1. AS QUESTÕES FILOSÓFICAS
Viver implica defrontar problemas. Porém nem todos são filosóficos. Se, por exemplo,
estou preocupado com a roupa que hei-de levar ao casamento do meu amigo, talvez seja um
problema, mas não é filosófico.
Normalmente as questões filosóficas são:
1) existenciais e valorativas, exigindo uma resposta que influi nos nossos
comportamentos, no modo como nos relacionamos com o mundo e com os outros.
2) não têm solução científica ou técnica
Há problemas importantes e graves e que podem parecer filosóficos, mas não são.
Exemplo:
· Como acabar com a toxicodependência?
· Como curar o cancro?
· Como evitar os efeitos de um sismo sobre as populações?
As questões anteriores não são filosóficas já que a resposta pode ser dada por
especialistas no campo da ciência e da técnica. Mas podemos transformá-las para que
exijam uma reflexão filosófica:
· Porquê a existência de seres humanos que vivem em função da droga?
· Qual a razão de ser da doença e do sofrimento?
· Para que há-de haver catástrofes naturais?
3) Não são questões de facto, estas incidem sobre fenómenos observáveis ou sobre
informações que possam obter, de que são exemplo as questões:
· Quais foram os ideólogos da revolução francesa?
· Qual a composição química de um hidrato de carbono?
· Em que países da Europa se conduz pela esquerda?
As questões de facto exigem uma resposta objectiva; apelam a conhecimentos provenientes
do senso comum ou da ciência.
4) Ultrapassam o campo da legalidade – são de natureza legal as perguntas sobre as
leis vigentes:
· É possível não entregar a declaração do IRS?
· Que me acontece se exceder, injustificadamente, o número de faltas
previsto?
· É permitido dar emprego a menores?
Ao contrário das questões mencionadas nos pontos anteriores as questões filosóficas
colocam o problema da legitimidade, o que remete para o campo dos valores morais
como exemplificam as seguintes:
2. · Devo furtar-me aos impostos, se todos os outros pagam?
· Será correcto faltar às aulas, se nada me impede de estar presente?
· Será eticamente correcto servir-se do trabalho infantil?
ELABORAÇÃO DAS QUESTÕES FILOSÓFICAS
1) Traduzem-se por enunciados gerais e abstractos:
Ainda que originados por vivências individuais, as perguntas devem ser colocadas de
modo a permitir respostas racionais, libertas de interesses pessoais e de visões
apaixonadas dos acontecimentos.
Não Filosóficas:
1) Posso ser cruel?
2) O que sou eu?
3) Posso suicidar-me?
Podem transformar-se em questões filosóficas:
1) Pode a humanidade ser cruel?
2) O que é o Homem?
3) É legítimo o suicídio?
2) Traduzem-se por enunciados abertos:
Na Filosofia não há soluções únicas nem definitivas, por isso, é comum que mestre e discípulo
tenham opiniões divergentes. Esta divergência significa a vitalidade do espírito filosófico.
Quais os elementos propostos por Empédocles para a origem das coisas?
Como é que Maslow hierarquiza as motivações?
Qual o lugar de Deus no pensamento de Santo Agostinho?
As questões anterioressão fechadas = admitem uma só resposta = não filosófica
O progresso da ciência e da tecnologia contribuirá para uma humanidade mais
feliz?
Será a religião o ópio do povo?
A beleza será uma característica essencial da arte?
A vida do homem acabará com a morte do corpo?
As questões anteriores são abertas = várias perspectivas de solução
3) Enunciados interrogativos e negativos devem ser evitados = podem influenciar