1. Tintas
Segundo Fazenda (1993) tinta é uma composição líquida, geralmente viscosa,
constituída de um ou mais pigmentos dispersos em um aglomerante líquido que, ao
sofrer um processo de cura quando estendida em película fina, forma um filme opaco e
aderente ao substrato. Esse filme tem a finalidade de proteger e embelezar as
superfícies.
Os componentes básicos da tinta são:
• Resina é a parte não-volátil da tinta, que serve para aglomerar as partículas de
pigmentos. A resina também denomina o tipo de tinta ou revestimento empregado.
Assim, por exemplo, temos as tintas acrílicas, alquídicas, epoxídicas, etc. Todas levam
o nome da resina básica que as compõem. (FAZENDA, 1993).
Antigamente as resinas eram à base de compostos naturais, vegetais ou animais. Hoje
em dia são obtidas através da indústria química ou petroquímica por meio de reações
complexas, originando polímeros que conferem às tintas propriedades de resistência e
durabilidade muito superiores às antigas.
A formação do filme de tinta está relacionada com o mecanismo de reações químicas do
sistema polimérico, embora outros componentes, como solventes, pigmentos e aditivos
tenham influência no sentido de retardar, acelerar e até inibir essas reações.
• Pigmento é o material sólido finamente dividido, insolúvel no meio. Utilizados para
conferir cor, opacidade, certas características de consistência e outros efeitos.
São divididos em pigmentos coloridos (conferem cor), não-coloridos e anticorrosivos
(conferem proteção aos metais).
O índice de refração (I.R.) está diretamente relacionado ao poder de cobertura
(propriedade da tinta de cobrir o substrato), sendo que os pigmentos coloridos devem
possuir I.R. superior a 1,5 (I.R. médio das resinas utilizadas em tintas). As cargas
possuem I.R. iguais ou ligeiramente
superiores a 1,5 sendo, portando, transparentes ou quase transparentes.
• Aditivo – ingrediente que adicionado às tintas, proporciona características especiais às
mesmas ou melhorias nas suas propriedades. Utilizado para auxiliar nas diversas fases
de fabricação e conferir características necessárias à aplicação.
Existe uma variedade enorme de aditivos usados na indústria de tintas e vernizes, a
saber: secantes, anti-sedimentantes, niveladores, antipele, antiespumante, dispersantes,
espessantes, etc.
• Solvente – liquido volátil, geralmente de baixo ponto de ebulição, utilizado nas tintas e
correlatos para dissolver a resina. São classificados em: solventes aditivos ou
verdadeiros, latentes e inativos (FAZENDA, 1993).
2. PATOLOGIAS
À primeira vista, uma parede interna ou uma fachada bem acabada aparenta formar a
base ideal para receber uma pintura, entretanto, a pintura sobre superfícies de reboco ou
de concreto não é assim tão simples como parece, constituindo-se num problema onde
os riscos e as dificuldades surgem em grande número. Os materiais de construção
empregados na preparação e no acabamento das paredes são quimicamente agressivos,
podendo, consequentemente, atacar e destruir as tintas aplicadas sobre elas.
Os materiais de alvenaria podem conter considerável quantidade de água, apresentar
porosidade excessiva ou irregularmente distribuída, bem como sais minerais ou cal
incorretamente carbonatada, estando sujeitos à degradação progressiva que terminará
por reduzir ou destruir a firmeza destas paredes, e com elas o sistema de pintura
empregado.
A presença de água pode promover o aparecimento de bolhas e impedir a aderência das
películas, além de favorecer a formação de mofo.
A porosidade irregular pode causar variações no brilho, na cor ou prejudicar a aderência
da tinta.
A presença de sais minerais pode causar a formação de depósitos cristalinos,
descascamento, empolamento, etc.
A grande maioria das causas das falhas de pintura é ocasionada pelo preparo incorreto
da superfície e/ou falha na aplicação do produto (mão de obra não qualificada).
As patologias mais comuns aos sistemas de pintura são:
Calcinação
Eflorescência
Desagregamento
Saponificação
Manchas ocasionadas por pingos de chuva
Fissuras
Descascamento
Bolhas
Bolhas na repintura
Manchas amareladas
Manchas e retardamento de secagem em pintura ou
envernizamento de madeiras
Trincas e má aderência em madeiras
Escorrimento
Secagem deficiente
Enrugamento
Mofo
3. Solventes
Nas soluções, a substância na qual se dispersa(m) outra(s) designa-se por solvente e todos os
outros componentes são designados por solutos. O solvente tem sempre o mesmo estado
físico da solução, podendo ser sólido, líquido ou gasoso. Normalmente, é a substância
presente em maior quantidade; no caso de soluções em que as substâncias estão presentes
em proporções idênticas, considera-se solvente o componente mais volátil, isto é, com menor
ponto de ebulição. A água é o solvente mais conhecido e utilizado.
Com base na respectiva polaridade, os solventes podem dividir-se em polares e apolares. A
permissividade elétrica relativa (anteriormente designada por constante dielétrica) é uma
medida da polaridade de um solvente e é definida como o quociente entre a intensidade do
campo elétrica no vazio e no material em questão (neste caso o solvente). Os solventes que
tenham um valor de permissividade relativa inferior a 15 classificam-se como apolares. A
polaridade das moléculas de solvente (medida pelo momento dipolar) é um fator determinante
da sua polaridade. Se as moléculas de solvente forem polares, isto é, se o momento dipolar de
cada molécula não for nulo, então o solvente denomina-se polar. Num solvente apolar, as
moléculas de solvente possuem um momento dipolar nulo ou próximo de zero. Esta
característica permite prever se um solvente consegue dissolver um determinado soluto. Para
tal, considera-se frequentemente a regra “semelhante dissolve semelhante”, que significa que
solventes polares dissolvem preferencialmente solutos polares e que solventes apolares
dissolvem preferencialmente solutos apolares. Apesar de ignorar alguns aspectos envolvidos
nas iterações soluto-solvente, como a possível formação de ligações de hidrogênio ou a
energia envolvida na interação entre as moléculas de soluto e solvente, esta simples regra
funciona surpreendentemente bem para um grande conjunto de pares soluto-solvente.
A escolha do solvente mais adequado ao fim pretendido tem de ter em consideração outras
características além das mencionadas, tais como o preço, o ponto de ebulição, a
inflamabilidade, a densidade, a toxicidade e/ou o impacto no meio ambiente. O ponto de
ebulição do solvente determina a sua velocidade de evaporação. Quanto maior for o ponto de
ebulição, menor é a velocidade de evaporação, isto é, menor é a sua volatilidade. Esta
propriedade é importante quando se pretende efetuar a separação entre solvente e soluto
através de processos como a destilação. Também a densidade é uma propriedade a ter em
conta quando, por exemplo, se fazem operações de partição de soluto entre solventes num
funil de separação (figura 1). Como regra geral, dentro do número de solventes possíveis, deve
escolher-se o menos inflamável, o menos tóxico e com menor impacto ambiental.
Os solventes são muito utilizados nos laboratórios de Química e na indústria e têm as mais
variadas aplicações. A extração da cafeína dos grãos de café, por exemplo, pode ser feita
através da utilização do dióxido de carbono supercrítico (solvente apolar), a temperaturas
o
acima de 304.2 K (31,1 C) e pressões acima de 7,4 MPa (73 atm). Nestas condições, o
dióxido de carbono dissolve 97 a 99 % da cafeína presente, originando o café “descafeinado”.
Posteriormente, a cafeína é recuperada por evaporação do solvente (CO 2 gasoso).
4. Concreto
O concreto é feito da mistura de pedregulhos, areia, água e cimento. O ponto de
partida da fabricação do cimento é o calcário que existe na forma de rochas.
O calcário é um minério que contém pelo menos 90% de uma substância
chamada carbonato de cálcio (Ca CO3). As fábricas de cimento aquecem o calcário que
se decompõe libertando gás carbônico e deixando como resíduo a cal, que é o óxido de
cálcio (CaO).
Esse aquecimento é feito ao misturar com o calcário a sílica (areia) e o óxido de
alumínio. O forte aquecimento dessa mistura faz com que a massa se derreta
parcialmente. Assim se forma o cimento, que contém várias substâncias, principalmente
o silicato de cálcio (CaSiO3) e o aluminato de cálcio de fórmula Ca(AlO2)2. O íon
aluminato AlO2 é monovalente negativo, como o íon cloreto (Cl-).
O gás carbônico desprendido na fabricação do concreto é a maior fonte de CO2
produzido industrialmente e a que mais contribui para o efeito estufa.
O concreto é um material que precisa de reforço porque ele não é resistente à tensão. É
por isso que nas construções são colocadas barras de aço.
O concreto é um material poroso. Deixa passar ar e umidade. O oxigênio e a água,
quando o penetram, oxidam o ferro contido no aço formando a ferrugem, que, por sua
vez, enfraquece o aço e também provoca a quebra do concreto.
A ferrugem, um óxido hidratado de ferro, ocupa um volume maior que o ferro. No ferro
metálico, os átomos estão arranjados de forma mais compacta, quer dizer, mais
próximos uns dos outros do que os átomos de ferro, oxigênio e hidrogênio do óxido
hidratado de ferro (ferrugem).
A reação álcalis-agregado (RAA) é um processo químico onde alguns constituintes
mineralógicos do agregado reagem com hidróxidos alcalinos (provenientes do cimento,
água de amassamento, agregados, pozolanas, agentes externos, etc.) que estão
dissolvidos na solução dos poros do concreto. Como produto da reação forma-se um gel
higroscópico expansivo. A manifestação da reação álcalis-agregado pode se dar de
5. várias formas, desde expansões, movimentações diferenciais nas estruturas e fissurações
até pipocamentos, exsudação do gel eredução das resistências à tração e compressão.
Atualmente são distinguidos três tipos deletérios da reação:
Reação álcali-sílica - envolve a presença de sílica amorfa ou
certos tipos de vidros naturais (vulcânicos) e artificiais.
Reação álcali-silicato - é da mesma natureza da reação álcali-
sílica porém, o processo ocorre mais lentamente, envolvendo alguns silicatos
presentes nos feldspatos, folhelhos, argilosos, certas rochas sedimentares, (como
as grauvacas), metamórficas, (como os quartzitos) e magmáticas (como os
granitos)e, fundamentalmente, a presença do quartzo deformado (tensionado) e
minerais expansivos.
Reação álcali-carbonato - ocorre entre certos calcários
dolomiticos e as soluções alcalinas presentes nos poros do concreto.
A melhor maneira de combate à reação álcalis-agregado (RAA) é evitar sua
ocorrência, antes da construção, ou reduzir seus efeitos caso ela tenha se manifestado
com a obra pronta.
Antes da construção
Efetuar as análises e ensaios recomendados dos agregados e do conjunto
agregado-aglomerante. Caso haja potencialidade de ocorrência da reação usar
neutralizadores da mesma no concreto, tais como materiais pozolânicos, sílica ativa,
escória granulada moída de alto forno, em proporções previamente estudadas, ou
utilizar cimentos pozolânicos ou cimentos de escória de alto forno contendo materiais
pozolânicos ou escória em quantidades adequadas.
Após a construção
Caso a estrutura esteja sofrendo os efeitos da RAA há uma série de
procedimentos descritos na literatura técnica especializada que podem auxiliar a
diminuir as influências deletérias da reação.
6. A expansão, deletéria, ocorre quando o gel, formado pela reação absorve água e
se expande. As características deste gel dependem de sua composição química e da
presença de água. Os principais fatores que influenciam sua formação são:
Existência de sílica reativa
Disponibilidade de álcalis
Presença de umidade
Temperatura