ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
Projeções cartográficas: Mercator x Peters
1. GEOGRAFIA 1
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
Uma Projeção Cartográfica é o resultado de um processo de
conversão ou transformação de coordenadas de um ponto na
superfície de uma esfera (latitude/longitude) para coordenadas em
um plano (x/y). Nesta conversão, as distorções acontecem. Qualquer
projeção tem uma distorção embutida. Escolher uma determinada
projeção para minimizar a distorção em uma área a ser
cartografada é um problema que faz parte do dia-a-dia dos
cartógrafos há muito tempo.
As Projeções Cartográficas já eram conhecidas, usadas e
discutidas na Grécia Antiga antes de 200 AC. O famoso astrônomo
grego Claudius Ptolomeu (aproximadamente 150 DC) escreveu
extensivamente sobre assunto. Os europeus, sempre um pouco atrás,
só começaram a se preocupar com o assunto no princípio do Século
16 (quando finalmente se deram conta que o mundo era uma esfera - ou
quase).
Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as
projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e
um plano, que é o mapa, são:
a) Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no
plano) e as áreas são deformadas.
b) Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e os
ângulos deformados.
c) Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se
deformados.
1. Projeção cartográfica de Mercator – conformes
A projeção de Mercator foi apresentada em 1569 pelo geógrafo e
cartógrafo flamengo Gerhard Kremer (de sobrenome latino Gerardus
Mercator), através de um grande planisfério de dimensões 202x124
cm, composto por dezoito folhas impressas.
Tal como em todas as projeções cilíndricas, os meridianos e
paralelos são representados por segmentos de reta perpendiculares
entre si, e os meridianos são eqüidistantes. Essa geometria faz com
que a superfície da Terra seja deformada na direção leste-oeste,
tanto mais quanto maior for a latitude. Na projeção de Mercator, o
espaçamento entre paralelos adjacentes aumenta com a latitude, de
modo a que aquela deformação (na direção leste-oeste) seja
acompanhada por idêntica deformação na direção norte-sul). Isto
tem como conseqüência que a escala da projeção aumente também
com a latitude, tornando-se infinita nos pólos (o que impede a sua
representação). Tratando-se de uma projeção conforme, a escala
não varia com a direção e os ângulos são conservados em torno de
todos os pontos. Contudo, e tal como em qualquer outra projeção
cartográfica, a escala varia de lugar para lugar, distorcendo a forma
2. GEOGRAFIA 2
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
dos objetos geográficos representados. Em particular, as áreas são
fortemente afetadas, transmitindo uma imagem errada da geometria
do nosso planeta. Por exemplo, a Groenlândia é representada com
uma área idêntica à de África, muito embora ela seja, na realidade,
cerca de 13 vezes menor.
Na projeção de Mercator, as linhas que, à superfície da Terra,
fazem um ângulo constante com os meridianos (linhas de rumo
constante, ou loxodrómias) são representadas por segmentos de reta.
Este é precisamente o tipo de trajeto praticado pelos navios no mar,
onde as bússolas são utilizadas para indicar as direções geográficas
e dirigir os navios nas suas rotas. As duas propriedades referidas – a
conformidade e a representação das linhas de rumo por segmentos
de reta - , fazem com que esta projeção seja particularmente
apropriada para apoiar a navegação marítima: rumos e azimutes
são medidos diretamente na carta, através de transferidores ou das
rosas-dos-ventos aí impressas, e as correspondentes direções podem
facilmente ser transferidas para outros locais da carta, utilizando
réguas de paralelas ou um par de esquadros de navegação.
2. Projeção cartográfica de Peters – equivalentes
A Projeção de Gall-Peters é um tipo de projeção cartográfica dita
cilíndrica e equivalente. As retas perpendiculares aos paralelos e as
linhas meridicanas têm intervalos menores, o que resulta numa
reprodução fiel das áreas dos continentes à custa de uma maior
deformação do formato dos mesmos. Esta projeção surgiu em 1973,
e suscitou debates acalorados entre os cartógrafos, devido às
implicações políticas de suas características.
A projeção de Gall-Peters é dita "terceiro-mundista", por dar um
realce maior às nações que historicamente compõem a parte mais
3. GEOGRAFIA 3
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
pobre do mundo. Arno Peters o batizou de "mapa para um mundo mais
solidário". Os países situados em altas latitudes são relegados a um
segundo plano, ao contrário da projeção de Mercator. A maior
diferença da projeção de Gall-Peters para a representação de
Mercator é a redução do tamanho do continente europeu e o
aumento considerável do continente africano. Todavia, continua
sendo um mapa pouco conhecido, e poucas editoras fazem menção a
ele em seus livros e cartas geográficas.