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As relações sócio-afetivas: a importância da
afetividade na construção dos laços de
solidariedade e convivência

Natasha Tatiana Costa
No decurso de sua existência o homem
procura formas de se manter inserido no
ambiente em que vive para poder
cumprir sua tarefa: de ser humano.
Esta evolução se dá de maneira ininterrupta,
através dos relacionamentos:
Consigo mesmo;
Com outros seres;
Com a natureza.
Uma Inteligência
Afetiva pressupõe:

Autoconhecimento
Aceitação do Outro
Autoconhecimento

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Outro
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comportamento
Aceitação do
Outro
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Identificar quando
cuidar
Criar vínculos de
confiança
Relações Afetivas

Jean-Yves Leloup
propõe que nossa
atenção para com o
outro contemple um
“olhar do coração”
que o revivifique e o
ajude a sair
engrandecido desse
encontro.
Relações Afetivas

Através do “olhar
que revivifica”
incorporamos ao
nosso modo de ser
diferentes maneiras
de pensar, de sentir
e de agir .
Relações Afetivas

Através de seus relacionamentos o homem
se revitaliza, cresce, aprende, troca, ama e
se reconhece como ser humano.
RELACIONAMENTOS

Na interdependência:
Construímos maneiras
de ser e de estar no
mundo
Criamos normas de
convivência
RELACIONAMENTOS

Na interdependência:
Fazemos história
Criamos a cultura e a
arte
Evoluímos teórica,
técnica e
espiritualmente
“A vida consiste de relacionamentos que só têm
verdadeiro significado se contemplam um processo
de auto-revelação. Dessa forma, é importante
reconhecer a si próprio no relacionamento com o
outro. Depois disso o relacionamento se torna um
movimento
no
qual
você
se
descobre
gradativamente e, essa descoberta representa o
passo inicial de sua transformação”.
(Krishnamurti)
“Se olharmos para nossos relacionamentos
atuais, veremos que eles se constituem num
processo de formação de resistências de uns
contra os outros, num muro por cima do qual
olhamos o outro, mas nos conservamos atrás
dele, quer seja um muro psicológico, material,
econômico ou nacional.”
O que nos separa dos
outros é o anteparo de
proteção que criamos
ao nosso redor, para
evitar o sofrimento, o que
nos conduz a um
isolacionismo cujo
resultado
experimentamos todos
os dias em nossa
sociedade.
COMUNICAÇÃO
A comunicação
conturbada que
utilizamos no
cotidiano decorre do
isolacionismo
instituído que
funciona como um
desagregador dos
relacionamentos
interpessoais.
COMUNICAÇÃO AFETIVA
Comunicar deveria servir
para compartilhar o
mundo interior, mas tem
servido para ocultar o que
queremos dizer.
COMUNICAÇÃO AFETIVA
Ao longo da vida
aprendemos pouco
sobre como comunicar
ao outro o que está
acontecendo conosco;
pelo contrário, somos
estimulados a tentar
esconder nossos
sentimentos em relação
a quase tudo o que nos
acontece.
COMUNICAÇÃO AFETIVA
Nos tornamos dissimulados.
Falamos mas não comunicamos o
que estamos sentindo, pois não
corresponde à nossa verdade
interna.
COMUNICAÇÃO AFETIVA

Vivemos num círculo vicioso de
comunicações subliminares que nos
expõem a situações desfavoráveis para
a criação de vínculos que promovam o
comprometimento mútuo.
CONVIVÊNCIA
CONVIVÊNCIA
É um acontecimento básico e social,
repousa em múltiplos conhecimentos
que devemos adquirir à medida que
nos desenvolvemos como seres
humanos, pois em diferentes tempos
e culturas o homem sempre se
organizou para viver junto.
CONVIVÊNCIA

Envolve dois ou mais indivíduos que
desejam (ou precisam) viver em
comum, com familiaridade,
construindo intimidade.
Sintomas de
uma crise
civilizacional
Há um descuido e um descaso
manifesto pelo destino dos pobres
e marginalizados da humanidade,
flagelados pela fome crônica, mal
sobrevivendo da tribulação de
doenças,outrora
erradicadas
e
atualmente
retornando
com
redobrada virulência
Há um descuido e um descaso imenso pela sorte
dos desempregados e aposentados, sobretudo
dos milhões de excluídos do processo de
produção, tidos como descartáveis e zeros
econômicos. Esses nem sequer ingressam no
exército de reserva do capital. Perderam o
privilégio de serem explorados a preço de um
salário mínimo e de alguma seguridade social.
Há um descuido e um
abandono crescente da
sociabilidade
nas
cidades. A maioria dos
habitantes sentem-se
desenraizados
culturalmente
e
alienados socialmente.
Predomina a sociedade
do
espetáculo,
do
simulacro
e
do
entretenimento.
Há o descuido e descaso pela dimensão
espiritual do ser humano, pelo espírito de
gentileza que cultiva a lógica do coração
e do enternecimento por tudo o que
existe e vive.
Há um descuido e um descaso na salvaguarda
de nossa casa comum, o planeta Terra. Solos
são envenenados, ares são contaminados,
águas são poluídas, florestas são dizimadas,
espécies de seres vivos são exterminadas,
pondo em risco a continuidade do experimento
da espécie homo sapiens e demens.
Saber

Cuidar
A ternura vital é sinônimo de cuidado
essencial. A ternura é o afeto que
devotamos às pessoas e o cuidado que
aplicamos às situações existenciais.
É um conhecimento
que vai além da
razão, pois mostra-se
como inteligência
que intui, vê fundo e
estabelece
comunhão.
A ternura é o cuidado sem obsessão:
inclui também o trabalho, não como
mera produção utilitária, mas como
obra que expressa a criatividade e a
auto-realização da pessoa.
Ela não é efeminação e renúncia
de rigor no conhecimento.

É um afeto que, à sua maneira,
também conhece.
Na verdade só conhecemos bem
quando nutrimos afeto e nos sentimos
envolvidos com aquilo que queremos
conhecer.
A carícia constitui uma das
expressões máximas do
cuidado. A carícia é
essencial
quando
se
transforma numa atitude,
num modo de ser que
qualifica a pessoa em sua
totalidade, na psique, no
pensamento, na vontade,
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nas
relações que estabelece.
O órgão da carícia é, fundamentalmente, a mão: a
mão que toca, a mão que afaga, a mão que
estabelece relação, a mão que acalenta, a mão
que traz quietude.

Mas a mão não é simplesmente mão. É a pessoa
humana que através da mão e na mão revela um
modo-de-ser-carinhoso.
A carícia toca o profundo do ser humano, lá
onde se situa seu centro pessoal. Para que a
carícia
seja
verdadeiramente
essencial
precisamos afagar o eu profundo e não apenas
o ego superficial da consciência.
Como a ternura, a carícia
exige
total
altruísmo,
respeito
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outro
e
renúncia a qualquer outra
intenção que não seja a da
experiência de querer bem
e de amar.
O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o
cuidado. Assim como a estrela precisa de aura
para brilhar, assim o afeto precisa da carícia
para sobreviver. É a qualidade da carícia que
impede o afeto de ser mentiroso, falso ou dúbio.
Hoje, na crise do projeto
humano, sentimos a falta
clamorosa de cuidado em toda
a parte. Suas ressonâncias
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qualidade
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vida,
pela
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da
maioria
empobrecida da humanidade,
pela degradação ecológica e
pela exaltação exarcebada da
violência
Não busquemos o caminho de cura fora
do ser humano. O ethos está no próprio
ser humano, entendido em sua plenitude
que inclui o infinito. Ele precisa voltar-se
sobre si mesmo e redescobrir sua
essência que se encontra no cuidado.
O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo
mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na
relação eu-tu. Esta é a razão por que não é possível o
diálogo entre os que querem a pronúncia do mundo e os
que não a querem; entre os que negam aos demais o
direito de dizer a palavra e os que se acham negados
deste direito. É preciso primeiro que, os que assim
encontram negados no direito primordial de dizer a
palavra, reconquistem esse direito, proibindo que este
assalto desumanizante continue. Se é dizendo a palavra
com que, “pronunciando” o mundo, os homens o
transformam, o diálogo se impõe como caminho pelo qual
os homens ganham significação enquanto homens. Por
isto, o diálogo é uma exigência existencial.
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Relações afetivas e cuidado: a importância da ternura

  • 1. As relações sócio-afetivas: a importância da afetividade na construção dos laços de solidariedade e convivência Natasha Tatiana Costa
  • 2. No decurso de sua existência o homem procura formas de se manter inserido no ambiente em que vive para poder cumprir sua tarefa: de ser humano.
  • 3. Esta evolução se dá de maneira ininterrupta, através dos relacionamentos: Consigo mesmo; Com outros seres; Com a natureza.
  • 7. Aceitação do Outro Reconhecer semelhanças e diferenças Aceitar seu modo de ser Compreender seu comportamento
  • 8. Aceitação do Outro Dar e receber afeto Identificar quando cuidar Criar vínculos de confiança
  • 9. Relações Afetivas Jean-Yves Leloup propõe que nossa atenção para com o outro contemple um “olhar do coração” que o revivifique e o ajude a sair engrandecido desse encontro.
  • 10. Relações Afetivas Através do “olhar que revivifica” incorporamos ao nosso modo de ser diferentes maneiras de pensar, de sentir e de agir .
  • 11. Relações Afetivas Através de seus relacionamentos o homem se revitaliza, cresce, aprende, troca, ama e se reconhece como ser humano.
  • 12. RELACIONAMENTOS Na interdependência: Construímos maneiras de ser e de estar no mundo Criamos normas de convivência
  • 13. RELACIONAMENTOS Na interdependência: Fazemos história Criamos a cultura e a arte Evoluímos teórica, técnica e espiritualmente
  • 14. “A vida consiste de relacionamentos que só têm verdadeiro significado se contemplam um processo de auto-revelação. Dessa forma, é importante reconhecer a si próprio no relacionamento com o outro. Depois disso o relacionamento se torna um movimento no qual você se descobre gradativamente e, essa descoberta representa o passo inicial de sua transformação”. (Krishnamurti)
  • 15. “Se olharmos para nossos relacionamentos atuais, veremos que eles se constituem num processo de formação de resistências de uns contra os outros, num muro por cima do qual olhamos o outro, mas nos conservamos atrás dele, quer seja um muro psicológico, material, econômico ou nacional.”
  • 16. O que nos separa dos outros é o anteparo de proteção que criamos ao nosso redor, para evitar o sofrimento, o que nos conduz a um isolacionismo cujo resultado experimentamos todos os dias em nossa sociedade.
  • 17. COMUNICAÇÃO A comunicação conturbada que utilizamos no cotidiano decorre do isolacionismo instituído que funciona como um desagregador dos relacionamentos interpessoais.
  • 18. COMUNICAÇÃO AFETIVA Comunicar deveria servir para compartilhar o mundo interior, mas tem servido para ocultar o que queremos dizer.
  • 19. COMUNICAÇÃO AFETIVA Ao longo da vida aprendemos pouco sobre como comunicar ao outro o que está acontecendo conosco; pelo contrário, somos estimulados a tentar esconder nossos sentimentos em relação a quase tudo o que nos acontece.
  • 20. COMUNICAÇÃO AFETIVA Nos tornamos dissimulados. Falamos mas não comunicamos o que estamos sentindo, pois não corresponde à nossa verdade interna.
  • 21. COMUNICAÇÃO AFETIVA Vivemos num círculo vicioso de comunicações subliminares que nos expõem a situações desfavoráveis para a criação de vínculos que promovam o comprometimento mútuo.
  • 23. CONVIVÊNCIA É um acontecimento básico e social, repousa em múltiplos conhecimentos que devemos adquirir à medida que nos desenvolvemos como seres humanos, pois em diferentes tempos e culturas o homem sempre se organizou para viver junto.
  • 24. CONVIVÊNCIA Envolve dois ou mais indivíduos que desejam (ou precisam) viver em comum, com familiaridade, construindo intimidade.
  • 26. Há um descuido e um descaso manifesto pelo destino dos pobres e marginalizados da humanidade, flagelados pela fome crônica, mal sobrevivendo da tribulação de doenças,outrora erradicadas e atualmente retornando com redobrada virulência
  • 27. Há um descuido e um descaso imenso pela sorte dos desempregados e aposentados, sobretudo dos milhões de excluídos do processo de produção, tidos como descartáveis e zeros econômicos. Esses nem sequer ingressam no exército de reserva do capital. Perderam o privilégio de serem explorados a preço de um salário mínimo e de alguma seguridade social.
  • 28. Há um descuido e um abandono crescente da sociabilidade nas cidades. A maioria dos habitantes sentem-se desenraizados culturalmente e alienados socialmente. Predomina a sociedade do espetáculo, do simulacro e do entretenimento.
  • 29. Há o descuido e descaso pela dimensão espiritual do ser humano, pelo espírito de gentileza que cultiva a lógica do coração e do enternecimento por tudo o que existe e vive.
  • 30. Há um descuido e um descaso na salvaguarda de nossa casa comum, o planeta Terra. Solos são envenenados, ares são contaminados, águas são poluídas, florestas são dizimadas, espécies de seres vivos são exterminadas, pondo em risco a continuidade do experimento da espécie homo sapiens e demens.
  • 32. A ternura vital é sinônimo de cuidado essencial. A ternura é o afeto que devotamos às pessoas e o cuidado que aplicamos às situações existenciais.
  • 33. É um conhecimento que vai além da razão, pois mostra-se como inteligência que intui, vê fundo e estabelece comunhão.
  • 34. A ternura é o cuidado sem obsessão: inclui também o trabalho, não como mera produção utilitária, mas como obra que expressa a criatividade e a auto-realização da pessoa.
  • 35. Ela não é efeminação e renúncia de rigor no conhecimento. É um afeto que, à sua maneira, também conhece.
  • 36. Na verdade só conhecemos bem quando nutrimos afeto e nos sentimos envolvidos com aquilo que queremos conhecer.
  • 37. A carícia constitui uma das expressões máximas do cuidado. A carícia é essencial quando se transforma numa atitude, num modo de ser que qualifica a pessoa em sua totalidade, na psique, no pensamento, na vontade, na interioridade, nas relações que estabelece.
  • 38. O órgão da carícia é, fundamentalmente, a mão: a mão que toca, a mão que afaga, a mão que estabelece relação, a mão que acalenta, a mão que traz quietude. Mas a mão não é simplesmente mão. É a pessoa humana que através da mão e na mão revela um modo-de-ser-carinhoso.
  • 39. A carícia toca o profundo do ser humano, lá onde se situa seu centro pessoal. Para que a carícia seja verdadeiramente essencial precisamos afagar o eu profundo e não apenas o ego superficial da consciência.
  • 40. Como a ternura, a carícia exige total altruísmo, respeito pelo outro e renúncia a qualquer outra intenção que não seja a da experiência de querer bem e de amar. O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o cuidado. Assim como a estrela precisa de aura para brilhar, assim o afeto precisa da carícia para sobreviver. É a qualidade da carícia que impede o afeto de ser mentiroso, falso ou dúbio.
  • 41. Hoje, na crise do projeto humano, sentimos a falta clamorosa de cuidado em toda a parte. Suas ressonâncias negativas se mostram pela má qualidade de vida, pela penalização da maioria empobrecida da humanidade, pela degradação ecológica e pela exaltação exarcebada da violência
  • 42. Não busquemos o caminho de cura fora do ser humano. O ethos está no próprio ser humano, entendido em sua plenitude que inclui o infinito. Ele precisa voltar-se sobre si mesmo e redescobrir sua essência que se encontra no cuidado.
  • 43. O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. Esta é a razão por que não é possível o diálogo entre os que querem a pronúncia do mundo e os que não a querem; entre os que negam aos demais o direito de dizer a palavra e os que se acham negados deste direito. É preciso primeiro que, os que assim encontram negados no direito primordial de dizer a palavra, reconquistem esse direito, proibindo que este assalto desumanizante continue. Se é dizendo a palavra com que, “pronunciando” o mundo, os homens o transformam, o diálogo se impõe como caminho pelo qual os homens ganham significação enquanto homens. Por isto, o diálogo é uma exigência existencial. Paulo Freire