As organizações públicas ainda se encontram distantes do ideal de governo participativo, seja por deficiências internas ou por dificuldades externas. Os estudos existentes sobre as relações entre o ambiente virtual e as organizações governamentais permanecem muito focalizados na área técnica (por exemplo, avaliações de portais, testes de usabilidade), dando pouco espaço a discussões fundamentadas sobre participação pública na internet ou ao ponto de vista dos cidadãos. Este artigo pretende explorar algumas das possibilidades do chamado governo eletrônico quando se trata de integrar a participação cidadã com vistas a ampliar e melhorar a oferta de serviços públicos. Nessa exploração destaca-se um binômio – de um lado, benefícios e vantagens; de outro, riscos e desafios – que descortina as oportunidades de oferta para o Setor Público. Para fundamentar esse prisma, o artigo combina literaturas de áreas distintas, sintetizando benefícios e desafios em forma tabular, o que ajuda a recuperar autores e ideias relevantes de forma didática e clara. Duas conclusões merecem destaque. Primeiro, é preciso reestruturar os processos e serviços da área pública, oferecendo canais de contato direto e deixando os organismos governamentais mais flexíveis e permeáveis à ideia de que as soluções mais eficientes e mais justas virão de processos coparticipativos. Segundo, é preciso que as instituições públicas invistam em conhecer melhor sobre o comportamento e preferências do cidadão de forma a otimizar os esforços e os investimentos dos organismos públicos, e, em última análise, potencializar as chances de o relacionamento governo-cidadão resultar em bons frutos para ambas as partes.