Este documento discute a relação entre famílias homoafetivas com filhos e escolas no Brasil. Ele apresenta pesquisas que mostram o crescimento dessas famílias e como as escolas ainda têm dificuldades em lidar com configurações familiares diferentes da tradicional família nuclear. Entrevistas com famílias e profissionais da educação apontam desconforto e falta de preparo para discutir a homoparentalidade.
1. A relação entre as famílias homoafetivas com
filhos e a escola
2. Objetivo do trabalho:
Conhecer a relação entre as famílias
homoparentais e a instituição escolar.
Queremos saber se as escolas e os
profissionais da educação estão preparados
para lidar com a família homoparental.
3. Escolha do tema:
Em minha experiência como professora de
Educação Infantil tive contato com um casal
homoparental, composto por mulheres, e pude
observar a tensão entre a família e a escola. Os
profissionais da educação (diretores,
coordenadores e professores) tinham
dificuldades em se relacionar com uma
configuração familiar diferente da tradicional
família nuclear.
4. Justificativa:
De acordo com pesquisa realizada em 2010
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), existem 60 mil casais
homoafetivos vivendo em união estável no
Brasil, sendo que a maioria dos casais gays,
32.202 do total, concentra-se na Região
Sudeste.
5. Não há um índice que comprove o número de
famílias homoafetivas brasileiras com filhos.
Porém, como observado nos meios de
comunicação, o aumento de casos de casais
gays que recorrem à adoção e a reprodução
assistida tem crescido bastante.
6. Partindo da concretude da
homoparentalidade no Brasil, é possível
afirmar que os novos arranjos familiares e a
diversidade sexual estão impondo novos
desafios à comunidade escolar.
7. O QUE É HOMOSSEXUALIDADE?
CHAUÍ, M. S. Repressão Sexual essa nossa (des)conhecida. São
Paulo: Brasiliense, 1985.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A Vontade de Saber.
Rio de Janeiro: Graal, 1988.
“Hipótese Repressiva”
“A Confissão e a Proliferação dos Discursos”
“Scientia Sexualis”
“Patologização das Manifestações Sexuais que não fossem
heterossexuais.”
8. A REAÇÃO DAS SEXUALIDADES REPRIMIDAS.
REALI, Noeli Gemelli. Homoparentalidade e Escola: que conjugação
é essa? 2009
Fim da Segunda Guerra Mundial e a organização de diversas
entidades coletivas, buscando a manutenção da paz.
Movimentos sociais dos anos 60, especialmente o Movimento
feminista, precursor do Movimento Gay, atualmente conhecido
como Movimento LGBT.
Os corpos não estariam mais sujeitos às normas estabelecidas
pelo poder regulador, mas às vontades dos indivíduos.
9. Devido a falta de comprovação científica, a Associação
Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade da lista de
transtornos mentais em 1973.
Em 1975, a Associação Americana de Psicologia adotou a mesma
posição e orientou os profissionais a não lidarem mais com este
tipo de pensamento, evitando preconceito e estigmas falsos.
Porém, a Organização Mundial de Saúde incluiu a
homossexualidade na classificação internacional de doenças de
1977 (CID) como uma doença mental, mas, na revisão da lista de
doenças, em 1990, a homossexualidade foi retirada. Por este
motivo, o dia 17 de maio ficou marcado como Dia Internacional
contra a Homofobia.
Fonte: http://saude.terra.com.br
10. A FAMÍLIA HOMOPARENTAL.
LIMA, Sabrina Souza de. Escola e família: problematizações a partir da
homoparentalidade.
A conquista de direitos pelas comunidades LGBT rompeu com a lógica
segregacionista, colocando fim ao privilégio heteronormativo e
possibilitando a formação de novos arranjos familiares, com a
legalização da união estável entre pessoas do mesmo sexo e,
consequentemente, a formação de uma família.
O homossexual possui parentalidade legítima a partir do momento que
constrói laços afetivos com a criança e zela por seu bem-estar, não
importando se a filiação se dá por adoção ou proveniente de filiação
anterior à união homossexual ou por reprodução assistida.
12. Entrevistas realizadas com as Famílias
Homoparentais.
Três famílias, uma chefiada por homens e duas
chefiadas por mulheres.
Uma das famílias entrevistadas encontrou
resistência na escola, pois o profissionais da
educação mostravam-se desconfortáveis e até
incomodados perante a homossexualidade das
mães.
Duas das famílias entrevistadas encontraram na
escola dos filhos um ambiente acolhedor.
13. Entrevistas realizadas com os profissionais da
Educação.
A Escola já havia registrado três casos de
crianças filhas de famílias homoafetivas.
Problemas observados:
1 – Não definição do conceito de família na
documentação escolar.
14. 2 - Adoção de atividades que trabalham com o
modelo de família nuclear, composta por pai,
mãe e filhos, excluindo definitivamente outras
configurações familiares, como a homoparental,
por exemplo.
3 - Apesar do discurso em favor da diversidade e
da igualdade de direitos entre pais homossexuais
e pais heterossexuais, os professores
apresentaram um modelo rígido do conceito de
família, baseando-se na heteronormatividade e
distanciando-se da realidade vivida pela
comunidade escolar.
15. 4 - Diretores, coordenadores pedagógicos e
professores sentem desconforto ao discutir a
homoparentalidade dentro e fora da sala de aula,
preferindo, muitas vezes, fingir que não
enxergam a diversidade de configurações
familiares existentes na nossa sociedade
atualmente.
5 - Mesmo com o pluralismo preconizado no
currículo escolar, a homoparentalidade continua
fora de discussão. O que se encontra é o silêncio.
16. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Dois relatos colhidos com as famílias
sinalizam para mudanças positivas nas
escolas no que tangem ao tratamento e a
inclusão da homoparentalidade no cotidiano
escolar.
Entretanto, a invisibilidade da
homoparentalidade do cotidiano escolar
permanece.
17. A escola organiza-se de acordo com o modelo
heteronormativo, ignorando as famílias
homoafetivas. Mesmo quando se discute o tema
da diversidade sexual, os profissionais da
educação se sentem desconfortáveis para discutir
a homossexualidade. Tal postura não reflete
apenas o comportamento da instituição escolar,
mas da sociedade como um todo, que continua
presa aos discursos heteronormativos no que se
refere à sexualidade.