Estudos de estratégia erros da seleção na copa de 2013
Prof. Cirineu José da Costa – MSc
Estudos de Estratégia:
Erros estratégicos da
Seleção Brasileira na
Copa de 2014
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A POSTULAÇÃO DO BRASIL PARA SER SEDE DA COPA DE 2014
Em Junho de 2003 a Confederação Sul-Americana de Futebol anunciaou que
a Argentina, o Brasil e a Colômbia seriam candidatos à sede da Copa FIFA
2014. Em março de 2006 foi votada de forma unânime a adoção do Brasil
como único candidato.
Em Julho de 2006 o presidente da FIFA disse que,a Copa do Mundo de 2014
provavelmente seria sediada no Brasil mas que o país tinha que provar sua
capacidade antes de tomar uma decisão.
Em abril de 2007 após visitar o Maracanã, o Morumbi, o Mineirão e o Beira-Rio
a FIFA disse que o país não tinha nenhum estádio em condições de sediar a
Copa.
Lula afirmou em setembro de 2006 que o Brasil deveria construir doze novos
estádios para ser capaz de sediar a Copa.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) disse que recuperar
estádios e/ou construir novos estádios seria responsabilidade da iniciativa
privada.
Em julho de 2007 a CBF entregou na sede da FIFA em Zurique, na Suíça, os
documentos da proposta, na qual apareciam as dezoito cidades selecionadas.
Em outubro de 2007 a FIFA ratificou o Brasil como país-sede da Copa do
Mundo de 2014.
A PREPARAÇÃO DO BRASIL PARA SEDIAR A COPA DE 2014
Nosso país foi candidato único para sediar a Copa FIFA 2014. Os governantes
sabiam das exigências da FIFA para que as competições fossem aqui
realizadas.
Construções de novos estádios, denominados de ARENAS, dotados de uma
infras-estrutura que não existiam até então nos nossos campos de futebol
eram pontos cruciais para o evento.
Visitantes, turistas, torcedores...não importa o nome que tenham, precisam
chegar ao país, ter acomodações, transporte, alimentação, comunicação,
segurança e receptividade.
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As cidades precisavam ter um plano de mobilidade urbana, infra-estrutura de
transportes, segurança pública, apoio em saúde, telecomunicações, hotelaria e
demais facilities para aqueles que viessem assistir aos jogos, para queles que
viessem trabalhar na cobertura dos jogos e para as equipes que seriam as
figuras principais do torneio.
O planejamento nunca foi o forte do Estado Brasileiro. Quando o planejamento
é feito, dificilmente é cumprido. Cronograma de atividades são feitos e não
cumpridos.
Nossa preparação para a Copa foi um fiasco. Ficamos anos parados à espera
de que as obras e os serviços brotassem espontaneamente não se sabe de
onde. Só começaram a aparecer alguns sinais de atividade quando a FIFA
posicionou-se dizendo que, naquela velocidade em que estávamos, não
haveria Copa do Mundo no Brasil.
Só a partir daí as autoridades governamentais que se propuseram a realizar o
evento no país começaram a procurar por parceiros da iniciativa privada para
realizar as obras prometidas e comprometidas com a FIFA. Viu-se então que
não havia parceiros privados. O sonho de uma Copa sem a injeção de
recursos públicos foi para o buraco. O Governo Federal passou então a
procurar Governadores e Prefeitos, empresas estatais e bancos públicos para
tentar viabilizar o que havia sido comprometido.
A população passou a manifestar-se contra a realização da Copa e contra os
gastos públicos com o evento. O Brasil passou por momentos dificeis com
manifestações violentas e acéfalas, combinadas através de redes sociais que
se mostraram como ferramentas eficientes de mobilização popular.
Os Partidos políticos e os políticos ficaram sem ação. Não havia uma liderança
dos movimentos para ser condenada, para ser chamada à mesa de
negociação. E a revolta popular só recrudescia a cada momento que se
passava.
Os governos locais tentavam agir seguindo uma linha político-partidária que na
maioria das vezes não era alinhada com o governo central do PT.
As polícias ou agiam com violência ou não agiam de acordo com a
conveniência do governador. As Guardas municipais seguiam a mesma linha.
E as manifestações ficavam cada dia mais violentas e passaram a ser
consideradas um problena nacional de segurança. As medidas de contenção
passaram a ser estudadas e tomadas com mais eficiência. As cidades do Rio
de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília viraram campos de batalha
como nunca vistos no nosso País.
Faltou diálogo prévio com a Sociedade. O Governo foi autoritário e não discutiu
com a sociedade brasileira as decisões que foram tomadas de gastar as
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verbas públicas com arenas de futebol estando a sociedade carente de ações
públicas nas áreas de saúde, educação, transporte e segurança.
OS PRÉ-REQUISITOS PARA SER UM JOGADOR DA SELEÇÃO BRASILEIRA
Saber jogar bola;
Ter experiência na função;
Ter preparação física;
Ter equilíbrio mental e psicológico;
Ter espírito de equipe e sentimento de sacrifício;
Ter garra e vontade de vencer;
Ter amor à camisa;
...poderíamos preencher páginas de pré-requisitos, mas sabemos que todos os
requisitos somados tem que resultar num elemento que dê o rsultado desejado
ao final do jogo, ou seja, que o somatório do trabalho de todos os jogadores
resulte na vitória do time pelo qual jogam.
É necessário ser famoso?
É essencial ter um valor de mercado fenomenal?
É imprescindível atuar ou ter atuado em times de outros países?
É fundamental ter porte físico avantajado?
É imperativo ter conquistado títulos importantes?
Na verdade, o jogador de futebol, para ser convocado para a seleção
brasileira, precisaria ter todos os requisitos citados e possuir GARRA.
Mas a convocação para a seleção leva em conta critérios ininteligíveis e às
vezes obscuros, levados às vezes por interesses comerciais de patrocinadores
que atropelam todos os demais interesses justos e legais.
Nós, pobres torcedores, ficamos à mercê..... Vejam abaixo a lista de 2014:
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Dos 23 convocados apenas 2 goleiros e dois jogadores atuavam no Brasil. O
Brasil que é o país que tem o maior número de times de futebol do mundo
forneceu apenas 2 jogadores e dois goleiros reservas. Será que não temos
jogadores que atuam no Brasil com padrão de Seleção Brasileira? Ou serão
injunções externas que obrigam as convocações de figurinhas carimbadas
pelos patrocinadores?
Convocando jogadores nacionais não ficaria mais fácil para a Comissão
Técnica ter acesso aos mesmos e poder executar um programa de treinamento
efetivo por um tempo continuo e prolongado?
Nossa Seleção contem uma pléiade de jogadores excelentes individualmente
mas que, infelizmente, não conseguem, ao jogar, dar uma formação de TIME,
de EQUIPE ou de CONJUNTO, pois não sabem jogar juntos.
OS PRÉ-REQUISITOS PARA SER TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA
A Seleção Brasileira necessita de um Técnico. O Técnico, para bem executar o
seu trabalho, necessita ter à sua disposição um conjunto de jogadores para
chamar de Seleção.
Qual seria o perfil do Técnico ideal para nossa Seleção?
O Técnico da Seleção precisa obrigatoriamente ser um LIDER. Para ser um
bom líder ele deve pelo menos:
-Respeitar e confiar na sua equipe
-Saber ouvir e orientar
-Ter empatia
-Ser motivado e saber motivar
-Ser inovador
-Ser flexível
-Ter conhecimento
-Saber dar e receber feed-back
-Ser um bom planejador e estrategista
-Saber delegar
O Técnico deve ter sempre em primeiro plano o OJBETIVO PRINCIPAL do seu
trabalho: Levar a Seleção à conquista da Copa!
Nada menos que isso interessa ao grupo e muito menos para os torcedores.
Se a equipe não ganhar o campeonato o objetivo não foi atingido.
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Como então motivar jogadores com salários tão diferenciados, com contratos
publicitários estratosféricos, com o ego inflado pelo estrelismo a dar sangue
pela seleção nacional?
Como convence-los que precisam treinar mais, melhorar o preparo físico,
melhorar o aspecto psicológico, sacrificar-se no relacionamento pessoal e
familiar e lutar pelo OBJETIVO do grupo: ganhar a COPA?
Assim vemos que a missão do Técnico e da sua equipe de trabalho não é
simples e nem fácil. Talvez ele conte com os melhores jogadores do mundo
mas tem a missão quase impossível de transformá-los numa EQUIPE, num
TIME de futebol. Nivelar os egos individuais, dividir a carga de trabalho, cobrar
resultados e aplicação independentemente do nível estrelar que o jogador
esteja....não é tarefa fácil para um Técnico qualquer.
Precisamos de um TÉCNICO! Mas com quais competências? Será que iremos
pelo velho método de tentativa-e-erro?
Será que serão estabelecidos critérios basilares mínimos para que um
postulante possa ser convidado?
Qual é o nível de liberdade que o Técnico realmente tem para desenvolver o
seu trabalho? Será que a CBF dá o grau de liberdade necessária ao Técnico
ou será que ele tem a obrigação de trabalhar com a matéria-prima imposta
pelo comando da Confederação?
COMO FAZER A COMPOSIÇÃO DA COMISS/AO TÉCNICA?
Normalmente a CBF compõe assim a comissão técnica:
01 Coordenador Técnico
01 Técnico
01 Assistente Técnico
02 Preparadores Físicos
01 Treinador de Goleiros
03 Médicos
02 Fisioterapeutas
01 Administrador
01 Assessoria de Comunicação e Imprensa
01 Analista de Desempenho Tático
01 Chefe da Segurança
01 Massagista
02 Roupeiros
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Será que esta composição está adequada para o tipo de competição atual que
a Copa do Mundo apresenta?
Falta Preparador Físico (pelo menos 3), Massagista (pelo menos 3) e Analista
de Desempenho Tático (pelo menos 2)
A preparação física dos jogadores deve objetivar primeiramente o nivelamento
da condição física de todos. Alcançado o nivelamento passa-se para o
segunda etapa que é levar cada jogador ao condicionamento específico para a
sua posição. A última etapa é dar a cada um deles um adicional de preparação
para que possam cobrir toda a área do campo possibilitando que um jogador
de defesa possa surpreender o adversário na área defensiva oposta levando
perigo do gol e possa retornar para sua posição imediatamente. Da mesma
forma possibilitar ao jogador ofensivo condições de, caso perca a bola no
ataque, possa, imediatamente chegar na sua área defensiva reforçando a
defesa e diminuindo o perigo de gol. Aos jogadores intermediários este
condicionamento extra possibilita a movimentação rápida cobrindo uma
extensão maior do campo, diminuindo as possibilidades do adversário no
campo intermediário, podendo reforçar a defesa ou partir para uma posição de
ataque auxiliando a zaga e o ataque simultaneamente.
Preparação física é alcançada com dedicação, entrega e muito suor. Cabe à
equipe fazer a motivação. O jogador vai sentir muito no início e no meio do
condicionamento mas terá a recompensa no final quando conseguirá fazer
percursos extraordinários dentro de campo e superar a dor de ter mais dois
tempos de prorrogação e cobrança de penalidades, saindo de campo vitorioso
e inteiro para uma nova partida.
COMO PLANEJAR A PREPARAÇÃO DA EQUIPE
Algumas seleções possuem mais tempo para iniciar o treinamento específico
para a competição COPA DO MUNDO.
Como fazer se não possuir o tempo ideal?
Não possuindo o tempo ideal deve-se programar o tempo disponível para um
aproveitamento máximo da disponibilidade dos atletas.
Fala-se muito em “período de descanso” mas o importante é focar no período
disponível para treinar. Treinar sempre nem que seja com a equipe incompleta.
Esta filosofia de trabalho deve ser incutida em toda a equipe técnica e em
todos os atletas que se disponham a conquistar uma COPA DO MUNDO.
Os jogadores brasileiros nesta copa de 2014, especialmente os que atuam em
clubes do exterior, aproveitaram o período de descanso para visitar familiares.
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O treinamento, a organização e o planejamento minuciosos da conquista de 70
são esquecidos ou secundarizados nos jornais de hoje.
O Comandante e Professor Lamartine Pereira da Costa auxiliou e deu suporte
teórico ao planejamento da Comissão Técnica, formada por Admildo Chirol,
Carlos Alberto Parreira, Cláudio Coutinho, Kleber Camerino e Raul Carlesso.
Estes três últimos integrantes faziam parte da Escola de Educação Física do
Exército(EsEFEx), solicitados pela então Confederação Brasileira de Desportos
(CBD).
Na Copa de 70 o trabalho mais perfeito realizado pela Comissão Técnica foi o
da preparação física. Pela primeira vez na história do futebol brasileiro, um
programa de trabalho baseado no melhor que a ciência da educação física
podia oferecer ao futebol foi utilizado.
Objetividade, organização, disciplina e competência técnica foram itens
priorizados pela Comissão Técnica. Estudos de fisiologia do esforço, estudos
táticos e treinamento técnico foram duramente aplicados durante a preparação.
O Capitão Cláudio Coutinho foi o grande nome que, com habilidade, soube
fazer bem o trabalho. Ele deu a dimensão do cientista no campo. Tudo era
organizado, com a medicina esportiva dando apoio e não dizendo como devem
ser as coisas. O esquema de treinamento funcionou aliado com o
conhecimento científico, com o trabalho de equipe e com a motivação dos
atletas para a conquista do título.
A seleção brasileira começou os treinamentos para a Copa do Mundo atrasada
em relação a diversos adversários, inclusive a Croácia, rival da estreia, e as
concorrentes ao título Alemanha, Itália e França.
Por decisão da comissão técnica brasileira, os jogadores convocados por
Scolari ganharam pelo menos uma semana livre e só se apresentaram ao
treinador em 26 de maio para iniciar os preparativos na Granja Comary, em
Teresópolis (RJ).
Até o dia do jogo contra a Croácia, em 12 de junho, o time teve 17 dias de
preparação, o período mais curto das últimas Copas -- foram 25 dias para o
Mundial na África do Sul (2010), 22 dias para a Copa da Alemanha (2006) e 22
dias a caminho da conquista do penta na Coreia do Sul e no Japão (2002).
Apenas após o encerramento do Campeonato Espanhol o nosso Técnico pode
contar com todos os atletas. A única exceção foi o Marcelo, que vai defendeu o
Real Madrid na final da Liga dos Campeões contra o Atlético de Madri.
Itália, França, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Uruguai, Chile, Portugal e
Croácia começaram a treinar para a Copa do Mundo bem antes do Brasil, pelo
menos com parte dos jogadores que disputarão o Mundial.
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A CBF deveria elaborar um Plano de Trabalho para a Equipe Técnica e para os
Jogadores a partir do dia “D”, considerado o início das atividades do Projeto
Copa do Mundo.
Tentar acordo com as equipes de futebol onde atuam os jogadores que
interessam à Equipe Técnica para a liberação dos mesmos para cumprir o
Plano de Trabalho. Descartar os jogadores cujos clubes não se comprometam
na liberação dos mesmos. Dar prioridade aos jogadores que atuam no Brasil
para facilitar a liberação junto aos clubes. Não concentrar a convocação num
número reduzido de clubes.
COMO JOGOU A SELEÇÃO BRASILEIRA ?
O jogo de estreia começou com um gol contra... Seria um prenúncio? A
seleção ganhou de 3 x 1 da Croácia mas não convenceu.
Na sequencia a seleção empatou com o México em 0 x 0 e ganhou de
Camarões de 4 x 1. A equipe continuou a não empolgar os torcedores.
Nas oitavas empatou com o Chile, ganhando nas penalidades e nas quartas
ganhou da Colômbia por 2 x 1. A equipe continuou morna e não convencia a
torcida, apesar dos resultados. Contra a Colômbia Neymar foi lesionado e ficou
de fora do restante da Copa. Thiago Silva por causa de cartões ficou fora do
jogo contra a Alemanha.
O jogo contra a Alemanha era esperado como um jogo crucial para a equipe
brasileira. Esperava-se uma motivação extra da equipe devido ao fato de Neymar
estar fora da Copa. Foram decepcionantes 7 x 1 para a Alemanha.
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Nas fotos acima nós podemos ver a perplexidade dos jogadores brasileiros e a
paralisia chocante do líder e sua comissão técnica. O que fizeram? Nada...
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Não existe nada em termos de Liderança e Chefia que justifique uma atitude
como essa de toda a equipe da Comissão Técnica, responsável por organizar
a equipe tática e estratégicamente.
Fizeram o impossível: pior do que a derrota honrosa frente ao uruguai em
1950. A equipe Alemã só não ampliou mais o placar para não desmoralizar
ainda mais os penta-campeões mundiais. Foi horrível....
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COMO JOGARAM AS OUTRAS SELEÇÕES?
Jogo compacto, jogo limpo, jogo com foco e jogo com objetivo. Todas as
equipes que vieram para o Mundial vieram para vencer. Nenhuma equipe saiu
de seu país simplesmente para disputar um campeonato. Vieram com o
objetivo de GANHAR, GANAR ou WIN.
Nossa seleção, por estar disputando em casa, pensou que seria tudo muito
mais fácil. Não se prepararam adequadamente para enfrentar adversários
duros, determinados, calculistas e frios.
A partida de futebol, numa copa do mundo, hoje em dia é um jogo estratégico
que precisa ser jogado (e não disputado). O jogo estratégico é muito mais
amplo do que um jogo simplesmente disputado onde as duas equipes partem
para abrir o placar a qualquer custo e no menor tempo possível. É preciso
analisar o adversário e esta tarefa não é só do técnico. Os jogadores precisam
aprender a analisar os adversários que marcam e passar para a comissão
técnica a sua avaliação. As informações, após analisadas, transformam-se em
ações para melhorar o desempenho da equipe no tempo seguinte.
O QUE FALTOU PARA A SELEÇÃO NOS JOGOS FINAIS?
Na fase de Grupos da Copa as partidas são de 90 minutos somadas as
prorrogações dadas pelos árbitros. Nesta fase a Comissão Técnica tem que
desenvolver uma estratégia para acumular os pontos necessários para que a
equipe fique entre as duas primeiras do grupo.
A Estratégia passa pelo estudo minucioso de cada equipe adversária e de
cada componente individualmente. Saber como cada adversário joga, como
cada jogador da equipe adversária atua dentro do campo, saber o perfil
psicológico de cada componente da equipe adversária e PASSAR PARA OS
JOGADORES todas as informações conhecidas. Os jogadores precisam, além
de saber jogar bola, saber conhecer o adversário que irá marcar e o adversário
que o marcará. Então, hoje, o jogador precisa ter um nível intelectual elevado
para poder receber, repassar e processar informações rapidamente. O jogador
precisa, em campo, ter condições intelectuais de tomar decisões táticas
baseadas nas orientações previamente recebidas da comissão técnica e nas
informações colhidas por ele ou pelos outros componentes da equipe durante
o desenrolar o jogo, sem precisar da intervenção do Técnico.
No jogo contra a Alemanha nós vimos uma equipe acéfala dentro e fora do
campo. Perdeu-se todo o conjunto tático. Os responsáveis por tomar decisão e
reorganizar o time não souberam fazê-lo. Os jogadores, despreparados, foram
abandonados à própria sorte em frente a uma equipe fria e calculista e que só
não humilhou mais a nossa seleção por que não quiseram. Poderiam ter feito
mais de uma dúzia de gols.
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Faltou OBJETIVO.
Faltou estudar o adversário.
Faltou orientar a equipe.
Faltou aplicação tática.
Faltou ação estratégica. Se a Comissão Técnica tivesse mandado a equipe
retrair e segurar 2 x 0 até o final do 1º tempo, poderiam estudar a situação,
estimular os jogadores, reorientar o time e pensar que ainda teriam o segundo
tempo para empatar e mais 2 prorrogações para tentar vencer e após ainda
teriam a cobrança de penalidades. Mas nada foi feito. Vimos o Técnico com a
cabeça entre as mãos, entregando o caso para o ser Divino resolver.
QUAIS ENSINAMENTOS PODEMOS TIRAR DOS ERROS COMETIDOS?
É necessário um PLANEJAMENTO prévio para alcançar um objetivo, por mais
simples que seja.
Para bem executar uma tarefa é necessário TREINAR quantas vezes
necessário até atingir a perfeição. Como dificilmente a perfeição é atingida,
temos que treinar e treinar sempre.
Podemos considerar os jogadores que chegam para a seleção como uma
travessa cheia de frutos diferentes. Podemos deixar cada fruto como veio e
saboreá-los separadamente, podemos fazer uma salada de frutas e sentir
ainda o sabor individual de cada fruto, apesar de misturados ou ainda
podemos triturar todos eles num belo suco e sentir um sabor único e
harmonioso (ISSO É A EQUIPE!). Faltou equipe, sobrou Neymar!
Quando um grupo de jogadores forma uma EQUIPE, a Comissão Técnica tem
condições de olhar para os jogadores que estão no banco de reserva e ver um
outro time inteiro à sua disposição, terá plena liberdade de substituir qualquer
um sem que a equipe perca produtividade, visando melhorar um aspecto tático
ou então visando aproveitar uma vantagem estratégica sobre o adversário.
FALTOU À SELEÇÃO BRASILEIRA ESPÍRITO DE CORPO, SENTIDO DE
EQUIPE, GARRA E DETERMINAÇÃO.
O Brasil pode reunir os melhores jogadores que possui mas se não conseguir
incutir em cada um deles estes sentimentos, dificilmente conseguiremos
conquistar outra COPA do mundo