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Cliente: Michael Page
Veículo: Folha Online
Data: 08/03/2015
Página: 01
Seção: Mercado
Passado o boom, desencanto leva
executivos a deixar o Brasil
A euforia virou desencanto e tem levado profissionais que se animaram
com as perspectivas do país em meados da década passada a buscar
uma porta de saída.
Mais de 80% dos executivos brasileiros, por exemplo, se diziam
dispostos a deixar o país para trabalhar no exterior no ano passado. Em
2013, eram 62,6%, segundo pesquisa feita pela multinacional de
recrutamento Hays em parceria com o Insper.
A Michael Page, outra gigante do setor de recursos humanos, diz que,
de cada dez altos executivos que aborda atualmente, três ou quatro
mencionam o interesse de trabalhar no exterior. Em 2008 e 2009, essa
relação não passava de 10%.
Muitos profissionais qualificados têm transformado essa intenção em
ação.
A tendência começa a se refletir em dados como o aumento nos
pedidos de vistos para alguns países desenvolvidos após uma fase de
recuo que coincidiu com o boom da economia brasileira e a crise
financeira internacional.
O economista Bruno Amaral, 30, havia voltado para o Brasil em 2010
após uma temporada trabalhando fora.
"O país estava explodindo de crescimento [alta do PIB de 7,5% em
2010]. Eu queria ser parte daquilo", diz. Dois anos após voltar, conta
ter percebido que se equivocou.
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Seção: Mercado
"Tinha trocado de emprego no Brasil e ido para o setor automotivo
para cuidar da área financeira. Mas minha principal missão era
redução de custos. Já era um sinal de que as coisas não iam bem."
Acabou conseguindo que a multinacional Chassis Brakes International,
para a qual trabalha, o transferisse para a França no fim de 2013 como
o principal executivo de finanças na Europa.
Segundo Amaral, a capacidade dos brasileiros de enfrentar
turbulências é considerada um ativo por empregadores estrangeiros.
"A experiência com crises faz você ser visto como alguém capaz de
reagir rápido a cenários adversos."
O percurso econômico turbulento do Brasil, marcado por altos e baixos
conhecidos como "voos de galinha", faz com que a história vivida
recentemente por profissionais como Amaral não seja nova.
A trajetória instável perpetua alguns freios importantes ao
desenvolvimento econômico do país.
Empresários relatam ter de operar com sobra excessiva de caixa no
país, o que os torna menos eficientes.
O embarque de estudantes estrangeiros, que poderia contribuir para
resolver a falta de mão de obra qualificada, perde fôlego a cada crise.

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  • 2. Cliente: Michael Page Veículo: Folha Online Data: 08/03/2015 Página: 02 Seção: Mercado "Tinha trocado de emprego no Brasil e ido para o setor automotivo para cuidar da área financeira. Mas minha principal missão era redução de custos. Já era um sinal de que as coisas não iam bem." Acabou conseguindo que a multinacional Chassis Brakes International, para a qual trabalha, o transferisse para a França no fim de 2013 como o principal executivo de finanças na Europa. Segundo Amaral, a capacidade dos brasileiros de enfrentar turbulências é considerada um ativo por empregadores estrangeiros. "A experiência com crises faz você ser visto como alguém capaz de reagir rápido a cenários adversos." O percurso econômico turbulento do Brasil, marcado por altos e baixos conhecidos como "voos de galinha", faz com que a história vivida recentemente por profissionais como Amaral não seja nova. A trajetória instável perpetua alguns freios importantes ao desenvolvimento econômico do país. Empresários relatam ter de operar com sobra excessiva de caixa no país, o que os torna menos eficientes. O embarque de estudantes estrangeiros, que poderia contribuir para resolver a falta de mão de obra qualificada, perde fôlego a cada crise.