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País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Informação Geral
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Empresa tem o exclusivo da recolha de resíduos em Sines
SINES TRANSFORMA RESIDUOS
EM BETUME E COMBUSTÍVEL
Sónia Peres Pinto
sonia.pintoOsol.pt
A fábrica instalada no Porto de Sines aprovei-
ta os resíduos petrolíferos para produzir com-
bustível e betume. Já assinou um memorando
com a francesa Total para replicar modelo.
A Ecoslops, que implementou em
Sines, em junho de 2015, um mo-
delo de produção único no mun-
do, que aproveita os resíduos pe-
trolíferos dos navios para produ-
zir combustível e betume quer
exportar esta tecnologia para
qualquer porto marítimo espe-
cialmente os que têm «grande
movimento». Agarantia foi dada
aoSOL pelo diretor executivo da
empresa de Sines, Pedro Simões.
Para já, foi assinado um memo-
rando de entendimento com a To-
tal para o porto de Marselha. «A
Ecoslops estabeleceu tuna par-
ceria com a francesa Total para
replicar em Marselha a tecno-
logia que, até agora, fazia de Si-
nes um caso único no mundo.
Foi assinado um memorando
de entendimento que visa uma
parceria para a instalação de
uma micro refinaria na zona
de La Mède, perto de Marselha.
A decisão final será tomada em
2017». revela.
Neste momento a Total está a
tratar das licenças e não há nada
em contrário que possa impedir o
projeto de avançar no mercado
francès já no próximo ano. «O
único entrave que poderia sur-
gir seria o Governo francês
não autorizar, mas isso é um
condicionalismo que não está
no horizonte», salientou o res-
ponsável.
Mas a ideia não é ficar por aqui.
Também em cima da mesa estão
possíveis parcerias em portos
como Antuérpia, Roterdão, Ham-
burgo, Le Havre, Oman ou na Ará-
bia Saudita e em Singapura. A fór-
mula é simples: replicar o que é
feito na fábrica de Sines. «Trata-
-se de um tecnologia que pode
ser replicada em qualquer por-
to marítimo »,salienta.
E os números falam por si: todos
os anos são gerados cerca de 100 mi-
lhões de toneladas em todo o mun-
do destes resíduos oleosos - água e
hidrocarbonetos - resultantes das
transportadoras marítimas.
Ainda assim. Pedro Simões acre-
Fábrica represen-
tou um investimen-
to de 18 milhões,
dos quais 6,2
foram subsidiados
dita que o projeto no Porto de An-
tuérpia é o que tem maiores con-
dições para avançar também em
2017. «Em Antuérpia está a ser
feito um estudo de viabilidade
muito sério e estão estão a ser
estabelecidos contatos com as
autoridades belgas», afirmou.
Mas como é que esta tecnologia
funciona? O processo da Ecoslops
permite aproveitar os resíduos
petrolíferos dos navios, geralmen-
te acumulados ou separados da
água e enviados para incineração,
dando-lhes nova utilização, com
a criação de novos produtos, como
combustível e betume.
No fundo acaba por funcionar
como uma verdadeira revolução
para tratar estes resíduos. Isto
porque até à década de 70 estes re-
síduos eram, na esmagadora
maioria, libertados no mar. A par-
tir de 1980. com a entrada em vi-
gor de legislação mais restritiva
e com uma crescente fiscalização
marítima a nível mundial contri-
buíram para que estes resíduos
passassem a ser descarregados
nos portos marítimos. Atualmen-
te, esses resíduos são descarrega-
dos em terra, desidratados e inci-
nerados.
«As autoridades portuárias
são obrigadas a ter meios dis-
poníveis para recolher esse
tipo de resíduos, são milhões
de toneladas que são recolhi-
das ao longo do ano, mas tipica-
mente o que acontece é que es-
ses resíduos são secos e enca-
minhados para incinerar em
indústrias que precisam de
muita energia barata, como as
cimenteiras e as siderurgias»,
explica.
Nos primeiros nove meses do
ano, a Ecoslops tratou mais de
22 mil toneladas de slops (resí-
duos oleosos das transportado-
ras marítimas), mas desde o iní-
cio da sua atividade já tratou
mais de 45 mil toneladas de
slops, o que equivale à produção
de 15 mil toneladas de combustí-
veis e betume. «Temos capaci-
dade para produzir cerca de
30 mil toneladas de combustí-
veis por ano, o que equivale,
no mínimo, a tratar 60 mil to-
neladas de slops e estamos já
neste momento a trabalhar
com toda a nossa capacidade»,
diz Pedro Simões.
Para já, não está previsto au-
mentar mais a sua capacidade de
produção, uma vez que isso iria
implicar um novo investimento
para a alargar a atual fábrica.
Também em termos de vendas, as
metas são otimistas: a empresa
prevê vender todo o produto pro-
duzido nos próximos seis meses.
Utlibação
A Ecoslops faz o tratamento dos
slops através de tecnologias de
destilação e transforma-os em
dois subprodutos: combustível e
betume. E essa transformação
apresenta «benefícios ambien-
tais e económicos», garante a
empresa. A partir daí, estes dois
novos produtos podem ser utiliza-
dos em diferentes indústrias.«No
caso do combustível, este pode
ser transformado em fuelóleo
de baixo teor de enxofre, gasó-
leo pesado para combustível
marítimo e combustível ligei-
ro (equiparado a gasolina)».Já
o betume pode ser usado para fa-
zer asfalto ou como material de
construção. E dá como exemplo,
os clientes que tem nesta área e
que apostam no setor da imper-
meabilização.
A empresa admite que a queda do
preço do petróleo fez com que os
combustíveis obtidos a partir de
slops deixassem de ter tanto va-
lor no mercado face aos combus-
tíveis tradicionais. Mas ainda as-
sim deixa uma garantia: «São
produzidos combustíveis de
qualidade equiparável à das re-
finarias, o que permite obter
uma valorização superior dos
seus produtos».
A Ecoslops, que conta com o ex-
clusivo da recolha de slops no Por-
to de Sines, representou um inves-
timento de 18 milhões de euros,
dos quais 6,2 milhões provêm de
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português. Emprega atualmente
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O processo da Ecoslops permite aproveitar os resíduos petrolíferos dos navios, geralmen- te acumulados ou separados da água e enviados para incineração, dando-lhes nova utilização, com a criação de novos produtos, como combustível e betume. No fundo acaba por funcionar como uma verdadeira revolução para tratar estes resíduos. Isto porque até à década de 70 estes re- síduos eram, na esmagadora maioria, libertados no mar. A par- tir de 1980. com a entrada em vi- gor de legislação mais restritiva e com uma crescente fiscalização marítima a nível mundial contri- buíram para que estes resíduos passassem a ser descarregados nos portos marítimos. 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Para já, não está previsto au- mentar mais a sua capacidade de produção, uma vez que isso iria implicar um novo investimento para a alargar a atual fábrica. Também em termos de vendas, as metas são otimistas: a empresa prevê vender todo o produto pro- duzido nos próximos seis meses. Utlibação A Ecoslops faz o tratamento dos slops através de tecnologias de destilação e transforma-os em dois subprodutos: combustível e betume. E essa transformação apresenta «benefícios ambien- tais e económicos», garante a empresa. A partir daí, estes dois novos produtos podem ser utiliza- dos em diferentes indústrias.«No caso do combustível, este pode ser transformado em fuelóleo de baixo teor de enxofre, gasó- leo pesado para combustível marítimo e combustível ligei- ro (equiparado a gasolina)».Já o betume pode ser usado para fa- zer asfalto ou como material de construção. E dá como exemplo, os clientes que tem nesta área e que apostam no setor da imper- meabilização. A empresa admite que a queda do preço do petróleo fez com que os combustíveis obtidos a partir de slops deixassem de ter tanto va- lor no mercado face aos combus- tíveis tradicionais. Mas ainda as- sim deixa uma garantia: «São produzidos combustíveis de qualidade equiparável à das re- finarias, o que permite obter uma valorização superior dos seus produtos». A Ecoslops, que conta com o ex- clusivo da recolha de slops no Por- to de Sines, representou um inves- timento de 18 milhões de euros, dos quais 6,2 milhões provêm de fundos comunitários e do Estado português. Emprega atualmente 50 trabalhadores.