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HISTÓRIA DA ATUAÇÃO DOS MÉDICOS DO
SERVIÇO DE SAÚDE DA FORÇA
EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA NA SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL
1º TEN Al FABRÍCIO DA COSTA GUIO
RIO DE JANEIRO
2008
1°TEN AL FABRÍCIO DA COSTA GUIO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de
Saúde do Exército, como requisito parcial para aprovação no
Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde,
Especialização em Aplicações Complementares às Ciências
Militares.
Orientador: DAVID ALBERTO LOSS
HISTÓRIA DA ATUAÇÃO DOS MÉDICOS DO
SERVIÇO DE SAÚDE DA FORÇA
EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA NA SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL
RIO DE JANEIRO
2008
AGRADECIMENTO
Ao meu orientador por todas as diretrizes, pela sabedoria e motivação.
À minha esposa Aline e meus filhos: Helena, Yuri e Beatriz por todo amor e carinho.
Aos meus amigos, que caminharam sempre juntos, ajudando a superar todos os
reveses do caminho.
A Deus, por tudo.
“Onde há fé, há força. Onde há ideal, há
vontade. São esses valores que mudam o
mundo, renovam as crenças e fortalecem os
homens. Juntos, representam a diferença
entre aqueles que apenas sonham e os que
fazem. Entre os que desistem e os que
vencem”.
(Rinaldo Campos Soares)
RESUMO
Neste ano em que se comemora o 63º aniversário da vitória aliada na Europa, na
Segunda Guerra Mundial, este trabalho relembra o testemunho veemente do que foi
a participação dos “pracinhas brasileiros”, principalmente dos médicos, na maior
guerra do século XX. Ainda, verdadeiros heróis da grande luta contra a morte, esse
exército de “padiolas e bisturis”, que foi o Serviço de Saúde da FEB, funcionou de
maneira irrepreensível. E esse funcionamento foi o resultado da perfeita ajustagem
da cadeia de atendimento, que vai dos primeiros escalões, iniciando na atuação dos
padioleiros dos corpos de tropa, e nos postos de socorro dos batalhões, aos
hospitais da retaguarda.Este trabalho também faz uma abordagem dos fatos e
fatores que influenciam decisivamente a participação do Brasil na Segunda Guerra
Mundial. Ainda, afirma a sua atuação e vitória completa, cabal, sob todo e qualquer
ângulo que se a examine. O presente trabalho engloba também, em dados concisos,
as atividades do Serviço de Saúde da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária do
Exército Brasileiro, principalmente sobre a atuação na campanha até a cessação das
hostilidades na rendição incondicional em 02 de maio de 1945, da Alemanha e da
Itália.Deve-se ressaltar sempre a atuação do Serviço de Saúde da FEB na Segunda
Guerra Mundial, destacar-se como o mesmo influiu no sucesso da campanha na
Itália, através da dedicação e do sentimento do dever cumprido. Também é
ressaltada a atuação exímia dos médicos da FEB em todos os escalões de
atendimento aos “pracinhas febianos”.
PALAVRAS-CHAVE: Médicos da FEB; Serviço de Saúde da FEB; Médicos na
Segunda Guerra Mundial.
ABSTRACT
This year when we celebrate the 63º anniversary of the allied victory in Europe,
during the Second World War, this paper is due to remind the Brazilian Expeditionary
Force (FEB) participation during this conflict, principally brazilian’s doctors.
Nevertheless, these true heroes thought this great fight against death, on army made
of “scalpel and stretcher” acted perfectly. It was the result of the perfect adjustment
from the first assistance in the beginning, with the male nurses action in troop and in
the battalion first attending station until back stage hospital. The research also
comprises the decisive facts that were decisive to the Brazilian participation in the
war. Confirming the complete actuation and victory, by any angle seen. Therefore
inglobes right data about the actuation of the Health Service in the First
Expeditionary Division Infantry from Brazilian Army, principally over the doctor’s work
since the beginning of their work until the end of the hostilities during the
unconditional surrender in may 2°, 1945, by Germany and Italy. We must always
remember the Health Service actuation during the Second World War, the way it
stood out to define the success in the Italy campaign, through the dedication and
sense of mission accomplished. The FEB’s doctor’s act of excellent attention to the
Brazilian soldiers is well reported too.
Key-word: Brazilian Expeditionary Force Doctor’s; Health Service on Second World
War; Health Service in Brazilian Expeditionary Force.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 08
2. DESENVOLVIMENTO 09
2.1 O BRASIL NA GUERRA 09
2.2 A CRIAÇÃO DA FEB 11
2.3 SERVIÇO DE SAÚDE DA FEB 13
2.4 OS MÉDICOS DA FEB 15
3. CONCLUSÃO 18
REFERÊNCIAS 19
8
1 INTRODUÇÃO
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito armado iniciado na Europa e que
atingiu escala global, durando de 1939 a 1945. Causou perdas materiais
incalculáveis e cerca de cinqüenta milhões de mortes entre militares e civis. O Brasil,
inicialmente neutro, declarou guerra às “Potências do Eixo” (Alemanha e Itália e,
depois, também o Japão), após ter tido vários navios torpedeados por submarinos
alemães e italianos. Foi formada, então, a Força Expedicionária Brasileira (FEB),
denominação oficial do contingente do Exército Brasileiro que combateu, na Europa,
as forças nazi-fascistas na frente italiana.
Com um efetivo total de 25.334 brasileiros, sob comando do então General
João Batista Mascarenhas de Morais, mesmo com as intempéries climáticas e do
terreno e com reveses no início da campanha, a FEB conquistou uma sucessão de
vitórias. O soldado brasileiro foi cumprir o seu dever e cumpriu-o bem. Com uma
perda de 443 combatentes mortos, menos de 2% do seu efetivo, na Itália, a FEB
teve uma atuação excepcional e pode contar, em todos os momentos, com um apoio
de saúde muito eficiente. Em todos os escalões, o Serviço de Saúde da FEB, com
base e apoio no Serviço de Saúde Americano, funcionou de maneira exemplar.
Com uma linha de frente que se iniciava na atuação de heróicos padioleiros, o
atendimento de saúde percorria os postos de socorro de Batalhão, postos de
socorro de Regimento / Brigada, Companhia de saúde e Batalhão de saúde. E, só
então, a partir daí começava a cadeia hospitalar de atendimento. Com um efetivo de
1.359 militares, o Serviço de Saúde da FEB atuou de sobremaneira nos vários
órgãos e setores de atendimento ao soldado brasileiro, prestando-lhe todo o
conhecimento técnico e também humanidade, tão necessários em terras distantes.
Desta maneira, os “pracinhas” do Serviço de Saúde da FEB contribuíram para
o êxito das operações militares de campanha na Itália, conservando a higidez da
tropa e minimizando suas baixas. Sempre atuou prontamente e com total dedicação
ao cumprimento do dever e com amor ao próximo, o irmão de armas brasileiro. Os
médicos da FEB atuaram de forma ininterrupta; principalmente no atendimento
primário na chamada zona de combate, pois os feridos e doentes surgiam a todo o
momento, de dia ou a noite. Houve também atuações excepcionais dos médicos
brasileiros nos hospitais de campanha, chegando até ao cargo de chefia, por
exemplo, do 32°Hospital de Campanha.
9
G964h Guio, Fabrício da Costa.
História da atuação dos médicos do Serviço de Saúde da Força
Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial /. - Fabrício da
Costa Guio – Rio de Janeiro, 2008.
20. f; 30cm.
Orientador: David Alberto Loss
Trabalho de conclusão de curso (Especialização) – Escola de
Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações
Complementares às Ciências Militares.
Referências: f.19-20
1. História dos Médicos da FEB. 2. Serviço de Saúde na Segunda
Guerra Mundial. I. Loss, David Alberto. II. Escola de Saúde do Exército.
III. Título.
CDD:355345
11
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 O BRASIL NA GUERRA
A ascensão do nazismo e a quebra dos compromissos do Tratado de
Versalles começavam a preocupar alguns membros do Governo brasileiro. Era
evidente que a face da Europa mudava rapidamente e uma nova guerra se
aproximava. O Governo nazista espantava o mundo com o rápido e grandioso
ressurgimento da Alemanha que, dos escombros da I Grande Guerra, manietada
pelo Tratado de Versalles, rompeu os grilhões, transformando-se numa potência de
primeira linha, sob a chefia de Adolf Hitler. A política expansionista da Alemanha
estendia-se muito além de suas fronteiras, procurando incentivar as minorias raciais
alemãs em outros países a agirem em defesa dos interesses do III Reich. No Brasil,
os Estados do Sul, notadamente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tinham
colônias de imigrantes da primeira e segunda gerações que passaram a sofrer
pressão política emanada de Berlim, na tentativa de criar, através dessa minoria,
algo semelhante ao que existia na região dos Sudetos, na Tchecoslováquia.
Em 1938, o Governo brasileiro estava atento ao problema, tanto que os
estados sulinos começaram a tomar algumas medidas. Como interventor do Rio
Grande do Sul, o General Cordeiro de Farias procurou, por todos os meios, tolher as
influências dessas atividades políticas alienígenas, combatendo no terreno da
política o mesmo nazismo com que, anos depois, como comandante de artilharia da
FEB, se defrontaria nos campos de batalha da Europa. O embaixador alemão no
Brasil, Hitler, exercia atividades além dos limites permitidos à diplomatas, obrigando
o Governo brasileiro a negociar sua retirada, por considerá-lo persona non grata.
Assim, antes mesmo da conflagração européia, e bem antes de o Brasil ingressar no
conflito, homens do Governo, pessoas esclarecidas como Oswaldo Aranha, já
defendiam nossa soberania contra o imperialismo nazista.
A propaganda nazista no Brasil era orquestrada. No Rio de Janeiro, então
capital do país, dois jornais (um matutino tradicional, Gazeta de Notícias, que já
11
circulava no século passado, e um vespertino, moderno, denominado Meio-Dia)
veiculavam toda a propaganda a favor da Alemanha. Eram abastecidos pelas
agências alemãs e italianas de notícias e recebiam das respectivas embaixadas
material de propaganda e apoio. Dessa forma, mesmo sem ampla circulação, tinham
bastante influência. Apesar do volume de publicidade nunca visto antes, o povo
brasileiro, porém, não se deixava iludir, o que levou Oswaldo Aranha a dizer com
propriedade e acerto que 90% da população era a favor da democracia ocidental e
contra o nazismo.
A frota de submarinos alemães desenvolvia intensa campanha no Atlântico
Norte, causando pesadas baixas aos aliados. Aos poucos, a área de batalha foi se
ampliando até chegar ao Atlântico Sul. No dia 16 de fevereiro de 1942, o navio
brasileiro Buarque foi afundado. Anteriormente dois outros navios, o Taubaté, em 22
de março de 1941 e o Cabedelo, em 14 de fevereiro de 1942, já tinham
desaparecidos sem indícios de que tivessem sido torpedeados. No caso do
Buarque, porém, os arquivos e documentos compulsados comprovaram que o navio
brasileiro foi afundado pelo submarino alemão U 432, sob o comando do Capitão
Schultzer. O mesmo submarino, com o mesmo capitão afundou o navio Olinda, em
18 de fevereiro de 1942. Não havia mais dúvidas: a guerra chegara ao Brasil.
Durante todo o conflito, foram afundados 32 navios brasileiros, e houve 972
mortes - 470 marinheiros e 502 passageiros, entre civis e militares em trânsito para
as guarnições no Nordeste. Em maio de 1942, aviões da Força Aérea Brasileira
(FAB), arma recém-criada com a união dos corpos do Exército e da Marinha,
patrulhavam as águas costeiras. No dia 22, na altura do arquipélago de Fernando de
Noronha, um avião B-25 avistou um submarino navegando na superfície. Foi o
submarino que primeiro atacou com armas antiaéreas, tendo o avião brasileiro
revidado com lançamentos de bombas, no primeiro ato de guerra praticado pelo
Brasil. O avião não conseguiu atingir o submarino. Logo após esse dia ocorreram
outros incidentes, comprovando que os submarinos alemães agiam ao longo da
costa brasileira. Foi exatamente por causa da cessão das bases do Nordeste aos
EUA e do fornecimento de matérias-primas que os alemães torpedearam navios
brasileiros.
Quando liberou suas bases, através de acordo, entrou praticamente no
conflito, passando a ser parte atuante, sobretudo pelo papel decisivo da “ponte
aérea” entre bases do Nordeste e a África. Seria muita ingenuidade política pensar
11
que a Alemanha, que nunca respeitou qualquer tratado ou acordo que viesse direta
ou indiretamente prejudicar sua estratégia militar, aceitasse essa posição do Brasil, e
nada fizesse, portanto, para hostilizar nossos navios. Em 15 de julho de 1942,
depois de ouvir o Alto Comando, Hitler determinou uma operação contra o Brasil. O
governante alemão achava que era preciso dar uma lição nos brasileiros pela atitude
favorável aos aliados. Hitler então escolheu determinadas áreas da costa brasileira e
ordenou aos submarinos que “limpassem” a área, ou seja, torpedeassem os navios.
O torpedeamento de navios brasileiros continuava. No mês de agosto o povo
tomou conhecimento de novos ataques: cinco navios - Baependi, Aníbal Benévolo,
Araraquara, Itaciba, Arara - foram a pique. Esses atos hostis agitaram a população
brasileira. Houve manifestações antigermânicas em várias capitais. Multidões
acorreram ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, exigindo a guerra. No dia 22 de
agosto, o Presidente Getúlio Vargas reuniu o ministério, em um ambiente tenso e
cheio de expectativa. Na tarde desse mesmo dia, o Departamento de Imprensa e
Propaganda do Governo transmitia a seguinte nota à nação: “O Senhor Presidente
da República reuniu hoje seu ministério, tendo comparecido todos os ministros.
Diante da comprovação dos atos de guerra contra a nossa soberania, foi
reconhecida a situação de beligerância entre o Brasil e as nações agressoras,
Alemanha e Itália”.
O governo resolveu, a 31 de agosto, através do Decreto nº 10.358, declarar o
estado de guerra em todo o território nacional. O papel do Brasil não se limitaria a
atos formais, cessão de bases e vendas de matéria-prima. A contribuição iria além:
lutaria nos campos de batalhas, constituindo-se na primeira nação a atravessar a
linha do Equador com suas tropas. Para que passasse da proclamada neutralidade
à ação bélica na Europa, a atitude política do Brasil sofreu sucessivas modificações.
Primeiro: neutralidade absoluta de 1º de setembro de 1939, início do conflito, até 7
de dezembro de 1941, ataque a Pearl Harbour. Segundo: solidariedade aos Estados
Unidos, de 8 de dezembro de 1941 a 28 de janeiro de 1942. Terceiro: rompimento
de relações diplomáticas com Alemanha, Itália e Japão, em 28 de janeiro de 1942.
Quarto: estado de guerra com Alemanha e Itália, por causa do torpedeamento, em
22 de agosto de 1942. Quinto: estado de guerra com o Japão a partir de 6 de junho
de 1945.
2.2 A CRIAÇÃO DA FEB
12
A criação da Força Expedicionária Brasileira tem como marco inicial a
Comissão Militar Mista Brasil-Estados Unidos (CMMBEU) e como ponto de partida a
autorização que o Presidente Vargas deu diretamente ao General Leitão de
Carvalho, em 29 de março de 1943, para que planejasse com os americanos a
utilização das tropas brasileiras em operações de guerra. No mesmo dia, em
solenidade realizada na Associação Comercial do Rio de Janeiro, o Ministro da
Guerra, General Dutra, confirmou a disposição do Governo brasileiro de enviar
tropas para combater no exterior. O envio de uma força expedicionária era
conseqüência natural do encaminhamento dado à política externa brasileira.
No dia 9 de agosto de 1943, pela Portaria Ministerial nº 47-44, publicada no
Boletim Reservado do dia 13 do mesmo mês, foi criada a FEB, constituída de uma
Divisão de Infantaria Expedicionária (que passou a se chamar 1ª DIE) e órgãos não-
divisionários.
DIE - COMPOSIÇÃO
• Comandante Geral de Divisão.
• Quartel Geral, Estado-Maior Geral, Estado-Maior Especial e Tropa Especial.
• Infantaria Divisionária - Comandante (General-de-Brigada) e 3 Regimento de
Infantaria.
• Artilharia Divisionária – Comandante (General-de-Brigada) e 4 Grupos de
Artilharia.
• Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO).
• Batalhão de Engenharia.
• Batalhão de Saúde.
• Esquadrão de Reconhecimento.
• Companhia de Transmissão (Comunicação).
Ainda integrava as divisões uma tropa especial constituída da seguinte forma:
Comando do QG e da Tropa Especial, Destacamento de Saúde, Companhia de
Manutenção, Companhia do Quartel-General, Companhia de Intendência, Pelotão
de Sepultamento, Pelotão de Polícia e Banda de Música. O Teatro de Operações do
Mediterrâneo, onde a FEB combateu era comandada pelo Marechal Harold
13
Alexander. Além de imenso dispositivo logístico, compunha-se de duas grandes
unidades operacionais: o VIII Exército inglês, comandado pelo General Montgomery,
e o V Exército norte-americano, comandado pelo General Mark Clark. Cada um
desses exércitos era formado por vários corpos de Exército, estes, por várias
divisões. A FEB combateu incorporada ao V Exército sob o comando do General
Mark Clark e ao IV Corpo de Exército, comandado, este, pelo General Crittenberg.
2.3 O SERVIÇO DE SAÚDE DA FEB
O Serviço de Saúde da FEB era composto por uma cadeia de órgãos de
serviço e unidades que iam desde o comando adido ao Estado-Maior Especial, era o
Serviço de Saúde da FEB, comandado pelo Coronel Emanuel Marques Porto, que,
com seu Estado-Maior, dirigia e coordenava toda a atividade médica da tropa
brasileira, tanto nos órgãos divisionários como nos não-divisionários. Esse Estado-
Maior do Serviço de Saúde dividia-se em quatro seções: a 1ª, que era responsável
pela movimentação de todo o pessoal especialista de saúde, médicos, enfermeiros,
dentistas e farmacêuticos; a 2ª, que era encarregada dos serviços burocráticos dos
arquivos e fichas, e também responsável pela movimentação de todo o pessoal de
apoio do Serviço de Saúde; a 3ª, que cuidava da operação do sistema,
providenciando o atendimento das necessidades de várias unidades, e, por fim, a 4ª
seção, que era encarregada do suprimento do material de saúde. Além dessas
atribuições, o Serviço de Saúde da FEB tinha ingerência direta no serviço dentário,
no posto avançado de Neuropsiquiatria e nas Seções Hospitalares, que funcionavam
em hospitais americanos.
Foi acertado que unidades de médicos, enfermeiros e enfermeiras iriam
operar na rede hospitalar já instalada, criando-se uma seção brasileira dentro da
organização americana, possibilitando oferecer atendimento adequado aos feridos e
doentes. Nas emergências, essa distinção não era rigorosamente observada:
médicos brasileiros cuidaram de americanos e vice-versa. Coube à nossa
enfermeira, além de sua missão profissional, representar as virtudes da mulher
brasileira, entre homens de várias nacionalidades, no convívio cotidiano dos
hospitais norte-americanos. As nossas compatriotas, que acorreram ao chamado da
Pátria, prestaram excelentes serviços a FEB, durante a sua permanência em
território italiano, enfrentando e vencendo obstáculos numerosos. Ainda no Brasil,
13
sofreram a maledicência impatriótica de alguns. Na Itália, viveram e serviram em
hospitais norte-americanos, onde além das dificuldades advindas das diferenças de
idiomas
14
e hábitos, suportaram por algum tempo a inferioridade hierárquica e pecuniária em
relação às suas colegas americanas, com quem conviviam. Não obstante os óbices
encontrados, as enfermeiras incorporadas a FEB atenderam com abnegação e
proficiência aos nossos feridos e doentes dando veemente e nobilitante testemunho
do valor da mulher brasileira.
Funcionou o nosso Serviço de Saúde em uma linha de atendimento hospitalar
de quatro tipos de hospitais. O geral, localizado à retaguarda, era o 45th em
Nápoles. O de estacionamento, como o 7th Station Hospital em Livorno, o de
evacuação como o 38th o 16th e ao final da guerra o 15th. Bem próximo à linha de
frente, encontrava-se o 32nd Field Hospital, ou seja, o chamado Hospital de Campo.
Eram 25 leitos utilizados para o atendimento dos casos de máxima urgência, como
os polifraturados, ferimento de crânio, arrancamentos de membros, etc. Estava
instalado em Valdibura, no sopé do Monte Castelo. Embora fosse uma unidade
americana, o seu comando foi entregue ao eminente Professor Alípio Correa Neto,
que contou com uma equipe de eficientes enfermeiras brasileiras. Também integrava
o pessoal do hospital uma equipe de médicos e enfermeiras americanas.
Essas jovens realizaram um trabalho notável: além do serviço de
enfermagem, davam apoio e carinho aos feridos. Cumpriram seu dever com
eficiência, mas também com doçura. Vários episódios são relatados em livros,
descrevendo o desprendimento e a abnegação dessas brasileiras que foram servir à
Pátria tão longe. Merecem a eterna gratidão de todos que estiveram na Itália
servindo a FEB. Todas as equipes do Serviço de Saúde, tanto dos destacamentos
Regimentais, como a do 1º Batalhão de Saúde, e do próprio Hospital de Campanha
tinham extrema mobilidade, acompanhando o deslocamento da tropa para melhor
atendimento.
Os Serviços de Saúde atenderam mais de 10 mil casos, entre feridos,
acidentados e doentes, e ainda arranjavam meios para socorrer, quando possível, a
população civil atingida pela guerra. Por ocasião da rendição da 148ª Divisão alemã,
os Serviços de Saúde prestaram inestimáveis serviços, tratando dos feridos que,
portadores de gangrena e outras infecções, fatalmente morreriam. Foram salvos
pela aplicação de penicilina, droga ainda desconhecida do Serviço de Saúde
Alemão. O Posto Avançado de neuropsiquiatria passou a funcionar em Ponte Della
Venturina, órgão básico para tratamento e recuperação rápida dos neuróticos,
15
muitas vezes foi a antena captadora das causas que buscavam deprimir o moral de
nossas unidades combatentes.
O Serviço de Saúde confirmou o alto preparo técnico da sua tropa, habilmente
dirigida por quadros capazes e dedicados e por um comando operoso e proficiente.
E esse funcionamento é o resultado da perfeita ajustagem da cadeia que vai dos
primeiros escalões da frente de combate aos hospitais da retaguarda. Na assistência
pronta e imediata ao soldado que tombava nos campos de batalha, muitas vezes
sob a feroz ação inimiga, a inexcedível dedicação dos padioleiros dos Corpos de
Tropa foi posta à prova. Sem desfalecimento no cumprimento da nobre missão, em
que, preocupados em salvar a vida ou atenuar o sofrimento do companheiro ferido,
puseram inteiramente de lado a própria segurança.
Entre os seus mais assinalados feitos, sobrelevam, mesmo suportando baixas
nas suas fileiras, a perfeição e regularidade da evacuação dos feridos e o desvelo
no tratamento dos mesmos. Concorreu, assim, brilhantemente para que à nossa
Pátria fosse reservado um lugar de relevo entre as nações que velarão pela paz
vindoura e futura reconstrução de um mundo livre e feliz.
2.4 OS MÉDICOS DA FEB
A linha de frente da saúde era feita da seguinte forma: padioleiros, postos de
socorro de Batalhão, postos de socorro de Regimento, Companhia de Saúde e
Batalhão de Saúde. A partir daí começava então a cadeia hospitalar. Essa era a
seqüência do atendimento a partir do momento em que o militar era ferido. Além da
cadeia de hospitais, funcionava o Serviço de Saúde também com a Companhia de
Tratamento onde era feita a triagem, outra de Evacuação que se encarregava do
transporte dos postos de socorros das unidades, para os postos de triagem e dali
para os hospitais. Durante o ataque a Monte Castelo, no dia 29 de novembro de
1944, passaram pelo posto de triagem nada menos que 124 feridos. Outro meio de
transporte usado para os pacientes era o navio-hospital, que os levava para os
Estados Unidos a fim de se submeterem a cirurgias plásticas, ou tratamentos
altamente especializados.
As frações de saúde da FEB foram comandadas por médicos experientes
que conduziram de maneira eficiente e exemplar todo o apoio e atendimento aos
militares brasileiros na campanha da Itália. Foram eles:
16
• Serviço de Saúde da FEB – chefe: Coronel médico Emanuel Marques Porto.
• Estado Maior Especial / Saúde: Tenente Coronel médico Gilberto Fontes
Peixoto.
• Destacamento de Saúde / Tropa Especial – Comandante: Tenente Coronel
médico Augusto Marques Torres.
• 1º Batalhão de Saúde – Comandante: Tenente Coronel médico Bonifácio
Antônio Borba.
Em cada regimento ou grupo da mesma unidade, havia um destacamento de
saúde, chefiado por um oficial médico e auxiliar, encarregado de manter o seu grupo
em boa forma física. O trabalho deles era extraordinário, tanto do ponto de vista
técnico como humano. Tornava-se difícil distinguir o chefe, o médico, o amigo, o
subordinado.Todos só tinham um ideal, aliviar o sofrimento dos feridos.Todos os
elementos do Serviço de Saúde, quer do quadro médico, quer do quadro dentistas
ou farmacêuticos, estavam imbuídos dos mesmos propósitos. O 1º Grupo de Caça
da FAB também levou o seu corpo médico. Ficaram instalados no 12th Station
Hospital na cidade de Tirrena-Livorno, muito próximo da base aérea de Pisa, e de
nosso 7th station Hospital.
Os médicos brasileiros, integrantes do Serviço de Saúde, procuravam dar o
máximo de si em prol de seus semelhantes, atendendo inclusive às populações
civis.Trabalharam incansavelmente debelando epidemias, como as de sarampo,
coqueluche, pneumonia atípica, hepatites infecciosas e outras e fazendo a profilaxia
das doenças venéreas. Estas foram levadas do Brasil e agravadas e disseminadas
em alto grau na Itália.
Muitas coisas faltavam aos médicos da FEB, e a inexperiência em tempos de
guerra, em determinadas situações, também dificultou uma melhor implantação do
Serviço de Saúde brasileiro em campanha. Mesmo assim, o movimento dos
brasileiros pela linha de atendimento hospitalar, durante os onze meses de
permanência em ação, foi de 10.776 pacientes. É preciso ressaltar que foram para a
Itália 25.534 brasileiros. Apenas 49 pacientes brasileiros faleceram nos hospitais.
Total de mortos na FEB: 443, dos quais 364 em ação de combate; Total dos feridos
em ação de combate: 1.577; Total de acidentados: 1.145, dos quais 487 em ação de
combate.
17
Na função de chefe do Serviço de Saúde da Força Expedicionária Brasileira,
o Dr. Emanuel Marques Porto soube manter uma norma exemplar, com perfeito
controle de todos os baixados e de todas as ações do seu serviço. Procurou
distribuir os profissionais da medicina pelos hospitais e outras unidades, o mais
acertadamente possível, grupando-os em equipes homogêneas e eficientes,
surgindo um ou outro caso de desacerto inicial. Manteve sempre uma fiscalização
assídua e determinou acertadas medidas e condutas, reforçando sempre as
diretrizes americanas.
Numerosas e freqüentes foram as suas inspeções. Repetidamente, visitava
os doentes e feridos, levando-lhes não só o conforto moral de sua presença como
também palavras de ânimo e estímulo. Nos hospitais da frente de combate, onde o
Brasil esteve como parte integrante, o Dr. Emanuel Marques Porto corria leito a leito,
indagando e ouvindo, minuciosamente, os relatos que lhe faziam os chefes das
seções brasileiras. Sob o ponto de vista médico nada faltou aos pracinhas e, mais
ainda, que desde a linha de frente até aos pontos mais recuados, os cuidados
médicos lhes eram prestados pelos elementos brasileiros do Serviço de Saúde da
FEB.
Todas as intervenções eram praticadas por cirurgiões de nosso Exército e a
assistência posterior aos feridos e aos enfermos também por nossa gente. A
eficiência da atuação dos Corpos de Saúde pode ser aferida pela magnífica
estatística de apenas 0,4% de mortes de doentes baixados. Em julho de 1945, o Dr.
Emanuel Marques Porto deixou a Itália por via aérea, chegando ao Rio de Janeiro
no dia seguinte. Em seu lugar, ficou o Ten Cel Dr Gilberto Peixoto que, durante a
guerra fora o chefe do Serviço de Saúde da Divisão Brasileira engajada em
combate. Em tempo, os médicos do Serviço de Saúde da FEB foram aos campos de
batalha da Europa cumprir o seu dever e muitos foram, no exercício das suas
funções, além do dever. Mostraram o seu valor e deram aos militares brasileiros o
merecido suporte e conhecimento no tratamento de suas mazelas de combate,
permitindo uma moral elevada na frente de batalha.
18
3 CONCLUSÃO
Tendo ciência de que a História real só pode ser bem escrita em um País
verdadeiramente livre, este trabalho trata sobre a História da participação da FEB e
de seus médicos na Segunda Guerra Mundial, no teatro de Operações do
Mediterrâneo.As demonstrações de bravura, abnegação, perseverança e fé
inquebrantável no cumprimento da missão foram uma bandeira para o mundo, que
passou a reconhecer o valor dos soldados brasileiros.
Cultuar e reverenciar aqueles que escreveram essa memorável página de
nossa história, mais que uma homenagem, é dever de todos. Aos nossos pracinhas,
nosso reconhecimento e eterna gratidão.Com perícia, dedicação e sem preocupação
com a segurança pessoal, os componentes do Serviço de Saúde da FEB permitiram,
com sua ação, que o atendimento de saúde iniciasse e encerasse a campanha
dentro do cumprimento absoluto de suas missões, merecendo a confiança do
comando e principalmente dos combatentes, em qualquer situação tática. E isto foi,
e sempre será, um dos mais valiosos fatores de exaltação da moral da tropa em
campanha.
O Serviço de Saúde da FEB e a atuação dos médicos brasileiros durante a
guerra, tiveram a oportunidade de funcionar em todas as fases da campanha
divisionária na Itália, apoiando sempre de perto e de forma eficiente a tropa
combatente. E nos postos de socorro e nos estabelecimentos hospitalares, médicos,
cirurgiões habilíssimos e enfermeiras dedicadas, seguindo a orientação do seu
valoroso patrono, General João Severiano da Fonseca, iniciaram o trabalho
estafante e profundamente humano de dar vida ao moribundo, de afastar o espectro
da morte que rodeava os feridos e de suavizar-lhes os sofrimentos físico e moral.
Verdadeiros heróis da grande luta contra a morte, esse exército de “padiolas e
bisturis” fez, do mesmo modo que os de canhões e baionetas, grande dano ao
alemão que nos defrontava. Cada soldado reconstituído era um soldado furtado à
sanha adversa e mais um reforço que engrandecia as frentes de batalha brasileiras.
Extinta a FEB no pós-guerra seus feitos e vitórias, nos campos de batalha de
ultramar, sobreviverão eternos no coração da nacionalidade, como síntese do valor
de nossa gente e símbolo da vocação democrática do povo brasileiro.
18
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, ANTÔNIO; RESENHA: O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL E AS COMUNICAÇÕES DA 1ª DIVISÃO DE
INFANTARIA DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA NA ITÁLIA, RIO DE JANEIRO: EDITORA HP COMUNICAÇÃO,
2007.
BRAGA, RUBEM; CRÔNICAS DA GUERRA NA ITÁLIA, 3 ED. RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO,
1996.
CANSANÇÃO, ELZA; E FOI ASSIM QUE A COBRA FUMOU. 4. ED .RIO DE JANEIRO: EDITORA MARQUES SARAIVA,
1987.
COSTA, OCTÁVIO; TRINTA ANOS DEPOIS DA VOLTA; O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL, RIO DE JANEIRO:
EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1976.
DECRETO DE LEI Nº 10.358, DE 31 DE AGOSTO DE 1942
DIRETORIA DE HISTÓRIA MILITAR DO DEPARTAMENTO DO EXÉRCITO DOS EUA . AS GRANDES DECISÕES
ESTRATÉGICAS: II GUERRA MUNDIAL . 2. ED.. RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 2004.
EDIPE; ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 8 ED. SÃO PAULO: EDITORA
LIVRARIA IRACEMA LTDA, 1991.
HENRIQUE, ELBER DE MELLO; A FEB DOZE ANOS DEPOIS, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIEX, 1959.
LIMA, RUI MOREIRA; SENTA A PUA!, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1980.
MATTOS, CARLOS DE MEIRA; O MARECHAL MASCARENHAS DE MORAES E SUA ÉPOCA, RIO DE JANEIRO:
EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1983.
MORAES, JOÃO BAPTISTA MASCARENHAS DE; A FEB PELO SEU COMANDANTE, RIO DE JANEIRO: EDITORA
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 2005.
MORAES, J. B. MASCARENHAS DE; MEMÓRIAS. 2 ED . RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO,
1984.
18
MOTTA, ARICILDES DE MORAES; HISTÓRIA ORAL DO EXÉRCITO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.; RIO DE
JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 2001.
REIS, EDGARDO MONTINHO DOS; EXÉRCITO DE PADIOLEIROS E BISTURIS, 1 ED. RIO DE JANEIRO: EDITORA
MADRI, 1969.
SILVEIRA, JOAQUIM XAVIER DA; A FEB POR UM SOLDADO, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO
EXÉRCITO, 2001.
SILVEIRA, JOAQUIM XAVIER DA; CRUZES BRANCAS, DIÁRIO DE UM PRACINHA, RIO DE JANEIRO: EDITORA
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1997.
TUDO; DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO, 2 ED. SÃO PAULO: EDITORA ABRIL CULTURAL,1979.

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História dos médicos da FEB na 2a Guerra

  • 1. HISTÓRIA DA ATUAÇÃO DOS MÉDICOS DO SERVIÇO DE SAÚDE DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 1º TEN Al FABRÍCIO DA COSTA GUIO RIO DE JANEIRO 2008
  • 2. 1°TEN AL FABRÍCIO DA COSTA GUIO Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Saúde do Exército, como requisito parcial para aprovação no Curso de Formação de Oficiais do Serviço de Saúde, Especialização em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Orientador: DAVID ALBERTO LOSS HISTÓRIA DA ATUAÇÃO DOS MÉDICOS DO SERVIÇO DE SAÚDE DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
  • 4. AGRADECIMENTO Ao meu orientador por todas as diretrizes, pela sabedoria e motivação. À minha esposa Aline e meus filhos: Helena, Yuri e Beatriz por todo amor e carinho. Aos meus amigos, que caminharam sempre juntos, ajudando a superar todos os reveses do caminho. A Deus, por tudo.
  • 5. “Onde há fé, há força. Onde há ideal, há vontade. São esses valores que mudam o mundo, renovam as crenças e fortalecem os homens. Juntos, representam a diferença entre aqueles que apenas sonham e os que fazem. Entre os que desistem e os que vencem”. (Rinaldo Campos Soares)
  • 6. RESUMO Neste ano em que se comemora o 63º aniversário da vitória aliada na Europa, na Segunda Guerra Mundial, este trabalho relembra o testemunho veemente do que foi a participação dos “pracinhas brasileiros”, principalmente dos médicos, na maior guerra do século XX. Ainda, verdadeiros heróis da grande luta contra a morte, esse exército de “padiolas e bisturis”, que foi o Serviço de Saúde da FEB, funcionou de maneira irrepreensível. E esse funcionamento foi o resultado da perfeita ajustagem da cadeia de atendimento, que vai dos primeiros escalões, iniciando na atuação dos padioleiros dos corpos de tropa, e nos postos de socorro dos batalhões, aos hospitais da retaguarda.Este trabalho também faz uma abordagem dos fatos e fatores que influenciam decisivamente a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Ainda, afirma a sua atuação e vitória completa, cabal, sob todo e qualquer ângulo que se a examine. O presente trabalho engloba também, em dados concisos, as atividades do Serviço de Saúde da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária do Exército Brasileiro, principalmente sobre a atuação na campanha até a cessação das hostilidades na rendição incondicional em 02 de maio de 1945, da Alemanha e da Itália.Deve-se ressaltar sempre a atuação do Serviço de Saúde da FEB na Segunda Guerra Mundial, destacar-se como o mesmo influiu no sucesso da campanha na Itália, através da dedicação e do sentimento do dever cumprido. Também é ressaltada a atuação exímia dos médicos da FEB em todos os escalões de atendimento aos “pracinhas febianos”. PALAVRAS-CHAVE: Médicos da FEB; Serviço de Saúde da FEB; Médicos na Segunda Guerra Mundial.
  • 7. ABSTRACT This year when we celebrate the 63º anniversary of the allied victory in Europe, during the Second World War, this paper is due to remind the Brazilian Expeditionary Force (FEB) participation during this conflict, principally brazilian’s doctors. Nevertheless, these true heroes thought this great fight against death, on army made of “scalpel and stretcher” acted perfectly. It was the result of the perfect adjustment from the first assistance in the beginning, with the male nurses action in troop and in the battalion first attending station until back stage hospital. The research also comprises the decisive facts that were decisive to the Brazilian participation in the war. Confirming the complete actuation and victory, by any angle seen. Therefore inglobes right data about the actuation of the Health Service in the First Expeditionary Division Infantry from Brazilian Army, principally over the doctor’s work since the beginning of their work until the end of the hostilities during the unconditional surrender in may 2°, 1945, by Germany and Italy. We must always remember the Health Service actuation during the Second World War, the way it stood out to define the success in the Italy campaign, through the dedication and sense of mission accomplished. The FEB’s doctor’s act of excellent attention to the Brazilian soldiers is well reported too. Key-word: Brazilian Expeditionary Force Doctor’s; Health Service on Second World War; Health Service in Brazilian Expeditionary Force.
  • 8. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 08 2. DESENVOLVIMENTO 09 2.1 O BRASIL NA GUERRA 09 2.2 A CRIAÇÃO DA FEB 11 2.3 SERVIÇO DE SAÚDE DA FEB 13 2.4 OS MÉDICOS DA FEB 15 3. CONCLUSÃO 18 REFERÊNCIAS 19
  • 9. 8 1 INTRODUÇÃO A Segunda Guerra Mundial foi um conflito armado iniciado na Europa e que atingiu escala global, durando de 1939 a 1945. Causou perdas materiais incalculáveis e cerca de cinqüenta milhões de mortes entre militares e civis. O Brasil, inicialmente neutro, declarou guerra às “Potências do Eixo” (Alemanha e Itália e, depois, também o Japão), após ter tido vários navios torpedeados por submarinos alemães e italianos. Foi formada, então, a Força Expedicionária Brasileira (FEB), denominação oficial do contingente do Exército Brasileiro que combateu, na Europa, as forças nazi-fascistas na frente italiana. Com um efetivo total de 25.334 brasileiros, sob comando do então General João Batista Mascarenhas de Morais, mesmo com as intempéries climáticas e do terreno e com reveses no início da campanha, a FEB conquistou uma sucessão de vitórias. O soldado brasileiro foi cumprir o seu dever e cumpriu-o bem. Com uma perda de 443 combatentes mortos, menos de 2% do seu efetivo, na Itália, a FEB teve uma atuação excepcional e pode contar, em todos os momentos, com um apoio de saúde muito eficiente. Em todos os escalões, o Serviço de Saúde da FEB, com base e apoio no Serviço de Saúde Americano, funcionou de maneira exemplar. Com uma linha de frente que se iniciava na atuação de heróicos padioleiros, o atendimento de saúde percorria os postos de socorro de Batalhão, postos de socorro de Regimento / Brigada, Companhia de saúde e Batalhão de saúde. E, só então, a partir daí começava a cadeia hospitalar de atendimento. Com um efetivo de 1.359 militares, o Serviço de Saúde da FEB atuou de sobremaneira nos vários órgãos e setores de atendimento ao soldado brasileiro, prestando-lhe todo o conhecimento técnico e também humanidade, tão necessários em terras distantes. Desta maneira, os “pracinhas” do Serviço de Saúde da FEB contribuíram para o êxito das operações militares de campanha na Itália, conservando a higidez da tropa e minimizando suas baixas. Sempre atuou prontamente e com total dedicação ao cumprimento do dever e com amor ao próximo, o irmão de armas brasileiro. Os médicos da FEB atuaram de forma ininterrupta; principalmente no atendimento primário na chamada zona de combate, pois os feridos e doentes surgiam a todo o momento, de dia ou a noite. Houve também atuações excepcionais dos médicos brasileiros nos hospitais de campanha, chegando até ao cargo de chefia, por exemplo, do 32°Hospital de Campanha.
  • 10. 9 G964h Guio, Fabrício da Costa. História da atuação dos médicos do Serviço de Saúde da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial /. - Fabrício da Costa Guio – Rio de Janeiro, 2008. 20. f; 30cm. Orientador: David Alberto Loss Trabalho de conclusão de curso (Especialização) – Escola de Saúde do Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às Ciências Militares. Referências: f.19-20 1. História dos Médicos da FEB. 2. Serviço de Saúde na Segunda Guerra Mundial. I. Loss, David Alberto. II. Escola de Saúde do Exército. III. Título. CDD:355345
  • 11. 11 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 O BRASIL NA GUERRA A ascensão do nazismo e a quebra dos compromissos do Tratado de Versalles começavam a preocupar alguns membros do Governo brasileiro. Era evidente que a face da Europa mudava rapidamente e uma nova guerra se aproximava. O Governo nazista espantava o mundo com o rápido e grandioso ressurgimento da Alemanha que, dos escombros da I Grande Guerra, manietada pelo Tratado de Versalles, rompeu os grilhões, transformando-se numa potência de primeira linha, sob a chefia de Adolf Hitler. A política expansionista da Alemanha estendia-se muito além de suas fronteiras, procurando incentivar as minorias raciais alemãs em outros países a agirem em defesa dos interesses do III Reich. No Brasil, os Estados do Sul, notadamente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tinham colônias de imigrantes da primeira e segunda gerações que passaram a sofrer pressão política emanada de Berlim, na tentativa de criar, através dessa minoria, algo semelhante ao que existia na região dos Sudetos, na Tchecoslováquia. Em 1938, o Governo brasileiro estava atento ao problema, tanto que os estados sulinos começaram a tomar algumas medidas. Como interventor do Rio Grande do Sul, o General Cordeiro de Farias procurou, por todos os meios, tolher as influências dessas atividades políticas alienígenas, combatendo no terreno da política o mesmo nazismo com que, anos depois, como comandante de artilharia da FEB, se defrontaria nos campos de batalha da Europa. O embaixador alemão no Brasil, Hitler, exercia atividades além dos limites permitidos à diplomatas, obrigando o Governo brasileiro a negociar sua retirada, por considerá-lo persona non grata. Assim, antes mesmo da conflagração européia, e bem antes de o Brasil ingressar no conflito, homens do Governo, pessoas esclarecidas como Oswaldo Aranha, já defendiam nossa soberania contra o imperialismo nazista. A propaganda nazista no Brasil era orquestrada. No Rio de Janeiro, então capital do país, dois jornais (um matutino tradicional, Gazeta de Notícias, que já
  • 12. 11 circulava no século passado, e um vespertino, moderno, denominado Meio-Dia) veiculavam toda a propaganda a favor da Alemanha. Eram abastecidos pelas agências alemãs e italianas de notícias e recebiam das respectivas embaixadas material de propaganda e apoio. Dessa forma, mesmo sem ampla circulação, tinham bastante influência. Apesar do volume de publicidade nunca visto antes, o povo brasileiro, porém, não se deixava iludir, o que levou Oswaldo Aranha a dizer com propriedade e acerto que 90% da população era a favor da democracia ocidental e contra o nazismo. A frota de submarinos alemães desenvolvia intensa campanha no Atlântico Norte, causando pesadas baixas aos aliados. Aos poucos, a área de batalha foi se ampliando até chegar ao Atlântico Sul. No dia 16 de fevereiro de 1942, o navio brasileiro Buarque foi afundado. Anteriormente dois outros navios, o Taubaté, em 22 de março de 1941 e o Cabedelo, em 14 de fevereiro de 1942, já tinham desaparecidos sem indícios de que tivessem sido torpedeados. No caso do Buarque, porém, os arquivos e documentos compulsados comprovaram que o navio brasileiro foi afundado pelo submarino alemão U 432, sob o comando do Capitão Schultzer. O mesmo submarino, com o mesmo capitão afundou o navio Olinda, em 18 de fevereiro de 1942. Não havia mais dúvidas: a guerra chegara ao Brasil. Durante todo o conflito, foram afundados 32 navios brasileiros, e houve 972 mortes - 470 marinheiros e 502 passageiros, entre civis e militares em trânsito para as guarnições no Nordeste. Em maio de 1942, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), arma recém-criada com a união dos corpos do Exército e da Marinha, patrulhavam as águas costeiras. No dia 22, na altura do arquipélago de Fernando de Noronha, um avião B-25 avistou um submarino navegando na superfície. Foi o submarino que primeiro atacou com armas antiaéreas, tendo o avião brasileiro revidado com lançamentos de bombas, no primeiro ato de guerra praticado pelo Brasil. O avião não conseguiu atingir o submarino. Logo após esse dia ocorreram outros incidentes, comprovando que os submarinos alemães agiam ao longo da costa brasileira. Foi exatamente por causa da cessão das bases do Nordeste aos EUA e do fornecimento de matérias-primas que os alemães torpedearam navios brasileiros. Quando liberou suas bases, através de acordo, entrou praticamente no conflito, passando a ser parte atuante, sobretudo pelo papel decisivo da “ponte aérea” entre bases do Nordeste e a África. Seria muita ingenuidade política pensar
  • 13. 11 que a Alemanha, que nunca respeitou qualquer tratado ou acordo que viesse direta ou indiretamente prejudicar sua estratégia militar, aceitasse essa posição do Brasil, e nada fizesse, portanto, para hostilizar nossos navios. Em 15 de julho de 1942, depois de ouvir o Alto Comando, Hitler determinou uma operação contra o Brasil. O governante alemão achava que era preciso dar uma lição nos brasileiros pela atitude favorável aos aliados. Hitler então escolheu determinadas áreas da costa brasileira e ordenou aos submarinos que “limpassem” a área, ou seja, torpedeassem os navios. O torpedeamento de navios brasileiros continuava. No mês de agosto o povo tomou conhecimento de novos ataques: cinco navios - Baependi, Aníbal Benévolo, Araraquara, Itaciba, Arara - foram a pique. Esses atos hostis agitaram a população brasileira. Houve manifestações antigermânicas em várias capitais. Multidões acorreram ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, exigindo a guerra. No dia 22 de agosto, o Presidente Getúlio Vargas reuniu o ministério, em um ambiente tenso e cheio de expectativa. Na tarde desse mesmo dia, o Departamento de Imprensa e Propaganda do Governo transmitia a seguinte nota à nação: “O Senhor Presidente da República reuniu hoje seu ministério, tendo comparecido todos os ministros. Diante da comprovação dos atos de guerra contra a nossa soberania, foi reconhecida a situação de beligerância entre o Brasil e as nações agressoras, Alemanha e Itália”. O governo resolveu, a 31 de agosto, através do Decreto nº 10.358, declarar o estado de guerra em todo o território nacional. O papel do Brasil não se limitaria a atos formais, cessão de bases e vendas de matéria-prima. A contribuição iria além: lutaria nos campos de batalhas, constituindo-se na primeira nação a atravessar a linha do Equador com suas tropas. Para que passasse da proclamada neutralidade à ação bélica na Europa, a atitude política do Brasil sofreu sucessivas modificações. Primeiro: neutralidade absoluta de 1º de setembro de 1939, início do conflito, até 7 de dezembro de 1941, ataque a Pearl Harbour. Segundo: solidariedade aos Estados Unidos, de 8 de dezembro de 1941 a 28 de janeiro de 1942. Terceiro: rompimento de relações diplomáticas com Alemanha, Itália e Japão, em 28 de janeiro de 1942. Quarto: estado de guerra com Alemanha e Itália, por causa do torpedeamento, em 22 de agosto de 1942. Quinto: estado de guerra com o Japão a partir de 6 de junho de 1945. 2.2 A CRIAÇÃO DA FEB
  • 14. 12 A criação da Força Expedicionária Brasileira tem como marco inicial a Comissão Militar Mista Brasil-Estados Unidos (CMMBEU) e como ponto de partida a autorização que o Presidente Vargas deu diretamente ao General Leitão de Carvalho, em 29 de março de 1943, para que planejasse com os americanos a utilização das tropas brasileiras em operações de guerra. No mesmo dia, em solenidade realizada na Associação Comercial do Rio de Janeiro, o Ministro da Guerra, General Dutra, confirmou a disposição do Governo brasileiro de enviar tropas para combater no exterior. O envio de uma força expedicionária era conseqüência natural do encaminhamento dado à política externa brasileira. No dia 9 de agosto de 1943, pela Portaria Ministerial nº 47-44, publicada no Boletim Reservado do dia 13 do mesmo mês, foi criada a FEB, constituída de uma Divisão de Infantaria Expedicionária (que passou a se chamar 1ª DIE) e órgãos não- divisionários. DIE - COMPOSIÇÃO • Comandante Geral de Divisão. • Quartel Geral, Estado-Maior Geral, Estado-Maior Especial e Tropa Especial. • Infantaria Divisionária - Comandante (General-de-Brigada) e 3 Regimento de Infantaria. • Artilharia Divisionária – Comandante (General-de-Brigada) e 4 Grupos de Artilharia. • Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO). • Batalhão de Engenharia. • Batalhão de Saúde. • Esquadrão de Reconhecimento. • Companhia de Transmissão (Comunicação). Ainda integrava as divisões uma tropa especial constituída da seguinte forma: Comando do QG e da Tropa Especial, Destacamento de Saúde, Companhia de Manutenção, Companhia do Quartel-General, Companhia de Intendência, Pelotão de Sepultamento, Pelotão de Polícia e Banda de Música. O Teatro de Operações do Mediterrâneo, onde a FEB combateu era comandada pelo Marechal Harold
  • 15. 13 Alexander. Além de imenso dispositivo logístico, compunha-se de duas grandes unidades operacionais: o VIII Exército inglês, comandado pelo General Montgomery, e o V Exército norte-americano, comandado pelo General Mark Clark. Cada um desses exércitos era formado por vários corpos de Exército, estes, por várias divisões. A FEB combateu incorporada ao V Exército sob o comando do General Mark Clark e ao IV Corpo de Exército, comandado, este, pelo General Crittenberg. 2.3 O SERVIÇO DE SAÚDE DA FEB O Serviço de Saúde da FEB era composto por uma cadeia de órgãos de serviço e unidades que iam desde o comando adido ao Estado-Maior Especial, era o Serviço de Saúde da FEB, comandado pelo Coronel Emanuel Marques Porto, que, com seu Estado-Maior, dirigia e coordenava toda a atividade médica da tropa brasileira, tanto nos órgãos divisionários como nos não-divisionários. Esse Estado- Maior do Serviço de Saúde dividia-se em quatro seções: a 1ª, que era responsável pela movimentação de todo o pessoal especialista de saúde, médicos, enfermeiros, dentistas e farmacêuticos; a 2ª, que era encarregada dos serviços burocráticos dos arquivos e fichas, e também responsável pela movimentação de todo o pessoal de apoio do Serviço de Saúde; a 3ª, que cuidava da operação do sistema, providenciando o atendimento das necessidades de várias unidades, e, por fim, a 4ª seção, que era encarregada do suprimento do material de saúde. Além dessas atribuições, o Serviço de Saúde da FEB tinha ingerência direta no serviço dentário, no posto avançado de Neuropsiquiatria e nas Seções Hospitalares, que funcionavam em hospitais americanos. Foi acertado que unidades de médicos, enfermeiros e enfermeiras iriam operar na rede hospitalar já instalada, criando-se uma seção brasileira dentro da organização americana, possibilitando oferecer atendimento adequado aos feridos e doentes. Nas emergências, essa distinção não era rigorosamente observada: médicos brasileiros cuidaram de americanos e vice-versa. Coube à nossa enfermeira, além de sua missão profissional, representar as virtudes da mulher brasileira, entre homens de várias nacionalidades, no convívio cotidiano dos hospitais norte-americanos. As nossas compatriotas, que acorreram ao chamado da Pátria, prestaram excelentes serviços a FEB, durante a sua permanência em território italiano, enfrentando e vencendo obstáculos numerosos. Ainda no Brasil,
  • 16. 13 sofreram a maledicência impatriótica de alguns. Na Itália, viveram e serviram em hospitais norte-americanos, onde além das dificuldades advindas das diferenças de idiomas
  • 17. 14 e hábitos, suportaram por algum tempo a inferioridade hierárquica e pecuniária em relação às suas colegas americanas, com quem conviviam. Não obstante os óbices encontrados, as enfermeiras incorporadas a FEB atenderam com abnegação e proficiência aos nossos feridos e doentes dando veemente e nobilitante testemunho do valor da mulher brasileira. Funcionou o nosso Serviço de Saúde em uma linha de atendimento hospitalar de quatro tipos de hospitais. O geral, localizado à retaguarda, era o 45th em Nápoles. O de estacionamento, como o 7th Station Hospital em Livorno, o de evacuação como o 38th o 16th e ao final da guerra o 15th. Bem próximo à linha de frente, encontrava-se o 32nd Field Hospital, ou seja, o chamado Hospital de Campo. Eram 25 leitos utilizados para o atendimento dos casos de máxima urgência, como os polifraturados, ferimento de crânio, arrancamentos de membros, etc. Estava instalado em Valdibura, no sopé do Monte Castelo. Embora fosse uma unidade americana, o seu comando foi entregue ao eminente Professor Alípio Correa Neto, que contou com uma equipe de eficientes enfermeiras brasileiras. Também integrava o pessoal do hospital uma equipe de médicos e enfermeiras americanas. Essas jovens realizaram um trabalho notável: além do serviço de enfermagem, davam apoio e carinho aos feridos. Cumpriram seu dever com eficiência, mas também com doçura. Vários episódios são relatados em livros, descrevendo o desprendimento e a abnegação dessas brasileiras que foram servir à Pátria tão longe. Merecem a eterna gratidão de todos que estiveram na Itália servindo a FEB. Todas as equipes do Serviço de Saúde, tanto dos destacamentos Regimentais, como a do 1º Batalhão de Saúde, e do próprio Hospital de Campanha tinham extrema mobilidade, acompanhando o deslocamento da tropa para melhor atendimento. Os Serviços de Saúde atenderam mais de 10 mil casos, entre feridos, acidentados e doentes, e ainda arranjavam meios para socorrer, quando possível, a população civil atingida pela guerra. Por ocasião da rendição da 148ª Divisão alemã, os Serviços de Saúde prestaram inestimáveis serviços, tratando dos feridos que, portadores de gangrena e outras infecções, fatalmente morreriam. Foram salvos pela aplicação de penicilina, droga ainda desconhecida do Serviço de Saúde Alemão. O Posto Avançado de neuropsiquiatria passou a funcionar em Ponte Della Venturina, órgão básico para tratamento e recuperação rápida dos neuróticos,
  • 18. 15 muitas vezes foi a antena captadora das causas que buscavam deprimir o moral de nossas unidades combatentes. O Serviço de Saúde confirmou o alto preparo técnico da sua tropa, habilmente dirigida por quadros capazes e dedicados e por um comando operoso e proficiente. E esse funcionamento é o resultado da perfeita ajustagem da cadeia que vai dos primeiros escalões da frente de combate aos hospitais da retaguarda. Na assistência pronta e imediata ao soldado que tombava nos campos de batalha, muitas vezes sob a feroz ação inimiga, a inexcedível dedicação dos padioleiros dos Corpos de Tropa foi posta à prova. Sem desfalecimento no cumprimento da nobre missão, em que, preocupados em salvar a vida ou atenuar o sofrimento do companheiro ferido, puseram inteiramente de lado a própria segurança. Entre os seus mais assinalados feitos, sobrelevam, mesmo suportando baixas nas suas fileiras, a perfeição e regularidade da evacuação dos feridos e o desvelo no tratamento dos mesmos. Concorreu, assim, brilhantemente para que à nossa Pátria fosse reservado um lugar de relevo entre as nações que velarão pela paz vindoura e futura reconstrução de um mundo livre e feliz. 2.4 OS MÉDICOS DA FEB A linha de frente da saúde era feita da seguinte forma: padioleiros, postos de socorro de Batalhão, postos de socorro de Regimento, Companhia de Saúde e Batalhão de Saúde. A partir daí começava então a cadeia hospitalar. Essa era a seqüência do atendimento a partir do momento em que o militar era ferido. Além da cadeia de hospitais, funcionava o Serviço de Saúde também com a Companhia de Tratamento onde era feita a triagem, outra de Evacuação que se encarregava do transporte dos postos de socorros das unidades, para os postos de triagem e dali para os hospitais. Durante o ataque a Monte Castelo, no dia 29 de novembro de 1944, passaram pelo posto de triagem nada menos que 124 feridos. Outro meio de transporte usado para os pacientes era o navio-hospital, que os levava para os Estados Unidos a fim de se submeterem a cirurgias plásticas, ou tratamentos altamente especializados. As frações de saúde da FEB foram comandadas por médicos experientes que conduziram de maneira eficiente e exemplar todo o apoio e atendimento aos militares brasileiros na campanha da Itália. Foram eles:
  • 19. 16 • Serviço de Saúde da FEB – chefe: Coronel médico Emanuel Marques Porto. • Estado Maior Especial / Saúde: Tenente Coronel médico Gilberto Fontes Peixoto. • Destacamento de Saúde / Tropa Especial – Comandante: Tenente Coronel médico Augusto Marques Torres. • 1º Batalhão de Saúde – Comandante: Tenente Coronel médico Bonifácio Antônio Borba. Em cada regimento ou grupo da mesma unidade, havia um destacamento de saúde, chefiado por um oficial médico e auxiliar, encarregado de manter o seu grupo em boa forma física. O trabalho deles era extraordinário, tanto do ponto de vista técnico como humano. Tornava-se difícil distinguir o chefe, o médico, o amigo, o subordinado.Todos só tinham um ideal, aliviar o sofrimento dos feridos.Todos os elementos do Serviço de Saúde, quer do quadro médico, quer do quadro dentistas ou farmacêuticos, estavam imbuídos dos mesmos propósitos. O 1º Grupo de Caça da FAB também levou o seu corpo médico. Ficaram instalados no 12th Station Hospital na cidade de Tirrena-Livorno, muito próximo da base aérea de Pisa, e de nosso 7th station Hospital. Os médicos brasileiros, integrantes do Serviço de Saúde, procuravam dar o máximo de si em prol de seus semelhantes, atendendo inclusive às populações civis.Trabalharam incansavelmente debelando epidemias, como as de sarampo, coqueluche, pneumonia atípica, hepatites infecciosas e outras e fazendo a profilaxia das doenças venéreas. Estas foram levadas do Brasil e agravadas e disseminadas em alto grau na Itália. Muitas coisas faltavam aos médicos da FEB, e a inexperiência em tempos de guerra, em determinadas situações, também dificultou uma melhor implantação do Serviço de Saúde brasileiro em campanha. Mesmo assim, o movimento dos brasileiros pela linha de atendimento hospitalar, durante os onze meses de permanência em ação, foi de 10.776 pacientes. É preciso ressaltar que foram para a Itália 25.534 brasileiros. Apenas 49 pacientes brasileiros faleceram nos hospitais. Total de mortos na FEB: 443, dos quais 364 em ação de combate; Total dos feridos em ação de combate: 1.577; Total de acidentados: 1.145, dos quais 487 em ação de combate.
  • 20. 17 Na função de chefe do Serviço de Saúde da Força Expedicionária Brasileira, o Dr. Emanuel Marques Porto soube manter uma norma exemplar, com perfeito controle de todos os baixados e de todas as ações do seu serviço. Procurou distribuir os profissionais da medicina pelos hospitais e outras unidades, o mais acertadamente possível, grupando-os em equipes homogêneas e eficientes, surgindo um ou outro caso de desacerto inicial. Manteve sempre uma fiscalização assídua e determinou acertadas medidas e condutas, reforçando sempre as diretrizes americanas. Numerosas e freqüentes foram as suas inspeções. Repetidamente, visitava os doentes e feridos, levando-lhes não só o conforto moral de sua presença como também palavras de ânimo e estímulo. Nos hospitais da frente de combate, onde o Brasil esteve como parte integrante, o Dr. Emanuel Marques Porto corria leito a leito, indagando e ouvindo, minuciosamente, os relatos que lhe faziam os chefes das seções brasileiras. Sob o ponto de vista médico nada faltou aos pracinhas e, mais ainda, que desde a linha de frente até aos pontos mais recuados, os cuidados médicos lhes eram prestados pelos elementos brasileiros do Serviço de Saúde da FEB. Todas as intervenções eram praticadas por cirurgiões de nosso Exército e a assistência posterior aos feridos e aos enfermos também por nossa gente. A eficiência da atuação dos Corpos de Saúde pode ser aferida pela magnífica estatística de apenas 0,4% de mortes de doentes baixados. Em julho de 1945, o Dr. Emanuel Marques Porto deixou a Itália por via aérea, chegando ao Rio de Janeiro no dia seguinte. Em seu lugar, ficou o Ten Cel Dr Gilberto Peixoto que, durante a guerra fora o chefe do Serviço de Saúde da Divisão Brasileira engajada em combate. Em tempo, os médicos do Serviço de Saúde da FEB foram aos campos de batalha da Europa cumprir o seu dever e muitos foram, no exercício das suas funções, além do dever. Mostraram o seu valor e deram aos militares brasileiros o merecido suporte e conhecimento no tratamento de suas mazelas de combate, permitindo uma moral elevada na frente de batalha.
  • 21. 18 3 CONCLUSÃO Tendo ciência de que a História real só pode ser bem escrita em um País verdadeiramente livre, este trabalho trata sobre a História da participação da FEB e de seus médicos na Segunda Guerra Mundial, no teatro de Operações do Mediterrâneo.As demonstrações de bravura, abnegação, perseverança e fé inquebrantável no cumprimento da missão foram uma bandeira para o mundo, que passou a reconhecer o valor dos soldados brasileiros. Cultuar e reverenciar aqueles que escreveram essa memorável página de nossa história, mais que uma homenagem, é dever de todos. Aos nossos pracinhas, nosso reconhecimento e eterna gratidão.Com perícia, dedicação e sem preocupação com a segurança pessoal, os componentes do Serviço de Saúde da FEB permitiram, com sua ação, que o atendimento de saúde iniciasse e encerasse a campanha dentro do cumprimento absoluto de suas missões, merecendo a confiança do comando e principalmente dos combatentes, em qualquer situação tática. E isto foi, e sempre será, um dos mais valiosos fatores de exaltação da moral da tropa em campanha. O Serviço de Saúde da FEB e a atuação dos médicos brasileiros durante a guerra, tiveram a oportunidade de funcionar em todas as fases da campanha divisionária na Itália, apoiando sempre de perto e de forma eficiente a tropa combatente. E nos postos de socorro e nos estabelecimentos hospitalares, médicos, cirurgiões habilíssimos e enfermeiras dedicadas, seguindo a orientação do seu valoroso patrono, General João Severiano da Fonseca, iniciaram o trabalho estafante e profundamente humano de dar vida ao moribundo, de afastar o espectro da morte que rodeava os feridos e de suavizar-lhes os sofrimentos físico e moral. Verdadeiros heróis da grande luta contra a morte, esse exército de “padiolas e bisturis” fez, do mesmo modo que os de canhões e baionetas, grande dano ao alemão que nos defrontava. Cada soldado reconstituído era um soldado furtado à sanha adversa e mais um reforço que engrandecia as frentes de batalha brasileiras. Extinta a FEB no pós-guerra seus feitos e vitórias, nos campos de batalha de ultramar, sobreviverão eternos no coração da nacionalidade, como síntese do valor de nossa gente e símbolo da vocação democrática do povo brasileiro.
  • 22. 18 REFERÊNCIAS ANDRÉ, ANTÔNIO; RESENHA: O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL E AS COMUNICAÇÕES DA 1ª DIVISÃO DE INFANTARIA DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA NA ITÁLIA, RIO DE JANEIRO: EDITORA HP COMUNICAÇÃO, 2007. BRAGA, RUBEM; CRÔNICAS DA GUERRA NA ITÁLIA, 3 ED. RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1996. CANSANÇÃO, ELZA; E FOI ASSIM QUE A COBRA FUMOU. 4. ED .RIO DE JANEIRO: EDITORA MARQUES SARAIVA, 1987. COSTA, OCTÁVIO; TRINTA ANOS DEPOIS DA VOLTA; O BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1976. DECRETO DE LEI Nº 10.358, DE 31 DE AGOSTO DE 1942 DIRETORIA DE HISTÓRIA MILITAR DO DEPARTAMENTO DO EXÉRCITO DOS EUA . AS GRANDES DECISÕES ESTRATÉGICAS: II GUERRA MUNDIAL . 2. ED.. RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 2004. EDIPE; ENCICLOPÉDIA DIDÁTICA DE INFORMAÇÃO E PESQUISA EDUCACIONAL. 8 ED. SÃO PAULO: EDITORA LIVRARIA IRACEMA LTDA, 1991. HENRIQUE, ELBER DE MELLO; A FEB DOZE ANOS DEPOIS, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIEX, 1959. LIMA, RUI MOREIRA; SENTA A PUA!, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1980. MATTOS, CARLOS DE MEIRA; O MARECHAL MASCARENHAS DE MORAES E SUA ÉPOCA, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1983. MORAES, JOÃO BAPTISTA MASCARENHAS DE; A FEB PELO SEU COMANDANTE, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 2005. MORAES, J. B. MASCARENHAS DE; MEMÓRIAS. 2 ED . RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1984.
  • 23. 18 MOTTA, ARICILDES DE MORAES; HISTÓRIA ORAL DO EXÉRCITO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.; RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 2001. REIS, EDGARDO MONTINHO DOS; EXÉRCITO DE PADIOLEIROS E BISTURIS, 1 ED. RIO DE JANEIRO: EDITORA MADRI, 1969. SILVEIRA, JOAQUIM XAVIER DA; A FEB POR UM SOLDADO, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 2001. SILVEIRA, JOAQUIM XAVIER DA; CRUZES BRANCAS, DIÁRIO DE UM PRACINHA, RIO DE JANEIRO: EDITORA BIBLIOTECA DO EXÉRCITO, 1997. TUDO; DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO ILUSTRADO, 2 ED. SÃO PAULO: EDITORA ABRIL CULTURAL,1979.