Marinheiro de primeira viagem estudando em portugal
1. Autora: Mônica Liberato
Marinheiro de primeira viagem
estudando em Portugal
Quando decidi fazer mestrado, o primeiro passo foi identificar qual
universidade no Brasil tinha o curso que queria – Marketing – identifiquei apenas na
FGV (Fundação Getúlio Vargas), ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)
que além de dar prioridade às vagas os ex-alunos, o valor do curso (que fica entre 37 a
45 mil reais) era inviável para o meu bolsinho rs rs rs; e a UFPB (Universidade Federal
da Paraíba) já não dispõe uma turma há alguns anos.
Encerrada as buscas pelo Brasil, partir para a procura do curso em outros
países. O primeiro passo dessa nova busca foi selecionar os países com o idioma
português e espanhol, já que não fui esperta o suficiente quando mais nova em
estudar o inglês. As universidades na Europa que encontrei mestrado em marketing
formam: ESERP Business School, na Espanha, Escola Européia de Negócios também na
Espanha e em mais três universidades em Portugal (UTL, UP, ISG). Todas com a média
de valor entre 4 a 5 mil euros. Então optei por Portugal, pela facilidade com o idioma.
Inscrevi-me nas três universidades que tinha o curso que procurava e acabei sendo
selecionada para a UTL (Universidade Técnica de Lisboa) e ISG (Instituto Superior de
Gestão), na UP (Universidade do Porto) fiquei como suplente. Entre a UTL e o ISG,
optei pela UTL por causa da tradição e também pela grade curricular ter me agradado
muito.
Pensa que o mais difícil já passou? rs rs está enganado!, pois a parte fácil foi
entrar na universidade, a parte difícil e estressante foi a liberação do visto de
estudante. Porque apenas turista não precisam de visto, os estudantes só entram no
país com o visto de estudo, e essa foi uma missão nada fácil.
Encontrei na internet os endereços dos consulados portugueses no Brasil e
optei pelo escritório de Salvador, que era mais próximo da cidade que trabalhava.
Identifiquei no site deles todas as documentações necessárias para retirar o visto.
Lembrando que antes de receber o resultado das faculdades que me inscrevi, tratei de
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tirar meu passaporte, que ficou pronto em um mês, confeccionado pela polícia
federal, onde paguei R$ 164,00.
Os documentos que o consulado de Salvador exigiu foram:
Cópia das sete primeiras folhas do passaporte;
Copia do RG e segunda via do registro de nascimento;
Comprovante de subsistência (um documento que prove como irá se
manter no país). Como não sou bolsista eu fiz uma carta informando que
meu pai iria me enviar 400 euros mensais para as minhas despesas com
alimentação e transporte, já que eu tinha casa de parente para morar,
quem não tem moradia, o valor da carta deverá ser de no mínimo 600
euros, mais a copia do RG de quem vai assinar a carta;
Meios de moradia, que poderia ser uma reserva em hotel, pousada ou
residência universitária ou até mesmo uma carta convite de um parente
que morasse em Portugal, mais a cópia do contrato do aluguel e do cartão
de contribuinte português desse parente;
Declaração original de matrícula da Universidade;
Seguro saúde, que poderia ser retirado com o comprovante dos últimos
três meses de pagamento do INSS no ministério de saúde de sua cidade;
Todos os documentos deveriam ser autenticados e as assinaturas reconhecidas
em cartório. Em nenhum momento foi falado em que cartório. Juntando as despesas
com passaporte, autenticação dos documentos em cartório, reconhecimento de firma
e autenticação dos documentos no consulado, gastei um total de R$ 750,00.
Documentos em mãos, fui ao consulado de Salvador, que só atende cinco
pessoas por dia, como informava o cartaz fixado na porta. Eu fui a quarta pessoa, rs rs
rs, mas antes de chegar a minha vez tive a feliz idéia de me informar com o atendente,
que não me cabe aqui registrar o nome dele, para não lhe criar problemas, e pedi:
...”Senhor, olhe os meus documentos para vê se está tudo certo, por favor?” Ele com
toda frieza peculiar de alguns europeus, falou que não aceitava xerox de documentos
colorida e nem autenticações em cartório de outro estado que não fosse Salvador.
Então, sem nem questionar que eu não era boba nem nada, fui correndo ao cartório
mais perto e chorei para o proprietário me atender fora da fila, pois tinham umas 45
3. Autora: Mônica Liberato
pessoas na minha frente e como o consulado fechava às 12h não daria tempo.
Faltando 15 minutos para as 12h voltei ao consulado e o funcionário que tinha me
mandado refazer as autenticações, com muita gentileza, sorridente, me disse que o
consulado de Salvador não emitia mais vistos, que eu teria que me dirigir ao consulado
do Recife. Ufa! Segurei a minha ira, pois era eu quem precisava do visto e não poderia
me indispor para não prejudicar a autorização do visto. Sorridente, mais p... da vida
agradeci e fui chorando para a rodoviária para retornar para Aracaju. Dá pra tu isso!
Dois dias depois estava no consulado de Recife, a historia foi outra, graças a
Deus. Os dois atendentes foram muito gentis comigo depois que lhes contei o que
tinha se passado, e me atenderam super bem, porém dentre os documentos
necessários para o visto no consulado de Recife havia documentos que não constava
na lista do de Salvador, então tive que retornar à Aracaju e providenciar o que faltava.
Dois dias depois retornei ao consulado de Recife onde mais uma vez fui muito bem
atendida, tudo foi resolvido. Após 30 dias saiu a autorização do visto, mas eu tive que
retornar ao consulado para levar o passaporte para ser carimbado. Apenas uma
ressalva, tudo é feito em Salvador. Dá pra imaginar eu estava na matriz onde é feito
todas as autorizações e eles me mandaram para Recife que não passa apenas de um
intermediário. Enfim, o meu passaporte foi entregue ao consulado de Recife, mas foi
enviado para Salvador, então foi mais oito dias para que eu fosse novamente ao Recife
retirá-lo. Só a partir daí que pude comprar a passagem e programar a viagem.
Lembre-se que você só terá direito a dois volumes de até 35 kg cada para
embarcar e na bagagem de mão não leve nada que seja líquido ou pastoso, pois como
eu não sabia dessa informação, acabei tendo que deixar para a moça que vistoria a
bagagem de mão o meu protetor solar.
Marinheiro de primeira viagem sofre e paga mico mesmo, pois nós mulheres
não podemos passar pelo detector do embarque de botas, eu como não sabia tive que
tirar as botas, as meias, o cinto, os brincos, o relógio e todos os acessórios,
praticamente me despi na frente de pessoas estranhas em uma enorme fila, sorte não
está com meias furadas rs rs rs.
Mais isso não é tudo, ao chegar em Portugal temos que ir ao serviço de
estrangeiros e fronteira – SEF, para renovar o visto e retirar a autorização de
residência que o agendamento é feito via telefone para uns dois meses.
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Tudo fica bem mais fácil para quem tem bolsa de estudos, pois não precisará se
preocupar com estágios e/ou trabalho para se manter na cidade durante o período de
estudo. Quem não foi premiado com uma bolsa de estudos ou não tem pais abastados
pra lhe manter, como eu, terá que ficar de olho nos programas oferecidos pela
universidade, de ofertas de empregos e/ou fazer pesquisas em sites de empregos.
Mais um conselho, não atire para todo lado, tipo: “o que aparecer to dentro”, porque
quem não tem foco não chega a lugar nenhum. Tente identificar as áreas que
abrangem o teu curso e as tuas experiências profissionais e só a partir daí busque as
oportunidades de trabalho.
Só mais uma coisinha marinheiros de primeira viagem, estudem inglês urgente,
pois aqui falar inglês é feito comprar banana na feira no Brasil. Ou terá que fazer o que
meu professor me mandou fazer: “compre um dicionário de inglês para estudar, pois
todos os livros, revistas e artigos que irão ser estudados serão na língua inglesa”.
Traduzindo, ele disse: Se vire! rs rs rs.
Mônica Liberato
Treinamento e Desenvolvimento de Equipes
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