Representação numérica do equilíbrio ou nivelamento entre os clubes participantes dos campeonatos nacionais de futebol da primeira divisão alemão, inglês, espanhol, italiano, argentino e brasileiro
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Equilibrio em campeonatos nacionais de futebol
1. EQUILIBRIO EM CAMPEONATOS NACIONAIS DE FUTEBOL
Victor J. M. Cardoso (victor.jmc@terra.com.br)
O que seria em campeonato de futebol equilibrado ou nivelado? Ou melhor,
em que situação teríamos o maior equilíbrio possível entre os times que disputam
um campeonato nacional de futebol?
Num campeonato com 20 clubes, podemos imaginar, por exemplo, que
todos os jogos de cada uma das 19 rodadas (turno único) terminem empatados.
Nesse caso, cada time teria 19 pontos, e o total de pontos em disputa seria 19
multiplicado por 20, ou seja, 380 pontos. Em outras palavras, num campeonato
absolutamente equilibrado com 20 times, cada participante teria conquistado – ao
final do certame – 5% do total dos pontos (19 representa 5% de 380). Um jeito
simples de calcular essa porcentagem é dividir 100 pelo número total de
participantes. Por exemplo, se forem 20 times, divide-se 100 por 20 (100/20 = 5),
o que significa, novamente, que num campeonato com o máximo equilíbrio, cada
time deve ficar com 5% dos pontos. Se, ao invés de 20, forem 18 times (como no
campeonato alemão), então cada time teria (100/18 = 5,55) aproximadamente
5,5% do total de pontos.
O que fiz foi, a partir da classificação final de cada campeonato nacional
(apenas a divisão principal), dividir o número de pontos conquistados por cada
time (vamos chamar isso de n) pela soma de pontos de todos os times (N), obtendo
assim a porcentagem de pontos efetivamente conquistada por cada time (P). A
fórmula é essa: P = (n/N).100.
O passo seguinte foi verificar a diferença entre cada valor de P (P real) e a
porcentagem esperada se todos terminassem com a mesma pontuação (P
esperado). Por exemplo, no campeonato brasileiro da série A de 2016, o campeão
2. terminou com 80 pontos, sendo que a soma total (pontos do primeiro + pontos do
segundo + pontos do terceiro... + pontos do vigésimo colocado) foi de 1043
pontos. Nesse caso, o campeão obteve cerca de 7,7% dos pontos (80/1043.100
= 7,67). O valor esperado, no caso de equilíbrio absoluto, seria – como vimos num
campeonato com 20 times – 5%, ou seja, o P teórico é igual a 5%. Portanto, a
diferença (vamos representar isso pela letra D) entre a porcentagem real obtida
pelo campeão (7,7%) e a porcentagem esperada (5%) foi de 2,7%, calculada pela
fórmula: D = P real – P esperado. Essa diferença também pode produzir um número
negativo, se a porcentagem obtida por menor do que a esperada, o que ocorre com
os últimos classificados (a chamada parte de baixo da tabela).
Esse cálculo foi feito para cada um dos times participantes dos campeonatos
brasileiro, argentino, inglês, alemão, italiano e espanhol dos últimos cinco anos
(2012 a 2016), sendo os valores médios (média aritmética dos valores de D de
cada ano) apresentados no Gráfico 1. A linha tracejada indica o equilíbrio, ou seja,
a condição em que a diferença entre P real e P esperado é zero. Observa-se que
os desvios são positivos para os sete primeiros classificados de cada campeonato
(quer dizer, esses times conquistaram mais pontos do que o esperado). Já os times
que se posicionaram do décimo lugar para baixo obtiveram menos pontos do que
o esperado, produzindo, portanto, diferenças negativas.
O gráfico 1 é ilustra o posicionamento de todos os times em relação ao
equilíbrio, mas não serve para quantificar o equilíbrio de cada campeonato, como
um todo. Para isso, calculei a média aritmética dos desvios (D) absolutos – ou
seja, ignorando se os valores foram positivos ou negativos – de todos os
participantes de cada campeonato. Os resultados (sempre considerando a média
dos últimos 5 anos, exceto o campeonato argentino, onde os dados se referem
apenas aos torneios de 2012 a 2014) são mostrados no Gráfico 2.
3. -4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
diferençaemrelaçãoaoequiilibrio
ordem de classificação
Gráfico 1
bra ale ita esp ingl arg*
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
bra arg ita ingl ale esp
médiadasdiferenças
Gráfico 2
4. No Gráfico 2, a altura da barra que representa cada pais indica o quanto a
porcentagem média de pontos, considerando-se todos os times, desvia-se do valor
de equilíbrio no respectivo campeonato. Quanto maior o desvio (altura da barra)
maior o “desequilíbrio” entre os times, ou seja, mais a pontuação média obtida
pelos times se afasta da pontuação esperada se todos terminassem o campeonato
com mesmo número de pontos. Nesse sentido, os campeonatos inglês, alemão e
espanhol são mais “desequilibrados” em relação ao campeonato italiano, por
exemplo, enquanto que no campeonato brasileiro há maior equilíbrio entre os
times.
Se aplicarmos o mesmo raciocínio usado no Gráfico 2, mas considerando-
se a média dos desvios apenas do campeão e do vice, nota-se que, nos
campeonatos espanhol e alemão, os dois primeiros colocados conquistam mais
pontos em relação aos demais competidores, em comparação com os torneios
italiano e inglês, e mais ainda se comparados com os certames sul-americanos
(Gráfico 3).
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
bra arg ingl ita esp ale
médiadosdesviosdocampeãoevice
Gráfico 3
5. Em suma, dentre os torneios analisados, o campeonato brasileiro seria o
mais equilibrado em termos de distribuição de pontos entre os competidores, ao
passo que os campeonatos espanhol e alemão seriam os menos equilibrados.
Obviamente, outros tipos de análise poderiam ser feitas, considerando-se, por
exemplo, os times individualmente. Nesse caso, poderíamos nos certificar se os
primeiros colocados são sempre os mesmos, ou se há alternância de posições entre
os clubes. Certamente, isso ajudaria a explicar se o desequilíbrio é fruto de
polarização, com dois ou três times dominantes, ou se há uma maior rotatividade
na posição dos times na tabela classificatória e, nesse caso, o desequilíbrio
refletiria apenas a dinâmica do torneio e o momento de cada time.
Em que pese o pequeno número de campeonatos analisados, as competições
sul-americanas parecem mais equilibradas ou niveladas que as europeias,
provavelmente pelo fato de Brasil e Argentina serem mercados francamente
exportadores de craques, em comparação com os clubes europeus mais ricos, os
quais acabam por se fortalecer cada vez mais em relação aos rivais menos
capitalizados dentro das próprias federações.