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Conheço a residência da dor.
   É um lugar afastado,




Sem vizinhos, sem conversa,
    quase sem lágrimas,
 Com umas imensas vigílias,
       diante do céu.
A dor não tem nome,
   Não se chama,
     não atende.
Ela mesma é solidão:
    nada mostra,
     nada pede,
     não precisa.
 Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,
          Mas não é rosto de corpo,
       Nem o seu espelho é do mundo.
. Conheço pessoalmente a dor.
       A sua residência,
            longe,
   em caminhos inesperados
Às vezes sento-me à sua porta,
 na sombra das suas árvores.
          E ouço dizer:
    “Quem visse, como vês,
      a dor, já não sofria”.
E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.
     Conheço-a de perto.
                                 Cecília Meireles
         Pessoalmente.           26, agosto, 1954
Música: Ernest_Cortazar
        Fire_and_Ice
     Imagens: Internet
   inesdedes@gmail.com




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Conheco a residencia da dor

  • 1.
  • 2. Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu.
  • 3. A dor não tem nome, Não se chama, não atende. Ela mesma é solidão: nada mostra, nada pede, não precisa. Vem quando quer.
  • 4. O rosto da dor está voltado sobre um espelho, Mas não é rosto de corpo, Nem o seu espelho é do mundo.
  • 5. . Conheço pessoalmente a dor. A sua residência, longe, em caminhos inesperados
  • 6. Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores. E ouço dizer: “Quem visse, como vês, a dor, já não sofria”. E olho para ela, imensamente. Conheço há muito tempo a dor. Conheço-a de perto. Cecília Meireles Pessoalmente. 26, agosto, 1954
  • 7. Música: Ernest_Cortazar Fire_and_Ice Imagens: Internet inesdedes@gmail.com www.mensagensvirtuais.com.br