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O que somos é um reflexo da nossa história...Bagagem
de sentimentos, ações e relações que estabelecemos
com as pessoas e o mundo a nossa volta.
Contar Histórias é estreitar laços de afeto com
nossas raízes.
É contatar com nossas origens.
É nos percebermos nos fatos apresentados,
independente do tema que a história aborde.
É revelar nossa identidade.
É nos inscrevermos no mundo como cidadãos
que fazem parte deste imenso universo diverso.
Somos, por assim dizer, artistas, autores e
escritores da história que levamos em cada
lugar que chegamos!
Pelas ruas da cidade vivia como tantos outros,
um menino. Menino frágil, de corpo pequeno,
mas de sentimento voraz. Tudo para ele era
intenso, rir, chorar, amar, até entristecer-se.
Em tudo que fazia havia muito sentimento. Não sabia muito
sobre sua história, sobre como nascera, de quem nascera, onde
e porquê. Era uma pena não saber, pois sempre pensava na
origem de seus pensamentos e imaginação, já que era isso que o
movia na vida. Pensava sobre se seus pais teriam os mesmos
sentimentos em relação às coisas como ele tinha. De onde viria
isso? Era o que se perguntava e sabia, não teria resposta.
Ele vivia de olhos atentos e tudo que olhava se transformava
dentro de seus pensamentos. Deitava em um canto qualquer da
rua, de preferência onde tivesse uma grama bem convidativa e lá
ficava a olhar o céu.
Em dias claros e de sol forte, eram barcos que passeavam naquele
mar sereno de águas límpidas. Em dias de céu com nuvens, como
aquele, cada uma passava a ter vida e algo para contar.
Este era um dia cheio de possibilidades para aquela mente criativa,
sedenta por histórias. Talvez, pelo fato de não saber a sua própria.
Naquela manhã de agosto, um ventinho gelado batia nas folhas e
levantava para o alto os cabelos das pessoas.
O menino quis aconchegar-se nos braços longos do sol para
aquecer seu corpo. E assim, estendeu-se na grama verdinha que
se fazia tapete em uma rua bem movimentada da cidade.
Para ele, estes momentos eram de total entrega, tanto que nada
via ou ouvia além daquilo que seus pensamentos criavam.
Fechou os olhos por um instante e sonhou. Sonhou com casas e
lagoas, com pessoas e coisas boas.
Ao abrir os olhos, depois de não se sabe quanto tempo, no céu
estava dançando com pernas longas e com dedos em ponta uma
linda bailarina. Era alta e tinha coque, saia branca rodadinha.
Como era linda a bailarina!
Naquele cenário mágico havia a brisa que levava a bailarina.
Ela dançava encantada, admirando tudo por onde passava
sendo levada para todos os lados do céu.
Pelo caminho ela encontra encolhido em um canto um pedaço
de nuvem que parecia em prantos. A bailarina que era doce não
podia deixá-lo assim, até mesmo porque pensou ela, este único
pedaço que chora, pode molhar a terra e hoje era dia de sol, a
chuva, mesmo que pouca era para um outro dia que viria.
Aproximou-se devagar para não assustar. Falou baixinho ao pedaço
de nuvem:
- Porque choras pequeno pedaço?
O pequeno pedaço de nuvem, encabulado e bem fechado, sem
mostrar seus olhos, responde:
-Linda bailarina, aqui estou, quieto e pensativo, agora triste pelo
que escutei...Cheguei com o vento que me contou que pertenço à
outra história e que um soldado de chumbo é o que sou.
Levanta-se para que a bailarina o veja e em forma de soldado se
mostra.
A bailarina não entendia porque tanta tristeza ele sentia. E
perguntou?
- Pequeno soldado, é tão ruim ser de chumbo? Deves ser forte e
corajoso!
O soldado até irritado, por ter visto os movimentos esvoaçantes
da bailarina, respondeu:
- Imagine você, que dança quase voando, solta feito uma pluma
se fosse um soldado de chumbo como eu?! Eu queria dançar,
dançar como você, queria ser um bailarino, mas soldado é o que
sou e de chumbo bem pesado que não me deixa dançar para
nenhum lado.
A bailarina ficou em silêncio, triste com a revelação. Não podia ser
pensou ela, o que iriam fazer? Ela sabia como era bom dançar e
agora tinha a sua frente aquele pobre soldado a chorar....
Quando ela olha para baixo, acompanhando a gota de lágrima
que o pequeno soldado derrama, vê o menino deitado na grama.
Pensou em ter encontrado alguém para ajudá-la e sem dizer uma
palavra, em frente aos olhos do menino começou a dançar.
O menino, encantado, já não sabia se estava acordado ou
sonhava. Até o vento que leve soprava, uma canção assoviava
fazendo a bailarina girar, levantando os braços sobre a cabeça
em forma de arco que deixava seus movimentos suaves e
ternos. O menino olhou para a bailarina e logo ela foi dizendo:
- Menino com olhos de sonhos, preciso de ajuda para um amigo.
O menino sorrindo para a linda bailarina, ficou feliz em poder
ajudar.
– O que posso fazer? Perguntou. E ela levou seu olhar para o
pequeno soldado.
O menino exclamou surpreso:
- Mas, eu conheço este soldadinho de uma outra história! Nela ele
também era triste...
A bailarina então contou ao menino o desejo
do pequeno soldado. Foi assim que os
pensamentos do menino passaram a modelar
as nuvens que estavam espalhadas no céu.
Era assim, quando ele pensava, tudo se transformava, as coisas
todas tinham vida e moviam-se para todos os lados. O céu ficou
cheinho de muitas coisas bonitas. E o menino de repente
pergunta ao soldadinho: - Soldado, como chegaste até aqui?
O soldado, sem lembrar muito bem, apenas diz ao menino:
- Não sei ao certo, lembro apenas de um calor forte e do
sentimento de tristeza e dor e, lembro em seguida de alguém
dizendo que era hora de minha partida. Então, aqui estou!
O menino diz a ele que nunca devemos deixar de lado nossos
sonhos, ele, o menino era um sonhador e esculpia todos os dias
nas coisas que via um dia melhor, mais bonito, mais alegre e que
o céu era seu limite para esculpir e sonhar.
Disse ao soldado que se o vento o levara até ali, como havia dito a
bailarina, o mesmo sopro o poderia fazer dançar. O soldadinho sem
acreditar de como não pensara nisso antes pôs-se em pé num só
pé, já que a outra perna não tinha e não lembrava bem porque...
A brisa que estava suave pediu ao vento que a embalasse na
medida necessária para permitir ao soldado dançar. De mãos
dadas com a bailarina que agora chorava alegre, deslizavam
pelo céu, dançavam entre outras nuvens que tinham novas
formas, rostos e bocas sorridentes, flores e casas haviam se
formado, novos corpos olhavam pelas janelas e portas que
abertas se encontravam. Animais e árvores também enfeitavam
o céu, tudo vindo dos pensamentos do menino!
As lágrimas de alegria, do choro da bailarina caiam na terra e o
menino com seus pensamentos comandava cada gota para os
braços do sol que aquecera seus sonhos. E, a cada encontro
com os longos braços, arcos coloridos no céu se formavam. As
pessoas que estavam no chão olhavam para o céu e também
viam as esculturas do menino.
Soldado e bailarina, nesta história estavam felizes, dançavam
livres e soltos no ar. Agradeciam, com suas voltas ensaiadas e
arabescos, ao menino que os ajudara a sonhar. No céu todos
queriam também agradecer e aplaudiram o menino que feliz
olhava para o alto.
Queriam seu nome saber... e o menino que nem seu nome
sabia, assim como sua história não conhecia, somente aquelas
que criava e das quais passava a fazer parte, com os braços
levantados ao alto, alongados como os braços do sol diz a
todos: - Me chamo, Menino Poeta!

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O menino que esculpia sonhos1

  • 1. O que somos é um reflexo da nossa história...Bagagem de sentimentos, ações e relações que estabelecemos com as pessoas e o mundo a nossa volta. Contar Histórias é estreitar laços de afeto com nossas raízes. É contatar com nossas origens. É nos percebermos nos fatos apresentados, independente do tema que a história aborde. É revelar nossa identidade. É nos inscrevermos no mundo como cidadãos que fazem parte deste imenso universo diverso. Somos, por assim dizer, artistas, autores e escritores da história que levamos em cada lugar que chegamos!
  • 2.
  • 3. Pelas ruas da cidade vivia como tantos outros, um menino. Menino frágil, de corpo pequeno, mas de sentimento voraz. Tudo para ele era intenso, rir, chorar, amar, até entristecer-se.
  • 4. Em tudo que fazia havia muito sentimento. Não sabia muito sobre sua história, sobre como nascera, de quem nascera, onde e porquê. Era uma pena não saber, pois sempre pensava na origem de seus pensamentos e imaginação, já que era isso que o movia na vida. Pensava sobre se seus pais teriam os mesmos sentimentos em relação às coisas como ele tinha. De onde viria isso? Era o que se perguntava e sabia, não teria resposta.
  • 5. Ele vivia de olhos atentos e tudo que olhava se transformava dentro de seus pensamentos. Deitava em um canto qualquer da rua, de preferência onde tivesse uma grama bem convidativa e lá ficava a olhar o céu. Em dias claros e de sol forte, eram barcos que passeavam naquele mar sereno de águas límpidas. Em dias de céu com nuvens, como aquele, cada uma passava a ter vida e algo para contar.
  • 6. Este era um dia cheio de possibilidades para aquela mente criativa, sedenta por histórias. Talvez, pelo fato de não saber a sua própria. Naquela manhã de agosto, um ventinho gelado batia nas folhas e levantava para o alto os cabelos das pessoas. O menino quis aconchegar-se nos braços longos do sol para aquecer seu corpo. E assim, estendeu-se na grama verdinha que se fazia tapete em uma rua bem movimentada da cidade.
  • 7. Para ele, estes momentos eram de total entrega, tanto que nada via ou ouvia além daquilo que seus pensamentos criavam. Fechou os olhos por um instante e sonhou. Sonhou com casas e lagoas, com pessoas e coisas boas. Ao abrir os olhos, depois de não se sabe quanto tempo, no céu estava dançando com pernas longas e com dedos em ponta uma linda bailarina. Era alta e tinha coque, saia branca rodadinha. Como era linda a bailarina!
  • 8. Naquele cenário mágico havia a brisa que levava a bailarina. Ela dançava encantada, admirando tudo por onde passava sendo levada para todos os lados do céu. Pelo caminho ela encontra encolhido em um canto um pedaço de nuvem que parecia em prantos. A bailarina que era doce não podia deixá-lo assim, até mesmo porque pensou ela, este único pedaço que chora, pode molhar a terra e hoje era dia de sol, a chuva, mesmo que pouca era para um outro dia que viria.
  • 9. Aproximou-se devagar para não assustar. Falou baixinho ao pedaço de nuvem: - Porque choras pequeno pedaço? O pequeno pedaço de nuvem, encabulado e bem fechado, sem mostrar seus olhos, responde: -Linda bailarina, aqui estou, quieto e pensativo, agora triste pelo que escutei...Cheguei com o vento que me contou que pertenço à outra história e que um soldado de chumbo é o que sou. Levanta-se para que a bailarina o veja e em forma de soldado se mostra.
  • 10. A bailarina não entendia porque tanta tristeza ele sentia. E perguntou? - Pequeno soldado, é tão ruim ser de chumbo? Deves ser forte e corajoso! O soldado até irritado, por ter visto os movimentos esvoaçantes da bailarina, respondeu: - Imagine você, que dança quase voando, solta feito uma pluma se fosse um soldado de chumbo como eu?! Eu queria dançar, dançar como você, queria ser um bailarino, mas soldado é o que sou e de chumbo bem pesado que não me deixa dançar para nenhum lado.
  • 11. A bailarina ficou em silêncio, triste com a revelação. Não podia ser pensou ela, o que iriam fazer? Ela sabia como era bom dançar e agora tinha a sua frente aquele pobre soldado a chorar.... Quando ela olha para baixo, acompanhando a gota de lágrima que o pequeno soldado derrama, vê o menino deitado na grama. Pensou em ter encontrado alguém para ajudá-la e sem dizer uma palavra, em frente aos olhos do menino começou a dançar.
  • 12. O menino, encantado, já não sabia se estava acordado ou sonhava. Até o vento que leve soprava, uma canção assoviava fazendo a bailarina girar, levantando os braços sobre a cabeça em forma de arco que deixava seus movimentos suaves e ternos. O menino olhou para a bailarina e logo ela foi dizendo: - Menino com olhos de sonhos, preciso de ajuda para um amigo.
  • 13. O menino sorrindo para a linda bailarina, ficou feliz em poder ajudar. – O que posso fazer? Perguntou. E ela levou seu olhar para o pequeno soldado. O menino exclamou surpreso: - Mas, eu conheço este soldadinho de uma outra história! Nela ele também era triste... A bailarina então contou ao menino o desejo do pequeno soldado. Foi assim que os pensamentos do menino passaram a modelar as nuvens que estavam espalhadas no céu.
  • 14. Era assim, quando ele pensava, tudo se transformava, as coisas todas tinham vida e moviam-se para todos os lados. O céu ficou cheinho de muitas coisas bonitas. E o menino de repente pergunta ao soldadinho: - Soldado, como chegaste até aqui? O soldado, sem lembrar muito bem, apenas diz ao menino: - Não sei ao certo, lembro apenas de um calor forte e do sentimento de tristeza e dor e, lembro em seguida de alguém dizendo que era hora de minha partida. Então, aqui estou!
  • 15. O menino diz a ele que nunca devemos deixar de lado nossos sonhos, ele, o menino era um sonhador e esculpia todos os dias nas coisas que via um dia melhor, mais bonito, mais alegre e que o céu era seu limite para esculpir e sonhar. Disse ao soldado que se o vento o levara até ali, como havia dito a bailarina, o mesmo sopro o poderia fazer dançar. O soldadinho sem acreditar de como não pensara nisso antes pôs-se em pé num só pé, já que a outra perna não tinha e não lembrava bem porque...
  • 16. A brisa que estava suave pediu ao vento que a embalasse na medida necessária para permitir ao soldado dançar. De mãos dadas com a bailarina que agora chorava alegre, deslizavam pelo céu, dançavam entre outras nuvens que tinham novas formas, rostos e bocas sorridentes, flores e casas haviam se formado, novos corpos olhavam pelas janelas e portas que abertas se encontravam. Animais e árvores também enfeitavam o céu, tudo vindo dos pensamentos do menino!
  • 17. As lágrimas de alegria, do choro da bailarina caiam na terra e o menino com seus pensamentos comandava cada gota para os braços do sol que aquecera seus sonhos. E, a cada encontro com os longos braços, arcos coloridos no céu se formavam. As pessoas que estavam no chão olhavam para o céu e também viam as esculturas do menino.
  • 18. Soldado e bailarina, nesta história estavam felizes, dançavam livres e soltos no ar. Agradeciam, com suas voltas ensaiadas e arabescos, ao menino que os ajudara a sonhar. No céu todos queriam também agradecer e aplaudiram o menino que feliz olhava para o alto. Queriam seu nome saber... e o menino que nem seu nome sabia, assim como sua história não conhecia, somente aquelas que criava e das quais passava a fazer parte, com os braços levantados ao alto, alongados como os braços do sol diz a todos: - Me chamo, Menino Poeta!