2. O que são afetos, emoções e sentimentos?
Por que a afetividade é importante para o
entendimento do ser humano?
Qual é a relação entre afetividade e
aprendizagem?
Como a afetividade deve permear a relação
professor – aluno? O que esperar dessa
relação no ensino superior?
3. Um conjunto de fenômenos psíquicos que se
manifestam sob a forma de emoções,
sentimentos e paixões, acompanhados sempre
da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou
insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria
ou tristeza.
A um afeto sempre está relacionada uma ideia.
Sempre sentimos algo sobre alguma coisa.
O afeto sem associação a uma ideia pode trazer
sensações de desconforto psicológico.
Os afetos nem sempre são conscientes. Algumas
vezes, não temos total clareza a que ideias eles
se relacionam.
4. As emoções são expressões afetivas
acompanhadas de reações intensas e breves do
organismo, em resposta a um acontecimento
inesperado ou, às vezes, a um acontecimento
muito aguardado (fantasiado).
Nas emoções é possível observar uma relação
entre os afetos e a organização corporal, ou
seja, as reações orgânicas, as modificações que
ocorrem no organismo, como distúrbios
gastrointestinais, cardiorrespiratórios, sudores
e, tremor.
Um exemplo comum é a alteração do
batimento cardíaco.
5. Durante muito tempo, acreditou-se no
coração como o lugar da emoção, talvez pelo
fato de, ao manifestar-se, vir freqüentemente
acompanhada de fortes batimentos cardíacos.
Por isso, até hoje desenhamos corações para
dizer que estamos apaixonados.
Outras reações orgânicas acompanham as
emoções e revelam vivências ou estados
emocionais do indivíduo: tremor, riso, choro,
lágrimas, expressões faciais etc. As reações
orgânicas fogem ao nosso controle.
6. As reações emocionais orgânicas são, até certo ponto,
aprendidas, ou seja, nosso organismo pode responder de
diversas maneiras a uma situação, mas a cultura ―escolhe‖ as
formas mais adequadas para se expressar as emoções em
determinadas situações e/ou tipo de pessoas (por exemplo, de
acordo com a idade, o sexo ou a posição social). Exemplo:
―Homem não chora.‖
Assim, durante nossa socialização, aprendemos essas formas de
expressão das emoções aceitas pelo grupo a que pertencemos. E
não seguir essas convenções pode nos trazer prejuízos sociais e
profissionais. Exemplo: não se pode chorar ou gargalhar no
ambiente de trabalho quando se tem vontade.
As emoções são muitas: surpresa, raiva, nojo, medo, vergonha,
tristeza, desprezo, alegria, paixão, atração física — ora são mais
difusas, ora mais conscientes; às vezes encobertas, às vezes não.
7. Os afetos básicos (amor e ódio), além de se
manifestarem como emoções, podem expressar-
se como sentimentos.
Os sentimentos diferem das emoções por serem
mais duradouros, menos ―explosivos‖ e por não
virem acompanhados de reações orgânicas
intensas.
Assim, consideramos a paixão uma emoção, e o
enamoramento, a ternura, a
amizade, consideramos sentimentos, isto
é, manifestações do mesmo afeto básico — o
amor.
8. A afetividade é parte integrante de nossa subjetividade.
Nossas expressões não podem ser compreendidas, se não
considerarmos os afetos que as acompanham.
E, mesmo os pensamentos, as fantasias — aquilo que fica
contido em nós — só têm sentido se sabemos o afeto que os
acompanham. Por exemplo, aquela idéia de que o melhor
amigo irá se sair mal em uma competição, só adquire sentido
quando descobrimos que sua origem está na inveja que se
tem dele.
Nossa vida afetiva é composta de dois afetos básicos: o amor
e ódio. Esses dois afetos estão presentes em nossa vida
psíquica e também estão juntos em nossas expressões, ações
e pensamentos.
9. São nossos afetos que dão o colorido especial à
conduta de cada um e às nossas vidas. Eles se
expressam nos desejos, sonhos, fantasias,
expectativas, nas palavras, nos gestos, no que
fazemos e pensamos. É o que nos faz viver.
Quando entramos em contato com o meio físico
e social, recebemos estímulos através de nossos
órgãos e sentidos. Esses estímulos chegam ao
nosso mundo interno e lá recebem significações.
Sentimentos, então algo em relação a eles. Por
exemplo, gostamos ou não gostamos, é nos
prazeroso ou não.
10. A afetividade é o território das emoções, das
paixões e dos sentimentos.
A aprendizagem, território do conhecimento,
da descoberta e da atividade.
Tanto a afetividade como a aprendizagem são
considerados fenômenos complexos e
multideterminados, definidos por processos
individuais internos que se desenvolvem
através do convívio humano.
11. A sala de aula é um espaço de vivência, de
convivência e de relações pedagógicas, espaço
constituído pela diversidade e heterogeneidade
de idéias, valores e crenças de pessoas com
personalidades e histórias diferentes.
Assim, é impregnado de significado. E é espaço
de formação humana, onde a experiência
pedagógica – ensinar e aprender – desenvolve-se
através do vínculo afetivo, que tem uma
dimensão histórica, intersubjetiva e intra-
subjetiva.
12. Na teoria de Henri Wallon, a dimensão afetiva é
destacada de forma significativa na construção
da pessoa e do conhecimento.
Afetividade e inteligência, apesar de terem
funções definidas e diferenciadas, são
inseparáveis na evolução psíquica.
Entre o aspecto cognitivo e afetivo existe
oposição e complementaridade.
Dependendo da atividade há a preponderância do
afetivo ou do cognitivo;não se trata da exclusão
de um em relação ao outro, mas sim, de
alternâncias em que um se submerge para que o
outro possa fluir.
13. A escola é um campo fértil, onde essas
relações a todo tempo se evidenciam, seja
através dos conflitos e oposições, seja do
diálogo e da interação.
Para Wallon, os conflitos são essenciais ao
desenvolvimento da personalidade.
14. A afetividade é fundamental na formação da
auto-estima do indivíduo.
Entende-se por auto-estima, a capacidade do
indivíduo em apreciar ou não as suas
características de personalidade. É o apreço que
temos por sermos como somos.
O papel da escola, enquanto relação professor e
aluno, é de suma importância para que a
formação da auto-estima seja pautada em
segurança, autonomia de idéias, conceitos que o
próprio aluno tenha de si e que contribuem para
seu desempenho escolar e de sua vida como um
todo.
15. A questão da afetividade e auto-estima é uma
preocupação mundial.
A afetividade no trato com as pessoas é um
pressuposto para o resgate de valores humanos
esquecidos por nós no do dia-a-dia.
Como se pode ver a escola, como parte
integrante e fundamental em uma sociedade, não
pode ficar alheia a esta busca.
Apropria-se de pensamentos de teóricos como
WALLON, PIAGET e VYGOTSKY, para basear suas
ações pedagógicas e transformar a relação
professor e aluno em um momento mais rico no
processo ensino-aprendizagem.
16. É fato mais do que constatado de que o
professor tem papel fundamental no
desenvolvimento global do aluno.
Muitas vezes, ele é a única pessoa que pode
reconhecer esse aluno como ser dotado de
sonhos, desejos e muita vontade de mudar a
história de sua existência.
Porém, tratar o aluno com afeto não significa
tratá-lo com beijos, abraços ou procurando
agradá-lo, significa apenas que devemos acordar
e tomar atitudes que nos leve a sair de nossa
indiferença, porque essa ―indiferença‖ é
justamente a falta de afetividade.
17. Numa sala de aula onde a afetividade é levada em
consideração, provavelmente formará indivíduos com
condições para lidar com seus sentimentos o que
contribuirá para um mundo menos agressivo.
Para que isso aconteça, é preciso que haja uma
relação de respeito e cumplicidade entre professor e
aluno.
E isso só será possível se houver autoridade por parte
do professor.
A palavra autoridade possui a mesma raiz da palavra
autor. E, ser autor é ter a capacidade de fazer
algo, de criar algo.
Autoridade está atrelada à responsabilidade.
18. O professor precisa sentir-se responsável.
Ao reconhecer a importância do os alunos
pensam e sentem, o professor terá autoridade,
pois todo ser humano que se sente escutado e
acolhido consegue respeitar as regras existentes
em uma instituição (a sala de aula é uma
instituição).
Portanto, afeto e autoridade são palavras que
devem estar presentes na relação professor e
aluno.
Outra questão importante são os afetos
inconscientes: às vezes, alunos e professores
―projetam‖ uns nos outros simpatias e antipatias
que não são claramente compreendidas.
19. O diálogo estabelecido entre professor e aluno é fator
importante no processo de aprendizagem, visto que
forma elos afetivos que despertam o interesse e a
motivação, levando os alunos a executarem suas
tarefas com boa vontade.
Porém, as concepções e experiências de diálogo são
diferentes entre alunos e professores, nem sempre
conciliáveis.
O professor pode até ter uma noção de diálogo como
quando fala, escuta e busca comum de soluções, mas
pode resvalar no autoritarismo.
O aluno pode estar querendo uma espécie de diálogo
onde ele seja ouvido, mas de forma mais pessoal do
que acadêmica. Pode querer falar mais dos seus
afetos do que das suas ideias e vice-versa.
20. Aprender é um processo dinâmico e
pessoal, complexo, que sofre influências
ambientais como do próprio sujeito que
aprende.
É essencial que se promova uma participação
efetiva do aluno no processo de
aprendizagem.
Sempre que possível, é necessário propiciar
oportunidades de práticas para uma
aprendizagem mais significativa e o
desenvolvimento da criatividade e da auto-
confiança no aluno e no professor.
21. A ―receita é simples‖:
O aumento da auto-confiança e da auto-
estima aumenta as possibilidade de um
melhor desempenho acadêmico pois o aluno
passa a usar seus afetos de forma a
potencializar o uso das estratégias
cognitivas, como a memória, a atenção e a
motivação.
22. A atividade de pesquisa, característica dos
processos educacionais no ensino superior é
extremamente dependente do equilíbrio
emocional e do bom uso da motivação e da
auto-estima.
O ato de educar só terá sucesso se houver
uma relação afetiva entre professor e aluno,
caso contrário, a aprendizagem não será
significativa e não preparará o indivíduo para
uma vida futura, deixando lacunas no
processo ensino-aprendizagem.
23. ―A educação é um processo
social, é desenvolvimento. Não
é a preparação para a vida, é a
própria vida.‖
John Dewey
24. BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L.T. Psicologias: Uma
introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2009.
SOBRAL, M. L. A influência da afetividade no ambiente pedagógico.
Disponível em http://veterinariosnodiva.com.br/books/afetividade-
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SOUZA, M. M. A. C. A afetividade na formação da auto-estima do
Aluno. Disponível em
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