23% dos consumidores virtuais compraram comida delivery no último ano
Metade brasileiros já pagou produto nunca usou
1. Metade dos brasileiros já pagou por um produto que
nunca usou, revela estudo do SPC Brasil
Pesquisa aponta contradições do brasileiro, que apesar de se autodeclarar
conservador na hora das compras, demonstra ter atitudes imediatistas
Quando o assunto é gastar dinheiro, o consumidor brasileiro se contradiz entre o
que ele admite que faz e a maneira como ele se enxerga na hora de ir as compras.
Um levantamento inédito realizado nas 27 capitais pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
revela que 88% dos entrevistados se autodeclaram conservadores ou moderados
quando vão as compras, mas 47% admitem, que movidos pelo impulso, já
compraram algum produto que nem se quer chegaram a usar.
O estudo aponta ainda uma tendência do brasileiro em recorrer ao consumo como
forma de satisfazer suas vontades pessoais. Tanto que 59% já compraram algo
pensando “eu mereço”,
mesmo sem ter condições financeiras para arcar com o
produto. De igual maneira, seis em cada dez entrevistados (62%) assumem que
antes mesmo de receber o salário, já pensam nas compras supérfluas que farão no
mês seguinte. Este percentual aumenta para 69% entre os entrevistados das
classes C, D e E, ao passo que entre os consumidores das classes A e B, o índice é
de 51%.
2. Na avaliação do gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, a tendência ao
consumo imediatista e impulsivo por uma parcela expressiva da população é reflexo
das recentes alterações na estrutura de renda do brasileiro e no acesso ao crédito,
que apresentou forte expansão nos últimos anos.
“Com desemprego em baixa e reajustes salariais acima da inflação, temos assistido
a uma crescente inserção do consumidor ao mercado de crédito, o que garante
mais poder de compra. O problema é que a melhora da condição financeira da
população nem sempre vem acompanhada de uma maior consciência sobre como
gastar esse dinheiro“, explica Borges.
O consumo como afirmação social
De acordo com a pesquisa, o consumidor brasileiro tende a se preocupar com a
imagem que transmite aos demais, idealizando para si próprio um padrão de
consumo que muitas vezes não corresponde ao orçamento pessoal.
Um dado do estudo que reforça essa constatação é de que pelo menos três em
cada dez entrevistados (30%) já se sentiram discriminados por um vendedor e
acabaram comprando o produto para provar que tinham condições financeiras de
arcar com o custo. No mesmo sentido, 21% dos entrevistados disseram que
costumam acompanhar familiares ou amigos a lugares que extrapolam seu próprio
orçamento apenas para “não fazer feio”. Este percentual sobe para 24% entre
aqueles que são das classes C, D e E e cai para 15% entre os de maior renda.
De igual maneira, em cada dez entrevistados, pelo menos seis (59%) admitem que
já ficaram “no vermelho” por adquirir algum bem que não precisavam ter
comprado. Segundo Flávio Borges, esse comportamento contribui para o elevado
3. nível de endividamento (comprometimento do orçamento com dívidas a pagar) da
população. “Várias das conclusões do estudo reforçam a constatação de que o
brasileiro tem satisfação em gastar o seu salário logo que recebe. Isso explica o
fato de o Brasil ser um dos países que menos poupam no mundo”, diz Borges.
O estudo revela ainda que 33% dos entrevistados confessam que já deram um
presente muito acima de seu orçamento apenas para impressionar o presenteado e,
43% quando compram um produto recém lançado no mercado, fazem questão de
exibir a novidade para os amigos.
Novos hábitos e sonhos de consumo
Eletrodomésticos da chamada ‘linha branca’, como geladeira, fogão, máquina de
lavar e micro-ondas, que nos últimos anos foram comercializados a preços mais
baixos por causa de desonerações fiscais do governo, foram citados pelos
entrevistados como os principais itens de consumo que passaram a fazer parte das
listas de compras em 2013 (12% dos casos), seguidos pelos eletrônicos, como
smartphones e tables, com 8% e pelas roupas que não são de marcas, com 7%.
Já em relação ao planejamento para compras futuras, três em cada dez brasileiros
(30%) tem como seu principal sonho de consumo adquirir a casa própria ou
reformar e mobiliar o imóvel que já possuem. O percentual se apresenta
ligeiramente superior (32%) entre os entrevistados das classes C, D e E, enquanto
que para os de maior renda, realizar uma viagem (18%) desponta como o principal
sonho de consumo.
“Para o público de maior poder aquisitivo, a viagem é vista como uma forma de
vivenciar novas experiências, enquanto que para os de menor renda, a casa própria
representa segurança e independência”, explica Borges.
4. O estudo aponta que a publicidade é determinante
para despertar um sonho de
consumo. Quatro em cada dez (41%) entrevistados afirmam que o impacto da
propaganda nos meios de comunicação é um dos componentes que mais
influenciam o imaginário do consumidor.
Quanto à possibilidade de realizar seus sonhos, o brasileiro se diz otimista: 93%
acreditam que vão conseguir concretizá-los. Para Flávio Borges, o alto percentual
não assusta. “A facilidade na obtenção de crédito certamente colabora para fazer
desse desejo uma certeza. O ambiente atual é favorável ao consumo e enquanto o
vento soprar a favor com possibilidades de parcelar um bem por nove, dez ou mais
vezes, o brasileiro se manterá esperançoso”, conclui Borges.
Metodologia
O estudo do SPC Brasil teve como objetivo identificar o comportamento de
consumo do brasileiro em relação á aquisição de serviços e bens (duráveis ou não).
Para isso, foram ouvidos 610 entrevistados nas 27 capitais com alocação
proporcional ao tamanho da População Economicamente Ativa (PEA). A margem de
erro é de 4,0 pp com a confiabilidade de 95%.
Baixe o material completo da pesquisa em:
https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas
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