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espaço fériasShutterstock
A ponte do Bósforo, que une os dois continentes
com a mesquita Ortakoy, ao fundo
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Única cidade localizada entre dois
continentes, Istambul sempre nos deixa a
sensação de que não pode ser visitada uma
única vez. Repleta de história, paisagens de
tirar o fôlego e construções milenares, tem
estilo europeu com o toque exótico do Oriente
• por Simone Galib
ENTRE OS
MUNDOS
UMA PONTE
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I
stambul, a maior cidade da Tur-
quia, é um desses lugares que
quanto mais visitamos, mais
queremos voltar e, quanto mais
conhecemos, subimos e descemos
suas ladeiras, ou cruzamos o estrei-
to de Bósforo, que liga o Mar de Mar-
mara ao Mar Negro, em busca de
cenários de contos de fadas, sempre
saímos de lá com a sensação de que
ainda há muito o que descobrir, o
que aprender, o que vivenciar, o que
sentir, o que fotografar e um novo
capítulo para escrever. A cidade nos
remete ao passado, porque suas me-
mórias de três impérios e de grandes
sultões, extremamente bem conser-
vadas, permanecem vivas em quase
todos os lugares. Mas, a Istambul
contemporânea, com seus shopping
centers, hotéis de luxo, grifes inter-
nacionais, vistas de perder o fôlego,
restaurantes sofisticados, vida no-
turna movimentada e iates à beira-
-mar nos devolve ao presente. Sim,
estamos em uma cidade cosmopo-
lita, descolada, repleta de gente bo-
nita e super bem estruturada para o
turismo, sua grande fonte de renda.
Istambul é a Europa com um
sabor de Oriente ou seria o Oriente
com personalidade europeia? Ou
seria ainda a Europa com um toque
asiático? A cidade, a única do mun-
do que fica em dois continentes, Eu-
ropa e Ásia, é uma mistura dessas
três vertentes, um mosaico de várias
civilizações. Porém, mantém uma
identidade própria, forte, e sua his-
tória milenar pode ser revisitada nos
palácios, nas torres, nas muralhas,
nos museus, nas antigas igrejas,
muitas delas hoje transformadas em
mesquitas (há minaretes por todos
os lados), nos restaurantes típicos,
nas ruas de paralelepípedos do cen-
tro histórico, nos seculares banhos
turcos, nas apresentações de sufi (a
dança circular sagrada islâmica) e
nos bazares, que nos deixam entor-
pecidos tamanha a diversidade de
cores, de temperos, de cheiros e de
artigos típicos. Isso talvez explique o
fascínio que exerce sobre os turistas,
especialmente os europeus, os asiá-
ticos e agora os brasileiros, que ga-
nharam voos diretos e diários unin-
do os dois países, partindo de São
Paulo e operados pela companhia
Turkish Airlines.
MERGULHONOPASSADO
Istambul é dividida em três
regiões, todas com características
muito peculiares, mas sua alma
parece vibrar com mais intensi-
dade em Sultanahmet, no centro
da península histórica. Durante os
impérios, romano, bizantino e oto-
mano, o coração da cidade, que foi
espaço férias
Bonde na rua Istiklal, repleta de lojas, cafés, prédios históricos e milhares de pedestres
As mulharas terrestres de Istambul, que têm 6 km de comprimento e inúmeros portões
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também chamada de Constantino-
pla, sempre pulsou nesse bairro,
onde os palácios dos imperadores
foram construídos. Ali, é o ponto
de partida para se conhecer algu-
mas dos principais monumentos
turcos, como a Mesquita Azul, a
Hagia Sophia e o Palácio Topka-
pi, entre outros. E, por favor, faça
tudo com tempo, caminhe, respire,
sente-se em um dos vários e char-
mosos cafés, peça o café turco ou
o chá, ambos populares no país.
Experimente a comida típica, sem-
pre muito apimentada, e principal-
mente os doces – são deliciosos. E
deixe tudo acontecer, mergulhe na
essência dessa cidade milenar, por-
que Istambul não pode ser viven-
ciada em um único city tour. Ande
a pé (mesmo porque o trânsito ali
é complicado), com calma, procu-
rando absorver em sua mente cada
ângulo, cada movimento, cada de-
talhe, porque há muita informação.
Comece pela praça, onde de um
lado está a famosa Mesquita Azul
(um dos locais mais visitados do
planeta) e de outro, o museu Hagia
Sophia, ponto de encontro dos tur-
cos e de gente do mundo inteiro, dia
e noite. Sente-se em um banco, de
preferência de frente para o enorme
chafariz, compre castanhas assadas,
vendidas em simpáticas carrocinhas,
que ficam perfeitas se acompanha-
das com suco de romã. O cenário
ganha mais intensidade quando os
alto-falantes das várias mesquitas
locais começam a entoar, todos ao
mesmo tempo, as orações islâmicas
– aliás, um ritual que vamos presen-
ciar o tempo todo, a exemplo do que
ocorre nos países muçulmanos, que
rezam diversas vezes ao dia.
Vale lembrar que, embora a Tur-
quia tenha uma população predo-
minantemente muçulmana e muita
religiosidade, ali não há a rigidez dos
países islâmicos mais conservadores.
E em Istambul, a cidade, digamos
assim, mais moderna, encontramos
mulheres de minissaia e bota, ca-
minhando lado a lado daquelas que
usam burcas e só mostram os olhos.
As turcas são super vaidosas, andam
sempre maquiadas, usam roupas
mais fashion e a indústria da moda
é forte no país. Os preços? Melhores
ainda. Já os homens turcos, especial-
mente os comerciantes, são muito
comunicativos - e não perdem a
chance de uma aproximação, mes-
mo que não falem a sua língua. A di-
versão à noite rola solta no bairro de
Taksim, onde há muitos cafés, bares,
restaurantes e baladas, que funcio-
nam até altas horas. Bebek é o bairro
nobre, repleto de belíssimas casas à
beira-mar, onde ficam estacionados
os iates. É o endereço predileto do
corpo diplomático, dos jogadores de
futebol e das celebridades em geral.
Para nosso deleite, Istambul
fervilha – sempre há um novo res-
taurante, um passeio, um café, al-
guém para trocar ideias ou algum
lugar que vale ser visto. As ruas são
rotineiramente lotadas – de gente e
carros. O comércio não fecha nem
aos domingos e os ferryboats cru-
zam o Bósforo ininterruptamente.
Neste início de primavera, as flores,
especialmente rosas e tulipas, co-
meçam a desabrochar nos bem cui-
dados canteiros e jardins da cidade.
Não há praias, mas a orla, reple-
ta de verde e calçadões, é sempre
convidativa para boas caminhadas.
Ah... mais um detalhe: o mar nesta
época do ano, quando o cinza do in-
verno dá espaço para um céu límpi-
do, fica ainda mais azul-turquesa!
Nas páginas a seguir, um roteiro do
que a cidade tem de melhor. Você
não sentirá vontade de sair de Is-
tambul tão cedo. E se precisar ir
embora, vai querer voltar logo!
A praça, entre a Mesquita Azul e Hagia Sophia, é ponto de encontro de turcos e turistas
Os turcos se orgulham de seus doces -de fato,
variados e deliciosos
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espaço férias
MELHORES ÂNGULOS
Pequeno roteiro repleto de impressões pessoais do que
a cidade tem de melhor. E olha que não é pouca coisa!
CARTÃO-POSTAL
Um dos símbolos da cidade, a
Mesquita Azul, construída entre
1600 e 1616, é a única da Turquia
com seis minaretes, e tem esse
nome em razão da predominância
dos tons de azul e verde em suas
paredes e cúpulas. Para visitá-la, é
preciso tirar os sapatos (há saqui-
nhos especiais para acomodá-los
na porta) e, as mulheres, devem co-
brir a cabeça com lenços ou echar-
pes, evitando roupas decotadas ou
bermudas. É grandiosa. Atrás da
mesquita, outro grande legado: o
Hipódromo, construído pelo im-
perador bizantino Constantino, o
Grande para as suas cerimônias.
Nessa praça, hoje chamada Sultan
Ahmet, se alinham algumas das
construções mais antigas da cida-
de, incluindo um autêntico obelisco
egípcio, dado de presente por um
faraó. Escolha um dos vários ban-
cos e passe um tempinho por lá.
DIVINASABEDORIA
Hagia Sophia (ou Santa Sofia)
foi igreja por 916 anos, a catedral de
Constantinopla, e hoje é apresentada
como museu, o terceiro mais visitado
do país. Apesar da belíssima constru-
ção, nos sentimos meio frustrados, e
até mesmo tristes, quando ali entra-
mos, porque os vestígios do seu passa-
do e do cristianismo, como seculares
pinturas nas cúpulas, foram literal-
mente apagados e substituídos por
símbolos muçulmanos, como enor-
mes letras árabes nas paredes. Nada
contra a restauração, mas como um
museu pode apagar o passado? Além
disso, várias salas estão fechadas à vi-
sitação. Só que não dá para deixar de
ir, mesmo porque do alto de seu terra-
ço temos uma das mais incríveis vis-
tas da cidade. Na lateral de Sophia, há
um delicioso parque, o Otopark, com
jeito de bosque e muitos canteiros flo-
ridos, ideal para longas caminhadas
e que nos leva à orla. Respire fundo
e suba por suas alamedas. Lá no alto,
tem um café a céu aberto, cercado de
roseiras e ervas, com uma vista de
perder o fôlego. Parada obrigatória.
CAÇAAOTESOURO
Reserve uma tarde para conhecer
o Palácio Topkapi, que foi durante
400 anos o centro de administração
do império otomano. Circundado por
muralhas , ocupa uma área de 700
mil metros quadrados (duas vezes a
área do Vaticano, em Roma), recebe
mais de 2,5 milhões de visitantes por
ano e é um dos locais mais grandiosos
do país . Você vai mergulhar em um
passado luxuoso por meio de suas
inúmeras salas, repletas de poderosas
joias, incluindo diamantes, rubis e es-
meraldas, cerâmicas, roupas de reis e
rainhas, adagas com pedras preciosas
e porcelanas. Há ainda pátios inter-
nos e jardins belíssimos, como o das
Tulipas, sem falar no Harem, um lu-
gar que era reservado para a família
dosultão,suamãeesuasconcubinas.
Hoje, com um ingresso comprado à
parte, é possível visitar suas salas, ba-
nhos turcos e piscina. Sim , Topkapi é
um tesouro imperial!
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de ISTAMBUL
PASSEIOSUBTERRÂNEO
Do lado oposto ao museu Hagia Sophia, vale percorrer os labirintos sub-
terrâneos de Yerebatan, construída em 532, a maior das 70 cisternas de Is-
tambul durante o período bizantino, aliás, um recurso de proteção contra os
soldados inimigos que atacavam os aquedutos e envenenavam a água. Ela
foi totalmente restaurada no século 19. A cisterna é sustentada por enormes
colunas, duas delas com cabeças de Medusa. E há até um mini estúdio fo-
tográfico para que você pose como um verdadeiro sultão. Hoje, suas águas
servem de moradia a peixinhos coloridos. E diz a lenda que quem jogar uma
moeda ali e fizer um pedido terá seu desejo realizado. Não custa nada tentar!
OBJETODEDESEJO
Ícone da hotelaria de luxo local, o Four Seasons Bosphorus é o sonho de
hospedagem de qualquer turista. Mas, está aberto também aos não hóspe-
des que podem desfrutar de uma das mais belas vistas da cidade. Instalado
em um palácio otomano do século 19, totalmente restaurado de frente para
o Bósforo, tem restaurantes, bares e cafés. Fotografado de todos os ângulos
por aqueles que fazem os passeios de barco pelo estreito, é considerado um
dos mais tops do país, seja pelo serviço super diferenciado, pelas instalações
ou pela própria localização, por si só um cartão-postal. Ficar sentado em
uma de suas varandas ou restaurantes, tomando chá e assistindo ao pôr do
sol de Istambul sempre será uma experiência única. O cenário traduz per-
feitamente a magia da cidade.
PEIXEFRESCO
Não deixe de ir a Eminönü, um
local que margeia a saída dos ferry-
boats, com espetaculares vistas da
península em todas as direções. O
mais inusitado é experimentar os
peixes fresquinhos, que são prepa-
rados em iluminados barcos antigos.
Atracados na margem, servem de co-
zinha para abastecer as centenas de
mesinhas na calçada, super disputa-
das por moradores e turistas. Experi-
mente o sanduíche de sardinha assa-
da. Tem o sabor de Istambul!
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espaço férias
ÓTIMASCOMPRAS
Istambul também é uma ilha... de compras. Está cer-
cada de lojas por todos os lados e de todos os tipos. Mas,
existem endereços especiais. O primeiro deles é o Grand
Bazaar (dizem que foi o primeiro shopping do mundo,
enorme e coberto), uma construção histórica. São cerca
de 4 mil lojas e 15 mil comerciantes nas 80 ruelas em seu
interior, que vendem joias, especiarias, roupas, tapetes,
amuletos, chás, lenços de seda, cerâmicas, azulejos, lu-
minárias etc. É tanta gente lá dentro e tanta coisa que
chegamos a ficar tontos. Precisa ir com tempo e marcar
uma referência ao chegar para não se perder. Para os
gourmets e não gourmets, o Mercado das Especiarias, ou
Mercado Egípcio, é repleto de cores, aromas, sabores, en-
fim um convite aos sentidos. A rua Istiklal, em Taksim,
forrada de pedestres do começo ao fim, é um mix de lojas
mais populares, outras mais descoladas turcas e marcas
internacionais, como a MAC. E quem estiver na cidade
entre 6 a 30 de junho, pode aproveitar a mega liquidação
dos shopping centers. Os preços são convidativos.
CRUZANDOOBÓSFORO
Fazer um cruzeiro pelo Bósfo-
ro, seja de noite ou de dia, é funda-
mental porque vemos Istambul de
diversos ângulos, com paisagens
únicas. De um lado, a Europa; de
outro a Ásia, com suas belas casas
residenciais. Se estiver com sorte,
pode avistar golfinhos. Os pássaros
também acompanham e adoram a
travessia porque ganham alimen-
to dos turistas. Diversas agências
locais oferecem os passeios, mas
eles saem bem mais em conta se
você pegar por conta própria um
ferryboat. Os barcos zarpam de
Eminönü (há estação de metrô qua-
se em frente) e duram em média
uma hora. À noite, o cenário ganha
um toque mágico com a ponte, os
palácios e outras construções mile-
nares totalmente iluminados.
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cOMER,BEBER...
Um dos melhores programas em Istambul é comer
cada dia em um lugar diferente e montar sua própria top
list. Sim, porque o leque de opções é enorme. Há vários
restaurantes de cozinha internacional com vistas espe-
taculares, como o Aqua, do hotel Four Season, peque-
nos bistrôs, outros tantos com mesinhas nas calçadas
e charmosos cafés, além de redes internacionais de fast
food, como MC Donald´s e Burguer King. A maioria dos
restaurantes oferece a culinária típica, feita à base de
frango, carne de carneiro, massas, legumes assados, so-
pas e saladas. A comida é bastante condimentada, mas
saborosa. O prato mais famoso é o kebab, cozido em
uma cerâmica e servido fumegante. Para experimentar
os deliciosos doces turcos, muitos à base de mel, invista
no Hafiz Mustafa, doceria fundada em 1864 e hoje com
quatro endereços na cidade. A casa do bairro de Sirkeci
tem um salão de chá no andar superior, super disputado
e com vista para a estação de trem. Já o Dervish Café e
Restaurante, em Sultanahmet, próximo ao Arasta Ba-
zaar, tem a melhor vista da Mesquita Azul, afinal fica
bem em frente a ela. Do pátio com mesinhas ao ar livre
pode-se ver todo o vaivém da bela praça. Na alta tempo-
rada (primavera/verão), tem música ao vivo à noite com
apresentação de sufi, a dança circular dos islâmicos.
VOOS – A Turkish Airlines tem voos diários e dire-
tos, a partir de São Paulo. É a maneira mais confor-
tável de se chegar hoje a Istambul (cerca de 11 horas
de viagem). As demais companhias aéreas interna-
cionais fazem conexão via Europa, o que aumenta
o tempo em trânsito. www.turkishairlines.com.br
MELHOR ÉPOCA – Para quem gosta de frio europeu,
o inverno em Istambul (de dezembro a março) é mui-
to bom. Primeiro, porque a cidade está mais vazia e
os preços caem, tanto nos hotéis quanto no comér-
cio. Em fevereiro, além do tempo muito frio, chove
muito. A primavera (de abril a maio) é ideal porque
os dias são quentes, ensolarados e as noites, frescas.
Além disso, as flores tomam conta dos cenários. No
verão (julho a setembro), a temperatura pode atingir
os 38º e tudo fica mais caro e super lotado.
CIRCULANDO – O metrô de superfície é uma das
melhores maneiras de percorrer a cidade. No centro
histórico, as ruas são estreitas, de mão dupla e de
trânsito complicado. Andar a pé é a melhor pedida
ali. Os city tours em ônibus de dois andares também
são recomendáveis porque, circulares, passam pelos
principais pontos turísticos e oferecem a possibili-
dade de o turista descer no local desejado e depois
pegar o próximo, sem custo adicional. Custam em
média 40 euros por pessoa. A maioria dos taxistas
não fala inglês. Por isso, é recomendável sair sempre
com o cartão do hotel ou com o endereço do destino
escrito em turco. Evite contratar programas de pas-
seios nos hotéis - eles podem custar até o triplo.
MOEDA – A moeda local é a lira turca (muito equiva-
lente ao real), mas a maioria dos hotéis e agências de
viagens estabelecem seus preços em euros. Há casas
de câmbio que funcionam ininterruptamente por toda
a cidade. No comércio, use sempre a arte da negocia-
ção, pechinche e pesquise antes de fazer as compras.
COMOCHEGAR