1. Escola Estadual Itagiba Laureano Dorneles
Aparecida de Goiânia, 20 setembro a 20 de novembro de 2008
.
Projeto:
Libras, um novo jeito de aprender a ler e escrever.
Professora: Sandra Aparecida de Miranda Nunes
NOVEMBRO/2008
2. ÍNDICE:
ÍNDICE: ....................................................................................................................... 2
JUSTIFICATIVA: ........................................................................................................ 3
OBJETIVOS:................................................................................................................ 3
METODOLOGIAS: ..................................................................................................... 4
Culminância:............................................................................................................. 4
Público Alvo:............................................................................................................ 4
DESENVOLVIMENTO: ............................................................................................. 5
AVALIAÇÃO: ............................................................................................................. 5
Início da aplicação do Projeto de Libras: ................................................................. 5
Término da aplicação do projeto: ............................................................................. 6
CONCLUSÃO:............................................................................................................. 7
ANEXOS:..................................................................................................................... 8
Tudo começou assim... ............................................................................................. 8
I Entrevista: .............................................................................................................. 9
II Entrevista: ........................................................................................................... 11
Textos apresentados em forma de: Diálogo, teatro, música e oração: ................... 12
Ações em prol da conclusão do projeto:................................................................. 14
…Hoje o dia discorreu de forma inusitada!............................................................ 14
Relatório diagnóstico e de estratégias: ................................................................... 15
BIBLIOGRAFIA:....................................................................................................... 18
3. JUSTIFICATIVA:
LIBRAS é a Língua Brasileira de Sinais.
A partir do contato com a língua em Libras, observamos a riqueza de
conhecimento contida na aprendizagem do surdo, constatamos a dificuldade que os
mesmos encontram na comunicação e/ou lingüística, desta forma, a Libras é o
instrumento fundamental para o desenvolvimento e inserção do portador de deficiência
auditiva na sociedade, enfim, o trabalho desenvolvido pelos profissionais da área
educacional e entidades educacionais que trabalham em prol do reconhecimento e
cumprimento da legislação, no que se refere à obrigatoriedade da Língua em Libras na
Grade Curricular de Ensino. Desta feita, iniciamos o trabalho de leitura com crianças
que tinham dificuldades de aprendizagem e especificamente na leitura e escrita, como
forma de aguçar a curiosidade e o gosto em aprender uma língua desconhecida.
Faz se necessário conhecer à cultura e história do portador de deficiência
auditiva, desta forma, precisa - se entender que a surdez é uma experiência visual que
traz ao sujeito surdo a possibilidade de constituir sua subjetividade por meio de
experiências cognitivo-lingüísticas diversas, mediadas por formas de comunicação
simbólica e alternativa, as quais encontram na língua de sinais, seu principal meio de
concretização.
OBJETIVOS:
• Conhecer a origem da Língua em Libras;
• Compreender a importância da língua em Libras para inserção do surdo
na sociedade;
• Ampliar os conhecimentos referentes à língua em Libras
• Desenvolver o espírito de cidadania e respeito ao portador de deficiência
auditiva;
• Aguçar nas crianças a curiosidade e o gosto em aprender a ler uma língua
diferente.
• Oportunizar o fortalecimento da auto-estima e da construção da
identidade e autonomia.
4. METODOLOGIAS:
O projeto será desenvolvido durante os meses de setembro a novembro. Durante
o desenvolvimento, serão utilizados os seguintes recursos didáticos:
• Pesquisas;
• Reportagens;
• Textos complementares;
• Músicas e teatro;
• Exposição de trabalhos;
• Cartazes;
• Produção de texto e diálogo;
• Vídeo / DVD.
De 20/09/2008 a 20/11/2008
Culminância:
Entrevista com o professor Gilmar Garcia Marcelino, professor surdo, Pedagogo
e Pós – Graduado em Letras e Libras. Apresentação na sala de aula da turma do 4º ano
A.
Público Alvo:
• Turma de 4º ano do ensino fundamental.
5. DESENVOLVIMENTO:
• Pesquisar a origem da língua em libras;
• Entrevistar o surdo (a)
• Fazer um relato histórico das pessoas surdas ou com deficiência auditiva
e da utilização da Língua em Libras;
• Criar um ambiente propício às aulas de Libras, onde às crianças tenham
prazer em aprender uma língua diferente e saibam da sua utilização e valoração;
• Representar (com diálogo, teatro...) um fato e/ou dificuldade que ocorre
na sociedade portadora de deficiência auditiva;
• Demonstrar na prática a facilitação que a Língua em Libras trouxe ao
deficiente auditivo, no que se refere à inserção à sociedade.
AVALIAÇÃO:
Inicialmente introduzimos uma metodologia que abrangesse a turma na sua
totalidade, entretanto, sentimos a necessidade do diagnóstico da turma e
especificamente daqueles alunos com dificuldades e especificidades individuais.
Início da aplicação do Projeto de Libras:
Maicon Gomes: Aluno indisciplinado, escreve / copiante, não lê, demonstra
desinteresse pelas atividades desenvolvidas na sala de aula.
Marcelo Santos: Aluno apático, não lê e na escrita não utiliza uma lógica de
raciocínio.
Tainara Gomes: Aluna indisciplinada, demonstra total desinteresse pelas
atividades desenvolvidas e sala de aula, escreve / copiante, não lê.
Gustavo Pires: Aluno com timidez acentuada, silabando e na escrita não utiliza
lógica de raciocínio.
Jéssica Silva: Não há laudo comprobatório, entretanto, é perceptível a
deficiência comportamental e de raciocínio na aluna, não escreve e não lê.
6. Término da aplicação do projeto:
Os alunos: Maicon Gomes, Marelo Santos, Tainara Gomes, tiveram avanços
significativos no que se refere ao comportamento e escrita e aprenderam a ler.
O aluno: Gustavo Pires, venceu a timidez, já produz pequenos textos e os
apresenta em forma de diálogo e teatro.
A aluna: Jéssica Silva, já consegue realizar alguns avanços no que se refere à
mobilidade motora e de raciocínio.
A turma de 40 alunos, com exceção dos alunos: Gabriel Souza e Jacson
Galvão, que não despertaram a vontade de aprender a língua, os demais demonstraram
interesse e facilidade em aprender a Língua em Libras.
7. CONCLUSÃO:
Posterior a entrevista com o professor Gilmar Garcia Marcelino e a professora
Renata Marcelino, constatamos a riqueza de conhecimento contida na aprendizagem do
surdo. Ambos, professores surdos, ele Pedagogo e Pós-Graduado em Letras e Libras,
ela Artista Plástica e Pós-Graduada em Letras e Libras.
O presente projeto deu-nos a possibilidade de perceber o quanto a sociedade, de
um modo geral, é carente de uma forma de comunicação que de fato aproxime os
indivíduos. O que acontece com o deficiente auditivo é sem sombra dúvida, reflexo de
uma realidade muito abrangente: as relações que se estabelecem entre as pessoas em
toda parte do planeta, e que se constitui quase sempre em relações de poder e domínio
de grupos majoritários sobre grupos minoritários. A esperança, é ver que pelo menos,
no que diz respeito à realidade dos surdos, as discussões estão acontecendo cada vez
mais em sentido progressivo.
O portador de deficiência auditiva está conquistando espaço e mesmo de modo
lento, mas gradativo, as barreiras da comunicação que favoreciam os surdos a viverem
no isolamento obrigando-os a viver à margem da sociedade estão sendo quebradas. Hoje
a sociedade ouvinte está cada vez mais buscando subsídios para a aproximação e
socialização com o portador de deficiência auditiva e a Língua em Libras é a ponte
mediadora.
Diagnosticamos também, o interesse e o prazer que as crianças demonstram em
aprender a Língua em Libras, mesmo aquelas com dificuldade na leitura e escrita. A
partir da inserção da Língua em Libras, observamos avanços significativos na
aprendizagem de alunos que tinham dificuldades na aprendizagem e especificamente na
leitura e escrita, desta forma, os mesmos estão desenvolvendo posterior a introdução de
Libras.
8. ANEXOS:
Tudo começou assim...
Em: http://artequeensina.blogspot.com/2008/11/tudo-começou-assim.html
Em Agosto/2008, início deste semestre, estava concluindo o curso: Língua em
Libras, ministrado pelo CAS: Centro de Capacitação de Profissionais da Educação
e de Atendimento às Pessoas com Surdez. De praxe, todas às segundas – feiras tinham
testes avaliativos, desta feita, aproveitava os intervalos das minhas aulas para estudar.
Certa vez...
Fui surpreendida por alunos curiosos que assistiam a minha leitura,
questionaram o motivo de tais encenações, expliquei que se tratava de uma língua:
Libras, e os gestos visualizados, eram utilizados na comunicação de surdos e ouvintes,
enfim, tratava-se de sinais convencionados para digitação e/ou configuração em mãos.
Os alunos ficaram entusiasmados, comentaram o interesse em conhecer e aprender a
nova língua, posterior aos questionamentos iniciais, surgiu tal pergunta.
– Tia... Por que você não ensina Libras pra nossa turma?
Acerca deste questionamento dá–se, o início deste projeto.
9. I Entrevista:
Em: http://artequeensina.blogspot.com/2008/12/dia-de-entrevista.html
O professor surdo Gilmar Garcia Marcelino, Pedagogo, Pós-graduado em Letras
e Libras e professor de Libras no CAS (Centro de Capacitação ao Surdo) e na Caixa
Econômica Federal, esteve em nossa sala, no dia 21 de Novembro.
Os meninos fizeram uma oração em Libras e entrevistaram o professor, que
comentou:
- “Eu estou feliz em ver vocês alunos aprendendo Libras e tendo este
desempenho, estou admirado! Fico comovido ao ver uma turma de crianças tão
pequenas e já sabendo da importância desta língua, muito bom! Vejo o cuidado que
vocês têm com a sala, o alfabeto em Libras pra que todos conheçam e aprendam.
Quase chego às lágrimas! Parabéns meninos!”
Os alunos ficaram muito à vontade com o professor Gilmar, posterior a
entrevista que havia sido elaborada pelos alunos, todos da turma quiseram fazer
perguntas aleatórias, comentei com professor, questionei se estava disposto e ele
respondeu que estava disposto às perguntas e assim aconteceu a entrevista em que as
entrevistadoras foram as alunas Poliana, Jennyfer e Vitória, usando a Língua
Brasileira de Sinais.
A: – Boa tarde, prazer em conhecê-lo.
Professor Gilmar: Boa tarde, prazer em conhecê-las também.
A: – Qual o seu nome?
PG: – Gilmar. (Ele pergunta o nome de cada uma das alunas)
A: – Qual o seu sinal?
PG: – G/G. (E pergunta o sinal de cada aluna.)
A: – Qual a sua profissão?
PG: – Sou professor de Libras.
A: – Onde você trabalha?
PG: – À noite dou aulas de Libras no CAS, onde sou professor da Tia Sandra.
A: – Você tem dificuldades para comunicar com sua família?
PG: – Às vezes, alguns conseguem comunicar com facilidade outros com
dificuldade.
A: – Quando você aprendeu Libras?
10. PG: – Aprendi com um amigo, quando era criança, este amigo também era
surdo. A: – Qual a causa da sua surdez?
PG: – Surdez congênita, nos primeiros anos de vida já era observada a surdez,
não foi nenhum tipo de doença.
A: – Você tem dificuldade para comunicar com ouvinte?
PG: – Sim. Mas quando o ouvinte fala pelo menos um pouco em Libras é fácil,
caso contrário, escrevo.
A: – Você tem filhos?
PG: – Sim. Tenho um filho de quatorze anos.
A: – Você é solteiro ou casado?
PG: – Casado, olha a aliança.
No final as alunas agradecem dizem que foi um prazer conhecer o professor e
despedem-se. O professor Gilmar, diz que também foi um prazer conhecê-las e despede-
se.
Esta visita inferiu grande relevância tanto no quesito aprendizagem pedagógica
quanto humanas, durante o acontecimento observou o amor das crianças por uma pessoa
que eles conheciam somente através de fotografias contidas nas fichas de estudo de
Libras, as quais foram utilizadas para ministrar minhas aulas.
Fiquei observando os alunos e o professor e a cena era linda!
Constatava naquele instante que a Língua em Libras não é somente um subsídio
pedagógico, mas, a ponte de ligação às diversidades.
11. II Entrevista:
Entrevista de: Professora Sandra a Professora Renata Marcelino, Artista
plástica, Pós-graduada em Letras e Libras, surda.
1. Qual a causa e o grau de sua surdez?
Resposta: – Surdez profunda.
2. Como é o seu convívio familiar?
Resposta: – Bom, convivia com minha família: pai, mãe e irmãos. Agora casada,
vivo com o meu marido, também surdo como eu.
3. Comente como tem sido a sua vida escolar?
Resposta: – Eu era pequena, tinha 3 anos de idade começando a oralizar, fui ao
fono particular. Estudava no Colégio Santo Agostinho até o 2º grau.
4. Como você vê as oportunidades de trabalho para as pessoas surdas?
Resposta: – Eu vejo como uma pessoa normal, porém com algumas dificuldades,
mas sou feliz no meu trabalho.
5. Como e quando teve contato com libras?
Resposta: – Comecei a aprender libras com 20 anos. Ainda estou contato com
pessoas surdas na ASEG, bar, festas, congressos, etc.
6. Você tem ou teve dificuldade na aprendizagem da língua portuguesa
escrita? Comente.
Resposta: – Sim, estou com dificuldade na aprendizagem da língua portuguesa
escrita e na interpretação de textos.
7. Você enfrenta dificuldades no seu dia-a-dia em locais públicos? As pessoas
ouvintes se mostram interessadas ou disponíveis quando você solicita alguma ajuda?
Resposta: – Normal. Não tenho dificuldades para comunicar as pessoas.
8. O que é a inclusão para você? O que a inclusão mudou em sua vida?
Resposta: – Não mudou.
9. O que você gosta de fazer em suas horas vagas?
Resposta: – Eu gosto de sair com meu marido, ir a casa da minha mãe, ir ao
clube e estudar.
10. Qual a sua perspectiva em relação ao futuro (sociedade, trabalho, etc.)?
Resposta: – Quero ser mãe, quero ter um filho e ser feliz junto com minha
família.
12. Textos apresentados em forma de: Diálogo, teatro, música e oração:
Texto: “Academia de Ginástica”
A – Oi, bom dia Hellem!
B – Bom dia!
A – Você viu a Vitória?
B – Vi, encontrei com ela na musculação, vamos falar com ela.
A – Oi, bom dia Vitória!
B – Vamos procurar a professor de natação?
C – Mas está frio.
B – Então vamos para o jump?
C – Então vamos.
A – Depois do banho, vamos almoçar.
C – Vocês continuam a dieta?
A – Por quê?
C – Por que tanto trabalho e/ou sacrifício?
B – Para ficar bonita.
C – Por favor, não vou comer só salada.
A – Comeremos: Carne, arroz, feijão...
Texto: “A Viagem”
A – Oi, tudo bem?
B – Tudo bem.
A – É verdade que você viajou
B – Sim é verdade, eu fui para Israel, Arábia Saudita, Austrália e Inglaterra.
A – Nossa! E qual país você achou melhor?
B – A Arábia Saudita é mais rica que o Brasil. E o Brasil é mais quente do que a
Inglaterra.
A – A minha mãe conhece Israel, ela me disse que a religião principal de lá é o
judaísmo.
B – É verdade.
13. A – E qual país é mais bonito,Brasil ou a Austrália?
B – Eles são igualmente bonitos.
A – Quando você viajou?
B – Eu fui no natal e voltei na Páscoa, eu trouxe um presente para você.
A – Muito obrigado, que Deus te abençoe sempre.
B – Muito obrigado, tchau!!!
Oração:” Papai do Céu”
Papai do céu... Eu agradeço por esse dia lindo! Agradeço pela minha vida, pela
minha família. Papai do céu eu quero ser bom, eu preciso ser bom, eu preciso de sua
ajuda.
Papai do céu cuide desta escola, dos alunos, professores, coordenadores,
profissionais da cozinha, do porteiro da diretora... De todos.
Meu Deus eu te amo muito! Amém.
M úsica: “Borboletinha”
Borboletinha
'tá na cozinha
fazendo chocolate para a madrinha.
poti, poti
Perna de pau
Olho de vidro
E nariz de pica-pau
Tchau.. Tchau...
14. Ações em prol da conclusão do projeto:
A partir da aplicabilidade do projeto em sala, constatei a aceitação e a facilitação
demonstrada pelos meus alunos, dia-a-dia, o projeto ganhava corpo e conotação
positiva. Agora o projeto era também observado pelos professores, coordenadores e
diretora da escola, posterior a conversas, discussão, troca de idéias, resolvemos então,
que o projeto pelo sucesso obtido na primeira fase do ensino fundamental, poderia
também ser apresentado aos alunos da segunda fase do ensino fundamental como forma
de divulgação e conclusão do projeto referido, enfim, deveríamos divulgar a Língua em
Libras aos alunos da Escola Estadual Itagiba Laureano Dorneles, e assim se fez...
“...Às aulas começaram na segunda semana do mês de Outubro/2008. Os alunos
mostraram-se interessados e com vontade de aprender a nova língua.”
…Hoje o dia discorreu de forma inusitada!
Em: http://artequeensina.blogspot.com/2008/11/estava-começando-mais-um-
dos-dias-da.html
Hoje como de costume cheguei à escola...
Estava começando o meu dia, entretanto, hoje foi diferente. A rotina mudou!
Desde o início, quando desci do carro, tive certa dificuldade para concluir meu trajeto
até a sala dos professores, os alunos me cercavam no intuito de tirar dúvidas referentes à
primeira aula que eu havia ministrado no dia anterior, aula de Libras. Estavam todos
entusiasmados e curiosos para obter o máximo de informações sobre a nova Língua.
Confesso, fiquei surpresa! Os resultados obtidos superaram minhas expectativas,
principalmente por se tratar de adolescentes que normalmente não se interessam
facilmente por subsídios escolares e/ou pedagógicos. Constatei naquele momento que o
meu objetivo anterior que, era somente a conclusão do meu projeto que já estava a
trabalhar desde o início de Agosto/2008, Tema abordado: Língua em Libras: Um
Novo Jeito de Aprender a Ler e Escrever, havia então superado, e que o momento
exigia uma nova tomada de atitude, então decidi estender tal projeto, que anteriormente
se restringia apenas aos meus alunos de 4º ano, do ensino fundamental, agora se
estenderia á toda escola e respectivos turnos e séries.
15. Relatório diagnóstico e de estratégias:
No mês de Março de 2008 iniciei meu trabalho em sala de aula na escola Itagiba
Laureano Dornelles. A turma de 4º ano. De inicio, confesso fiquei assustada com o
comportamento e a diversificação de problemas existentes naquela turma, então tratei de
levantar um diagnóstico individual da turma, e desta forma, planejar e ao mesmo tempo
experenciar metodologias que viessem facilitar a aprendizagem de tal turma.
Na primeira semana as experiências não foram favoráveis, entretanto, constatei a
origem das dificuldades da maioria dos alunos aqui citados, os alunos estavam com a
auto-estima baixa.
Desta feita, propus aos alunos momentos de reflexão com a utilização de
subsídios: Música, teatro, piadas, trabalhos manuais e reciclagem, aulas interativas,
rotina de trabalhos em grupo.
Durante o desenvolvimento dos trabalhos acima referidos, observava a mudança
de comportamento dos alunos, o que anteriormente chamávamos indisciplina, agora
tinha outra conotação. Os alunos começaram a despertar, alguns revelava-nos a
criatividade e/ou potencial que detinha isso era explicitado através de trabalhos
apresentados em sala de aula e na mudança de comportamento.
A partir da aplicabilidade de trabalhos e atividades diferenciadas, constatei o
avanço na aprendizagem de alunos que anteriormente não mostrava interesse por
nenhuma atividade apresentada em sala.
Um breve diagnóstico da turma, iniciei a introdução de alguns projetos e
trabalhos com atividades que possibilitassem um enfoque geral dos alunos no que diz
respeito ao processo ensino/aprendizagem. Ao se depararem com questões reais, ao se
mobilizarem para resolvê-las, os alunos começaram a defrontar com uma série de
fatos/problemas que exigiram o uso de instrumentos culturais, encontrados nas diversas
disciplinas, para solucioná-las. Alguns trabalhos geraram, assim, situações onde as
novas aprendizagens ganharam todo sentido e significado para os alunos.
Os trabalhos/projetos diversificados unificaram as competências e conteúdos
das diversas disciplinas, transformando o espaço escolar em um espaço cultural vivo,
onde os alunos puderam viver estratégias de aprendizagem onde eram utilizadas
ferramentas e rotinas já conhecidas e vividas nas suas casas.
16. O planejamento semanal agora tinha um novo objetivo: despertar a vontade de
participar ativamente das aulas, mas, com prazer.
Amostra de planos executados em sala e que apresentaram resultados
significativos:
Receita do doce de Leite Ninho;
Arte e reciclagem, construção do alfabeto móvel a partir da utilização de
garrafas de refrigerante;
Produção de textos a partir da utilização de fantoches, teatro, poesia...
Introdução da Língua em Libras nas aulas de Artes.
Durante a apresentação destes trabalhos aconteceram inúmeras e agradáveis
surpresas as quais me proporcionaram prazer e satisfação profissional, entretanto, quero
enfatizar alguns momentos. A turma em geral absorveu de forma positiva as propostas e
subsídios oferecidos durante o ano, alguns alunos numa escala menor e outros
superaram as expectativas.
O aluno Flávio Galvão, que anteriormente fazia questão de revelar a sua
desmotivação e total descrença, atitudes que tolhiam qualquer possibilidade de
aprendizagem, o aluno não sabia ler, neste primeiro estágio. O aluno foi inserido nas
aulas de reforço, contra-turno e nas primeiras aulas eu observava que o mesmo tinha
potencial, porém, indisciplinado e com auto-estima baixa. Certa vez ele relata: - Tia,
você está perdendo o seu tempo comigo, eu sou burro e não vou aprender a ler.
Neste momento, confesso, fiquei comovida e então perguntei a ele: - Flávio você
quer aprender a ler? A resposta foi positiva, então fui incisiva e convincente quando
afirmei com precisão... Que bastava ele dispor, ter vontade, acreditar nele, e que, eu
acreditava e tinha a certeza do potencial e inteligência dele. Assim discorreu a aula
,passei a orientação aos outros alunos, seguindo a rotina. Finalizando a aula, retornei ao
aluno Flávio, fui surpreendida! Ele começou a discorrer a leitura de outra forma,
soletrava, se esforçava e concluía a palavra... O próprio aluno não entendia o que estava
acontecendo e exclamava... Tia! Estou lendo!
Esta certamente foi uma experiência que me proporcionou grande satisfação.
A aluna Jéssica Silva, a aluna não possui laudo comprobatório, porém, é
explicita a diferenciação de comportamento e aprendizagem da mesma. Desde o início
das aulas, início de março/2008, por se tratar de uma aluna com certas especificidades
17. de comportamento, optei pela elaboração de um planejamento específico e centrado nas
potencialidades da aluna. Nas primeiras tentativas, constatei que a aluna permanecia
concentrada e calma quando desenhava, e fazia com muito capricho. Continuei a utilizar
tal subsídio, o desenho. No inicio de setembro/2008, iniciei o Projeto: Língua em
Libras.
Este projeto tinha como objetivo estratégico apresentar aos alunos uma língua
diferente e que auxiliasse também no conteúdo de Artes. OS alunos despertaram nas
áreas artístico corporal e didático, alunos que anteriormente não gostavam de produzir
textos, posterior às aulas de Libras, começaram a produzir pequenos textos. Utilizava
como estratégia: Produção de textos. Os alunos após a produção de texto,
apresentavam em Libras o texto produzido por eles. Este era um momento esperado por
todos, as aulas aconteciam nas quintas-feiras, as apresentações eram fotografadas
gravadas, com a exposição de alguns trabalhos, fotos e filmes. Ratificando... Este
projeto mostrou-me uma nova faceta no campo das estratégias de aprendizagens. A
aluna Jéssica neste último estágio além da habilidade já apresentada inicialmente, agora
já inicia os primeiros passos rumo às aprendizagens diversas, de inicio, a mesma já se
interessa pela forma e dinâmica apresentada pela configuração de mãos utilizadas em
Libras, também consegue fazer a leitura das letras apresentadas.
18. BIBLIOGRAFIA:
SACKS, Oliver. W., 1993. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos.
Oliver Sacks: tradução Laura Teixeira Motta. São Paulo: Compania das Letras,
1998.
SALLES, Heloísa Maria Moreira Lima (org). Ensino de língua portuguesa para
surdos: caminhos para a prática pedagógica /(Programa Nacional de Apoio à
Educação dos Surdos) Brasília: MEC, SEESP, 2004.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes,
1989.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes,