1) Fotojornalistas de Pernambuco pedem para serem posicionados nas esquinas próximas aos bancos de suplentes na Arena Pernambuco, a fim de produzir coberturas fotográficas de qualidade durante as partidas de futebol.
2) Essa posição é reconhecida internacionalmente pela FIFA como a melhor para registrar os principais momentos de uma partida.
3) Restrições atuais estão comprometendo a qualidade do trabalho dos fotojornalistas e a divulgação do esporte em P
Manifesto em favor de um fotojornalismo esportivo de alto nível em Pernambuco
1. MANIFESTO EM FAVOR DE UM
FOTOJORNALISMO ESPORTIVO DE ALTO NÍVEL
EM PERNAMBUCO
Todo profissional e instituição que se preza procura atuar sempre em alto nível. Dentro
do fotojornalismo esportivo, essa lógica não muda: jornais impressos, portais de notícia,
revistas e agências de imagem de Pernambuco trabalham duro para produzir conteúdo da
melhor maneira possível a fim de satisfazer inúmeros leitores apaixonados por futebol e
divulgar os clubes e estádios do Estado sempre com imagens marcantes. Não por acaso, a
fotografia local é vista como referência no Brasil, com representantes premiados todos os anos
pela qualidade de seus registros, porém a excelência na cobertura das partidas tem sido
comprometida por recentes medidas tomadas em relação à posição dos fotojornalistas no
entorno do campo.
Empolgada com tudo que foi visto durante a Copa das Confederações e também com o
que está por vir com a Copa do Mundo, além do funcionamento da Arena Pernambuco em si, a
categoria acabou surpreendida com uma medida que tem se mostrado um obstáculo para a
realização de uma cobertura fotográfica de qualidade: em jogos realizados no novo estádio os
fotojornalistas estão sendo conduzidos à área oposta aos bancos de suplentes, sob o
argumento de que a presença de fotógrafos nos cantos próximos ao setor atrapalha a
movimentação de jogadores e comissão técnica.
Sobre o posicionamento e acomodação de fotojornalistas no entorno de um campo de
futebol é fundamental esclarecer que:
A) em todas as partidas da Copa das Confederações deste ano, incluindo os três confrontos
realizados na Arena Pernambuco, o número de fotógrafos era sempre superior a 150 por jogo,
vindos do mundo inteiro, e a distribuição deles na região periférica do gramado, incluindo as
esquinas próximas aos bancos de suplentes, cujos limites são definidos pela própria FIFA, em
momento algum atrapalhou a movimentação de atletas, feita sempre no espaço ao lado da
área técnica, nem qualquer outro procedimento realizado pelas seleções;
B) as dimensões de um campo construído nos moldes da FIFA são pensadas também em
função da circulação e acomodação dos profissionais de imprensa à beira do gramado, não
apenas os jogadores e comissão técnica. São nas esquinas próximas aos bancos de suplentes,
inclusive, que a FIFA posiciona os fotógrafos de suas agências de imagem parceiras oficiais
(AFP, AP, Reuters e Getty Images), pois a própria entidade reconhece que aquele é o melhor
ponto para se fotografar um jogo de futebol. Não se trata de algo definido para o Brasil, mas
de procedimentos aplicados pela entidade máxima do futebol mundial em todas as
competições que ela realiza;
C) as esquinas do campo próximas aos bancos de suplentes são sempre os pontos mais
disputados pelos fotógrafos devido a sua posição estratégica: essa área oferece um
interessante ângulo, que permite uma visão equilibrada entre o meio de campo e a grande
área, além de uma posição adequada para registrar as reações da comissão técnica e dos
atletas suplentes, como também da torcida;
2. D) um jogador de futebol, ao marcar um gol, quase sempre festeja o feito próximo ao banco de
sua equipe, junto com os suplentes, companheiros de campo, comissão técnica e a torcida
posicionada nessa parte do estádio. Trata-se de um comportamento natural do atleta.
Posicionado nas esquinas próximas aos bancos de suplentes, o fotógrafo tem totais condições
de documentar de frente os principais momentos e personagens de uma partida de futebol
sem sair do lugar. Praticamente nada disso é possível de ser feito no local determinado
atualmente para os fotógrafos que cobrem jogos na Arena Pernambuco. Momentos relevantes
de um jogo de futebol no local estão sendo registrados com o atleta de costas;
E) fotojornalistas de outros estados brasileiros foram consultados e a resposta foi de que não
há situação semelhante às restrições que tem ocorrido na Arena Pernambuco, inclusive
comparado a outras Arenas que sediaram a Copa das Confederações e que já estão preparadas
para a Copa do Mundo, a exemplo do Maracanã (Rio de Janeiro), Fonte Nova (Bahia), Castelão
(Ceará), Mineirão (Minas Gerais) e Mané Garrincha (Distrito Federal). Nesses estádios,
fotógrafos podem atuar nas esquinas próximas aos bancos de suplentes, sem interferir no
andamento do jogo;
F) enquanto os fotojornalistas são impedidos de produzir seu melhor conteúdo devido às
restrições impostas na Arena Pernambuco, os cinegrafistas das emissoras de TV recebem
tratamento diferenciado, sendo liberados para permanecer ao lado dos bancos de suplentes,
numa área ainda mais próxima que o espaço costumeiramente usado por fotógrafos para
trabalhar com o mínimo de qualidade;
G) ao contrário do que ocorre na Arena Pernambuco, a acomodação de fotojornalistas nas
esquinas do campo próximas aos bancos de suplentes nos demais estádios de futebol do
Estado ocorre sem obstáculos impeditivos à prática do trabalho naquela posição, embora as
condições de acomodação ainda não sejam as ideais;
H) tanto no Regulamento Geral das Competições (RGC) da Confederação Brasileira de Futebol
(CBF) quanto no Regulamento Específico da Competição (REC) da Federação Pernambucana de
Futebol (FPF) não há qualquer proibição ou restrição expressa sobre o posicionamento de
fotógrafos nas esquinas do campo próximas aos bancos de suplentes;
Com base nos argumentos citados e considerando que, assim como os fotojornalistas
locais, a Arena Pernambuco e a FPF também prezam pela melhoria contínua dos métodos de
trabalho, com base nos grandes eventos esportivos que ocorreram e estão por vir no Estado,
reivindicamos:
Demarcação de área reservada para fotojornalistas em cada uma das esquinas do campo de
futebol próximas aos bancos de suplentes da Arena Pernambuco para cobertura de jogos em
competições estaduais, regionais, nacionais e internacionais, com área compatível com a
acomodação de 20 profissionais em cada uma das áreas reservadas, totalizando o máximo
de 40 fotógrafos em campo, conforme Artigo 6º, 2, a. do RGC da CBF.
Anexos a este documento, seguem abaixo-assinado com o nome de fotógrafos e
editores de imagem vinculados a jornais impressos, portais de notícias, agências de imagens e
3. trabalhos freelancers de Pernambuco e fotos fornecidas por profissionais de outros estados
comprovando a ocupação do espaço reivindicado em variados estádios pelo Brasil.
A escolha de Pernambuco como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 e também
da Copa das Confederações deste ano foi muito comemorada por todos, não somente pela
visibilidade e glamour das competições em si, mas, sobretudo, pelo legado positivo que
eventos dessa magnitude deixam. A construção da Arena Pernambuco, que oferta estrutura
comparável a estádios de importantes eixos do futebol pelo mundo, é uma prova disso. Sem
falar na chance concreta de conviver com os melhores do ramo para trocar experiências,
ampliar network, comercializar conteúdo e participar de um jogo com altos padrões de
organização. Profissionais, empresas de comunicação e entidades gestoras tiveram uma
chance ímpar de aperfeiçoar métodos de trabalho dentro de um espaço qualificado.
Em um estádio como a Arena Pernambuco, onde o anseio dos fotojornalistas era o de
executar um trabalho de alto nível, atuando de maneira diferenciada em relação aos demais
campos locais, com base na dinâmica de trabalho apresentada pela FIFA na realização de
competições, a experiência tem se revelado abaixo das expectativas e amplamente prejudicial
para os profissionais de fotografia e, por consequência, para os veículos de comunicação do
Estado, que hoje são obrigados a contar para o leitor nas capas de jornais, nas páginas dos
portais de notícia e nas agências de imagem a história de um jogo por meio de imagens que
pouco traduzem a emoção do futebol e que, assim sendo, também não despertam interesse
qualquer comercial.
Os fotojornalistas pernambucanos tem talento e as empresas de comunicação locais
estão adquirindo recursos técnicos para trabalhar de igual para igual, ou pelo menos em uma
condição próxima a das melhores agências do mundo. Porém, do jeito que se encontram
posicionados atualmente os fotógrafos na Arena Pernambuco, todo o investimento dos
profissionais, das empresas de comunicação e, sobretudo, todo o legado positivo que um
evento FIFA deixa no Estado é completamente anulado, impedindo a vivência de qualquer
melhoria proporcionada por uma infraestrutura montada para uma cada vez melhor prática do
futebol e da divulgação do esporte através do fotojornalismo.
Contamos com a compreensão e bom senso dos gestores da Arena Pernambuco e da
FPF em desconsiderar as recentes medidas tomadas quanto ao posicionamento de fotógrafos
em jogos na Arena Pernambuco. Vamos todos contribuir para que o Estado entre em definitivo
na organização esportiva de alto nível.
Recife, 09 de outubro de 2013.