas EPIs....................................................................................................................... 59 Componentes recivilizatórios da cultura brasileira..................................................................... 60 Ferramentas da EPI – I................................................................................................................. 62 Inter e Trans-subjetividade ......................................................................................................... 65 Práticas pré-científicas na população ......................................................................................... 66 A teoria da Ação (Handlungstheorie).......................................................................................... 67 A Romantização dos Românticos................................................................................................ 68 Processos Compositores como Atividade Diretoras ................................................................... 71 O significado epistemológico da cultura holandesa ................................................................... 73 Aspectos do Pluralismo de Paul Feyerabend.............................................................................. 77 A Reforma Americana ................................................................................................................. 80 Esclarecimento cientifico dedutivo-nomológico de Hempel-Oppenheim.................................. 84 A inovação técnica ...................................................................................................................... 89 O conceito do know-how............................................................................................................ 91 Anexos Anexos.......................................................................................... ................................93  Teoria do Brasil......................................................... ............................................94 Contém os desdobramentos da EPI I e II como elementos de vários proposições para composição da Teoria do Brasil  CD – A Socialidade, Diversidade e Disponibilidade................................. ........96 Peças para piano do músico pernambucano Edson de Melo (radicado na Alemanha), inspiradas na pintura do holandês Jan Vermeer (1632-1675), apresentando em forma de música o conceito de Socialidade, Diversidade e Disponibilidade. © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados
  • 7. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 7 TEXTO ORIENTATIVO Pelo seu volume e diversidade, o BLOG PAI vem tornando-se livro virtual. Desenvolve-se paralelamente as pesquisas e resultados das EPIs. Este é o lugar de primeira publicação de vários temas e projetos. São hipóteses, sugestões, exemplos. Nesse sentido, uma parte apresenta-se como PESQUISA EPISTEMOLOGICA BÁSICA. São textos mais complexos que exigem atenção e leitura intensa, paciente e lenta. Ao longo do tempo, com as seguidas atualizações, ganharam maior leveza, fluência e referências práticas. Este aspecto corresponde e desenvolve-se paralelamente a EPI II e ao manual Res Nuncius. Em resumos, os resultados dividem-se em: 1 – Recursos Básicos advindos das pesquisas fundamentais: Tem caráter descritivo, científico e epistemologizante. São mais complexos e abstratos. 2 – Resultados Apresentados como Tecnologia Filosófica: São ferramentas, exemplos de aplicações etc. Edson de Melo (agosto de 2011) Atualizações do BlogPAI: Como se trata de uma pesquisa com resultados contínuos, desde essa data, passaremos a informar as atualizações propostas pelo autor. Para os que estão acompanhando, ficará mais objetivo saber a respeito de novos textos, e para os que buscam compreender o desenvolvimento do sistema cognitivo criado pelo epistemólogo Edson de Melo, facilitará discernir entre o já postado e os avanços atingidos.  Tecnologia Filosófica (09/05/2013)  Crônica da Teoria do Brasil (01/05/2013) Edson de Melo © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados
  • 8. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 8 Objetivos Apresentação Pesquisa sobre a lógica e aplicações práticas do modo de pensar característico dos brasileiros. ___________*____________ OBJETIVOS DA PESQUISA (EPI). 1 - O objetivo inicial foi desenvolver instrumentário epistemológico adequado. Sua concepção geral correspondente aos sistemas abertos. É composto de subsistemas, autoincrementativos. Pretende ser apto a processar fenômenos característicos da realidade nacional. Basicamente, o instrumentário consiste no processamento de agentes de sistemas epistemológicos, em modo associativo-pragmático. Orientado por objetivos e levando as idiossincrasias do objeto em consideração, aplicam-se agentes, diferenciadamente, formulando os fenômenos pela perspectiva adequada. As características particulares dos sistemas formam estrutura diversificada, constituída por várias unidades, homogêneas ou heterogêneas, com diferentes especialidades. Integram-se, eclética e associativamente, procurando resolver problemas pela intervenção coletiva. Tais sistemas existem na Biologia e na Informática, nos processos de “inteligência artificial”. São, porém, ainda raros na Epistemologia. Os agentes apresentam características diversas: são autônomos, aperfeiçoam-se constantemente, interagem recíproca e cooperativamente. São flexíveis. Em nosso caso, os “agentes” são conceitos e sistemas filosóficos, epistemológicos, científicos e artísticos. Através de processos especialmente desenvolvidos, rastreiam fenômenos. Intervém circular e reciprocamente, isolada ou conjuntamente, quantas vezes forem necessárias. Produzem processo elíptico de intensificação, regulado por objetivos definidos. Por ser “sistema aberto complexo adaptativo”, o instrumentário desenvolve-se ininterruptamente, no contato com os fenômenos, como “work in progress”. Associamos elementos que possibilitam abrangência, efetividade, mobilidade e criatividade. Outro critério foi o fato de apresentarem características relacionáveis à cognição dos brasileiros. Podem sugerir a incrementação de qualidades que temos. Queremos desenvolver. E outras que precisamos aprender.A
  • 9. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 9 2 – O segundo objetivo foi desenvolver conceitos brasileiros. Os sistemas componentes do instrumentário foram processados, em conjunto, para estudar os “modos cognitivos dos brasileiros,” em momentos característicos e representativos. Foram formulados como conceitos especificamente brasileiros. Resgatam a perspectiva construtiva, para que transformem-se em inovações e recursos inusitados. O processo da composição musical aparece como laboratório excepcional, onde componentes de nossa realidade podem ser simulados e testados, em “experimentos pensamentais,” sensualizados parcialmente pelos sons. Simultaneamente, é o campo onde os processos cognitivos dos brasileiros apresentam-se com vigor e clareza. Neste processo identificamos a proto-transformação dos modos cognitivos dos brasileiros, dos distúrbios de sua possível originalidade, em criações geradoras de autoconfiança. a 3 – O objetivo seguinte foi sugerir procedimentos elementares para a operacionalidade dos conceitos brasileiros. Isto sugere-se como paradigma para modos cognitivos correspondentes. a 4 – Finalmente, desenvolver instrumentos para esboçar Teoria Instrumentalista do Brasil.
  • 10. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 10 Epistemologia Ciência e Epistemologia  O que é;  como funciona;  algo de sua historia;  tendências;  sua relação com a Música CURTA HISTORIA DA CIÊNCIA (para orientação global do leitor) R. Descartes Newton David Hume Sob a perspectiva idealista, a Ciência inicia com a fundamentação da Lógica, por Platão, para proteger-se das investidas relativísticas dos Sofistas, principalmente Protágoras. Tentou estabelecer normas racionais, derivadas de princípios gerais e livres de toda sensualidade, a partir de puras idéias. Assim, a Lógica desempenharia o papel transcendental e normativo de ciência da Ciência, determinante de todas as outras. Todavia, o conhecimento desenvolveu-se de modo mais ou menos espontâneo. Afastou- se daquela idealização absolutista, sem método unitário, mas com diferentes concepções, aplicáveis de acordo com a situação. O idealismo radical de Husserl, por exemplo, não reconhece este processo como Ciência genuína, do mesmo modo como não reconhece a ciência de culturas pré-socráticas, arcaicas. Em perspectiva realista, a Ciência inicia com Galileu sob uma, mais ou menos, sistemática confrontação de lógica e observação. B. Russell acrescenta as contribuições de Kepler, Kopérnico e Newton, como fundadoras. Paul Feyerabend quis mostrar como as descobertas de Galileu contaram com elementos criativos, propagandísticos e oportunistas, com o objetivo de impor sua teoria contra as concorrentes. Galileu
  • 11. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 11 A relação entre Lógica e Ciência é intensivamente holística e diversificada. Isto verifica-se no empirismo de Aristóteles e, anteriormente, em Heráclito. Mais tarde, em Bacon, Hume e Mill, intervindo nas correntes modernas. No século XVII os silogismos aristotélicos pareciam superados. Não eram mais condizentes com os modos científicos vigentes. Bacon investe contra eles. Desenvolve um Novum Organon, um método científico baseado na percepção de estruturas básicas (EBI), o chamado Empirismo, utilizando indução mais desenvolvida. Assim, surge o EMPIRISMO LÓGICO TRADICIONAL. Uma feição particular de Realismo. Sob esta perspectiva, aparece como elemento básico, diretor. Isto, ao menos, no que concerne ao desenvolvimento da Epistemologia no Ocidente. As outras posições parecem querer melhorá-lo. Como sistema epistemológico central, serve de referência. As correntes representativas posteriores advêm dele. Ou tem de considerá-lo. A Epistemologia ganha contornos modernos ao início do Século XX, através da Escola de Viena. A Teoria da Realidade e a Mecânica Quântica abalavam as bases de antigas convicções, exigindo novos questionamentos e reflexões. Este impacto transparece claramente em pensadores como Karl Popper e A. N. Whitehead. A Epistemologia é a ciência que investiga a natureza do conhecimento científico e de sua prática. É sistema explicativo, orientativo e normativo da pesquisa científicas. Seus desafios fundamentais são a caracterização do que seria o conhecimento científico, o questionamento da possibilidade ou necessidade de métodos, a determinação do grau de veracidade da teoria científica, além da relação entre as diferentes teorias e outras disciplinas. Assim, examina teorias científicas, seu surgimento, desenvolvimento, mudanças, além do modo de trabalho dos cientistas. De modo mais específico, estuda o caráter e desenvolvimento de conceitos, proposições, hipóteses, argumentos e conclusões, com respeito a sua função na Ciência, os meios através dos quais o cientista prevê ou explica fenômenos, os modos de explicação, formulação, objetivo e estrutura dos métodos empregados, suas implicações, ilações, também de resultados, com respeito ao desenvolvimento de tecnologias. Ernst Mach A Epistemologia interage com as demais disciplinas, tentando generalizar os conceitos desenvolvidos. O objetivo é compor uma teoria homogênea, como fundamento para todas as formas de ciência. Compreende-se como matriz, tecendo, implicitamente, o paradigma no qual justifica-se como melhor e mais desenvolvido meio de obter conhecimentos. Em seus inícios mais remotos, por exemplo, em Aristóteles, tinha o caráter de conhecimento seguro através do conhecimento das causas. Esta visão predominou
  • 12. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 12 durante séculos. Mais tarde, Descartes pleitearia a necessidade de conhecimento seguro, a partir da autoconsciência do sujeito pensante, em sua capacidade de formar idéias claras. A experiência e observação teriam um papel secundário. Isto favoreceu o desenvolvimento das chamadas ciências analíticas, principalmente a Matemática que teria grande influência no desenvolvimento da Epistemologia. Em contrapartida, Francis Bacon daria relevância à observação com seu processamento indutivo. Um experimento crucial (instantia crucis) determinaria a validade da teoria. Enquanto os dois aspectos ressaltam a experiência e o pensar, talvez unilateralmente, Kant tentaria a síntese em seu idealismo transcendental. A maioria dos cientistas não ocupou-se com questões epistemológicas. Todavia, Galileu Galilei, Isaac Newton e Albert Einstein, entre outros, participaram ativamente das discussões. Sua contribuição é imensa. Do mesmo modo, filósofos como Aristóteles, Descartes, John Locke, David Hume, Immanuel Kant e John Stuart Mill, marcaram seu curso, no Ocidente. Einstein Copérnico Kepler
  • 13. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 13 Correntes (Para informação global e orientativa do leitor) CORRENTES EPISTEMOLOGICAS É bastante difícil apresentar uma visão geral das correntes epistemológicas. Seguem dados orientativos. O EMPIRISMO LÓGICO (Bacon, Locke, Hume, Mill) toma o processo científico como confrontação sistemática de LÓGICA e EXPERIÊNCIA. Tendo a OBSERVAÇÃO como ponto de partida, não reconhece lógicas e epistemologias que não partam dela. Baseia-se na IDENTIDADE DE TEORIA E DADOS. Sua falta compromete a teoria. Este elemento é comum a todo empirismo. Registrando repetição e regularidade na aparição de fenômenos, formula este fato como Lei Natural, em processo lógico metódico (Steiner, 1985, p. 454). O pensar processa relações entre fenômenos através de comparação, analogias, diferenças e relações (idem. p. 456). Todavia, não aceita que o pensar e o mundo percebido tenham a mesma natureza. Sua lógica é a INDUÇÃO PELA ELIMINAÇÃO, tentando corrigir o pensar meramente acumulativo de Aristóteles. Tem como instrumento o MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DE RELAÇÕES CAUSAIS, um sistema de processos indutivos, desenvolvido por Bacon, mais tarde aperfeiçoado por Hume e Mill. É composto por diferentes processos. Procura comprovar hipóteses em experimentos e observações de seus resultados. Assim, testa a capacidade explicativa de hipóteses. Por partir da realidade como dada, reflete os modos de pensar da vida cotidiana, na sociedade moderna, daí seu intenso senso comum. Este aspecto fez dele um elemento importante na Epistemologia moderna. No POSITIVISMO de A. Comte (1798-1857) a Ciência tem a significação de uma conexão de fenômenos observáveis, renunciando ao estudo e conhecimento de suas causas. Para tal, as condições de investigação são definidas com exatidão. Ocupa-se com os fenômenos diretos, como apresentam-se, apenas levando em consideração conceitos que tenham correspondentes na observação. Por tomar como metafísica o estudo de fenômenos não observáveis diretamente, não aceita, por exemplo, a teoria atômica. Isto caracteriza uma filosofia de orientação ferrenhamente empirista. Caso a teoria possa ser referenciada à juízos de percepção é tomada literalmente, como verdadeira ou falsa (E. du Bois-Raymond, E. Mach). De certo modo reduz a Epistemologia à Lógica. Isto é praticado intensamente, como análise linguística (Neopositivismo). Mill Auguste Comte Francis Bacon
  • 14. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 14 No MODERNO EMPIRISMO LÓGICO (Popper, Hempel, Carnap, Feigl, Nagel, Lakatos), contrapondo-se ao neopositivismo, Popper viu sua posição como racionalismo crítico. Como a indução é problemática, pela inviabilidade de examinar todos os casos possíveis, por mais que se experimente, sugere, em lugar da atitude verificativa, um processo para demonstrar erros e fraquezas da teoria. Assim, formula o processo científico como tentativa de refutação (Falsificacionismo). Parte do princípio de que apenas a hipótese refutável é científica. Refutável significa a possibilidade de demonstrar erros, em afirmação ou proposição falsa, por exemplo, através de experimento. Dessa maneira, a Ciência é vista como processo metódico e seletivo no qual hipóteses e teorias são generalizadas e refinadas. Depois, atacadas, com ajuda de experimentos. Descarta-se, provisoriamente, as hipóteses que não resistem aos testes, preferindo aquelas de maior “teor de veracidade”. As fraquezas descobertas podem ser reparadas, melhoradas ou substituídas, “aproximando-se da verdade”. Bas van Fraassen O chamado falsificacionismo ingênuo de Popper é desenvolvido, possibilitando o falsificacionismo sofisticado de I. Lakatos, em sua “Methodology of Scientific Research Programm” (MSRP). A modificação essencial é o afastamento da proibição de “imunização” pela introdução de hipóteses ad-hoc (Popper). Sob condições determinadas, a teoria pode ser protegida por um cinturão de hipóteses ad-hoc, para salvaguardar as convicções que constituem seu cerne. Em casos nos quais a teoria é refutada apenas são modificados elementos que não pertencem a este cerne. Aqueles centrais, suas convicções básicas, apenas serão abandonadas caso o programa de pesquisas desenvolva-se de modo degenerativo e tenha de ser substituído por outro. Assim, a teoria não tem de ser substituída por outra mais forte, caso seja contestada em experimentos ou resultados empíricos. Esta proposta de Lakatos não foi plenamente integrada ao moderno racionalismo empírico. O ESTRUTURALISMO (J. Sneed, W. Stegmüller, C. U. Moulines) foi iniciado por J. D. Sneed ao tentar integrar o racionalismo crítico e o positivismo lógico, mais tarde desenvolvido e propagado por W. Stegmüller e C. Ulises Moulines (1946). Mais além, procura associar as duas escolas com o “Historismo”. Um aspecto interessante é o fato de levar em conta interrelações de teorias. Podem coexistir e explicar os mesmos fatos, sem que sejam idênticas. Entre tais possibilidades o REDUCIONISMO desempenha um papel importante na unidade da Ciência. Igualmente, vê as teorias científicas como construções ou Popper Lakatos W. Stegmuller
  • 15. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 15 criações culturais (C. U. Moulines). Para o REALISMO ESTRUTURAL (John Worrall), a Ciência descreve a realidade com fidelidade. A estrutura de hipóteses, e leis científicas, são genuínas descrições do mundo e as fórmulas matemáticas da hipótese representam a verdadeira ordem da Natureza (John Worrall, “Structural Realism: the Best of Both Worlds?” 1989). Caso a teoria seja correta, este status advém mais da ordem da natureza. O REALISMO DE ENTIDADES (Ian Hacking, Nancy Cartwright), vê teorias e leis naturais como ferramentas para descrever a realidade. (Ian Hacking, Representing and Intervening, 1983 e Nancy Cartwright, How the Laws of Physics Lie, 1983). Não necessitam ser verdadeiras. Apenas entidades fundamentais, como partículas, energia etc. são reais e desempenham um papel fundamental na existência dos fenômenos. Por isso, exclusivamente as entidades fundamentais nos experimentos tem o status de realidade. O CONVENCIONALISMO (Henri Poincaré, Ernst Mach) toma a Ciência como “convenção útil”. Não pode ter a pretensão de ser verdadeira. É uma descrição pragmática do mundo, dependente de elementos ontológicos e psicológicos. Fatos científicos, aparentemente objetivos, são advindos da poiética da sociedade e dependentes de condições sociais nos laboratórios e instituições científicas (Bruno Latour e Karin Knorr-Cetina). Recomenda que os conceitos da teoria científica não sejam vistos como necessariamente existentes, podendo ser abstrações, para tecer uma explicação. Determinados elementos axiomáticos da teoria não podem ser refutados pelo experimento (Henri Poincaré, Science and Hypothesis, 1902 e Hans Reichenbach, The Philosophy of Space and Time, 1958). O REALISMO CONSTRUTIVO, de Friedrich Wallner, distingue a realidade manifesta perante a consciência humana, a realidade construída, com seus âmbitos microcósmicos e a realidade de vida, sistema de regras e convicções específicas a cada cultura. Seu objetivo é a caracterização do círculo de objetos, métier e métodos, na pesquisa, para a compreensão da Ciência. Todavia, mostra-se consciente das dificuldades em delimitar e precisar o métier científico. Mais além, aceita a necessidade e possibilidade de conjunto de práticas, para constituir um sentido homogêneo. Sugere o alheamento como método para o autoconhecimento. O CONSTRUTIVISMO METÓDICO (P. Lorenzen, W. Kamlah, J. Mittelstraß, K. Lorenz, P. Janich) procura reconstruir a linguagem científica a partir de seu estágio pré-científico. Nesse sentido, a Lógica deve ser reconstruída como disciplina de argumentação dialógica. O objetivo é o desenvolvimento de racionalidade técnica e política. Seu elemento central é a construção de conceitos verificáveis que possam ser ensinados e aprendidos por todos. Isto constitui a base de toda teoria que pretende ativar uma prática. Tem aspecto antielitista e democrático. Nancy Cartwright J. Mittelstrass
  • 16. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 16 O HISTORISMUS de T. Kuhn, Polanyi, Merton revolucionou a Epistemologia ao introduzir elementos históricos, sociológicos e culturais, como fatores integrantes e determinantes da pesquisa científica. Tem seu elemento diretor no conceito de PARADIGMA, o elemento compositor da ciencialidade, tentando justificá-lo pela observação de sua PRESENÇA e MUDANÇA, ao longo da História. Um elemento basilar é o conceito de incomensurabilidade de S. Kuhn. O paradigma pode ser caracterizado como elemento eferente diretivo, organizador dos modos científicos, e, até mesmo, dos modos de percepção dos indivíduos envolvidos. Pode ser total ou parcialmente incomensurável. Conceitos de outros paradigmas não possuem a mesma significação o que impossibilita a comparação ou unificação. Cada um deles funciona como um universo fechado. Segundo Kuhn, a ciência normal segue um paradigma e não testa seus limites. Caso surjam contradições, é ampliado, permanecendo intacto. Em casos extremos, inicia-se o processo crítico, uma crise. Dessa maneira, distingue-se a ciência ordinária da revolucionária. Caso o novo paradigma abranja os novos elementos, acontece a revolução científica. Todavia, o novo paradigma não impõe-se idealisticamente, pela força de argumentos lógicos, embora seja sustentado por tais argumentos. É produto histórico-ontológico-sociológico. O Coerentismo, Ceticismo e Fundamentalismo surgiram com a dificuldade em justificar teorias científicas por si mesmas, exclusivamente com elementos aceitos como “científicos” (Kuhn). A estrutura das revoluções científicas são descritivas. Concentra- se em conceitos genéricos. E denota um aspecto histórico e sociológico. Assim, o Historismus tem ambições metateóricas e motiva o pesquisador a levar em consideração elementos históricos e ontológicos. Tais conceitos são ganhos por um processo de pensar contra-indutivo ou retrodutivo, pela identificação da rede de elementos implícitos na poiética científica. Assim, os modos de observação denunciam o paradigma. Igualmente, intervém um ethos, invariavelmente. Por isso, teorias testadas não podem ser tomadas independentemente de teorias que justificam a observação ou experimento. A concepção aceita do que é ou não “científico” intervém regularmente (Kuhn). Outras correntes são o REALISMO HIPOTÉTICO (Lorenz, Campbel, Planck, Popper). O realismo característica das ciências exatas (Lorenz, 1973. p. 15) mostrando-se extremamente afinado com o senso comum. (Lorenz, 1973. p. 9 – 32). É aprendido nos livros escolares, dos professores etc. Impera na sociedade, nos livros científicos populares, revistas etc. Pela sua influência positivista foi habituada na visão do mundo das pessoas. Foi a posição de grande parte dos pensadores europeus, sendo assim um sistema referencial de grande abrangência. Adequa-se extraordinariamente à aplicação construtivista. Kuhn Planck
  • 17. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 17 O REALISMO CIENTÍFICO (Putnam, Russel, Boyd, Newton-Smith, A. N. Whitehead) parte do fenômeno, como apresenta-se á percepção (Putnam, H.: Meaning and the Moral Sciences, p 20 ). Para os realistas as relações entre fenômenos são fatos cognitivos independentes do sujeito. A auto-observação não pode ser tomada como entidade. Pois, quando pensamos, o ato não desempenha um papel essencial. Dessa maneira, o pensar é considerado e estudado independentemente do sujeito pensante. Disciplinas como a Mecânica Quântica, que utilizam modelos matemáticos abstratos, são consideradas pouco realistas. Em contrapartida, as que estudam fenômenos naturais organizados, como a Biologia Molecular, são normalmente vistas como realistas. Esta discrepância torna difícil estabelecer um critério uniforme, para toda a Ciência, segundo Giere. M.Bunge considera a Ciência falibilista. O conhecimento é temporário e incerto. Todavia a realidade existe e é objetiva. O realismo avalia o progresso da Ciência pela sua aproximação à verdade. Contrapondo-se ao empirismo que busca novas concordâncias com a teoria, tenta conhecer melhor as causas e efeitos. Desse modo, considera-se mais coerente com os conhecimentos científicos atuais. Nesta escola, as teorias científicas são tomadas literalmente, podendo ser verdadeiras ou falsas. Dois de seus elementos mais importantes são o pragmaticismo e o holismo de Quine (Putnam, Philosophical Papers, Vol I, p. 61). O realismo crítico vê-se como novo Iluminismo. Por isso, combate o irracionalismos e o racionalismo reducionista. O HOLISMO de W. V. Quine considera o sistema como unidade holística, o conjunto de convicções partilhadas pela comunidade de cientistas. Em seu exemplo mais conhecido, argumenta que a observação da rota do planeta Vênus justifica-se pelo fato de ser coerente com nossas convicções e conhecimentos sobre ótica, manejo de telescópios e movimentos de planetas. Como perceber é atividade cognitiva integral, a observação da rota do planeta une uma série de “fatores”. Noções de ótica, manejo dos instrumentos, a técnica de dispor o telescópio, conhecimentos e experiência com a mecânica dos corpos celestes etc. Para contornar esta dificuldade, desenvolveu-se o Fundacionismo, no qual determinadas declarações não necessitam de justificação. Por exemplo, indução e dedução são formas diferentes de fundacionismo. Pois, os dados da observação não são justificados, como fundamentos derivados da percepção. Indução e dedução têm a propriedade de explicar fatos recorrendo a outras declarações científicas. Ambos têm de contornar os problemas da validade de critérios, e daí, o problema da regressão infinita. O holismo não distingue o analítico do sintético. Toda declaração depende de elementos lingüísticos e empíricos. Meramente a proporção de tais elementos determina a diferença. O cientista pode ver a declaração refutada como incorreta ou correta, de acordo com disposição do experimento. Pode ser que ele não adéqua-se à teoria. Assim, pode reformular seus conceitos e práticas, considerar a Lógica e a Matemática inadequadas, reformulando-as a partir de sua teoria. O holismo das declarações, na teoria, torna difícil determinar qual delas deve ser abandonada. O Putnam Quine
  • 18. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 18 “coerentismo” aconselha considerar a possibilidade da declaração ser mantida por fazer parte de sistema coerente. O holismo mostra-se adequado em âmbitos onde é imprescindível levar em consideração a maior quantidade possível de elementos, com suas inter-relações. Isto sugere, por exemplo, sua aplicação em associação aos processos desenvolvidos por Goethe, e empregados na Agricultura Biodinâmica. O PLURALISMO EPISTEMOLÓGICO de Paul Feyerabend não elimina de antemão determinadas sugestões ou possibilidades, por contradizerem métodos dogmáticos canonizados. Tudo pode ajudar e ser utilizado, caso ajude na solução de problemas. Finalmente a FILOSOFIA ANALÍTICA, como corrente filosófica advinda do Empirismo Lógico, desempenha importante papel na Epistemologia moderna. Seus nomes mais representativos são os do Círculo de Viena, R. Carnap, O. Neurath, H. Hahn, W. van Quine. Wolfgang Stegmüller, H. Putnam e representantes da lógica matemática, como B. Russel, G. Frege, contribuíram intensamente em seu desenvolvimento. No início do século XX, o Círculo de Viena impulsionou a Epistemologia, tendo o empirismo e o logicismo como elementos componentes. O estudo da Lógica e da Lingüística, particularmente por L. Wittgenstein (1889-1951), desempenhou um papel central. A FA postulava a necessidade de reduzir a Ciência a dados observáveis. Conceitos teóricos apenas têm significação quando traduzidos em verbalizações de dados observáveis. Teorias são tomadas literalmente. São verdadeiras ou falsas, em linguagem referente a dados observáveis. A FA tinha orientação verificativa. Todavia com os resultados da Física Moderna esta posição tornou-se insustentável, sendo substituído pela confrontação de proposição e observação. Wittgenstein
  • 19. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 19 Instrumentário O que é, como se utiliza, qual sua função e necessidade São as disciplinas, com seus processos básicos, conceitos, operações lógicas, técnicas de observação etc organizados e aplicados como sistema. Orientam desenvolvem as capacidades cognitivas. Como o pensar transcorre em unidades organizadoras (conceitos) e processos de relacionamento (lógicas), o instrumentário oferece ferramentas para dispor os conceitos adequados e correspondentes aos problemas tratados, com a lógica proposta pelos mesmos, ou tida como mais apropriada. A disposição do instrumentário é uma atividade cientifica e artística. Na EPI, por exemplo, é formado, genericamente, sob a Teoria dos Sistemas. Inicialmente desenvolvida por Ludwig von Bertalanffy, encontra-se em constante desenvolvimento, principalmente nos trabalhos de John H. Holland e seus colaboradores. Os demais componentes são subsistemas com propriedades e funções específicas. A Semiótica de Charles Sanders Peirce será estendida pela “Doutrina da Eferência-Aferência,” de Herbert Witzenmann. Relacionam-se à Teoria Quântica através do pensamento de Alfred North Whitehead. Sua concepcao da realidade como progressao criativa é, por sua vez, estendida pelo Culturalismo Metódico de Peter Janich e seus colaboradores. O esboço de epistemologia pluralista-relativística, encontrado na obra de Paul Feyerabend, equilibra o sistema. Outros componentes são o processo da composição musical, visto de modo fenomenológico por Pierre Boulez, e a Análise Morfológica, de Fritz Zwicky, como foi desenvolvida pela Swedisch Morphological Society, sob o impulso de Tom Ritchey, entre outros. Paul Feyerabend von Bertalanffy Charles Sanders Peirce A.N.Whitehead Pierre Boulez Fritz Zwicky
  • 20. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 20 Aplicação o papel da epistemologia, como utilizar na prática construtiva e no gesto compositor A Epistemologia pode ser vista como ferramenta genérica de um paradigma. A visão da cultura brasileira como proto-civilização sugere a possibilidade de Epistemologia advinda e voltada aos modos cognitivos da população. Assim, a aplicação genérica seria a decodificação e articulação de componentes idiossincráticos na psicologia, cultura, formação e historia. Por isso, partimos de praticas do dia a dia, onde tais elementos apresentam-se realizados. A cultura popular brasileira é o local e momento desta sintetização e realização. A Epistemologia brasileira, através de seus instrumentários, tem a função de desenvolver e colocar a disposição de cientistas, artistas e população em geral, possibilidades para que manifestações populares, de todo tipo, possam contribuir de modo mais concreto, direto e efetivo, no desenvolvimento econômico, social e ético do país e seus cidadãos. Dando sentido e função a acontecimentos normalmente tomados como distúrbios, acessar e integrar novas fontes de recursos, para a articulação de nosso futuro, como indivíduos, nação e civilização.
  • 21. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 21 Cenários Futuros Como trabalhar com Cenários Futuros O presente em que vivemos é, na verdade, um passado, pela defasagem entre hábitos e modelos anacrônicos de pensar e a velocidade das transformações. Assim, não utilizamos plenamente as possibilidades que temos a disposição. Sua aplicação, pela democratização da informação, acesso e utilização de ferramentas apropriadas e relacionamento intenso com a realidade constitui o presente atualizado. Aparece como futuro próximo, imediatamente acessível e manejável. A partir desta atualização, revelam-se possibilidades de atuação neste futuro inter- subjetivo, alem de necessidades, predileções etc. imediatamente deduzíveis como prognoses, a partir do presente atualizado. A realização torna esta possibilidade realidade trans-subjetiva. Dispor cenários, a partir desta nova realidade, organiza e articula retroversamente as ações e pensamentos, no momento atual. Igualmente acessa vantagens e novas possibilidades emergentes. Tais procedimentos são dependentes de ferramentas de seleção e processamento da informação. Mais alem, conceitos adequados para relacioná-las com o futuro. A progressiva habituação da utilização consciente de abduções é instrumento central. Isto resume-se em dar ao pensar maior diversidade, simultaneidade, flexibilidade e velocidade, equilibrando conscientemente o pensar dedutivo e abdutivo, particularmente desenvolvido para tecer cenários futuros. Tais práticas apresentam-se em modo pré-científico na população. Devem ser desenvolvidas ao nível de tecnologias e propostas como aplicações sistemáticas e planejáveis, com valor e objetivos pragmáticos. Uma possibilidade de aplicação pratica transcorre pela Analise Morfológica. Coleta, organiza e relaciona parâmetros existentes, prováveis, possíveis e prediletos deste futuro. O processamento para sua identificação pode lançar mão de ferramentas do instrumentário da EPI. Por exemplo, o esboço da Teoria do Brasil e a Lógica da Abdução de C. S. Peirce.
  • 22. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 22 Antropofagia Conceito emblemático e orientativo da cultura brasileira recente. Este conceito tem intervenção diretora na sociedade brasileira moderna. Como prognose influenciou o transcorrer daquilo que prognostifica. Não necessita aval de justificações transcendentais de sua existência e veracidade. Provavelmente, Tarsila do Amaral, foi a primeira a empregar este conceito. Aboporu (“Antropófago”, em Tupi-guarani) era o título da pintura que presenteou a Oswald de Andrade. Contemplando aquela estranha figura, um homem de pés grandes fincados na terra, cabeça apoiada em uma das mãos, cercado por cenário “tropical”, o céu azul, o sol e um cacto verde, Oswald decidiu iniciar um movimento, junto com Raul Bopp (1898-1984). O “Manifesto Antropófago”, de 1928 tornou-se o Leitmotiv, elemento propulsor da cultura brasileira do resto do século. De certo modo, articula e verbaliza o mito da originalidade e da possível vocação recivilizatória do país. Este elemento é a atividade diretora pré- simbólica nas artes e pensamento brasileiros, com interferência no Concretismo, Tropicalismo e em Milton Nascimento. Oswald de Andrade concebeu a devoração como impulso reformista. Identificamos proto-atividades poiéticas antropofágicas na pintura de Tarsila do Amaral, em seu período “antropofágica” de 1928 a 1929, aproximadamente. Corresponde às obras Abaporu, O Ovo [Urutu] (1928), A Lua (1928), Floresta (1929), Sol Poente (1929), Antropofagia (1929), entre outras. O quadro A Negra (1923) é considerado precursor. Este período caracteriza-se pela proposição do cenário de uma tradição histórica, imaginada e alegre. É proposto ad hoc como algo enraizado na cultura popular do país. Suas dimensões relevantes: 1 – Inicialmente, interessa-nos, a perspectiva culturalista, no pensamento que impulsiona o movimento. Distinguindo–se dos processos no Sturm und Drang, principalmente em Herder, que procurava fundar e justificar a unidade do povo alemão no “a priori analítico” (Volksgeist ou Volkswesen), Oswald de Andrade busca atividades poiéticas básicas. Oswald de Andrade O Ovo - Tarsila do Amaral Abapuru - Tarsila do Amaral
  • 23. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 23 Este é um parâmetro decisivo. O pragmatismo que renega o Wesen, (cerne metafísico) como fica claro em muitas passagens do manifesto de 1928, em troca da poiesis. Assim, propomos a hipótese de que no modernismo brasileiro balbucia a mesma reforma civilizatória verificada nos EUA, todavia em modos construtivistas originais. Já no manifesto da poesia pau-brasil (1924), encontram-se tendências culturalistas: “O trabalho contra o detalhe naturalista — pela síntese, contra a morbidez romântica. — pelo equilíbrio geômetra, e pelo acabamento técnico, contra a cópia, pela invenção e pela surpresa”. A poética sugerida quer fundar-se em proto-atividades: “Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia. 2 – Sugere-se em Oswald de Andrade o pensamento transformativo, quase técnico- pragmático. A diversidade cultural do Brasil aparece como distúrbio por faltar-lhe instrumentos adequados de avaliação e transformação. Desesperada ou estrategicamente, tenta reverter esta ordem pelo conceito de antropofagia. O ethos do movimento inspira o desenvolvimento e emancipação do Brasil, como cultura histórica, no sentido de Paul Feyerabend. Todavia não abre mão da necessidade e desejo de progredir como tradição abstrata, no paradigma vigente. Vive intensamente o desejo de ser, simultaneamente, sociedade abstrata e histórica. Nesse aspecto, articula-se o paradigma brasileiro. Isto expressa- se no brado: “Contra Goethe”. “Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas”. Assim, caracteriza-se o espírito reformista, futurista e otimista. Percebendo em Paris, como a arte da Europa industrial era renovada pela intervenção de elementos africanos e polinésios, descobriu possibilidades latentes, no Brasil. Como formulado, o conceito é imaginativo (a presença do objeto, no caso a pintura de Tarsila do Amaral). Este status permanece ao longo do manifesto. Todavia, expressa o desejo de ser universalizado. Nesse aspecto, é o protótipo do conceito brasileiro, pela necessidade de ser abrangente e simultaneamente local e efetivo. Exige o desenvolvimento de lógica e paradigma originais. Ânsia por reflexibilidade. 3 – Neste aspecto, pressupõe certa operacionalidade do conceito de homologia para tornar operável a universalização da antropofagia. 4 - Em modo geral, o conceito é empregado em status universalizado, através de homologias, ressaltando suas diversas dimensões. O “cunhadismo”, assim como a liturgia cristã da “Santa Ceia,” podem ser vistos como atividades antropofágicas. Para que estas associações não transcorram sob dimensões A Lua - Tarsila do Amaral
  • 24. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 24 irrelevantes, devem ser realizadas metodicamente, sob critérios e objetivos pragmáticos, com quantidade e qualidade relevantes de elementos extensivos, apreensivos e reversivos. 5 – Finalmente, o modo como este conceito foi compreendido e aplicado, ao longo de sua história recente, faz dele um “tipo ideal”, no sentido de Max Weber. Caracteriza-se por apreender perspectivas da realidade e ligar a outros elementos, em uma forma inusitada. Tem função rastreadora-diagnóstica importante pelo fato de exagerar contornos da realidade, e assim torná-los mais percebíveis. Pode ser utilizado de modo crítico e (ou) criativo. Presta-se, igualmente, ao uso contra-indutivo. Assim, tem significação epistemológica. Sua estrutura é idêntica ao conceito de “disponibilidade”. É uma idealização criativa- imaginativa, utópica, como o próprio autor indica. Pelo seu status, sugere possibilidades realizáveis. A formulação operacionável da Antropofagia, melhor formulada como “heterofagia” (Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago), como princípio civilizatório e epistemológico exige: 1 – A teoria genérica que mostre a viabilidade de tal projeto, ao mesmo tempo orientando o desenvolvimento de processos correspondentes. Isto, elevaria o status de hipótese ad hoch ao de hipótese plausível. A discussão centraliza-se na disposição de meios e processos para intervir. 2 – Processos de aplicação em diferentes âmbitos científicos ou diretamente poiéticas. Em sentido culturalista, seu desenvolvimento, a partir de conceitos atividades antropofágicas básicas, até a formulação como regra técnica. 3 – A formulação descritiva e prescritiva. 4 – Delimitação do seu nível de individualização, adequado à aplicação. Igualmente, discutir suas possibilidades heurísticas TROPICALIA Clube da Esquina
  • 25. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 25 EPI – BR O que é, qual a função da cultura brasileira Epistemologias Pragmática-Instrumentalista Brasileira Trata-se da construção de sistema de conceitos e processos coerentes com a realidade e objetivos da nação brasileira, partindo de sua própria realidade. Este sistema é formulado, inicialmente, como hipótese operacional plausível. Neste caso, foi desenvolvida pela aplicação da Lógica da Abdução de Peirce, a partir do questionamento inventivo de uma teoria da Ciência, coerente e articulável como adequada e produtiva aos modos e componentes da realidade brasileira. Desenvolve-se dinamicamente, em processo circular de formação hipotética e aplicação em acontecimentos, contando com inúmeras reformulações, correções e adaptações. Assim, a cultura popular brasileira, os movimentos Antropofágico, Tropicalismo, Clube da Esquina e todo acontecimento, do dia a dia, funcionam como recursos e impulsos. Esboçada na EPI I, esta Epistemologia cristaliza-se em sistemas iconológicos para aplicação pratica, criativa e diversificada. Isto já apresentado na EPI II, a SCH, será desenvolvido na EPI III, como sistema mais abrangente e genérico. Nesse sentido, a EPI III proporá a formulação amadurecida da Epistemologia Brasileira. EPI I – Epistemologia Pragmática Instrumentalista Obra básica e orientativa. Desenvolve e dispõe o instrumentário que será determinante ao longo de toda a pesquisa. Paralelamente, desenvolve ferramentas especificas para propor uma Teoria do Brasil. Analisa, sugere e traça o paradigma para a Epistemologia Brasileira. Alem disto, apresenta inúmeras possibilidades, como a formalização e desenvolvimento de conceitos brasileiros, processos de transladação etc. Sugere uma tecnologia filosófica. Simultaneamente, possui caráter educativo, informativo e orientativo. O leitor recebe uma visão geral da historia da Ciência e da Epistemologia, correntes mais importantes, definições s de conceitos obscuros, vasta fonte bibliográfica, etc. Assim, funciona simultaneamente como um mini-curso de educação e atualização filosófica- epistemológica. A obra esta pronta, em fase de revisão, para publicação (aprox. 600 paginas). Pessoa de Morais
  • 26. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 26 EPI II – (Sistemática Criatividade Heurística ) É aplicação prática de possibilidades sugeridas na EPI I. A transformação de recursos e propostas em sistema, para utilização no cotidiano. O leitor tem a oportunidade de realizar as propostas, concreta e autonomamente, vivenciando suas possibilidades. A concepção do desenvolvimento de conceitos brasileiros é desenvolvida. Surgem princípios inventivos e explicativos, formados a partir de acontecimentos da realidade cotidiana do país. Alem do mais, formula, utiliza e normaliza o desenvolvimento da criatividade popular. Esta criatividade, formulada como conceito dispositivo e equilibrado, e apoiada por um sistema composto de princípios, processos, relações e ferramentas. Suas inúmeras possibilidades predispostas orientam o pensar imaginativo do leitor. Propiciam o desenvolvimento e aplicação sistemática da criatividade, com interesses inventivos e heurísticos. Trata-se, pois, de modelo para pensar criativa e heuristicamente, sob hábitos cognitivos característicos dos brasileiros. A obra esta pronta, em fase de revisão, para a publicação, no primeiro semestre deste ano (aprox. 100 paginas). EPI III (Sistemática Realização do Futuro) Integra as propostas da EPI I e II criando o paradigma da brasilidade no século XXI. O sistema da EPI II estende-se acessando novos recursos. Passa a considerar e operar com o pensar criativo inspirativo e intuitivo. Assim, são utilizadas contribuições da tradição romântica literária, filosófica e artística, as religiões e místicas, entre nos, os recursos da cultura afro-brasileira e da Antroposofia. Por outro lado, é ressaltada, com maior intensidade, a perspectiva da atividade do operador e executor, o trabalhador e lavrador, hoje pertencentes as classes D e E de nossa população. São o ponto final de confluência de toda ciência, arte e tecnologia. Agentes responsáveis e reguladores da realidade trans- subjetiva. Pode-se dizer, os construtores da realidade. O sistema oferecera a possibilidade de canalizar quaisquer recursos, sejam metafísicos ou técnicos, em sentido a aplicações práticas e poiética. Para tal, serão propostas ferramentas adequadas, meios e esquemas de transformação, alem do desenvolvimento e aperfeiçoamento de propostas apresentadas anteriormente. Trata-se de plena tecnologia filosófica-epistemológica, acessível a toda população, formulada como atividade artesanal, sob o modelo das praticas e artes populares. G. Altshuller Construção ars combinatória
  • 27. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 27 O tipo do Pensador-Operário Antropofágico Informatizado desenvolve-se. Todavia, sem perder o romantismo e doçura, alem de tendências metafísicas, como é coerente com a nossa natureza e cultura. Na EPI I vivenciamos o tipo exacerbadamente característico das civilizações do hemisfério norte. Consciente, pragmático-instrumentalista, articulando-se na tradição e paradigma do ocidente moderno. Na EPI II este tipo aproxima-se do Brasil. Centraliza sua atividade no pensar e articular- se inventivo e imaginativo. Todavia, incrementado pela tradição sistemática e pragmática. Para tal, ele questiona o valor pragmático de pensamentos, ações e acontecimentos. O tipo na EPI III articula a autoconfiança e consciência do que é. O brasileiro emancipado. Aterra no país, literalmente, sem perder a lucidez e abrir mão das ferramentas desenvolvidas. É agora o homem de três cabeças. Pensa pragmática- instrumentalisticamente. Simultaneamente é imaginativo e inventivo. E, finalmente, integrando a rica metafísica que utilizamos como forma de comunicação, nas artes e no dia a dia, alem de recursos de culturas autóctones e abrasileiradas. Assim, a EPI III será composta por três sistemas, interligados. Serão, igualmente três paradigmas. Um ao nível mais abstrato e metafísico. Interliga-se com o sistema da EPI II que transcorre em nível imaginativo. Finalmente, deságua em subsistema puramente realizativo, inspirado nos modos de falar, agir e pensar de operários e lavradores. O aspecto mais operacional e realizativo de toda a civilização. Os pressupostos deste sistema, seu desenvolvimento e aplicação viabilizarão a formulação de uma Epistemologia adequada aos hábitos cognitivos dos brasileiros. As pesquisas, para este trabalho, foram iniciadas em Janeiro de 2011. A conclusão do livro está prevista para o final do ano de 2015. Esperamos contar com a ajuda dos leitores, em forma de comentários, envio de informações e sugestões (aprox. 250 paginas). Trabalhando Lavradores
  • 28. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 28 RESUMO EXPLICATIVO DAS EPIs (I,II,III) Uma Filosofia ou Epistemologia, normalmente, transcorre em abstrações para a formação de conceitos genéricos e regulativos. Mais alem, tenta explicar e regular relações entre conceitos e percepções. Isto caracteriza sua orientação mais teórica. Caso ofereça sugestões para um modo especifico de agir, passa a ter ambições e orientação práticas. Este é, por exemplo, o caso da filosofia de F. Nietzsche, entre outras. O aspecto poiético consiste no fato do pensar ser apoiado por artefatos que possibilitam inusitadas observações. Igualmente, apoio ao processamento. Por exemplo, o microscópio. Mais recentemente o computador. Ou sistemas heurísticos, como a Ars Combinatória de Lulli, ou a TRIZ de G. Altshuller. O exemplo básico e paradigmático da interferência da poiésis foi o telescópio. Aperfeiçoado por Galileu Galilei, possibilitou-lhe desferir a revolução heliocêntrica que lhe custou muitos problemas com a Inquisição. Com ajuda da extensão da percepção, relata a humanidade fatos nunca antes conhecidos, em suas Sidereus Nuncius (Mensagem das Estrelas.). Igualmente, o pensar poiético pode transcorrer em sentido individualizante, ordenado e adequado a construção de tais artefatos. Por exemplo, o pensar de engenheiros, arquitetos, designers etc. A contribuição de Galileu Galilei funda o paradigma da Ciência, como conhecemos. A unidade e sistemática de teoria, prática e poiésis. E a confrontação sistemática de lógica e experimento, como definiu J. Monod (V. O Acaso e a Necessidade). Isto nos levou a emancipação da metafísica. Pois, caso consideremos a realidade através de conceitos quantitativos, em relação funcional-matemática recíproca, o mundo transforma-se em sistema democrático de entidades, isentas de caráter indicativo metafísico. A Ciência desenvolveu-se sob o paradigma iniciado pelo mestre florentino. E apresenta seu clímax na Física e Astronomia modernas. Por exemplo, nas publicações de S. Hawking. E na Epistemologia coerente com este desenvolvimento, em autores como Quine, Hempel ou Stegmüller, entre outros. A concepção básica das EPIs segue este paradigma. Busca a moderna integração de teoria, pratica e poiésis, evitando a metafísica e pretensões absolutistas. Seguindo a tradição da Filosofia Analítica, de origem anglo-saxônica, procura normalizar e simplificar o uso de conceitos e formulações de sentenças, entre outros aspectos. Dai as frases curtas, diretas, como meio de tecer contornos claros as unidades cognitivas propostas. Mais alem, a preocupação em utilizar conceitos em status inter ou trans- Ars combinatória
  • 29. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 29 subjetivo. Ou seja, definidos e aceitos pela maioria da comunidade comunicativa, como sugere J. Habermas. Seu aspecto particular é o fato de levar em consideração a realidade brasileira, como pré-requisito de todo pensamento tecido no país. Ou seja, conjunto de dados e leis, acontecimentos, também históricos, e objetos inter e trans-subjetivos, como precondições de todo pensar, abstrair e adequar. Assim, cristalizam-se condições similares aquelas encontradas por Galileu. E outras idiossincráticas, originais, especificamente brasileiras. A EPI-I inicia pelo aspecto teórico, com intencionamento implicitamente poiético, como finalidade e resultado de toda teorização. Inicialmente é disposto um sistema de conceitos e processos, de diferentes filosofias, como instrumentário. O instrumentário pode ser comparado a caixa de ferramentas do artesão. De acordo com as necessidades de seu trabalho e objetivos, utiliza ferramentas e maquinas correspondentes. Por exemplo, para medir, furar, serrar, juntar etc. De acordo com os objetivos do projeto, o instrumentário necessitava de doutrina que descrevesse detalhadamente as relações entre o pensar e os dados dos sentidos. O processo aferente-eferente, como proposto por Herbert Witzenmann, nos pareceu o mais indicado (V. Witzenmann, Sinn und Sein). Todavia, pelo seu caráter psicologista, introspectivo e idealista, levou-nos a necessidade de operar redução epistemológica, para adequá-lo ao senso comum. Para tal, eliminamos componentes transcendentais-absolutistas, como, por exemplo, a necessidade de evidencia baseada em intuição no mundo das idéias, aos modos platônicos. Por conseguinte, a necessidade de conceitos analíticos, destituídos de relação a dados da realidade trans-subjetiva. Outra desvantagem era a sua complexidade. Infelizmente ainda não nos foi possível contornar satisfatoriamente esta deficiência. O projeto de transformação das três EPIs em manual prático, para aplicação direta, devera resolver este problema. Alem disto, introduzimos a descrição da realidade, desenvolvida pelo matemático e filosofo inglês A. N. Whitehead. Sendo extremamente realista, mas igualmente com aspirações metafísicas, os conceitos e processos de Whitehead, integrados ao processo aferente-eferente de Witzenmann, compõem ferramenta abrangente. O procedimento introspectivo de Witzenmann é complementada pela relacionalidade extensional de Whitehead. Dessa maneira, operamos a incrementação recíproca. E aproximação ao senso comum. O objetivo final deste processamento foi refinar e diversificar a capacidade de observar e processar acontecimentos. Dessa maneira, um telescópio virtual, em analogia a Galileu. Assim, temos acesso a novas perspectivas da realidade. computador Galileu
  • 30. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 30 Os dois sistemas e sua integração, todavia, necessitavam de maior relação com a realidade. Pois, têm sentido explicitamente epistemologizante. Ou seja, compõem descrições teóricas e abrangentes da realidade. Nesse sentido, a extensionalidade de Whitehead é acentuada pela introdução da Semiótica de C. S. Peirce. Seu pragmaticismo implícito permite enfocar acontecimentos da realidade cotidiana, sem recorrer a elementos históricos, ontológicos ou psicológicos. São processado como apresentam-se a percepção, independentemente do sujeito percebedor. Isto é resumido na definição de todo objeto ou acontecimento como signo. Por outro lado, a interferência do sistema Witzenmann-Whitehead na Semiótica de Peirce possibilita-lhe considerar a Metafísica como recurso produtivo. Este aspecto seria de grande importância, pelo fato dos modos cognitivos dos brasileiros conterem, frequentemente, componentes irracionalistas. Mais alem, propomos um sistema para o exercício e desenvolvimento da capacidade de abstração, utilizando a audição musical. E processando suas dimensões sob operação denominada Transladação. Esta ferramenta, necessária a aplicação da Progressão Criativa de Whitehead, possibilita/nos, igualmente vivenciar algumas das propostas de Herbert Witzenmann. Pois, desenvolve a introspecção, pré-requisito a compreensão e aplicação do processo aferente-eferente. Todavia, faltaria um sistema que acentuasse o aspecto da criatividade. Nesse sentido, a sistematização do processo da composição musical, como realizada por Pierre Boulez, apresenta-se como modelo de formação criativa e macroscopica da realidade. Assim, introduzimos este processo no instrumentário. Explica e dá sentido ao processo aferente-eferente. Simultaneamente é sofisticado e justificado. Generalizado e integrado a Aferência-Eferência e a concepção da Progressão Criativa, transforma-se em ferramenta excepcional. Com isto ganhamos um sistema complexo e diversificado, capaz de formar, descrever e processar a realidade, em diversas perspectivas. Macro e microscópicas. Isto conclui o aspecto teórico do instrumentário. Sua transposição prática-existencial, transcorre pela introdução de dois componentes. 1 – A Analise Morfológica 2 – Sistemática Competência Existencial. O primeiro sugere-se como sistema acessível para organizar e tratar de problemas diversificados. De certa forma, era o modo corrente de pensar, até o século XIX. Foi, por exemplo, muito utilizado na Astronomia por F. Zwicky e na Botȃnica por W. von Goethe.
  • 31. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 31 Sua concepção implícita da realidade como sistema de interferência de parâmetros, ou dimensões, permite a formulação orientativa de projetos criativos e problemas. Sua integração as Redes de Bayer (Baysian Network) e outros sistemas mais sofisticados, possibilita processamento quantitativo-estatístico. Na EPI II é proposto, por exemplo, uma técnica simples e efetiva de comunicação, baseada no pensar morfológico. A Sistemática Competência Existencial, como seu titulo programático, foi esboçada, igualmente, na EPI-II. Propõe princípios para um existencialismo pragmático, como novo paradigma e substituto do existencialismo-romântico. Ressalta o aspecto da ação prática, no mundo cotidiano, para dar conta as necessidades prementes da vida em sociedade. Finalmente, o aspecto poiético orienta-se nas contribuições do CULTURALISMO METÓDICO. Em escritos, como La Bilancetta (A Balança), Galileu não limitava-se a descrição de teorias, mesmo que fundamentadas matematicamente. Incitava o leitor, democrática e interativamente, a participação ativa. Descrevia seus experimentos. E colocava a disposição informações detalhadas para a construção dos artefatos necessários. Seu pensar transcorria em unidade de teoria e prática, tendo a poiésis como centro através do qual transcorria. Este modo de pensar tem no Culturalismo Metódico seu desenvolvimento mais recente. Certamente foi influenciado pela tradição da Engenharia Mecânica e Filosofia Técnica na Alemanha. São fatores de sucesso e sustentabilidade do padrão de vida da população. E Engenharia Mecânica tem longa tradição no país. É responsável por parte considerável de seu PIB, pelas inúmeras exportações no setor. Recentemente, as encomendas, principalmente de grandes nações emergentes, como China e Brasil, cresceram consideravelmente. Esta disciplina recente, desenvolvida por Peter Janich e colaboradores, reconstrói disciplinas cientificas, partindo da concepção de que toda ciência desenvolveu-se de proto-práticas artesanais. Assim, conscientiza-nos do papel da poiésis no pensar. Ao mesmo tempo, desenvolve e propõe conjunto de conceitos e práticas competentes para a produção de artefatos industriais, construção de casas etc. Com este instrumentário lançamos um olhar por sobre o Brasil. Sua gente, cultura, processos cognitivos, possibilidades, realizações e problemas. Foi concebido para poder lidar com a complexidade desta nação. O objetivo central seria dar nova significação a aparentes distúrbios do modo de vida da população. Conferindo-lhes sentido e utilidade, transformar-se-iam em recursos inestimáveis. Esta é uma das teses centrais das EPIs. La Bilancetta
  • 32. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 32 Para tal investigamos dois aspectos básicos: 1 – Possibilidade de existência, identificação, formulação e disposição de conceitos brasileiros em sistema. 2 – Identificação, coleta e transformação de recursos do modo de viver dos brasileiros, para transposições biônicas. O trabalho preliminar consistiu no estudo e formulação dos modos cognitivos dos brasileiros. Para tal utilizamos o método de G. Altshuller, coletando e observando grande quantidade de acontecimentos da cultura nacional. E resumindo-os em princípios diretores. Em processo análogo, Altshuller desenvolveu sua famosa TRIZ, responsável por grande numero de patentes, na Engenharia Mecânica, em todo o mundo. Em nosso caso, foram observadas milhares de canções representativas da MPB. Isto corresponde à perspectiva de observador. O principio diretor foi identificado como especifico pensar imaginativo. Simultaneamente foram compostas milhares de canções, para introduzir a perspectiva de participante. Pressupomos hipoteticamente que nelas os modos cognitivos correspondentes são exercidos regular e intensamente, com componentes representativos e excepcionais. A isto, somaram-se práticas culturais da população. Danças, culinária, modos de sofrer, festejar, brigar etc. O instrumentário é utilizado como sistema de rastreamento, organização e significação de tais acontecimentos, com o objetivo de desenvolver novas entidades que possam ser assimiladas como ferramentas neste sistema. Este processamento foi visto como canibalismo epistemológico, inspirando-se na concepção de Mario de Andrade. Possibilitou o desenvolvimento de sistema de conceitos especificamente brasileiros. Este aspecto foi desenvolvido na segunda parte da EPI I. Todavia, surgem questões sobre o que seria o especificamente brasileiro? Ou, se a concepção do conceito, certamente influenciado por sua origem platônico-aristotélica, seria coerente a realidade brasileira. Tais questões nos levaram a desenvolver um instrumentário especifico, para o tratamento de acontecimentos brasileiros. Isto desenvolveu-se como o esboço da teoria instrumentalista do Brasil (TIB). Constitui o capitulo final da EPI I. Nela são apresentadas ferramentas para a identificação de signos brasileiros, sua transformação e hibridação com outros. Mais alem, a mudança de visão do conceito brasileiro para o acontecimento brasileiro. A partir de tais pesquisas chegamos a conclusão que o conceito, em sentido especificamente brasileiro seria melhor formulado e compreendido como Microscópio
  • 33. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 33 acontecimento, formado por signos, vistos, igualmente, como acontecimentos. Nesse sentido, poder-se-ia utilizar, pragmaticamente, a distinção feita por Whitehead entre organismos, objetos e acontecimentos. Assim, genericamente, poder-se-ia ver conceitos idéias, sentenças etc. como acontecimentos, raramente despidos de componentes kinestéticos, ou seja, movimentos, emoções, sensações, devido a sensualidade de nossa natureza. Isto permite-nos traçar uma continuidade entre os aspectos teóricos, práticos e poiéticos. Igualmente as diferentes fases, status, e hibridações de tais perspectivas. Esta concepção nos pareceu, então, mais adequada a descrição e processamento da realidade brasileira. A partir deste desenvolvimento iniciamos pesquisas para cumprir a meta seguinte. Ou seja, colocar a disposição elementos epistemológicos para a transformação de componentes idiossincrático do modo de vida dos brasileiros, considerados como distúrbios, em recursos, para modernas tecnologias. Esta Biônica existencial foi sugerida na EPI I. Todavia, necessita ser desenvolvida plenamente. Na EPI II, os acontecimentos, estocasticamente reconhecidos como brasileiros, são formulados como princípios inventivos. Isto, associado as ferramentas de processamento propostas, constitui um sistema brasileiro de pensar criativa- imaginativamente. Este desenvolvimento de sistemas, em analogia a construção de artefatos, como resultados posteriores de longo e sistemático processo de transformação de conceitos e concepções filosóficas, é visto, nas EPIs como Tecnologia Filosófica. No caso, com interesses criativos. Podem ser, igualmente, heurísticos. Filosofias são integradas como sistemas cognitivos, para maior complexidade, segurança, objetividade e velocidade no pensar. Isto é apoiado pelas categorias Intuição, Inspiração e Imaginação, Metafísicas e Kinestéticas, propostas na EPI III. Mais alem, a EPI III unifica, mais efetivamente, os aspectos práticos e poiéticos, desenvolvendo o existencialismo pragmático. Isto acontece, inicialmente pela definição diferenciadora de passado, presente e futuro, em diversas camadas. Posteriormente, contando com tecnologias adequadas, propomos relações bilaterais incrementativas. Presente, passado e futuro interligam-se, diversificadamente. Por exemplo, o passado interfere no futuro para desenvolver o presente. Ou, possibilidades futuras são levadas a transformar acontecimentos do passado. O objetivo é intensificar e estender o agora, o momento e acontecimento atual. Ao par disto, o instrumentário da EPI I é, igualmente, sintetizado em categorias, do âmbito metafísico da Intuição ate seu extremo na intuição kinestética. Computador
  • 34. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 34 Esta transposição do aspecto mais teórico da EPI em artefatos cognitivos poiéticos cumprira a função de feiçoar o presente, a partir de recursos do passado e futuro. Dessa maneira tem a dupla denominação de sistemática criação do futuro e do futuro a sistemática criação. Era típico na época anterior de Galileu a mistura de empiria e metafísica. Isto ainda encontramos na sociedade brasileira, em diversas variações. Esta é uma perspectiva de sua complexidade. Aparece, inicialmente, como distúrbio, anacronismo. A transformação deste distúrbio nos levou a hipótese da presença latente de recursos para a superação da dicotomia entre a ciência moderna e a metafísica, presente desde o século XVII, com reflexos em todos os setores da vida pratica. A EPI III sugere resolução preliminar deste conflito pela utilização da ciência quantitativa e da metafísica como recursos, democrática e pluralisticamente equivalentes. Evita pretensões absolutistas de exigir de uma ou de outra o papel diretor e fonte exclusiva de verdades absolutas e transcendentais. O eixo, através do qual esta solução torna-se viável é a concepção do Pensador Antropofágico Informatizado. O protótipo do cidadão brasileiro do futuro. Seu progressismo e curiosidade tecnológica, associados a sanha integrativa de nossa cultura, permite administrar produtivamente seus extremos modernistas, medievais, arcaicos. Este homem de duas cabeças é descrito na EPI II como solução, quando romântica-anacronicamente é visto como problema. Nesse sentido, o modo como os brasileiros administram esta dualidade é proto-modelo. Será transposto e formulado epistemológica-poiética e praticamente na EPI III. Assim, temos a contribuição da cultura brasileira a resolução de problemas prementes na historia da ciência e constituição da civilização. Com isso alcançaríamos o objetivo central das EPIs. Transformar em recursos inusitados aquilo normalmente identificado nos brasileiros como distúrbio a ser sanado. E isto sendo aplicado para a recivilização do Ocidente. Brasileiros e a Poiética
  • 35. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 35 Pensador Informatizado Qual a necessidade deste desenvolvimento, o que é isto exatamente, como desenvolve-se, como funciona, como modernizar-se, como intelectual ou artista poderá usar Trata-se da concepção do homem contemporâneo, na realidade brasileira atual. Característico em países como o nosso é o entusiasmo e fácil assimilação de tecnologias de ponta. Isto nos contrasta com os cidadãos de países industrializados. Igualmente, modos antropofágicos, muitas vezes selvagens, de pensar, integrar o passado, presente, próximo e distante, erudito e popular, romântico e pragmático, como foram desenvolvidos e propostos como princípios na EPI II (Sistemática Criatividade Heurística). Tais componentes propõem novo paradigma para o sujeito pensante. A integração incrementativa do pensador clássico, agora conectado com sistemas eletrônicos de comunicação e processamento, alem de novas possibilidades de pensar, sugeridas por um instrumentário abrangente e diversificado, igualmente conectado com o futuro recente. Assim, o PAI é um conceito dispositivo que une produtivamente o pensamento erudito, com a criatividade popular, inventiva, administrativa e critica. Tudo isto, incrementa-se com o caráter antropofágico, dos brasileiros, articulado sob a plena utilização das tecnologias mais modernas. Assim, cristaliza-se um tipo para atividades intelectuais. O cidadão consciente vivendo no presente atualizado que e na verdade o futuro recente e já realizado. O processo de desenvolvimento transcorre pelo estudo, exercício e constante aplicação do instrumentário proposto na EPI I. O objetivo e alinhar e adequar o pensar a diversidade, elementos emergentes e velocidade da realidade no Brasil. Bill Gates
  • 36. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 36 Teoria do Brasil O que é, como desenvolve-se, qual a sua função. A Teoria Científica é uma proposição descritiva ou explicativa. Pode ser igualmente, um modelo que regula modos de interação de um grupo determinado de fenômenos. Assim, é formada pela disposição dos dados (informações científicas) em modo determinado. Pode ser criativa, inventiva e construtiva. Têm propriedades previsivas, baseadas em deduções testáveis em experimentos. Caso necessário, adapta-se aos fenômenos observáveis ou provocados em experiências (V. Hartmann/Janich, 1996, p. 164). C.Maxwell Eike Baptista Em modo geral, a teoria é composta por um conjunto de leis capazes de descrever o âmbito científico determinado. Por exemplo, a Teoria da Gravitação de I. Newton, a famosa Teoria da Relatividade de A. Einstein, as equações de Maxwell que descrevem a Eletrodinâmica etc. Todavia, não pode ser comprovada definitivamente ou ter pretensões absolutistas. É sempre uma “hipótese” provisória. A Teoria do Brasil consistirá em grupo delimitado de princípios, capazes de descrever, deduzir, ou prever, estocasticamente, acontecimentos da vida nacional. Não tem pretensões absolutistas e determinísticas. Todavia, sugere ferramentas e processos para a sistemática observação e decodificação da nossa realidade cotidiana. Missões Índios Bonecos de Vitalino
  • 37. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 37 No estágio atual, apresentado na EPI I, permite-nos processar inúmeros signos, observados em acontecimentos da vida nacional, parcialmente sob modos cognitivos dos brasileiros. Abduzidos, comporão princípios hipotéticos, testáveis, empiricamente, na vida cotidiana. O objetivo atual é fundar as bases para o pleno desenvolvimento com a introdução da perspectiva de participante, da atualidade brasileira. Objetivos finais serão colocar a disposição pré-requisitos para DESCREVER a importância da intervenção de componentes ou signos brasileiros em acontecimentos da vida nacional. Assim, descrever graus, valores e modos da intervenção de signos brasileiros e suas leis constantes. Possibilita, normalizar e orientar inferências dedutivas e abdutivas, como apoio a decisões governamentais, desenvolvimento de produtos, trabalho de sociólogos, educadores, artistas etc Explicaremos fatos e comportamentos específicos dos brasileiros, prevendo estocasticamente consequências de sua intervenção. Assim, regulamentamos a aplicação produtiva e impulsionamos o DESENVOLVIMENTO de componentes brasileiros, com funções determinadas. O desenvolvimento desta Teoria seguirá dois interesses colaterais explícitos: 1 – A determinação de objetivos sancionados que transformem elementos aparentemente negativos de nossa realidade em impulsos reformadores. 2 – A conversão de conceitos e processos em modelos de comportamento, ações e práticas. Gravitations Theorie Quantentheorie Darcy Ribeiro
  • 38. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 38 Conceitos Chaves OBJETIVO Familiarizar o leitor com conceitos e operações cognitivas. Assim, facilitar a compreensão dos resultados. Para cada link abaixo, corresponde textos. O leitor poderá por meio desse material ampliar ser campo de compreensão.  CONCEITO da ATIVIDADE DIRETORA, do ARTEFATO, e da POIESIS  CULTURA E NATUREZA  COMPONENTES DA PESQUISA CIENTÍFICA QUESTIONAMENTO | PRINCÍPIOS | HIPÓTESE | TEORIA CIENTÍFICA | MODELO | EXPERIMENTO | COMPROVAÇÃO | INVENÇÃO | DESCOBRIMENTO | ANALOGIA | RACIONALIDADE em construção
  • 39. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 39 Conceitos CONCEITO DA ATIVIDADE DIRETORA: Baseia-se no fato de em toda ação intervir uma anterior que pela sua descrição, “explicação” ou execução, indica a atividade intencionada. Pois, ações seguem normalmente outras presenciadas, representadas, deduzidas, abduzidas etc. Quando universalizada, a AD ganha abrangência e concisão. Todavia, perde o elemento kinestético que possibilita sua imitação ou aplicação direta, como em exemplos ou demonstrações. Individualizada, pode ser estendida, temporal-espacialmente. Entre os dois extremos encontram-se inúmeras possibilidades. A maior independência e regularidade é alcançada quando formulada em conjunto de regras técnicas, referentes à atividade determinada, garantindo o resultado esperado, de modo intersubjetivo e o mais independente possível das condições atuais. Leia mais sobre o tema na EPI-I. CONCEITO DO ARTEFATO O artefato é o centro, ao redor do qual gira toda a civilização e ciência. Nesse sentido, o artefato desempenha papel essencial no processo científico. Instrumentos de medição e processamento, como o computadores, são imprescindíveis. Mais além, o artefato, como a concentração de saber e regras poiéticas, revela o princípio de ordem metódica, como formulado e desenvolvido por Hugo Dingler. Na confecção de artefatos, como ademais em outras atividades, é necessária rígida seqüência de atos, para que o processo seja bem sucedido. Por exemplo, um ato simples como calçar sapatos e meias. CONCEITO DA POIESIS: O conceito “poietik” tem originalmente a significação de fazer, realizar. Refere-se à ciência deste processo. O processo de realização, propriamente dito, é a poiesis. No “Simpósio” Platão distingue três tipos. Todavia, pouco interessou-se por aquela relacionada à técnica, vista por Aristóteles como habilidade poiética. Aristóteles define a poiesis como ação com a finalidade determinada de confeccionar. Distingue-se da prática pelo fato desta ter mero sentido de ação, sem consideração de resultados. Assim, a filosofia poiética estuda ações e processos relacionados à realização de artefatos. A distinção aristotélica de práxis e poiesis foi retomada pelo pragmatismo e operacionalismo. Mais recentemente, pelo construtivismo e culturalismo metódico. Em Hugo Dingler Thomas Edison
  • 40. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 40 sua Filosofia da Técnica, M. Heidegger partiu igualmente desta distinção (V. Krisis der Poiesis. Schaffen und Bewahren als doppelter Grund im Denken, Würzburg, 1992). Na perspectiva aplicativa, a pioiesis é a competência e técnica necessárias à realização. O lugar da necessidade de sequência determinada, organizada, em cadeia de ações. Ordem e sequência são determinadas pelo objetivo. Este aspecto assegura a intersubjetividade do processo que, invariavelmente, modifica as características espaciais das coisas. Em nossa vida diária, conhecemos vários exemplos de atividades poiéticas. Peter Janich afirma que na vida cotidiana o homem continua sendo um artesão. Mesmo em atividades artísticas e científicas. Até mesmo parte da natureza são obras poiéticas. Pensamos a partir delas e em seu sentido. A valorização deste aspecto apresenta duas perspectivas importantes como foram desenvolvidas na EPI-I.
  • 41. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 41 Cultura e Natureza CONCEITOS MODERNOS E OPERACIONÁVEIS PARA A EPISTEMOLOGIA BRASILEIRA No Culturalismo Metódico a cultura é definida como algo que abrange toda atividade humana. Atividades manuais e artesanais, como cozinhar, lavar pratos ou trabalhar, são produtos culturais, do mesmo modo que livros ou pinturas. Mais além, tudo que seja influenciado por ela, incluindo efeitos no meio ambiente. Por exemplo, manejos de plantas ou do solo, desenvolvidos e praticados na Agricultura Biodinâmica são atividades “culturais” (kultürlich). Também o projeto de reflorestamento, a disposição das plantas no jardim etc. Em contrapartida, o crescimento das plantas é “natural”. Assim, distingue-se Cultura e Natureza. Nesse sentido, exemplo contundente de “culturalismo” foi apresentado por C. Nüsslein-Volhard, prêmio Nobel de Medicina, em 1995. A pesquisadora alemã afirma que o cultivo de plantas iniciou-se há onze mil anos, na Ásia. O trigo, com o qual fazemos o pão de cada dia, foi modificado geneticamente. Não mais corresponde aos seus ancestrais “naturais” (V. DLG – Revista da Sociedade Alemã de Agricultura, Junho, 2009). No Brasil, temos o exemplo da mandioca, transformada pelos índios para tornar-se comestível (Veja, D. Ribeiro, O Povo Brasileiro). Orientando-se por este conceito de cultura, poder-se-ia dizer que signos interpretados como “naturais” contém camadas “culturais”, indicadoras de práticas. Assim, sugere-se a possibilidade de diferenciar a disposição dos dois conceitos. Tornam-se refinadamente operáveis. Acontecimentos do meio-ambiente, cultural e natural, tornam-se fontes inesgotáveis de recursos. O resultado expressa-se no fato de nosso Meio-ambiente ser formado, em grande parte, por conceitos dispositivos Cultura-Natureza, ou cultural- natural. Peter Janich Norbert Wiener
  • 42. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 42 A práxis humana orienta-se e funciona no mundo em que vivemos (Lebenswelt), de acordo com objetivos. A cultura é o resultado desta prática, canonizada e divulgada por tradições, hábitos, instituições, etc. Dessa maneira, quando contemplamos a “Natureza”, interagimos com considerável quantidade de signos culturalistas, advindos de práticas habituadas. Repetem, indicam e habituam o círculo de causa-efeito que caracteriza a cognição, lógica e dimensão trans- subjetiva do país. Assim, a Teoria do Brasil pode partir e desenvolver-se com base neste Meio-ambiente, repleto de práticas que formam a base poiética de nossa cultura. Em tais casos, seria importante definir a proporção de elementos culturalistas e naturalistas. Aparentemente o comportamento habituado tem mais familiaridade com processos culturais aplicados em acontecimentos naturais. Nosso conceito de “Natureza” refere-se, frequentemente, a esta dimensão de acontecimentos naturais. Isto segue o pressuposto de poder incentivar ou desenvolver processos naturais através da atividade poiética. Na Agricultura Biodinâmica encontramos bons exemplos, nos processos para “vivificar a terra”e “enobrecer” plantas. Na EPI-I encontra-se detalhada apresentação do Culturalismo Metódico, ainda pouco conhecido entre nós. Mais além, propostas para sua integração e ferramentas para operar a diferenciação pragmática de Cultura e Natureza. Cultura e Natureza
  • 43. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 43 Componentes da Pesquisa Científica A pesquisa científica conta com elementos constituintes, regularmente presentes. Podem ser caracterizados, resumidamente. QUESTIONAMENTO Formula o problema a ser resolvido. Inicia pela observação, sob estado de incerteza. Move-se, gradativamente, à certeza. PRINCÍPIOS São conceitos genéricos, formados em processo lógico-criativo (abdutivo), para dar ordem a série de fenômenos. Surgem da observação, também em experimentos ou em livre criatividade. Advêm da criatividade conceitual mais vinculada à dados da observação e do senso comum. HIPÓTESE É a proposta de explicação ou possibilidade de correlação entre vários fenômenos. Caso confirmada torna-se parte da teoria científica. Ou, pode fundar a nova teoria. A hipótese tem de ser capaz de possibilitar previsões, através de dedução. Necessita ser testadas em experimentos. Caso resistam aos testes empíricos, em experimentos, ganham o status de provisoriamente “comprovadas”. TEORIA CIENTÍFICA É proposição descritiva ou explicativa. Pode ser igualmente, o modelo que regula modos de interação do grupo de fenômenos. Assim, é formada pela disposição dos dados (informações científicas) em modo determinado, pelo rechaçamento de seu elemento aferente. A teoria é composta por conjunto de leis capazes de descrever o âmbito científico determinado. Por exemplo, as equações de Maxwell descrevem a Eletrodinâmica. Todavia, não pode ser absoluta ou comprovada definitivamente. MODELO É a formulação de entidade de conceitos, constantemente presentes na estrutura de elementos e fatores interventes em descobertas científicas. Esta entidade constitui a feição particular dela. Todas as leis conhecidas são modelos. Na Física, modelos são reproduções abstratas e simplificadas de fenômenos reais complexos. Permitem construções que facilitam a verificação, com ajuda de dados empíricos. EXPERIMENTO É o processo de produção ou reprodução de fenômenos. O conjunto de ações e observações realizadas no sentido de resolver o problema particular, para revidar ou comprovar temporariamente a hipótese concernente ao fenômeno determinado. O experimentador tem a expressão de sua competência na capacidade de dispor os aparelhos, de modo que a teoria ou hipótese intencionada verifique-se. Realizado, sob condições cientificamente sancionadas, apresenta elementos constantes: Testa a hipótese ou teoria, no que concerne a intervenção de uma variável, tomada como independente, sobre outra dependente. A variável independente é a única que modifica- se sistematicamente no experimento.
  • 44. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 44 Por outro lado, é necessário que a variável dependente reflita o fenômeno estudado. Este aspecto tem a ver com a questão da “validade” do experimento. Ao mesmo tempo, é necessário poder quantificar com exatidão a variável dependente. COMPROVAÇÃO Acontece pela adequação de previsões e resultados de observações. Mais exatamente acontece quando o tipo do conceito móvel, ganho pela repetição sistemática e deliberada de movimento específico, em um grupo de estruturas básicas, identifica-se, ao menos parcialmente, com pressuposições formuladas na hipótese. Assim, a comprovação conta com a familiaridade do tipo, do movimento particular (a observação do fenômeno como experiência), em processo compositor de identidade da universalização do elemento conceitual (Lei Científica, Teoria, Hipótese) e sua individualização em um fenômeno ou série de fenômenos aparentados. É, invariavelmente, provisória. Todavia, procura ter caráter intersubjetivo e universal. Exige quantidade e repetibilidade, aplicação e resultados. Finalmente, é dependente do paradigma. Ou, da presença do pesquisador particular. Desse modo, inclui elementos holísticos e ontológicos. Pela clareza, inicia ciclo repetido de eferências. Assim, torna- se cada vez mais evidente à percepção do fenômeno. Isto caracteriza a INVENÇÃO e DESCOBERTA. Caso formulemos a unidade conceitual, capaz de permitir a reprodução do fenômeno determinado, ou explicar seu vir-a-ser, temos uma LEI NATURAL. Trata-se de unidade conceitual, correspondente ao fenômeno. Pode ser individualizada em fenômenos aparentados. Manifesta-se pela regularidade. Tem natureza descritiva. É desenvolvida a partir dos resultados de experimentos, sob convenções apriorísticas (Grunwald, 1996, p. 72). Invariavelmente é parte da teoria científica homogênea e isenta de contradições. Para tal, necessita ser composta por elementos capazes de serem reproduzidos em experimentos. Isto permite sua verificação na prática. De outro modo, terá o status inferior de hipótese. A lei natural descreve estados e modificações de sistemas da Física, através de grandezas, claramente definidas e quantificáveis. Normalmente é formulada matematicamente, para assegurar clareza conceitual e lógica. São acrescidas ilustrações e descrições em linguagem corrente. Um exemplo é a lei da gravitação, de Newton: A forca de atração (F) entre dois corpos (m1 e m2) é proporcional à sua grandeza e indiretamente proporcional ao quadrado da distância. INVENÇÃO É relativa ao paradigma, de acordo com a possibilidade de sua integração no âmbito de conceitos vigentes. Ou seja, na medida em que a idéia geral do paradigma abrange o conceito desta invenção. Pode resultar, igualmente, de erro ou distúrbio, também diretamente pela atividade poiética. O pré-requisito, para que seja reconhecido como invenção, é sua referenciação ao objetivo sancionado. Desse modo, pode introduzir novos conceitos, anteriormente não integráveis à idéia geral.
  • 45. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 45 Tem status superior quando é modificação planejada, na atividade poiética diretora, de modo que o meio técnico é modificado deliberadamente (Käbisch, p. 203). Mais além, tem camada ontológica e pode contar com elementos teleológicos. É, em suma, processo compositor de elemento conceitual, aferente, utilizando pegadas da individualização. E orientando-se através delas para novas eferências. Assim, é voltado à individualização. Epistemólogos como Groys, Grunwald, Banse e Weyer definem a INOVAÇÃO como modificação aceita na práxis vigente, através de processo de aprendizagem e reconhecimento que modifica esta práxis. É introduzida pela aceitação da novidade, no discurso de planejamento da comunidade, de modo a ser assimilada em seu repertório de atividades simbólicas e icônicas. Pois, o novo manifesta-se, inicialmente, como distúrbio. Ou falta de competência, em práxis corrente (Käbisch, p. 226.) DESCOBRIMENTO É processo compositor de percepções, a partir de elemento conceitual, eferente, ganho em atividades anteriores. O elemento conceitual necessita ser adaptável ao elemento aferente. Acontece em camadas. Em ritmo aferente-eferente. Corresponde ao processo de composição de movimentos, podendo contar com camada determinante, igualmente composta de intencionamentos teleológicos, como utilidade, comerciabilidade etc. Pode ser visto como o momento inicial em que a invenção torna-se notável. Para a formulação aproximativa de elementos conceituais inusitados ou desconhecidos, é necessária a referenciação ao conhecido ou, ao menos, imaginável. ANALOGIA É meio de referenciação, pelo fato de conter uma camada de conceitos idênticos ou semelhantes. Podem ser acidentais. Mais resumidamente, é o intencionamento eferente de elemento conceitual, ganho em estrutura desconhecida. O elemento conceitual é vago, não consciente e experimentado no sentido de estruturas já individualizadas e tornadas inerentes. Conta com elementos determinantes do mundo de representações do sujeito, podendo ter intencionamento teleológico. RACIONALIDADE Pode ser definida como sistema cognitivo delimitado por conceitos e idéias gerais dos processos de invenção e descobrimento, tendo na hipótese, teoria, modelo, experimento, lei, comprovação, lógica e método suas unidades cognitivas centrais. Organiza todos os conceitos possíveis, em torno destas unidades. Tolera alguns que não enquadram-se neste sistema. Todavia, a racionalidade tem de ser delimitada e controlada. Idealmente estabelece limites em sincronização com os da Lógica. A falta de unidade remete esta problemática ao seu início.
  • 46. http://blogpai.wordpress.com/ © Copyright 2011-2012 - Todos os direitos reservados 46 10/02/2011 Lógica, A Lógica no Ocidente, A Lógica de Aristóteles, Indução e Dedução LÓGICA De modo geral, a lógica é a ciência das leis e formas do pensar. Pode ser vista como tradução cognitiva do vir-a-ser dos processos da Natureza. Sob ponto de vista idealista é hierarquicamente anterior ou superior. Pode ser caracterizada como processo compositor de orientação e previsão. Sistema orientativo de valor pragmático. Pelo seu aspecto explicativo, sugere a possibilidade de repetir fenômenos deliberadamente. Normalmente, toma o tempo como dado implícito, transcendental e a realidade como dada. Considerando o conhecido, advinha o desconhecido. Como o pensar é o meio e linguagem do conhecimento, tornou-se necessário sistematizar normativamente seu uso. Foram desenvolvidas regras prescritivas para distinguir argumentos e inferências válidas. Igualmente, investiga a validade da estrutura de reflexões e argumentos, abstraídos de seu conteúdo (Lógica Formal). Genericamente, um sistema lógico é o conjunto de axiomas e regras de inferência que visam representar formalmente o raciocínio válido. Os primeiros sistemas conhecidos originaram-se na Índia, China e na Grécia, a partir do Século IV a. C. Na ĺndia, por exemplo, a Escola Nyâyam desenvolveu um silogismo de cinco elementos: A proposição (a mata está queimando), a razão ou causa (pois, pode-se ver a fumaça), um exemplo (onde há fumaça há fogo, como na cozinha), uma aplicação (desse modo, a mata está fumaçando) e, finalmente, a conclusão (consequentemente, a mata está queimando). A LÓGICA NO OCIDENTE A história da Lógica, no Ocidente, inicia com a dialética de Sócrates. É organizada e desenvolvida sob o impulso de Aristóteles. Contudo, os Eleatas e Sofistas já teciam conclusões e comprovações, metodicamente. Inicialmente, no Topik, Aristóteles viu a Lógica como meio de influenciar o ouvinte. Era parte de sua Retórica. (Tradicionalmente, a Lógica é uma das disciplinas filosóficas, componente da tríade clássica, junto à Gramática e a Retórica. Na Antiguidade e na Idade Média, a Lógica ocupava-se com a qualidade da argumentação. Isto registra-se em Platão e Bertrand Russel Kant