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COERÊNCIA E
COESÃO
COERÊNCIA
 Quando falamos, precisamos ser claros
para que nosso ouvinte entenda o que
queremos comunicar.
 Quando escrevemos, a situação não é
diferente: nosso texto deve fazer sentido
para quem o lê. Se um texto faz sentido,
dizemos que é COERENTE.
OBSERVE A DIFERENÇA:
 Eram cinco horas, porém não vou ler agora esse
documento e já fomos dispensados do trabalho.
Ele é incoerente, pois não produz sentido. As três orações que
compõem, ainda que próprias da língua, não apresentam uma
relação clara de sentido entre si, estão desarticuladas. Se as
mesmas orações aparecessem assim articuladas, haveria produção
de sentido:
 São cinco horas. Não vou ler agora esse documento,
pois já fomos dispensados do trabalho.
Pode haver coerência sem coesão?
 Há textos que se organizam por
justaposição ou com elipses e, mesmo
assim, podem ser considerados textos por
seus leitores/ouvintes, pois constituem
uma unidade de sentido.
 Como exemplo de que pode haver
coerência sem coesão, veja o texto
seguinte:
CIRCUITO FECHADO
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete.
Água. Escova, creme dental, água, espuma,
creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água,
cortina, sabonete, água fria, água quente,
toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca,
camisa abotoaduras, calças, meias, sapatos,
gravata, paletó. [...] Pasta, carro. Cigarro,
fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro,
papéis, telefone, agenda, copo com lápis. [...]
Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo.
Papéis, telefone, [...]
Apesar de aparentemente desconexos, os
fragmentos transcritos anteriormente têm
sentido: eles falam da rotina de um homem
de negócios. A sequência das palavras ou
frases justapostas retrata um mundo
moderno que bem conhecemos. Assim,
apesar da estranheza que provoca em
uma primeira leitura, o texto é coerente, ou
seja, faz sentido.
Podemos dizer que um texto deve
possuir coerência em três níveis:
 do texto em si, ou seja, uma coerência
interna;
 do texto com a realidade, ou seja, uma
coerência externa;
 do texto com a proposta de redação.
O texto abaixo apresenta duas situações comunicativas:
 a comunicação que o escritor (Millôr) estabelece com os leitores;
 a comunicação que acontece entre as duas mulheres.
A vaguidão específica
“As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-
específica”. (Richard Gehman)
–– Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
–– Junto com as outras?
–– Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e
querer fazer alguma coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
–– Sim senhora. Olha, o homem está aí.
–– Aquele de quando choveu?
–– Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
–– Que é que você disse a ele?
–– Eu disse para ele continuar.
–– Ele já começou?
–– Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
–– É bom?
–– Mais ou menos. O outro parece capaz.
–– Você trouxe tudo de cima?
–– Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a
senhora recomendou para deixar até a véspera.
–– Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor
senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.
–– Está bem vou ver como.
Millôr Fernandes
Responda:
1- Considerando o diálogo das mulheres, por que ele é incoerente para
nós, leitores?
2- O autor critica, com humor, o modo de falar das mulheres. O
exemplo escolhido (diálogo) é coerente com suas intenções?
Explique.
O trecho que segue foi extraído de um livro
que relata episódios da vida do grande folclorista
brasileiro, Luís da Câmara Cascudo.
Exame oral. O estudante é Sílvio Piza
Pedroza, que depois seria
governador do Rio Grande do Norte. Cascudo
pergunta:
 Como o rei de Portugal teve notícias
do descobrimento da Ilha de Vera Cruz?
 Pedro Álvares Cabral passou um
telegrama.
Observe os três enunciados:
I- O aluno cometeu, no caso, uma incoerência
externa.
II- Por desconhecer um dado de datação histórica,
o aluno fez uma afirmação incompatível com o
conhecimento que temos do mundo.
III- A incoerência do texto é interna, já que se
contradizem dados contidos no interior do
próprio texto.
É (são) correto(s):
a) apenas I e II
b) apenas II e III
c) apenas I e III
d) apenas I
e) apenas II
A ovelha negra
Havia um país onde todos eram ladrões.
À noite, cada habitante saía, com a gazua e a
lanterna, e ia arrombar a casa de um vizinho. Voltava de
madrugada, carregado e encontrava a sua casa roubada.
E assim todos viviam em paz e sem prejuízo, pois um
roubava o outro, e este, um terceiro, e assim por diante,
até que se chegava ao último que roubava o primeiro. O
comércio naquele país só era praticado como trapaça,
tanto por quem vendia como por quem comprava. O
governo era uma associação de delinquentes vivendo à
custa dos súditos, e os súditos por sua vez só se
preocupavam em fraudar o governo. Assim a vida
prosseguia sem tropeços, e não havia ricos nem pobres.
Ora, não se sabe como, ocorre que no país apareceu
um homem honesto. À noite, em vez de sair com o saco e
a lanterna, ficava em casa fumando e lendo romances.
Vinham os ladrões, viam a luz acesa e não subiam.
Essa situação durou algum tempo: depois foi preciso fazê-lo
compreender que, se quisesse viver sem fazer nada, não era essa
uma boa razão para não deixar os outros fazerem. Cada noite que
ele passava em casa era uma família que não comia no dia seguinte.
Diante desses argumentos, o homem honesto não tinha o que
objetar. Também começou a sair de noite para voltar de madrugada,
mas não ia roubar. Era honesto, não havia nada a fazer. Andava até
a ponte e ficava vendo a água passar embaixo. Voltava para casa, e
a encontrava roubada.
Em menos de uma semana o homem honesto ficou sem um
tostão, sem o que comer, com a casa vazia. Mas até aí tudo bem,
porque era culpa sua; o problema era que seu comportamento criava
uma grande confusão. Ele deixava que lhe roubassem tudo e, ao
mesmo tempo, não roubava ninguém; assim, sempre havia alguém
que, voltando para casa de madrugada, achava a casa intacta: a
casa que o homem honesto devia ter roubado. O fato é que, pouco
depois, os que não eram roubados acabaram ficando mais ricos que
os outros e passaram a não querer mais roubar. E, além disso, os
que vinham para roubar a casa do homem honesto sempre a
encontravam vazia; assim iam ficando pobres.
Enquanto isso, os que tinham se tornado
ricos, pegaram o costume, eles também, de ir de
noite até a ponte, para ver a água que passava
embaixo. Isso aumentou a confusão, pois muitos
outros ficaram ricos e muitos outros ficaram
pobres.
Ora, os ricos perceberam que, indo de noite
até a ponte, mais tarde ficariam pobres. E
pensaram: “Paguemos aos pobres para ir roubar
para nós”. Fizeram-se os contratos,
estabeleceram-se os salários, as percentagens:
naturalmente, continuavam a ser ladrões e
procuravam enganar-se uns aos outros. Mas,
como acontece, os ricos tornavam-se cada vez
mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Havia ricos tão ricos que não precisavam mais roubar
e que mandavam roubar para continuarem a ser ricos.
Mas, se paravam de roubar, ficavam pobres porque os
pobres os roubavam. Então pagaram aos mais pobres
dos pobres para defenderem as suas coisas contra os
outros pobres, e assim instituíram a polícia e constituíram
as prisões.
Dessa forma, já poucos anos depois do episódio do
homem honesto, não se falava mais de roubar ou de ser
roubado, mas só de ricos ou de pobres; e no entanto
todos continuavam a ser pobres.
Honesto só tinha havido aquele sujeito, e morrera
logo, de fome.
Ítalo Calvino
1- A primeira frase do texto “Havia um país onde todos eram ladrões”
direciona o leitor para um determinado gênero textual. Levando em
conta os diversos gêneros textuais, como você classificaria esse
texto?
2- No texto, há uma sequência de ações que se estruturam em torno de
um fato responsável pela mudança da situação. Que fato narrado,
responsável pela mudança da situação, é essencial para o desenrolar
das ações?
3- Dá-se o nome de círculo vicioso a uma sucessão de ideias ou fatos
que retornam sempre à ideia ou ao fato inicial. Indique uma
passagem do texto em que a sucessão dos fatos forma um círculo
vicioso.
4- Com relação à expressão que serve como título ao texto, responda:
a) Qual o sentido de “ovelha negra”?
b) A que personagem do texto refere-se essa expressão?
c) Há coerência em usar-se essa expressão para se referir ao
personagem?
5- Se o país onde aconteceram os fatos havia pessoas que ficaram
muito ricas por terem roubado os outros, como pode ser explicada a
afirmação de que “[...] no entanto todos continuavam a ser pobres”?
Os textos seguintes são trechos de redações de
alunos; neles há algum tipo de incoerência.
Comente-a.
a) “Eu não ganhei nenhum presente, só ganhei uma folha
em branco, meu retrato de pôster e um disco dos
Beatles”.
b) “Pela manhã recebi uma carta repleta de conselhos.
Era uma carta em branco e não liguei para os
conselhos já que os conselhos não interessam para
mim pois ser cuidar da minha vida”.
c) “Pela tarde chegou uma carta a mim endereçada, abri-
a correndo sem nem tomar fôlego. O envelope não
tinha nada dentro, estava vazio. Dentro só tinha uma
folha, em branco”.
João Carlos vivia em uma pequena casa construída
no alto de uma colina, cuja frente dava para leste. Desde
o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o
horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em
que completava 30 anos, João, sentado nos degraus da
escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol
poente e observava como a sua sombra ia diminuindo mo
caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo
que descia para a sua casa. As árvores e as folhagens
não o permitiam ver distintamente; entretanto observou
que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou
que o visitante era o seu filho Guilherme, que há 20 anos
tinha partido para alistar-se no exército, e, em todo este
tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver
seu pai, desmontou imediatamente, correu até ele,
lançando-se nos seus braços e começando a chorar.
Apesar de aparentemente bem-redigido, o texto
apresenta sérios problemas de coerência, o que o torna
inadequado. A fim de constatar os problemas de
coerência do texto, responda:
a) A cena narrada ocorre à noite “Na noite em que
completava 30 anos). No entanto, o que João olhava,
sentado à frente de sua casa?
b) João está completando 30 anos. No entanto, o filho que
retorna saíra havia 20 anos para alistar-se no exército.
Portanto, qual é a idade do filho?
c) João morava numa colina árida, diante de um cenário
desértico. Que elementos do texto contrariam essa
informação?
d) A frente da casa “dava para leste”. O leste ou o oriente
é onde nasce o sol. Que fato do texto é incoerente com
essa informação?
Dois adesivos foram colocados no vidro traseiro de um
carro:
Em cima:
DEUS É FIEL
E bem embaixo:
PORQUE PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL.
É possível ler os dois adesivos em sequência,
constituindo um único período. Neste caso:
a) O que se estaria afirmando sobre fidelidade?
b) O que o dono do carro poderia estar querendo afirmar
sobre si mesmo?
PERIGO
Árvore ameaça cair em praça do Jardim Independência
Um perigo iminente ameaça a segurança dos
moradores da rua Lúcia Tonon Martins, no Jardim
Independência. Uma árvore, com cerca de 35 metros de
altura, que fica na Praça Conselheiro da Luz, ameaça
cair a qualquer momento. Ela foi atingida, no final de
novembro do ano passado, por um raio e, desde este
dia, apodreceu e morreu.
A árvore, de grande porte, é do tipo Cambuí e está
muito próxima à rede de iluminação pública e das
residências. “O perigo são as crianças que brincam no
local”, diz Sérgio Marcatti, presidente da Associação do
bairro.
a) O que pretendia afirmar o presidente da
Associação?
b) O que afirma ele, literalmente?
c) Na placa abaixo, podemos encontrar o
mesmo tipo de ambiguidade que havia
na declaração de Sérgio Marcatti. O que
tornaria divertida a leitura da placa?
CUIDADO ESCOLA!
coesão
Certa vez, um jornal de grande circulação estampou a
seguinte manchete:
PROFESSORAS
MANDAM CARTA
A DEPUTADOS
PROTESTANDO
CONTRA
O AUMENTO
DE SEUS SALÁRIOS
Um texto é uma unidade de sentido; por isso,
os elementos que compõem (palavras, orações,
frases) devem estar harmonicamente
relacionadas. Quando há perfeita conexão entre
esses elementos do texto, dizemos que ocorreu
coesão.
Na manchete do jornal, em que prevalece a
função referencial – a informação -, o fato de um
elemento poder estar associado a dois termos
distintos rompe a harmonia do texto, não
havendo, pois, coesão.
PRINCIPAIS MECANISMOS DA COESÃO
GRAMATICAL
 Coesão por substituição
Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios da mulher morena
Eles são maduros e úmidos e inquietos
( O pronome eles refere-se a um termo antecedente: os lábios da mulher
morena, referência anafórica)
Vós, meus amigos e meus irmãos, que guardais os meus cantos.
( O pronome vós refere-se a um termo que ainda será citado: meus amigos e
meus irmãos, referência catafórica)
 Coesão por conexão
Os conectivos – conjunções e preposições – são
responsáveis pela linguagem de elementos linguísticos
(palavras, frases, orações, períodos), podendo carregar
ou não significado para as relações que fazem. As
conjunções, assim como as preposições, não
desempenham função sintática, o que ressalta seu papel
de elementos conectores:
A artista plástica Sylvia Martins sempre quis viver em
um barco. Contudo, enquanto o sonho não se realiza, a
gaúcha de 48 anos vive debruçada sobre o azul do
Arpoador.
 Coesão por omissão
São bons de porte e finos de feição
E logo sabem o que se lhes ensina,
Mas têm o grave defeito de ser livres.
Caso de construção elíptica (os índios brasileiros)
(O sujeito, no caso de um pronome de terceira pessoa – eles -, das formas
verbais são, sabem e têm – elipse)
O rei da brincadeira – ê José
O rei da confusão – ê João
Um trabalhava na feira – ê José
Outro na construção – ê João
Caso de construção elíptica
A forma verbal trabalhava, no último verso – zeugma.
PRINCIPAIS MECANISMOS DA COESÃO
SEMÂNTICA
 Repetição lexical: ecologia, ecologista /
ambiente, ambientalismo, ambientalista.
 Sinonímia: espaçonave, nave espacial,
aeronave, veículo espacial.
 Utilizando os recursos de coesão, substitua os
elementos repetidos quando necessários.
A) O Brasil vive uma guerra civil diária e sem
trégua. No Brasil, que se orgulha da índole
pacífica e hospitaleira de seu povo, a
sociedade organizada ou não para esse fim
promove a matança impiedosa e fria de
crianças e adolescentes. Pelo menos sete
milhões de crianças e adolescentes, segundo
estudos do fundo das nações Unidas para a
Infância (Unicef), vivem nas ruas das cidades
do Brasil.
B. Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais
um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura
inveterada, Elizabeth Taylor já está em seu oitavo
casamento. Agora, diferentemente das vezes
anteriores, o casamento de Elizabeth Taylor foi com
um homem do povo que Elizabeth Taylor encontrou
numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde ela
também estava. Com toda pompa, o casamento foi
realizado na casa do cantor Michael Jackson e a
imprensa ficou proibida de assistir ao casamento de
Elizabeth Taylor com um homem do povo. Ninguém
sabe se será o último casamento de Elizabeth Taylor.
 Os textos abaixo necessitam de conectores para
sua coesão.
a) Nem sempre é fácil identificar a violência. Uma
cirurgia não constitui violência, visa o bem do
paciente, é feita com o consentimento do doente.
Será violência a operação for realizada sem
necessidade ou o paciente for usado como
cobaia de experimento científico sem a devida
autorização. (mas certamente, se, se, primeiro porque,
depois porque, por exemplo)
b) Toda mulher responsável pelos cuidados de
uma casa já teve em algum momento de sua
vida vontade de jogar tudo para o alto, quebrar
os pratos sujos, mandar tudo às favas, fechar a
porta de casa e sair. Já sentiu o peso desse
encargo como uma rotina embrutecedora, que se
desfaz vai sendo feito. Não é feito, nos enche de
culpas e acusações, quando concluído ninguém
nota, a mulher “não faz mais nada que sua
obrigação”. (quando, pois, à medida que)
O humor da tira abaixo é construído a
partir de uma incoerência. Que incoerência
é essa?

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Coerência e coesão 2013

  • 2. COERÊNCIA  Quando falamos, precisamos ser claros para que nosso ouvinte entenda o que queremos comunicar.  Quando escrevemos, a situação não é diferente: nosso texto deve fazer sentido para quem o lê. Se um texto faz sentido, dizemos que é COERENTE.
  • 3. OBSERVE A DIFERENÇA:  Eram cinco horas, porém não vou ler agora esse documento e já fomos dispensados do trabalho. Ele é incoerente, pois não produz sentido. As três orações que compõem, ainda que próprias da língua, não apresentam uma relação clara de sentido entre si, estão desarticuladas. Se as mesmas orações aparecessem assim articuladas, haveria produção de sentido:  São cinco horas. Não vou ler agora esse documento, pois já fomos dispensados do trabalho.
  • 4. Pode haver coerência sem coesão?  Há textos que se organizam por justaposição ou com elipses e, mesmo assim, podem ser considerados textos por seus leitores/ouvintes, pois constituem uma unidade de sentido.  Como exemplo de que pode haver coerência sem coesão, veja o texto seguinte:
  • 5. CIRCUITO FECHADO Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa abotoaduras, calças, meias, sapatos, gravata, paletó. [...] Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis. [...] Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, [...]
  • 6. Apesar de aparentemente desconexos, os fragmentos transcritos anteriormente têm sentido: eles falam da rotina de um homem de negócios. A sequência das palavras ou frases justapostas retrata um mundo moderno que bem conhecemos. Assim, apesar da estranheza que provoca em uma primeira leitura, o texto é coerente, ou seja, faz sentido.
  • 7. Podemos dizer que um texto deve possuir coerência em três níveis:  do texto em si, ou seja, uma coerência interna;  do texto com a realidade, ou seja, uma coerência externa;  do texto com a proposta de redação.
  • 8. O texto abaixo apresenta duas situações comunicativas:  a comunicação que o escritor (Millôr) estabelece com os leitores;  a comunicação que acontece entre as duas mulheres. A vaguidão específica “As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago- específica”. (Richard Gehman) –– Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte. –– Junto com as outras? –– Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer alguma coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia. –– Sim senhora. Olha, o homem está aí. –– Aquele de quando choveu? –– Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo. –– Que é que você disse a ele? –– Eu disse para ele continuar. –– Ele já começou?
  • 9. –– Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse. –– É bom? –– Mais ou menos. O outro parece capaz. –– Você trouxe tudo de cima? –– Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera. –– Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo. É melhor senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite. –– Está bem vou ver como. Millôr Fernandes Responda: 1- Considerando o diálogo das mulheres, por que ele é incoerente para nós, leitores? 2- O autor critica, com humor, o modo de falar das mulheres. O exemplo escolhido (diálogo) é coerente com suas intenções? Explique.
  • 10. O trecho que segue foi extraído de um livro que relata episódios da vida do grande folclorista brasileiro, Luís da Câmara Cascudo. Exame oral. O estudante é Sílvio Piza Pedroza, que depois seria governador do Rio Grande do Norte. Cascudo pergunta:  Como o rei de Portugal teve notícias do descobrimento da Ilha de Vera Cruz?  Pedro Álvares Cabral passou um telegrama.
  • 11. Observe os três enunciados: I- O aluno cometeu, no caso, uma incoerência externa. II- Por desconhecer um dado de datação histórica, o aluno fez uma afirmação incompatível com o conhecimento que temos do mundo. III- A incoerência do texto é interna, já que se contradizem dados contidos no interior do próprio texto. É (são) correto(s): a) apenas I e II b) apenas II e III c) apenas I e III d) apenas I e) apenas II
  • 12. A ovelha negra Havia um país onde todos eram ladrões. À noite, cada habitante saía, com a gazua e a lanterna, e ia arrombar a casa de um vizinho. Voltava de madrugada, carregado e encontrava a sua casa roubada. E assim todos viviam em paz e sem prejuízo, pois um roubava o outro, e este, um terceiro, e assim por diante, até que se chegava ao último que roubava o primeiro. O comércio naquele país só era praticado como trapaça, tanto por quem vendia como por quem comprava. O governo era uma associação de delinquentes vivendo à custa dos súditos, e os súditos por sua vez só se preocupavam em fraudar o governo. Assim a vida prosseguia sem tropeços, e não havia ricos nem pobres. Ora, não se sabe como, ocorre que no país apareceu um homem honesto. À noite, em vez de sair com o saco e a lanterna, ficava em casa fumando e lendo romances.
  • 13. Vinham os ladrões, viam a luz acesa e não subiam. Essa situação durou algum tempo: depois foi preciso fazê-lo compreender que, se quisesse viver sem fazer nada, não era essa uma boa razão para não deixar os outros fazerem. Cada noite que ele passava em casa era uma família que não comia no dia seguinte. Diante desses argumentos, o homem honesto não tinha o que objetar. Também começou a sair de noite para voltar de madrugada, mas não ia roubar. Era honesto, não havia nada a fazer. Andava até a ponte e ficava vendo a água passar embaixo. Voltava para casa, e a encontrava roubada. Em menos de uma semana o homem honesto ficou sem um tostão, sem o que comer, com a casa vazia. Mas até aí tudo bem, porque era culpa sua; o problema era que seu comportamento criava uma grande confusão. Ele deixava que lhe roubassem tudo e, ao mesmo tempo, não roubava ninguém; assim, sempre havia alguém que, voltando para casa de madrugada, achava a casa intacta: a casa que o homem honesto devia ter roubado. O fato é que, pouco depois, os que não eram roubados acabaram ficando mais ricos que os outros e passaram a não querer mais roubar. E, além disso, os que vinham para roubar a casa do homem honesto sempre a encontravam vazia; assim iam ficando pobres.
  • 14. Enquanto isso, os que tinham se tornado ricos, pegaram o costume, eles também, de ir de noite até a ponte, para ver a água que passava embaixo. Isso aumentou a confusão, pois muitos outros ficaram ricos e muitos outros ficaram pobres. Ora, os ricos perceberam que, indo de noite até a ponte, mais tarde ficariam pobres. E pensaram: “Paguemos aos pobres para ir roubar para nós”. Fizeram-se os contratos, estabeleceram-se os salários, as percentagens: naturalmente, continuavam a ser ladrões e procuravam enganar-se uns aos outros. Mas, como acontece, os ricos tornavam-se cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
  • 15. Havia ricos tão ricos que não precisavam mais roubar e que mandavam roubar para continuarem a ser ricos. Mas, se paravam de roubar, ficavam pobres porque os pobres os roubavam. Então pagaram aos mais pobres dos pobres para defenderem as suas coisas contra os outros pobres, e assim instituíram a polícia e constituíram as prisões. Dessa forma, já poucos anos depois do episódio do homem honesto, não se falava mais de roubar ou de ser roubado, mas só de ricos ou de pobres; e no entanto todos continuavam a ser pobres. Honesto só tinha havido aquele sujeito, e morrera logo, de fome. Ítalo Calvino
  • 16. 1- A primeira frase do texto “Havia um país onde todos eram ladrões” direciona o leitor para um determinado gênero textual. Levando em conta os diversos gêneros textuais, como você classificaria esse texto? 2- No texto, há uma sequência de ações que se estruturam em torno de um fato responsável pela mudança da situação. Que fato narrado, responsável pela mudança da situação, é essencial para o desenrolar das ações? 3- Dá-se o nome de círculo vicioso a uma sucessão de ideias ou fatos que retornam sempre à ideia ou ao fato inicial. Indique uma passagem do texto em que a sucessão dos fatos forma um círculo vicioso. 4- Com relação à expressão que serve como título ao texto, responda: a) Qual o sentido de “ovelha negra”? b) A que personagem do texto refere-se essa expressão? c) Há coerência em usar-se essa expressão para se referir ao personagem? 5- Se o país onde aconteceram os fatos havia pessoas que ficaram muito ricas por terem roubado os outros, como pode ser explicada a afirmação de que “[...] no entanto todos continuavam a ser pobres”?
  • 17. Os textos seguintes são trechos de redações de alunos; neles há algum tipo de incoerência. Comente-a. a) “Eu não ganhei nenhum presente, só ganhei uma folha em branco, meu retrato de pôster e um disco dos Beatles”. b) “Pela manhã recebi uma carta repleta de conselhos. Era uma carta em branco e não liguei para os conselhos já que os conselhos não interessam para mim pois ser cuidar da minha vida”. c) “Pela tarde chegou uma carta a mim endereçada, abri- a correndo sem nem tomar fôlego. O envelope não tinha nada dentro, estava vazio. Dentro só tinha uma folha, em branco”.
  • 18. João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina, cuja frente dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, João, sentado nos degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol poente e observava como a sua sombra ia diminuindo mo caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que descia para a sua casa. As árvores e as folhagens não o permitiam ver distintamente; entretanto observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era o seu filho Guilherme, que há 20 anos tinha partido para alistar-se no exército, e, em todo este tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente, correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar.
  • 19. Apesar de aparentemente bem-redigido, o texto apresenta sérios problemas de coerência, o que o torna inadequado. A fim de constatar os problemas de coerência do texto, responda: a) A cena narrada ocorre à noite “Na noite em que completava 30 anos). No entanto, o que João olhava, sentado à frente de sua casa? b) João está completando 30 anos. No entanto, o filho que retorna saíra havia 20 anos para alistar-se no exército. Portanto, qual é a idade do filho? c) João morava numa colina árida, diante de um cenário desértico. Que elementos do texto contrariam essa informação? d) A frente da casa “dava para leste”. O leste ou o oriente é onde nasce o sol. Que fato do texto é incoerente com essa informação?
  • 20. Dois adesivos foram colocados no vidro traseiro de um carro: Em cima: DEUS É FIEL E bem embaixo: PORQUE PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL. É possível ler os dois adesivos em sequência, constituindo um único período. Neste caso: a) O que se estaria afirmando sobre fidelidade? b) O que o dono do carro poderia estar querendo afirmar sobre si mesmo?
  • 21. PERIGO Árvore ameaça cair em praça do Jardim Independência Um perigo iminente ameaça a segurança dos moradores da rua Lúcia Tonon Martins, no Jardim Independência. Uma árvore, com cerca de 35 metros de altura, que fica na Praça Conselheiro da Luz, ameaça cair a qualquer momento. Ela foi atingida, no final de novembro do ano passado, por um raio e, desde este dia, apodreceu e morreu. A árvore, de grande porte, é do tipo Cambuí e está muito próxima à rede de iluminação pública e das residências. “O perigo são as crianças que brincam no local”, diz Sérgio Marcatti, presidente da Associação do bairro.
  • 22. a) O que pretendia afirmar o presidente da Associação? b) O que afirma ele, literalmente? c) Na placa abaixo, podemos encontrar o mesmo tipo de ambiguidade que havia na declaração de Sérgio Marcatti. O que tornaria divertida a leitura da placa? CUIDADO ESCOLA!
  • 24. Certa vez, um jornal de grande circulação estampou a seguinte manchete: PROFESSORAS MANDAM CARTA A DEPUTADOS PROTESTANDO CONTRA O AUMENTO DE SEUS SALÁRIOS
  • 25. Um texto é uma unidade de sentido; por isso, os elementos que compõem (palavras, orações, frases) devem estar harmonicamente relacionadas. Quando há perfeita conexão entre esses elementos do texto, dizemos que ocorreu coesão. Na manchete do jornal, em que prevalece a função referencial – a informação -, o fato de um elemento poder estar associado a dois termos distintos rompe a harmonia do texto, não havendo, pois, coesão.
  • 26. PRINCIPAIS MECANISMOS DA COESÃO GRAMATICAL  Coesão por substituição Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios da mulher morena Eles são maduros e úmidos e inquietos ( O pronome eles refere-se a um termo antecedente: os lábios da mulher morena, referência anafórica) Vós, meus amigos e meus irmãos, que guardais os meus cantos. ( O pronome vós refere-se a um termo que ainda será citado: meus amigos e meus irmãos, referência catafórica)
  • 27.  Coesão por conexão Os conectivos – conjunções e preposições – são responsáveis pela linguagem de elementos linguísticos (palavras, frases, orações, períodos), podendo carregar ou não significado para as relações que fazem. As conjunções, assim como as preposições, não desempenham função sintática, o que ressalta seu papel de elementos conectores: A artista plástica Sylvia Martins sempre quis viver em um barco. Contudo, enquanto o sonho não se realiza, a gaúcha de 48 anos vive debruçada sobre o azul do Arpoador.
  • 28.  Coesão por omissão São bons de porte e finos de feição E logo sabem o que se lhes ensina, Mas têm o grave defeito de ser livres. Caso de construção elíptica (os índios brasileiros) (O sujeito, no caso de um pronome de terceira pessoa – eles -, das formas verbais são, sabem e têm – elipse) O rei da brincadeira – ê José O rei da confusão – ê João Um trabalhava na feira – ê José Outro na construção – ê João Caso de construção elíptica A forma verbal trabalhava, no último verso – zeugma.
  • 29. PRINCIPAIS MECANISMOS DA COESÃO SEMÂNTICA  Repetição lexical: ecologia, ecologista / ambiente, ambientalismo, ambientalista.  Sinonímia: espaçonave, nave espacial, aeronave, veículo espacial.
  • 30.  Utilizando os recursos de coesão, substitua os elementos repetidos quando necessários. A) O Brasil vive uma guerra civil diária e sem trégua. No Brasil, que se orgulha da índole pacífica e hospitaleira de seu povo, a sociedade organizada ou não para esse fim promove a matança impiedosa e fria de crianças e adolescentes. Pelo menos sete milhões de crianças e adolescentes, segundo estudos do fundo das nações Unidas para a Infância (Unicef), vivem nas ruas das cidades do Brasil.
  • 31. B. Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor. Casadoura inveterada, Elizabeth Taylor já está em seu oitavo casamento. Agora, diferentemente das vezes anteriores, o casamento de Elizabeth Taylor foi com um homem do povo que Elizabeth Taylor encontrou numa clínica para tratamento de alcoólatras, onde ela também estava. Com toda pompa, o casamento foi realizado na casa do cantor Michael Jackson e a imprensa ficou proibida de assistir ao casamento de Elizabeth Taylor com um homem do povo. Ninguém sabe se será o último casamento de Elizabeth Taylor.
  • 32.  Os textos abaixo necessitam de conectores para sua coesão. a) Nem sempre é fácil identificar a violência. Uma cirurgia não constitui violência, visa o bem do paciente, é feita com o consentimento do doente. Será violência a operação for realizada sem necessidade ou o paciente for usado como cobaia de experimento científico sem a devida autorização. (mas certamente, se, se, primeiro porque, depois porque, por exemplo)
  • 33. b) Toda mulher responsável pelos cuidados de uma casa já teve em algum momento de sua vida vontade de jogar tudo para o alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo às favas, fechar a porta de casa e sair. Já sentiu o peso desse encargo como uma rotina embrutecedora, que se desfaz vai sendo feito. Não é feito, nos enche de culpas e acusações, quando concluído ninguém nota, a mulher “não faz mais nada que sua obrigação”. (quando, pois, à medida que)
  • 34.
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  • 40.
  • 41. O humor da tira abaixo é construído a partir de uma incoerência. Que incoerência é essa?