1. Metodologia da pesquisa científica
ANGELA BITTENCOURT
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
CIENCIA E TECNOLOGIA RIO DE JANEIRO
CAMPUS REALENGO
abittenc@gmail.com
3. Como fazer pesquisa?
Interpretar resultados
Realizar a pesquisa
posição
produtividade
formação de recursos humanos
CNPq
formular a perguntaFINEP
PADCT
FAPs Divulgar resultados
etc
4. Metodologia científica: definição
É um conjunto de abordagens, técnicas e
processos utilizados pela ciência para
formular e resolver problemas de
aquisição objetiva do conhecimento, de
uma maneira sistemática.
5. Metodologia científica: adaptações
Considerar:
natureza do conhecimento:
científico, filosófico, artístico, místico, etc.
ciência pura (aquisição do
conhecimento sem finalidades de
utilização prática) x aplicada (utilização
dos conhecimentos da ciência pura
e da tecnologia em aplicações
práticas)
6. Metodologia científica: adaptações
Considerar:
operações lógicas no conhecimento científico
indução, dedução, inferência
o método científico hipótese (afirmação
ainda não comprovada sobre algum
fenômeno) x tese (afirmação comprovada
sobre algum fenômeno) x teoria (conjunto de
teses que explicam o fenômeno) x modelo
(descrição formal de um fenômeno, que pode
ser utilizado para testar novas hipóteses e
fazer predições)
7. Metodologia científica: adaptações
Considerar:
estudo observacional (coleta de dados sem influenciar
os eventos) x experimental (influência deliberada nos
eventos, buscando verificar os efeitos da intervenção)
estudo transversal (coleta dos dados num único
instante no tempo, obtendo um recorte momentâneo
do fenômeno investigado) x longitudinal (coleta dos
em dois ou mais momentos, havendo um
acompanhamento do desenrolar do fenômeno
considerado)
8. Metodologia científica: adaptações
Considerar:
dados e análises
qualitativos x quantitativos
o papel da estatística
descrição da variabilidade e
tendências centrais dos
resultados, para entender o
fenômeno.
9. Etapas da investigação científica
1 - Escolha do tema Redação do projeto
2 - Planejamento da investigação de pesquisa
10. Redação do projeto de pesquisa
Título / participantes / local / (financiamento)
Introdução: exposição do tema, de aspectos gerais até
específicos; bibliografia adequada e atualizada
Objetivos: gerais e específicos; justificativa
Materiais e métodos: detalhados ou com referências
bibliográficas
Cronograma de execução: referenciais de
acompanhamento
Exequibilidade
Referências bibliográficas
11. Etapas da investigação científica
1 - Escolha do tema
2 - Planejamento da investigação
3 - Coleta e armazenamento de informações
(observação, experimentação)
4 - Análise dos resultados, elaboração das
conclusões
5 - Divulgação dos resultados
12. 1 - Escolha do tema
Pesquisas originais, ou de confirmação ou ainda
de repetição para aprendizado
Derivado de conhecimento/investigações
anteriores do tema
Derivado de idéias dadas pelo orientador ou
colegas, ou de idéias totalmente originais
(insight)
Derivado da literatura científica, pesquisa
bibliográfica
Objetivos parciais e finais da pesquisa
13. 1 - Escolha do tema
Pesquisa bibliográfica
levantamento de trabalhos já realizados
sobre o mesmo tema, num determinado
período - nível geral x nível específico
levantamento dos métodos e técnicas a
serem utilizadas na investigação
realizada com metodologia específica e
utilizando publicações e bancos de dados
especiais (índices)
utilização da Internet
14. 1 - Escolha do tema
O tema escolhido deve
representar uma questão relevante, cujo
melhor modo de solução se faz por meio de
uma pesquisa científica
ser factível em relação à competência dos
pesquisadores, à infraestrutura do laboratório
e ao tempo e recursos disponíveis
(apresentar um alto grau de
interesse/satisfação ao pesquisador).
15. 2 - Planejamento da investigação
Pesquisadores, técnicos e suas atribuições no
projeto
Materiais a serem utilizados:
equipamentos,
material de consumo,
veículos etc
estão ou serão disponíveis ao longo do
projeto?
16. 2 - Planejamento da
investigação
Métodos a serem utilizados: identificação e
seleção de todos os métodos e técnicas
(inclusive computacionais e estatísticas) a
serem usadas na pesquisa; treinamento e
validação da metodologia através de projeto
piloto ou protótipo ANTES de iniciar o projeto.
ou: Desenvolvimento ou aperfeiçoamento de
técnicas e métodos (pesquisa metodológica)
17. 2 - Planejamento
da investigação
Como serão coletados, armazenados e
analisados os dados: tamanho da
amostra, formas de tabulação e
tratamento dos dados, testes estatísticos a
serem utilizados.
Cronograma de desenvolvimento: quais
metas serão atingidas em que momentos
ao longo do projeto?
18. 3 - Coleta e armazenamento
de informações
Realização de estudos observacionais
(aplicação de questionários, estudos de
campo, registro de dados exploratórios, etc.)
Realização de estudos experimentais
(manipulação das variáveis de estudo, coleta
de resultados)
Mensuração e comparação de dados de
desempenho, uso, impacto, etc (quando for
pesquisa metodológica)
19. Estudos observacionais
Questionário: instrumento ou programa de coleta de
dados
confecção pelo pesquisador, preenchimento pelo
informante
linguagem simples e direta
etapa de pré-teste, num universo reduzido
Entrevista
plano
caráter exploratório ou coleta de
informações
20. Estudos observacionais
Observação
conhecimento prévio do que observar
planejamento de um método de registro
fenômenos não esperados
registro fotográfico ou vídeo
relatório.
21. Estudos experimentais
Sujeitos ou objetos a serem estudados no experimento:
grupos controle e experimental
grupo controle não recebe a influência da
variável independente
grupo experimental recebe a variável
independente
Relação causa-efeito determinada pela comparação
estatística entre os grupos
Observação dos resultados.
22. Estudos experimentais
Perigo do viés (bias): influência inconsciente ou
consciente por parte dos sujeitos ou
pesquisadores sobre o resultado da pesquisa
Eliminação ou redução do viés:
atribuição aleatória dos sujeitos aos grupos
sujeitos ignoram a que grupo pertencem
(estudo cego)
pesquisadores também ignoram (estudo duplo-
cego)
23. 4 - Análise dos resultados, elaboração das
conclusões
Dois tipos de dados e análises:
Qualitativos
Quantitativos
Classificação, codificação e tabulação dos
resultados.
24. Classificação
Dividir um todo em partes, dando ordem as
partes e colocando cada uma no seu lugar
critério ou fundamento base da divisão a
ser feita.
Ex: sexo é o critério; masculino e feminino são
classes ou categorias.
25. Codificação
Colocar determinada informação na categoria
que lhe compete, atribuindo-se para cada
categoria um símbolo (palavra ou números).
27. O papel da estatística
Os resultados quase sempre são variáveis,
principalmente em biologia e medicina
É necessário descrever a variabilidade e as
tendências centrais, para entender o fenômeno
Para comprovar diferenças entre situações
observacionais e experimentais, é necessário
usar métodos estatísticos.
28. Descrição e análise dos dados
O que os dados significam para a nossa
pesquisa?
o que é típico no grupo (média, mediana e
moda)?
até que ponto variam os indivíduos no grupo
(amplitude, desvio médio e desvio padrão)?
como os indivíduos se distribuem com relação à
variável que está sendo medida (distribuição é
normal ou não)?
qual a relação entre as diversas variáveis (na
estatística há vários métodos, mas nenhum deles
garante a existência de um nexo causal)?
29. Elaboração das conclusões
Após estas etapas ³o
pesquisador fará as ilações que
a lógica lhe permitir e
aconselhar, procederá as
comparações pertinentes e, com
base nos resultados alcançados,
enunciará novos princípios e fará
as generalizações apropriadas´.
30. 5 - Divulgação dos resultados
Seminário / journal club
Apresentação em congresso
(resumo, poster, comunicação oral)
Relatório
Dissertação / tese
Artigo científico
Livro / capítulo de livro
Internet
variam regras, finalidade, público atingido, etc
31. Parte II
Qual o valor das respostas que a ciência
atual nos dá?
32. O objetivo básico da atividade científica não é o
de descobrir verdades ou ser uma compreensão
plena da realidade, mas sim o de fornecer um
conhecimento que, ao menos provisoriamente,
facilite a interação com o mundo, permitindo
previsões confiáveis sobre eventos futuros e
indicando mecanismos de controle para que se
possa intervir favoravelmente sobre os mesmos.
A ³verdade´ em ciência nunca é absoluta ou
final, pode sempre ser modificada ou
substituída. Um conhecimento é válido apenas
até que novas observações ou experimentações
o contradigam.
33. 1 - Exemplos de visões diferentes de
fenômenos semelhantes
Ou: porque não devemos
rir daquilo que não
compreendemos.
34. 1a - A magnetoterapia como pseudociência
A MAGNETOTERAPIA é a ciência e a arte de cura através
de ímãs. Sistema natural de tratamento, baseia-se na
aplicação externa de ímãs e na ingestão de água imantada,
estimulando os canais de energia da pessoa, sem danificar
seu organismo. A técnica segue os princípios e leis do
eletromagnetismo universal.
No antigo Egito, Cleópatra enfeitava seu rosto com
pequenos ímãs (magnetos) para manter a beleza. Na Índia,
a utilização de magnetos, na prática da medicina
alternativa, é comum há mais de dois mil anos. O mundo
atual parece ter retomado este antigo sistema de
tratamento e confirmado seus resultados clínicos
benéficos, em quase todas as doenças funcionais do corpo
humano.
http://209.182.24.141/
35. 2a - A reflexoterapia como pseudociência
REFLEXOTERAPIA
Como ustedes saben la
Reflexoterapia es una medicina
alternativa que se practicaba ya en el
antiguo egipcio, pues en una de las
pirámides hay varias inscripciones
talladas en piedra donde se refleja la
práctica de la Reflexoterapia en las manos y en los pies.
¿Por que en los Pies y en las Manos ?
Como todos sabemos el cuerpo está gobernado por el Sistema Nervioso. Todos
los Organos del cuerpo humano tienen terminales nerviosos en pies y manos de
manera que actuando sobre estos terminales Nerviosos llegamos a los distintos
Organos Internos del Cuerpo Humano. Esta es la misión de la Reflexoterapia,
llegar a los distintos órganos para lograr el equilibrio del Cuerpo y Mente del
enfermo.
http://www.readysoft.es
36. 3a - A urinoterapia como pseudociência
O padre Dillon com um copo de urina: água da vida
Elixir de água do joelho
A crença popular é algo que não se controla. O exemplo é a
urinoterapia, prática que aconselha ao paciente tomar a
própria urina. O líquido, garantem os seguidores, seria o
melhor remédio contra alergias, micoses e distúrbios
gastrointestinais e renais. É a água da vida, define o padre
Joseph Dillon, 53 anos, da Paróquia Nossa Senhora
Aparecida, em São Paulo. ... A urina serve para reequilibrar
o sistema hormonal e fortalecer as defesas do organismo,
garante o padre.
A convicção do religioso é rebatida pela
ciência. A urina serve para expelir
substâncias tóxicas. Tanto que se um
indivíduo ficar sem urinar ele morre,
afirma o urologista Miguel Srougi.
IstoÉ, 28 de maio de 1997
37. 1b - A magnetoterapia como ciência
Coll Antropol 1997 Jun;21(1):139-50
Anthropometric and quantitative EMG status of
femoral quadriceps before and after conventional
kinesitherapy with and without magnetotherapy.
Graberski Matasovic M, Matasovic T, Markovac Z
38. 2b - A reflexoterapia como ciência
Rev Neurol 1996 Jan;24(125):81-3
Somatosensory evoked potentials by acupunctural
stimulus and cortical functional projection.
Abad-Alegria F, Prieto M, Perez-Trullen JM
39. 3b - A urinoterapia como ciência
Nat Med 1998 Apr;4(4):428-34
Effects of a urinary factor from women in early pregnancy on HIV-1, SIV and
associated disease.
Lunardi-Iskandar Y, Bryant JL, Blattner WA, Hung CL, Flamand L, Gill P,
Hermans P, Birken S, Gallo RC
Os efeitos de preparações de grau clínico da gonadotrofina coriônica humana
(hCG) sobre sarcoma de Kaposi, HIV, SIV e hematopoiese foram examinados in
vitro e in vivo. ... encontramos que a atividade antiviral de fatores associados a
hCG não é devida ao heterodímero hCG nativo, incluindo sua subunidades
purificadas ou seu principal produto de degradação, o núcleo-beta. Utilizando
cromatografia de filtragem em gel de hCG de grau clínico e de concentrados de
urina de mulheres grávidas, demonstramos que um fator associado ao hCG (HAF),
ainda não identificado e com atividades anti-HIV, anti-SIV, anti-KS e pró-
hematopoiética, elui como dois picos correspondendo a 15-30 kDa e 2-4 kDa.
40. 4a - Acreditamos nas notícias que recebemos em formato ³apropriado´...
Agora, num ousado avanço da biologia
molecular, dois biólogos da Universidade de
Hamburgo, na Alemanha, fundiram pela primeira
vez células animais com células vegetais - as de
um tomateiro com as de um boi. Deu certo. Barry
MacDonald e William Wimpey, que fizeram a
experiência, obtiveram como resultado um
tomateiro capaz de produzir frutos parecidos com
tomates mas dotados de uma casca mais resistente
e de uma polpa muito mais nutritiva. A
experiência dos pesquisadores alemães, porém,
permite sonhar com um tomateiro do qual já se
colha algo parecido com um filé ao molho de
tomate. ... Os biólogos alemães conseguiram
alterar o curso da lei natural, que impede a
reprodução de indivíduos de espécies diferentes,
Veja 764 (23/04/83). diz Ricardo Brentane, engenheiro genético da
Universidade de São Paulo. Essa subversão é
estimulante para todo pesquisador.
41. 4b - ...mesmo quando se tratam de grande bobagem.
CORREÇÃO: Na sua edição no.764, de 27 de abril último, VEJA
publicou um artigo em sua seção de Ciência que narrava uma
experiência«.Tratou-se de lastimável equívoco. A informação
fora publicada originalmente pela revista inglesa New Scientist na
primeira semana de abril e não passava de uma brincadeira, ainda
que a primeira vista estivesse apresentada como uma notícia
semelhante a todas as outras da revista. ... Apesar da noticia da
New Scientist oferecer algumas pistas para que se percebesse o
truque, falharam os mecanismos e as práticas habituais de que
VEJA se vale para confirmar a veracidade das informações que
publica. ... No caso, VEJA considera sua obrigação não apenas
corrigir o erro, mas, dada sua extensão, desculpar-se dele perante
seus leitores.
Veja 774 (06/07/83).
43. Henri Poincaré
³Para fazer aritmética, assim como para fazer
geometria, ou para fazer qualquer ciência, é
preciso algo mais que a lógica pura. Para
designar essa outra coisa, não temos outra
palavra senão intuição.´
(ver também L. De Meiss)
44. Paul Feyerabend
³A ciência reclama pessoas flexíveis e
inventivas e não rígidos imitadores de padrões
de comportamento estabelecidos.´
45. Fritjof Capra
³A Terra é, pois, um sistema vivo; ela funciona não apenas como
um organismo, mas, na realidade, parece ser um organismo Gaia,
um ser planetário vivo. Suas propriedades e atividades não podem
ser previstas com base na soma de suas partes; cada um de seus
tecidos está ligado aos demais, todos eles interdependentes; suas
muitas vias de comunicação são altamente complexas e não-
lineares; sua forma evoluiu durante bilhões de anos e continua
evoluindo.´
46. Teoria de Santiago (Maturana e Varela):
A cognição não é a representação de um mundo pré-
dado, independente, mas, em vez disso, é a criação de
um mundo.
O que é criado por um determinado organismo no
processo de viver não é o mundo, mas sim um mundo,
um mundo que é sempre dependente da estrutura do
organismo... assim, não existem coisas que sejam
independentes do processo de cognição.