1. A idade do ouro na América
Portuguesa
Ciclo da mineração
2.
3. O que acontecia lá fora?
• Crises econômicas e religiosas na Europa: busca de um novo
mundo. (Principalmente países como Inglaterra, França e Holanda)
• América do Norte: formação das 13 Colônias.
• Proibição da Companhia das Índias Ocidentais de comercializar
açúcar com os produtores brasileiros.
• Invasão holandesa: Bahia (1 ano) e Pernambuco (1630-1654) –
destaque para Maurício de Nassau.
• Porção Sudeste: Bandeiras.
4.
5. Em busca das Minas
• Contexto MERCANTILISTA
• Características:
• Metalismo: o ouro e a prata eram metais que deixavam uma nação muito
rica e poderosa, portanto os governantes faziam de tudo para acumular
estes metais. Além do comércio externo, que trazia moedas para a
economia interna do país, a exploração de territórios conquistados era
incentivada neste período. Foi dentro deste contexto histórico, que a
Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América
como, por exemplo, os maias, incas e astecas.
• Industrialização: o governo estimulava o desenvolvimento de indústrias em
seus territórios. Como o produto industrializado era mais caro do que
matérias-primas ou gêneros agrícolas, exportar manufaturados era certeza
de bons lucros.
6. • Protecionismo Alfandegário: os reis criavam impostos e taxas para
evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era
uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a
saída de moedas para outros países.
• Pacto Colonial: as colônias europeias deveriam fazer comércio
apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e
comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na
Europa. Dentro deste contexto histórico ocorreu o ciclo econômico
do açúcar no Brasil Colonial.
• Balança Comercial Favorável: o esforço era para exportar mais do
que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia,
deixando o país em boa situação financeira.
7.
8. Ligando os fatos:
• Decadência dos negócios açucareiros + Diminuição dos lucros da colônia
americana = busca de novas fontes de riquezas.
• Pioneiro na descoberta do ouro, aparentemente: Antônio Rodrigues (ou
Ruiz) Arzão, que encontrou ouro na região das Gerais, no atual estado de
Minas Gerais, por volta de 1693.
• Boom populacional: pessoas de outras regiões, inclusive de outro
continente, deslocaram-se para a região das minas, na tentativa de
enriquecer facilmente.
• Quem encontrasse ouro, deveria avisar às autoridades, se não o fizesse,
seria expulsa da colônia ou, condenada à morte.
• As jazidas eram dividas em várias partes: datas. A vantagem daquele que
encontrou a jazida era a escolha da primeira data, depois o governo
escolhia a sua; as restantes eram leiloadas entre os interessados. No leilão,
a preferência era daquele que tinha mais escravos.
9. Até a descoberta do ouro no interior das Gerais, a sociedade
colonial era sobretudo rural. Havia cidades e vilas, mas as
atividades econômicas eram agropecuárias.
Com a mineração, verificou-se um enorme incremento da
população da colônia e uma verdadeira explosão de núcleos
urbanos na região das minas. Entre 1700 e 1725, foram fundadas as
vilas de São João del-Rei, Sabará, Mariana, Vila Rica (atual Ouro
Preto), Arraial do Tijuco, Ribeirão do Carmo, etc.
Em 1690, a população colonial não passava de 300 mil pessoas. Em
1780, chegava a dois milhões e meio. Só na região das minas viviam
por essa época cerca de 400 mil pessoas. Tanto esse aumento
populacional quanto o surgimento de novos núcleos urbanos teriam
importantes consequências na vida da sociedade colonial.
10. Expedições:
• Entradas e bandeiras.
• Imaginário povoado por lendas, como a do Eldorado: A lenda
conta a historia da existência de uma cidade perdida em meio a
densa floresta Amazônia. Até este ponto esta seria somente mais
uma cidade inca perdia como tantas outras que foram encontradas
depois por aventureiros. No entanto a narrativa dos índios aos
espanhóis na época da colonização falava de uma cidade repleta
de ouro nas construções da cidade, nos templos, nas estatuas dos
ídolos, nas armaduras e escudo. A cidade era chamada
originalmente pelos indígenas de Manoa, e era construída nas
margens de um lago chamado "Parime" onde era realizado os
rituais para os deuses, muitos acreditavam que esse lago é o atual
lago Guatavita.
11. Povoando os sertões
• A partir de 1693, os bandeirantes paulistas encontraram ouro
próximo às atuais cidades mineiras de Sabará, Caeté e Ouro Preto.
• A notícia se espalhou rapidamente e milhares de pessoas, da
colônia e da Metrópole, se dirigiram para lá (corrida do ouro).
• *A região das minas não possuía infraestrutura; não havia
alimento suficiente nem estradas, apenas trilhas.
• O jesuíta André João Antonil relata que nos primeiros anos a fome
e a desnutrição assolaram as regiões mineradoras. Além da fome,
ocorria todo tipo de contravenção: assassinatos, roubos,
contrabando, etc.
12. Administração
• Após um primeiro momento de caos e violência, alguns
exploradores retornaram a suas terras e outros
permaneceram nas áreas mineradoras, mas não
necessariamente como garimpeiros, alguns dedicavam-se ao
comércio de alimentos, tráfico de escravos ou cultivo e
criação nas terras próximas.
• Atuação do governos: construção de estradas/cobrança de
impostos.
• Criação da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro,
separada da Capitania do Rio de Janeiro e São Vicente.
13.
14. Casas de fundição
• Para reprimir o contrabando, o governo português criou as
chamadas casas de fundição.
• O ouro encontrado deveria ser levado às casas de fundição, onde
era derretido, transformado em barras com a marca do rei e
devolvido ao dono, já com a parte do rei subtraída (20% = quinta
parte de todo ouro encontrado).
• Se alguém fosse encontrado com ouro sem o selo real, era
severamente punido: perdia todos os bens e podia ser exilado em
colônias portuguesas da África.
15. • Devido à exploração intensa e ao esgotamento das jazidas,
a partir da década de 1760, a quantidade de ouro foi
diminuindo, diminuindo também a parte que cabia ao
governo. Assim, as autoridades determinaram que o total
do quinto não devia ser inferior a cem arrobas (1500 Kg)
por ano. Quando não chegasse a isso, os guardas do rei
podiam invadir casas para confiscar bens até totalizar os
1500 Kg. Era a DERRAMA.
• Ouro de aluvião: Encontrado nos leitos de rios e córregos.
• Ouro das jazidas – minas no interior da terra.
• As maiores minas, chamadas de lavras, eram exploradas
pelos grandes mineradores, que tinham muitos
trabalhadores, em sua maior parte escravos.
16. •As minas menores e lavras quase esgotadas, depois de
exploradas pelos grandes mineradores, ficavam para os
garimpeiros ou faiscadores (as pedras faiscavam nos
leitos dos rios – brilhavam).
•FAISCADORES: trabalhavam quase sempre
individualmente, com poucos recursos e instrumentos
simples. (Geralmente homens simples que trabalhavam
por conta própria.
• Haviam mineradores que autorizavam seus escravos a
trabalharem como faiscadores, desde que lhes entregassem
uma quantia fixa de ouro. Se encontrassem pouco ouro, sofriam
castigos; se achassem muito, podiam chegar a comprar a
própria liberdade.
• Faiscador: recolher a areia do rio ou da mina, colocar o material
na bateia (vasilha de madeira) para lavá-lo; a areia e a terra,
mais leves, eram retiradas, enquanto o ouro, mais pesado,
ficava no fundo da bateia, sendo recolhido pelo garimpeiro.
17. Regiões de Mineração
•Após a descoberta do ouro na região das Gerais, as
bandeiras paulistas continuaram a percorrer os
sertões. Nessas andanças, acabaram descobrindo
outros depósitos do precioso metal nos atuais
estados de Mato Grosso e Goiás. Também se
encontrou ouro na Bahia. Mais tarde, foram
encontradas jazidas de diamantes em outras áreas
dos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia.
18. Sociedade:
• Descolamento da população do litoral para o interior. A
mineração favoreceu o aparecimento de centros urbanos e
consequentemente uma sociedade mais dinâmica em
relação à sociedade canavieira.
• A base da sociedade mineira, assim como a de todo o Brasil,
era escrava. Em 1742, cerca de 70% da população era
escrava – na região das minas.
• Atitudes de extrema violência e repressão. Assim como no NE, o ato
de desobediência ou revolta era punido com castigos como
espancamento públicos, ou em casos extremos, morte seguida da
exibição da cabeça cortada.
• As fugas e formação de quilombos eram constantes.
19. Livres e pobres – os desclassificados do ouro.
• A atividade mineradora deu origem a uma camada pobre da
sociedade, que não era nem a base, nem a parte média,
eram os desclassificados, eram pessoas atraídas pela ilusão
do ouro: escravos libertos, mulatos, brancos pobres,
indígenas aculturados, que sem encontrar nada nas minas,
faziam pequenos serviços de comércio e agricultura. Outros
buscaram atividades ilegais, como o contrabando de ouro e
diamantes e o roubo.
• Havia também a prostituição, a interceptação de pepitas de
ouro pelas negras de tabuleiro, que ao levar quitutes para
vender nas lavras, podiam esconder pepitas de ouro
extraídas pelos escravos.
20. Camada média
• Principalmente brancos, pequenos comerciantes, tropeiros e
mineradores.
• Possuíam de 2 a 5 escravos
• Trabalhavam com o comércio local
21. Camada dominante:
• Mineradores: com inúmeros escravos
• Grandes comerciantes: de alimentos, produtos manufaturados
europeus
• Tropeiros: abasteciam as minas de bois, vacas, cavalos e burros do sul
da colônia
• Fazendeiros: possuíam, geralmente, grandes propriedades próximas
ao rio São Francisco. Normalmente tinham imenso poder político na
regiões distantes do poder português.
• No topo da pirâmide estavam os altos funcionários do reino.
• Havia também os contratadores de diamantes no Distrito Diamantino
(atual Diamantina, MG)
22. • Em comparação com a sociedade que se formou na área de
produção do açúcar, a das minas era mais flexível, com um número
maior de pessoas nas camadas sociais intermediárias. Entretanto,
a polarização entre senhores de terras e escravos, característica da
sociedade açucareira, continuou a predominar sobre as outras
relações sociais.
• Como todos os esforços eram dirigidos à extração do ouro, quase
não se cultivava a terra na região das minas. Assim, alimentos e
outros produtos tinham de vir de regiões como o NE, o S e o L,
transportados no lombo de mulas. Como resultado, intensificou-se
o comércio entre as várias regiões da colônia.
• A riqueza gerada pelo ouro, porém, contrastava com a dura
realidade enfrentada pela maioria dos habitantes da região. Não
eram apenas os africanos escravizados que sofriam com o trabalho
excessivo e insalubre; às vezes os próprios donos das minas
enfrentavam fome, doença e morte prematura.
23. • Entre 1700 e 1713, época de plena prosperidade, as minas foram
assoladas por crises cíclicas de fome. Os ricos proprietários de
terras tiveram de comer cães, gatos e insetos, conforme relata
Eduardo Galeano no livro As veias abertas da América Latina;
Galeano também relata sobre as longas jornadas de trabalho na
lavagem do ouro, com os pés sempre imersos na água.
Enfraquecidos e esgotados, os moradores eram vítimas de doenças
e epidemias.
• As crises de fome ocorreram principalmente no início da povoação,
entretanto, mesmo depois de estabelecida as rotas seguidas pelos
tropeiros, o abastecimento das minas permaneceu difícil, o
alimento vinha de longe e sua conservação era difícil. Com a
escassez de gêneros de primeira necessidade e a grande
quantidade de ouro, os preços subiam vertiginosamente.
24. Consequências:
• Interiorização da colônia
• Mudança do eixo econômico: NE para SE
• Aumento da população da colônia
• Diversificação das profissões
• Aumento da mobilidade social
• Comércio interno na colônia – contato entre diversas regiões
• Criação da intendência das Minas em 1702: controle da exploração do
ouro
• Criação de novas capitanias, como as de São Paulo (1709), Minas Gerais
(1720), Goiás (1744), Mato Grosso (1748)
• Elevação do Brasil a Vice-Reino (1762)
• Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763): sede
da colônia mais próxima da área das minas.
• *Salvador foi capital do Brasil de 1549 até 1763.
25.
26. O poder se desloca para o Sul
• Nos séculos XVI e XVII, o polo econômico da colônia era a
porção nordeste, região produtora de açúcar, tabaco e
cachaça.
• Com a descoberta do ouro, o polo da economia colonial
deslocou-se para a região das minas, onde a riqueza
começou a se concentrar. Ali foram fundadas vilas e cidades.
• São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia também se
beneficiaram com o deslocamento do eixo econômico, pois
passaram a abastecer as regiões mineradoras.
27. Metrópole e Colônia
• D. João V foi coroado rei de Portugal em 1706, no início da exploração do
ouro em Minas Gerais. Seu governo teve gastos exorbitantes, deixando
Portugal em crise econômica e explorando cada vez mais a colônia.
• Apesar das conquistas ultramarinas portuguesas, Portugal devia muito à
Inglaterra, aumentando os impostos coloniais. Por exemplo, o “direito de
entrada”, taxa sobre os produtos que vinham de fora da região das minas;
o “direito de passagem”, uma espécie de pedágio cobrado na passagem
por alguns rios e o dízimo para a Igreja.
28. D. José I e Pombal
• Em 1750, d. José I, filho de d. João VI, assumiu o trono, enfrentando a
crise econômica e política em que Portugal se encontrava.
• O ouro começara a esgotar e o contrabando aumentava, a nobreza
portuguesa ocupava altos cargos nas colônias e abusava de seu
poder, explorando a população colonial, gerando protestos contra a
dominação portuguesa.
• Sobressaiu-se nesse momento o ministro Sebastião de Carvalho e
Melo, o Marquês de Pombal.
29. Medidas Pombalinas:
• O marquês comandou a economia e a política por 27 anos. Seu
modo de governar faz parte do despotismo esclarecido: governo
absolutista mesclado com ideais iluministas.
• Criou a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755). A
cia. Comercializava as mercadorias produzidas na região: cacau, canela,
algodão, arroz e cravo – e consumidas na Europa.
• Criou a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba (1759).
30. Na região das Minas determinou o aumento dos
impostos; instituiu a cota fixa de 100 arrobas anuais de
ouro (1500Kg), que funcionou bem até 1760; entretanto,
como ano a ano a produção aurífera decaía, esta cota
nunca era alcançada, para tanto, Pombal instituiu a
derrama, sistema forçado e violento de arrecadação: de
madrugada, para evitar fugas, uma vila mineradora era
cercada pelos dragões do Regimento das Minas, corpo de
soldados da elite do Exército português. Os cobradores de
impostos entravam nas casas e confiscavam joias ou
qualquer bem precioso para completar as cem arrobas.
31. O Distrito Diamantino:
• Descoberta de diamantes no Arraial do Tijuco, atual Diamantina,
por volta de 1720.
• Gerou maior fiscalização por parte do governo e, repressão para
evitar o contrabando das pedras.
• 1734: a área foi demarcada, constituindo o Distrito Diamantino,
com sede no Arraial do Tijuco. Portugal procurou proteger a
região: não podiam entrar negros e pardos livres; vendas foram
fechadas, comerciantes foram expulsos. Só entrava quem tivesse
autorização.
• Apenas contratadores podiam dedicar-se à extração dos
diamantes, sobre a qual pagavam ao governo uma cota
proporcional, mas isso não impediu que os contratadores
contrabandeassem as pedras.
32. •Em 1771, Pombal acabou com o sistema de
contratos, somente a Real Extração poderia
explorar as minas.
•O historiador Caio Prado Júnior, no livro
“Formação do Brasil Contemporâneo” , comenta
que o monopólio da exploração dos diamantes
deu ensejo ao aparecimento do garimpeiro. Era o
minerador clandestino, proibido pela
administração, que vivia à margem da lei e invadia
as terras proibidas para nela minerar.
33. • O ciclo do ouro e diamantes foi responsável por grandes
mudanças na colônia como o aumento populacional,
intensificação do tráfico de escravos (por causa da
decadência açucareira no nordeste, os escravos foram
transferidos para a região das minas).
• Mudança da capital: de Salvador (1549) para o Rio de
Janeiro (1763), acompanhando o eixo político. O Rio de
Janeiro foi escolhido estrategicamente devido a sua posição
no litoral: região portuária e comercial, tornando-se a
cidade mais populosa do Brasil, principal ponto de
exportação do ouro e importação de escravos e produtos
manufaturados destinados à região mineradora.