Este documento descreve as características físicas e biológicas das serpentes. As serpentes evoluíram a partir de lagartos há mais de 130 milhões de anos, perdendo membros locomotores e desenvolvendo corpos alongados e escamas. Elas se locomovem de forma ágil usando ondulações do corpo ou movimentos laterais e possuem órgãos sensoriais adaptados como olhos e fossas loreais. As serpentes se reproduzem no verão e os filhotes nascem vivos ou de ovos, e
1. Há mais de 130 milhões de anos sobre a face da
terra, as serpentes se desenvolveram como animais
vertebrados altamente versáteis
Pertencem a ordem Squamata que é dividida
nas subordens Sauria (lagartos) e Ophidia
(serpentes)
Serpentes são lagartos especializados que ao
longo da evolução perderam seus membros
locomotores
2. Ausência total de pernas e braços porém com
locomoção ágil e rápida, além de silenciosa e de
deixar poucos rastros
Para se locomover precisa de uma superfície
onde seu corpo consiga se agarrar, que tenha
alguma resistência ao seu movimento
São capazes de nadar: serpentes peçonhentas
brasileiras não tem a água como habitat
3. Corpo extremamente longilíneo
Têm vísceras que cumprem todas as funções
que conhecemos nos mamíferos como aquelas
próprias do cérebro, coração, pulmão, fígado, rim,
tubo digestivo e órgão sexuais
Devido ao formato do corpo os órgão pares
(rins, ovários, testículos) não estão em posição
simétrica e sim, um mais a frente do que outro
4. Só têm um pulmão
Não possuem bexiga: os rins secretam ácido
úrico na cloaca (bolsa onde também se esvazia o
intestino)
São animais vertebrados: cabeça, vértebras e
costela
Pele coberta por escamas, muito elástica e
dilatável
5. Não possuem orelhas
As ondas de som, provenientes do ar atingem
sua pele e são transferidas dos músculos para os
ossos
Quando o som atinge o osso do ouvido, sob o
crânio, envia vibrações para o ouvido interno
Cérebro processa o som
6. Não vêem cores, mas seus olhos têm uma
combinação de receptores luminosos
A complexidade dos olhos varia entre as
espécies devido aos seus diferentes estilos de vida
Algumas espécies (Jibóias e Pítons), têm um
segundo instrumento visual: órgãos receptores
dentro de sulcos nas suas cabeças, percebem as
fontes de calor com se fossem óculos
infravermelhos
7. Os olhos estão sempre abertos, pois não
possuem pálpebras
Pupílas redondas nos ofídios de hábitos diurnos
e em forma de fenda bem fechada nos de hábitos
noturnos
8. Inspiram os odores que há no ar para dentro
das aberturas nasais e os levam para uma câmara
olfatória onde é feito o processamento
Sistema secundário: vibra a língua e junta as
partículas de odor, que são transferidas para o céu
da boca órgãos de Jacobson segunda
câmara olfatória menor
Língua (bífida) é apenas utilizada para ajudar
nesse processo, pois as cobras não têm o sentido
do paladar
9. Percorre quase toda a extensão do corpo e
inclui: boca; esôfago; intestino delgado; intestino
grosso e ânus
Todos podendo se distender para digerir pressas
maiores que o diâmetro da própria cobra.
Quando sua boca está cheia, ela precisa
estender sua traquéia, além da comida e para fora
de modo a continuar respirando.
10. Não têm um diafragma, portanto fazem o ar
entrar e sair dos pulmões estreitando a caixa
torácica para empurrar o ar para fora, e depois
alargando – a para criar um vácuo que suga o ar
para dentro
Após cada ciclo respiratório elas experimentam
uma apnéia (parada respiratória) que dura poucos
segundos até alguns minutos
Para processar oxigênio, todas as cobras têm
pulmão direito alongado
11. Mandíbulas expansíveis = capturar animais
maiores e ingerí-los inteiros
Mandíbula superior está ligada à caixa craniana
através de músculos, ligamentos e tendões =
mobilidade de frente para trás e de um lado para o
outro
Quando o animal necessita engolir algo maior
que sua cavidade bucal, ele luxa essa articulação e
afasta a mandíbula da maxila
12. A mandíbula se liga a maxila pelo osso quadrado,
que funciona como uma dobradiça dupla = maxila
pode se deslocar = boca abre até 150 graus
Os ossos que formam os lados da maxila não
estão fundidos na frente e sim ligados pelo tecido
muscular, permitindo que os lados se separem e
movam independentemente uns dos outros
Deste modo que uma cobra pequena consegue
engolir um camundongo, ovo de galinha e até
mesmo um bezerro
13. A dentição é muito importante e é utilizada para
fins de classificação das serpentes. Assim temos:
Serpentes proteróglifas: apresentam um par de
presas com sulcos, fixas na região anterior da
maxila. Ele que injeta o veneno. É pequeno e semi-
canaliculado e pouco se destaca dos demais dentes
maciços menores (típico das corais verdadeiras)
14. Serpentes solenóglifas: possuem duas presas
grandes e móveis, completamente canaliculados
(jararacas, cascavéis e surucucus)
A mobilidade das presas permite que as
mesmas fiquem deitadas quando a cobra fecha a
boca ou come. De outro modo, o tamanho dos
dentes atrapalharia a passagem dos alimentos. O
veneno está armazenado em glândulas salivares
especializadas
15. As serpentes crescem rapidamente após o
nascimento, e alcançam a maturidade após 2 anos
(jibóias e sucuris após 4 a 5 anos)
Durante suas vidas os ofídios mudam de pele
regularmente: comum encontrar cascas de
serpentes abandonadas nos campos
A cascavel, em vez de sair completamente de sua
pele antiga, mantém parte dela enrolada na cauda
em forma de um anel cinzento, que com o tempo
formarão os guizos que quando ela balança a cauda
fazem um ruído característico
16. Explicação sobre a agilidade das serpentes =
centenas de vértebras e costelas e escamas
ventrais
Escamas retangulares especializadas cobrem a
parte de baixo da cobra (correspondendo
diretamente ao número de costelas)
s margens de baixo das escamas ventrais
funcionam como a superfície de um pneu, aderindo
ao solo e fazendo a propulsão para frente
17. Serpentino ou locomoção ondulatória: usado
pela maioria das cobras terrestres e aquáticas
•Começando no pescoço, a cobra contrai seus músculos,
impulsionando seu corpo de um lado para outro, criando
uma série de curvas
• Água = facilmente há a propulsão da cobra para frente
• Terra = pontos de resistência na superfície. Usa suas
escamas para empurrar todos esses pontos de uma só vez,
impulsionando – se para frente
18. Ondulação lateral
• Em ambientes com poucos pontos de resistência, usam
uma variação do movimento de serpentina para se
locomover
• Contraindo seus músculos e arremessando o corpo,
criam uma forma de S que tem apenas dois pontos de
contato com o solo
• Quando impulsionam – se movem-se lateralmente
19. Retilíneo: método lento comum das
lagartas
• Contrai o corpo em curvas, mas são ondas
menores que se curvam para cima e para baixo
• Quando uma cobra usa esse movimento , os
topos de cada curva levantam acima do solo
enquanto as escamas ventrais da base empurram o
chão, criando um efeito encrespado
20. Sanfonado: ideal para escaladas
• Estende a cabeça e o corpo ao longo da superfície
vertical e então encontra lugar para agarrar com suas
escamas ventrais
•Para se agarrar bem, amontoa o meio de seu corpo
em curvas bem apertadas que agarram a superfície ao
mesmo tempo que traciona a parte de trás para cima.
• Ela então salta para frente para encontrar um novo
local para agarrar com suas escamas
21. Época reprodutiva é no verão:
Quando uma fêmea está pronta para copular, ela
começa a liberar um perfume especial (feromônio)
das glândulas que têm nas costas
Ao sair para sua rotina diária, deixa um rastro
de odor à medida em que se impulsiona sobre os
pontos de resistência do solo
Se um macho sexualmente maduro capta seu
perfume, segue seu rastro até encontrá - la
22. Os machos podem disputar a fêmea numa dança
combate (elas não se agridem, mas aquele que for
derrubado se retira)
O macho corteja a fêmea, batendo com seu queixo na
parte de trás da cabeça dela e rastejando sobre a mesma
Quando ela está desejosa, levanta a cauda
Nesse ponto, ele enrola sua cauda em torno da cauda
dela para que a base de suas caudas se encontrem na
cloaca (ponto de saída para excreções e fluído
reprodutivo)
23. O macho insere seus dois órgão sexuais, os
hemipênis, que então se estendem e liberam o
esperma
Os hemipênis têm espinhos calcários que se
prendem a parede da cavidade da fêmea, para impedir
que o casal se solte durante a cópula
O sexo da cobra geralmente dura uma hora, mas
podem durar um dia inteiro (vulnerabilidade)
Fêmeas se reproduzem 1 a 2 vezes ao ano
24. A fêmea pode guardar o esperma por anos, ou
fecundar os óvulos depois do acasalamento
Algumas cobras dão a luz a filhotes formados (1
a 150 por vez)
Outras colocam ovos (1 a 100 por vez)
Combinação de métodos: guardam os ovos
internamente até que se rompam, dando luz a
filhotes já formados
25. Nos ofídios peçonhentos, exceto na coral, entre
as narinas e os olhos há uma depressão =
FOSSETA LOREAL
Parece um orifício de cada lado da cabeça:
popularmente denominadas devido a isso de
cobras de quatro ventas
É um órgão termorreceptor vital para a
sobrevivência das cobras: através dele que as
cobras percebem a presença de animais de sangue
quente
26. Gênero Bothrops sp.
No Brasil, temos sete espécies mais comuns de
Jararacas
Podem atingir mais de um metro de
comprimento
Ocorrem em vários Estados como: Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e
Mato Grosso
27. Cada espécie tem desenhos característicos no
corpo
A ponta da cauda tem escamas não eriçadas
São responsáveis por 90% dos acidentes
ofídicos no Brasil, devido ao seu aparecimento em
áreas rurais, e/ou regiões onde exista por perto
vegetação densa, ambientes úmidos, pois elas vão
atrás de alimentos como os roedores
30. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A GRAVIDADE E
ORIENTAÇÃO TERAPEUTICA
Manifestações e Gravidade
tratamento
Leve Moderada Grave
Locais: dor, edemas, Ausentes ou Evidentes Intensas
equimoses discretas
Sistêmicas: Ausentes Ausentes Presentes
hemorragias,
choque, anúria
Tempo de Normal ou Normal ou Normal ou
coagulação alterado alterado alterado
Soroterapia 2–4 4–8 8 – 12
(ampolas)
31. MECANISMO DE AÇÃO DOS VENENOS OFÍDICOS
VENENO ATIVIDADE EFEITO EFEITO
LOCAL SISTÊMICO
BOTRÓPICO INFLAMATÓRIA NECROSE LIBERAÇÃO DE
COAGULANTE TECIDUAL MEDIADORES
HEMORRÁGICA INFLAMATÓRIO
LESÃO S E SUBS.
ENDOTELIAL VASOATIVAS
LESÃO
ENDOTELIAL
ATIVAÇÃO DA
COAGULAÇÃO
32. Seu veneno tem três tipos de ação
AÇÃO INFLAMATÓRIA
AÇÃO COAGULANTE
AÇÃO HEMORRÁGICA
33. O tratamento se faz através da administração
de soro antibotrópico o mais rápido possível.
Manter elevado o membro picado
Dar analgésicos para conter a dor
Manter a vítima hidratada
Fazer uso de antibióticos
Profilaxia antitetânica
34. Gênero Crotalus
Os acidentes com cascavéis atingem 7,7%
Apresentam o maior coeficiente de letalidade
devido a frequência com que evolui para insuficiência
renal aguda
Têm como característica o chocalho ou guizo na
ponta da cauda (não se calcula a idade pelos anéis de
sua cauda)
Preferem regiões mais áridas, mais secas e
geralmente são encontradas em áreas mais afastadas
35. Sistêmico
• Facies miastênica : ptose palpebral, flacidez dos
músculos da face, oftalmoplegia
• Turvação visual, diplopia, miose/midríase
• Alteração do olfato, paladar
• Mialgia generalizada, urina escura
• Sangramento discreto: gengivorragia, equimose
• Complicações:
Insuficiência Respiratória: paralisia dos músculos
da caixa torácica
Insuficiência Renal Aguda: mioglobinúria
36. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A GRAVIDADE E
ORIENTAÇÃO TERAPEUTICA
Manifestações e Gravidade
Tratamentos
LEVE MODERADA GRAVE
Fáscies Ausente ou tardia Discreta ou Evidente
miastêmicas/ Visão evidente
turva
Mialgia Ausente Discreta Presente
Urina vermelha ou Ausente Pouco evidente ou Presente
marrom ausente
Oligúria/ anúria Ausente Ausente Presente ou
ausente
Tempo de Normal ou Normal ou Normal ou
coagulação alterado alterado alterado
Soroterapia 5 10 20
(ampolas)
37. MECANISMO DE AÇÃO DOS VENENOS OFÍDICOS
VENENO ATIVIDADE EFEITO EFEITO
LOCAL SISTÊMICO
CROTÁLICO NEUROTÓXICO EDEMA BLOQUEIO
MIOTÓXICO DISCRETO OU NEUROMUSCU –
COAGULANTE AUSENTE LAR
ATIVAÇÃO DA
COAGULAÇÃO
RABDOMIÓLISE
38. Seu veneno tem três tipos de ação
AÇÃO NEUROTÓXICA
AÇÃO MIOTÓXICA
AÇÃO COAGULANTE
39. O tratamento se faz através da administração
de soro anticrotálico por via intravenosa, variando
a dose dependendo da gravidade da picada
Manter elevado o membro picado
Dar analgésicos para conter a dor
Manter a vítima hidratada, induzir a diurese
osmótica, e manter pH urinário acima de 6,5, pois
a urina ácida aumenta a precipitação intratubular
de mioglobina
40. Gênero Lachesis
Acidentes com Lachesis são muito raros, devido
ao seu habitat específico, onde a densidade
populacional é baixa
As surucucus têm corpo amarelado com
desenhos escuros, e a identificação é feita através
da cauda que possui escamas eriçadas
São bem agressivas
46. Gênero Micrurus
Têm porcentagem de 0,4 dos acidentes
ocorridos no Brasil.
Não possuem fosseta loreal como as outras
serpentes peçonhentas
A ação do veneno da cobra coral é no sistema
nervoso central
47. Local
• Parestesia
Sistêmico
• Vômitos
• Fáscies miastênica : ptose palpebral, flacidez dos
músculos da face, oftalmoplegia
• Turvação visual, diplopia, miose/midríase
• Dificuldade para deglutição
• Complicação
Insuficiência respiratória
48. MECANISMO DE AÇÃO DOS VENENOS OFÍDICOS
VENENO ATIVIDADE EFEITO EFEITO
LOCAL SISTÊMICO
ELAPÍDICOS NEUROTÓXICO AUSENTE BLOQUEIO
NEUROMUSCU -
LAR
50. Devido ao risco de insuficiência
respiratória aguda, os acidentes
elapídicos devem ser tratados como
graves
A soroterapia é realizada através da
infusão intravenosa de soro elápídico
51. Remover a vítima do local do
acidente, mantendo-a deitada e em
repouso
Não fazer amarrações,
torniquetes/garrotes (pode aumentar a
concentração de veneno no local da
picada)
52. Lavar o local da picada com água e
sabão
Se a picada for nos membros, mantê-
los estendidos e erguidos
Não ingerir substâncias como pinga,
querosene e outros
Manter a vítima hidratada
53. Não cortar e nem furar ao redor da
ferida, pois isso aumenta os riscos de
hemorragia e de infecções
Não fazer curativos ou tratamento
caseiro
Encaminhar a um hospital e se
possível levar a serpente
54. Não colocar as mãos em buracos do
solo ou de árvores
Olhar para o chão quando estiver
andando em trilhas
Não caminhar fora da trilha
Ao atravessar troncos caídos, olhar
sobre e atrás dos mesmos
55. Evitar acúmulo de lenhas e lixos
próximos a moradias humanas
Usar luvas de couro para mexer em
lenhas
Evitar andar a noite em matas, pois é
o horário de maior atividade das
serpentes peçonhentas