2. Contexto Histórico
A primeira fase do Em termos econômicos, o
Modernismo no Brasil mundo encaminhava-se
estende-se de 1922 a 1930. para um colapso,
Período em que o Brasil concretizado pela quebra
da bolsa de Nova Iorque,
vive o fim da chamada em 1929. O Brasil, que
República velha, quando dependia em grande parte
as oligarquias ligadas aos das exportações de café,
grandes proprietários sofreu um duro golpe com
rurais detinham o poder. a quebra da bolsa e passou
a vivenciar um período de
grande instabilidade
econômica.
3. A semana de Arte Moderna
Em 1917, Anita Malfatti
realizou uma exposição
de quadros em São
Paulo.
Monteiro Lobato, que
assistiu a exposição,
publicou um polêmico
texto: Paranóia ou
mistificação?
4. Contra-ataque!
O grupo modernista
decide, em razão do
ataque sofrido, unir-
se em torno de
objetivos comuns, em
uma tentativa de
tornar mais visível
para a opinião
pública as novas
tendências artísticas
européias.
5. Ano de 1922 – dias 13, 15 e 17
de fevereiro
No Teatro municipal
de São Paulo, em
noite de gala, seriam
realizados os eventos
da Semana de Arte
Moderna!!
6. Resultado Positivo!!!
Embora causassem
escândalo, os
modernistas se fizeram
notar! Deixaram claro
que não tinham apenas
intenções artísticas, mas
um conjunto de obras em
que as novas propostas
eram concretizadas,
demonstrando a
viabilidade dos novos
rumos estéticos.
7. Revistas e Manifestos
Revistas: era criado Manifestos:
espaço para as funcionavam como
divulgações das espaço de definição e
produções literárias divulgação dos próprios
inspiradas pela nova princípios modernistas.
visão artística.
8. Klaxon
O primeiro número da
revista foi aberto por um
editorial manifesto:
A busca do atual
O culto ao progresso
Afirmação de que arte
não é cópia da realidade
Incorporação de novas
formas artísticas, como o
cinema.
9. Revista de Antropofagia
Como conciliar o direito à inovação estética com
o peso da tradição?
Como estabelecer o limite entre o regional, o
nacional e o universal?
O objetivo dos antropófagos era de promover
uma nova agitação cultural, de modo a manter
acesas as inquietações estéticas e culturais que
deram origem ao Modernismo Brasileiro, que nos
últimos anos assumira uma face bem acomodada.
11. Manifesto Pau-Brasil – Oswald de
Andrade
No manifesto, Oswald Fazer uso da língua sem
ironiza e critica a visão preconceitos, tal qual se
“oficial” da história manifesta na fala popular
brasileira. “a contribuição milionária
Contrapondo a uma visão de todos os erros”.
parótica e bem humorada. Recuperação do passado
Princípios do primeiro histórico sob uma
momento da literatura perspectiva crítica.
modernista:
“Ver com olhos livres”.
12. Manifesto Antropófago
Oswald de Andrade, lança esse manifesto
aprofundando as teorias do Movimento pau-
Brasil e como resposta ao nacionalismo do
Grupo da Anta, movimento conservador,
associado ao fascismo.
Valendo da antropofagia como metáfora do
que deveria ser culturalmente repudiado,
assimilado e superado para que alcançássemos
uma verdadeira independência cultural. O
escritor sintetiza as conquistas do movimento
modernista ao mesmo tempo que lança um
lema para os tempos futuros:
13. Tupy or not Tupy that is the
question.
Assumindo um tom
contestador e
anarquista, Oswald
propõe, no “Manifesto
Antropófago”, o
caminho contrário ao
das correntes
nacionalistas que
defendiam a idealização
de um estado forte.
14. Postura Nacionalista apresenta
duas vertentes distintas:
de um lado, um de outro, um
nacionalismo crítico, nacionalismo ufanista,
consciente, de denúncia utópico, exagerado,
da realidade brasileira, identificado com as
politicamente correntes políticas de
identificado com as extrema direita.
esquerdas;
15. Características Literárias
A primeira fase do Negação do passado;
modernismo, marcada Eleição do moderno como
pelo signo de um valor em si mesmo;
transformação, ficou Valorização do cotidiano;
conhecida como fase
“heróica” ou de destruição. Nacionalismo;
Tal designação deveu-se, Redescoberta da realidade
em grande parte, à opção brasileira;
pelo rompimento com o Desejo de liberdade no uso
passado, postura vista por das estruturas da língua;
muitos como anárquica e Predominância da poesia
destruidora. sobre a prosa;
16. Poemas-piadas e paródias
Canção do exílio
Gonçalves Dias Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmeiras, Oswald de Andrade
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Minha terra tem palmares
Não gorjeiam como lá. Onde gorjeia o mar
Nosso céu tem mais estrelas, Os passarinhos daqui
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não cantam como os de lá
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, Minha terra tem mais rosas
Mais prazer eu encontro lá; E quase que mais amores
Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem mais ouro
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem mais terra
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite– Ouro terra amor e rosas
Mais prazer eu encontro lá; Eu quero tudo de lá
Minha terra tem palmeiras, Não permita Deus que eu morra
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, Sem que volte para lá
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores Não permita Deus que eu morra
Que não encontro por cá; Sem que volte pra São Paulo
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
17. Oswald de Andrade
A obra de Oswald de
Andrade talvez seja a
única a reunir todas as
características que
marcaram a primeira fase
do Modernismo. Ele
escreveu poesia,
romance, teatro, crítica
e, em todos os gêneros,
deixou patente sua
vocação para transgredir,
quebrar expectativas,
polemizar.
18. Prosa
Os romances escritos por Oswald de Andrade
trouxeram para a Literatura Brasileira uma estrutura
inovadora. Os capítulos curtos emprestam à narrativa
características da linguagem cinematográfica, como
uma sequência de cenas encadeadas de um imenso
mosaico em que a realidade nacional é flagrada em
flashes rápidos.
19. Mário de Andrade
Escreveu poesia,
prosa e contos.
Foi o primeiro que
escreveu um texto
teórico, no Brasil,
sobre a natureza da
arte contemporânea
– No prefácio de
Paulicéia Desvairada.
20. Poesia
Encontramos em suas poesias um fluxo de lirismo,
muitas vezes associado ao cotidiano. Além de uma
visão crítica da elite, e a afirmação da possibilidade de
uma existência multifacetada (pessoal e cultural).
21. Ode ao Burguês
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel Eu insulto o burguês-funesto[cruel]!
o burguês-burguês! O indigesto feijão com toucinho, dono das
tradições!
A digestão bem-feita de São Paulo! Fora os que algarismam os amanhãs!
O homem-curva! O homem-nádegas! Olha a vida dos nossos setembros!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, Fará Sol? Choverá? Arlequinal[Arlequim –
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! palhaço]!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques Morte à gordura!
zurros! Morte às adiposidades cerebrais!
Que vivem dentro de muros sem pulos, Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!
para dizerem que as filhas da senhora falam o "— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
francês — Um colar... — Conto e quinhentos!!!
e tocam os "Printemps“[primavera] com as unhas! Más nós morremos de fome!"
(...)
22. Prosa
Assim como na prosa de Oswald, Mário
apresenta um questionamento das estruturas
típicas do romance do século XIX.
O autor experimenta diferentes organizações para
a prosa: ora eliminando a marcação de capítulos,
ora criando um narrador, que embora onisciente,
atua quase como uma personagem do livro, numa
linguagem que explicitava a busca do português
“brasileiro”.
23. Macunaíma
Texto responsável pela redefinição do “herói”
brasileiro.
A personagem, a cada instante, se transforma
assumindo as feições das diferentes raças que
originaram o povo brasileiro (índio, negro e europeu).
24. Manuel Bandeira
A solidão, as frustrações
provocadas por uma vida
limitada pela
tuberculose, uma ternura
imensa e a capacidade de
perceber o lirismo nas
pequenas coisas da vida,
serão as marcas
características da poesia
de Manuel Bandeira.
25. Poesias
Inovação modernista – Sua história pessoal
uso de formas livres, tanto empresta aos poemas
no que diz respeito a que escreve uma forte
métrica, quanto a rima. consciência da
Capacidade de ver as cenas precariedade da vida.
mais banais do dia-a-dia
filtradas por lentes críticas
e de recriá-las
poeticamente em uma
linguagem simples.
26. Poética – pág. 25
Estou farto do lirismo comedido De todo lirismo que capitula ao que
Do lirismo bem comportado quer que seja
Do lirismo funcionário público com livro de fora de si mesmo
ponto expediente De resto não é lirismo
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Será contabilidade tabela de co-senos
diretor. secretário do amante
Estou farto do lirismo que pára e vai exemplar com cem modelos de cartas e
averiguar no dicionário as diferentes
o cunho vernáculo de um vocábulo. maneiras de agradar às mulheres, etc
Abaixo os puristas Quero antes o lirismo dos loucos
Todas as palavras sobretudo os O lirismo dos bêbedos
barbarismos universais O lirismo difícil e pungente dos
Todas as construções sobretudo as bêbedos
sintaxes de exceção O lirismo dos clowns de Shakespeare
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
— Não quero mais saber do lirismo que
Raquítico
Sifilítico
não é libertação.
27. Momento num café
Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num
gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma
agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta
28. Novo caminho a ser trilhado
Manuel Bandeira foi o único que conseguiu produzir
uma poesia que, embora refletindo as transformações
estéticas do momento, transcendeu seus limites
históricos e refletiu sobre angústias e conflitos de
natureza universal, como o amor, a paixão pela vida, a
saudade de uma infância idealizada e o medo da
morte.