5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915

Abordagem prática faringotonsilite estreptocócica

Acta Pediatr. Port., 2003; N° 4; Vol. 34: 307-308
RECOMENDAÇÕES DAS SECÇÕES
Abordagem Prática da Amigdalite - Faringite na Criança
PAULA CORREIA, JOSÉ GONÇALO MARQUES, CARLOS CANHOTA, TERESA LIBÓRIO, PAULA VALENTE
Secção de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria
e Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral
Etiologia e Epidemiologia
A maioria dos casos de faringite e amigdalite na cri-
ança são de causa viral. O predomínio da infecção viral é
ainda maior abaixo dos 3 anos de idade, um grupo onde a
infecção faríngea de causa bacteriana é pouco frequente.
Adenovirus, enterovírus, Epstein-Barr, influenza e parain-
fluenza são os vírus mais frequentemente envolvidos nesta
infecção. A etiologia bacteriana mais comum é por
Streptococcus pyogenes (j3-hemolítico do grupo A). Esta
apresenta uma distribuição etária bimodal, com um
primeiro pico de incidência entre os 5 e os 7 anos e um
segundo pico entre os 12 e os 13 anos.
A infecção estreptocócica dissemina-se através do
contacto directo com as secreções da garganta ou nariz de
pessoas infectadas, propagando-se rapidamente em comu-
nidades fechadas tais como escolas, infantários ou lares.
Excepcionalmente, pode haver infecção por contacto com
portadores assintomáticos. As crianças têm um papel
importante na transmissão da infecção, tanto no seio familiar
como na comunidade.
Clínica
A amigdalo-faringite estreptocócica clássica ocorre em
crianças em idade escolar e caracteriza-se pelo início
súbito de febre, odinofagia, adenopatias cervicais anteriores
dolorosas, cefaleias, náuseas e dor abdominal, na ausência
de sintomas típicos de infecção viral das vias respiratórias
altas tais como rinorreia, tosse ou conjuntivite. A oro-
faringe tem aspecto francamente eritematoso, vermelho
vivo, podendo associar-se ou não à presença de petéquias
no palato ou de exsudado purulento. O ponteado esbran-
quiçado não é patognomónico da infecção estreptocócica e
encontra-se em muitos casos de amigdalite virai no
lactente. A presença de escarlatina é o sinal mais fiável de
etiologia estreptocócica. Na criança menor de 3 anos de
idade, a infecção respiratória estreptocócica é menos fre-
quente, manifestando-se preferencialmente como rino-
faringite, raramente como amigdalite, e o risco de febre
reumática é quase inexistente.
A infecção por enterovirus pode apresentar-se como
herpangina, com lesões aftosas ou vesiculares no palato. O
quadro de faringo-conjuntivite com adenopatia pré-auricu-
lar é típico da infecção por adenovirus.
Diagnóstico
O principal desafio diagnóstico é o da distinção entre
faringite/amigdalite viral e estreptocócica. Baseada apenas
na clínica, é frequentemente imprecisa quer por os porta-
dores de infecção estreptocócica nem sempre apresentarem
o quadro clássico quer, e sobretudo, por este quadro poder
ser mimetizado por outros agentes.
Contudo, em crianças com idade superior a 3 anos com
faringite/amigdalite, a presença de febre e de odinofagia
intensa, na ausência de rinite, tosse, conjuntivite ou diar-
reia, são fortemente sugestivos de etiologia estreptocócica.
Esta probabilidade aumenta no decurso de uma epidemia
ou se outros membros da família têm faringite estreptocó-
cica confirmada bacteriologicamente.
Os exames bacteriológicos (cultura ou método de
detecção rápida) devem ser utilizados quando há sinais dis-
cordantes de etiologia estreptocócica, na criança com
amigdalites de repetição ou nos contactos com antecedentes
de febre reumática, glomerulonefrite aguda pós-estreptocó-
cica ou síndrome do choque tóxico estreptocócico.
O exame cultural do exsudado faringo-amigdalino é o
método diagnóstico de referência. O resultado é obtido, em
média, dois dias depois.
Os métodos de detecção rápida de antigénio do
Streptococcus 0-hemolítico do grupo A têm uma boa
especificidade (cerca de 90%) e razoável sensibilidade. Ou
seja, quando são positivos pode tratar-se como amigdalite
etiologia
estreptocócica
provável
Amigdalite/Faringite
febre >38°C
odinofagia intensa
sem rinite/tosse
idade 3A
sinais discordantes
de etiologia
estreptocócica
Não
*1'
etiologia ex. bacteriológico
estreptocócica do exsudado
improvável faringeo
1
antibioticoterapia
de acordo com
resultado
amoxicilina oral
ou
penicilina G benzatinica
terapêutica
sintomática
Sim
308 Abordagem Prática da Amigdalite - Faringite na Criança
estreptocócica, dispensando o exame cultural, quando nega-
tivos deve aguardar-se o resultado da cultura para a decisão
de antibioticoterapa.
* Em casos de alergia ver opções no texto
1.200.000 U. Como regra prática, podem usar-se 600.000 U
abaixo dos 15 Kg e 1.200.000 U acima dos 15 Kg de peso.
Se há história de alergia à penicilina mas não às
cefalosporinas podem utilizar-se cefalosporinas de 1a geração
como cefradina (25 mg/kg/dia em 3 tomas) ou cefadroxil
(30 mg/kg/dia em 2 tomas), durante 7 a 10 dias. Se houver
história de reacção anafilática grave deve optar-se pelos
macrólidos.
Na criança, a elevada percentagem de estirpes
resistentes aos macrólidos em Portugal (>20%) contraria a
utilização sistemática destes fármacos, que devem ser
reservados para situações de alergia aos [3-lactâmicos. É
recomendada a seguinte posologia: eritromicina 40-50
mg/kg/dia em 3 tomas; miocamicina 40-50 mg/kg/dia em
2-3 tomas; claritromicina 15 mg/kg/dia em 2 tomas (todos
durante 10 dias); azitromicina 20mg/kg/dia em 1 toma (o
dobro da dose habitual, durante 3 dias). A presença de
abcesso faringe° ou amigdalino obriga a referenciar a otor-
rinolaringologista.
Evicção escolar
A evicção escolar deve ser mantida até 24h após o iní-
cio de terapêutica adequada, período após o qual o doente
deixa de ser contagioso.
Bibliografia
Complicações
A amígdalo-faringite estreptocócica pode complicar-
-se com abcesso amigdalino ou faringe°, adenite cervical
ou, raramente, bacteriemia ou síndrome de choque tóxico.
Pode também causar complicações não supurativas, como
febre reumática ou glomerulonefrite aguda pós-estreptocó-
cica.
Terapêutica
Na criança com amigdalite ou faringite, a terapêutica
antibiótica deve ser iniciada quando o quadro clínico é
muito sugestivo de etiologia estreptocócica ou quando o
exame bacteriológico é positivo. O atraso no início da te-
rapêutica até 9 dias de doença não aumenta o risco de febre
reumática pelo que, nos outros casos, se deve adoptar uma
atitude expectante até se saber o resultado do estudo micro-
biológico.
A terapêutica de eleição continua a ser a penicilina,
não sendo conhecidas resistências. Em Portugal não existe
a formulação oral da penicilina pelo que se recorre à amo-
xicilina na dose de 50 mg/Kg/dia em 2-3 tomas durante 7-
10 dias. Podem ser utilizadas apenas duas tomas diárias de
amoxicilina porque a Concentração Inibitória Mínima
(CIM) deste fármaco para o Streptococcus f3-hemolítico do
grupo A é muito baixa. Se há dúvidas na aderência à terapêu-
tica ou não existe via oral optamos pela penicilina G ben-
zatínica na dose de 50.000 U/Kg IM até ao máximo de
1.Cherry JD: Pharyngitis (Pharyngitis, Tonsillitis, Tonsillopharyngitis,
and Nasopharyngitis). In Feigin RD: Textbook of Pediatric
Infectious Diseases, 4th ed. Saunders Company, 1998, 2; 148-56.
2. J-C Pechére (ed): Acute Bacterial Pharyngitis. Cambridge Medical
Publication, 1994, Wellingborough.
3. Wald ER, Green MD, Schwartz B, Barbadora K: A streptococcal
score card revisited. Pediatric Emergency Care 1998; 14(2): 109-11.
4. Upper respiratory tract infections-World Health Organization. In
http:/www.who.com

Recomendados

Faringoamigdalite Aguda por
Faringoamigdalite AgudaFaringoamigdalite Aguda
Faringoamigdalite AgudaBrenda Lahlou
13.3K visualizações30 slides
Coqueluxe remergência por
Coqueluxe remergênciaCoqueluxe remergência
Coqueluxe remergênciaSidnei Rodrigues de Faria
1.5K visualizações22 slides
Trabalho final de saúde publica ii por
Trabalho final de saúde publica iiTrabalho final de saúde publica ii
Trabalho final de saúde publica iiRenan Matos
2.9K visualizações86 slides
Faringite estreptocócica por
Faringite estreptocócicaFaringite estreptocócica
Faringite estreptocócicaMônica Firmida
8.7K visualizações27 slides
Doenças exantemáticas por
Doenças exantemáticasDoenças exantemáticas
Doenças exantemáticasJoão Silva
2.1K visualizações26 slides
Faringite estreptocócica por
Faringite estreptocócicaFaringite estreptocócica
Faringite estreptocócicaDANIEL COSTA
1.1K visualizações41 slides

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Coqueluche por
CoquelucheCoqueluche
CoquelucheOsmarino Gomes Pereira
1.5K visualizações17 slides
2011 02 doenças exantemáticas na infância por
2011 02 doenças exantemáticas na infância2011 02 doenças exantemáticas na infância
2011 02 doenças exantemáticas na infânciaLeonardo Savassi
14.4K visualizações34 slides
Coqueluche: situação vacinal por
Coqueluche: situação vacinalCoqueluche: situação vacinal
Coqueluche: situação vacinalDouglas Tedesco
2.8K visualizações10 slides
OTITES & AMIGDALITES por
OTITES & AMIGDALITESOTITES & AMIGDALITES
OTITES & AMIGDALITESBrenda Lahlou
4.2K visualizações45 slides
Doenças frequentes da infancia - pediatria por
Doenças frequentes da infancia - pediatriaDoenças frequentes da infancia - pediatria
Doenças frequentes da infancia - pediatriaGabriel Jefferson Oliveira
8.3K visualizações12 slides
Otimização no tratamento das infecções respiratórias por
Otimização no tratamento das infecções respiratóriasOtimização no tratamento das infecções respiratórias
Otimização no tratamento das infecções respiratóriasblogped1
820 visualizações3 slides

Mais procurados(20)

2011 02 doenças exantemáticas na infância por Leonardo Savassi
2011 02 doenças exantemáticas na infância2011 02 doenças exantemáticas na infância
2011 02 doenças exantemáticas na infância
Leonardo Savassi14.4K visualizações
Coqueluche: situação vacinal por Douglas Tedesco
Coqueluche: situação vacinalCoqueluche: situação vacinal
Coqueluche: situação vacinal
Douglas Tedesco2.8K visualizações
OTITES & AMIGDALITES por Brenda Lahlou
OTITES & AMIGDALITESOTITES & AMIGDALITES
OTITES & AMIGDALITES
Brenda Lahlou4.2K visualizações
Otimização no tratamento das infecções respiratórias por blogped1
Otimização no tratamento das infecções respiratóriasOtimização no tratamento das infecções respiratórias
Otimização no tratamento das infecções respiratórias
blogped1820 visualizações
Doenças+exantemática por blogped1
Doenças+exantemáticaDoenças+exantemática
Doenças+exantemática
blogped112.2K visualizações
Amigdalite ppt por Marco Pires
Amigdalite pptAmigdalite ppt
Amigdalite ppt
Marco Pires1.5K visualizações
Precaução (isolamento) em casos suspeitos ou confirmados de infecção por víru... por Vagner Machado
Precaução (isolamento) em casos suspeitos ou confirmados de infecção por víru...Precaução (isolamento) em casos suspeitos ou confirmados de infecção por víru...
Precaução (isolamento) em casos suspeitos ou confirmados de infecção por víru...
Vagner Machado1.5K visualizações
Doenças comuns em crianças. por Cintia da Cruz Silva
Doenças comuns em crianças.Doenças comuns em crianças.
Doenças comuns em crianças.
Cintia da Cruz Silva8.1K visualizações
Amigdalites e otites na pediatria por Amanda Thomé
Amigdalites e otites na pediatriaAmigdalites e otites na pediatria
Amigdalites e otites na pediatria
Amanda Thomé6.5K visualizações
Pneumonias - Aula de Microbiologia por Pedro Oliveira Santos
Pneumonias - Aula de MicrobiologiaPneumonias - Aula de Microbiologia
Pneumonias - Aula de Microbiologia
Pedro Oliveira Santos45.8K visualizações
1º curso de doenças exantemáticas por Luciano Rodrigues
1º curso de doenças exantemáticas1º curso de doenças exantemáticas
1º curso de doenças exantemáticas
Luciano Rodrigues1.4K visualizações
Folder das Doenças Exantemáticas por Professor Robson
Folder das Doenças ExantemáticasFolder das Doenças Exantemáticas
Folder das Doenças Exantemáticas
Professor Robson3.8K visualizações
Doenças exantemáticas nessa por Vanessa Boeira
Doenças exantemáticas  nessaDoenças exantemáticas  nessa
Doenças exantemáticas nessa
Vanessa Boeira4.3K visualizações
Coqueluche doença por Elaine Carvalho
Coqueluche doença Coqueluche doença
Coqueluche doença
Elaine Carvalho7.1K visualizações
Difteria e Tétano - Imunização por Julio Cesar Matias
Difteria e Tétano - ImunizaçãoDifteria e Tétano - Imunização
Difteria e Tétano - Imunização
Julio Cesar Matias3.9K visualizações
Trabalho pronto por 2° Ta - cotuca
Trabalho prontoTrabalho pronto
Trabalho pronto
2° Ta - cotuca50.4K visualizações
Doenças exantemáticas por Karina Pereira
 Doenças exantemáticas Doenças exantemáticas
Doenças exantemáticas
Karina Pereira18.9K visualizações
Resumo doenças exantemáticas por Lívia Zadra
Resumo doenças exantemáticasResumo doenças exantemáticas
Resumo doenças exantemáticas
Lívia Zadra4.8K visualizações

Similar a 5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915

Pneumonias.pdf por
Pneumonias.pdfPneumonias.pdf
Pneumonias.pdfEvertonMonteiro19
7 visualizações37 slides
Cachumba por
Cachumba Cachumba
Cachumba Karine Soares
329 visualizações5 slides
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptx por
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptxfisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptx
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptxRaqueli Viecili
35 visualizações84 slides
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdf por
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdffisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdf
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdfRaqueli Viecili
31 visualizações84 slides
1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni... por
1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni...1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni...
1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni...Pelo Siro
937 visualizações50 slides
Seminário tópicos integradores por
Seminário tópicos integradoresSeminário tópicos integradores
Seminário tópicos integradoresLaíz Coutinho
2.6K visualizações27 slides

Similar a 5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915(20)

Cachumba por Karine Soares
Cachumba Cachumba
Cachumba
Karine Soares329 visualizações
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptx por Raqueli Viecili
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptxfisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptx
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress (1).pptx
Raqueli Viecili35 visualizações
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdf por Raqueli Viecili
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdffisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdf
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pdf
Raqueli Viecili31 visualizações
1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni... por Pelo Siro
1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni...1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni...
1188746976 saude reprodutiva-doencas_infecciosas_e_gravidez_orientacoes_tecni...
Pelo Siro937 visualizações
Seminário tópicos integradores por Laíz Coutinho
Seminário tópicos integradoresSeminário tópicos integradores
Seminário tópicos integradores
Laíz Coutinho2.6K visualizações
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx por Raqueli Viecili
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptxfisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx
fisioterapia-em-neonatologia-e-pediatria_compress.pptx
Raqueli Viecili22 visualizações
1. pneumonias (06 jan2015) por Mônica Firmida
1. pneumonias (06 jan2015)1. pneumonias (06 jan2015)
1. pneumonias (06 jan2015)
Mônica Firmida3.6K visualizações
Pneumonia-afebril-do-lactente.ppt por LavniaSantana4
Pneumonia-afebril-do-lactente.pptPneumonia-afebril-do-lactente.ppt
Pneumonia-afebril-do-lactente.ppt
LavniaSantana458 visualizações
Lactente sibilante 2014 husp por Amilcare Vecchi
Lactente sibilante 2014 huspLactente sibilante 2014 husp
Lactente sibilante 2014 husp
Amilcare Vecchi2.3K visualizações
Diretrizes+brasileiras+em+pneumonia+adquirida+na+comunidade+em por Arquivo-FClinico
Diretrizes+brasileiras+em+pneumonia+adquirida+na+comunidade+emDiretrizes+brasileiras+em+pneumonia+adquirida+na+comunidade+em
Diretrizes+brasileiras+em+pneumonia+adquirida+na+comunidade+em
Arquivo-FClinico4.3K visualizações
Protocolo do herpes por tvf
Protocolo do herpesProtocolo do herpes
Protocolo do herpes
tvf2.4K visualizações
Distúrbios respiratórios agudos no P.S. infantil: laringite x crise asmática por Laped Ufrn
Distúrbios respiratórios agudos no P.S. infantil: laringite x crise asmáticaDistúrbios respiratórios agudos no P.S. infantil: laringite x crise asmática
Distúrbios respiratórios agudos no P.S. infantil: laringite x crise asmática
Laped Ufrn11.1K visualizações
Artigo ivas2 por Dâmaris
Artigo ivas2Artigo ivas2
Artigo ivas2
Dâmaris80 visualizações
Artigo10 por Patricia Silva
Artigo10Artigo10
Artigo10
Patricia Silva113 visualizações
Toxoplasmose congênita por Amanda Thomé
Toxoplasmose congênita Toxoplasmose congênita
Toxoplasmose congênita
Amanda Thomé20.3K visualizações

Mais de Thiago Bezerra

Apresentacao.pptx por
Apresentacao.pptxApresentacao.pptx
Apresentacao.pptxThiago Bezerra
24 visualizações30 slides
Slides quedas por
Slides quedasSlides quedas
Slides quedasThiago Bezerra
36 visualizações3 slides
5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915 por
5109 texto do trabalho-13124-1-10-201409155109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915
5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915Thiago Bezerra
29 visualizações2 slides
Patologia benigna do corpo uterino por
Patologia benigna do corpo uterinoPatologia benigna do corpo uterino
Patologia benigna do corpo uterinoThiago Bezerra
125 visualizações47 slides
Centrada na pessoa idosa por
Centrada na pessoa idosaCentrada na pessoa idosa
Centrada na pessoa idosaThiago Bezerra
164 visualizações7 slides
Diabetes 2014 por
Diabetes 2014Diabetes 2014
Diabetes 2014Thiago Bezerra
340 visualizações45 slides

Mais de Thiago Bezerra(6)

Apresentacao.pptx por Thiago Bezerra
Apresentacao.pptxApresentacao.pptx
Apresentacao.pptx
Thiago Bezerra24 visualizações
Slides quedas por Thiago Bezerra
Slides quedasSlides quedas
Slides quedas
Thiago Bezerra36 visualizações
5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915 por Thiago Bezerra
5109 texto do trabalho-13124-1-10-201409155109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915
5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915
Thiago Bezerra29 visualizações
Patologia benigna do corpo uterino por Thiago Bezerra
Patologia benigna do corpo uterinoPatologia benigna do corpo uterino
Patologia benigna do corpo uterino
Thiago Bezerra125 visualizações
Centrada na pessoa idosa por Thiago Bezerra
Centrada na pessoa idosaCentrada na pessoa idosa
Centrada na pessoa idosa
Thiago Bezerra164 visualizações
Diabetes 2014 por Thiago Bezerra
Diabetes 2014Diabetes 2014
Diabetes 2014
Thiago Bezerra340 visualizações

Último

Apresentação-01.pdf por
Apresentação-01.pdfApresentação-01.pdf
Apresentação-01.pdfRaugeLima1
49 visualizações6 slides
novospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdf por
novospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdfnovospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdf
novospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdfAngelaRamos98
7 visualizações96 slides
Apresentação de Rubem por
Apresentação de RubemApresentação de Rubem
Apresentação de RubemRubemCrisneySalgadod
32 visualizações26 slides
ondulatoria.docx por
ondulatoria.docxondulatoria.docx
ondulatoria.docxJeffersonTavaresTorr
5 visualizações6 slides
ATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdf por
ATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdfATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdf
ATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdfPrimeEducacional
8 visualizações2 slides
Sistema reprodutor feminino por
Sistema reprodutor femininoSistema reprodutor feminino
Sistema reprodutor femininoquimicatrabalho757
8 visualizações14 slides

Último(6)

Apresentação-01.pdf por RaugeLima1
Apresentação-01.pdfApresentação-01.pdf
Apresentação-01.pdf
RaugeLima149 visualizações
novospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdf por AngelaRamos98
novospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdfnovospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdf
novospercursosprofissionais_portugues1_Asa.pdf
AngelaRamos987 visualizações
ATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdf por PrimeEducacional
ATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdfATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdf
ATIVIDADE 03 - FAR - ATENÇÃO FARMACÊUTICA E SERVIÇOS FARMACÊUTICOS - 542023.pdf
PrimeEducacional8 visualizações
Sistema reprodutor feminino por quimicatrabalho757
Sistema reprodutor femininoSistema reprodutor feminino
Sistema reprodutor feminino
quimicatrabalho7578 visualizações

5109 texto do trabalho-13124-1-10-20140915

  • 1. Acta Pediatr. Port., 2003; N° 4; Vol. 34: 307-308 RECOMENDAÇÕES DAS SECÇÕES Abordagem Prática da Amigdalite - Faringite na Criança PAULA CORREIA, JOSÉ GONÇALO MARQUES, CARLOS CANHOTA, TERESA LIBÓRIO, PAULA VALENTE Secção de Infecciologia Pediátrica da Sociedade Portuguesa de Pediatria e Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral Etiologia e Epidemiologia A maioria dos casos de faringite e amigdalite na cri- ança são de causa viral. O predomínio da infecção viral é ainda maior abaixo dos 3 anos de idade, um grupo onde a infecção faríngea de causa bacteriana é pouco frequente. Adenovirus, enterovírus, Epstein-Barr, influenza e parain- fluenza são os vírus mais frequentemente envolvidos nesta infecção. A etiologia bacteriana mais comum é por Streptococcus pyogenes (j3-hemolítico do grupo A). Esta apresenta uma distribuição etária bimodal, com um primeiro pico de incidência entre os 5 e os 7 anos e um segundo pico entre os 12 e os 13 anos. A infecção estreptocócica dissemina-se através do contacto directo com as secreções da garganta ou nariz de pessoas infectadas, propagando-se rapidamente em comu- nidades fechadas tais como escolas, infantários ou lares. Excepcionalmente, pode haver infecção por contacto com portadores assintomáticos. As crianças têm um papel importante na transmissão da infecção, tanto no seio familiar como na comunidade. Clínica A amigdalo-faringite estreptocócica clássica ocorre em crianças em idade escolar e caracteriza-se pelo início súbito de febre, odinofagia, adenopatias cervicais anteriores dolorosas, cefaleias, náuseas e dor abdominal, na ausência de sintomas típicos de infecção viral das vias respiratórias altas tais como rinorreia, tosse ou conjuntivite. A oro- faringe tem aspecto francamente eritematoso, vermelho vivo, podendo associar-se ou não à presença de petéquias no palato ou de exsudado purulento. O ponteado esbran- quiçado não é patognomónico da infecção estreptocócica e encontra-se em muitos casos de amigdalite virai no lactente. A presença de escarlatina é o sinal mais fiável de etiologia estreptocócica. Na criança menor de 3 anos de idade, a infecção respiratória estreptocócica é menos fre- quente, manifestando-se preferencialmente como rino- faringite, raramente como amigdalite, e o risco de febre reumática é quase inexistente. A infecção por enterovirus pode apresentar-se como herpangina, com lesões aftosas ou vesiculares no palato. O quadro de faringo-conjuntivite com adenopatia pré-auricu- lar é típico da infecção por adenovirus. Diagnóstico O principal desafio diagnóstico é o da distinção entre faringite/amigdalite viral e estreptocócica. Baseada apenas na clínica, é frequentemente imprecisa quer por os porta- dores de infecção estreptocócica nem sempre apresentarem o quadro clássico quer, e sobretudo, por este quadro poder ser mimetizado por outros agentes. Contudo, em crianças com idade superior a 3 anos com faringite/amigdalite, a presença de febre e de odinofagia intensa, na ausência de rinite, tosse, conjuntivite ou diar- reia, são fortemente sugestivos de etiologia estreptocócica. Esta probabilidade aumenta no decurso de uma epidemia ou se outros membros da família têm faringite estreptocó- cica confirmada bacteriologicamente. Os exames bacteriológicos (cultura ou método de detecção rápida) devem ser utilizados quando há sinais dis- cordantes de etiologia estreptocócica, na criança com amigdalites de repetição ou nos contactos com antecedentes de febre reumática, glomerulonefrite aguda pós-estreptocó- cica ou síndrome do choque tóxico estreptocócico. O exame cultural do exsudado faringo-amigdalino é o método diagnóstico de referência. O resultado é obtido, em média, dois dias depois. Os métodos de detecção rápida de antigénio do Streptococcus 0-hemolítico do grupo A têm uma boa especificidade (cerca de 90%) e razoável sensibilidade. Ou seja, quando são positivos pode tratar-se como amigdalite
  • 2. etiologia estreptocócica provável Amigdalite/Faringite febre >38°C odinofagia intensa sem rinite/tosse idade 3A sinais discordantes de etiologia estreptocócica Não *1' etiologia ex. bacteriológico estreptocócica do exsudado improvável faringeo 1 antibioticoterapia de acordo com resultado amoxicilina oral ou penicilina G benzatinica terapêutica sintomática Sim 308 Abordagem Prática da Amigdalite - Faringite na Criança estreptocócica, dispensando o exame cultural, quando nega- tivos deve aguardar-se o resultado da cultura para a decisão de antibioticoterapa. * Em casos de alergia ver opções no texto 1.200.000 U. Como regra prática, podem usar-se 600.000 U abaixo dos 15 Kg e 1.200.000 U acima dos 15 Kg de peso. Se há história de alergia à penicilina mas não às cefalosporinas podem utilizar-se cefalosporinas de 1a geração como cefradina (25 mg/kg/dia em 3 tomas) ou cefadroxil (30 mg/kg/dia em 2 tomas), durante 7 a 10 dias. Se houver história de reacção anafilática grave deve optar-se pelos macrólidos. Na criança, a elevada percentagem de estirpes resistentes aos macrólidos em Portugal (>20%) contraria a utilização sistemática destes fármacos, que devem ser reservados para situações de alergia aos [3-lactâmicos. É recomendada a seguinte posologia: eritromicina 40-50 mg/kg/dia em 3 tomas; miocamicina 40-50 mg/kg/dia em 2-3 tomas; claritromicina 15 mg/kg/dia em 2 tomas (todos durante 10 dias); azitromicina 20mg/kg/dia em 1 toma (o dobro da dose habitual, durante 3 dias). A presença de abcesso faringe° ou amigdalino obriga a referenciar a otor- rinolaringologista. Evicção escolar A evicção escolar deve ser mantida até 24h após o iní- cio de terapêutica adequada, período após o qual o doente deixa de ser contagioso. Bibliografia Complicações A amígdalo-faringite estreptocócica pode complicar- -se com abcesso amigdalino ou faringe°, adenite cervical ou, raramente, bacteriemia ou síndrome de choque tóxico. Pode também causar complicações não supurativas, como febre reumática ou glomerulonefrite aguda pós-estreptocó- cica. Terapêutica Na criança com amigdalite ou faringite, a terapêutica antibiótica deve ser iniciada quando o quadro clínico é muito sugestivo de etiologia estreptocócica ou quando o exame bacteriológico é positivo. O atraso no início da te- rapêutica até 9 dias de doença não aumenta o risco de febre reumática pelo que, nos outros casos, se deve adoptar uma atitude expectante até se saber o resultado do estudo micro- biológico. A terapêutica de eleição continua a ser a penicilina, não sendo conhecidas resistências. Em Portugal não existe a formulação oral da penicilina pelo que se recorre à amo- xicilina na dose de 50 mg/Kg/dia em 2-3 tomas durante 7- 10 dias. Podem ser utilizadas apenas duas tomas diárias de amoxicilina porque a Concentração Inibitória Mínima (CIM) deste fármaco para o Streptococcus f3-hemolítico do grupo A é muito baixa. Se há dúvidas na aderência à terapêu- tica ou não existe via oral optamos pela penicilina G ben- zatínica na dose de 50.000 U/Kg IM até ao máximo de 1.Cherry JD: Pharyngitis (Pharyngitis, Tonsillitis, Tonsillopharyngitis, and Nasopharyngitis). In Feigin RD: Textbook of Pediatric Infectious Diseases, 4th ed. Saunders Company, 1998, 2; 148-56. 2. J-C Pechére (ed): Acute Bacterial Pharyngitis. Cambridge Medical Publication, 1994, Wellingborough. 3. Wald ER, Green MD, Schwartz B, Barbadora K: A streptococcal score card revisited. Pediatric Emergency Care 1998; 14(2): 109-11. 4. Upper respiratory tract infections-World Health Organization. In http:/www.who.com