O documento apresenta o projeto AfroPoemas, que promove a publicação de poemas sobre temáticas sociais relacionadas à população negra brasileira. Contém informações sobre organização, localização e objetivos do projeto, além de vários poemas submetidos para a publicação de 2017 que abordam questões como racismo, identidade cultural e resistência.
Apresente de forma sucinta as atividades realizadas ao longo do semestre, con...
AfroPoemas 2017
1. - AfroEscola Laboratório Urbano
- Biblioteca CESA Vila Floresta
- Biblioteca CESA Vila Palmares
- Biblioteca CEU 3 Pontes
nov 2017
AFROPOEMAS
2. iniciativa, organização:
- Odé Amorim (AfroEscola, OFICINATIVA),
projetooficinativa@hotmail.com, 11 4425 4458
- Madeline Cecim (Bibliotecária do CEU 3 Pontes,
madelinececim@gmail.com)
AfroEscola
Laboratório Urbano
Avenida Atlântica, 904
Valparaíso, Santo André, SP
CEP 09060 001
www.oficinativa.org
Poesia diária e muita
criatividade para encarar esses
tempos de agressividades,
retrocessos e conservadorismos
agudos. Por todos os cantos,
vozes se manifestam em favor do
comunitário, do solidário, do
humanitário. Por mais ARTE
VIDA, por mais VIDA ARTE
seguimos...
AfroAbraços
Odé Amorim
Texto da primeira publicação
AfroPoemas, em novembro de 2011
(ainda atual):
“É crescente a necessidade de falar sobre
temáticas sociais que ainda hoje são nós
pessoais e coletivos na constituição
psicológica de nossa nação. E se
conseguimos fazê-lo por caminhos
artísticos / poéticos, acreditamos que
tais debates e reflexões podem
experimentar processos e resultados
impressionantes. Essa foi justamente a
proposta do concurso solidário
AfroPoemas e agora apresentamos a
publicação que nos dá muito orgulho. E
certamente vontade de fazer outras...”
ficha de inscrição
para o ano de 2017
3. INCOMODOU
Ele não parava de falar,
Ele não parava de andar,
Ele não parava de cantar,
INCOMODOU.
Musicalidade, Oralidade,
Anscestralidade, Corporeidade,
INCOMODOU.
Era muito feliz,
sendo ele mesmo,
um eterno aprendiz,
INCOMODOU.
O seu Axé,
a sua autenticidade,
a sua verdade,
INCOMODOU.
William Alegria
AfroPoemas 2017, página 3
Aos meus avôs
Assis Curumba
e João Batista Costa
5. Pele negra, máscara branca
Pele branca, máscara branca
Pele negra, máscara negra
Pele branca, máscara branca
Pele pele
Máscara máscara
A raça nos dividiu
com força nos colonizou
em uma paleta de cores nos desumanizou
Juntemos nuestras peles
troquemos nossas máscaras
rompamos com as paletas
e vivamos todas as cores!
Cultura Viva, Viva todas as cores!!!
Iara
Machado
AfroPoemas 2017, página 5
6. Sueños de cajón, Zaña
A qué sueñas tu gran sacerdote?
En qué piensas cuando tus santos dedos
hacen gemir las tablas,
y los sones, compases y decadencias,
nos hacen vibrar cual bebida ancestral.
Son tus sueños los nuestros?
por qué cierras tus ojos?
estás tocando o ministrando?
A qué sueñas tu gran sacerdote?
qué te dicen los Moches?
qué susurra el Gran Señor de Sipán?
Él, Juan, cerró sus ojos, y tocó festejo!!
David Cabezas
AfroPoemas 2017, página 6
ps: sobre un nene
cajonero con sindrome
de down de Zaña, Perú
8. Pasos:
A pesar de la crueldad, la maldad y la opresión: los seres de todos los colores
se reúnen alrededor del fuego de lo humano a danzar la danza de la libertad,
resquebrajando las paredes con su canto alegre y milenario, destruyen las
cadenas y vuelan en distintas direcciones, sus deidades los guían, aceptan
sus ofrendas honestas que descubren su corazón en llamas: son las brasas
de la memoria las que siguen calentando aquellos cuerpos fértiles y ágiles,
los tambores sueñan que el mundo es un gran tambor y repica: Tam Tam!
despierten seres mágicos, clama la tierra una mirada al cielo! Las estrellas
avanzan cuidando nuestros pasos, el sol ilumina nuestros ojos, la luna nos
recuerda el milagro de la vida…
Aunque la maquinaria sangrienta se siga alimentando con dolor y miseria,
no le entregaremos nuestros corazones:
seguiremos desenterrando nuestra historia y la llevaremos altivxs y tranquilxs,
aunque nos devoren con manipulaciones abyectas,
nosotros seguiremos nuestros sueños, los blindaremos de colores y
persistencia, continuaremos contagiando de palabra, los pasillos del silencio y
la resignación...
Nuestros cuerpos no callan, nunca lo han hecho!
haremos de nuestro encuentro,
una poesía viva y astuta:
que nos UNA desde África hasta los confines del espíritu en una sóla fuerza,
en melodías armónicas del respeto y la solidaridad,
comunidad es lo que somos!
ya conocemos la trampa de la división...
Allá el capital con su acumulación absurda -algún día tendrá que explotar-
y, nosotros seguiremos haciendo caminos,
tejiendo redes y palpitando al compás del bum ba bum de la tierra,
más allá de las estadísticas y la ignominia que nos acosa…
Paso a paso...
Karol Álvarez
AfroPoemas 2017, página 8
9. RACISMO
Racismo é um dos males que permeiam
nossa sociedade.
A pele é apenas a vestimenta que cobre
os nossos corpos que são igualmente
compostos por cérebro, membros,
coração, etc.
Quando escolhemos uma roupa para
vestir uns preferem a cor preta, outros a
amarela, a branca, ou ainda a cor rosa, a
azul, verde e outras.
Assim a espécie humana quando surgiu
habitava lugares com diversidade de
temperatura, de solo, de vegetação e
outros. Por isso não poderiam ter a pele
que reveste nosso corpo com a mesma
cor. Porém todos os seres humanos
possuem o corpo composto por cérebro,
e órgãos semelhantes como o coração,
pulmão e etc. Fomos todos criados pelo
mesmo Deus, portanto
independentemente da nossa cor de pele,
somos todos irmãos.
Entre os animais, que são irracionais, não
existe a discriminação pela cor da pele,
atinja sua capacidade de se colocar
acima dos seres irracionais.
Assim como irmãos devemos nos amar e
respeitar-nos como verdadeiros filhos de
Deus.
Teresa
Favero
Rodrigues
AfroPoemas 2017, página 9
10. Por que o Preconceito contra os Negros se na verdade eles que
deviam tê-los. Nós os tiramos de sua Pátria querida, de perto de sua
família sem lhes perguntar ao menos se era isto que ele queria?
E não foi tratado com o respeito que merecia. Trabalharam de sol a
sol, embaixo do chicote que lhes cortavam a carne, que dó, até um
animal era tratado melhor.
Mas veja só que ironia do destino:
A comida era jogada fora e que o negro para matar a fome as
pegava; Hoje virou uma suculenta feijoada e pelos brancos é muito
apreciada.
E a cor então? Hoje nós, brancos, ficamos torrando no sol pra
ficarmos um pouco moreninho porque branquelos não queremos
ficar não. Então por que tanto preconceito? Há tantos negros lindos
e inteligentes. É só tirarmos o véu do preconceito de nossa frente
para vermos esta verdade tão contundente.
Arleti Negri
AfroPoemas 2017, página 10
11. Negras, Negros, Negres
de esmeraldas que pouco brilham
sigamos emborrachando necessidades
urrando desbotadas e desonradas irmandades
Ecoa-dor de séculos cruzados
pois apreendemos o amém ditado
o perdão programado
evangelho engasgado
Sigamos contaminando ancestrais idades
com humanas idades
de imbecis idades
escravizando ainda nossos escravizados
esvaziando ainda nossos esvaziados
A obra é a prática rotina tranquila
sigamos nesse tempo espaço de tudo dito
nesse espaço tempo do rito mito
homem-deus escrito,
repetido, expedito, aflito...
Novas idades se aproximam
sensação do princípio
de começo do fim
sigamos sigamos assim?
Sentimentos são vários
Como descrever...
Coração pulsando
ao som do tambor, da cabaça
alegria de pertencer
a essa ancestralidade...
Revolta ao saber que existe
escravidão nos dias de hoje!
Sentimentos de impotência
numa sociedade racista
e preconceituosa...
Somos livres,
não nascemos para sermos escravizados
por quem quer que seja...
A nossa alma nunca será ferida
Somos dança,
Corpo,
Comida
e Natureza
Salve Mãe África!!!
AfroPoemas 2017, página 11
Maria Dias
Odé
12. Tiaguta nasceu negra
Pele branca, cabelo ruim
Coração gigante, seca no amor
Empregada domestica desde cedo
Nas casas que trabalhou
Mudou para ajudar sua irmã caçula
Com marido e 5 filhos
3 meninas e 2 meninos
A irmã já grávida estava
E Tiaguta ajudava
Logo nascia neguinha Maguinha
Que logo ficou órfã pois a
Mãe se foi para o céu
Tiaguta se viu então com
Cunhado e 6 crianças
O cunhado desesperado
Um outro amor encontrou
Casando negro com branca tez
Tiaguta embora foi
Pois ciúmes a esposa tinha
Dela que os meninos tanto amava
Ir embora sem menino que vida teria
Maguinha pequena era e com ela lá se foi
Tiaguta trabalhava e de noite chegava
Comentava que lavava e fritava sem parar
Na casa que trabalhava dia inteiro labutava
Os patrões ainda queriam que la ela ficasse
Não ficou porque de mim ela cuidava
E no fim quando ficara
sem a mãe e a menina
Ao trabalho ela dedicou
indo lá fazer morada
Tiaguta trabalhou na mesma casa
Ate aposentar adquiriu um lote em Resende
Onde suas outras irmãs moravam contente
AfroPoemas 2017, página 12
E com Tiajulia foi morar com um filho
a lhe amolar
Tiaguta viveu de servir
E em Minas gostava de vir
Na casa de Maguinha interagir
Sua filha única de coração inferir
Se divertiam e se curtiam
No tempo que a tia assim a visitava
Elas tomavam cervejinha e Tiaguta varria
Sorria e paparicava Beto marido e pai
Da sobrinha Sarinha Tiaguta
ficou morando por quase ano
E Maguinha confiando
Pra sempre a terei comigo
Quando quis voltar e de la
Sofreu intemperias pois não mais
Conseguiu prestar pra ajudar
Maguinha e irmãs despediram-se dela
Com tristeza e a certeza
De que de la ela não devia
Ter arredado pé pois de amor
Era cercada e pela idade respeitada
De frio, de fome, e maus tratos
Ela se redimiu com Tiaceição
Aos desmandos do sobrinho sofina
E de lá a libertação onde Jesus e Maria
A conduziram com amor abaixo de ladainha
Ao seu lar definido junto a Virgem Maria
Fica em paz amada minha pois sei que um
Dia estaremos novamente par em par
Novamente com nossos entes queridos
E lá levarei esses versos que vieram de
Repente suscitar em minha mente
Nossa relação e amor eloquente
Tia Augusta (Tiaguta) Cordel
Magna Cristina Oliveira