2. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a deficiência intelectual
(DI), antigamente denominada retardo mental, como uma capacidade
significativamente reduzida de compreender informações novas ou
complexas e de aprender e aplicar novas habilidades (inteligência
prejudicada). Ela é caracterizada, essencialmente, por alterações, durante o
período de desenvolvimento, das faculdades que determinam o nível
global de inteligência, isto é, das funções cognitivas, de linguagem,
habilidades motoras e capacidade social e que tem um efeito
duradouro sobre o desenvolvimento (World Health Organization, 2010).
3. INTRODUÇÃO
A American Association on Intellectual and Developmental
Disability (AAIDD) define deficiência intelectual como um tipo
de incapacidade que se caracteriza por limitações
significativas no desempenho intelectual (raciocínio,
aprendizagem e solução de problemas) e no
comportamento adaptativo (conceitual, social e habilidades
práticas) que surgem antes da idade de 18 anos.
4. INTRODUÇÃO
Para que se possa avaliar as pessoas quanto ao funcionamento intelectual, deve-
se levar em conta a diversidade cultural dos envolvidos e as diferenças em seus
padrões de comunicação e comportamento;
Os déficits no funcionamento adaptativo de um indivíduo se manifestam no
contexto de ambientes comunitários típicos de sua faixa etária e, dependem do
grau de necessidades de apoio para realizar determinadas tarefas comuns;
De acordo com Grossman (1983), o comportamento adaptativo é dividido em 8
áreas, e pelo menos 2 delas devem ser deficitárias em uma pessoa com
deficiência intelectual: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais,
utilização de recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, habilidades
acadêmicas e trabalho e lazer.
6. INTRODUÇÃO
Na quinta edição do Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM-5), vários níveis de gravidade de
deficiência intelectual são determinados com base no
desempenho adaptativo, e não com base nas pontuações do
QI;
A determinação do nível de gravidade da deficiência
intelectual inclui a avaliação do desempenho em um domínio
conceitual (p. ex., habilidades acadêmicas), um domínio
social (p. ex., relacionamentos) e um domínio prático (p. ex.,
higiene pessoal).
8. A maioria das crianças com retardo leve e mesmo moderado não exibe
patologia orgânica identificável, enquanto que os indivíduos severa e
profundamente retardados tendem mais a evidenciar sinais de dano no
SNC;
9. A DI moderada está associada com dificuldades significativas de
aprendizagem. Ela se caracteriza pela aquisição de competências simples,
permitindo a comunicação social, um certo grau de auto-suficiência e uma
vida semi-independente. As noções básicas de leitura e escrita são
raramente adquiridas;
Já a DI grave é acompanhada por uma completa dependência para a
realização das tarefas e ações cotidianas. Enquanto que a DI profunda é
caracterizada por uma redução severa do potêncial de comunicação e de
mobilidade .
10. INTRODUÇÃO
Nas situações em que o médico preferir aplicar testes de
inteligência padronizados – o que ainda é a prática usual –, o termo
significativamente abaixo da média é definido como um QI de cerca
70 ou menos, ou dois desvios-padrão abaixo da média para o teste
específico;
O desempenho adaptativo pode ser medido por meio de escalas
padronizadas, como a Vineland Adaptive Behavior Scale. Essa escala
faz pontuações de comunicações, habilidades cotidianas,
socialização e habilidades motoras (até 4 anos e 11 meses), bem
como gera um composto de comportamento adaptativo que se
correlaciona com as habilidades esperadas em uma determinada
idade.
11. INTRODUÇÃO
Deficiência intelectual leve representa em torno de 85% das pessoas
com esse tipo de perturbação. De maneira geral, as crianças com
deficiência intelectual não são identificadas até a 1ª ou 2ª série,
ocasião em que aumentam as demandas acadêmicas. Com
frequência, mais para o final da adolescência, adquirem habilidades
acadêmicas que correspondem aproximadamente a nível da 6ª série.
12. Epidemiologia
A deficiência intelectual acomete de 1% a 3% da população global;
Estudos registram um predomínio do sexo masculino, com razão de sexo de
1,5:1;
No Brasil, conforme dados do Censo Demográfico de 2010, há pelo menos 2,6
milhões (1,4%) de pessoas com deficiência mental ou intelectual ;
Sobre a prevalência do atraso global de desenvolvimento, não há informações
precisas, mas uma estimativa razoável situa entre 1% a 3% das crianças com
menos de cinco anos de idade, correspondente à prevalência de deficiência
intelectual na população geral.
14. Etiologia
Inúmeros fatores, genéticos e
teratogênicos, causam a DI, entre
estes estão o uso do álcool na
gravidez, agentes infecciosos e
defeitos congênitos do sistema
nervoso central (SNC), que apesar
de serem congênitos, não significa
que sejam geneticamente
determinados.
15. Etiologia
Ao considerarmos as causas genéticas responsáveis pela deficiência intelectual, temos as
aberrações cromossômicas numéricas ou estruturais, microdeleções ou microduplicações,
defeitos gênicos (monogênicos ou oligogênicos) ou casos de deficiência intelectual
resultante da combinação de fatores genéticos e ambientais, como acontece nas doenças de
herança multifatorial.
17. A DI leve é muitas vezes diagnosticada tardiamente ou nem sequer é diagnosticada, já
que na maioria das vezes ela se apresenta de forma não-sindrômica ou associada a
elementos dismórficos menores, que passam despercebidos durante uma avaliação
médica. Ela é caracterizada por dificuldades de aprendizagem que não são muito graves.
Muitos adultos com este sinal são propensos a trabalhar e adquirir boa autonomia
pessoal e independência social
19. CARACTERÍSTICAS CLINICAS- DI LEVE
Deficiências intelectuais leves possivelmente não sejam reconhecidas ou diagnosticadas até que
a escola desafie as habilidades sociais e comunicativas da criança;
Os déficits cognitivos incluem falta de capacidade abstrativa e pensamentos egocêntricos,
sendo que ambas as condições se tornam mais evidentes à medida que as crianças se
aproximam do período intermediário da infância;
Crianças com deficiências intelectuais mais leves podem apresentar um bom desempenho
acadêmico no nível elementar mais elevado, assim como adquirir habilidades funcionais
suficientes para o autossuporte em alguns casos, embora a assimilação social possa ser
problemática;
Déficits de comunicação, autoestima baixa e dependência podem contribuir ainda mais para
uma relativa ausência de espontaneidade social.
20. A probabilidade de que níveis moderados de deficiência intelectual sejam observados em idades mais
jovens é significativamente maior, tendo em vista que as habilidades de comunicação se desenvolvem
de forma mais lenta e o isolamento social pode ocorrer durante os anos da escola elementar. De
modo habitual, as conquistas acadêmicas se limitam ao nível elementar e intermediário;
Crianças com deficiências intelectuais moderadas provavelmente se beneficiem da atenção individual
com foco no desenvolvimento de habilidades de autoajuda. No entanto, essas crianças têm
consciência de seus déficits e com frequência se sentem alienadas em relação aos pares e frustradas
devido a suas limitações. Elas continuam exigindo um nível bastante elevado de supervisão, mas
podem se tornar competentes nas tarefas ocupacionais em ambientes com suporte.
21. Via de regra, deficiências intelectuais graves são óbvias nos anos pré-escolares; as
crianças afetadas apresentam fala mínima e desenvolvimento motor prejudicado. É
possível que ocorra algum desenvolvimento linguístico durante a idade escolar;
Na adolescência, caso a linguagem não tenha melhorado de forma significativa,
pode ter havido alguma evolução fraca e não verbal na capacidade de
comunicação. As abordagens comportamentais são meios úteis para promover
alguns cuidados pessoais, embora os indivíduos com deficiências intelectuais
graves em geral precisem de supervisão extensiva em geral.
22. Crianças com deficiência intelectual profunda exigem supervisão constante e
possuem habilidades comunicativas e motoras extremamente limitadas.
Durante a vida adulta pode haver algum desenvolvimento da fala, com
possibilidade de aquisição de habilidades simples de autoajuda;
Com frequência, as características clínicas observadas em populações com
deficiências intelectuais isoladas ou que façam parte de algum transtorno
mental incluem hiperatividade, tolerância baixa a frustrações, agressividade,
instabilidade afetiva, comportamentos motores repetitivos ou estereotipados e
comportamentos de automutilação. Esses comportamentos ocorrem com mais
frequência e com maior intensidade nos casos de deficiências intelectuais mais
graves.
23. EXAMES LABORATORIAIS
Os testes laboratoriais que podem elucidar as causas de deficiência
intelectual são os seguintes: análise cromossômica, testes de urina e de
sangue para distúrbios metabólicos e estudos de neuroimagens. As
anormalidades cromossômicas são as causas simples mais comuns de
deficiência intelectual.
24. EEG
Eletrencefalografia é indicada sempre que se levar em consideração a
hipótese da presença de um distúrbio convulsivo. As alterações
eletrencefalográficas “inespecíficas”, caracterizadas por frequências lentas
com surtos de picos ou complexos de ondas com pequenas pontas
agudas, são observadas com mais frequência nas populações
25. Neuroimagem
Embora não seja diagnóstico sob o ponto de vista clínico, os estudos por
neuroimagens atualmente são utilizados para reunir dados que, no final, possam
revelar a presença de mecanismos biológicos que contribuam para a deficiência
intelectual. Nos dia de hoje, técnicas como IRM estrutural, IRM funcional (fIRM) e
imagem por tensor de difusão (DTI, do inglês diffusion tension imaging) são
utilizadas em pesquisas. P
27. Tratamento farmacológico
Agressão, Irritabilidade e Comportamento de Automutilação: uso de risperidona
como tratamento eficaz para irritabilidade (agressão, automutilação e ataques
graves de raiva) em crianças com o transtorno do espectro autista.
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade:Ensaios clínicos randomizados de
vários agentes psicofarmacológicos foram realizados nessas crianças. Esses estudos
incluem testes com metilfenidato, clonidina e risperidona;
Transtornos depressivos: ISRS
28. Tratamento farmacológico
Movimentos motores estereotipados: os medicamentos antipsicóticos –
historicamente o haloperidol e a clorpromazina e, atualmente, os
antipsicóticos atípicos – são usados no tratamento de comportamentos
autoestimulantes repetitivos em crianças com deficiência intelectual
quando esses comportamentos são danosos ou perturbadores;
Os ISRSs, como a fluoxetina, a fluvoxamina, a paroxetina e a sertralina,
são eficazes no tratamento de sintomas obsessivo-compulsivos em
crianças e adolescentes e, possivelmente, também nos casos de
movimentos motores estereotipados
29. Tratamento farmacológico
Comportamento da raiva explosiva: os medicamentos antipsicóticos,
em especial a risperidona, são comprovadamente eficazes no
tratamento de explosões de raiva. Há relatos anedóticos de que os
antagonistas dos receptores -adrenérgicos (betabloqueadores),
como o propranolol, resultam em um número menor de explosões
de raiva em algumas crianças com deficiência intelectual e TEA.