SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
O planeta terra e seus limites na produção de alimentos e no crescimento da população
1. O PLANETA TERRA E SEUS LIMITES NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E
NO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
Fernando Alcoforado*
Após 200 anos de crescimento e desenvolvimento econômico, propiciado pela
Revolução Industrial, a população mundial aumentou significativamente com a redução
das taxas de mortalidade e o crescimento da esperança de vida. Hoje, na média, as
pessoas vivem mais e melhor. Entre 1800 e 2010 a população mundial cresceu,
aproximadamente, sete vezes (de 1 bilhão para 7 bilhões de habitantes) e a economia
(PIB) aumentou cerca de 50 vezes. O consumo médio da humanidade disparou, mas o
crescimento da riqueza se deu à custa do esgotamento dos recursos naturais do planeta.
Uma boa forma de dimensionar o impacto do ser humano no planeta Terra é a pegada
ecológica que é uma metodologia utilizada para medir as quantidades de terra e água
(em termos de hectares globais - gha) que seriam necessárias para sustentar o consumo
da população. A pegada ecológica é um cálculo do que cada pessoa, cada país e, por
fim, a população mundial consome em recursos naturais. A medição é feita em hectares,
e seis categorias são avaliadas: terras para cultivo, campos de pastagem, florestas, áreas
para pesca, demandas de carbono e terrenos para a construção de prédios.
Considerando cinco tipos de superfície (áreas cultivadas, pastagens, florestas, áreas de
pesca e áreas edificadas), o planeta Terra possui aproximadamente 13,4 bilhões de
hectares globais (gha) de terra e água biologicamente produtivas segundo dados de 2010
da Global Footprint Network e a pegada ecológica da humanidade atingiu a marca de
2,7 hectares globais (gha) por pessoa, em 2007, para uma população mundial de 6,7
bilhões de habitantes na mesma data (segundo a ONU) (Ver o artigo A terra no limite
de José Eustáquio Diniz Alves disponível no website
<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/terra-limite-humanidade-
recursos-naturais-planeta-situacao-sustentavel-637804.shtml.>).
Com a pegada ecológica da humanidade de 2,7 hectares globais (gha) por pessoa
significa dizer que para sustentar a população na Terra de 6,7 bilhões de habitantes
seriam necessários 18,1 bilhões de gha (2,7 gha x 6,7 bilhões de habitantes) que é
superior a 13,4 bilhões de hectares globais (gha) de terra e água biologicamente
produtivas da Terra, fato este que indica que já ultrapassamos a capacidade de
regeneração do planeta no nível médio de consumo mundial atual. Hoje, por conta do
atual ritmo de consumo, a demanda por recursos naturais excede em 50% a capacidade
de reposição da Terra.
Se a escalada dessa demanda continuar no ritmo atual, em 2030, com uma população
planetária estimada em 8,3 bilhões de pessoas, serão necessárias duas Terras para
satisfazê-la. Qual é a perspectiva para o futuro próximo? De acordo com dados da
Divisão de População da ONU, em 2050 a população mundial deverá atingir 8 bilhões
de pessoas, na projeção baixa, 9 bilhões, na projeção média, e 10 bilhões, na projeção
alta. O mais provável é que a Terra tenha mais 2 bilhões de habitantes nos próximos
trinta e sete anos tornando inviável manter os padrões de produção e consumo atuais da
população mundial.
Uma das questões chaves que se deve levantar é a de quantas pessoas a Terra poderia
suportar. Relacionada com esta questão surge outra sobre qual seria exatamente o limite
de crescimento da população humana? Será a escassez de água, a escassez de alimentos,
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2. os níveis de poluição ou outro fator que limitará o crescimento da população mundial?
Após considerar todas as possíveis restrições, pode-se concluir que o suprimento de
alimentos determinará o crescimento da população mundial.
Na publicação Nosso Futuro Comum da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento da ONU (Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991), alguns
pesquisadores estabeleceram o potencial “teórico” da produção planetária de alimentos.
Para eles, a área destinada ao cultivo de alimentos poderia ser de cerca de 1,5 bilhão de
hectares (nível próximo do atual) e a produtividade média poderia chegar a cinco
toneladas de grãos equivalentes por hectare, isto é, duas vezes e meia em relação à
produtividade atual.
Levando-se em conta a produção das áreas destinadas às pastagens e dos mananciais
marinhos, o “potencial” total situa-se em oito toneladas de equivalentes em grãos. A
média global atual do consumo de energia vegetal em alimentos, sementes e ração
animal é de cerca de 6 mil calorias ao dia, variando entre o mínimo de 3 mil e o máximo
de 15 mil entre os países, dependendo dos níveis de consumo de carne. Tomando a
média de consumo por base, a produção potencial de alimentos do mundo poderia
sustentar pouco mais de 11 bilhões de pessoas.
Ressalte-se que, a partir de 2050, a população mundial poderá ultrapassar 10 bilhões de
habitantes. Com uma população superior a 10 bilhões de habitantes, o planeta Terra
poderá não resistir a tamanha demanda por recursos naturais. Se o consumo médio de
alimentos aumentar para, por exemplo, 9 mil calorias ao dia, só será possível atender
uma população da Terra correspondente a 7,5 bilhões de habitantes. Muitos cientistas
acreditam que a Terra tem uma capacidade de carga de 9 a 10 bilhões de pessoas.
Mesmo no caso de máxima eficiência, em que todos os grãos cultivados fossem
dedicados aos seres humanos para alimentação (em vez de gado, que é uma maneira
ineficiente de converter a energia vegetal em energia alimentar), ainda há um limite. “Se
todo mundo concordar em se tornar vegetariano, deixando pouco ou nada para o gado,
os 1,5 bilhões de hectares de terras aráveis suportariam cerca de 10 bilhões de pessoas”
(Ver o artigo Quantas pessoas o planeta aguenta? Disponível no website
<http://hypescience.com/quantas-pessoas-o-planeta-aguenta/>).
A Universidade de Cornell dos Estados Unidos desenvolveu estudos sobre a capacidade
de produção de alimentos do planeta. Um desses estudos constata que a Terra só tem
condições de alimentar 2 bilhões de habitantes com o mesmo padrão de vida dos países
capitalistas desenvolvidos. Isto significa dizer que quanto mais elevado é o nível de vida
da população da Terra, isto é, quanto maior seja o nível do seu consumo alimentar,
maior é a exigência para que sua população seja menor.
Dadas as conclusões dos diversos estudos sobre o impacto do crescimento populacional
sobre o desenvolvimento, é evidente que algo precisa ser feito desde já para evitar uma
catástrofe que se avizinha nos próximos 37 anos. É imperativo que os governos em todo
o mundo adotem políticas que contribuam para o equilíbrio entre tamanho da população
e recursos disponíveis no planeta Terra, de um lado, e taxa de aumento da população e
capacidade da economia de atender suas necessidades básicas não apenas no presente,
mas também, de outro lado, por gerações no futuro.
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3. *Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.STORIA
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