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                                   Sistema de Información Científica
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             Peixoto Leão Almeida, Gabriel;Wanessa Cordeiro, Karla;Almeida Carneiro, Kysia
                                    Karine;Elpídio de Sá, Fabiane
          INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
                                DE PACIENTE COM HIDROCEFALIA
            Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Vol. 22, Núm. 3, 2009, pp. 199-205
                                     Universidade de Fortaleza
                                                Brasil

                    Disponible en: http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=40812007011




                                                                  Revista Brasileira em Promoção da Saúde
                                                                  ISSN (Versión impresa): 1806-1222
                                                                  rbps@unifor.br
                                                                  Universidade de Fortaleza
                                                                  Brasil




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                  Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto
doi:10.5020/18061230.2009.p199
                                                                                                             Fisioterapia na Hidrocefalia



INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA NO
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
DE PACIENTE COM HIDROCEFALIA
The influence of physical therapy on the neuropsychomotor
development of a hydrocephalus patient                                                                                Relato de Caso




RESUMO

Objetivo: Analisar a influência da fisioterapia no desenvolvimento neuropsicomotor de um           Gabriel Peixoto Leão Almeida(1)
paciente com diagnóstico clínico de hidrocefalia. Descrição: Criança, de sexo masculino,                Karla Wanessa Cordeiro(1)
2 anos e 2 meses, com diagnóstico clínico de hidrocefalia e apresentando atraso no                Kysia Karine Almeida Carneiro(1)
desenvolvimento neuropsicomotor. Utilizou-se, nas avaliações, o Sistema de Classificação                   Fabiane Elpídio de Sá(1)
da Função Motora Grossa (GMFCS) e a ficha de Avaliação Sensório-Motora. O período
de intervenção durou 20 meses, sendo constatada melhora do Nível IV para o Nível II no
GMFSC e melhora das habilidades funcionais e equilíbrio nas posturas do desenvolvimento
neuropsicomotor com aquisição da posição bípede e deambulação com apoio ao término
da pesquisa. O protocolo de intervenção foi baseado na literatura pertinente e associado
com orientações domiciliares e prescrição de órtese suropodálica (AFO). De acordo com os
achados do GMFCS e da ficha de Avaliação Sensório-Motora, o paciente obteve evolução a
satisfatória e sugere-se que o programa de intervenção proposto, aliado ao desenvolvimento
intrínseco da criança, contribuiu para a aquisição de habilidades funcionais. Conclusão: O
protocolo utilizado no estudo está de acordo com os dados revistos na literatura, evidenciando
a importância dos resultados da presente pesquisa, os quais poderão ser utilizados como
referência para futuros estudos.

Descritores: Hidrocefalia; Desenvolvimento Infantil; Fisioterapia.

ABSTRACT
                                                                                                            1) Universidade de Fortaleza -
Objective: To analyze the influence of physical therapy in the neuropsychomotor development                              UNIFOR - (CE)
of a patient with clinical diagnosis of hydrocephalus. Description: Child, male, aged 2 years
and 2 months, with clinical diagnosis of hydrocephalus and presenting neuropsychomotor
delay. For evaluation, were used the Gross Motor Function Classification System (GMFCS)
and a Sensorial-Motor Evaluation Record. The intervention period lasted 20 months, being
verified improvement from Level IV to Level II in GMFCS and an improvement of functional
abilities and balance in the postures of the neuropsychomotor development with acquisition
of the biped position and ambulation with support at the end of the research. The intervention
protocol was based on pertinent literature, and associated with home orientations and
prescription of the Ankle-foot orthosis (AFO). In agreement with the findings of GMFCS
and of the Sensorial-Motor Evaluation Record, the patient obtained a satisfactory evolution
and, it is suggested that the proposed intervention program, allied to the child’s intrinsic
development, contributed to the acquisition of functional abilities. Conclusion: The protocol
used in the study is in agreement with the data reviewed in the literature, evidencing the
importance of the results of the present research, which could be used as reference for futures
studies.                                                                                                       Recebido em: 28/07/2008
                                                                                                               Revisado em: 08/07/2009
Descriptors: Hydrocephalus; Child Development; Physical Therapy.                                                 Aceito em: 06/08/2009




RBPS 2009; 22 (3) : 199-206                                                                                                          199
Almeida GPL, Cordeiro KW, Carneiro KKA, Sá FE



INTRODUÇÃO                                                     desenvolvimento da criança, formado pelo tônus muscular,
                                                               postura, reflexos primitivos, reações posturais, coordenação
     A ventriculomegalia ou hidrocefalia, como é mais          sensório-motora e movimentos espontâneos(12,13).
conhecida, caracteriza-se por aumento de volume do                  A capacidade de uma pessoa para cuidar de si mesmo
líquido cefalorraqueano (LCR) associado à dilatação dos        é dependente da sua mobilidade funcional. Atingir a
ventrículos cerebrais(1,2). Geralmente está associada como     deambulação independente tem sido o principal objetivo, e
consequência de uma obstrução à circulação liquórica, que      é o aspecto da mobilidade que recebe a maior atenção(14,15).
pode ocorrer em vários locais, no forame de Monro, no          Estudos constatam que estimulando a função do paciente irá
aqueduto de Sylvius, no forame de Magendie, no forame de       promover futuramente uma maior independência funcional
Luschka, ou no espaço subaracnóideo(3).                        e melhor qualidade de vida (QV)(8,13,16), e quanto mais cedo
     Sua principal consequência clínica imediata é a           e mais frequente a fisioterapia é realizada, com o intuito de
hipertensão intracraniana, a qual muitas vezes exige pronto    melhorar o desenvolvimento da criança com hidrocefalia,
tratamento cirúrgico(4), mediante introdução cirúrgica de      melhores os índices de QV(11).
um shunt ventriculoperitonial (VP) para desvio do LCR               Em sua maioria, os estudos referentes ao
acumulado nos ventrículos laterais(5).                         acompanhamento dos pacientes com hidrocefalia são
     A hidrocefalia manifesta-se por sinais e sintomas tais    retrospectivos(17), dificultando a comparação devido
como aumento da circunferência craniana, irritabilidade,       as diferentes metodologias utilizadas. A importância
aumento da espasticidade dos membros inferiores, início de     deste estudo está na contribuição com a temática, em
escoliose, diminuição da coordenação e alterações discretas    razão da escassez de literatura que aborde protocolos
da personalidade(1,6,7).                                       de reabilitação que interferem no desenvolvimento das
     O prognóstico desses pacientes é bastante diverso e       funções neuropsicomotoras no paciente com hidrocefalia,
dependente de vários fatores. Em geral, ele é obtido através   bem como na elaboração de um tratamento efetivo para
de análises pediátricas e precisa ser utilizado com cautela    realidade do paciente com tal diagnóstico. Com isso, esse
quanto à orientação das grávidas(8). Dentre os aspectos que    estudo teve o objetivo de verificar a influência da fisioterapia
despertam maior preocupação estão as possíveis sequelas        no desenvolvimento neuropsicomotor de um paciente com
apresentadas, sendo uma das mais temidas, o retardo do         hidrocefalia.
desenvolvimento neuropsicomotor, fator limitante das
potencialidades da criança e frequentemente causador de        RELATO DE CASO
desajustes familiares e sociais(4,9).
     Além dos déficits neuromotores, os atrasos no                  O presente estudo trata-se de um relato de caso clínico,
desenvolvimento podem resultar em limitações nas               baseado na análise das avaliações e evoluções no prontuário
habilidades funcionais(1). Essas habilidades incluem,          de um paciente com diagnóstico clínico de hidrocefalia
por exemplo, o autocuidado, como alimentação e banho           atendido no serviço de Fisioterapia do Núcleo de Atenção
independentes, atividades de mobilidade como levantar          Médica Integrada – NAMI, com frequência semanal de
da cama e ir ao banheiro com independência, e tarefas          dois atendimentos. Os dados coletados referem-se ao
de função social, como ir à escola e interagir com outras      período entre a primeira avaliação, realizada no dia 13 de
crianças(10).                                                  agosto de 2007, e a última avaliação, no dia 06 de abril de
     Para que seja realizada uma avaliação completa,           2009. Para isso a criança foi classificada pelo Sistema de
deve-se levar em consideração o exame do estado de             Classificação da Função Motora Grossa (GMFSC - Gross
desenvolvimento e a avaliação da maneira como a                Motor Function Classification System)(18) e utilizou-se um
patologia ou o tratamento poderão afetar o crescimento e o     Protocolo de Avaliação que constava com Identificação;
desenvolvimento da criança(11).                                Dados pré-natais; Dados neonatais; e Avaliação sensório-
     No tratamento das sequelas de hidrocefalia é necessária   motora. Nesta última avaliou-se organização postural,
uma abordagem interdisciplinar para melhor assistir ao         esquemas de ação/utilização dos sentidos, coordenação,
paciente, estudos demonstram que a evolução dos pacientes      atividades da vida diária, tônus e desenvolvimento motor
com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor está             em decúbito dorsal, lateral, ventral, sentado, em posição de
relacionada aos constantes estímulos motores oferecidos,       gatas, em pé e deambulando.
bem como ao desenvolvimento característico da fase em               O GMFCS é um sistema de classificação da função
que a criança se encontra(11).                                 motora grossa formado em uma escala de classificação
     Nesses pacientes especificamente, deve-se ter             decrescente em cinco níveis. A distinção entre os níveis
conhecimento sobre o processo das aquisições normais do        é baseada nas limitações funcionais e na necessidade de

200                                                                                                   RBPS 2009; 22 (3) : 199-206
Fisioterapia na Hidrocefalia



equipamentos para locomoção, essa distinção depende            sem assistência, nessa posição não apresentou dificuldades
da idade, para cada nível são fornecidas descrições            de equilíbrio, manipulando objetos com as duas mãos.
separadas para crianças em diferentes faixas etárias. As       A criança exerce força voluntária com braços, pernas e
habilidades funcionais e limitações para cada intervalo de     tronco para ficar em pé quando puxadas ou apoiadas em
idade pretendem servir como guias, sem ser consideradas        uma superfície estável. Possui capacidade de engatinhar
normas(18,19).                                                 com padrão alternado, dissociando escápula e pélvis, e
     Antes de iniciar a pesquisa, conforme resolução           desenvolveu a habilidade para deambular com apoio e/ou
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o presente estudo        uso de aparelhos auxiliares (órtese, muleta, andador).
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos da Universidade de Fortaleza (COÉTICA).
     Participou da pesquisa o paciente do sexo masculino,
residente na cidade de Fortaleza – Ceará, com diagnóstico
clínico de hidrocefalia e tendo como queixa principal
da responsável ausência de deambulação. Durante o
recolhimento da história pregressa, a mãe da criança relata
que apresentou aborto espontâneo aos 6 meses de gestação
durante a gravidez anterior e o feto apresentava diagnóstico
clínico de hidrocefalia. Aos 41 anos de idade, durante a
segunda gestação, foi diagnosticada Doença Hipertensiva
Específica da Gestante (DHEG).
     A criança nasceu com 32 semanas de gestação, com
baixo peso (1.400 gramas), através de parto cesariano,
chorando ao nascer, sendo encaminhada à Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) para condutas médicas, passando
por cirurgia de Derivação Ventrículo Peritonial (DVP) após
o 5º dia de internação, recebeu alta hospitalar no 11º dia.
     Paciente com 1 ano e 6 meses iniciou tratamento no
Hospital Sarah Kubitschek durante período de 8 meses
para desenvolvimento da funcionalidade e motricidade.
Desde 13 de agosto de 2007, quando tinha 2 anos e 2 meses
de idade, está sendo assistido pela equipe de Fisioterapia
Pediátrica, Terapia Ocupacional e Psicologia do NAMI.
     Na inspeção e palpação o paciente apresentou boa
                                                               Figura 1 - Treino de força e equilíbrio na posição bípede.
movimentação global de membros superiores, pele normal,
afasia, presença de nistagmo, aumento do diâmetro cefálico,
hipertonia de adutores, flexores plantares e eversores (pé          Quanto à Avaliação Sensório-Motora, o paciente
equino-valgo) com deficiência na mobilidade espontânea         apresentou dependência de terceiros para atividades da
dos membros inferiores, hiperreflexia Patelar e Aquileu e      vida diária como higienizar-se, alimentar-se, vestir-se, entre
sinal de Babinski bilateral.                                   outros. Os demais achados na Avaliação Inicial e os achados
     Na avaliação inicial o paciente foi classificado como     da Evolução do paciente ao final do período de intervenção,
nível IV do GMFCS. Para a idade entre dois e quatro            sem repetição dos dados da avaliação inicial. (Tabela I)
anos, esse nível corresponde à incapacidade da criança de           Os objetivos fisioterapêuticos, para este paciente,
assumir a posição sentada e, quando colocada não consegue      foram aumentar capacidade funcional global, coordenação
manter o alinhamento e equilíbrio sem o apoio das mãos.        e equilíbrio nas posturas, sempre enfatizando a capacidade
Necessita de equipamento para ficar em pé e não atingiu a      do paciente de assumir a posição bípede e a deambulação.
deambulação com ou sem auxílio. Consegue rastejar sem               O tratamento fisioterápico proposto foi baseado na
movimento alternado de pernas.                                 literatura pertinente(20-22) e consistiu em: Mobilização
     Na última avaliação, após 20 meses de atendimento,        passiva em dorso-flexão; flexão-plantar; abdução – adução
constatou-se melhora funcional importante do paciente,         de quadril; flexão-extensão de quadril e joelho para diminuir
evoluindo para o nível II do GMFCS. Nesse nível o              da rigidez muscular; Alongamento de tríceps-sural,
paciente possui capacidade de sentar e deixar a posição        ísquiostibiais, fibulares, psoas e adutores evitando possíveis

RBPS 2009; 22 (3) : 199-206                                                                                                    201
Almeida GPL, Cordeiro KW, Carneiro KKA, Sá FE



Tabela I - Evolução do paciente quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor.

        Critérios                               Avaliação Inicial                                  Evolução
 Organização                  Cabeça assimétrica e em extensão.                    - Cabeça simétrica e com controle nor-
 Postural                     Membros inferiores assimétricos.                       mal.
                              Padrão postural primitivo.                           - Organiza a postura corretamente.
 Utilização dos               Responde a sons familiares e maternos.               - Demonstra atenção visual.
 Sentidos                     Resposta tátil ao toque, temperatura e dor.          - Movimentos espontâneos de cabeça e
                              Agarra objetos e os leva à linha média.                braços.
                                                                                   - Acompanha objetos.
 Decúbito Dorsal            Movimento precário de cabeça e membros                 - Cabeça, mãos e troncos na linha média
                            inferiores.                                              com movimentos normais.
                             Não rola para os lados.                               - Rola para decúbito lateral em ambos os
                             Leva as mãos para linha média.                          lados.
 Decúbito Lateral            Não assume postura e quando colocado não              - Postura formada.
                              mantém, voltando para supino.                        - Utiliza para assumir postura dorsal ou
                                                                                      ventral.
 Decúbito Ventral           Eleva cabeça momentaneamente.                          - Assume postura de gatas.
                            Apóia os braços.                                       - Rola para decúbito lateral.
                            Não assume posição de gatas.                           - Assume postura sentado.

 Sentado                     Centro de gravidade anterior.                         - Controle cefálico.
                             Hiperextensão cervical com hipercifose dorsal.        - Controle de tronco.
                             Membro inferior em “W”.                               - Reação de proteção.
                             Déficit de equilíbrio e sustenta a postura por        - Não usa postura em “W”.
                            pouco tempo.                                           - Libera mãos para explorar.

  Posição de Gatas          - Não assume.                                          - Assume postura, deslocando-se
                                                                                     normalmente.
                                                                                   - Assume postura de urso, sentado e
                                                                                     semi-ajoelhado.
  Posição Bípede/           - Não assume postura.                                  - Bipedestação com apoio.
  Marcha                    - Quando apoiado fica instável.                        - Deambula com apoio.
                            - Não deambula.
  Coordenação               - Sacode/agita/bate objeto.                            - Coloca e retira objetos em orifícios.
                            - Manipula objeto com as duas mãos.


encurtamentos e deformidades; Dissociação pélvica                   órteses suropodálicas (AFO) para correção do pé equino-
com mobilização em rotação, anteversão e retroversão                valgo e Instrução aos responsáveis quanto a maneira de
usando bola na altura do quadril posteriormente para                manejar, posicionar, brincar e comunicar-se com a criança,
maior mobilidade pélvica; Diagonal funcional e primitiva            de forma que mantenham a continuidade do estímulo do
para membros superiores com auxílio de brinquedos,                  desenvolvimento neuropsicomotor no ambiente domiciliar.
estimulando coordenação, concentração e força; Trabalho
de transferência de peso lateralmente sentado no rolo;
                                                                    DISCUSSÃO
Treino de aquisição da postura sentada e equilíbrio; Treino
da aquisição da postura de gatos, auxiliado por apoio                   A investigação do processo evolutivo da criança
anterior de rolo; Treino na posição bípede com apoio                e a identificação de problemas relacionados ao seu
da bola de Bobath; Exercício de sentar e levantar em                desenvolvimento possibilitam a intervenção precoce
cadeira, auxiliado através de estabilização pélvica pelo            em atrasos evolutivos e a implementação de programas
fisioterapeuta; Treino de marcha com andador; Indicação de          de estimulação para crianças com distúrbios do


202                                                                                                      RBPS 2009; 22 (3) : 199-206
Fisioterapia na Hidrocefalia



desenvolvimento. O objetivo formal da intervenção precoce       isolado, que é substituído pelo surgimento de padrões
é reduzir os efeitos negativos de uma história de alto risco,   de movimento muscular em massa comprometendo o
que normalmente caracteriza a evolução de crianças              aprendizado de habilidades motoras; e a perda da inibição
deficientes ou de risco, pois muitas sofreram a influência de   recíproca, que é uma forte base por trás do movimento
vivências empobrecidas, no meio familiar e em ambientes         coordenado(15). A prevenção de contraturas dos membros
como creches e escolas(23).                                     inferiores e, consequentemente, de padrões cinemáticos
     Em vista do conjunto individual de atributos, problemas    assimétricos, leva a uma melhora significativa no processo
e necessidades que cada criança apresenta, o fisioterapeuta     de deambulação desenvolvido por esses pacientes(27,28).
precisa usar seus conhecimentos, sua experiência e raciocínio        Estudo relata que indivíduos com espasticidade
clínico, a fim de definir os problemas e as prioridades que     dos músculos do tornozelo, que fazem uso de órtese
exigem sua atenção quanto a elaboração de um programa           suropodálica, apresentam um melhor padrão de marcha
adequado de tratamento. Para isso se faz necessário uma         e equilíbrio quando comparados sem o uso de órtese(27).
avaliação criteriosa abordando história pregressa, história     Outro estudo apresenta os benefícios com a utilização das
atual e um exame físico detalhado no intuito de traçar os       órteses suropodálicas observadas no domínio da Atividade
objetivos, dando ênfase aos déficits específicos de cada        e Participação, de acordo com a CIF, pela melhora do
paciente(14).                                                   desempenho de atividades típicas da infância como correr,
     Cerca de uma em cada oito crianças apresenta               abaixar, durante as transferências de postura e na locomoção
alterações do desenvolvimento que podem interferir              em ambiente externo. Corroborando com os achados
de forma significativa em sua QV e inclusão social. O           na literatura, a prescrição da órtese ao paciente visou o
desenvolvimento é o resultado da interação entre as             melhor equilíbrio na posição bípede através do apoio
características biológicas da criança e os fatores culturais    plantígrado e aumento da base de sustentação, aprimorando
e sociais em que ela está inserida. Assim, a estimulação        a funcionalidade da deambulação(29).
através da fisioterapia contribui para o desenvolvimento             Bolas e rolos firmes fornecem superfícies móveis
neuropsicomotor, embora não atue isoladamente neste             que podem ajudar o terapeuta na facilitação do controle
processo(24).                                                   postural e nas preparações posturais da criança. A direção
       Um fator determinante para a QV desses pacientes         na qual a bola é movida e a posição da criança na bola pode
é sua capacidade de autocuidado e suas habilidades              variar pra facilitar o movimento da cabeça e do tronco.
funcionais(13,16), sendo que o estudo constata que a            Os variados usos da bola e suas infinitas possibilidades
maioria dos problemas relacionados a estes pacientes é a        de movimento permitem que o terapeuta controle o grau
incapacidade de mobilidade, autocuidado e a ineficiência        em que o movimento é auxiliado ou desempenho contra a
de terceiros de prestar cuidado efetivo para esse grupo         gravidade(20,22).
dependente(25). Estudo realizado com objetivo de analisar            Um aspecto essencial no cuidado de crianças com
a associação entre a qualidade do estímulo doméstico e          hidrocefalia, além da reabilitação, é sua integração na
o desenvolvimento do cognitivo, ressalta a importância          sociedade(8). A independência na vida adulta só será possível
da qualidade desses estímulos para o desenvolvimento            com intensa preparação na infância, as crianças devem ser
cognitivo infantil, além do relevante papel das condições       estimuladas a aderir, com a família, a tarefas e eventos que
materiais e dinâmica familiar, favorecidas pela qualidade       permitam sua socialização. A educação acadêmica deve ser
do ambiente e da relação cuidador-criança para o                incentivada, assim também habilidades como dirigir e fazer
desenvolvimento cognitivo. Por isso o fisioterapeuta deve       compras(6,10).
estar apto a transmitir informações à família sobre formas           A hidrocefalia apresenta-se com limitações funcionais
de cuidado e estimular a criança(26).                           de mobilidade, equilíbrio e coordenação, prejudicando
     A aquisição da deambulação deve ser o principal            a realização de atividades e, consequentemente,
objetivo de qualquer paciente que ainda não alcançou esse       comprometendo o desenvolvimento neuropsicomotor,
patamar, e está fortemente associada com a espasticidade        sendo este um ponto importante para intervenção
da musculatura do quadril, do joelho, do tornozelo, e do        fisioterapêutica. De acordo com os achados do GMFSC e
quadríceps e deformidades articulares, bem como estado          da ficha de Avaliação Sensório-Motora, o paciente obteve
mental(16,25). A espasticidade nos membros inferiores pode      evolução ao término do período do estudo, sugere-se,
causar uma diminuição na amplitude articular e fraqueza,        portanto, que o programa de intervenção proposto, aliado
levando a um estado de contratura muscular, com isso            ao desenvolvimento intrínseco da criança, contribuiu para a
ocorre diminuição no movimento voluntário articular             aquisição de habilidades funcionais.



RBPS 2009; 22 (3) : 199-206                                                                                                  203
Almeida GPL, Cordeiro KW, Carneiro KKA, Sá FE



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                                                                     level of ambulation in early life?. Childs Nerv Syst.
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                                                                     on gait pattern in children with sacral to mid-lumbar
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                                                                     Galuppi B. Development and reliability of a system to
7.    Roebroeck ME, Hempenius L, Van BB, Hendriksen
                                                                     classify gross motor function in children with cerebral
      JG, Van den Berg- Emons HJ, Stam HJ. Cognitive
                                                                     palsy. Dev Med Child Neurol. 1997;39(4):214-23.
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      Neuropsiquiatr. 2004;62(2):480-6.                              guia ilustrado. 2ª ed. São Paulo: Manole; 2007.
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11. Hallal CZ, Marques NR, Braccialli LMP. Aquisição                 Avaliação de funções psicomotoras de crianças entre 6
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    crianças atendidas em um programa de estimulação                 12.
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    2008;18(1):27-34.                                            24. Mancini MC, Fiúza PM, Rebelo JM, Magalhães
                                                                     LC, Coelho ZAC, Paixão ML. Comparação do
12. Vieira MEB, Ribeiro FB, Formiga CKMR. Principais                 desempenho de atividades funcionais em crianças
    instrumentos de avaliação da criança de zero a dois              com desenvolvimento normal e crianças comparalisia
    anos de idade. Rev Movimenta. 2009;2(1):23-31.                   cerebral. Arq Neuropsiquiatr. 2002;60(2):446-52.



204                                                                                                  RBPS 2009; 22 (3) : 199-206
Fisioterapia na Hidrocefalia



25. Schoenmakers MA, Gulmans VA, Gooskens RH,                 29. Cury VCR, Mancini MC, Melo AP, Fonseca ST,
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    minor gait disturbances. Clin Rehabil. 2004;18(2):178-        na mobilidade funcional de crianças com paralisia
    85.                                                           cerebral. Rev Bras Fisioter. 2006;10(1):67-74.
26. Andrade SA, Santos DN, Bastos AC, Pedromônico
    MRM, Almeida N, Barreto ML. Ambiente familiar             Endereço para correspondência:
    desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem         Gabriel Peixoto Leão Almeida.
    epidemiológica. Rev Saude Pública. 2005;39(4):606-        Rua Onofre Sampaio Cavalcante, 381
    11.                                                       Cidade dos Funcionários.
27. Gutierrez EM, Bartonek A, Haglund AY, Saraste             CEP: 60834-450. Fortaleza - CE
    H. Kinetics of compensatory gait in persons with          E-mail: gabriel_alm@hotmail.com.
    myelomeningocele. Gait Posture. 2005;21(1):12-23.
28. Santos CMT, Pereira CU, Santos EAS, Monteiro JTS.
    Reabilitação na mielomeningocele. Rev Bras Med.
    2007;64(11):518-520.




RBPS 2009; 22 (3) : 199-206                                                                                           205

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Apostila hidrocefalia

  • 1. Redalyc Sistema de Información Científica Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Peixoto Leão Almeida, Gabriel;Wanessa Cordeiro, Karla;Almeida Carneiro, Kysia Karine;Elpídio de Sá, Fabiane INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE PACIENTE COM HIDROCEFALIA Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Vol. 22, Núm. 3, 2009, pp. 199-205 Universidade de Fortaleza Brasil Disponible en: http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=40812007011 Revista Brasileira em Promoção da Saúde ISSN (Versión impresa): 1806-1222 rbps@unifor.br Universidade de Fortaleza Brasil ¿Cómo citar? Número completo Más información del artículo Página de la revista www.redalyc.org Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto
  • 2. doi:10.5020/18061230.2009.p199 Fisioterapia na Hidrocefalia INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE PACIENTE COM HIDROCEFALIA The influence of physical therapy on the neuropsychomotor development of a hydrocephalus patient Relato de Caso RESUMO Objetivo: Analisar a influência da fisioterapia no desenvolvimento neuropsicomotor de um Gabriel Peixoto Leão Almeida(1) paciente com diagnóstico clínico de hidrocefalia. Descrição: Criança, de sexo masculino, Karla Wanessa Cordeiro(1) 2 anos e 2 meses, com diagnóstico clínico de hidrocefalia e apresentando atraso no Kysia Karine Almeida Carneiro(1) desenvolvimento neuropsicomotor. Utilizou-se, nas avaliações, o Sistema de Classificação Fabiane Elpídio de Sá(1) da Função Motora Grossa (GMFCS) e a ficha de Avaliação Sensório-Motora. O período de intervenção durou 20 meses, sendo constatada melhora do Nível IV para o Nível II no GMFSC e melhora das habilidades funcionais e equilíbrio nas posturas do desenvolvimento neuropsicomotor com aquisição da posição bípede e deambulação com apoio ao término da pesquisa. O protocolo de intervenção foi baseado na literatura pertinente e associado com orientações domiciliares e prescrição de órtese suropodálica (AFO). De acordo com os achados do GMFCS e da ficha de Avaliação Sensório-Motora, o paciente obteve evolução a satisfatória e sugere-se que o programa de intervenção proposto, aliado ao desenvolvimento intrínseco da criança, contribuiu para a aquisição de habilidades funcionais. Conclusão: O protocolo utilizado no estudo está de acordo com os dados revistos na literatura, evidenciando a importância dos resultados da presente pesquisa, os quais poderão ser utilizados como referência para futuros estudos. Descritores: Hidrocefalia; Desenvolvimento Infantil; Fisioterapia. ABSTRACT 1) Universidade de Fortaleza - Objective: To analyze the influence of physical therapy in the neuropsychomotor development UNIFOR - (CE) of a patient with clinical diagnosis of hydrocephalus. Description: Child, male, aged 2 years and 2 months, with clinical diagnosis of hydrocephalus and presenting neuropsychomotor delay. For evaluation, were used the Gross Motor Function Classification System (GMFCS) and a Sensorial-Motor Evaluation Record. The intervention period lasted 20 months, being verified improvement from Level IV to Level II in GMFCS and an improvement of functional abilities and balance in the postures of the neuropsychomotor development with acquisition of the biped position and ambulation with support at the end of the research. The intervention protocol was based on pertinent literature, and associated with home orientations and prescription of the Ankle-foot orthosis (AFO). In agreement with the findings of GMFCS and of the Sensorial-Motor Evaluation Record, the patient obtained a satisfactory evolution and, it is suggested that the proposed intervention program, allied to the child’s intrinsic development, contributed to the acquisition of functional abilities. Conclusion: The protocol used in the study is in agreement with the data reviewed in the literature, evidencing the importance of the results of the present research, which could be used as reference for futures studies. Recebido em: 28/07/2008 Revisado em: 08/07/2009 Descriptors: Hydrocephalus; Child Development; Physical Therapy. Aceito em: 06/08/2009 RBPS 2009; 22 (3) : 199-206 199
  • 3. Almeida GPL, Cordeiro KW, Carneiro KKA, Sá FE INTRODUÇÃO desenvolvimento da criança, formado pelo tônus muscular, postura, reflexos primitivos, reações posturais, coordenação A ventriculomegalia ou hidrocefalia, como é mais sensório-motora e movimentos espontâneos(12,13). conhecida, caracteriza-se por aumento de volume do A capacidade de uma pessoa para cuidar de si mesmo líquido cefalorraqueano (LCR) associado à dilatação dos é dependente da sua mobilidade funcional. Atingir a ventrículos cerebrais(1,2). Geralmente está associada como deambulação independente tem sido o principal objetivo, e consequência de uma obstrução à circulação liquórica, que é o aspecto da mobilidade que recebe a maior atenção(14,15). pode ocorrer em vários locais, no forame de Monro, no Estudos constatam que estimulando a função do paciente irá aqueduto de Sylvius, no forame de Magendie, no forame de promover futuramente uma maior independência funcional Luschka, ou no espaço subaracnóideo(3). e melhor qualidade de vida (QV)(8,13,16), e quanto mais cedo Sua principal consequência clínica imediata é a e mais frequente a fisioterapia é realizada, com o intuito de hipertensão intracraniana, a qual muitas vezes exige pronto melhorar o desenvolvimento da criança com hidrocefalia, tratamento cirúrgico(4), mediante introdução cirúrgica de melhores os índices de QV(11). um shunt ventriculoperitonial (VP) para desvio do LCR Em sua maioria, os estudos referentes ao acumulado nos ventrículos laterais(5). acompanhamento dos pacientes com hidrocefalia são A hidrocefalia manifesta-se por sinais e sintomas tais retrospectivos(17), dificultando a comparação devido como aumento da circunferência craniana, irritabilidade, as diferentes metodologias utilizadas. A importância aumento da espasticidade dos membros inferiores, início de deste estudo está na contribuição com a temática, em escoliose, diminuição da coordenação e alterações discretas razão da escassez de literatura que aborde protocolos da personalidade(1,6,7). de reabilitação que interferem no desenvolvimento das O prognóstico desses pacientes é bastante diverso e funções neuropsicomotoras no paciente com hidrocefalia, dependente de vários fatores. Em geral, ele é obtido através bem como na elaboração de um tratamento efetivo para de análises pediátricas e precisa ser utilizado com cautela realidade do paciente com tal diagnóstico. Com isso, esse quanto à orientação das grávidas(8). Dentre os aspectos que estudo teve o objetivo de verificar a influência da fisioterapia despertam maior preocupação estão as possíveis sequelas no desenvolvimento neuropsicomotor de um paciente com apresentadas, sendo uma das mais temidas, o retardo do hidrocefalia. desenvolvimento neuropsicomotor, fator limitante das potencialidades da criança e frequentemente causador de RELATO DE CASO desajustes familiares e sociais(4,9). Além dos déficits neuromotores, os atrasos no O presente estudo trata-se de um relato de caso clínico, desenvolvimento podem resultar em limitações nas baseado na análise das avaliações e evoluções no prontuário habilidades funcionais(1). Essas habilidades incluem, de um paciente com diagnóstico clínico de hidrocefalia por exemplo, o autocuidado, como alimentação e banho atendido no serviço de Fisioterapia do Núcleo de Atenção independentes, atividades de mobilidade como levantar Médica Integrada – NAMI, com frequência semanal de da cama e ir ao banheiro com independência, e tarefas dois atendimentos. Os dados coletados referem-se ao de função social, como ir à escola e interagir com outras período entre a primeira avaliação, realizada no dia 13 de crianças(10). agosto de 2007, e a última avaliação, no dia 06 de abril de Para que seja realizada uma avaliação completa, 2009. Para isso a criança foi classificada pelo Sistema de deve-se levar em consideração o exame do estado de Classificação da Função Motora Grossa (GMFSC - Gross desenvolvimento e a avaliação da maneira como a Motor Function Classification System)(18) e utilizou-se um patologia ou o tratamento poderão afetar o crescimento e o Protocolo de Avaliação que constava com Identificação; desenvolvimento da criança(11). Dados pré-natais; Dados neonatais; e Avaliação sensório- No tratamento das sequelas de hidrocefalia é necessária motora. Nesta última avaliou-se organização postural, uma abordagem interdisciplinar para melhor assistir ao esquemas de ação/utilização dos sentidos, coordenação, paciente, estudos demonstram que a evolução dos pacientes atividades da vida diária, tônus e desenvolvimento motor com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor está em decúbito dorsal, lateral, ventral, sentado, em posição de relacionada aos constantes estímulos motores oferecidos, gatas, em pé e deambulando. bem como ao desenvolvimento característico da fase em O GMFCS é um sistema de classificação da função que a criança se encontra(11). motora grossa formado em uma escala de classificação Nesses pacientes especificamente, deve-se ter decrescente em cinco níveis. A distinção entre os níveis conhecimento sobre o processo das aquisições normais do é baseada nas limitações funcionais e na necessidade de 200 RBPS 2009; 22 (3) : 199-206
  • 4. Fisioterapia na Hidrocefalia equipamentos para locomoção, essa distinção depende sem assistência, nessa posição não apresentou dificuldades da idade, para cada nível são fornecidas descrições de equilíbrio, manipulando objetos com as duas mãos. separadas para crianças em diferentes faixas etárias. As A criança exerce força voluntária com braços, pernas e habilidades funcionais e limitações para cada intervalo de tronco para ficar em pé quando puxadas ou apoiadas em idade pretendem servir como guias, sem ser consideradas uma superfície estável. Possui capacidade de engatinhar normas(18,19). com padrão alternado, dissociando escápula e pélvis, e Antes de iniciar a pesquisa, conforme resolução desenvolveu a habilidade para deambular com apoio e/ou 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o presente estudo uso de aparelhos auxiliares (órtese, muleta, andador). foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade de Fortaleza (COÉTICA). Participou da pesquisa o paciente do sexo masculino, residente na cidade de Fortaleza – Ceará, com diagnóstico clínico de hidrocefalia e tendo como queixa principal da responsável ausência de deambulação. Durante o recolhimento da história pregressa, a mãe da criança relata que apresentou aborto espontâneo aos 6 meses de gestação durante a gravidez anterior e o feto apresentava diagnóstico clínico de hidrocefalia. Aos 41 anos de idade, durante a segunda gestação, foi diagnosticada Doença Hipertensiva Específica da Gestante (DHEG). A criança nasceu com 32 semanas de gestação, com baixo peso (1.400 gramas), através de parto cesariano, chorando ao nascer, sendo encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para condutas médicas, passando por cirurgia de Derivação Ventrículo Peritonial (DVP) após o 5º dia de internação, recebeu alta hospitalar no 11º dia. Paciente com 1 ano e 6 meses iniciou tratamento no Hospital Sarah Kubitschek durante período de 8 meses para desenvolvimento da funcionalidade e motricidade. Desde 13 de agosto de 2007, quando tinha 2 anos e 2 meses de idade, está sendo assistido pela equipe de Fisioterapia Pediátrica, Terapia Ocupacional e Psicologia do NAMI. Na inspeção e palpação o paciente apresentou boa Figura 1 - Treino de força e equilíbrio na posição bípede. movimentação global de membros superiores, pele normal, afasia, presença de nistagmo, aumento do diâmetro cefálico, hipertonia de adutores, flexores plantares e eversores (pé Quanto à Avaliação Sensório-Motora, o paciente equino-valgo) com deficiência na mobilidade espontânea apresentou dependência de terceiros para atividades da dos membros inferiores, hiperreflexia Patelar e Aquileu e vida diária como higienizar-se, alimentar-se, vestir-se, entre sinal de Babinski bilateral. outros. Os demais achados na Avaliação Inicial e os achados Na avaliação inicial o paciente foi classificado como da Evolução do paciente ao final do período de intervenção, nível IV do GMFCS. Para a idade entre dois e quatro sem repetição dos dados da avaliação inicial. (Tabela I) anos, esse nível corresponde à incapacidade da criança de Os objetivos fisioterapêuticos, para este paciente, assumir a posição sentada e, quando colocada não consegue foram aumentar capacidade funcional global, coordenação manter o alinhamento e equilíbrio sem o apoio das mãos. e equilíbrio nas posturas, sempre enfatizando a capacidade Necessita de equipamento para ficar em pé e não atingiu a do paciente de assumir a posição bípede e a deambulação. deambulação com ou sem auxílio. Consegue rastejar sem O tratamento fisioterápico proposto foi baseado na movimento alternado de pernas. literatura pertinente(20-22) e consistiu em: Mobilização Na última avaliação, após 20 meses de atendimento, passiva em dorso-flexão; flexão-plantar; abdução – adução constatou-se melhora funcional importante do paciente, de quadril; flexão-extensão de quadril e joelho para diminuir evoluindo para o nível II do GMFCS. Nesse nível o da rigidez muscular; Alongamento de tríceps-sural, paciente possui capacidade de sentar e deixar a posição ísquiostibiais, fibulares, psoas e adutores evitando possíveis RBPS 2009; 22 (3) : 199-206 201
  • 5. Almeida GPL, Cordeiro KW, Carneiro KKA, Sá FE Tabela I - Evolução do paciente quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor. Critérios Avaliação Inicial Evolução Organização Cabeça assimétrica e em extensão. - Cabeça simétrica e com controle nor- Postural Membros inferiores assimétricos. mal. Padrão postural primitivo. - Organiza a postura corretamente. Utilização dos Responde a sons familiares e maternos. - Demonstra atenção visual. Sentidos Resposta tátil ao toque, temperatura e dor. - Movimentos espontâneos de cabeça e Agarra objetos e os leva à linha média. braços. - Acompanha objetos. Decúbito Dorsal Movimento precário de cabeça e membros - Cabeça, mãos e troncos na linha média inferiores. com movimentos normais. Não rola para os lados. - Rola para decúbito lateral em ambos os Leva as mãos para linha média. lados. Decúbito Lateral Não assume postura e quando colocado não - Postura formada. mantém, voltando para supino. - Utiliza para assumir postura dorsal ou ventral. Decúbito Ventral Eleva cabeça momentaneamente. - Assume postura de gatas. Apóia os braços. - Rola para decúbito lateral. Não assume posição de gatas. - Assume postura sentado. Sentado Centro de gravidade anterior. - Controle cefálico. Hiperextensão cervical com hipercifose dorsal. - Controle de tronco. Membro inferior em “W”. - Reação de proteção. Déficit de equilíbrio e sustenta a postura por - Não usa postura em “W”. pouco tempo. - Libera mãos para explorar. Posição de Gatas - Não assume. - Assume postura, deslocando-se normalmente. - Assume postura de urso, sentado e semi-ajoelhado. Posição Bípede/ - Não assume postura. - Bipedestação com apoio. Marcha - Quando apoiado fica instável. - Deambula com apoio. - Não deambula. Coordenação - Sacode/agita/bate objeto. - Coloca e retira objetos em orifícios. - Manipula objeto com as duas mãos. encurtamentos e deformidades; Dissociação pélvica órteses suropodálicas (AFO) para correção do pé equino- com mobilização em rotação, anteversão e retroversão valgo e Instrução aos responsáveis quanto a maneira de usando bola na altura do quadril posteriormente para manejar, posicionar, brincar e comunicar-se com a criança, maior mobilidade pélvica; Diagonal funcional e primitiva de forma que mantenham a continuidade do estímulo do para membros superiores com auxílio de brinquedos, desenvolvimento neuropsicomotor no ambiente domiciliar. estimulando coordenação, concentração e força; Trabalho de transferência de peso lateralmente sentado no rolo; DISCUSSÃO Treino de aquisição da postura sentada e equilíbrio; Treino da aquisição da postura de gatos, auxiliado por apoio A investigação do processo evolutivo da criança anterior de rolo; Treino na posição bípede com apoio e a identificação de problemas relacionados ao seu da bola de Bobath; Exercício de sentar e levantar em desenvolvimento possibilitam a intervenção precoce cadeira, auxiliado através de estabilização pélvica pelo em atrasos evolutivos e a implementação de programas fisioterapeuta; Treino de marcha com andador; Indicação de de estimulação para crianças com distúrbios do 202 RBPS 2009; 22 (3) : 199-206
  • 6. Fisioterapia na Hidrocefalia desenvolvimento. O objetivo formal da intervenção precoce isolado, que é substituído pelo surgimento de padrões é reduzir os efeitos negativos de uma história de alto risco, de movimento muscular em massa comprometendo o que normalmente caracteriza a evolução de crianças aprendizado de habilidades motoras; e a perda da inibição deficientes ou de risco, pois muitas sofreram a influência de recíproca, que é uma forte base por trás do movimento vivências empobrecidas, no meio familiar e em ambientes coordenado(15). A prevenção de contraturas dos membros como creches e escolas(23). inferiores e, consequentemente, de padrões cinemáticos Em vista do conjunto individual de atributos, problemas assimétricos, leva a uma melhora significativa no processo e necessidades que cada criança apresenta, o fisioterapeuta de deambulação desenvolvido por esses pacientes(27,28). precisa usar seus conhecimentos, sua experiência e raciocínio Estudo relata que indivíduos com espasticidade clínico, a fim de definir os problemas e as prioridades que dos músculos do tornozelo, que fazem uso de órtese exigem sua atenção quanto a elaboração de um programa suropodálica, apresentam um melhor padrão de marcha adequado de tratamento. Para isso se faz necessário uma e equilíbrio quando comparados sem o uso de órtese(27). avaliação criteriosa abordando história pregressa, história Outro estudo apresenta os benefícios com a utilização das atual e um exame físico detalhado no intuito de traçar os órteses suropodálicas observadas no domínio da Atividade objetivos, dando ênfase aos déficits específicos de cada e Participação, de acordo com a CIF, pela melhora do paciente(14). desempenho de atividades típicas da infância como correr, Cerca de uma em cada oito crianças apresenta abaixar, durante as transferências de postura e na locomoção alterações do desenvolvimento que podem interferir em ambiente externo. Corroborando com os achados de forma significativa em sua QV e inclusão social. O na literatura, a prescrição da órtese ao paciente visou o desenvolvimento é o resultado da interação entre as melhor equilíbrio na posição bípede através do apoio características biológicas da criança e os fatores culturais plantígrado e aumento da base de sustentação, aprimorando e sociais em que ela está inserida. Assim, a estimulação a funcionalidade da deambulação(29). através da fisioterapia contribui para o desenvolvimento Bolas e rolos firmes fornecem superfícies móveis neuropsicomotor, embora não atue isoladamente neste que podem ajudar o terapeuta na facilitação do controle processo(24). postural e nas preparações posturais da criança. A direção Um fator determinante para a QV desses pacientes na qual a bola é movida e a posição da criança na bola pode é sua capacidade de autocuidado e suas habilidades variar pra facilitar o movimento da cabeça e do tronco. funcionais(13,16), sendo que o estudo constata que a Os variados usos da bola e suas infinitas possibilidades maioria dos problemas relacionados a estes pacientes é a de movimento permitem que o terapeuta controle o grau incapacidade de mobilidade, autocuidado e a ineficiência em que o movimento é auxiliado ou desempenho contra a de terceiros de prestar cuidado efetivo para esse grupo gravidade(20,22). dependente(25). Estudo realizado com objetivo de analisar Um aspecto essencial no cuidado de crianças com a associação entre a qualidade do estímulo doméstico e hidrocefalia, além da reabilitação, é sua integração na o desenvolvimento do cognitivo, ressalta a importância sociedade(8). A independência na vida adulta só será possível da qualidade desses estímulos para o desenvolvimento com intensa preparação na infância, as crianças devem ser cognitivo infantil, além do relevante papel das condições estimuladas a aderir, com a família, a tarefas e eventos que materiais e dinâmica familiar, favorecidas pela qualidade permitam sua socialização. A educação acadêmica deve ser do ambiente e da relação cuidador-criança para o incentivada, assim também habilidades como dirigir e fazer desenvolvimento cognitivo. Por isso o fisioterapeuta deve compras(6,10). estar apto a transmitir informações à família sobre formas A hidrocefalia apresenta-se com limitações funcionais de cuidado e estimular a criança(26). de mobilidade, equilíbrio e coordenação, prejudicando A aquisição da deambulação deve ser o principal a realização de atividades e, consequentemente, objetivo de qualquer paciente que ainda não alcançou esse comprometendo o desenvolvimento neuropsicomotor, patamar, e está fortemente associada com a espasticidade sendo este um ponto importante para intervenção da musculatura do quadril, do joelho, do tornozelo, e do fisioterapêutica. De acordo com os achados do GMFSC e quadríceps e deformidades articulares, bem como estado da ficha de Avaliação Sensório-Motora, o paciente obteve mental(16,25). A espasticidade nos membros inferiores pode evolução ao término do período do estudo, sugere-se, causar uma diminuição na amplitude articular e fraqueza, portanto, que o programa de intervenção proposto, aliado levando a um estado de contratura muscular, com isso ao desenvolvimento intrínseco da criança, contribuiu para a ocorre diminuição no movimento voluntário articular aquisição de habilidades funcionais. RBPS 2009; 22 (3) : 199-206 203
  • 7. Almeida GPL, Cordeiro KW, Carneiro KKA, Sá FE REFERÊNCIAS 13. Schoenmakers MA, Uiterwaal CS, Gulmans VA, Gooskens RH, Helders PJ. Determinants of functional 1. Hwang YS, Shim I, Chang JW. The behavioral change independence and quality of life in children with spina of locomotor activity in a kaolin-induced hydrocephalus bifida. Clin Rehabil. 2005;19(6):677-85. rat model: Evaluation of the effect on the dopaminergic system with progressive ventricle dilatation. Neurosci 14. Seitzberg A, Lind M, Bieriing SF. Ambulation in adults Lett. 2009;462(3):192-202. with myelomeningocele. Is it possible to predict the level of ambulation in early life?. Childs Nerv Syst. 2. Agapejev S, Pouza AFP, Bazan R, Faleiros ATS. 2008;24(2):231-7. Aspectos clínicos e evolutivos da hidrocefalia na neurocisticercose. Arq Neuropsiquiatr. 2007;65(3- 15. Bartonek A, Gutierrez EM, Haglund AY, Saraste H. A):674-80. The Influence of spasticity in the lower limb muscles on gait pattern in children with sacral to mid-lumbar 3. Cavalcanti DP, Salomão MA. Incidência de hidrocefalia myelomeningocele: a gait analysis study. Gait Posture. congênita e o papel do diagnóstico pré-natal. J Pediatr. 2005;22(1):10-25. 2003;79(2):135-40. 16. Danielsson AJ, Bartonek A, Levey E, McHale K, 4. Hortêncio APB, Ladim AR, Nogueira MB, Feitosa Sponseller P, Saraste H. Associations between FEL, Carlos Junior AA. Avaliação Ultra-Sonográfica orthopaedic findings, ambulation and health-related da Hidrocefalia Fetal: Associação com Mortalidade quality of life in children with myelomeningocele. J Perinatal. Rev Bras Ginecol Obstet. 2001;23:383-9. Child Orthop. 2008;2(1):45-54. 5. Deininger MH, Weyerbrock A. Gravitational valves in 17. Kliemann SE, Rosemberg S. Hidrocefalia derivada supine patients with ventriculo-peritoneal shunts. Acta na infância: um estudo clínico-epidemiológico de Neurochir (Wien). 2009;151(6):705-9. 243 observações consecutivas. Arq Neuropsiquiatr. 2005;63(2-B):494-501. 6. Woodhouse CR. Myelomeningocele: neglected aspects. Pediatr Nephrol. 2008;23(8):1223-31. 18. Palisano R, Rosenbaum P, Walter S, Russell D, Wood E, Galuppi B. Development and reliability of a system to 7. Roebroeck ME, Hempenius L, Van BB, Hendriksen classify gross motor function in children with cerebral JG, Van den Berg- Emons HJ, Stam HJ. Cognitive palsy. Dev Med Child Neurol. 1997;39(4):214-23. functioning of adolescents and young adults with meningomyelocele and level of everyday physical 19. Morris C, Bartlett D. Gross Motor Function activity. Disabil Rehabil. 2006;28(20):1237-42. Classification System: impact and utility. Dev Med Child Neurol. 2004;46(1):60-5. 8. Topczewska-Lach E, Lenkiewicz T, Olański W, Zaborska A. Quality of life and psychomotor 20. Graham JV, Eustace C, Brock K, Swain E, Irwin- development after surgical treatment of hydrocephalus. Carruthers S. The Bobath concept in contemporary Eur J Pediatr Surg. 2005;15(1):2-5. clinical practice. Top Stroke Rehabil. 2009;16(1):57- 68. 9. Vieira MW, Cavalcanti DP, Lopes VLGS. Importância da avaliação genético-clínica na hidrocefalia. Arq 21. Adler SS, Beckers D, Buck M. PNF método kabat: um Neuropsiquiatr. 2004;62(2):480-6. guia ilustrado. 2ª ed. São Paulo: Manole; 2007. 10. Bakar EE, Bakar B, Taner YI, Akalan N. Evaluation of 22. Tecklin JS. Fisioterapia Pediátrica. Porto Alegre: the intellectual skill problems of hydrocephalic children: Artmed; 2002. a clinical study. Turk Neurosurg. 2009;19(1):29-35. 23. Brêtas JRS, Pereira SR, Cintra CC, Amirati KM. 11. Hallal CZ, Marques NR, Braccialli LMP. Aquisição Avaliação de funções psicomotoras de crianças entre 6 de habilidade funcionais na área de mobilidade em e 10 anos de idade. Acta Paul Enferm. 2005;18(4):403- crianças atendidas em um programa de estimulação 12. precoce. Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2008;18(1):27-34. 24. Mancini MC, Fiúza PM, Rebelo JM, Magalhães LC, Coelho ZAC, Paixão ML. Comparação do 12. Vieira MEB, Ribeiro FB, Formiga CKMR. Principais desempenho de atividades funcionais em crianças instrumentos de avaliação da criança de zero a dois com desenvolvimento normal e crianças comparalisia anos de idade. Rev Movimenta. 2009;2(1):23-31. cerebral. Arq Neuropsiquiatr. 2002;60(2):446-52. 204 RBPS 2009; 22 (3) : 199-206
  • 8. Fisioterapia na Hidrocefalia 25. Schoenmakers MA, Gulmans VA, Gooskens RH, 29. Cury VCR, Mancini MC, Melo AP, Fonseca ST, Helders PJ. Spina bifida at the sacral level: more than Sampaio RF, Tirado MGA. Efeitos do uso de órtese minor gait disturbances. Clin Rehabil. 2004;18(2):178- na mobilidade funcional de crianças com paralisia 85. cerebral. Rev Bras Fisioter. 2006;10(1):67-74. 26. Andrade SA, Santos DN, Bastos AC, Pedromônico MRM, Almeida N, Barreto ML. Ambiente familiar Endereço para correspondência: desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem Gabriel Peixoto Leão Almeida. epidemiológica. Rev Saude Pública. 2005;39(4):606- Rua Onofre Sampaio Cavalcante, 381 11. Cidade dos Funcionários. 27. Gutierrez EM, Bartonek A, Haglund AY, Saraste CEP: 60834-450. Fortaleza - CE H. Kinetics of compensatory gait in persons with E-mail: gabriel_alm@hotmail.com. myelomeningocele. Gait Posture. 2005;21(1):12-23. 28. Santos CMT, Pereira CU, Santos EAS, Monteiro JTS. Reabilitação na mielomeningocele. Rev Bras Med. 2007;64(11):518-520. RBPS 2009; 22 (3) : 199-206 205