2. Como aprender mais PÁG. 1
Afinal de contas, porque estou aqui?
As três grandes questões da vida!
1. Questão da EXISTÊNCIA: POR QUE ESTOU VIVO?
2. Questão de SIGNIFICÂNCIA: EU TENHO VALOR?
3. Questão de INTENÇÃO: QUAL É O MEU PROPÓSITO?
Todos nós fomos feitos para ter significância! Você não foi feito para ficar indo de um lado para o outro sem sentido. Sem
construir nada significante. Bem, você pode passar pela vida vi-vendo em um dos seguintes níveis:
• Sobrevivência
• Sucesso
• Significância
Você sabe o sentido da vida? Você sabe o quanto importa para Deus? Você sabe qual é o propósito de Deus para sua vida
e o está vivenciando?
“Mas os planos do Senhor permanecem para sempre, os propósitos do seu coração, por todas as gerações”. Salmos 33.11
AMBIENTES DE APRENDIZADO
ABORDAGEM PEDAGÓGICA.
• O Espaço e o Ambiente
“O espaço é a morada dos objetos e o ambiente é a morada das ações.” Lino de Macedo
INTRODUÇÃO
3. Como aprender mais PÁG. 2
• Espaço: Os locais destinados à realização de atividades que são constituídos por obje-tos, materiais didáticos e mobiliários.
• Ambiente: Ambiente revela-se como a união entre o espaço físico e as relações estabe-lecidas pelas pessoas nos espaços.
“Um ambiente é um sistema vivo, em transformação. Mais do que o espaço físico, inclui o modo como o tempo é estruturado
e os papéis que devemos exercer, condicionando o modo como nos sentimos, pensamos e nos comportamos, e afetando
dramaticamen-te a qualidade de nossas vidas. O ambiente funciona contra ou a nosso favor, enquanto conduzimos nossas
vidas.” (CAROLYN, 1999).
No passado: limitava-se apenas ao olhar do adulto. Geralmente a organização se sustentava num grande controle das
ações por parte dos profissionais, o que prejudicava o desenvolvi-mento da identidade e da autonomia das crianças e dos
adolescentes.
Hoje: De acordo com CAROLYN, 1999, o ambiente é visto como algo que educa a criança. Na verdade, é considerado o
“terceiro educador”, juntamente com a equipe de [...] professores.
Nessa perspectiva, o ponto chave de todo o processo reflexivo em relação a abordagem dos espaços e ambientes é considerar
o aluno como centro de todo o processo, ou seja, os ambi-entes favorecendo as aprendizagens. “Dentre as condições
ambientais que favorecem a aprendizagem das crianças, destaca-se o arranjo espacial, que diz respeito à maneira como os
móveis e equipamentos existentes em um local posicionam-se entre si.” (OLIVEIRA, 2010).
Essencial é perceber que a transformação dos espaços em ambientes impacta diretamente sobre o comportamento e ações
das crianças e adolescentes.
ParaLOPES,2006,todososambientesconstituídosparacriançasdeveriamatendercincofunçõesrelativasaodesenvolvimento
infantil, no sentido de promover:
• Identidade pessoal
• Competência
• Sensação de segurança e confiança
• Oportunidade de contato social
• Privacidade
4. Como aprender mais PÁG. 3
ABORDAGEM ANDRAGÓGICA
A Andragogia corresponde à ciência que estuda as melhores práticas para orientar adultos a aprender. É preciso considerar
que a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem de adultos. Estes, por sua vez, são motivados a aprender
conforme vivenciam necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará em sua vida. O modelo andragógico baseia-se
nos seguintes princípios:
• Necessidade de saber: adultos carecem saber por que precisam aprender algo e qual o ganho que terão no processo.
• Autoconceito do aprendiz: adultos são responsáveis por suas decisões e por suas vi-das, portanto querem ser vistos e
tratados, pelos outros, como capazes de se autodirigir.
• Papel das experiências: para o adulto, suas experiências são a base de seu aprendi-zado. As técnicas que aproveitam essa
amplitude de diferenças individuais serão mais eficazes.
• Prontidão para aprender: o adulto fica disposto a aprender quando a ocasião exige al-gum tipo de aprendizagem relacionado
a situações reais de seu dia a dia.
• Orientação para aprendizagem: o adulto aprende melhor quando os conceitos apre-sentados estão contextualizados para
alguma aplicação e utilidade.
• Motivação: adultos são mais motivados a aprender por valores intrínsecos: autoestima, qualidade de vida, desenvolvimento.
Com relação ao ambiente, para o adulto se sentir pertencente ao ambiente educacional, se apropriar dessa cultura e depositar
nela suas vivências, é fundamental para o processo de aprendizagem.
PROJETO DE VIDA: ENSINO HÍBRIDO
5. Como aprender mais PÁG. 4
Num mundo multicultural, permanentemente conectado e em profunda transformação, faz to-do sentido a educação baseada
em valores, desenvolvimento de competências e aprendiza-gem por projetos, integrados no Projeto de Vida.
O projeto ou plano de vida representa o que o indivíduo quer ser e o que ele vai fazer em cer-tos momentos de sua vida, bem
como as possibilidades de alcançá-lo. Projeto de vida, num sentido amplo, é tornar consciente e avaliar nossas trilhas de
aprendizagem, nossos valores, competências, dificuldades e também os caminhos mais promissores para o desenvolvimento
em todas as dimensões.
É um exercício constante de tornar visível, na nossa linha do tempo, nossas descobertas, valo-res, escolhas, perdas e
também desafios futuros, aumentando nossa percepção, aprendendo com os erros e projetando novos cenários de curto
e médio prazo. É um roteiro aberto de auto-aprendizagem, multidimensional, em contínua construção e revisão, que pode
modificar-se, adaptar-se e transformar-se ao longo da nossa vida.
“Um projeto de vida visa estimular a busca de um sentido, de uma vida com significado, com motivação profunda e
socialmente útil.” Fernando de Mello.
Aprendemos mais e melhor quando encontramos significado para aquilo que percebemos, somos e desejamos, quando há
alguma lógica nesse caminhar no meio de inúmeras contra-dições e incertezas, a qual ilumina nosso passado e presente,
bem como orienta nosso futuro.
• Desafios ao trabalhar o projeto de vida
O grande desafio é como desenvolver uma visão integral de mundo, competências cognitivas e socioemocionais como
pensamento crítico, criatividade, responsabilidade, colaboração, co-municação, autocontrole. Segundo MORAN, 2017, tendo
como base os quatro pilares da UNESCO - aprender a ser, a fazer, a conhecer e a conviver, esses desafios podem agrupar-
se em três dimensões:
6. Como aprender mais PÁG. 5
1. Dimensão da Identidade (Eu comigo, aprender a ser): Compreender-se, aceitar-se e saber usar suas habilidades para
crescer, realizar-se e buscar o seu bem-estar.
2. Dimensão da Cidadania (Eu com o mundo, aprender a conviver): Relacionar-se de forma harmoniosa e produtiva com
as outras pessoas na família, na escola e na comunidade.
3. Dimensão Produtiva (Aprender a fazer): Desenvolver as competências profissionais para empreender e contribuir para
uma vida profissional realizadora.
Em qualquer etapa em que nos encontremos, podemos ampliar a consciência da vida como um projeto que se redefine
continuamente com novos conhecimentos, experiências, vivên-cias. Esse processo pode tornar-se muito mais enriquece-
dor, quando estamos atentos e o de-senvolvemos intencionalmente em nós mesmos e nos demais. Por isso é urgente co-
meçar essas ações na família e na escola, com crianças e jovens e de forma cada vez mais central no processo de ensino
e aprendizagem por projetos, com metodologias ativas e modelos híbridos.
“É preciso viver a vida que se pretende mudar. Quanto mais avançarmos em conhecimento, valores, competências e práti-
cas de vida libertadores, mais ajudaremos a todos que convivem conosco a perceberem que eles também podem desenvol-
ver suas próprias trilhas de aprendi-zagem realizadora ao longo das suas vidas” José Moran
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Vários são os significados para a palavra “problema” conforme cita o Dicionário Aurélio:
• “Conflito afetivo que impede ou afeta o equilíbrio psicológico do indivíduo”.
• “Questão não resolvida e que é desejo de discussão, em qualquer domínio do conhe-cimento”.
• “Questão proposta para que se dê a solução”.
• “Proposta duvidosa que pode ter diversas soluções”.
7. Como aprender mais PÁG. 6
Por que formular um Problema?
Gil (1991), estabelece que várias podem ser as condições para a formulação de problemas, entre elas podemos citar:
• As de ordem prática – formula-se o problema e tem-se uma resposta para subsidiar de-terminada ação.
• As de ordem intelectual – conhecimento sobre determinado objeto com pouco estudo efetuado.
Regras práticas para formular problemas:
• Um problema deve ser formulado como pergunta.
• Um problema deve ser claro e preciso.
• O problema deve ser suscetível de solução.
• O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável.
RELAÇÃO PSICOSOCIAL
A pior forma de escravidão é a de sentir-nos prisioneiros de um horizonte estreito, fechado, medroso e desesperançado; sem
acreditar que todos têm condições de mudar, que nossa vida pode ser muito mais interessante e que isso está ao alcance
de cada um de nós. Pessoas so-frem demais por situações que podem ser superadas, mas que para elas são definitivas.
Não percebem que podem levar uma vida diferente, acreditam num fatalismo imobilizador, sem chances reais de serem mais
felizes e realizadas.
8. Como aprender mais PÁG. 7
Em muitos ambientes educacionais que temos, aprendemos pouco e não aprendemos o prin-cipal: a sermos pessoas plenas,
ricas, criativas e empreendedoras. Para isso precisamos aprender a ler, a compreender, a contar, a escolher uma profissão,
mas precisamos fazê-lo de forma diferente do que estamos fazendo até agora, insistindo na integração entre a dimensão
intelectual, a emocional e a comportamental de uma forma criativa e inovadora.
Vale a pena investir nas pessoas, na esperança de mudança, e oferecer-lhes instrumentos para que se sintam capazes de
caminhar por si mesmas, de realizar atividades cada vez mais interessantes, complexas, desafiadoras e realizadoras. Essa
é a educação que se deseja e que é plenamente viável.
Além de uma educação transformadora, é importante realizar ações de educação continuada de todos, principalmente dos
que se sentem excluídos, para que encontrem sentido nas suas vidas e motivação para querer sair de onde estão. A educação
não acontece só na sala de au-la, mas em todos os momentos e com todas as pessoas, na interação cotidiana, na forma
como olhamos, conversamos, falamos, ouvimos, agimos.
• A afetividade na relação pedagógica
A afetividade é um componente básico do conhecimento e está intimamente ligado ao senso-rial e ao intuitivo. A afetividade
se manifesta no clima de acolhimento, de empatia, inclinação, desejo, gosto, paixão, de ternura, da compreensão para
consigo mesmo, para com os outros e para com o objeto do conhecimento.
Aafetividade dinamiza as interações, as trocas, a busca, os resultados. Facilita a comunica-ção, toca os participantes, promove
a união. O clima afetivo prende totalmente, envolve ple-namente, multiplica as potencialidades. O homem contemporâneo,
pela relação tão forte com os meios de comunicação e pela solidão da cidade grande, é muito sensível às formas de co-
municação que enfatizam os apelos emocionais e afetivos mais do que os racionais.
Aaprendizagem precisa incorporar mais as dinâmicas participativas como as de autoconheci-mento (trazer assuntos próximos
à vida dos alunos), as de cooperação (trabalhos de grupo, de criação grupal) e as de comunicação (como o teatro ou a
produção de um vídeo).
9. Como aprender mais PÁG. 8
Pode-se ajudar a desenvolver o potencial que cada pessoa tem, dentro das suas possibilida-des e limitações. Para isso,
pode-se praticar a pedagogia da compreensão contra a pedagogia da intolerância, da rigidez, a do pensamento único, da
desvalorização dos menos inteligentes, dos fracos, problemáticos ou “perdedores”.
Alguns obstáculos:
• A formação intelectual valoriza mais o conteúdo oral e textual, separando razão e emoção.
• O professor não costuma ter uma formação emocional, afetiva. Por isso, tende a enxergar mais os erros que os acertos.
• A falta de valorização profissional também interfere na autoestima. Se os professores não desenvolvem sua própria auto-
estima, se não se dão valor, se não se sentem bem como pessoas e profissionais, não poderão educar num contexto afeti-
vo. Ninguém dá o que não tem.
Por isso, é importante organizar atividades para que alunos e professores desenvolvam sua autoconfiança, sua autoestima;
que tenham respeito por si mesmos e acreditem em si; que percebam, sintam e aceitem o valor pessoal e o dos outros.
Assim será mais fácil aprender e comunicar-se com os demais.
Sem essa base de autoestima, alunos e professores não estarão inteiros, plenos para interagir e se digladiarão como opos-
tos, quando deveriam ver-se como parceiros.
neurocência
Qual é o objetivo do ensino? O que é aprendizagem? Como se aprende algo novo? Onde se localizam nossas memórias?
Segundo o neurocientista Ivan Izquierdo, a memória é a aquisi-ção, formação, conservação e evocação de informações. Esta
aquisição de novos conheci-mentos é também chamada de aprendizagem, pois só se retém na memória o conteúdo que foi
aprendido.
10. Como aprender mais PÁG. 9
Aprendizagem, portanto, é um processo complexo que envolve a formação de novas memó-rias. A educação, por meio do
processo ensino e aprendizagem, tem como objetivo o grande desenvolvimento pessoal, adequando o aprendiz ao meio no
qual ele está inserido. Educar é proporcionar oportunidades e orientação para aprendizagem, para aquisição de novos com-
-portamentos.
• As Neurociências e a Educação:
As funções intelectuais como a memória, linguagem, atenção, emoções, assim como ensinar e aprender, são produzidas pela
atividade dos neurônios no nosso encéfalo (KOLB; WHISHAW, 2002). O encéfalo é o órgão da aprendizagem. O encéfalo hu-
mano é composto por aproxima-damente 86 bilhões de neurônios, as células nervosas, que interagem entre si e com outras
células formando redes neurais para que possamos aprender o que é significativo e relevante para a vida.
Os neurônios são células altamente estimuláveis que se comunicam entre si ou com outras células por meio de uma lingua-
gem eletroquímica. O nosso comportamento depende do nú-mero de neurônios envolvidos nesta rede de comunicação neu-
ral e dos seus neurotransmis-sores, que são substâncias químicas que modulam a atividade celular, acentuando ou inibin-do
a comunicação entre os neurônios. A maioria dos neurônios possui três regiões responsá-veis por funções especializadas:
corpo celular, dendritos e axônio (MACHADO, 2013).
Figura 1: Desenho esquemático de um neurônio
11. Como aprender mais PÁG. 10
As sinapses, ou seja, as conexões entre as células nervosas que compõe as diversas redes neurais vão se tornando mais
bem estabelecidas e mais complexas, à medida que o aprendiz interage com o meio ambiente interno e externo. Desta forma,
é verdadeiro que crianças pouco ou não estimuladas durante a infância podem apresentar dificuldade de aprendizagem. Nes-
tes casos ao encéfalo delas não foi dada a oportunidade de se desenvolver plenamente, alcançando toda a sua potencialidade.
Estas crianças, para alcançar os objetivos de desenvol-vimento e competência, precisarão de estímulos bem direcionados
e de estratégias alternativas de aprendizagem para poderem ter chances de desenvolver as habilidades não desenvolvidas
(GUERRA, 2011).
Como as neurociências podem contribuir para melhorar o processo de ensino e aprendizagem? O conhecimento sobre
funcionamento do encéfalo pode contribuir para beneficiar o processo ensino e aprendizagem?
As neurociências descrevem a estrutura e funcionamento do sistema nervoso, enquanto a educação cria condições que
promovem o desenvolvimento de competências. Os professores atuam como agentes nas mudanças cerebrais que levam
à aprendizagem. As estratégias pe-dagógicas utilizadas por professores durante o processo ensino-aprendizagem são
estímulosqueproduzemareorganizaçãodosistemanervosoemdesenvolvimento,resultandoemmu-dançascomportamentais
(Guerra, 2011).
• Neuroplasticidade
A neuroplasticidade é a capacidade que o encéfalo possui em se reorganizar ou readaptar frente a novos estímulos, sejam
eles positivos ou negativos. As sinapses ou conexões entre os neurônios se modificam durante o processo de aprendizagem,
quando há evocação da memó-ria, quando adquirimos novas habilidades. Ao analisar os neurônios após um processo
de aprendizagem, pode-se observar várias modificações estruturais que ocorreram, tais como o brotamento de espículas
dendríticas, brotamento axonal colateral e desmascaramento de sinapses silentes.
12. Como aprender mais PÁG. 11
A neuroplasticidade possibilita a reorganização da estrutura do encéfalo e constitui a funda-mentação neurocientífica do
processo de aprendizagem. As estratégias pedagógicas devem utilizar recursos que sejam multissensoriais, para ativação
de múltiplas redes neurais que es-tabelecerão associação entre si. Se as informações/experiências forem repetidas, a ativi-
dade mais frequente dos neurônios relacionados a elas, resultará em neuroplasticidade e produzirá sinapses mais consoli-
dadas.
Aprender, entretanto, não depende só dos neurônios em suas redes neurais, e do cérebro com seus lobos, mas, sim tam-
bém, do estado de saúde em que a pessoa se encontra. Simplifica-damente, existem cinco fatores que contribuem para um
encéfalo saudável:
(1) A prática regular de exercícios físicos que sejam prazerosos a quem os realiza. Estes exer-cícios podem ser caminha-
das, dança, natação, musculação, etc.
(2) Alimentação balanceada, incluindo proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e vitaminas;
(3) Sono tranquilo, regular e satisfatório;
(4) Bom humor e otimismo ao se viver;
(5) Manter a mente em funcionamento, aprendendo algo novo a cada dia.
• Neurociência: 10 passos para um aprendizado melhor.
1. Introduzir o material a ser aprendido fazendo ligações com o que já é sabido.
2. Criar situações semelhantes à vida real.
3. Criar oportunidades de rememoração e de novas associações.
4. Utilizar trabalhos em grupo seguidos de exposição pelos alunos.
13. Como aprender mais PÁG. 12
5. Aprender fazendo.
6. Utilizar técnicas que auxiliam a memória, como a música, rimas.
7. Dividir as atividades em intervalos.
8. Introduzir o novo, o intenso e o pouco usual.
9. Utilizar tempo de relaxamento entre as atividades.
10. Levar em conta a necessidade de consolidação da memória.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
“O desafio mais interessante da nossa vida é transformá-la em um processo contínuo de aprendizagem, de evolução e de
realização – no meio de contradições; um processo cada vez mais pleno, autêntico, rico e profundo” José Moran.
A educação, sem dúvida, tem uma dimensão claramente social, de aprender com a experiência dos outros, de saber convi-
ver com as diferenças, de contribuir para melhorar a sociedade em que nos encontramos. Mas possui também uma dimen-
são que não se valoriza muito hoje na escola: a do desenvolvimento pessoal integrado, constante e transformador.
A educação é eficaz quando consegue que cada um de nós se sinta motivado internamente a querer conhecer mais e a
procurar mudar o seu comportamento, atitudes e valores ao longo da vida.
Aprendemos pouco, quando só focamos o lado profissional, quando só queremos aprender para ganhar mais dinheiro.
Aprendemos pouco quando nos acomodamos e não acreditamos que possamos evoluir mais. Aprendemos pouco quando
mostramos uma face externa para os outros que não corresponde ao que intimamente percebemos; aprendemos pouco
quando não acreditamos que valha a pena perseverar no processo de crescer sempre, de entender melhor, de aceitar-se,
de tentar as mudanças possíveis.
14. Como aprender mais PÁG. 13
• Educação como construção pessoal ao longo da vida
Podemos transformar a nossa vida em permanente, paciente, afetuoso e emocionante proces-so de aprendizagem. Em to-
dos os momentos, em todos os espaços, em todos os nossos tem-pos, em todas as situações podemos aprender muito ou
pouco, dependendo da atitude pro-funda em relação à nossa motivação.
Quanto mais avançamos em idade, mais claramente mostramos o que aprendemos, o que so-mos, em que nos transforma-
mos, o que é autêntico e o que não é. Cada um de nós, com o passar dos anos, vai revelando, por sua atuação e palavras,
o que aprendeu realmente, até onde evoluiu.
A infância e a juventude são fases de descobertas, de busca de identidade, de inserção nos diversos espaços pessoais.
No começo da idade adulta nós vamos nos definindo em todos os campos – o intelectual, o emocional, o profissional. Já
mostramos mais claramente o que aprendemos e o que não aprendemos, o que é verdadeiro e o que é fantasia. A nossa
personalidade e a maneira de nos adaptarmos socialmente ficaram mais perceptíveis, mais ainda podemos nos iludir, per-
der a nós mesmos, adiar decisões.
Ao chegar à maturidade, então, mostramos realmente o que somos, o que aprendemos, o que nos complica e o que nos
realiza; nossos pontos fortes e fracos; o que conseguimos e o que deixamos de lado. Pode ser uma etapa muito rica – com
os compromissos sociais, profissio-nais e familiares mais consolidados - se enfrentamos nosso eu mais profundo, repensa-
mos algumas decisões, buscamos novos desafios, sermos pessoas mais livres e realizadas, mesmo num contexto de um
progressivo declínio físico.
Enquanto alguns avançam na aprendizagem, muitos desistem. Como não conseguiram reali-zar alguns dos grandes so-
nhos – que nem sempre eram deles, mas plantados por terceiros – acreditam que não vale a pena ir além. Procuram fora
de si motivos para continuar vivendo: em momentos de entretenimento, de ocupação, de sobrevida. Aprendem pouco com
o cotidia-no: são como náufragos, a deriva, que só pensam em continuar vivos. “Vão vivendo”, contentando-se com suas
expectativas mínimas, com suas receitas repetidas, com o arroz e feijão bá-sicos, sem degustar tantos outros manjares
possíveis.
15. Como aprender mais PÁG. 14
Cada etapa da vida tem seu fascínio, seus motivos para gostar de aprender mais. Esse é um dos encantamentos da vida:
poder evoluir, crescer, ser pessoas mais plenas, mesmo com mui-tas contradições, dificuldades e perplexidades. Vale a
pena sempre manter a atitude positiva, ativa, curiosa, atenta de querer aprender sempre mais, de fazer a ponte entre o
exterior e o in-terior, entre o social e o pessoal, entre o intelectual, o emocional e o comportamental.
LIFELONG LEARNING
“A sabedoria não é um produto da escolaridade, mas a tentativa de adquiri-la ao longo da vida”- Einstein.
Aprender tem tudo a ver com mudança, e a mudança impulsiona o aprendizado. Os dois são inevitáveis e andam de mãos
dadas. A mudança impõe lacunas entre o que é e o que vai ser, ou entre o que foi e o que é agora. A mudança cria oportu-
nidades e impõe demandas. Na for-ça de trabalho e em outras áreas da vida, a mudança levanta questões sobre a pron-
tidão para aproveitar oportunidades ou para enfrentar demandas por diferentes formas de comportamen-to e interação e
metas mais exigentes a serem alcançadas.
O aprendizado pode gerar mudanças criando novas capacidades e abrindo a porta para opor-tunidades novas e inespera-
das. Também tem o potencial de capacitar uma pessoa para influ-enciar o futuro, oferecendo escolhas que de outra forma
não estariam disponíveis.
A aprendizagem ao longo da vida é um desafio essencial para inventar o futuro da sociedade; é uma necessidade em vez
de uma possibilidade. É mais do que educação e/ou formação de adultos - é uma mentalidade e um hábito que as pes-
soas vão adquirir. Cria o desafio de com-preender, explorar e apoiar novas dimensões essenciais de aprendizagem, tais
como:
16. Como aprender mais PÁG. 15
• Aprendizagem autodirigida.
• Aprendizagem sob demanda.
• Aprendizagem colaborativa.
• Aprendizagem organizacional.
Uma teoria de aprendizagem, ao longo da vida, deve investigar novas estruturas para a apren-dizagem exigida pelas mu-
danças profundas e aceleradas na natureza do trabalho e da edu-cação. Essas mudanças incluem:
(1) Uma crescente oferta de empregos de “alta tecnologia” que requerem suporte para aprendi-zagem sob demanda por-
que a cobertura de todos os conceitos é impossível;
(2) A inevitabilidade da mudança no curso de uma vida profissional, que requer aprendizagem ao longo da vida;
(3) O aprofundamento (e inquietante) divisão entre as oportunidades oferecidas aos instruídos e aos não instruídos.
A aprendizagem ao longo da vida é uma forma de educação auto iniciada com foco no desen-volvimento pessoal. Embora
não haja uma definição padronizada de aprendizagem ao longo da vida, geralmente é considerada como se referindo à
aprendizagem que ocorre fora de um instituto educacional formal, como uma escola, universidade ou treinamento corpora-
tivo.
A aprendizagem ao longo da vida reconhece que nem todo o nosso aprendizado vem da sala de aula.
• Por exemplo, na infância, aprendemos a falar ou andar de bicicleta.
• Já adultos, aprendemos a usar um smartphone ou a preparar um novo prato.
A realização e o desenvolvimento pessoal referem-se a interesses naturais, curiosidade e mo-tivações que nos levam a
aprender coisas novas. Aprendemos por nós mesmos, não por outra pessoa.
17. Como aprender mais PÁG. 16
Lista de verificação chave para a aprendizagem ao longo da vida:
• Voluntário.
• Automotivado ou auto iniciado.
• Nem sempre requer um custo.
• Frequentemente informal.
• Autodidata ou instrução que é procurada.
• A motivação está fora do interesse pessoal ou desenvolvimento pessoal.
Exemplos de aprendizagem ao longo da vida:
• Desenvolver uma nova habilidade (por exemplo, costura, culinária, programação, falar em público, etc.)
• Estudo autodidata (por exemplo, aprender um novo idioma, pesquisar um tópico de inte-resse, assinar um podcast etc.)
• Aprender um novo esporte ou atividade (por exemplo, ingressar em artes marciais, aprender a esquiar, aprender a fazer
exercícios, etc.)
• Aprender a usar uma nova tecnologia (dispositivos inteligentes, novos aplicativos de software, etc.)
• Adquirir novos conhecimentos (fazer um curso de interesse próprio por meio de educa-ção online ou curso em sala de
aula.)
Benefícios da aprendizagem ao longo da vida:
1. Automotivação renovada.
2. Reconhecimento de interesses e objetivos pessoais.
3. Melhoria em outras habilidades pessoais e profissionais.
4. Maior autoconfiança.
A aprendizagem ao longo da vida nos encoraja a melhorar nossa própria qualidade de vida e senso de autoestima, pres-
tando atenção às ideias e objetivos que nos inspiram.
18. Como aprender mais PÁG. 17
BIBLIOGRAFIA
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GOMIDES, J. A definição do problema de pesquisa a chave para o sucesso do projeto de pesquisa. Revista do Centro de
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GUERRA, L.B. O diálogo entre a neurociência e a educação: da euforia aos desafios e pos-sibilidades. Revista
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MACHADO, A.B.M.; HAERTEL, L.M. Neuroanatomia funcional. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2013.
MORAN, J. A importância de construir Projetos de Vida na Educação. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-
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OLIVEIRA, Z. Educação Infantil: muitos olhares. São Paulo: Cortez, 2010.
19. Como aprender mais PÁG. 18
Esta obra é uma produção de pesquisa realizada em diversos materiais, livros
e obras de autores com o objetivo de uso exclusivo para apoio dos alunos
que estão inscritos na Mentoria IPE.
Coordenação editorial: Andrei Alves
Supervisão editorial: Renata Rocha
Revisão: Andressa Mara R. Velasco Rodrigues
Adaptação de capa: Andrei Alves
Diagramação: Jeferson Muniz Barreto Rosa