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RIQUETA A GRANDE AMIGA




          Registro na Fundação Biblioteca Nacional
                                       N.o 389018
                                       02/10/2006



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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




                  Índice
                    Introdução.....pág.04

Capitulo 01 .... pág.05

                    Capitulo 02 .... pág.08

Capitulo 03 .... pág.10

                    Capitulo 04 .... pág.11

Capitulo 05 .... pág.12

                    Capitulo 06 .... pág.14

Capitulo 07 .... pág.16

                    Capitulo 08 .... pág.18

Capitulo 09 .... pág.20

                    Capitulo 10 .... pág.21

Capitulo 11 .... pág.22

                    Capitulo 12 .... pág.24
                            2
RIQUETA A GRANDE AMIGA




Capitulo 13 .... pág.26

                    Capitulo 14 .... pág.28

Capitulo 15 .... pág.29

                    Capitulo 16 .... pág.30

Capitulo 17 .... pág.32

                    Capitulo 18 .... pág.35

Capitulo 19 .... pág.36

                    Capitulo 20 .... pág.37

Capitulo 21 .... pág.38

                    Capitulo 22 .... pág.39

Capitulo 23 .... pág.40

                    Capitulo 24 .... pág.41

Capitulo 25 .... pág.42
                           3
PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




                                          Introdução

         Talvez você tenha a impressão que sou um tanto polêmico caro amigo, todavia
escritores têm suas manias e como não sou diferente dos demais, espero que me suporte,
pelo menos até o final desta história que promete despertar nossa curiosidade. Neste
momento o que mais me preocupa é escolher que tipo de linguagem usarei, pois estas
folhas passarão por muitas mãos. Linguagem dos poucos ou a dos milhares e milhares?
Quem nesse dualismo poderia estabelecer uma miscigenação lingüística? Não, não
quero propor algo que não me foi incumbido, mas vou procurar agradar a todos. Espere
ai. Estou longe de nosso principio histórico e preocupado com detalhes, desculpe-me.
Aposto que tu estás querendo saber o que estou também querendo relatar. Então preste
atenção no que vou dizer.
         Já ouvistes falar da família Scaporetto? Não!? Como tu não a conheces? Vejo
que estás um tanto desinformado, mas não irei condenar-te, afinal de contas nem todos
têm um instinto de Araponga.
         A família Scaporetto veio juntamente com o Imperador de Portugal quando este
fugia das guerras Napoleônicas e se instalou em nossa pátria. Família de condes que
trouxeram grandes inovações, pois como possuíam muitas posses instalaram indústrias
(talvez uma duas ou três) e expandiram o mercado nacional. Sabe como é! Apesar dos
empecilhos das potências de fora eles foram um dos primeiros pinos que derrubam uma
fileira de dominós.
         Dessa tão ilustre família temos a descendente que é a protagonista de nossa
história a Condessa Esmilhoneira Esnobina Scaporetto, uma personagem singular na
alta sociedade brasileira. Conservou o titulo de nobreza... Claro que foi motivado mais
por orgulho do que por necessidade, algo comum no solo nacional. Grande consumidora
de tudo que diz respeito à estética é também uma pessoa totalmente carente, que tem
como companheira Riqueta, uma amiga que rivaliza seu preeminente título de
protagonista.
         Para poder matar, ou pelo menos tranqüilizar sua curiosidade Riqueta a segunda
nesta história pertence ao outro reino animal. O quê? Não entendeste? (risos... Meus é
claro) Aconselho-te a voltar às salas de aula e consultar algum livro de ciências. Espero
que não te irrites comigo, pois decidi ir adiante a nossa viagem literária e deixar os
porquês serem respondidos com seus devidos acontecimentos.




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RIQUETA A GRANDE AMIGA




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        Certo dia estava à condessa Esmilhoneira um tanto atribulada com planos de
participar de uma grande festa. Vamos a informações: aqueles que quase não pisam no
chão pela alta posição que usufruem devido seu gran estatus fazem o que nomearemos
de gastos desnecessários... Acho que estou sendo radical!? O importante é saber que as
festas acontecem e são incontestavelmente cheias de glamour. Outro exagero!? Espere
ai, onde nós estávamos? Ah! Já me lembrei. Estávamos falando da condessa. Ela estava
se arrumando e isto não é uma tarefa fácil, pois afinal de contas ela é uma condessa e ...
Veja só, ela enfrentou uma verdadeira maratona para conseguir se arrumar para a tal
festa. Veste um traje aqui, outro acolá, tira, põe, deixa ou não e lá se vai ela. Nossa
celebre afortunada como de costume está assessorada de sua fiel escudeira e que de
ouvidos atentos presta uma incansável reverência no discurso que você irá concluir que
não vem do mundo dos simples mortais:
     - Riqueta querida faz três horas que estou me arrumando e você não me diz nada,
        sua opinião é muito importante.
     - *                                      (o travessão sem palavras indica silêncio).
     - Você está triste comigo porque logo cedo tive de sair e não te levei?
     -
     - Minha querida, a momentos que nós temos que enfrentar as lutas sozinhas, eu
        sei que você queria me ajudar, mas deixa pra próxima.
     -
     - Este casarão ficou tão chato e vazio este fim de semana.
     -
     - O buffet me ligou dizendo que já tinha preparo antecipadamente os arranjos para
        o que eles apelidaram de noite a la Europa.
     -
     - Eu amei! Pra mim eles procuram fazer o impossível e é por isso que eu votei em
        Jacques Gournetones na revista ―O Melhor da Cozinha dos Granfinos‖, para ser
        eleito o melhor cozinheiro do Ano.
     -
     - Lógico querida! O meu voto foi decisivo para que ele ganhasse o troféu e seu
        nome estivesse brilhando em nosso majestoso meio.
     -
     - Oh, sim. Ele é muito grato pelo que fiz, tanto é que ele tem sido excepcional
        quando o convoco para fazer meu Buffet. Pena que a última viajem atrapalhou
        tudo.
     -
     - É verdade. Você tem razão águas que passaram não podem mover o moinho.
     -


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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS



   -   Que cara é essa? Você esta pensando que não iremos fazer mais aquela festa de
       dar inveja as nossas opositoras?
   -
   -   Ora, sua bobinha, disse para eles que na semana que vem iremos realizar três
       dias de Glamour e Resplendor em nossa mansão para compensar essa semana
       que passou em branco, pois, quero ver a Cidinha morrendo de inveja até mesmo
       de nosso entusiasmo!
   -
   -   Não, você não gostou desse vestido?
   -
   -   Hoje você está muito exigente.
   -
   -   Sabe de uma coisa, eu não gosto de desprezar seus conselhos, porque sempre me
       dou mal.
   -
   -   Amigas como você são difíceis de encontrar.
   -
   -   Olha, eu percebi que a Cidinha se mordeu de inveja e ficou enraivecida, soltando
       fogo pelo nariz quando nós duas chegamos arrasando na festa do Barão Teodoro
       em Copacabana e também no lançamento da coleção de verão do Estilista
       Jacqueless Pierre Amoure no Esperia.
   -
   -   Quem poderia imaginar que você estaria hoje aqui comigo, graças a Deus,
       cheguei na frente daquela perua aguada e conquistei sua amizade.
   -
   - Não estou te entendendo fale alguma coisa menina.
   -
   - Riqueta veja como a mamãe está linda! O que você acha minha querida?
   -
   - Você está tão calada hoje, porque não quer conversar com a mamãe?
   -
   - Você está querendo brincar não é sua danadinha ?
   -
   - Vem aqui para o colo da mamãe, vem.
   - Au...Au...Auuu.....
   - Eu sabia que era puro charme seu.
   - Au...Au...Auuu.....
   Ao responder amorosamente de uma forma caninil, Esmilhoneira nota que sua
amiguinha está faminta e por isso chama seu fiel mordomo:
   - Josééééé.......!
   - Pois não Sra. Esmilhoneira, o que deseja?
   - Faça um suculento bife à la carte, acebolado para Riqueta.
   - Com molho inglês ou português Sra.?
   - Lógico que o inglês Joselito! E ande depressa.
   - Sim, senhora.
   Voltando a conversa das duas almas gêmeas:

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


   -   Onde nós paramos a conversa querida?
   -
   -   Oh... Lembrei! Linda e exuberante nos duas vamos arrasar na mais badalada
       festa dos magnatas Paulistanos e novamente a Cidinha vai ficar pra trás e ainda
       se curvar ao nosso desfilar sem igual.
   -
   -    Isso mesmo meu bem, eles ficarão de queixo caído. Você vai ver que todos vão
        ficar boquiabertos.
    De repente a conversa tão acalorada das duas esnobes peças de nosso xadrez
historiatal é interrompida pela camareira Clarice, que em breve iremos descrever em
detalhes para vossa excelência, caro leitor.
    - Sra. Esmilhoneira.
    - O que você quer Clarice? Não vê que estou ocupada.
    - Perdoe-me Sra. Esmilhoneira, mas o Sr. Franque lhe aguarda no Saguão?
    - Diga à ele para esperar mais uns minutinhos que já vou e, por favor, saia logo,
        estou ocupadíssima e sua presença me atrapalha.
    - Sim. Estarei lhe dizendo que aguarde.
    - Isso mesmo. Por favor, saia logo. Chô... Chô... Depressa...
    Clarice sai em direção ao local onde Franque a aguarda para uma magistral missão.
E enquanto ele espera, as duas amiguíssimas voltam ao seu descontraído diálogo.
Diálogo!?
    - Au...au...au...
    - Queridinha já é hora de arrumar meus lindos cabelos. Oh, já são 13h40 e
        Franque chegou, bom já que a nossa festa vai começar as 22h00, ele pode
        esperar mais uns 50 minutinhos.
    - Au...au...au...
    - Olha de novo pra mamãe, estou ou não estou Linda!?




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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   Em meio a tantas preocupações em vésperas de uma costumeira festa entre ricos,
vemos na cozinha da grande mansão o desabafo daquela camareira que não agüenta
mais ser humilhada, mas que precisa de seu pequeníssimo salário.
   - Eu não agüento mais, eu vou pedir a conta.
   - Não faça isso Clarice emprego esta muito difícil.
   - Essa rabugenta só sabe humilhar agente Joselito.
   - Trabalhar para madame é isso ai, elas acham que são donas do mundo e podem
       fazer o que quiser com as pessoas. (Claro que nem todas... apesar da fala no
       momento não ser minha – ―el narrador!‖–, tenho que evitar certos processos e
       espero que você me compreenda caro leitor.)
   - Eu não posso mais suportar.
   - Quantos filhos você tem?
   - Quatro. E são tão lindos, agora mesmo dois estão na creche e os outros dois
       estão com minha mãe.
   - Por eles você pode suportar isso e muito mais.
   - Tem razão, o que a necessidade não faz, maldita hora que larguei a escola, que
       não dei ouvido a papai e fugi com aquele safado do Gilberto que no final das
       contas me abandonou.
   - Quando você começou trabalhar aqui me disse que passou quase um ano
       desempregada e muito sofreu, não foi?
   - Nem quero pensar nisso, estou no céu mesmo sendo pisada por essa esnobe.
   - Em uma época da minha vida eu também dei minhas cabeças e com isso
       aprendi, a vida em si é uma escola, e que escola! Vale a pena sofrer quando a
       gente amadurece e se torna uma pessoa de responsabilidade.
   - Gosto de conversar com você Joselito, sempre tem algo bom, algo pra confortar
       o coração desta esquecida do subúrbio Paulistano.
   - Dá onde?
   - É a vila onde Moro, a Vila Paulistano, lugar de gente sofrida, mas de pessoas de
       bem.
   - Ai... Ai... Quase me esqueci.
   - Do quê?
   - De levar o bife pra Riqueta.
   - Você está levando neste bandejão um bife pra Riqueta?
   - Ordens são ordens garota.
   - Esta cachorra é mais bem tratada que um rei.
   - Nem um rei é tratado assim, infelizmente há um lugar melhor pra um animal do
       que para uma pessoa.
   - Escuta uma coisa, quem é aquele no saguão?
   - Ele é o cabeleireiro da patroa.
   - Que galã! Pensei que fosse um artista de novela.

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


-   É o cabeleireiro mais requisitado da alta sociedade que conheço. Só pra vir aqui
    ele cobra uma fortuna, joga o cabelo pra lá e pra cá e sai com o bolso cheio, mas
    cheio mesmo.
-   Já faz uma hora que ele esta esperando.
-   Ela sempre faz isso com ele, já está acostumado; o que ele quer é mesmo as
    verdinhas, quanto mais tempo à horta fica mais cheia.
-   Vou levar mais um café pra ele.
-   Isso mesmo Clarice, aproveite e converse um pouco com ele.
-   Já tentei, mas ele não me deu a mínima.
-   É por que você não falou do quê ele gosta ora, fale sobre cabelos que o barco vai
    longe.
-   Vou tentar, quem não arrisca não petisca.
-   Vai, mas procura não ultrapassar os limites, ela pode se contrariar e como você
    já conhece a peça quando está nervosa cospe fogo pela boca.
-   Fique tranqüilo eu sei me cuidar, como você disse a experiência faz a diferença.
-   Eu preciso ir o bife está esfriando. Tchau.




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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    Acredito que você gostaria de saber um pouco mais sobre Clarice, Joselito, Lílian e
Franque não é mesmo?
    Aquilo que sei irei te relatar, mas espero sua compreensão. Não sou nenhum
fofoqueiro, então não quero piadinhas, entendeu? Quero te lembrar que sou escritor e
nesse mundo da lua... Nestes parágrafos podemos fazer tudo aquilo que esta ao alcance
de nossa fértil mente. Assim irei descrever estes outros personagens:
    Clarice tem 25 anos de idade e é a camareira da Mansão Scaporetto, mãe solteira,
tem quatro filhos, mora no subúrbio, precisamente no bairro de Vila Paulistana. É
Romântica e sonhadora como toda mulher desiludida afetivamente.
    Joselito tem 55 anos de idade. Ele trabalha a mais de 20 anos como mordomo da
família Scaporetto, solteirão convicto, não tem filhos, mora na própria mansão. É
confidente da condessa e um servidor prestativo, sem ele, talvez a Sra. Esnobina não
conseguiria viver.
    Lílian tem seus 58 anos de idade. Trabalha para os Scaporettos a mais ou menos uns
10 anos, separada, tem uma filha que não vê a anos devido alguns tristes acontecimentos
do passado. Excelente cozinheira, porém, possui um pequeno defeito: a língua –
ninguém é perfeito.
    Francisco Chiquerrímo, ou simplesmente Franque é um cabeleireiro altamente
requisitado na alta sociedade. Tem seus 32 anos de idade, solteiro, não tem filhos e
também não pretende ter. Sua masculinidade é duvidosa, porém, não iremos adentrar
nesta área pelo menos por enquanto. Seus serviços são requisitados regularmente pela
nossa anfitriã que o considera como um verdadeiro artista da área estética capilar.




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   -   Au...Au...Au...
   -   Menina sapeca você me deixa muito alegre.
   -   Au...Au...Au...
   -   Esta não.... Esta também não... Esta muito menos... Quer saber de uma coisa vou
       mandar o Franque subir e começar a sua obra prima deixando meus fios de ouro
       resplandecendo, pois assim posso colocar o vestuário que mais combine com
       minha beleza.
   Mais uma vez a conversa das duas milionárias é interrompida. Desta vez é o bife
que não as deixa continuar a sessão nostalgia.
   - Sra. Esmilhonaria.
   - Oh... Joselito pensei que ia deixar minha queridinha morrer de fome. Por que
       demorou? Já não basta a lerdeza da Clarice você também se contagiou com isso.
   - Segundo a Lílian havia terminado o molho inglês e tive de pedir para o
       Felisberto buscar na Granfines.
   - Vocês deixam tudo pra última hora, não vou tolerar essas coisas mais, todo dia
       aparecem uns dez procurando emprego, acho que tenho de mudar o quadro de
       funcionários para melhorar o ambiente deste local, gente mais qualificada, mais
       dinâmica... Haja paciência.
   - Sim, Sra. Os currículos estão com a Lílian gostaria que fosse busca-los?
   - Agora não, estou atarefadíssima e não tenho tempo para isso, deixe aqui o
       lanche de Riqueta. Não sei nem se a minha menina ainda vai querer! Mande o
       Franque vir aqui e vê se não vai andando como uma ema. Vai...vai...vai... Logo e
       como um cometa.
   Como excelente escravo... Ops! Quis dizer, mordomo eficiente que é Joselito foi
depressa, mais depressa mesmo falar ao cabeleireiro Franque que o seu acesso aos
aposentos da condessa Esnobina estava liberado. E a conversa entre as duas madames
continua solta...
   - Riqueta essa vida de beleza me estressa, ainda bem que daqui a seis meses
       decidi que vamos entrar de férias. E nossas maravilhosas férias serão no Caribe
       como te prometi.
   - Au...Au...Au...
   - Eu também não vejo a hora de estar lá, só de pensar no hotel Estella Rubia...
       Sinto me nas nuvens. Pena que na última vez que estive lá nós não tínhamos essa
       esplêndida amizade.
   - Au... Au... Au...
   - Quem dera você tivesse antecipado sua existência queridinha.
   - Au... Au... Au...




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




                                               05



   Enquanto o recado não chega ao seu destinatário a sonhadora Clarice dá uma
investida naquele que para ela é um galã de novela.
   - Sr. Franque posso lhe servir mais um cafezinho?
   - Sim.
   - Disseram-me que o Sr. é um excelente cabeleireiro.
   - Todos dizem isto.
   - Você não é nada convencido, hein?
   - Você acha?
   - Convencido, lindo e um ótimo cabeleireiro.
   - Obrigado, você até me impressionou, não pensei que seria uma pessoa tão
        agradável.
   - Eu sempre quis ser uma cabeleireira.
   - Serio? Isso é para quem tem vocação. Se você tem poderá chegar pelo menos
        aos pés da Unix Perfect Cabeleireiros.
   - Eles são bons?
   - Só perdem para o papai aqui.
   - Gostaria de ter a oportunidade de ingressar nessa área.
   - Quem sabe posso dar umas aulas a você?
   - Eu adoraria quando começo?
   - Eu disse quem sabe e não vou dá-las. Você entendeu moça?
   - Perdoe-me eu não queria ser atrevida.
   - Que nada, gosto do seu jeito, vou até deixar meu cartão com você. Me ligue,
        pois minha equipe pode receber mais uma boa cabeleireira.
   - Não sei o que dizer!
   - É lógico que diante do melhor cabeleireiro do mundo qualquer um ficaria assim,
        todavia sobre trabalhar para mim, saiba que se tiver de ser, será.
   Quando a conversa ia de vento a polpa chegou a noticia que Franque estava
aguardando.
   - Sr. Franque.
   - Pois não, Joselito a madame se lembrou de mim?
   - Lembrou. E disse que o Sr. pode subir.
   - Em qual quarto ela está desta vez? No outro dia você mandou subir e fiquei
        procurando onde ela estava muito tempo, gastei uma hora, hoje estou apressado
        tenho que fazer outra visita de negócios.
   - Desculpe Sr. Franque às vezes eu esqueço que nem todos conhecem esse
        labirinto de quartos. Subindo as escadas vire a direita, depois do primeiro
        corredor vire à esquerda, caminhe no terceiro corredor e depois de passar pelas
        dez portas de Nivier vire a esquerda novamente que você verá uma porta que é
        uma relíquia do século XVIII, nela você poderá ver o brasão da família Esnobina
        e o retrato de um velho sentado numa cadeira de balanço com seu nome escrito
        em letras romanas: Gilfredo Esterovaldo Esnobina é o lugar onde ela está.

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


-   Esqueci meu gravador, da pra repetir?




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS



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    Depois de muito procurar, Franque encontra o lugar onde as duas conferencistas o
esperam. Ele veio determinado a modelar suas fisionomias e com entusiasmo que
antecipado o toque das queridas notinhas verdes ele bate na porta. Elas ouvem o som
das batidas: Toque... Toque...
    - Sim.
    - Sra. Esmilhoneira, sou eu, o Franque.
    - Oi querido. Como você está lindo, sempre charmoso.
    - Obrigado madame.
    - Eu já te disse que esse seu perfume é um show?
    - Se disse eu não estou lembrado. Mas agradeço por ter reparado em meu simples
        Parisier.
    - Gosto de sua delicadeza e simplicidade Franque.
    - Sempre jovial. Tu és especial e amável condessa; feliz daquele que esta sobre
        seus cuidados.
    - Eu tenho falado pra minhas amigas que não existe um cabeleireiro como você
        neste mundo.
    - Au...Au..Au...
    - Veja só Franque, Riqueta está confirmando minhas palavras, ela é testemunha
        ocular de meu apreço por você.
    - Oi menina linda, deixa o Franquizinho te dar um beijinho, você está a cada dia
        mais bela Riqueta, só perdendo para sua linda amiga.
    E como qualquer sujeito doido por dinheiro e que faz tudo para obter-lo, Franque
não fica só nas palavras, mas realmente beija a cachorrinha, apesar de sua ojeriza por
cães. A condessa Esmilhoneira acha o máximo ser bajulada, mas quando também
bajulam sua especial amiga é capaz de doar até sua própria fortuna. Feliz pelas
adulações ela continuou a conversa com seu requisitado cabeleireiro assim:
    - Franque você é adorável.
    - Condessa Esmilhoneira estou aqui para servir e pra fazer arte, apesar de que eu
        vou colocar apenas uns pequenos detalhes nesta obra de arte viva que é você
        mesma, meu jasmim dourado.
    - Que pena que você é muito ocupado, senão o contrataria pra ser meu secretário.
    - Para mim seria uma honra, mas escolhi a vida de artista e não poderia abandonar
        esta tão exuberante vocação.
    - Infelizmente sei disso.
    - Queridinha tenho duas grandes novidades que irão te encher de alegria.
    - Sério!? Qual? Você me deixa em suspense quando fala em novidades.
    - Queridinha... Queridinha, adotei um novo perfil profissional.
    - Não me diga!?
    - Não sou mais um cabeleireiro, sou um produtor!
    - Produtor!?
    - Sim, produtor de divas!

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


   -    Oh! Que chique! Que maravilhoso. Quer dizer que agora eu tenho de dizer que
        tenho um formidável produtor.
    - Sim, é mais light e vai abafar na alta e estrelada sociedad paulist.
    - Adorei, mas estou preocupadíssima hoje e quero ver se você realmente vai
        conseguir fazer que os meus fios de ouro brilhem como o sol em seu ponto
        máximo de força e vigor.
    - Como Sol e com ajuda das demais estrelas ao seu redor!
    - E qual é a outra?
    - Formei uma equipe que também cuida da estética animal.
    - Isso é brincadeira!?
    - Não minha queridíssima Esnobina, tenho em mãos todo o catalogo. Dê uma
        olhadinha e veja que até Riqueta irá brilhar ao seu lado, lógico que em
        proporção menor, pois sua beleza é inimitável.
    - Eu já levei a Riqueta hoje no salum da Marieta Espul.
    - Imagine meu estilo Society ligado também nesta nova área.
    - Lógico que vai arrasar. A Riqueta vai tomar outro banho de beleza hoje!
    - Minha equipe está lá no furgão posso chamá-los?
    - Oh, sim, pensei que já estivessem aqui. Quanto mais rápido melhor, mande-os
        correr, pois as horas não esperam.
    - Eles virão a jato condessa.
    - Franque que eles venham com toda rapidez, mas lógico que também com o
        maior cuidado, pois o piso importado da Itália não pode ser danificado.
    O produtor de divas tentar discar de seu celular, mas não consegue e por diz a
condessa:
    - Meu celular está descarregado, veja só peguei a bateria errada, foi uma pequena
        falha de sincronia, será que posso usar seu telefone?
    - Rápido Franque, já deveria ter usado.
    Franque faz a ligação e fala com sua equipe que já estava a postos para essa
lucrativa missão.
    - Deise entre com a equipe, temos urgência no serviço.
    - Depois de duas horas esperando ainda existe urgência?
    - Bobinha, parece que não esta acostumada com estas situações, venha depressa e
        traga as amostras dos cremes Franceses.
    - Já estamos indo.
    - Queridinha, por favor, venha voando!
    - Tudo bem Franque. Até já.
    Ao desligar o telefone Franque se dirige novamente a Condessa.
    - Eles já estão a caminho e enquanto eles chegam estou aqui com meu novo álbum
        de especialidades nacionais e internacionais, são o que tem de mais gran em
        estilo de produção capilar do momento.
    - Deixe-me ver.
    - O que vossa excelência esta achando?
    - Que lindo, venha ver também Riqueta, não dá para deixar de não ter dúvidas de
        que jeito quero meus fios de ouro hoje.



                                        15
PAULO FRANCISCO DOS SANTOS



                                         07




   Na cozinha da mansão, além das labutas culinárias se desenvolve uma reunião extra
funcional para falar de assuntos pendentes ou pretendentes entre Clarice e Lílian.
   - O que você acha?
   - Acha o quê?
   - Estou bonita?
   - Sua beleza é bem própria de garotas sem juízo.
   - Mas sou bonita, não sou?
   - Não é nenhuma Luiza Brunet, mas dá pra ser cortejada.
   - Você acha?
   - Claro, qualquer pé de chinelo quer uma garota bobinha como você.
   - Ainda bem que não levo a sério suas piadinhas.
   - Devia levar, pois eu procuro tirar você do mundo da Lua.
   - Você acha que eu sou uma adolescente?
   - Não, sua cara já é bem velhinha pra está faze, mas age como se fosse uma.
   - Quantas amigas como você alguém como eu pode ter?
   - Eu sei lá.
   - Pelo menos você se preocupa comigo.
   - Claro você se parece muito com minha filha.
   - Você não me disse que tinha uma filha.
   - É porque procuro esquecer.
   - Esquecer por quê? Se os filhos são as coisas mais importantes desse mundo.
   - Quando não tem gratidão por aqueles que lhe deram a vida eles passam a ser o
       alvo da borracha que apaga o que é indesejável da memória.
   - O que ela fez?
   - Fugiu com um cafajeste riquinho de um lugar onde trabalhei.
   - Você não a viu mais?
   - Depois que ele a largou eu a vi.
   - E ai?
   - E ai! Que não criou juízo mesmo, com três ursinhos nos seus pés ela não
       endireitou, seu desejo por macho a fez ficar mais doida do que nunca.
   - Vocês não se conversam?
   - Claro que sim, felizmente quando ela foi embora da última vez nós estávamos
       bem amigas, só que ela se foi e não me deu mais notícias.
   - E ficou por isso mesmo?
   - Depois já trabalhei em pelos menos cinco lugares: Porto Alegre, Florianópolis,
       Cascavel e duas vezes em Curitiba e depois vim pra cá, ser escrava da Condessa.
   - Você não tem saudades dela?
   - Sim e ao mesmo tempo não, ela me deixava muito preocupada, agora pelo
       menos minha preocupação é só com a comida e pra minha tristeza com você
       também.
   - Lílian acho que estou apaixonada.

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


-   O cupido te deu uma flechada Clarice?
-   Você conhece aquele bonitão que vem arrumar o cabelo da condessa?
-   O Franque? Sei não, cabeleireiro tem uma tendência meio estranha.
-   Como assim?
-   Cabeleireiro gosta de braços fortes, pela áspera e voz grossa minha filha.
-   Você está sendo preconceituosa Lílian.
-   Quisera eu ser o que você diz.
-   Ele é diferente Lílian, amável, galanteador e se mostrou atencioso comigo.
-   Todas as mulheres carentes como você caem facilmente na rede desses
    pescadores, não podem ouvir um gracejinho que já se derretem mais rápido do
    que sorvete de palito.
-   Eu não sou tão fácil assim.
-   Não parece, será que as pancadas que você tomou na vida não te deram uma
    couraça que agüente as provações cotidianas?
-   Você mal o conhece.
-   Quando agente vive muito sobre essa terra começamos a ter faro mais sensível
    do que um cão de caça, vai por mim minha filha esquece esse sujeito.
-   Ele me deu seu telefone.
-   Jogue fora, na sua vila deve ter alguém que possa se compadecer e se ajuntar
    contigo.
-   Ficar naquele lugar para o resto da vida? Cansei de ser pobretona, estou disposta
    a tudo pra sair dela e vencer na vida.
-   Vencer na vida se enroscando a um camarada efeminado? Você vai é pegar uma
    doença ou parar na terra do pé junto.
-   Nunca pensei que você fosse tão pessimista Lílian.
-   Já vi mocinhas que nem você e seus contos de fadas virarem pesadelos do
    tamanho desta mansão, sua bobinha.
-   Que horas são?
-   A mesma de ontem! São exatamente 21h50.
-   Nossa até agora a Sra. Esmilhoneira não chamou, o que será que ela tanto faz no
    cabelo? Dizem que o Franque é um artista neste ramo, mas não pensei que pra
    fazer um penteado demorasse mais do que pra fazer uma cirurgia complicada,
    mamãe teve de operar de um câncer e ficou 5 cinco horas na mesa da cirurgia e
    agora fazem 6 horas que estão lá em cima, desse jeito eles estão criando cabelo e
    não modelando.
-   E daí, que fiquem uma semana lá, só assim a Condessa não torra nossa
    paciência.
-   Queria estar lá!
-   Sua bobinha lugar de pobre é aqui onde nós estamos. Além disso não esqueça
    que você tem obrigações. Chame os leões de chácara para jantar.
-   Todos eles?
-   Não, somente avise o Aguiar ele sabe quem mandar primeiro.
-   Tudo bem, já estou indo.




                                       17
PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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    Depois de tanto bajular, mexer e remexer, desarrumar e arrumar o penteado da
condessa Esnobina ficou pronto e sua querida Riqueta também não ficou para trás, as
duas pareciam figuras do cinema, estrelas de uma peça teatral. Mas uma vez Franque
fez jus a sua reputação e com isso iria sair com o bolso forrado de verdinhas, ou melhor
com a conta bancaria mais um pouco rechonchuda.
    - Não acredito Franque! Você fez um milagre. Eu e minha Riqueta estamos mais
        lindas que a princesa Daiane.
    - A minha felicidade é ver seu prazer, querida.
    - Desta vez você se superou!
    - Quando você não conseguiu escolher um modelo do meu álbum resolvi criar um
        penteado que ninguém jamais usou. Isto é pra você ver que eu realmente sou um
        produtor de deusas, de ninfas da alta sociedade e que não é por acaso que tenho
        um grande e respeitável nome .
    - Vou te dar uma gratificação extra por este fabuloso feito Franque.
    - Agora também adotamos o cartão e o cheque eletrônico Sra. Esmilhoneira e
        podemos parcelar em até cinco vezes.
    - Espere um pouquinho deixe-me ligar para o Téo, ele é meu novo secretário e vai
        acertar tudo.
    Ela ligou para o secretário.
    - Pois não.
    - Téo o Sr. Franque realizou um serviço maravilhoso pra mim e ele vai ai
        acompanhado de Joselito e da mesma maneira que deste a Xavier aquela
        gratificação, dê também a Ele. E se apronte, pois estamos atrasados para a festa
        que vai ser abalada pelo meu resplendor. Tchau.
    - É isto ai Franque, o que eu estava querendo vai acontecer, vou arrasar hoje.
    - Precisando é só me ligar ou enviar um e-mail.
    - Vou precisar de você na semana que vem.
    - Dependendo do dia.
    - Na próxima sexta-feira.
    - Sexta-feira que vem não vai dar, eu tenho já agendada a Sra. Aparecida
        Montargue.
    - O quê você vai me desprezar em troca desta perua?
    - Ela me agendou há cinco meses atrás Sra. Esmilhoneira.
    - Eu pago o dobro que ela.
    - Não tenho o costume de desmarcar e nem colocar alguém na frente de quem esta
        agendada, meus compromissos com minhas clientes são pra mim honra e nem
        por ouro ou por prata eu poderia deixa-la a espera do produtor de divas e dar
        ocasião de falar uma unha se quer de minha reputação que é conhecida até na
        outra América, isso é uma questão de ética.
    - Ninguém diz não pra mim Franque.


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RIQUETA A GRANDE AMIGA


-  Eu não disse não, disse que não tenho costume, mas Sra. pode me ligar na terça
   e podemos conversar. Com sua permissão tenho que ir.
Nesta hora o telefone tocou: Trim... Trim... Trim...
- Chamou Sra. Esmilhoneira?
- Sim, Joselito leve Franque até o Téo, eles tem algo que tratar.
- O levarei imediatamente Sra. Esnobina.
- Vá depressa, por favor.
- Adeus Sra. Esnobina.
- Até mais Franque.
- Agora que me lembrei que semana que vem temos a entrega do prêmio dos
   Friisp´s do ano ( Famosos, ricos, importantes e inimitáveis da sociedade
   paulistana) e a Cidinha vai estar lá com o penteado do meu cabeleireiro e só falta
   ganhar o prêmio que por direito é meu.
- Au...au...
- Obrigada, Riqueta por suas palavras encorajadoras, elas me animam muito.
- Au...Au...
- Não acredito. Aquela... Aquela... Espere não posso ficar nervosa, me produzi
   deste jeito para dar um show daqui a pouco, realmente não posso ficar nervosa, a
   testa se contrai, a feição fica horrível, eu li uma reportagem que diz que quanto
   mais sorrimos mais joviais ficamos, quanto mais mau humor mais a velhice se
   aproxima.
- Au... Au...
- Apesar que já marquei a cirurgia plástica com Dr. Madureira pro mês que vem
   antes de nossas férias... Nossa como estou atrasada...
Joselito chegou e disse:
- Sra. Esmilhoneira.
- Pois não Joselito?
- Felisberto e Téo estão aguardando a Sra. em sua Mercedes.
- Já estou indo, não se esqueça Joselito de ligar pra Tânia me trazer os modelitos
   de verão pra minha viagem ao Caribe.
- Sim Sra. assim que a vossa Alteza se direcionar ao seu compromisso eu ligarei.
   Deixe-me acompanha-la até a varanda.
- Obrigada Joselito estou pensando em leva-lo em minha viagem, pois não sei
   fazer nada sem você.
- Estou ao seu Dispor Sra. Esmilhoneira.




                                      19
PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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    Aguiar e Leonardo conversam e jantam na cozinha com a paroleira Lílian.
    - Veja jogou uma fortuna fora com aquele cabelo que mais parece um ninho de
        urubu!
    - Pare com isso. Já pensou se ela sabe desse seu comentário, você vai para o olho
        da rua.
    - Não tenho medo.
    - A última pessoa que falou isso, veio à semana passada ver se volta a trabalhar
        aqui de novo.
    - O que você acha Aguiar ?
    - Você está certa Lílian, quem espera com paciência pode colher frutos maduros
        agora o impaciente come tudo verde.
    - É verdade Aguiar.
    - Aprenda isso Leonardo.
    - Não me conformo, ela prefere gastar uma fortuna com essa cachorra tola e com
        esse cabelo feio, e com um bocado de baboseiras.
    - Pouco ou muito você ganha alguma coisa, pior será não ter o que ganhar. Tenha
        paciência e aguarde que daqui uns três meses eu peço novamente um aumento
        salarial para nós todos e quem sabe ela não se comove com nossos esforços e...
    - Aquele coração de pedra, se ela pudesse nós trabalharíamos de graça.
    - Acho que você já desabafou demais volte para seu posto e não fique comentando
        isso, digo para o seu bem.
    - Sim, Capitão. Não tocarei mais no assunto.
    Leonardo termina o jantar e volta para o seu posto, mas Lílian e Aguiar continuam a
conversa.
    - Ele é bom segurança, somente é um pouco afoito, sem aquela experiência que
        vem com o passar do tempo Lílian.
    - No mundo o que existe mais é meninos com corpo de homem e meninas com
        corpo de mulher e juízo que é bom nada.
    - A condessa disse que vai viajar o mês que vem Lílian para o Caribe?
    - Sim, e vai levar o Joselito.
    - Isto não é de se admirar. Acho que ela não vive sem ele, não existe um serviçal
        igual em nenhuma parte do mundo.
    - Você é muito piadista Aguiar, Joselito apenas faz a parte dele.
    - Não me diga que virou defensora do Joselito. Isto não está me cheirando bem.
    - O que você quer dizer seu sem graça.
    - Nada, nada. Sabe como é... Dois cinquentenários carentes...
    - Saia daqui seu... Seu...
Aguiar sai rindo da cozinha com sua visão biônica e Lílian ao fechar a porta olha para o
teto e suspira: - Até que não seria uma má idéia!


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RIQUETA A GRANDE AMIGA




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Parece que a vida reserva surpresas e os meninos e meninas se encontram:
- Oi, qual é o seu nome?
- Por que você quer saber meu nome?
- Porque gostaria de te conhecer melhor.
- Meu nome é Clarice e o seu?
- Leonardo, ao seu dispor.
- Não sabia que os seguranças eram cavalheiros.
- Se você me der uma chance posso te mostrar ainda mais do que você pensa.
- Não estou a fim de você.
- Que fora! Talvez nós possamos ser bons amigos, não precisa falar dessa
   maneira.
- Eu conheço esse tipo de cantada.
- Não pensei que você fosse tão brava.
- Não sou só mordo quando me tiram do sério.
- Até que eu ia gostar de uma mordidinha!
- Ah... Ah... Você é bastante insistente.
- Ouvi dizer que quem não arrisca não petisca, e que se não derruba uma arvore na
   primeira machada.
- Posso pensar!
- E que dia tenho a resposta?
- Quando eu quiser dar é lógico!
- Assim meu coração vai desfalecer.
- Quero ver se você é insiste ou não.
- Espere... Deixa eu...
- Tenho que ir arrumar o quarto da Sra. Esmilhoneira antes que ela volte. Tchau.




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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    Por volta das quatro horas da madrugada a condessa Esmilhoneira sem sono estava a
caminhar pela varanda pensativa, quando notou que Clarice vinha da cozinha, pois
havia ido tomar um copo com água e o remédio antiestresse que foi receitado há apenas
dois dias atrás. Logo ela a chamou autoritariamente como sempre. Pobres... Pobres que
quando não trabalham se estressam e quando trabalham também se estressam... Que
vida hein!?
    - Chame o Joselito urgente Clarice.
    - Sim, Sra. Esmilhoneira vou correndo.
    - Espero que não chegue depois de amanhã.
    Alguns minutos depois aparece o eficaz mordomo.
    - Pois não Condessa.
    - Esta de pijama Joselito?
    - Quando soube que a Sra. estava me chamando há essa hora levantei as pressas e
        nem tive tempo de me vestir, pensei que estivesse tendo aquelas crises de
        depressão.
    - Quase isso, traga-me um anador a jato.
    - Já passei na mini-farmacia e trouxe os remédios de depressão, inclusive o anador
        está na maletinha de primeiros socorros, só falta à água.
    - Obrigada Joselito, sem você não sei o que eu faria desta vida.
    - Minha obrigação é servir condessa. Espere um pouquinho que vamos
        providenciar as água.
    - Por favor, Clarise vá buscar uma água sem gás.
    Quando Clarice saiu tornou-se claro a questão da chamada urgente de Joselito – o
ombro amigo precisava entrar em ação.
    - O que aconteceu? A sua apresentação não deu certo condessa.
    - Não, foi maravilhosa, mas ela não estava lá pra se morder de inveja de mim! Isto
        me deixou arrasada.
    - Na próxima vez ela vai ver seu esplendor, não se preocupe.
    - Ainda bem que a Riqueta vinha me consolando no caminho.
    - Claro que Riqueta é uma amiga fenomenal, somente uma pessoa como ela
        poderia dar o apoio que vossa excelência necessita.
    - Lógico Joselito, mas mesmo assim sinto que a Cidinha vai me superar na
        próxima festa.
    - Deixe disso Condessa.
    - Não, da outra vez quem vai arrasar na festa será ela.
    - O que é isso, você sabe que não existe uma Friisp mais elegante e glamoriosa do
        que a Condessa Esnobina.
    - Oh! As tuas palavras me consolam Joselito, estou me sentindo melhor!


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RIQUETA A GRANDE AMIGA


   -    Erga a cabeça! Princesas como você não podem curvar-se ao ridículo ponto de
        se humilhar para qualquer peruazinha com as penas caídas.
    - Vá até a garagem e converse com o Felisberto e Téo, pois na minha ira acabei
        dispensado eles dois, mas vejo que estava somente com a cabeça quente e eles
        ainda me são muito úteis, diga que eu os readmiti e amanhã o Felisberto tem que
        buscar a tia Marieta as 09:00 hs no aeroporto internacional.
    - Tudo bem condessa.
    - Estou exausta, vou descansar.
    Mal findou a conversa quando Clarice chega com uma noticia que multiplicou o
estresse da Sra. Esnobina.
    - Sra. Esmilhoneira o Conde Aranha esta no telefone.
    - Às cinco horas da manhã?
    - Sim Sra. e parece que é urgente.
    - Esse idiota só liga em horas inoportunas, diga pra ele que eu morri, sendo ele
        meu ex, fica sem importância pra mim.
    - Ele disse que é caso de vida ou morte.
    - Olha aqui sua empregadinha de última categoria, se você não é surde ou tem
        algum problema mental diga a ele que meu advogado tem tempo pra ouvir eu
        não. E tem mais Clarice, se você voltar a me falar desse idiota eu vou te mandar
        embora.
    - Sim, Sra.
    - Suma da minha frente agora.
    - E você Joselito, traga meu tapa olho e uns dois calmantes.




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    Você sabe quem foi escolhida como a Friip do ano? Não, não foi a Esmilhoneira.
Também não, não foi a Cidinha. Para deixar a nossa protagonista louca de raiva as duas
foram escolhidas como as Friip´s do ano e foram homenageadas com toda sorte de
cumprimentos e fotos e mais fotos foram tiradas das duas divas da sociedade paulistana.
Imagine o estado de nervos da Friip do ano.
    - Joselitooo!
    - Pois não condessa.
    - Depois de ontem não estou pra ninguém. E se alguém aparecer para me
        cumprimentar pela escolha do Friip´s do ano diga que morri.
    - Essa mulher morre mais que tudo. Pensou ele.
    Depois de uma semana de mau humor a condessa levantou em uma bela manhã e
disse ao telefone:
    - Felisberto prepare o carro, nós vamos as compras.
    - Sim Sra.
    - Dois segundos para ele estar parado diante da varanda.
    Em dez segundos e três milésimos ele estaciona a BMW blindada a espera da
condessa.
    - Quando você irá adivinhar meus pensamentos Felisberto e chegar no horário que
        proponho? Dez segundos e três milésimos é muito devagar. E falando em
        devagar Téo também está demorando hoje.
    - Ele já está vindo Sra.
    - Não o defenda Felisberto. Vocês sempre encobrem os erros um do outro. Se não
        fosse tão difícil encontrar funcionários de confiança vocês estariam trabalhando
        em outro lugar.
    - A Sra. tem completa razão.
    - Cale-se. Riqueta está incomodada com sua voz. Você ganha para dirigir e não
        para falar.
    Antes de terminar a frase chegou Téo que ao entrar no carro pediu suas costumeiras
desculpas a Condessa que apenas ignorou dizendo que também se calasse e fossem
rapidamente ao centro Esnobe de compras, os quatro na BMW e o os dois seguranças no
celta atrás. Depois de horas andando e comprando os quatro homens estavam cheios de
pacotes a carregar obedecendo às implicâncias de Esnobina que recordara que iria
participar de uma festa na casa do barão do café na cidade de Ribeirão Preto e como
costume observou que já estava atrasada. Dessa vez para chegar a tempo teria que ir de
helicóptero e por isso apressou seus servos a irem mais depressa aos automóveis.
Quando eles chegavam aos seus carros algo terrível veio a acontecer, os quatro
carregadores de pacotes foram abordados por homens encapuzados e foram dominados.
Os cinco elementos mostraram que vieram fazer um serviço especial—seqüestrar. Você
pode dizer bem feito, a ricona chata merecia ser seqüestrada. Ou também pode ficar
com dó e dizer pobre Esmilhoneira, apesar de ser tão esnobe e bruta não merecia essa

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


tão terrível atrocidade. Espere um pouco. Quem lhe disse que ela foi seqüestrada? Os
seqüestradores levaram Riqueta. Você pode então imaginar o desespero da Condessa.
Tocaram no ponto fraco da milionária, levaram sua melhor amiga. E agora?




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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     Ao chegar à mansão a Condessa Esnobina aos prantos se refugia nos ombros de seu
fiel escudeiro.
     - Joselito eles levaram Riqueta.
     - Quem levou?
     - Não sei. Quando nós voltávamos das compras e as mãos de Téo, Felisberto,
        Geraldo e Ricardo estavam ocupadas com os pacotes cinco encapuzados nos
        abordaram e levaram Riqueta.
     - Mas Geraldo e Ricardo não fizeram nada?
     - Estes incompetentes não fizeram nada. Também pudera as mãos estavam
        ocupadas.
     - O que a policia disse?
     - Eles disseram que se a policia fosse informada desse seqüestro eles iriam matar
        Riqueta. Depois destas palavras Esmilhoneira desabou a chorar
        desesperadamente.
     - Não fique assim Condessa, Riqueta há de voltar.
     - Sim, Joselito. Eu pagarei o que for necessário — Mal terminou de falar o
        telefone tocou. E quando Joselito atende o telefone ouve a voz de um dos
        seqüestradores que pede para falar com a Condessa que tremula fala:
     - Sou eu mesma. Pode falar.
     - Não entre em contato com a policia. Siga nossas instruções e sua amiguinha logo
        estará de volta ao seu lar.
     - Por favor, não façam nada com minha princesinha.
     - Faça o que mandamos e nada irá acontecer com ela.
     - O que vocês querem?
     - Calma Condessa. A pressa para rever sua amiguinha é tão grande assim?
     - Claro! Ela nunca ficou tanto tempo longe de mim.
     - Que coisa terrível! Brincou o seqüestrador. Faz apenas três horas que ela está
        sobe nosso poder.
     - Diga logo o você quer?
     - Você tem quarenta e oito horas para colocar uma mochila escolar com cento e
        cinqüenta mil reais na lata de lixo dentro do cine quatro no Shoppim Alfanobre.
        Entendeu?
     - Sim.
     - Faça isso e verá novamente sua amiga.
     - Mas tudo isso?
     - Você deveria dizer só isso. Nós sabemos que você tem muito dinheiro. Como
        somos seqüestradores de classe vou aumentar o resgate.
     - Mas...
     - Cale-se condessa. (dá pra imaginar a ira que este cidadão provocou na condessa
        Esnobina ordenando-lhe que se cala-se).

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


-   Silêncio.
-   Além do dinheiro coloque dois vinhos franceses da safra de 1890 que você
    possui na sua adega particular e numa caixinha embrulhada para presente sua
    tiara florida datada de 1800, lembrança do ducado português e Castelhano.
-   Como você sabe?
-   Não se deve relatar o paradeiro dos pássaros para que eles não sejam
    engaiolados baronesa... ops, duqueza... quão difícil é conversar com nobres.
    Perdoe meus erros.
-   Se acontecer alguma coisa com minha princesa você...
-   Calminha. Lembre-se que o dinheiro compra tudo.
-   Tudo bem.
-   Acho que seu amor por Riqueta é maior do que o amor por seu dinheiro
    Condessa. Ao terminar essa frase o seqüestrador soltou uma gargalhada e
    desligou o telefone.




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS


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    Com apenas um telefonema o dinheiro já estava na mansão dos Scaporetto em
menos de uma hora. A Condessa tinha um amor singular por sua cachorra e se sentiu
aliviada pela quantia não ter sido maior, pois com toda certeza ela a desembolsaria. As
quarenta e oito horas foram as mais longas que vossa alteza passaram durante estes
últimos tempos. O esplendor do condado Esnobil estava abalada e a frase que mais se
ouvia era: Foi-se o brilho deste lugar! Esmilhoneira não cansava de repetir esta frase
que encheu o ar daquele lugar de uma melancolia fantasmagórica. Na última tentativa
de repousar e viajar nos braços do sono os gritos por Riqueta invadiram cada centímetro
da mansão saindo inclusive na direção dos seguranças nos seus respectivos postos junto
ao muro que separava os Scaporetto do mundo paupérrimo dos menos ricos (visinhos).
A beira da loucura se encontrava nossa protagonista. Não é pra menos, ela estava
vivendo um amor platônico! Ou plutônico!? Muito bem. Só um psiquiatra poderá dizer
e como não estamos com um disponível no momento deixemos estas conclusões para o
dia e hora da verdade. Verdade?
    Quando o relógio dizia que faltavam duas horas para o termino das quarenta e oito
horas Clarice foi enviada a missão de levar o resgate ao Shopping Alfanobre. Como a
ordem do seqüestrador era para a mochila ser colocada no minuto exato que completava
as quarenta e oito horas Clarice ficou quase que uma hora e quinze minutos de olho no
relógio de mochila no colo e se tremendo de medo. O minuto chegou. Clarice depositou
a mochila na lata de lixo dentro do cine quatro cinco minutos antes do inicio da sessão
da nova produção Hollywoodiana: Os explorados do Sul. Ela saiu antes do filme ser
exibido. Entrou na Mercedes da patroa e juntamente com Felisberto voltou para mansão.
E Riqueta(?), você irá me perguntar. Eles cumpriram a parte do trato. Três horas mais
tarde ela apareceu em uma clinica veterinária nas proximidades do Shopping Alfanobre.
Acredito que você irá despejar uma serie de perguntas como: Depois disso a policia não
foi contatada? Foi. E prenderão os ladrões, salafrários e seqüestradores? Não. Mas por
quê? Meu caro leitor quantos casos você já leu que não tiveram solução? Tenho
absoluta certeza que tu dirás: vários! Acrescente mais um e fim de papo. E como nossa
anfitriã já um tanto problemática não quero ir muito adiante neste contexto sequestral.
Acredito que você já ouviu dizer que detalhes de certos crimes ajudam outros e etc.
como deves ter percebido estou saindo de fininho. Tchau. Vamos para o outro capitulo.




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RIQUETA A GRANDE AMIGA



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    Com Riqueta em casa e quase feliz Esmilhoneira preparou uma festa daquelas. Sua
intenção era mostrar que não ficou abalada com esse seqüestro relâmpago e a exigência
desse resgate que levou uma querida jóia de família. Pelo menos esse seqüestro faz
parte do passado da Condessa e disso ela faz questão de falar:
    - Joselito esse acontecimento horrível não deve ser mais mencionado neste lugar.
    - Não falarei mais nisso.
    - Tenho certeza que não.
    O telefone toca neste instante e Joselito o atende.
    - Joselito mordomo da família Scaporetto a seu dispor. Sim. Espere um momento.
    - É da segurança condessa e eles informam que acabou de chegar o Sr. Franque
        com sua comitiva.
    - Mande-o entrar, pois quero estar brilhando hoje com minha descomunal festa.
        Antes da viagem para o Caribe que será realizada sem falta depois deste sufrágio
        doloroso... Lágrimas começam a correr dos olhos de Esmilhoneira. Clarice
        querendo agradar chega oferecendo um copo com água e é posta pra correr aos
        berros, pois em vez de água com gás trouxe água mineral. Pobre Clarice. Alguns
        minutos depois Franque entra e gasta um tempo colossal para poder cobrar mais
        e assim satisfazer os efêmeros desejos de Esnobina. A festa iria ser de uma
        repercussão sem igual no meio da sociedade paulista.




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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   Apesar de trabalhar a algum tempo com a esnobe Esmilhoneira Clarice não se
acostumou com o jeito explosivo e mandão de sua patroa, que nasceu em berço de ouro,
mas nos seus excessos demonstra menos educação do que quem nasceu em berço de
papelão. Neste momento nossa audaz camareira afoga suas angustias e sonhos com o
candidato a mordomo do ano, Joselito.
   - Diga com quem tu andas que te direi quem tu és!
   - Meu pai sempre me dizia isto, eu só quero saber quem ensinou essa bruxa dar
       coices.
   - Aprenda comigo Clarice, já te disse varias vezes que o segredo da mordomia é
       ter paciência.
   - Tenho um compromisso serio hoje à noite.
   - Não vai me dizer que vai namorar o Leonardo.
   - Como você sabe.
   - Olhares derretidos são facilmente detectados.
   - Ele é legal, estou até indecisa.
   - Não sabe se escolhe ele ou o Franque.
   - Você é uma espécie de Adivinho?
   - Quando vi o cartão do Franque sobre sua cabeceira manchado de batom tive
       uma revelação.
   - Você é muito observador.
   - Nessa profissão temos quer pensar na velocidade da luz e saber o que a patroa
       quer antes dela pedir.
   - O quê você acha?
   - Garota, Garota vê se não vai se decepcionar de novo.
   - Eu não quero, mas como eu posso saber quem vai ser meu herói se não escolher.
   - Às vezes o tempo é a melhor escolha.
   - E se eu ficar pra titia.
   - Melhor ser titia do que uma creche ambulante.
   - Estou confusa, você e Lílian me dão muitos conselhos, mas às vezes acho que se
       não encarar a situação vou ficar doida.
   - Com a viagem da Sra. Esmilhoneira você vai esfriar a cabeça.
   - O quê quer dizer com isso?
   - Que ela escolheu você pra acompanha-la no roteiro do Caribe.
   - Não acredito!
   - Pode acreditar, tem dois meses pra pensar.
   - Vou conhecer o lugar que nunca sonhei em ir.
   - Faz dois dias que ela me mandou falar pra você, só estava esperando a
       oportunidade para ver você fazer esta festa, gosto de te ver sorrindo.
   - Obrigada. Isso tem seu dedinho!
   - Estou já velho e não gosto de andar de avião, como sei que sua juventude e
       energia podem ser mais aproveitáveis do que minhas constantes dores de coluna

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


    e de cabeça causada pela sinusite, achei por bem oferecer minha vaga a você. E
    como o seqüestro de Riqueta ajudou a decisão da Condessa não se alterar, espero
    ver suas fotos estampando está sua maravilhosa felicidade Clarice.
- Não esperava tanto.
- Você tem duas semanas pra se preparar.
   Depois desta tão formidável noticia Clarice se lança aos braços de Joselito e
descarrega uma dúzia de beijos. Ela irá realizar uma viagem inesquecível.
Inesquecível por dois motivos: irá conhecer um dos lugares turísticos mais
requisitados do mundo e por que também irá suportar sozinha as crises da sua
boazinha patroa.




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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




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    A festa da Sra. Esnobina foi um show como de costume. Ela não a realizou em casa,
mas no salão de convenções do Palacetus Luxuosus na paulista. Gente famosa foi vista
a todo instante nesta deslumbrante festa que serviu de capa para revista Afortunadas
Celebridades. O que não faltou neste dia foram também os jornalistas desta área tão
restrita. Ao ser entrevista pela revista sobre a causa desta tão esplendorosa festa a
Condessa respondeu: A festa é uma homenagem a minha maravilhosa amiga Riqueta. O
que para os famosos foi um show e a capa da revista estampava o seguinte título: O que
a amizade não faz! Esmilhoneira e Riqueta as duas musas na capa a sorrir. A única coisa
que incomodou a Sr. Esmilhoneira foi o fato de Cidinha não ter comparecido a sua festa
para se morder de inveja. Ao terminar a festa de gala todos se foram. Cumprimentaram
a Condessa e Riqueta não podendo ver a frustração que faz a falta de uma inimiga em
horas de exaltação. Ao chegar na mansão Esmilhoneira recebeu seu tapa olho para
desfrutar de um repouso que iria lhe servir de consolo para decepção da noite anterior.
Ela sonhou humilhando Cidinha de uma forma tão maravilhosa que quase não acordou
mais. Sim ela fez esforço para não acordar, mas sonho é sonho, ele acaba. Às três horas
da tarde a condessa Esmilhoneira acordou mal humorada, pra variar... Ela percebeu que
tudo que havia acontecido foi um sonho. Ela tinha então de distrair a cuca, pois acordar
e ver que Cidinha ainda não tinha caído aos seus pés era terrível. Resolveu se arrumar e
saiu para comprar alguma besteirinha para distrair e fazer o tempo passar. Nesta tarde
preferiu de tão mal humorada que estava sair sem Riqueta e o chofer. Depois de
algumas horas no declinar do dia ela voltou e grandemente irada gritou com seu
mordomo:
    - Chame o Aguiar Joselito.
    - Estou chamando Sra. Esmilhoneira.
    - Diga pra ele vir correndo.
    Mais rápido que uma bala Joselito não somente deu o recado, mas o empurrou o
chefe da segurança em direção a dona do mundo... Particular é claro.
    - O que aconteceu? Perguntou Aguiar.
    - Quando estava preste a entrar um maltrapilho aproveitou pra me importunar.
    - Ele fez alguma coisa com a Sra.?
    - Claro que sim, com aquele fedor de gente podre suplicou por dinheiro ou um
         prato com comida.
    - Ele quebrou o vidro do carro?
    - Não. Eu queria sentir o frescor da brisa e vinha com ele abaixado, mas isto não
         importa. O que realmente importa que aquilo me incomodou.
    - Este maltrapilho é um barbudo que se traja com um terno velho preto.
    - Não sei como você identificou que aquele monte de trapo já foi um terno.
    - Às vezes ele vem na porta da mansão e pede um pouco de comida.
    - Pede o quê?
    - Ele pede o mesmo que lhe pediu hoje, um prato com comida pelo amor de Deus.

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RIQUETA A GRANDE AMIGA


   -   Esses sujeitos roubam, usam drogas, não querem trabalhar e ainda usam o nome
       de Deus pra lhes favorecer nesse caminho errado.
   - Disse a Lílian que preparasse algo pra ele com o que sobrou de ontem à noite.
   - E quem deu autorização para lhe dar alguma coisa.
   - Quando se pode fazer uma boa ação não é bom negar.
   - Desde de quando Aguiar você foi nomeado a patrão aqui?
   - Desculpe condessa, não quis ir além de minha função.
   - Mas foi seu... seu...
   - Eu só queria ajudar!
   - Sem câmeras por perto? Sem poder ser descontado no imposto de renda ou sem
       ser vista por alguém para me parabenizar por isso?
   - É uma vida necessitada Sra. Esmilhoneira.
   - Saiba de uma coisa eu não quero esse tipo de gente na minha porta e também
       não quero ajudar ele a ficar pedindo, você dá hoje ele volta amanhã, e assim nós
       somos culpados de manter vagabundos na ativa.
   - Sra. ele está esperando...
   - Eu já te disse que não! Mande esse vagabundo trabalhar.
   - Sim, Sra.
   - Depois de despachar esse pedaço de carne podre ambulante, traga-me a forbes,
       ou melhor, diga a Joselito para me traze-la, eu a deixei dentro de minha
       Mercedes.
O celular da condessa começa a tocar e ela o atende.
   - Quem é?
   - Sou eu condessa.
   - Que bom que é você Joselito, pois havia mandado recado para me trazer a
       Forbes (revista), que está na minha Mercedes.
   - Sim, vou busca-la imediatamente.
   - O que você quer, por que me ligou se já estou dentro da mansão?
   - Seu segundo eis... Está na recepção e gostaria de uma audiência ainda hoje.
   - Esses meus eis... Balançou a cabeça negativamente e completou a frase. Diga
       pra ele que o banco fechou e que somente lá pra semana que vem eu posso ter
       um tempinho pra ele.
   - Mas ele diz que é urgente, madame.
   - Você é surdo Joselito? Dê um jeito nele.
   - Sim, condessa. Chamarei os seguranças, pois ele disse que não arredaria o pé
       daqui se não conversasse contigo.
   - Faça o necessário.
   Com um ar de grande alegria por ter despachado mais um de seus ex-maridos ela fez
um gesto como se tivesse recordado de algo muito importante e disse:
   - Já ia me esquecendo Joselito. Eu estava conversando com Riqueta e ela me disse
       que estava com muita fome.
   - A Sra. quer que eu faça o de sempre?
   - Não, ela hoje quer um pouco mais. Faça uns três bifes bem acebolados.
   - Em alguns minutos estarão em seus aposentos condessa.
   - Joselito!?
   - Sim, Sra.

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-   Eu pensei que você diria em alguns milésimos de segundos, pois eu quero isso a
    jato. Gritou com voz recalcitrante.




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   Enquanto o membro da antiga e atual oligarquia paulistana brasileira dá seu show
por causa de um prato com comida, Clarice que já está envolvida amorosamente com
Leonardo um dos seguranças da mansão conta a ele as novidades:
   - Vou ter que ir viajar Leonardo.
   - Você vai me deixar?
   - Isso faz parte de meu emprego.
   - Que é isso, daqui a pouco vai ter que morar em outro país.
   - Se for necessário eu irei.
   - E nosso amor?
   - Não seja infantil, temos bastante tempo pela frente e acho bom nós repensarmos.
       Devemos analisar se nosso compromisso será oportuno para nossas vidas.
   - Virou a cabeça, né!
   - São apenas sessenta dias.
   - Que vão me deixar arrasado.
   - Desse jeito você comove meu coração.
   - Com quem vão ficar suas crianças?
   - Com minha mãe é lógico.
   - Você é uma mãe desnaturada.
   - E você um bobo de terno e revolver na cintura.
   - Fique sabendo de uma coisa eu não quero mais saber de você.
   - Procure então outra tola pra ficar rastejando aos seus pés, porque a mamãezinha
       aqui já foi liberta do tempo da pedra.
   - Pra mim você nunca foi uma escrava.
   - Eu sei!
   - Pra mim você sempre foi uma princesa.
   - Não fale assim.
   - A mulher mais linda do mundo.
   - Oh! você está me magoando.
   - E você não está me magoando também?
   - Você não entende isso vai ser bom pra mim.
   - Tudo bem, mas por favor me dê o último beijo.
   - Por que o último? Eu vou voltar.
   - Cale a boca e deixe eu te beijaaar.... Ele a segura em seus braços e com
       determinação e ar apaixonado lhe dá um beijo tão acalorado que ela parecia mais
       um sorvete ao sol de meio dia—derreteu-se toda.




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    O dia tão esperado chega e a viagem ao Caribe irá marcar a vida da condessa
Esmilhoneira e de sua querida amiga Riqueta.
    - Chegou a hora da viagem e até agora não tive tempo de ir comprar os filmes e as
        fitas pra filmar a viagem.
    - Não se preocupe Condessa já providenciei tudo.
    - Você não é deste mundo Joselito.
    - Obrigado, mas vivo pra te servir e servir bem Condessa.
    - Clarice vamos para a viagem dos sonhos de toda Cinderela.
    - Estou ansiosa.
    - Eu também ficaria, escute você não esqueceu seu passaporte?
    - Não todos os documentos estão aqui.
    - Está bem, podemos ir.
    - Vamos Felisberto já estamos atrasados, temos que chegar no horário pra passar
        no check-in a tempo e somente vamos conseguir se você ir voando.
    - Aperte o sinto e veja como sua Mercedes corre Sra. Esnobina...
    Felisberto com o espírito de piloto de formula 1 ativado sai a toda, desrespeitando
faróis, placas, radares e etc. quem pagará a conta não é ele mesmo. Que mau exemplo,
não?




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Depois de duas horas dentro do silencio da ausência da condessa na mansão
Scaporetto o telefone toca: - Trimmm... Trimmm... Trimm...
- Alô, Joselito mordomo da Família Esnobina a seu dispor.
- Sou eu Joselito.
- Condessa o que aconteceu, pensei que a Sra. estivesse em pleno vôo.
- Não deixaram a Riqueta me acompanhar no vôo, estou nervosíssima.
- Mas animais não podem ficar juntos com os passageiros.
- Eu não me conformo Joselito com que fizeram com minha princesinha veja só
   como ela esta triste. Ela coloca a cachorra para latir ao telefone:
- Au... Au... Au...
- Você a escutou dizendo que se sente humilhada.
- Sim Sra. Esmilhoneira seu latido parece triste
- Ela até chorou Joselito.
- Oh que coisa terrível.
- É verdade e isso não pode ficar assim procure o telefone do Comandante
   Rodadim, eu terei que fretar um vôo só pra mim, pois não deixaria minha
   Riqueta sozinha nem um segundo numa caixa no porão de algum avião.
- O Telefone é 7X79-A89T.
- Tchau já... Já retorno a ligar.




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Trimmm... Trimmm... Trimmm...
- Alô, Condessa.
- Como sabe que sou eu Joselito?
- Li seus pensamentos.
- Consegui vou viajar as 22h00 e por enquanto estou aqui no hotel Vila do Ouro
   ao lado do Aeroporto qualquer coisa me liga meu telefone é....
- Se alguém...
- Lembre-se do que lhe disse pra qualquer efeito eu morri e já fui enterrada.
- Sim, entendo.




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   Passados os três meses a Sra. Esmilhoneira Esnobina chega no aeroporto de preto,
magra e inconsolável.
   - Oh! Joselito eu sou culpada.
   - Não fique assim Condessa.
   - Ela queria vir embora, mas eu disse que deveríamos ficar mais e curtir os
       callientes tempos no Caribe.
   - Mas e agora?
   - Trouxe o seu caixão lacrado por que ela ficou muito feia.
   - O que aconteceu ?
   - Quando nos íamos no iate La Rica para a Ilha particular do Sr. Gasperito
       Gonzáles... Oh! Minha querida como você me faz falta....depois de nos
       afastarmos do porto uns 40 quilômetros ela caiu na água e não notei sua falta,
       pois quando a vi pela ultima vez estava dormindo na suíte.
   - Você estava aonde?
   - Do lado do capitão observando a paisagem e conversando... Você sabe que sou
       apaixonada por barcos... Oh! Joselito... Quando me dei conta foi tarde de mais.
   - E o resgate não foi acionado.
   - Sim, mas ela se perdeu, foi achada cinco dias depois.
   - Por que não nos ligou condessa?
   - Fiquei tão confusa que não me lembrei de ligar para você Joselito. Só lembrei de
       ligar avisando que eu vinha com essa tão grande tristeza.
   - Eu é que deveria estar lá no lugar dela! Eu sou culpado, pensei que essa viagem
       iria fazer bem pra ela.
   - Oh! Joselito você sempre tem palavras pra me confortar.
   - Onde ela está!
   - Já vem, tive muito trabalho pra traze-la tive de acionar o consulado e até abonar
       uns oficiais pra me liberarem o corpo o mais rápido possível.
   - Oh! Meu Deus ela tinha quatro filhos.
   - O que disse Joselito?
   - Que ela tinha...
   - Ora você esta viva Clarice?
   - Lógico que sim, quem disse que não estava?
   - Eu pensei...
   - Que tinha sido eu? Ora você já viu a Condessa ter amor por uma pessoa como
       ela tinha por aquela cachorra?
   - Foi Riqueta que morreu?
   - Infelizmente sim...
   - Que coisa terrível, o mundo acabou pra ela!
   - Acho que acabou foi pra cachorra isso sim...

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   Ao chegar a Mansão Esnobina Clarice foi direto para sala de reuniões locais... A
cozinha contar e saber as novidades.
   - Oi Lílian, como vai?
   - Eu vou bem e com bastante saudades suas Clarice.
   - O que aconteceu de bom?
   - Muitas coisas?
   - Conte pra mim.
   - Depois de você contar as suas.
   - Esta bem a viagem foi assim...
   - Nossa você tem experiências pra contar até para seus tataranetos.
   - E findou a nossa viagem com a morte da Riqueta.
   - Que coisa, nunca pensei que a deusa da Condessa fosse morrer assim.
   - Nem eu mas na vida pode acontecer de tudo.
   - Onde está o Leonardo?
   - Pediu a conta.
   - Pediu o quê?
   - Ele não está mais trabalhando aqui.
   - Não acredito.
   - Não é preciso de fé pra notar isso, pensa que não vi você o procurando em todo
       o jardim e pedindo para o novato ir procura-lo.
   - Minha nossa, hoje não é o meu dia. Liguei para o Franque e quem atendeu disse
       que esse número não pertence mais a ele e o Leonardo não trabalha mais aqui.
   - Essas não são as piores notícias.
   - O quê você quer dizer com isso?
   - Algo que vai te abalar.
   - O quê aconteceu?
   - Sente pra não cair de costa.
   - Diga-me logo Lílian, por favor.
   - O Franque e o Leonardo resolveram viver juntos e mudaram para Curitiba.
   - Não creio. Como eles puderam fazer isso comigo.
   - Não fique assim!
   - Acho que vou ficar pra titia mesmo...
   - Não chore você tem uma vida inteira pela frente...
   - Confiar em quem? Se os homens estão competindo nesta luta pelo amor.
   - Só o tempo pode ajudar...



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    No enterro da amiguíssima da Condessa Esnobina Clarice fica de boquiaberta vendo
o luxo e ao mesmo tempo reclamando do desperdício de tempo e dinheiro doado a um
animal.
    - Veja só Joselito as pessoas vem dar seus pesares pela morte de uma cachorra.
    - São amigos da Condessa e não poderiam deixar de comparecer a essa cerimônia
        fúnebre.
    - Se isso tivesse acontecido comigo ela talvez nem choraria e os únicos que
        compareceriam ao meu enterro seriam minha família, você e Lílian.
    - Também não é desta maneira Lílian você sabe que lá no fundo ela gosta de você,
        e não é hora de especular, o importante é que você está bem e tem muito tempo
        pela frente.
    - Animais custam caro, pessoas estão brigando para poder trabalhar para eles, a
        diferença é essa.
    - Daqui a pouco termina está cerimônia e nos voltamos aos nossos afazeres.
    - Esse é o enterro mais chato que já participei.
    - Chato ou não nos temos que estar do lado dela nessa hora tão difícil.
    - Eu não acredito, ela está querendo pular na cova Joselito.
    - A dor da perda é muito grande.




                                        41
PAULO FRANCISCO DOS SANTOS




                                       25

                                       Epílogo


   Na mansão a conversa ainda gira em torno do velório e sepultamento da cachorra
mais privilegiada que essa nossa história já conheceu.
   - Você viu aquele sujeito falando do último latido?
   - Isso faz parte de qualquer enterro canino.
   - Se todo cachorro fosse tratado assim, não haveria mais espaço pra gente nos
       cemitérios.
   - Já se Passaram três meses e isso ainda parece novidade Lílian!
   - Vocês devem se preocupar com outras coisas.
   - Como assim, não entendi?
   - Parece que a Condessa vai vender a mansão e dispensar os funcionários.
   - Estou tão velha como poderei arrumar mais algum emprego.
   - Ela me disse que vai fazer uma seleção e você esta incluída.
   - Fortaleza te Espera.
   - Não me acostumo em lugares quentes.
   - Acredito que vai ser apenas por uma temporada.
   - Ainda bem que nós vamos juntos.
   - Lílian acho que somos muito velhos para...
   - Nunca é tarde para amar seu mordomozinho lindo!
   Quando os dois começaram a se beijar, subitamente Lílian olhou para o lado e disse:
   - Escute! A Sra. Esmilhoneira está te chamando.
   - Joselitooooo!
   - Sim condessaaaaa! Depois de uma corridinha básica, Joselito esta diante de sua
       querida patroa recebendo ordens e mais ordens.
   - Faça um filé de peixe à la Carte com molho inglês e leve pro meu quarto.
   - Que alegria é essa? Onde estão as suas roupas de luto.
   - Temos gente nova no pedaço.
   - Não estou te entendendo.
   - Quando estava visitando o tumulo de Riqueta você não sabe quem encontrei.
   - Quem?
   - A Cidinha.
   - Aquela perua aguada foi lhe incomodar num momento tão sagrado?
   - Calma Joselito não bem o que você esta pensando. A principio pensei que viesse
       me destratar, mas para minha surpresa me deu um caloroso abraço, suas
       condolências e ainda elogiou meu modelito de luto.
   - Então fizeram as pazes?
   - A nossa inimizade veio a surgir por um acaso, algo que não dá nem pra...


                                         42
RIQUETA A GRANDE AMIGA


Antes da condessa concluir a frase outro ser do reino animal toma conta da atenção.
Veja só, ops! Quero dizer, leia só.
- Miau...miau...miau...
- Vem para o colo da mamãe Filó!
- A Cidinha me presenteou com este lindo gatinho. Imagine ela o comprou na sua
   última viagem à França e me disse que aqui no Brasil eu sou uma das doze
   únicas Friisp´s que tem esta gracinha como amiga.
- Que bom que você já está melhor Condessa.
- Sim, estou renovada. Agora, vai, vai, corre r traga logo o filé de peixe para Filó,
   pois ela está morrendo de fome.
- Em cinco minutinhos estou de volta Sra. Esmilhoneira.
- Agora que Joselito saiu vamos nos arrumar pra grande festa na casa de nossa
   amiguíssima Cidinha, não é Filó.
- Miau...miau...miau...
- Estava pensando em ir morar em Fortaleza, mas acho que vou ficar por aqui
   mesmo o que você acha?
-
- Prefere ficar calada sobre este assunto. Vou deixar nossa casinha de fortaleza pra
   algumas temporadas, só quando estiver inverno aqui. Está bem minha
   queridinha?
-
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Riqueta a grande amiga versao final

  • 1. RIQUETA A GRANDE AMIGA Registro na Fundação Biblioteca Nacional N.o 389018 02/10/2006 1
  • 2. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS Índice Introdução.....pág.04 Capitulo 01 .... pág.05 Capitulo 02 .... pág.08 Capitulo 03 .... pág.10 Capitulo 04 .... pág.11 Capitulo 05 .... pág.12 Capitulo 06 .... pág.14 Capitulo 07 .... pág.16 Capitulo 08 .... pág.18 Capitulo 09 .... pág.20 Capitulo 10 .... pág.21 Capitulo 11 .... pág.22 Capitulo 12 .... pág.24 2
  • 3. RIQUETA A GRANDE AMIGA Capitulo 13 .... pág.26 Capitulo 14 .... pág.28 Capitulo 15 .... pág.29 Capitulo 16 .... pág.30 Capitulo 17 .... pág.32 Capitulo 18 .... pág.35 Capitulo 19 .... pág.36 Capitulo 20 .... pág.37 Capitulo 21 .... pág.38 Capitulo 22 .... pág.39 Capitulo 23 .... pág.40 Capitulo 24 .... pág.41 Capitulo 25 .... pág.42 3
  • 4. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS Introdução Talvez você tenha a impressão que sou um tanto polêmico caro amigo, todavia escritores têm suas manias e como não sou diferente dos demais, espero que me suporte, pelo menos até o final desta história que promete despertar nossa curiosidade. Neste momento o que mais me preocupa é escolher que tipo de linguagem usarei, pois estas folhas passarão por muitas mãos. Linguagem dos poucos ou a dos milhares e milhares? Quem nesse dualismo poderia estabelecer uma miscigenação lingüística? Não, não quero propor algo que não me foi incumbido, mas vou procurar agradar a todos. Espere ai. Estou longe de nosso principio histórico e preocupado com detalhes, desculpe-me. Aposto que tu estás querendo saber o que estou também querendo relatar. Então preste atenção no que vou dizer. Já ouvistes falar da família Scaporetto? Não!? Como tu não a conheces? Vejo que estás um tanto desinformado, mas não irei condenar-te, afinal de contas nem todos têm um instinto de Araponga. A família Scaporetto veio juntamente com o Imperador de Portugal quando este fugia das guerras Napoleônicas e se instalou em nossa pátria. Família de condes que trouxeram grandes inovações, pois como possuíam muitas posses instalaram indústrias (talvez uma duas ou três) e expandiram o mercado nacional. Sabe como é! Apesar dos empecilhos das potências de fora eles foram um dos primeiros pinos que derrubam uma fileira de dominós. Dessa tão ilustre família temos a descendente que é a protagonista de nossa história a Condessa Esmilhoneira Esnobina Scaporetto, uma personagem singular na alta sociedade brasileira. Conservou o titulo de nobreza... Claro que foi motivado mais por orgulho do que por necessidade, algo comum no solo nacional. Grande consumidora de tudo que diz respeito à estética é também uma pessoa totalmente carente, que tem como companheira Riqueta, uma amiga que rivaliza seu preeminente título de protagonista. Para poder matar, ou pelo menos tranqüilizar sua curiosidade Riqueta a segunda nesta história pertence ao outro reino animal. O quê? Não entendeste? (risos... Meus é claro) Aconselho-te a voltar às salas de aula e consultar algum livro de ciências. Espero que não te irrites comigo, pois decidi ir adiante a nossa viagem literária e deixar os porquês serem respondidos com seus devidos acontecimentos. 4
  • 5. RIQUETA A GRANDE AMIGA 01 Certo dia estava à condessa Esmilhoneira um tanto atribulada com planos de participar de uma grande festa. Vamos a informações: aqueles que quase não pisam no chão pela alta posição que usufruem devido seu gran estatus fazem o que nomearemos de gastos desnecessários... Acho que estou sendo radical!? O importante é saber que as festas acontecem e são incontestavelmente cheias de glamour. Outro exagero!? Espere ai, onde nós estávamos? Ah! Já me lembrei. Estávamos falando da condessa. Ela estava se arrumando e isto não é uma tarefa fácil, pois afinal de contas ela é uma condessa e ... Veja só, ela enfrentou uma verdadeira maratona para conseguir se arrumar para a tal festa. Veste um traje aqui, outro acolá, tira, põe, deixa ou não e lá se vai ela. Nossa celebre afortunada como de costume está assessorada de sua fiel escudeira e que de ouvidos atentos presta uma incansável reverência no discurso que você irá concluir que não vem do mundo dos simples mortais: - Riqueta querida faz três horas que estou me arrumando e você não me diz nada, sua opinião é muito importante. - * (o travessão sem palavras indica silêncio). - Você está triste comigo porque logo cedo tive de sair e não te levei? - - Minha querida, a momentos que nós temos que enfrentar as lutas sozinhas, eu sei que você queria me ajudar, mas deixa pra próxima. - - Este casarão ficou tão chato e vazio este fim de semana. - - O buffet me ligou dizendo que já tinha preparo antecipadamente os arranjos para o que eles apelidaram de noite a la Europa. - - Eu amei! Pra mim eles procuram fazer o impossível e é por isso que eu votei em Jacques Gournetones na revista ―O Melhor da Cozinha dos Granfinos‖, para ser eleito o melhor cozinheiro do Ano. - - Lógico querida! O meu voto foi decisivo para que ele ganhasse o troféu e seu nome estivesse brilhando em nosso majestoso meio. - - Oh, sim. Ele é muito grato pelo que fiz, tanto é que ele tem sido excepcional quando o convoco para fazer meu Buffet. Pena que a última viajem atrapalhou tudo. - - É verdade. Você tem razão águas que passaram não podem mover o moinho. - 5
  • 6. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS - Que cara é essa? Você esta pensando que não iremos fazer mais aquela festa de dar inveja as nossas opositoras? - - Ora, sua bobinha, disse para eles que na semana que vem iremos realizar três dias de Glamour e Resplendor em nossa mansão para compensar essa semana que passou em branco, pois, quero ver a Cidinha morrendo de inveja até mesmo de nosso entusiasmo! - - Não, você não gostou desse vestido? - - Hoje você está muito exigente. - - Sabe de uma coisa, eu não gosto de desprezar seus conselhos, porque sempre me dou mal. - - Amigas como você são difíceis de encontrar. - - Olha, eu percebi que a Cidinha se mordeu de inveja e ficou enraivecida, soltando fogo pelo nariz quando nós duas chegamos arrasando na festa do Barão Teodoro em Copacabana e também no lançamento da coleção de verão do Estilista Jacqueless Pierre Amoure no Esperia. - - Quem poderia imaginar que você estaria hoje aqui comigo, graças a Deus, cheguei na frente daquela perua aguada e conquistei sua amizade. - - Não estou te entendendo fale alguma coisa menina. - - Riqueta veja como a mamãe está linda! O que você acha minha querida? - - Você está tão calada hoje, porque não quer conversar com a mamãe? - - Você está querendo brincar não é sua danadinha ? - - Vem aqui para o colo da mamãe, vem. - Au...Au...Auuu..... - Eu sabia que era puro charme seu. - Au...Au...Auuu..... Ao responder amorosamente de uma forma caninil, Esmilhoneira nota que sua amiguinha está faminta e por isso chama seu fiel mordomo: - Josééééé.......! - Pois não Sra. Esmilhoneira, o que deseja? - Faça um suculento bife à la carte, acebolado para Riqueta. - Com molho inglês ou português Sra.? - Lógico que o inglês Joselito! E ande depressa. - Sim, senhora. Voltando a conversa das duas almas gêmeas: 6
  • 7. RIQUETA A GRANDE AMIGA - Onde nós paramos a conversa querida? - - Oh... Lembrei! Linda e exuberante nos duas vamos arrasar na mais badalada festa dos magnatas Paulistanos e novamente a Cidinha vai ficar pra trás e ainda se curvar ao nosso desfilar sem igual. - - Isso mesmo meu bem, eles ficarão de queixo caído. Você vai ver que todos vão ficar boquiabertos. De repente a conversa tão acalorada das duas esnobes peças de nosso xadrez historiatal é interrompida pela camareira Clarice, que em breve iremos descrever em detalhes para vossa excelência, caro leitor. - Sra. Esmilhoneira. - O que você quer Clarice? Não vê que estou ocupada. - Perdoe-me Sra. Esmilhoneira, mas o Sr. Franque lhe aguarda no Saguão? - Diga à ele para esperar mais uns minutinhos que já vou e, por favor, saia logo, estou ocupadíssima e sua presença me atrapalha. - Sim. Estarei lhe dizendo que aguarde. - Isso mesmo. Por favor, saia logo. Chô... Chô... Depressa... Clarice sai em direção ao local onde Franque a aguarda para uma magistral missão. E enquanto ele espera, as duas amiguíssimas voltam ao seu descontraído diálogo. Diálogo!? - Au...au...au... - Queridinha já é hora de arrumar meus lindos cabelos. Oh, já são 13h40 e Franque chegou, bom já que a nossa festa vai começar as 22h00, ele pode esperar mais uns 50 minutinhos. - Au...au...au... - Olha de novo pra mamãe, estou ou não estou Linda!? 7
  • 8. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 02 Em meio a tantas preocupações em vésperas de uma costumeira festa entre ricos, vemos na cozinha da grande mansão o desabafo daquela camareira que não agüenta mais ser humilhada, mas que precisa de seu pequeníssimo salário. - Eu não agüento mais, eu vou pedir a conta. - Não faça isso Clarice emprego esta muito difícil. - Essa rabugenta só sabe humilhar agente Joselito. - Trabalhar para madame é isso ai, elas acham que são donas do mundo e podem fazer o que quiser com as pessoas. (Claro que nem todas... apesar da fala no momento não ser minha – ―el narrador!‖–, tenho que evitar certos processos e espero que você me compreenda caro leitor.) - Eu não posso mais suportar. - Quantos filhos você tem? - Quatro. E são tão lindos, agora mesmo dois estão na creche e os outros dois estão com minha mãe. - Por eles você pode suportar isso e muito mais. - Tem razão, o que a necessidade não faz, maldita hora que larguei a escola, que não dei ouvido a papai e fugi com aquele safado do Gilberto que no final das contas me abandonou. - Quando você começou trabalhar aqui me disse que passou quase um ano desempregada e muito sofreu, não foi? - Nem quero pensar nisso, estou no céu mesmo sendo pisada por essa esnobe. - Em uma época da minha vida eu também dei minhas cabeças e com isso aprendi, a vida em si é uma escola, e que escola! Vale a pena sofrer quando a gente amadurece e se torna uma pessoa de responsabilidade. - Gosto de conversar com você Joselito, sempre tem algo bom, algo pra confortar o coração desta esquecida do subúrbio Paulistano. - Dá onde? - É a vila onde Moro, a Vila Paulistano, lugar de gente sofrida, mas de pessoas de bem. - Ai... Ai... Quase me esqueci. - Do quê? - De levar o bife pra Riqueta. - Você está levando neste bandejão um bife pra Riqueta? - Ordens são ordens garota. - Esta cachorra é mais bem tratada que um rei. - Nem um rei é tratado assim, infelizmente há um lugar melhor pra um animal do que para uma pessoa. - Escuta uma coisa, quem é aquele no saguão? - Ele é o cabeleireiro da patroa. - Que galã! Pensei que fosse um artista de novela. 8
  • 9. RIQUETA A GRANDE AMIGA - É o cabeleireiro mais requisitado da alta sociedade que conheço. Só pra vir aqui ele cobra uma fortuna, joga o cabelo pra lá e pra cá e sai com o bolso cheio, mas cheio mesmo. - Já faz uma hora que ele esta esperando. - Ela sempre faz isso com ele, já está acostumado; o que ele quer é mesmo as verdinhas, quanto mais tempo à horta fica mais cheia. - Vou levar mais um café pra ele. - Isso mesmo Clarice, aproveite e converse um pouco com ele. - Já tentei, mas ele não me deu a mínima. - É por que você não falou do quê ele gosta ora, fale sobre cabelos que o barco vai longe. - Vou tentar, quem não arrisca não petisca. - Vai, mas procura não ultrapassar os limites, ela pode se contrariar e como você já conhece a peça quando está nervosa cospe fogo pela boca. - Fique tranqüilo eu sei me cuidar, como você disse a experiência faz a diferença. - Eu preciso ir o bife está esfriando. Tchau. 9
  • 10. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 03 Acredito que você gostaria de saber um pouco mais sobre Clarice, Joselito, Lílian e Franque não é mesmo? Aquilo que sei irei te relatar, mas espero sua compreensão. Não sou nenhum fofoqueiro, então não quero piadinhas, entendeu? Quero te lembrar que sou escritor e nesse mundo da lua... Nestes parágrafos podemos fazer tudo aquilo que esta ao alcance de nossa fértil mente. Assim irei descrever estes outros personagens: Clarice tem 25 anos de idade e é a camareira da Mansão Scaporetto, mãe solteira, tem quatro filhos, mora no subúrbio, precisamente no bairro de Vila Paulistana. É Romântica e sonhadora como toda mulher desiludida afetivamente. Joselito tem 55 anos de idade. Ele trabalha a mais de 20 anos como mordomo da família Scaporetto, solteirão convicto, não tem filhos, mora na própria mansão. É confidente da condessa e um servidor prestativo, sem ele, talvez a Sra. Esnobina não conseguiria viver. Lílian tem seus 58 anos de idade. Trabalha para os Scaporettos a mais ou menos uns 10 anos, separada, tem uma filha que não vê a anos devido alguns tristes acontecimentos do passado. Excelente cozinheira, porém, possui um pequeno defeito: a língua – ninguém é perfeito. Francisco Chiquerrímo, ou simplesmente Franque é um cabeleireiro altamente requisitado na alta sociedade. Tem seus 32 anos de idade, solteiro, não tem filhos e também não pretende ter. Sua masculinidade é duvidosa, porém, não iremos adentrar nesta área pelo menos por enquanto. Seus serviços são requisitados regularmente pela nossa anfitriã que o considera como um verdadeiro artista da área estética capilar. 10
  • 11. RIQUETA A GRANDE AMIGA 04 - Au...Au...Au... - Menina sapeca você me deixa muito alegre. - Au...Au...Au... - Esta não.... Esta também não... Esta muito menos... Quer saber de uma coisa vou mandar o Franque subir e começar a sua obra prima deixando meus fios de ouro resplandecendo, pois assim posso colocar o vestuário que mais combine com minha beleza. Mais uma vez a conversa das duas milionárias é interrompida. Desta vez é o bife que não as deixa continuar a sessão nostalgia. - Sra. Esmilhonaria. - Oh... Joselito pensei que ia deixar minha queridinha morrer de fome. Por que demorou? Já não basta a lerdeza da Clarice você também se contagiou com isso. - Segundo a Lílian havia terminado o molho inglês e tive de pedir para o Felisberto buscar na Granfines. - Vocês deixam tudo pra última hora, não vou tolerar essas coisas mais, todo dia aparecem uns dez procurando emprego, acho que tenho de mudar o quadro de funcionários para melhorar o ambiente deste local, gente mais qualificada, mais dinâmica... Haja paciência. - Sim, Sra. Os currículos estão com a Lílian gostaria que fosse busca-los? - Agora não, estou atarefadíssima e não tenho tempo para isso, deixe aqui o lanche de Riqueta. Não sei nem se a minha menina ainda vai querer! Mande o Franque vir aqui e vê se não vai andando como uma ema. Vai...vai...vai... Logo e como um cometa. Como excelente escravo... Ops! Quis dizer, mordomo eficiente que é Joselito foi depressa, mais depressa mesmo falar ao cabeleireiro Franque que o seu acesso aos aposentos da condessa Esnobina estava liberado. E a conversa entre as duas madames continua solta... - Riqueta essa vida de beleza me estressa, ainda bem que daqui a seis meses decidi que vamos entrar de férias. E nossas maravilhosas férias serão no Caribe como te prometi. - Au...Au...Au... - Eu também não vejo a hora de estar lá, só de pensar no hotel Estella Rubia... Sinto me nas nuvens. Pena que na última vez que estive lá nós não tínhamos essa esplêndida amizade. - Au... Au... Au... - Quem dera você tivesse antecipado sua existência queridinha. - Au... Au... Au... 11
  • 12. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 05 Enquanto o recado não chega ao seu destinatário a sonhadora Clarice dá uma investida naquele que para ela é um galã de novela. - Sr. Franque posso lhe servir mais um cafezinho? - Sim. - Disseram-me que o Sr. é um excelente cabeleireiro. - Todos dizem isto. - Você não é nada convencido, hein? - Você acha? - Convencido, lindo e um ótimo cabeleireiro. - Obrigado, você até me impressionou, não pensei que seria uma pessoa tão agradável. - Eu sempre quis ser uma cabeleireira. - Serio? Isso é para quem tem vocação. Se você tem poderá chegar pelo menos aos pés da Unix Perfect Cabeleireiros. - Eles são bons? - Só perdem para o papai aqui. - Gostaria de ter a oportunidade de ingressar nessa área. - Quem sabe posso dar umas aulas a você? - Eu adoraria quando começo? - Eu disse quem sabe e não vou dá-las. Você entendeu moça? - Perdoe-me eu não queria ser atrevida. - Que nada, gosto do seu jeito, vou até deixar meu cartão com você. Me ligue, pois minha equipe pode receber mais uma boa cabeleireira. - Não sei o que dizer! - É lógico que diante do melhor cabeleireiro do mundo qualquer um ficaria assim, todavia sobre trabalhar para mim, saiba que se tiver de ser, será. Quando a conversa ia de vento a polpa chegou a noticia que Franque estava aguardando. - Sr. Franque. - Pois não, Joselito a madame se lembrou de mim? - Lembrou. E disse que o Sr. pode subir. - Em qual quarto ela está desta vez? No outro dia você mandou subir e fiquei procurando onde ela estava muito tempo, gastei uma hora, hoje estou apressado tenho que fazer outra visita de negócios. - Desculpe Sr. Franque às vezes eu esqueço que nem todos conhecem esse labirinto de quartos. Subindo as escadas vire a direita, depois do primeiro corredor vire à esquerda, caminhe no terceiro corredor e depois de passar pelas dez portas de Nivier vire a esquerda novamente que você verá uma porta que é uma relíquia do século XVIII, nela você poderá ver o brasão da família Esnobina e o retrato de um velho sentado numa cadeira de balanço com seu nome escrito em letras romanas: Gilfredo Esterovaldo Esnobina é o lugar onde ela está. 12
  • 13. RIQUETA A GRANDE AMIGA - Esqueci meu gravador, da pra repetir? 13
  • 14. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 06 Depois de muito procurar, Franque encontra o lugar onde as duas conferencistas o esperam. Ele veio determinado a modelar suas fisionomias e com entusiasmo que antecipado o toque das queridas notinhas verdes ele bate na porta. Elas ouvem o som das batidas: Toque... Toque... - Sim. - Sra. Esmilhoneira, sou eu, o Franque. - Oi querido. Como você está lindo, sempre charmoso. - Obrigado madame. - Eu já te disse que esse seu perfume é um show? - Se disse eu não estou lembrado. Mas agradeço por ter reparado em meu simples Parisier. - Gosto de sua delicadeza e simplicidade Franque. - Sempre jovial. Tu és especial e amável condessa; feliz daquele que esta sobre seus cuidados. - Eu tenho falado pra minhas amigas que não existe um cabeleireiro como você neste mundo. - Au...Au..Au... - Veja só Franque, Riqueta está confirmando minhas palavras, ela é testemunha ocular de meu apreço por você. - Oi menina linda, deixa o Franquizinho te dar um beijinho, você está a cada dia mais bela Riqueta, só perdendo para sua linda amiga. E como qualquer sujeito doido por dinheiro e que faz tudo para obter-lo, Franque não fica só nas palavras, mas realmente beija a cachorrinha, apesar de sua ojeriza por cães. A condessa Esmilhoneira acha o máximo ser bajulada, mas quando também bajulam sua especial amiga é capaz de doar até sua própria fortuna. Feliz pelas adulações ela continuou a conversa com seu requisitado cabeleireiro assim: - Franque você é adorável. - Condessa Esmilhoneira estou aqui para servir e pra fazer arte, apesar de que eu vou colocar apenas uns pequenos detalhes nesta obra de arte viva que é você mesma, meu jasmim dourado. - Que pena que você é muito ocupado, senão o contrataria pra ser meu secretário. - Para mim seria uma honra, mas escolhi a vida de artista e não poderia abandonar esta tão exuberante vocação. - Infelizmente sei disso. - Queridinha tenho duas grandes novidades que irão te encher de alegria. - Sério!? Qual? Você me deixa em suspense quando fala em novidades. - Queridinha... Queridinha, adotei um novo perfil profissional. - Não me diga!? - Não sou mais um cabeleireiro, sou um produtor! - Produtor!? - Sim, produtor de divas! 14
  • 15. RIQUETA A GRANDE AMIGA - Oh! Que chique! Que maravilhoso. Quer dizer que agora eu tenho de dizer que tenho um formidável produtor. - Sim, é mais light e vai abafar na alta e estrelada sociedad paulist. - Adorei, mas estou preocupadíssima hoje e quero ver se você realmente vai conseguir fazer que os meus fios de ouro brilhem como o sol em seu ponto máximo de força e vigor. - Como Sol e com ajuda das demais estrelas ao seu redor! - E qual é a outra? - Formei uma equipe que também cuida da estética animal. - Isso é brincadeira!? - Não minha queridíssima Esnobina, tenho em mãos todo o catalogo. Dê uma olhadinha e veja que até Riqueta irá brilhar ao seu lado, lógico que em proporção menor, pois sua beleza é inimitável. - Eu já levei a Riqueta hoje no salum da Marieta Espul. - Imagine meu estilo Society ligado também nesta nova área. - Lógico que vai arrasar. A Riqueta vai tomar outro banho de beleza hoje! - Minha equipe está lá no furgão posso chamá-los? - Oh, sim, pensei que já estivessem aqui. Quanto mais rápido melhor, mande-os correr, pois as horas não esperam. - Eles virão a jato condessa. - Franque que eles venham com toda rapidez, mas lógico que também com o maior cuidado, pois o piso importado da Itália não pode ser danificado. O produtor de divas tentar discar de seu celular, mas não consegue e por diz a condessa: - Meu celular está descarregado, veja só peguei a bateria errada, foi uma pequena falha de sincronia, será que posso usar seu telefone? - Rápido Franque, já deveria ter usado. Franque faz a ligação e fala com sua equipe que já estava a postos para essa lucrativa missão. - Deise entre com a equipe, temos urgência no serviço. - Depois de duas horas esperando ainda existe urgência? - Bobinha, parece que não esta acostumada com estas situações, venha depressa e traga as amostras dos cremes Franceses. - Já estamos indo. - Queridinha, por favor, venha voando! - Tudo bem Franque. Até já. Ao desligar o telefone Franque se dirige novamente a Condessa. - Eles já estão a caminho e enquanto eles chegam estou aqui com meu novo álbum de especialidades nacionais e internacionais, são o que tem de mais gran em estilo de produção capilar do momento. - Deixe-me ver. - O que vossa excelência esta achando? - Que lindo, venha ver também Riqueta, não dá para deixar de não ter dúvidas de que jeito quero meus fios de ouro hoje. 15
  • 16. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 07 Na cozinha da mansão, além das labutas culinárias se desenvolve uma reunião extra funcional para falar de assuntos pendentes ou pretendentes entre Clarice e Lílian. - O que você acha? - Acha o quê? - Estou bonita? - Sua beleza é bem própria de garotas sem juízo. - Mas sou bonita, não sou? - Não é nenhuma Luiza Brunet, mas dá pra ser cortejada. - Você acha? - Claro, qualquer pé de chinelo quer uma garota bobinha como você. - Ainda bem que não levo a sério suas piadinhas. - Devia levar, pois eu procuro tirar você do mundo da Lua. - Você acha que eu sou uma adolescente? - Não, sua cara já é bem velhinha pra está faze, mas age como se fosse uma. - Quantas amigas como você alguém como eu pode ter? - Eu sei lá. - Pelo menos você se preocupa comigo. - Claro você se parece muito com minha filha. - Você não me disse que tinha uma filha. - É porque procuro esquecer. - Esquecer por quê? Se os filhos são as coisas mais importantes desse mundo. - Quando não tem gratidão por aqueles que lhe deram a vida eles passam a ser o alvo da borracha que apaga o que é indesejável da memória. - O que ela fez? - Fugiu com um cafajeste riquinho de um lugar onde trabalhei. - Você não a viu mais? - Depois que ele a largou eu a vi. - E ai? - E ai! Que não criou juízo mesmo, com três ursinhos nos seus pés ela não endireitou, seu desejo por macho a fez ficar mais doida do que nunca. - Vocês não se conversam? - Claro que sim, felizmente quando ela foi embora da última vez nós estávamos bem amigas, só que ela se foi e não me deu mais notícias. - E ficou por isso mesmo? - Depois já trabalhei em pelos menos cinco lugares: Porto Alegre, Florianópolis, Cascavel e duas vezes em Curitiba e depois vim pra cá, ser escrava da Condessa. - Você não tem saudades dela? - Sim e ao mesmo tempo não, ela me deixava muito preocupada, agora pelo menos minha preocupação é só com a comida e pra minha tristeza com você também. - Lílian acho que estou apaixonada. 16
  • 17. RIQUETA A GRANDE AMIGA - O cupido te deu uma flechada Clarice? - Você conhece aquele bonitão que vem arrumar o cabelo da condessa? - O Franque? Sei não, cabeleireiro tem uma tendência meio estranha. - Como assim? - Cabeleireiro gosta de braços fortes, pela áspera e voz grossa minha filha. - Você está sendo preconceituosa Lílian. - Quisera eu ser o que você diz. - Ele é diferente Lílian, amável, galanteador e se mostrou atencioso comigo. - Todas as mulheres carentes como você caem facilmente na rede desses pescadores, não podem ouvir um gracejinho que já se derretem mais rápido do que sorvete de palito. - Eu não sou tão fácil assim. - Não parece, será que as pancadas que você tomou na vida não te deram uma couraça que agüente as provações cotidianas? - Você mal o conhece. - Quando agente vive muito sobre essa terra começamos a ter faro mais sensível do que um cão de caça, vai por mim minha filha esquece esse sujeito. - Ele me deu seu telefone. - Jogue fora, na sua vila deve ter alguém que possa se compadecer e se ajuntar contigo. - Ficar naquele lugar para o resto da vida? Cansei de ser pobretona, estou disposta a tudo pra sair dela e vencer na vida. - Vencer na vida se enroscando a um camarada efeminado? Você vai é pegar uma doença ou parar na terra do pé junto. - Nunca pensei que você fosse tão pessimista Lílian. - Já vi mocinhas que nem você e seus contos de fadas virarem pesadelos do tamanho desta mansão, sua bobinha. - Que horas são? - A mesma de ontem! São exatamente 21h50. - Nossa até agora a Sra. Esmilhoneira não chamou, o que será que ela tanto faz no cabelo? Dizem que o Franque é um artista neste ramo, mas não pensei que pra fazer um penteado demorasse mais do que pra fazer uma cirurgia complicada, mamãe teve de operar de um câncer e ficou 5 cinco horas na mesa da cirurgia e agora fazem 6 horas que estão lá em cima, desse jeito eles estão criando cabelo e não modelando. - E daí, que fiquem uma semana lá, só assim a Condessa não torra nossa paciência. - Queria estar lá! - Sua bobinha lugar de pobre é aqui onde nós estamos. Além disso não esqueça que você tem obrigações. Chame os leões de chácara para jantar. - Todos eles? - Não, somente avise o Aguiar ele sabe quem mandar primeiro. - Tudo bem, já estou indo. 17
  • 18. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 08 Depois de tanto bajular, mexer e remexer, desarrumar e arrumar o penteado da condessa Esnobina ficou pronto e sua querida Riqueta também não ficou para trás, as duas pareciam figuras do cinema, estrelas de uma peça teatral. Mas uma vez Franque fez jus a sua reputação e com isso iria sair com o bolso forrado de verdinhas, ou melhor com a conta bancaria mais um pouco rechonchuda. - Não acredito Franque! Você fez um milagre. Eu e minha Riqueta estamos mais lindas que a princesa Daiane. - A minha felicidade é ver seu prazer, querida. - Desta vez você se superou! - Quando você não conseguiu escolher um modelo do meu álbum resolvi criar um penteado que ninguém jamais usou. Isto é pra você ver que eu realmente sou um produtor de deusas, de ninfas da alta sociedade e que não é por acaso que tenho um grande e respeitável nome . - Vou te dar uma gratificação extra por este fabuloso feito Franque. - Agora também adotamos o cartão e o cheque eletrônico Sra. Esmilhoneira e podemos parcelar em até cinco vezes. - Espere um pouquinho deixe-me ligar para o Téo, ele é meu novo secretário e vai acertar tudo. Ela ligou para o secretário. - Pois não. - Téo o Sr. Franque realizou um serviço maravilhoso pra mim e ele vai ai acompanhado de Joselito e da mesma maneira que deste a Xavier aquela gratificação, dê também a Ele. E se apronte, pois estamos atrasados para a festa que vai ser abalada pelo meu resplendor. Tchau. - É isto ai Franque, o que eu estava querendo vai acontecer, vou arrasar hoje. - Precisando é só me ligar ou enviar um e-mail. - Vou precisar de você na semana que vem. - Dependendo do dia. - Na próxima sexta-feira. - Sexta-feira que vem não vai dar, eu tenho já agendada a Sra. Aparecida Montargue. - O quê você vai me desprezar em troca desta perua? - Ela me agendou há cinco meses atrás Sra. Esmilhoneira. - Eu pago o dobro que ela. - Não tenho o costume de desmarcar e nem colocar alguém na frente de quem esta agendada, meus compromissos com minhas clientes são pra mim honra e nem por ouro ou por prata eu poderia deixa-la a espera do produtor de divas e dar ocasião de falar uma unha se quer de minha reputação que é conhecida até na outra América, isso é uma questão de ética. - Ninguém diz não pra mim Franque. 18
  • 19. RIQUETA A GRANDE AMIGA - Eu não disse não, disse que não tenho costume, mas Sra. pode me ligar na terça e podemos conversar. Com sua permissão tenho que ir. Nesta hora o telefone tocou: Trim... Trim... Trim... - Chamou Sra. Esmilhoneira? - Sim, Joselito leve Franque até o Téo, eles tem algo que tratar. - O levarei imediatamente Sra. Esnobina. - Vá depressa, por favor. - Adeus Sra. Esnobina. - Até mais Franque. - Agora que me lembrei que semana que vem temos a entrega do prêmio dos Friisp´s do ano ( Famosos, ricos, importantes e inimitáveis da sociedade paulistana) e a Cidinha vai estar lá com o penteado do meu cabeleireiro e só falta ganhar o prêmio que por direito é meu. - Au...au... - Obrigada, Riqueta por suas palavras encorajadoras, elas me animam muito. - Au...Au... - Não acredito. Aquela... Aquela... Espere não posso ficar nervosa, me produzi deste jeito para dar um show daqui a pouco, realmente não posso ficar nervosa, a testa se contrai, a feição fica horrível, eu li uma reportagem que diz que quanto mais sorrimos mais joviais ficamos, quanto mais mau humor mais a velhice se aproxima. - Au... Au... - Apesar que já marquei a cirurgia plástica com Dr. Madureira pro mês que vem antes de nossas férias... Nossa como estou atrasada... Joselito chegou e disse: - Sra. Esmilhoneira. - Pois não Joselito? - Felisberto e Téo estão aguardando a Sra. em sua Mercedes. - Já estou indo, não se esqueça Joselito de ligar pra Tânia me trazer os modelitos de verão pra minha viagem ao Caribe. - Sim Sra. assim que a vossa Alteza se direcionar ao seu compromisso eu ligarei. Deixe-me acompanha-la até a varanda. - Obrigada Joselito estou pensando em leva-lo em minha viagem, pois não sei fazer nada sem você. - Estou ao seu Dispor Sra. Esmilhoneira. 19
  • 20. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 09 Aguiar e Leonardo conversam e jantam na cozinha com a paroleira Lílian. - Veja jogou uma fortuna fora com aquele cabelo que mais parece um ninho de urubu! - Pare com isso. Já pensou se ela sabe desse seu comentário, você vai para o olho da rua. - Não tenho medo. - A última pessoa que falou isso, veio à semana passada ver se volta a trabalhar aqui de novo. - O que você acha Aguiar ? - Você está certa Lílian, quem espera com paciência pode colher frutos maduros agora o impaciente come tudo verde. - É verdade Aguiar. - Aprenda isso Leonardo. - Não me conformo, ela prefere gastar uma fortuna com essa cachorra tola e com esse cabelo feio, e com um bocado de baboseiras. - Pouco ou muito você ganha alguma coisa, pior será não ter o que ganhar. Tenha paciência e aguarde que daqui uns três meses eu peço novamente um aumento salarial para nós todos e quem sabe ela não se comove com nossos esforços e... - Aquele coração de pedra, se ela pudesse nós trabalharíamos de graça. - Acho que você já desabafou demais volte para seu posto e não fique comentando isso, digo para o seu bem. - Sim, Capitão. Não tocarei mais no assunto. Leonardo termina o jantar e volta para o seu posto, mas Lílian e Aguiar continuam a conversa. - Ele é bom segurança, somente é um pouco afoito, sem aquela experiência que vem com o passar do tempo Lílian. - No mundo o que existe mais é meninos com corpo de homem e meninas com corpo de mulher e juízo que é bom nada. - A condessa disse que vai viajar o mês que vem Lílian para o Caribe? - Sim, e vai levar o Joselito. - Isto não é de se admirar. Acho que ela não vive sem ele, não existe um serviçal igual em nenhuma parte do mundo. - Você é muito piadista Aguiar, Joselito apenas faz a parte dele. - Não me diga que virou defensora do Joselito. Isto não está me cheirando bem. - O que você quer dizer seu sem graça. - Nada, nada. Sabe como é... Dois cinquentenários carentes... - Saia daqui seu... Seu... Aguiar sai rindo da cozinha com sua visão biônica e Lílian ao fechar a porta olha para o teto e suspira: - Até que não seria uma má idéia! 20
  • 21. RIQUETA A GRANDE AMIGA 10 Parece que a vida reserva surpresas e os meninos e meninas se encontram: - Oi, qual é o seu nome? - Por que você quer saber meu nome? - Porque gostaria de te conhecer melhor. - Meu nome é Clarice e o seu? - Leonardo, ao seu dispor. - Não sabia que os seguranças eram cavalheiros. - Se você me der uma chance posso te mostrar ainda mais do que você pensa. - Não estou a fim de você. - Que fora! Talvez nós possamos ser bons amigos, não precisa falar dessa maneira. - Eu conheço esse tipo de cantada. - Não pensei que você fosse tão brava. - Não sou só mordo quando me tiram do sério. - Até que eu ia gostar de uma mordidinha! - Ah... Ah... Você é bastante insistente. - Ouvi dizer que quem não arrisca não petisca, e que se não derruba uma arvore na primeira machada. - Posso pensar! - E que dia tenho a resposta? - Quando eu quiser dar é lógico! - Assim meu coração vai desfalecer. - Quero ver se você é insiste ou não. - Espere... Deixa eu... - Tenho que ir arrumar o quarto da Sra. Esmilhoneira antes que ela volte. Tchau. 21
  • 22. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 11 Por volta das quatro horas da madrugada a condessa Esmilhoneira sem sono estava a caminhar pela varanda pensativa, quando notou que Clarice vinha da cozinha, pois havia ido tomar um copo com água e o remédio antiestresse que foi receitado há apenas dois dias atrás. Logo ela a chamou autoritariamente como sempre. Pobres... Pobres que quando não trabalham se estressam e quando trabalham também se estressam... Que vida hein!? - Chame o Joselito urgente Clarice. - Sim, Sra. Esmilhoneira vou correndo. - Espero que não chegue depois de amanhã. Alguns minutos depois aparece o eficaz mordomo. - Pois não Condessa. - Esta de pijama Joselito? - Quando soube que a Sra. estava me chamando há essa hora levantei as pressas e nem tive tempo de me vestir, pensei que estivesse tendo aquelas crises de depressão. - Quase isso, traga-me um anador a jato. - Já passei na mini-farmacia e trouxe os remédios de depressão, inclusive o anador está na maletinha de primeiros socorros, só falta à água. - Obrigada Joselito, sem você não sei o que eu faria desta vida. - Minha obrigação é servir condessa. Espere um pouquinho que vamos providenciar as água. - Por favor, Clarise vá buscar uma água sem gás. Quando Clarice saiu tornou-se claro a questão da chamada urgente de Joselito – o ombro amigo precisava entrar em ação. - O que aconteceu? A sua apresentação não deu certo condessa. - Não, foi maravilhosa, mas ela não estava lá pra se morder de inveja de mim! Isto me deixou arrasada. - Na próxima vez ela vai ver seu esplendor, não se preocupe. - Ainda bem que a Riqueta vinha me consolando no caminho. - Claro que Riqueta é uma amiga fenomenal, somente uma pessoa como ela poderia dar o apoio que vossa excelência necessita. - Lógico Joselito, mas mesmo assim sinto que a Cidinha vai me superar na próxima festa. - Deixe disso Condessa. - Não, da outra vez quem vai arrasar na festa será ela. - O que é isso, você sabe que não existe uma Friisp mais elegante e glamoriosa do que a Condessa Esnobina. - Oh! As tuas palavras me consolam Joselito, estou me sentindo melhor! 22
  • 23. RIQUETA A GRANDE AMIGA - Erga a cabeça! Princesas como você não podem curvar-se ao ridículo ponto de se humilhar para qualquer peruazinha com as penas caídas. - Vá até a garagem e converse com o Felisberto e Téo, pois na minha ira acabei dispensado eles dois, mas vejo que estava somente com a cabeça quente e eles ainda me são muito úteis, diga que eu os readmiti e amanhã o Felisberto tem que buscar a tia Marieta as 09:00 hs no aeroporto internacional. - Tudo bem condessa. - Estou exausta, vou descansar. Mal findou a conversa quando Clarice chega com uma noticia que multiplicou o estresse da Sra. Esnobina. - Sra. Esmilhoneira o Conde Aranha esta no telefone. - Às cinco horas da manhã? - Sim Sra. e parece que é urgente. - Esse idiota só liga em horas inoportunas, diga pra ele que eu morri, sendo ele meu ex, fica sem importância pra mim. - Ele disse que é caso de vida ou morte. - Olha aqui sua empregadinha de última categoria, se você não é surde ou tem algum problema mental diga a ele que meu advogado tem tempo pra ouvir eu não. E tem mais Clarice, se você voltar a me falar desse idiota eu vou te mandar embora. - Sim, Sra. - Suma da minha frente agora. - E você Joselito, traga meu tapa olho e uns dois calmantes. 23
  • 24. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 12 Você sabe quem foi escolhida como a Friip do ano? Não, não foi a Esmilhoneira. Também não, não foi a Cidinha. Para deixar a nossa protagonista louca de raiva as duas foram escolhidas como as Friip´s do ano e foram homenageadas com toda sorte de cumprimentos e fotos e mais fotos foram tiradas das duas divas da sociedade paulistana. Imagine o estado de nervos da Friip do ano. - Joselitooo! - Pois não condessa. - Depois de ontem não estou pra ninguém. E se alguém aparecer para me cumprimentar pela escolha do Friip´s do ano diga que morri. - Essa mulher morre mais que tudo. Pensou ele. Depois de uma semana de mau humor a condessa levantou em uma bela manhã e disse ao telefone: - Felisberto prepare o carro, nós vamos as compras. - Sim Sra. - Dois segundos para ele estar parado diante da varanda. Em dez segundos e três milésimos ele estaciona a BMW blindada a espera da condessa. - Quando você irá adivinhar meus pensamentos Felisberto e chegar no horário que proponho? Dez segundos e três milésimos é muito devagar. E falando em devagar Téo também está demorando hoje. - Ele já está vindo Sra. - Não o defenda Felisberto. Vocês sempre encobrem os erros um do outro. Se não fosse tão difícil encontrar funcionários de confiança vocês estariam trabalhando em outro lugar. - A Sra. tem completa razão. - Cale-se. Riqueta está incomodada com sua voz. Você ganha para dirigir e não para falar. Antes de terminar a frase chegou Téo que ao entrar no carro pediu suas costumeiras desculpas a Condessa que apenas ignorou dizendo que também se calasse e fossem rapidamente ao centro Esnobe de compras, os quatro na BMW e o os dois seguranças no celta atrás. Depois de horas andando e comprando os quatro homens estavam cheios de pacotes a carregar obedecendo às implicâncias de Esnobina que recordara que iria participar de uma festa na casa do barão do café na cidade de Ribeirão Preto e como costume observou que já estava atrasada. Dessa vez para chegar a tempo teria que ir de helicóptero e por isso apressou seus servos a irem mais depressa aos automóveis. Quando eles chegavam aos seus carros algo terrível veio a acontecer, os quatro carregadores de pacotes foram abordados por homens encapuzados e foram dominados. Os cinco elementos mostraram que vieram fazer um serviço especial—seqüestrar. Você pode dizer bem feito, a ricona chata merecia ser seqüestrada. Ou também pode ficar com dó e dizer pobre Esmilhoneira, apesar de ser tão esnobe e bruta não merecia essa 24
  • 25. RIQUETA A GRANDE AMIGA tão terrível atrocidade. Espere um pouco. Quem lhe disse que ela foi seqüestrada? Os seqüestradores levaram Riqueta. Você pode então imaginar o desespero da Condessa. Tocaram no ponto fraco da milionária, levaram sua melhor amiga. E agora? 25
  • 26. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 13 Ao chegar à mansão a Condessa Esnobina aos prantos se refugia nos ombros de seu fiel escudeiro. - Joselito eles levaram Riqueta. - Quem levou? - Não sei. Quando nós voltávamos das compras e as mãos de Téo, Felisberto, Geraldo e Ricardo estavam ocupadas com os pacotes cinco encapuzados nos abordaram e levaram Riqueta. - Mas Geraldo e Ricardo não fizeram nada? - Estes incompetentes não fizeram nada. Também pudera as mãos estavam ocupadas. - O que a policia disse? - Eles disseram que se a policia fosse informada desse seqüestro eles iriam matar Riqueta. Depois destas palavras Esmilhoneira desabou a chorar desesperadamente. - Não fique assim Condessa, Riqueta há de voltar. - Sim, Joselito. Eu pagarei o que for necessário — Mal terminou de falar o telefone tocou. E quando Joselito atende o telefone ouve a voz de um dos seqüestradores que pede para falar com a Condessa que tremula fala: - Sou eu mesma. Pode falar. - Não entre em contato com a policia. Siga nossas instruções e sua amiguinha logo estará de volta ao seu lar. - Por favor, não façam nada com minha princesinha. - Faça o que mandamos e nada irá acontecer com ela. - O que vocês querem? - Calma Condessa. A pressa para rever sua amiguinha é tão grande assim? - Claro! Ela nunca ficou tanto tempo longe de mim. - Que coisa terrível! Brincou o seqüestrador. Faz apenas três horas que ela está sobe nosso poder. - Diga logo o você quer? - Você tem quarenta e oito horas para colocar uma mochila escolar com cento e cinqüenta mil reais na lata de lixo dentro do cine quatro no Shoppim Alfanobre. Entendeu? - Sim. - Faça isso e verá novamente sua amiga. - Mas tudo isso? - Você deveria dizer só isso. Nós sabemos que você tem muito dinheiro. Como somos seqüestradores de classe vou aumentar o resgate. - Mas... - Cale-se condessa. (dá pra imaginar a ira que este cidadão provocou na condessa Esnobina ordenando-lhe que se cala-se). 26
  • 27. RIQUETA A GRANDE AMIGA - Silêncio. - Além do dinheiro coloque dois vinhos franceses da safra de 1890 que você possui na sua adega particular e numa caixinha embrulhada para presente sua tiara florida datada de 1800, lembrança do ducado português e Castelhano. - Como você sabe? - Não se deve relatar o paradeiro dos pássaros para que eles não sejam engaiolados baronesa... ops, duqueza... quão difícil é conversar com nobres. Perdoe meus erros. - Se acontecer alguma coisa com minha princesa você... - Calminha. Lembre-se que o dinheiro compra tudo. - Tudo bem. - Acho que seu amor por Riqueta é maior do que o amor por seu dinheiro Condessa. Ao terminar essa frase o seqüestrador soltou uma gargalhada e desligou o telefone. 27
  • 28. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 14 Com apenas um telefonema o dinheiro já estava na mansão dos Scaporetto em menos de uma hora. A Condessa tinha um amor singular por sua cachorra e se sentiu aliviada pela quantia não ter sido maior, pois com toda certeza ela a desembolsaria. As quarenta e oito horas foram as mais longas que vossa alteza passaram durante estes últimos tempos. O esplendor do condado Esnobil estava abalada e a frase que mais se ouvia era: Foi-se o brilho deste lugar! Esmilhoneira não cansava de repetir esta frase que encheu o ar daquele lugar de uma melancolia fantasmagórica. Na última tentativa de repousar e viajar nos braços do sono os gritos por Riqueta invadiram cada centímetro da mansão saindo inclusive na direção dos seguranças nos seus respectivos postos junto ao muro que separava os Scaporetto do mundo paupérrimo dos menos ricos (visinhos). A beira da loucura se encontrava nossa protagonista. Não é pra menos, ela estava vivendo um amor platônico! Ou plutônico!? Muito bem. Só um psiquiatra poderá dizer e como não estamos com um disponível no momento deixemos estas conclusões para o dia e hora da verdade. Verdade? Quando o relógio dizia que faltavam duas horas para o termino das quarenta e oito horas Clarice foi enviada a missão de levar o resgate ao Shopping Alfanobre. Como a ordem do seqüestrador era para a mochila ser colocada no minuto exato que completava as quarenta e oito horas Clarice ficou quase que uma hora e quinze minutos de olho no relógio de mochila no colo e se tremendo de medo. O minuto chegou. Clarice depositou a mochila na lata de lixo dentro do cine quatro cinco minutos antes do inicio da sessão da nova produção Hollywoodiana: Os explorados do Sul. Ela saiu antes do filme ser exibido. Entrou na Mercedes da patroa e juntamente com Felisberto voltou para mansão. E Riqueta(?), você irá me perguntar. Eles cumpriram a parte do trato. Três horas mais tarde ela apareceu em uma clinica veterinária nas proximidades do Shopping Alfanobre. Acredito que você irá despejar uma serie de perguntas como: Depois disso a policia não foi contatada? Foi. E prenderão os ladrões, salafrários e seqüestradores? Não. Mas por quê? Meu caro leitor quantos casos você já leu que não tiveram solução? Tenho absoluta certeza que tu dirás: vários! Acrescente mais um e fim de papo. E como nossa anfitriã já um tanto problemática não quero ir muito adiante neste contexto sequestral. Acredito que você já ouviu dizer que detalhes de certos crimes ajudam outros e etc. como deves ter percebido estou saindo de fininho. Tchau. Vamos para o outro capitulo. 28
  • 29. RIQUETA A GRANDE AMIGA 15 Com Riqueta em casa e quase feliz Esmilhoneira preparou uma festa daquelas. Sua intenção era mostrar que não ficou abalada com esse seqüestro relâmpago e a exigência desse resgate que levou uma querida jóia de família. Pelo menos esse seqüestro faz parte do passado da Condessa e disso ela faz questão de falar: - Joselito esse acontecimento horrível não deve ser mais mencionado neste lugar. - Não falarei mais nisso. - Tenho certeza que não. O telefone toca neste instante e Joselito o atende. - Joselito mordomo da família Scaporetto a seu dispor. Sim. Espere um momento. - É da segurança condessa e eles informam que acabou de chegar o Sr. Franque com sua comitiva. - Mande-o entrar, pois quero estar brilhando hoje com minha descomunal festa. Antes da viagem para o Caribe que será realizada sem falta depois deste sufrágio doloroso... Lágrimas começam a correr dos olhos de Esmilhoneira. Clarice querendo agradar chega oferecendo um copo com água e é posta pra correr aos berros, pois em vez de água com gás trouxe água mineral. Pobre Clarice. Alguns minutos depois Franque entra e gasta um tempo colossal para poder cobrar mais e assim satisfazer os efêmeros desejos de Esnobina. A festa iria ser de uma repercussão sem igual no meio da sociedade paulista. 29
  • 30. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 16 Apesar de trabalhar a algum tempo com a esnobe Esmilhoneira Clarice não se acostumou com o jeito explosivo e mandão de sua patroa, que nasceu em berço de ouro, mas nos seus excessos demonstra menos educação do que quem nasceu em berço de papelão. Neste momento nossa audaz camareira afoga suas angustias e sonhos com o candidato a mordomo do ano, Joselito. - Diga com quem tu andas que te direi quem tu és! - Meu pai sempre me dizia isto, eu só quero saber quem ensinou essa bruxa dar coices. - Aprenda comigo Clarice, já te disse varias vezes que o segredo da mordomia é ter paciência. - Tenho um compromisso serio hoje à noite. - Não vai me dizer que vai namorar o Leonardo. - Como você sabe. - Olhares derretidos são facilmente detectados. - Ele é legal, estou até indecisa. - Não sabe se escolhe ele ou o Franque. - Você é uma espécie de Adivinho? - Quando vi o cartão do Franque sobre sua cabeceira manchado de batom tive uma revelação. - Você é muito observador. - Nessa profissão temos quer pensar na velocidade da luz e saber o que a patroa quer antes dela pedir. - O quê você acha? - Garota, Garota vê se não vai se decepcionar de novo. - Eu não quero, mas como eu posso saber quem vai ser meu herói se não escolher. - Às vezes o tempo é a melhor escolha. - E se eu ficar pra titia. - Melhor ser titia do que uma creche ambulante. - Estou confusa, você e Lílian me dão muitos conselhos, mas às vezes acho que se não encarar a situação vou ficar doida. - Com a viagem da Sra. Esmilhoneira você vai esfriar a cabeça. - O quê quer dizer com isso? - Que ela escolheu você pra acompanha-la no roteiro do Caribe. - Não acredito! - Pode acreditar, tem dois meses pra pensar. - Vou conhecer o lugar que nunca sonhei em ir. - Faz dois dias que ela me mandou falar pra você, só estava esperando a oportunidade para ver você fazer esta festa, gosto de te ver sorrindo. - Obrigada. Isso tem seu dedinho! - Estou já velho e não gosto de andar de avião, como sei que sua juventude e energia podem ser mais aproveitáveis do que minhas constantes dores de coluna 30
  • 31. RIQUETA A GRANDE AMIGA e de cabeça causada pela sinusite, achei por bem oferecer minha vaga a você. E como o seqüestro de Riqueta ajudou a decisão da Condessa não se alterar, espero ver suas fotos estampando está sua maravilhosa felicidade Clarice. - Não esperava tanto. - Você tem duas semanas pra se preparar. Depois desta tão formidável noticia Clarice se lança aos braços de Joselito e descarrega uma dúzia de beijos. Ela irá realizar uma viagem inesquecível. Inesquecível por dois motivos: irá conhecer um dos lugares turísticos mais requisitados do mundo e por que também irá suportar sozinha as crises da sua boazinha patroa. 31
  • 32. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 17 A festa da Sra. Esnobina foi um show como de costume. Ela não a realizou em casa, mas no salão de convenções do Palacetus Luxuosus na paulista. Gente famosa foi vista a todo instante nesta deslumbrante festa que serviu de capa para revista Afortunadas Celebridades. O que não faltou neste dia foram também os jornalistas desta área tão restrita. Ao ser entrevista pela revista sobre a causa desta tão esplendorosa festa a Condessa respondeu: A festa é uma homenagem a minha maravilhosa amiga Riqueta. O que para os famosos foi um show e a capa da revista estampava o seguinte título: O que a amizade não faz! Esmilhoneira e Riqueta as duas musas na capa a sorrir. A única coisa que incomodou a Sr. Esmilhoneira foi o fato de Cidinha não ter comparecido a sua festa para se morder de inveja. Ao terminar a festa de gala todos se foram. Cumprimentaram a Condessa e Riqueta não podendo ver a frustração que faz a falta de uma inimiga em horas de exaltação. Ao chegar na mansão Esmilhoneira recebeu seu tapa olho para desfrutar de um repouso que iria lhe servir de consolo para decepção da noite anterior. Ela sonhou humilhando Cidinha de uma forma tão maravilhosa que quase não acordou mais. Sim ela fez esforço para não acordar, mas sonho é sonho, ele acaba. Às três horas da tarde a condessa Esmilhoneira acordou mal humorada, pra variar... Ela percebeu que tudo que havia acontecido foi um sonho. Ela tinha então de distrair a cuca, pois acordar e ver que Cidinha ainda não tinha caído aos seus pés era terrível. Resolveu se arrumar e saiu para comprar alguma besteirinha para distrair e fazer o tempo passar. Nesta tarde preferiu de tão mal humorada que estava sair sem Riqueta e o chofer. Depois de algumas horas no declinar do dia ela voltou e grandemente irada gritou com seu mordomo: - Chame o Aguiar Joselito. - Estou chamando Sra. Esmilhoneira. - Diga pra ele vir correndo. Mais rápido que uma bala Joselito não somente deu o recado, mas o empurrou o chefe da segurança em direção a dona do mundo... Particular é claro. - O que aconteceu? Perguntou Aguiar. - Quando estava preste a entrar um maltrapilho aproveitou pra me importunar. - Ele fez alguma coisa com a Sra.? - Claro que sim, com aquele fedor de gente podre suplicou por dinheiro ou um prato com comida. - Ele quebrou o vidro do carro? - Não. Eu queria sentir o frescor da brisa e vinha com ele abaixado, mas isto não importa. O que realmente importa que aquilo me incomodou. - Este maltrapilho é um barbudo que se traja com um terno velho preto. - Não sei como você identificou que aquele monte de trapo já foi um terno. - Às vezes ele vem na porta da mansão e pede um pouco de comida. - Pede o quê? - Ele pede o mesmo que lhe pediu hoje, um prato com comida pelo amor de Deus. 32
  • 33. RIQUETA A GRANDE AMIGA - Esses sujeitos roubam, usam drogas, não querem trabalhar e ainda usam o nome de Deus pra lhes favorecer nesse caminho errado. - Disse a Lílian que preparasse algo pra ele com o que sobrou de ontem à noite. - E quem deu autorização para lhe dar alguma coisa. - Quando se pode fazer uma boa ação não é bom negar. - Desde de quando Aguiar você foi nomeado a patrão aqui? - Desculpe condessa, não quis ir além de minha função. - Mas foi seu... seu... - Eu só queria ajudar! - Sem câmeras por perto? Sem poder ser descontado no imposto de renda ou sem ser vista por alguém para me parabenizar por isso? - É uma vida necessitada Sra. Esmilhoneira. - Saiba de uma coisa eu não quero esse tipo de gente na minha porta e também não quero ajudar ele a ficar pedindo, você dá hoje ele volta amanhã, e assim nós somos culpados de manter vagabundos na ativa. - Sra. ele está esperando... - Eu já te disse que não! Mande esse vagabundo trabalhar. - Sim, Sra. - Depois de despachar esse pedaço de carne podre ambulante, traga-me a forbes, ou melhor, diga a Joselito para me traze-la, eu a deixei dentro de minha Mercedes. O celular da condessa começa a tocar e ela o atende. - Quem é? - Sou eu condessa. - Que bom que é você Joselito, pois havia mandado recado para me trazer a Forbes (revista), que está na minha Mercedes. - Sim, vou busca-la imediatamente. - O que você quer, por que me ligou se já estou dentro da mansão? - Seu segundo eis... Está na recepção e gostaria de uma audiência ainda hoje. - Esses meus eis... Balançou a cabeça negativamente e completou a frase. Diga pra ele que o banco fechou e que somente lá pra semana que vem eu posso ter um tempinho pra ele. - Mas ele diz que é urgente, madame. - Você é surdo Joselito? Dê um jeito nele. - Sim, condessa. Chamarei os seguranças, pois ele disse que não arredaria o pé daqui se não conversasse contigo. - Faça o necessário. Com um ar de grande alegria por ter despachado mais um de seus ex-maridos ela fez um gesto como se tivesse recordado de algo muito importante e disse: - Já ia me esquecendo Joselito. Eu estava conversando com Riqueta e ela me disse que estava com muita fome. - A Sra. quer que eu faça o de sempre? - Não, ela hoje quer um pouco mais. Faça uns três bifes bem acebolados. - Em alguns minutos estarão em seus aposentos condessa. - Joselito!? - Sim, Sra. 33
  • 34. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS - Eu pensei que você diria em alguns milésimos de segundos, pois eu quero isso a jato. Gritou com voz recalcitrante. 34
  • 35. RIQUETA A GRANDE AMIGA 18 Enquanto o membro da antiga e atual oligarquia paulistana brasileira dá seu show por causa de um prato com comida, Clarice que já está envolvida amorosamente com Leonardo um dos seguranças da mansão conta a ele as novidades: - Vou ter que ir viajar Leonardo. - Você vai me deixar? - Isso faz parte de meu emprego. - Que é isso, daqui a pouco vai ter que morar em outro país. - Se for necessário eu irei. - E nosso amor? - Não seja infantil, temos bastante tempo pela frente e acho bom nós repensarmos. Devemos analisar se nosso compromisso será oportuno para nossas vidas. - Virou a cabeça, né! - São apenas sessenta dias. - Que vão me deixar arrasado. - Desse jeito você comove meu coração. - Com quem vão ficar suas crianças? - Com minha mãe é lógico. - Você é uma mãe desnaturada. - E você um bobo de terno e revolver na cintura. - Fique sabendo de uma coisa eu não quero mais saber de você. - Procure então outra tola pra ficar rastejando aos seus pés, porque a mamãezinha aqui já foi liberta do tempo da pedra. - Pra mim você nunca foi uma escrava. - Eu sei! - Pra mim você sempre foi uma princesa. - Não fale assim. - A mulher mais linda do mundo. - Oh! você está me magoando. - E você não está me magoando também? - Você não entende isso vai ser bom pra mim. - Tudo bem, mas por favor me dê o último beijo. - Por que o último? Eu vou voltar. - Cale a boca e deixe eu te beijaaar.... Ele a segura em seus braços e com determinação e ar apaixonado lhe dá um beijo tão acalorado que ela parecia mais um sorvete ao sol de meio dia—derreteu-se toda. 35
  • 36. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 19 O dia tão esperado chega e a viagem ao Caribe irá marcar a vida da condessa Esmilhoneira e de sua querida amiga Riqueta. - Chegou a hora da viagem e até agora não tive tempo de ir comprar os filmes e as fitas pra filmar a viagem. - Não se preocupe Condessa já providenciei tudo. - Você não é deste mundo Joselito. - Obrigado, mas vivo pra te servir e servir bem Condessa. - Clarice vamos para a viagem dos sonhos de toda Cinderela. - Estou ansiosa. - Eu também ficaria, escute você não esqueceu seu passaporte? - Não todos os documentos estão aqui. - Está bem, podemos ir. - Vamos Felisberto já estamos atrasados, temos que chegar no horário pra passar no check-in a tempo e somente vamos conseguir se você ir voando. - Aperte o sinto e veja como sua Mercedes corre Sra. Esnobina... Felisberto com o espírito de piloto de formula 1 ativado sai a toda, desrespeitando faróis, placas, radares e etc. quem pagará a conta não é ele mesmo. Que mau exemplo, não? 36
  • 37. RIQUETA A GRANDE AMIGA 20 Depois de duas horas dentro do silencio da ausência da condessa na mansão Scaporetto o telefone toca: - Trimmm... Trimmm... Trimm... - Alô, Joselito mordomo da Família Esnobina a seu dispor. - Sou eu Joselito. - Condessa o que aconteceu, pensei que a Sra. estivesse em pleno vôo. - Não deixaram a Riqueta me acompanhar no vôo, estou nervosíssima. - Mas animais não podem ficar juntos com os passageiros. - Eu não me conformo Joselito com que fizeram com minha princesinha veja só como ela esta triste. Ela coloca a cachorra para latir ao telefone: - Au... Au... Au... - Você a escutou dizendo que se sente humilhada. - Sim Sra. Esmilhoneira seu latido parece triste - Ela até chorou Joselito. - Oh que coisa terrível. - É verdade e isso não pode ficar assim procure o telefone do Comandante Rodadim, eu terei que fretar um vôo só pra mim, pois não deixaria minha Riqueta sozinha nem um segundo numa caixa no porão de algum avião. - O Telefone é 7X79-A89T. - Tchau já... Já retorno a ligar. 37
  • 38. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 21 Trimmm... Trimmm... Trimmm... - Alô, Condessa. - Como sabe que sou eu Joselito? - Li seus pensamentos. - Consegui vou viajar as 22h00 e por enquanto estou aqui no hotel Vila do Ouro ao lado do Aeroporto qualquer coisa me liga meu telefone é.... - Se alguém... - Lembre-se do que lhe disse pra qualquer efeito eu morri e já fui enterrada. - Sim, entendo. 38
  • 39. RIQUETA A GRANDE AMIGA 22 Passados os três meses a Sra. Esmilhoneira Esnobina chega no aeroporto de preto, magra e inconsolável. - Oh! Joselito eu sou culpada. - Não fique assim Condessa. - Ela queria vir embora, mas eu disse que deveríamos ficar mais e curtir os callientes tempos no Caribe. - Mas e agora? - Trouxe o seu caixão lacrado por que ela ficou muito feia. - O que aconteceu ? - Quando nos íamos no iate La Rica para a Ilha particular do Sr. Gasperito Gonzáles... Oh! Minha querida como você me faz falta....depois de nos afastarmos do porto uns 40 quilômetros ela caiu na água e não notei sua falta, pois quando a vi pela ultima vez estava dormindo na suíte. - Você estava aonde? - Do lado do capitão observando a paisagem e conversando... Você sabe que sou apaixonada por barcos... Oh! Joselito... Quando me dei conta foi tarde de mais. - E o resgate não foi acionado. - Sim, mas ela se perdeu, foi achada cinco dias depois. - Por que não nos ligou condessa? - Fiquei tão confusa que não me lembrei de ligar para você Joselito. Só lembrei de ligar avisando que eu vinha com essa tão grande tristeza. - Eu é que deveria estar lá no lugar dela! Eu sou culpado, pensei que essa viagem iria fazer bem pra ela. - Oh! Joselito você sempre tem palavras pra me confortar. - Onde ela está! - Já vem, tive muito trabalho pra traze-la tive de acionar o consulado e até abonar uns oficiais pra me liberarem o corpo o mais rápido possível. - Oh! Meu Deus ela tinha quatro filhos. - O que disse Joselito? - Que ela tinha... - Ora você esta viva Clarice? - Lógico que sim, quem disse que não estava? - Eu pensei... - Que tinha sido eu? Ora você já viu a Condessa ter amor por uma pessoa como ela tinha por aquela cachorra? - Foi Riqueta que morreu? - Infelizmente sim... - Que coisa terrível, o mundo acabou pra ela! - Acho que acabou foi pra cachorra isso sim... 39
  • 40. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 23 Ao chegar a Mansão Esnobina Clarice foi direto para sala de reuniões locais... A cozinha contar e saber as novidades. - Oi Lílian, como vai? - Eu vou bem e com bastante saudades suas Clarice. - O que aconteceu de bom? - Muitas coisas? - Conte pra mim. - Depois de você contar as suas. - Esta bem a viagem foi assim... - Nossa você tem experiências pra contar até para seus tataranetos. - E findou a nossa viagem com a morte da Riqueta. - Que coisa, nunca pensei que a deusa da Condessa fosse morrer assim. - Nem eu mas na vida pode acontecer de tudo. - Onde está o Leonardo? - Pediu a conta. - Pediu o quê? - Ele não está mais trabalhando aqui. - Não acredito. - Não é preciso de fé pra notar isso, pensa que não vi você o procurando em todo o jardim e pedindo para o novato ir procura-lo. - Minha nossa, hoje não é o meu dia. Liguei para o Franque e quem atendeu disse que esse número não pertence mais a ele e o Leonardo não trabalha mais aqui. - Essas não são as piores notícias. - O quê você quer dizer com isso? - Algo que vai te abalar. - O quê aconteceu? - Sente pra não cair de costa. - Diga-me logo Lílian, por favor. - O Franque e o Leonardo resolveram viver juntos e mudaram para Curitiba. - Não creio. Como eles puderam fazer isso comigo. - Não fique assim! - Acho que vou ficar pra titia mesmo... - Não chore você tem uma vida inteira pela frente... - Confiar em quem? Se os homens estão competindo nesta luta pelo amor. - Só o tempo pode ajudar... 40
  • 41. RIQUETA A GRANDE AMIGA 24 No enterro da amiguíssima da Condessa Esnobina Clarice fica de boquiaberta vendo o luxo e ao mesmo tempo reclamando do desperdício de tempo e dinheiro doado a um animal. - Veja só Joselito as pessoas vem dar seus pesares pela morte de uma cachorra. - São amigos da Condessa e não poderiam deixar de comparecer a essa cerimônia fúnebre. - Se isso tivesse acontecido comigo ela talvez nem choraria e os únicos que compareceriam ao meu enterro seriam minha família, você e Lílian. - Também não é desta maneira Lílian você sabe que lá no fundo ela gosta de você, e não é hora de especular, o importante é que você está bem e tem muito tempo pela frente. - Animais custam caro, pessoas estão brigando para poder trabalhar para eles, a diferença é essa. - Daqui a pouco termina está cerimônia e nos voltamos aos nossos afazeres. - Esse é o enterro mais chato que já participei. - Chato ou não nos temos que estar do lado dela nessa hora tão difícil. - Eu não acredito, ela está querendo pular na cova Joselito. - A dor da perda é muito grande. 41
  • 42. PAULO FRANCISCO DOS SANTOS 25 Epílogo Na mansão a conversa ainda gira em torno do velório e sepultamento da cachorra mais privilegiada que essa nossa história já conheceu. - Você viu aquele sujeito falando do último latido? - Isso faz parte de qualquer enterro canino. - Se todo cachorro fosse tratado assim, não haveria mais espaço pra gente nos cemitérios. - Já se Passaram três meses e isso ainda parece novidade Lílian! - Vocês devem se preocupar com outras coisas. - Como assim, não entendi? - Parece que a Condessa vai vender a mansão e dispensar os funcionários. - Estou tão velha como poderei arrumar mais algum emprego. - Ela me disse que vai fazer uma seleção e você esta incluída. - Fortaleza te Espera. - Não me acostumo em lugares quentes. - Acredito que vai ser apenas por uma temporada. - Ainda bem que nós vamos juntos. - Lílian acho que somos muito velhos para... - Nunca é tarde para amar seu mordomozinho lindo! Quando os dois começaram a se beijar, subitamente Lílian olhou para o lado e disse: - Escute! A Sra. Esmilhoneira está te chamando. - Joselitooooo! - Sim condessaaaaa! Depois de uma corridinha básica, Joselito esta diante de sua querida patroa recebendo ordens e mais ordens. - Faça um filé de peixe à la Carte com molho inglês e leve pro meu quarto. - Que alegria é essa? Onde estão as suas roupas de luto. - Temos gente nova no pedaço. - Não estou te entendendo. - Quando estava visitando o tumulo de Riqueta você não sabe quem encontrei. - Quem? - A Cidinha. - Aquela perua aguada foi lhe incomodar num momento tão sagrado? - Calma Joselito não bem o que você esta pensando. A principio pensei que viesse me destratar, mas para minha surpresa me deu um caloroso abraço, suas condolências e ainda elogiou meu modelito de luto. - Então fizeram as pazes? - A nossa inimizade veio a surgir por um acaso, algo que não dá nem pra... 42
  • 43. RIQUETA A GRANDE AMIGA Antes da condessa concluir a frase outro ser do reino animal toma conta da atenção. Veja só, ops! Quero dizer, leia só. - Miau...miau...miau... - Vem para o colo da mamãe Filó! - A Cidinha me presenteou com este lindo gatinho. Imagine ela o comprou na sua última viagem à França e me disse que aqui no Brasil eu sou uma das doze únicas Friisp´s que tem esta gracinha como amiga. - Que bom que você já está melhor Condessa. - Sim, estou renovada. Agora, vai, vai, corre r traga logo o filé de peixe para Filó, pois ela está morrendo de fome. - Em cinco minutinhos estou de volta Sra. Esmilhoneira. - Agora que Joselito saiu vamos nos arrumar pra grande festa na casa de nossa amiguíssima Cidinha, não é Filó. - Miau...miau...miau... - Estava pensando em ir morar em Fortaleza, mas acho que vou ficar por aqui mesmo o que você acha? - - Prefere ficar calada sobre este assunto. Vou deixar nossa casinha de fortaleza pra algumas temporadas, só quando estiver inverno aqui. Está bem minha queridinha? - - Estou ou não estou linda queridinha? Eu quero arrasar hoje ... 43