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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
Análise Bioenergética: corpo-mente
GABRIELA SCHIAVENIN SEMINOTTI
Itajaí, (SC), 2009
1
GABRIELA SCHIAVENIN SEMNOTTI
Análise Bioenergética: corpo-mente
Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel
em Psicologia da Universidade do Vale do
Itajaí.
Orientador: Prof. Msc. Aurino Ramos Filho
Itajaí, (SC), 2009
2
Dedico esta pesquisa aos meus pais, por terem me
dado a oportunidade de estar nesse caminho de
sabedoria e conhecimento, e por terem acreditado
em meu ser. À minha filha por ter me compreendido
e ter sido paciente nos momentos em que me
abdiquei de compartilhá-los. E a Deus por ter me
guiado neste caminho de luz e encantamento.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me colocado neste caminho de luz
e sabedoria.
Ao professor, mestre e orientador Aurino Ramos Filho, por ter acolhido esta
temática e por ter iluminado nossos encontros, que foram além de uma orientação,
e sim ensinamentos para a minha vida. Pois, muitas vezes, suas filosofias me
tocaram, tornaram minha vida mais feliz e o meu ser mais consciente da relação
com o Mundo.
Agradeço aos meus pais, por acreditarem nas minhas potencialidades e por
terem me ensinado valores realmente humanos. À minha mãe, pelo
companheirismo e dedicação, e ao meu pai pela compreensão e determinação.
À minha filha, por ter sido paciente em todos os momentos em que precisei
estar ausente, e por ser o maior sentido da minha vida, o qual me dá forças para
tornar-me um ser humano cada dia melhor.
À minha irmã, por ter me ajudado, sempre, no que precisei e por me
aconselhar construtivamente.
À minha amada avó, por ter orado por mim.
À minha psicoterapeuta Arlene, por ter me encorajado e ter acreditado em
mim. Sua fé me deu forças para realizar este trabalho e nunca ter pensando em
desistir. Agradeço a ela também, por ter me ensinado a cada encontro,
fundamentos sobre o tema pesquisado.
À minha amiga Mana, que sempre me escutou, de forma generosa, e
presenteou-me com a autobiografia do Lowen, que surpresa maravilhosa!
Agradeço também ao sol por me iluminar, o mar por me plenificar e a terra
por me enraizar.
4
“Estar cheio de vida é respirar profundamente,
mover-se livremente e sentir com intensidade.”
Alexander Lowen
5
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................ 6
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7
2 EMBASAMENTO TEÓRICO ................................................................................ 9
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 52
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 54
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 56
6 OBRAS CONSULTADAS.................................................................................. 57
6
ANÁLISE BIOENERGÉTICA: CORPO-MENTE
Orientador: Prof. Msc. Aurino Ramos Filho
Defesa: Novembro de 2009
Resumo:
A Análise Bioenergética tem como objetivo ajudar o ser humano a recuperar a sua natureza primária que se
integra na sua condição de ser livre e belo. Para que isto se realize propõe que se deve curar a cisão mente-
corpo. Assim, a presente Pesquisa investigou, por meio da Pesquisa Bibliográfica, a Análise Bioenergética
como proposta para o ser humano reencontrar-se com o seu corpo e tirar proveito da vida que há nele. Os
Objetivos Específicos, próprios dessa Pesquisa, constituiram-se em: descrever os principais conceitos da
Bioenergética, analisá-la como técnica psicoterapêutica e propor técnicas que ajudem o ser humano a
reencontrar-se com seu corpo. Intencionou-se, pois, elucidar a Análise Bioenergética e sua relevância para o
corpo e a vida humanos. Conclui-se, portanto, que esta teoria e técnica, ajudam o ser humano a integrar-se
como corpo-mente, por meio dos exercícios específicos e pelas análises das histórias e dos corpos que
guardam as experiências.
Palavras-chave: corpo; mente; técnica psicoterapêutica.
Sub-Área de concentração (CNPq) 7.07.00.00-1 - Psicologia
7.07.07.00-6 - Psicologia do Desenvolvimento Humano
Membros da Banca
______________________________________
Mara Cristina Binz
Professora convidada
______________________________________
Arlene Beatriz Schauffert de Amorim
Professora convidada
______________________________________
Prof. Msc. Aurino Ramos Filho
Professor Orientador
7
1 INTRODUÇÃO
O ser humano faz diferentes viagens durante a sua vida, pois somos seres
de passagens. Essas passagens são do útero para a vida, do bebê para a criança,
da adolescência para o adulto, do adulto para a velhice, da velhice para a morte.
Aspectos emocionais, corporais, sociais, existenciais, espirituais e transcendentais
estão presentes nas passagens da vida, desde o útero até a morte do ser
humano.
A partir de minhas curiosidades relacionadas às passagens de minha vida e
de outros seres humanos, surgiu o desafio de estudar e compreender os
comportamentos e personalidades por meio de uma teoria da Psicologia, que além
dos aspectos hereditários, psicológicos, sociais e espirituais, estuda o ser humano
no aspecto corporal também. Segundo Lowen (1977), “o terapeuta bioenergético
analisa não apenas o problema psicológico do paciente como o faria qualquer
analista, mas também a expressão física do problema, à medida que é manifesto
em sua estrutura corporal e movimento” (p. 16).
“Ser capaz de ver e compreender as expressões corporais é o que constitui
a bioenergética” (LOWEN, 2007, p. 126). Portanto, para compreender o
comportamento do ser humano, um dos aspectos é avaliar o nível de energia do
seu corpo.
A bioenergética fundamenta que cada ser é o seu corpo. “Nenhuma pessoa
existe fora do corpo vivo, através do qual se expressa e se relaciona com o mundo
à sua volta” (LOWEN, 1982, p. 47). Portanto, “dado que o seu corpo expressa
quem você é, ele também indica a intensidade de sua presença no mundo”
(LOWEN, 1982, p. 48).
Além de estudar e compreender o ser humano, a Análise Bioenergética,
propõe técnicas para ajudá-lo. Pois seu objetivo é segundo Lowen (1985), “é um
corpo cheio de vida, capaz de experienciar totalmente prazeres e dores, alegrias e
tristezas da vida” (p. 18). Portanto, criou exercícios especiais para o ser humano
praticar em sessões terapêuticas, em aula e em casa.
8
Os exercícios bioenergéticos ajudam o ser humano a se conhecer melhor.
“Eles farão isso através do aumento do estado vibratório do seu corpo, grounding
das pernas e do corpo, aprofundamento da respiração, agudização da
autoconsciência, e ampliação da auto-expressão” (LOWEN e LOWEN, 1985, p.
14).
A partir de alguns exercícios praticados e análises realizadas em sessões
psicoterapêuticas, compreendi melhor o meu ser como corpo. No entanto, resolvi
investigar esse tema, que tanto me fascina e pretendo poder trabalhar com essa
teoria, após minha formação no Curso de Psicologia. Pois esta é uma técnica que
habilita o profissional da área da Psicologia, a utilizá-la na Clínica, na Educação,
em Treinamento e Desenvolvimento Empresarial e no Campo Social, entre outras.
No Brasil, seu modo de atuação se encontra restrito, tendo como ponto de partida
a psicoterapia clínica.
O estudo da Bioenergética é um caminho árduo, de reflexão e de
descobertas, mas que proporciona um crescimento e desenvolvimento,
interminável.
A Análise Bioenergética é um dos olhares da Psicologia, um olhar
específico, mas com propósitos semelhantes a outras teorias, com o qual, ajuda o
ser humano a reencontrar-se com seu self.
Portanto, como problema de pesquisa, intencionou-se elucidar a Análise
Bioenergética como técnica psicoterapêutica, que ajuda o ser humano a
reencontrar-se com o seu corpo e tirar proveito da vida que há nele. Como
Objetivos Específicos, constituíu-se em descrever os principais conceitos da
Bioenergética, analisou-a como técnica psicoterapêutica e propôs técnicas para
ajudar o ser humano a reencontrar-se com seu corpo.
É relevante, pois, compreender essa teoria e técnica, ainda pouco
desfrutada nos cursos de Psicologia no Brasil e nas demais áreas relacionadas à
Psicologia.
9
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 Os principais conceitos da Análise Bioenergética
A Bioenergética foi criada a partir do trabalho do psicanalista Wilhelm Reich
(1897-1957). Mais tarde, foi desenvolvida por John C. Pierrakos (1921-2001) e
Alexander Lowen (1910-2008), o pai da Bioenergética.
No desenvolvimento desta teoria, foram conceituadas palavras básicas para
fundamentá-la, como o grounding, a respiração, a motilidade, a vibração e a
sexualidade. Além destes, Lowen, a partir da teoria de Reich, sobre a análise do
caráter, ampliou-a para relacionar esta com as estruturas corporais.
2.1.1 Grounding
Para a Bioenergética, grounding significa “fazer a pessoa entrar em contato
com o chão. Estar em contato com o chão é o oposto a ter uma “obsessão”, a
estar no ar” (LOWEN, 1982, p. 169).
O Grounding (Ground= solo, chão) é um exercício conceituado,
especificamente, pela Bioenergética. “Grounding, ou seja, fazer com que o
paciente tenha contato com a realidade, com o solo onde pisa, com seu corpo e
sua sexualidade, tornou-se umas das pedras fundamentais da bioenergética”
(LOWEN, 1982, p. 35).
Alguns seres humanos acreditam estar com os pés no chão, mas a partir
dos exercícios de grounding, alguns podem sentir vibrações em suas pernas e
então compreender melhor o que é estar grounded ou estar com os pés no chão.
Este processo pode vir a ser, lento ou rápido, pois depende da estrutura corporal
de cada pessoa, algumas sendo mais tensas e rígidas, enquanto, outras não.
As pessoas enraizadas [grounded] estão conectadas à terra e ao
ambiente natural, ao seu corpo e seus sentimentos e aos seus entes
queridos e seus semelhantes. O indivíduo desenraizado é solitário, folha
que se desprendeu da árvore, criatura sem lar (LOWEN, 2007, p. 165).
10
“O lar de cada um é o seu corpo. Não se ligar de maneira sensível ao
próprio corpo significa viver como um espírito desconectado, que flutua pela vida,
sem qualquer sensação de pertencer algo ou alguém” (LOWEN, 2007, p. 165).
Para Weigand (2005, p. 35) “ao trabalhar com o paciente na posição ereta,
Lowen inovou em relação à técnica de Reich, que colocava o paciente deitado no
divã.” Esta posição ajuda o ser humano a sentir o solo, para que este entre em
contato com a realidade de sua vida, pois realizando este exercício, a respiração é
aprofundada e os sentimentos afloram.
As posturas de grounding e as vibrações aumentam as ondas
respiratórias e a excitação geral do organismo. O fluxo energético pulsa
movendo-se pendularmente dos pés até a cabeça. O bloqueio em
qualquer segmento do corpo impede esse fluxo. Como a onda de
excitação deve atravessar o segmento pélvico para chegar até as pernas
e os pés, a sensação de grounding estará prejudicada por bloqueios
neste segmento (WEIGAND, 2005, p. 35).
O grounding para Lowen e Lowen (1985, p.23) “implica em conseguir que a
pessoa “deixe acontecer”, fazendo seu centro de gravidade recair mais embaixo;
implica em fazê-la sentir-se mais perto da terra. O resultado imediato é que
aumenta seu senso de segurança.” Portanto, este exercício pretende ajudar o ser
humano a entrar em contato com seu ser interior e com o mundo, identificando-se
com sua natureza animal.
Para Heller e Henkin (1998 apud WEIGAND, 2005),
Acreditam que dizer que alguém está firmemente grounded é o mesmo
que dizer que seu peso está distribuído simetricamente sobre os dois pés
refletindo o equilíbrio e o alinhamento da estrutura como um todo, do topo
da cabeça aos pés, assim como lateralmente (p. 36).
O conceito de grounding é ampliado destacando-se os diferentes tipos de
grounding: postural, interno, prematuro, grounding do olhar e grounding na família,
cultura e religião (WEIGAND, 2005).
O grounding postural é um exercício que se assemelha com um dos
exercícios do Tai Chi Chuan, praticado pelos chineses, chamado “curvatura
taoísta”, “este tem como objetivo para eles, alcançar a harmonia com o universo
por meio de uma combinação de movimentos do corpo com a técnica da
11
respiração” (LOWEN, 1982, p. 65). O que também se assemelha com os objetivos
da Análise Bioenergética, pois esta posição segundo Lowen (1982, p. 64) “é
utilizada para fazer com que as pessoas sintam-se integradas e conectadas, seus
pés firmemente plantados e sua cabeça levantada.”
Esta posição é usada para diagnosticar a natureza das principais tensões
musculares, mostrando a falta de integração do corpo (LOWEN, 1982, p. 64).
Este exercício para Weigand (2005),
Tem por objetivo criar um senso de grounding postural que tem por
objetivo desenvolver capacidades de autonomia, ou seja, um crescimento
a partir de posições infantis para outras mais adultas, aumentar a carga
energética e a excitação geral no organismo (p.42).
O grounding interno, na relação psicoterapêutica para a Análise
Bioenergética segundo Weigand (2005, p. 42) “é sustentado pela qualidade da
relação terapêutica que implica em confiança, suporte, cuidado, reconhecimento,
vínculo.”
Acredito que grounding interno também se desenvolve com uma
combinação de exercícios de Análise Bioenergética e auto-percepção.
Que a auto-percepção pode ser criada ao praticar os exercícios com
consciência corporal percebendo não só os processos cinestésicos, a
temperatura, a respiração, mas também a sensação de energia fluindo,
sua pulsação, a excitação, as sensações de carga, de leveza e possíveis
sentimentos que surjam com as mobilizações, como um caminho para o
crescimento do grounding interno (WEIGAND, 2005, p. 43).
Já o grounding prematuro, é um estudo sobre o desenvolvimento prematuro
do ego relacionado ao grounding.
Segundo Weigand (2005, p. 46) “a dificuldade de ter um grounding
adequado atribui-se às experiências precoces da criança com um cuidador que
tem episódios de desconexão durante os quais ele (cuidador) não consegue
reconhecer-se como um ser separado da criança.” E pelo fato da criança ainda
não ser madura, capta essa dissonância diretamente em sua estrutura celular, em
seu sistema nervoso autônomo e centros energéticos (WEIGAND, 2005).
A partir dessa dissonância, a criança que é cuidada por um ser humano que
tem grandes porções de seu ego não estruturadas, acaba tendo que descobrir
12
como se manter por si (WEIGAND, 2005). Pois a partir de uma criação
ambivalente vinda de seu cuidador, a criança rompe sua psiquê do soma, estando
sujeita a comportamentos bons ou ruins deste. Assim, segundo Weigand (2005, p.
47) “dessa forma, o bebê passa a tomar conta do ambiente, saindo da condição
de ser cuidado para a condição de cuidador.”
O grounding do olhar está relacionado ao contato visual. Os primeiros
contatos inicias que o ser humano faz após nascer é o contato ocular com seu
cuidador.
Segundo Baker, (1980, apud WEIGAND, 2005, p. 54) “com o bloqueio do
anel ocular, a percepção da excitação fica prejudicada, mas a excitação pode
crescer e inundar o organismo, sem possibilidade de regulação do ego.”
Para Weigand (2005, p. 54) “a severidade dos sintomas psíquicos depende
da etapa do desenvolvimento em que se forma o bloqueio.” Conforme for a
intensidade do bloqueio ocular e a fase com que ele ocorreu, posteriormente, a
criança não consegue criar as defesas caracterológicas neuróticas (WEIGAND
2005).
Em relação ao grouding na família
Para Stern (1997, apud WEIGAND, 2005, p. 57) “certas representações
estão baseadas em eventos culturais ou históricos nunca experienciados
diretamente pela criança, por exemplo, um avô falecido pode ser transformado em
um mito familiar.”
“antes mesmo de enraizar-se no útero,
um bebê começa a existir no mundo representacional dos pais” (WEIGAND, 2005,
p. 57). Segundo Stern (1997, apud WEIGAND, 2005, p. 57) “esse mundo
representacional dos pais inclui suas fantasias, esperanças, medos, sonhos,
lembranças da própria infância, modelos de pais e profecias para o futuro bebê.”
Portanto, para Weigand (2005) “tanto a tradição da família de origem
quanto o que é construído pela família atual se entrelaçam para formar o
grounding familiar onde o bebê vai se enraizar” (p. 57). Assim formando um
grounding familiar saudável ou não, podendo afetar a constituição do self do bebê,
dependendo de como os cuidadores elaboraram os conteúdos herdados de seus
próprios pais (WEIGAND, 2005).
13
O grounding na cultura e comunidade “remete a estar inserido numa cultura
e num grupo social implica enraizar-se absorvendo os mitos, crenças e práticas
religiosas vigentes nesse contexto” (WEIGAND, 2005, p. 61). A partir da absorção
destes, compõem-se um ground, segundo Weigand (2005) “cheio de significados
e de mitos privados onde o bebê começa o longo processo de se perceber, de
perceber os outros e perceber o mundo” (p. 62).
Este é também o momento em que se constituído a dimensão étnica de
seu self, pois na medida em que o bebê toma o corpo materno como
próprio, organiza-se segundo os aspectos étnicos da comunidade em que
nasceu. Esses elementos étnicos se desenvolvem e ganham sofisticação
ao longo do desenvolvimento, pelo convívio da criança com as pessoas
em seu meio ambiente, pela apropriação dos ethos refletido na
corporeidade, nas emoções e atitudes desses outros significativos (Safra,
2002, apud WEIGAND, 2005, p. 62).
A ligação que a criança faz com seu contexto familiar, segundo Weigand
(2005) “toma a forma de amor e boa sorte, não importando se a família é nutritiva
ou negligente; os valores, hábitos, crenças e atos da família se inscrevem na
consciência e passam a fazer parte da identidade” (p. 62).
Portanto, a partir do momento que o ser humano,
Apóia seus pés no chão, seus braços se levantam para os céus, seus
olhos se abrem para as glórias do universo e seu espírito ascende
exultante com o milagre que é sua vida, sua consciência, o sentir-se
parte de um todo (LOWEN, 1983, p. 43).
Os sentimentos dos seres humanos com raízes no chão possibilitam a
sensação corporal equivalente a todos os sentimentos espirituais, é à base de
toda experiência religiosa (LOWEN, 1983).
2.1.2 Respiração
A respiração é essencial para a Análise Bioenergética e para uma saúde
vibrante. Segundo Lowen e Lowen (1985, p. 35) “através da respiração,
conseguimos o oxigênio para manter aceso o fogo do nosso metabolismo, e isto
14
nos assegura a energia de que precisamos mais oxigênio cria um fogo mais
quente e produz mais energia.”
Respirar é a forma de sentirmos a nós mesmos, os outros e o ambiente. Em
situações em que não queremos sentir, respiramos menos, assim facilitando o
desenvolvimento das tensões musculares.
O foco da Análise Bioenergética é ajudar o ser humano a perceber e liberar
as tensões que o impedem de respirar naturalmente, pois esta não é normalmente
uma coisa da qual deveríamos estar conscientes (LOWEN e LOWEN, 1985).
Portanto, a Bioenergética não quer que o indivíduo force a respiração, e sim que
este tenha consciência desta.
A respiração saudável é uma ação do corpo todo; todos os músculos do
corpo estão envolvidos, em algum grau. Isto é especialmente verdadeiro
para os músculos pélvicos profundos que giram suavemente a pelve para
trás e para baixo durante a inspiração, para alargar o ventre, e então
giram-na para frente e para cima, a fim de diminuir a cavidade abdominal
durante a expiração. Este movimento da pelve para frente é auxiliado
pela contração dos músculos abdominais. A expiração, contudo, é um
processo basicamente passivo, melhor exemplificado por um suspiro
(LOWEN e LOWEN, 1985, p. 36).
Segundo Lowen (1982), a “respiração desempenha importante papel na
bioenergética, pois apenas através de uma respiração profunda e plena é que
podemos conseguir energia para uma vida mais espirituosa e espiritual” (p.57).
Considera-se que a respiração seja um caminho para o autoconhecimento.
Pois se compreende que o modo como respiramos é o modo como vivemos a
nossa vida.
“Na respiração nós participamos inconscientemente da Vida Maior”
(Durckheim apud LOWEN, 1983, p.44). Para Lowen (1983), “a razão desta
afirmação é que a respiração é um processo de expansão e contração que
envolve todo o corpo e é, ao mesmo tempo, consciente e inconsciente, a
respiração guarda o segredo da vida” (p. 44).
Segundo Lowen (1983), “a respiração profunda e completa, nos torna
consciente da pulsação viva de nossos corpos e assim nos sentimos unidos a
todas as criaturas pulsantes de um universo em pulsação” (p. 44).
15
Para Reich (1975) “a inibição respiratória e fixação do diafragma é sem
dúvida um dos primeiros e mais importantes atos na supressão das sensações de
prazer no abdômen, e também na redução da “angústia abdominal” (p. 260).
“Quando se tem uma respiração reduzida, absorve-se menos oxigênio; de
fato, apenas o suficiente para a preservação da vida. Com menos energia no
organismo, as excitações vegetativas são menos intensas e, pois, mais fáceis de
controlar” (REICH, 1975, p. 262). Segundo Reich (1975), “vista biologicamente, a
inibição da respiração nos neuróticos tem a função de reduzir a produção de
energia no organismo e de reduzir assim a produção de angústia” (p. 262).
A inibição respiratória para Reich (1975), “é experimentada na região
superior ou média do abdômen, respirando fundo, sentimentos fortes de prazer ou
de angústia aparecem no abdômem” (p. 277).
Segundo Lowen (1982), “qualquer obstrução do processo respiratório
produzirá ansiedade” (p. 109). Para se exemplificar uma situação de ansiedade
relacionada à respiração, basta imaginar uma pessoa que tem asma lutando para
tomar ar. “A respiração é praticamente tão importante para o organismo quanto a
circulação” (LOWEN, 1982, p. 109).
Uma outra pista a respeito da natureza da ansiedade foi fornecida por
Rollo May, que remontou as origens da palavra “ansiedade” à raiz
germânica Angst, que significa “um apertão nos estreitos”. Os estreitos
podem ser, por exemplo, o próprio parto pelo qual ninguém deixa de
passar para uma existência independente. Pode ser uma passagem feita
sob o peso de uma forte ansiedade, dado que representa a transição
para a respiração independente, por parte do novo organismo. Qualquer
dificuldade que um mamífero tenha para o estabelecimento de uma
respiração independente põe sua vida em risco e produz um estado
fisiológico de ansiedade. Os estreitos podem referir-se, por outro lado, ao
pescoço, esta estreita passagem entre a cabeça e o resto do corpo,
passagem pela qual veicula-se o ar para os pulmões e o sangue para a
cabeça. Um estrangulamento na região é também uma ameaça direta à
vida e resulta em ansiedade (LOWEN, 1982, p. 110).
Para Lowen e Lowen (1985), “os movimentos respiratórios são como ondas,
a onda inspiratória começa no fundo na pelve e flui para cima, até a boca. À
medida que vai subindo, as cavidades largas do corpo se expandem para sugar o
ar” (p. 37).
16
Já a onda expiratória “começa na boca e flui para baixo, quando ela alcança
a pelve, esta estrutura move-se suavemente para frente. A expiração induz ao
relaxamento de todo o corpo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 37).
Nos seres humanos com peito inflado a expiração é forçada, pois segundo
Lowen (1985), “o peito inflado é uma defesa contra o sentimento de pânico, o qual
está relacionado ao medo de não ser capaz de conseguir ar suficiente. Por outro
lado, as pessoas que têm medo de ir ativamente ao encontro do mundo, têm
dificuldade em inspirar” (p. 37).
“A respiração também está vinculada à voz, para produzir um som, é
preciso deslocar o ar através da laringe. E durante a emissão de um som pode-se
ter certeza da respiração” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 39).
Os seres humanos são algumas vezes proibidos de soltarem um grito, ou
melhor, um som alto, esta restrição severa pode limitar a respiração. Segundo
Lowen e Lowen (1985), “por estas razões, as pessoas em terapia bioenergética e
em aulas de exercício são encorajadas a vocalizar ou emitir um som prolongado
enquanto fazem exercícios ou respiram” (p. 39).
“Os exercícios de respiração ajudam um pouco, mas não fazem nada para
reduzir a tensão e restaurar o padrão respiratório natural” (LOWEN e LOWEN,
1985 p. 35). Para se fazer isto é necessário aprender a liberar as tensões.
Na Análise Bioenergética existem alguns mandamentos, os quais são: não
prender sua respiração, deixar-se respirar.
O outro mandamento é emitir um som. Permita-se ser ouvido. Se você
der um suspiro, faça-o audível. Muitas pessoas desenvolveram problema
porque quando crianças eram severamente advertidas a ficarem quietas.
Esta negação de seu direito de uso da própria os pode tê-las levado a
imagem de pessoas sem voz ativa em seus próprios assuntos (LOWEN e
LOWEN, 1985, p. 40).
De forma mais didática e anatômica, se divide o movimento respiratório em
três áreas do corpo: respiração abdominal e ou diafragmática, respiração
intercostal ou média e respiração clavicular ou peitoral.
Segundo Elias (2009), a respiração abdominal ou diafragmática “é aquela
que acentua o movimento na parte baixa da barriga, fazendo a barriga crescer
17
com a inspiração e recolher-se na exalação, o ar concentra-se na parte baixa dos
pulmões.” “Esta respiração é que exige menos esforço e corresponde à
aproximadamente 60% do ar que podemos absorver, é predominante em estados
de descanso, relaxamento e durante o sono” (ELIAS, 2009).
“A respiração intercostal ou média é aquela que movimenta a região
intermediária entre o abdômen e o peito, fazendo as costelas inferiores se abrirem
na inspiração e se recolherem na exalação. Equivale à 30% do volume de ar que
podemos absorver” (ELIAS, 2009).
Já a respiração clavicular ou peitoral, para Elias (2009), “é aquela que
movimenta a parte alta do tronco, abrindo e elevando o peito na inspiração,
recolhendo-o na exalação, o ar concentra-se na parte mais alta dos pulmões.”
“Esta respiração é a que exige mais esforço do corpo e corresponde a 10% do
volume de ar que podemos absorver” (ELIAS, 2009).
Segundo Elias (2009), pode-se “dividir o movimento respiratório em quatro
momentos distintos que são: inspiração, pausa com os pulmões cheios, exalação,
pausa com os pulmões vazios.” Estes movimentos respiratórios, para Elias (2009),
“repetem o eterno ciclo da vida, onde alternam-se nascimento e morte, encontro e
separação, ação e repouso.”
“Se queremos resgatar emoções reprimidas, um dos recursos utilizados
pela Bioenergética é o de voluntariamente aumentar a profundidade da
respiração” (ELIAS, 2009). Portanto, para o ser humano ter um corpo e vida
saudável é preciso que respire profundo para que fique consciente de seus
sentimentos.
2.1.3 Sexualidade
Para a Análise Bioenergética existe uma identidade entre saúde emocional
e sexual. Segundo Lowen e Lowen (1985), “a unidade do organismo pode ser
descrita como um círculo, cada aspecto de sua saúde está relacionado a outro e
reflete sua saúde total” (p. 45). Portanto, “problemas e ansiedades sexuais irão
18
afetar seriamente a saúde física, emocional e mental da pessoa” (LOWEN, 1985,
p. 45).
A sexualidade, segundo Lowen (1982), “foi e é a chave de todos os
problemas emocionais, mas os distúrbios de funcionamento sexual só podem ser
compreendidos, de um lado, a partir da estrutura total da personalidade, e de
outro, dentro da estrutura das condições da vida sexual” (p. 26). Portanto, a
sexualidade é um dos aspectos principais da personalidade, mas não que seja o
único.
Um ser humano com a mente calma, provavelmente ira ter um corpo
gracioso. Pois segundo Lowen e Lowen (1985):
“Similarmente, a saúde emocional é definida positivamente: é ter pleno
domínio das próprias faculdades e de toda a vasta gama dos próprios
sentimentos. Naturalmente, esta definição inclui a habilidade para sentir e
expressar plenamente a própria sexualidade e a capacidade de
experienciar o prazer desta expressão. Está será nossa definição de
saúde sexual. Basicamente, ser vibrantemente vital pode equivaler à
capacidade de ter prazer e alegria de viver” (p. 46).
O ser humano deve soltar sua pelve, para desimpedir o fluxo de suas
sensações sexuais. “Portanto, o modo como a pessoa conserva sua pelve é um
objeto de estudo tão importante quanto o modo como esta pessoa mantém sua
cabeça” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 46).
Quando a pelve está para frente, o ser humano poderá sentir as sensações
sexuais fluírem diretamente para os genitais, órgão de descarga, e quando estiver
para trás, está em posição de ser carregada (LOWEN e LOWEN, 1985).
A barriga é o reservatório de sensações sexuais, mas se contrairmos ela e
mantermos a pelve para frente, esta função de reservatório fica perdida (LOWEN,
e LOWEN 1985).
Segundo Lowen e Lowen (1985), prendendo a respiração e imobilizando a
pelve “como resultado, a pessoa não está sexualmente viva e tem de ser “ligada”;
está em grounding em sua natureza sexual” (p. 49).
Um corpo sexualmente vivo é caracterizado por um balanço livre da
pelve. Isto significa que a pelve move-se espontaneamente, que não está
sendo empurrada, ou movendo-se aos trancos, nem sendo fixada. Em
19
contraste, as pessoas de nossas mais sofisticadas culturas andam de
maneira inflexível, com as nádegas contraídas (LOWEN e LOWEN, 1985,
p. 49).
A tensão de contrair as nádegas, para Lowen e Lowen (1985),
“representam medo de “deixar acontecer”, de, se o fizermos, defecar ou fazer
sujeira” (p. 50). Treino infantil para o controle esfincteriano, surgindo mais tarde
tensões inconscientes que bloquearão a entrega a descarga sexual (LOWEN e
LOWEN, 1985).
De acordo com Lowen (1982),
Reich acreditava que a repressão do trauma original era mantida por uma
supressão das sensações sexuais. Esta supressão constituía a
predisposição ao sintoma histérico, transformado mais tarde em algo
concreto por um incidente sexual posterior. Para Reich a supressão das
sensações sexuais mais a atitude caracterológica concomitante
constituíam a verdadeira neurose; o sintoma em si não passava de uma
expressão observável. A consideração desse elemento, mais
precisamente, o comportamento e a atitude do paciente em relação à
sexualidade, introduziu um fator “econômico” no problema da neurose. O
termo “econômico” se refere às forças que predispõem um indivíduo para
o desenvolvimento de sintomas neuróticos... (p. 14).
Para Reich (1975), “a sexualidade é o centro em torno do qual gira a vida
da sociedade como um todo, e também o mundo intelectual interior do indivíduo”
(p. 28).
Para Freud segundo Reich (1975), “a sexualidade adulta procede de
estágios de desenvolvimento sexual na infância” (p. 34). Acreditava que a
experiência sexual incluía um campo maior que a experiência genital, por esta
razão não usava as palavras “sexual” e “genital” para falar sobre o mesmo assunto
(REICH, 1975).
“Os escritores pré-freudianos empregaram o conceito do “libido” para
denotar simplesmente o desejo consciente de atividade sexual” (REICH, 1975, p.
34). Porém Reich (1975) acreditava “que a “libido” de Freud não é o mesmo que a
“libido” dos pré-freudianos, a última denota os desejos sexuais conscientes, e a
libido de Freud não é, e não pode ser, senão a energia do instinto sexual” (p. 35).
20
Segundo Reich (1975), “se eu houvesse definido a sexualidade apenas
como sexualidade genital, caíria na noção pré-freudiana errada de sexualidade, e
sexual equivaleria a genital” (p. 102).
Alargando o conceito de função genital com o conceito de potência
orgástica, e definindo-o em termos de energia, somei uma nova
dimensão à teoria psicanalítica de sexualidade e libido, conservando o
seu arcabouço original (REICH, 1975, p. 102).
“Se toda enfermidade psíquica tem um cerne de excitação sexual reprimida,
só pode ser causada pela perturbação da capacidade de experimentar a
satisfação orgástica” (REICH, 1975, p. 102).
Para Reich (1975), “a fonte de energia da neurose tem origem na diferença
entre o acúmulo e a descarga da energia sexual” (p. 102). Pois a excitação sexual
não satisfeita leva o ser humano a ter um mecanismo psíquico neurótico.
“A fórmula terapêutica de Freud para as neuroses, embora correta, é
incompleta. O pré-requisito fundamental da terapia consiste em tornar o paciente
consciente da sua sexualidade reprimida” (REICH, 1975, p. 102). Portanto, é
importante torná-lo consciente disto, mas não é apenas isto que vai curá-lo.
O ser humano precisa obter uma plena satisfação orgástica para curar-se
de suas neuroses. “Não pode haver dúvidas, portanto, de que a meta mais alta e
mais importante da terapia analítica causal é o estabelecimento da potência
orgástica: a capacidade de descarregar energia sexual acumulada” (REICH, 1975,
p. 102).
“A excitação sexual é um processo somático. Os conflitos da neurose são
de natureza psíquica. O que acontece é que um conflito secundário, em si mesmo
normal, causa uma leve perturbação na balança da energia sexual” (REICH, 1975,
p. 103).
As dinâmicas da sexualidade pré-genital (oral, anal, muscular, etc.) são
fundamentalmente diferentes das dinâmicas da sexualidade genital. Se
as atividades sexuais não-genitais são reprimidas, a função genital se
torna perturbada. Essa perturbação provoca fantasias e ações pré-
genitais. As fantasias e atividades sexuais pré-genitais, que encontramos
nas neuroses e perversões, são não apenas a causa das perturbações
21
genitais mas, de qualquer forma, também o resultado dessa perturbação
(REICH, 1975, p. 103).
Segundo Reich (1975), “já que o processo vital e processo sexual são um
só e mesmo processo, não é preciso dizer que a energia vegetativa e sexual é
ativa em tudo quanto vive” (p. 105).
Para Lowen (1982), “uma descarga sexual satisfatória eliminará o excesso
de excitação no corpo, reduzindo em grande medida o nível geral de tensão. No
sexo a excitação excessiva torna-se centralizada no aparelho genital e é
descarregada no momento do clímax” (p. 213). A partir desta descarga o ser
humano sente-se mais relaxado, se isto não houver talvez seja por não ter tido um
contato sexual pleno, assim acumulando mais energia e levando a uma inquietude
na pessoa que não atingiu o clímax.
“Nem todo clímax é completamente insatisfatório. Há descargas parciais,
em que apenas uma fração da energia acumulada é descarregada” (LOWEN,
1982, p. 214).
Segundo Lowen (1982), “Reich empregava o termo “orgasmo” em sentido
muito especial, para fazer referência à entrega completa à excitação sexual, com o
envolvimento completo do corpo nos movimentos convulsivos da descarga” (p.
214).
“Uma resposta total a uma situação qualquer é incomum na nossa
sociedade, pois estamos envolvidos em uma carga muito grande de conflitos para
nos entregar de modo completo a qualquer sentimento que seja” (LOWEN, 1982,
p. 214).
Para Lowen (1982), “seria correto utilizar a palavra “orgasmo” para
descrever uma descarga sexual na qual há movimentos involuntários e
convulsivos espontâneos e agradáveis no corpo e na pelve, sentidos como
satisfatórios” (p. 215). Caso ocorra o aparato genital somente para descarga e
liberação não se deve usar o termo orgasmo e sim, ejaculação para o homem e
clímax para a mulher (LOWEN, 1982). “Para que a resposta mereça ser chamada
de orgasmo, a descarga deveria ampliar-se para outras partes do corpo: pelve e
22
pernas pelo menos, devendo acontecer alguns movimentos involuntários de
prazer pelo corpo” (LOWEN, 1982, p. 215).
O problema enfrentado pela maioria das pessoas é que as tensões em
seu corpo estão tão profundamente estruturadas que é raro acontecer a
liberação orgástica. Os movimentos convulsivos de prazer são muito
ameaçadores e a rendição é por demais assustadora. Independente do
que se diz, a maioria das pessoas tem medo e é incapaz de dar-se aos
poderosos sentimentos sexuais (LOWEN, 1982, p. 215).
Segundo Freud (1997) “creio, pois que a amnésia infantil, que converte a
infância de cada um numa espécie de época pré-histórica e oculta dele os
primórdios de sua própria vida sexual, carrega a culpa por não se dar valor ao
período infantil no desenvolvimento da vida sexual” (p. 54). “Já em 1896 frisei a
significação da infância para a origem de certos fenômenos importantes que
dependem da vida sexual, e desde então nunca deixei de trazer para primeiro
plano o fator infantil na sexualidade” (FREUD, 1997, p. 54).
A supressão da curiosidade sexual da criança e da sua tendência a brincar
com assuntos ligados à prática do amor elimina o ludismo natural das crianças,
não tendo permissão para manifestar-se livremente e plenamente (LOWEN,
1982). “Podem ser enterradas na consciência ou removidas de lá, mas
permanecem nas camadas subterrâneas da personalidade, emergindo quando há
oportunidade na forma de perversões das tendências naturais” (LOWEN, 1982, p.
50). Para Lowen (1982), “neste caso, as qualidades infantis não foram integradas
à personalidade, tendo permanecido isoladas e encapsuladas, formando corpos
estranhos ao ego” (p.50).
Lowen, segundo Weigand (2005), “colocou que o objetivo da psicoterapia
bioenergética era, para ele, auto-percepção, auto-expressão, e auto possessão,
ou seja, conhercer-se, expressar sua verdade e ser dono de si mesmo” (p. 27).
Portanto, “coloca o ego saudável como objetivo principal da psicoterapia, e a
manifestação da sexualidade como uma das formas de expressão desse ego
saudável” (WEIGAND, 2005, p. 27).
23
“A superênfase dada ao poder em nossa cultura coloca o ego contra o
corpo e a sua sexualidade, criando um antagonismo entre ambas as motivações,
quando o ideal seria o apoio e o reforço comum entre elas” (LOWEN, 1982, p. 27).
Portanto, “o objetivo terapêutico é integrar o ego ao corpo e à sua busca de
prazer e realização sexual” (LOWEN, 1982, p. 27).
2.1.4 Motilidade
“A Bioenergética é o estudo da personalidade humana em termos dos
processos energéticos do corpo. A energia está envolvida no movimento de todas
as coisas, tanto vivas quanto inertes” (LOWEN, 1982, p. 40). Portanto, “a energia
envolve-se em todos os processos da vida, nos movimentos, sentimentos e
pensamentos, e que os mesmos chegariam ao fim se a fonte de energia para o
organismo se esgotasse” (LOWEN, 1982, p. 40).
“Estudos cinemáticos mostram que os ser humano deprimido desempenha
cerca da metade dos movimentos espontâneos normais que o indivíduo não
deprimido” (LOWEN, 1982, p. 42). Segundo Lowen (1982), “seu estado subjetivo
geralmente corresponde à sua imagem objetiva: é a pessoa que sempre sente
faltar em si a energia para dar vida a qualquer movimento” (p. 42).
“Todas as atividades requerem e utilizam energias, das batidas do coração
aos movimentos peristálticos dos intestinos, ao caminhar, falar, trabalhar e ao
sexo” (LOWEN, 1982, p. 43). Para Lowen (1982), “uma pessoa se expressa em
suas ações e movimentos e, quando sua auto-expressão é livre e apropriada à
realidade da sua situação, experimentará uma sensação de satisfação e prazer
produzida pela descarga de energia” (p. 43).
Segundo Lowen (1982), “ao olhar para o corpo de um bebê, podemos ver o
seu constante movimentar, assim como as ondas de um lago, movimentos estes
provocados por forças internas” (p. 46). Quando o corpo do ser humano começa a
envelhecer, sua motilidade diminui, vindo cessar com a morte (LOWEN, 1982).
O movimento, como sendo um processo energético do ser humano,
interfere na sua vida emocional. Segundo Lowen (1982):
24
Em todos os nossos movimentos voluntários existe um componente
involuntário, que representa a motilidade essencial do organismo. O
componente involuntário, integrado à ação voluntária, responde pela
vivacidade e espontaneidade de nossas ações e movimentos. Quando
está ausente ou reduzido, os movimentos do corpo têm um caráter
mecânico sem vida (p.46).
Para Lowen (1982), “o tom de sentimento dos movimentos expressivos
advém do componente involuntário, componente esse que não está sujeito ao
controle consciente” (p. 47). Se estes componentes voluntários e involuntários se
associarem, surgirão movimentos que têm uma ligação emocional e que se
constituem em ações coordenadas e eficientes (LOWEN, 1982).
Os movimentos involuntários do corpo são a essência da vida, como as
ações involuntárias do batimento cardíaco, o ciclo respiratório, os movimentos
peristálticos dos intestinos (LOWEN, 1982). Para Lowen (1982), “a resposta mais
satisfatória, mais capaz de nos completar e mais significativa dentre todas as
respostas involuntárias é aquela do orgasmo, em que a pelve move-se
espontanemante” (p. 213).
“A vida emocional de um indivíduo depende da motilidade do seu corpo,
que por sua vez é uma função do fluxo de excitação através dele” (p.47). Partes
do corpo onde o movimento é menor deve haver um distúrbio no fluxo, causando
bloqueios e impedindo assim um movimento espontâneo (LOWEN, 1982).
Segundo Lowen (1982), “geralmente pode-se inferir a existência de um bloqueio
pela constatação de uma área de insensibilidade ou por sentir a contração
muscular que o mantém” (p. 47).
O movimento corporal não só interfere na vida emocional do ser humano,
mas também é uma das modalidades da auto-expressão para a Bioenergética.
Esta auto-expressividade (LOWEN, 1982) pode ou não ser uma atividade
consciente, porém independente disso estamos sempre nos expressando, e a
espontaneidade é a qualidade essencial da auto-expressividade.
“As emoções são eventos corporais; literalmente, são movimentos ou
impulsos dentro do corpo que geralmente resultam em alguma ação externa”
(LOWEN, 1982, p. 48).
25
Segundo Lowen (1982), “a atitude do indivíduo em relação à vida ou seu
estilo pessoal refletem-se no seu comportamento, em sua postura e no modo
como se movimenta” (48). Portanto, o ser humano expressa-se em qualquer ação
que executa ou movimento que seu corpo realiza (LOWEN, 1982).
“Os movimentos e ações corporais não são as únicas modalidades de auto-
expressão.” (LOWEN, 1982, p. 228). Portanto, para Lowen (1982), “podemos
reconhecer um leão ou um cavalo a partir de um desenho, e não há movimento
algum no retrato” (p.228).
“A espontaneidade é uma função da motilidade do corpo. Um corpo cheio
de vida nunca está completamente parado, mesmo ao dormir” (LOWEN, 1982, p.
231). Os movimentos variam em qualidade e intensidade, segundo o grau de
excitação, quanto maior for à motilidade de nosso organismo, mais auto-
expressivo ele será (LOWEN, 1982).
A motilidade de um corpo está diretamente relacionada ao seu nível de
energia. É preciso energia para movimentar-se. Quando o nível
energético está baixo, a motilidade necessariamente decresce. Uma linha
direta conecta a energia à auto-expressividade. Energia – motilidade –
sentimento – espontaneidade – auto-expressividade. Esta sequência
também opera em seu sentido inverso. Se a auto-expressividade de uma
pessoa estiver bloqueada, sua espontaneidade estará reduzida. A
redução da espontaneidade afeta negativamente o tônus afetivo que, por
sua vez, decresce a motilidade do corpo e deprime seu nível de energia
(LOWEN, 1982, p. 232).
“Na bioenergética, focalizamos três áreas principais de auto-expressividade:
movimento, voz e olhos. A raiva é semelhantemente expressa em movimentos
corporais, sons e olhares” (LOWEN, 1982, p. 233).
Segundo Lowen (1982), “descobri que é necessário fazer os pacientes
realizarem exercícios que envolvem chutar, bater, tocar, muitas vezes seguidas
para soltar os movimentos, de modo que os sentimentos tenham condições de fluir
sem obstáculos para a ação” (p. 234). Portanto, toda vez que o paciente faz esses
exercícios, aprende a movimentar-se completamente, permitindo a mais
elementos de seu corpo sentirem a ação (LOWEN, 1982).
Para a Análise Bioenergética, a terapia requer uma dupla abordagem: uma
que se centralize no passado, que é o lado analítico, que acentua o porquê de um
26
comportamento, de uma ação, dos movimentos da pessoa (LOWEN, 1982). Já o
trabalho sobre o presente segundo Lowen (1982), “lança luz sobre como alguém
age e se move” (p.235).
O indivíduo que não respira corretamente reduz a vida do seu corpo. Se
não se movimenta livremente, limita a vida de seu corpo. Se não se sente
inteiramente, estreita a vida de seu corpo, e se sua auto-expressão é
reduzida, o indivíduo terá a vida de ser corpo restringida” (LOWEN, 1982,
p. 38).
“O movimento é a essência da vida; crescimento e declínio são dois
aspectos do movimento. Não há, em verdade, o platô, a paralisação” (LOWEN,
1982, p. 95). Enquanto o ser humano tiver fé na vida, esse manterá o movimento
da vida (LOWEN, 1983).
2.1.5 Vibração
Lowen diferencia vibração de tremor. “Segundo ele, tremor é um movimento
mais forte, próximo ao chacoalhar. Quando há fortes tensões, a passagem da
energia através dos tecidos tensos provoca este tipo de tremor” (WEIGAND, 2005,
p. 28).
A vibração, para Lowen “é um movimento mais sutil ou fino e pode estar
associado ao prazer de estar vivo e vibrante, a metáfora seria um motor de carro
bem regulado, funcionando tranquilamente” (WEIGAND, 2005, p. 28).
Segundo Oschman (2000, apud WEIGAND 2005), “afirma que as vibrações
estão presentes em todos os aspectos da natureza, átomos vibrando criam som e
calor” (p. 28).
“Num nível básico, toda vida depende de moléculas interagindo através de
campos energéticos vibratórios ou oscilantes” (Oschman, 2000, p. 121 apud
WEIGAND 2005, p. 28).
Independente de filosofia ou crenças, interações energéticas ocorrem
entre indivíduos que estão próximos, mesmo sem contato físico. Ver e
falar com outra pessoa são interações energéticas envolvendo vibrações
de luz e som. Informações podem ser transferidas de um organismo para
o outro, via campos energéticos, e os sistemas vivos são muito sensíveis
27
as esses campos. Se for adicionado intencionalidade terapêutica e toque
à equação, novas dimensões de trocas sutis, porém mensuráveis,
tornam-se perceptíveis (WEIGAND, 2005, p. 29).
Na Análise Bioenergética “promove-se um estado de vibração por meio de
exercícios criados ou adaptados por Alexander Lowen e sua esposa Leslie Lowen,
cujo objetivo é manter as vibrações num nível estável e sutil quando a excitação
aumenta ou a tensão cresce” (WEIGAND, 2005, p. 30). Segundo Weigand (2005),
“essa vibração aumenta a tolerância do corpo para a excitação e o prazer, criando
uma via de descarga da excitação pela parte inferior do corpo por meio de dois
canais: a sexualidade e a motricidade” (p. 30).
Para Weingand (2005), “na análise bioenergética, quando ocorrem as
vibrações, não é necessariamente por cansaço muscular” (p. 31). Se não há
bloqueios ao fluxo de energia as vibrações são prazerosas, e se há a pessoa
possa vir sentir dor durante o processo, mas no fim, a sensação de liberdade é
prazerosa (WEIGAND, 2005).
Reich (1995, apud WEIGAND, 2005), “observou que as vibrações
aconteciam espontaneamente conforme os pacientes expressavam emoções” (p.
31). “Penso que, entendidas como a descarga motora da energia física que
permanecia ligada ao conteúdo emocional retido na couraça, as vibrações têm a
função de válvula de segurança do organismo” (WEIGAND, 2005, p. 31).
A vibração tem a haver com excitação, pois segundo Weigand (2005): a
energia flui nas células, propicia equilíbrio nas funções de energia, facilita carga –
descarga proporciona maior contato e percepção da realidade, aprofunda a
respiração, libera tensões do tecido conectivo e alegria e excitação intensa.
Lowen criou um método para desenvolver as vibrações, a partir da atividade
voluntária de músculos e da respiração, descobriu como preparar o terreno, no
corpo, para o fluxo de excitações intensas (WEIGAND, 2005).
Segundo Lowen (1984, p. 42 apud WEIGAND, 2005, p. 34), “podemos dizer
que indivíduos cujos corpos não vibram estão mortos emocionalmente.” “Ele
costumava afirmar que uma personalidade sadia é vibrante e um corpo sadio é
pulsante e vibrante” (WEIGAND, 2005, p. 34). Portanto, segundo Lowen (2007), “a
atividade vibratória do corpo é a base da vida sensível” (p. 192).
28
A vibração nas pernas tem o objetivo de reduzir-lhes a rigidez, é o caminho
natural para contrair a tensão muscular, pois quando o ser humano se solta, o
corpo vibra como uma mola livre do parto (LOWEN, 1982). Segundo Lowen
(1982), “nossas pernas são como molas, e quando as mantemos tensas por muito
tempo, elas endurecem e enrijecem, perdendo sua elasticidade” (p. 210).
“Há várias maneiras de se fazer as pernas vibrarem. O exercício que
usamos mais constantemente na bioenergética é a posição de flexão à frente, com
as mãos tocando o chão e os joelhos levemente refletidos” (LOWEN, 1982, p.
210). Também existe um exercício mais simples para que as pernas comecem a
vibrar, instruindo o paciente a deitar-se de costas na cama e erguer ambas as
pernas para o ar (LOWEN, 1982).
A vibração do corpo tem uma outra função importante além da liberação
da tensão: permite à pessoa experienciar e usufruir dos movimentos
involuntários do corpo, que são uma expressão de sua vida, de sua força
vibrante. Se a pessoa sente medo desses movimentos, achando que
deve estar no controle dos mesmos o tempo todo, perde a
espontaneidade e acaba como uma pessoa automatizada, rigidamente
contida (LOWEN, 1982, p. 213).
A vibração é uma manifestação da vida; o corpo vivo pulsa, pois a mesma
é um aspecto da propriedade pulsátil do tecido vivo (LOWEN, 2007). O ser
humano que não tem medo de perder o controle poderá se libertar de uma
característica rígida da neurose (LOWEN, 2007). Segundo Lowen (2007), “todavia,
o controle não é necessariamente saudável e, na maioria dos casos, representa
um medo das sensações intensas que nos movem” (p. 189). Portanto, “somos o
que sentimos” (LOWEN, 2007, p. 189).
“Você é o seu corpo, e o objetivo da terapia é ajudá-lo a se identificar com
ele. A terapia trata de resgatar a ação vibratória dos músculos, o que requer um
aumento da energia no corpo, especialmente nos músculos” (LOWEN, 2007,
p.189).
É preciso energia para mover o corpo e fazer que ele vibre. Para isso é
indispensável que o ser humano respire profundamente. (LOWEN, 2007). “Os
exercícios de grounding visam despertar alguma ação vibratória nos músculos das
29
pernas, esta pode subir pelo corpo, causando uma poderosa ação vibratória no
tronco” (LOWEN, 2007, p. 190).
Segundo Lowen (2007), “a vibração forte demais pode gerar ansiedade no
paciente, quando ocorre durante uma sessão terapêutica, pode tomar conta do
ego, fazendo a pessoa se recolher a regredir” (p. 190). Isso acontece quando o ser
humano, cujo corpo não agüenta uma carga forte. (LOWEN, 2007).
“O corpo vivo permanece num estado de vibração que se manifesta em
minúsculos tremores pelo corpo, visíveis até mesmo quando este está em
repouso. Os olhos, por exemplo, nunca ficam completamente imóveis quando
abertos” (LOWEN, 2007, p. 191).
Para Lowen (2007), “todo problema neurótico encontra raízes em um
estado corporal de depressão vibratória, apesar do fato de algumas pessoas
neuróticas funcionarem num estado hiperativo, mas isso não significa que sejam
mais vivas e tenham mais energia” (p. 192).
Minha noção da bioenergética almeja libertar as pessoas de suas
tensões corporais crônicas, que as impedem de se entregar ao próprio
corpo e à vida. A fim de alcançar esse objetivo, o corpo precisa tornar
mais vivo, apaixonado, mais vibrante. Um exercício fundamental para
aumentar a chance de alcançar tal resultado é chamado arco pélvico.
Aplicando o arco pélvico com uma compreensão mais profunda do corpo,
junto com outros exercícios bioenergéticos, a pessoa será capaz de
efetuar mudanças significativas em seu corpo e sua personalidade, e
vivenciar a alegria de estar plenamente viva (LOWEN, 2007, p. 199).
Sentir e se identificar com o corpo são ações essenciais para que os
processos involuntários possam funcionar plena e livremente. (LOWEN, 2007).
Portanto, segundo Lowen (2007), “esse processo, enfim, permite que você se
torne seu corpo” (p. 200).
2.2 A Bioenergética como técnica psicoterapêutica
“A Bioenergética é uma técnica terapêutica que ajuda o indivíduo a
reencontra-se com o seu corpo e a tirar o mais alto grau de proveito possível da
vida que há nele” (LOWEN, 1982, p. 38). Portanto, a Análise Bioenergética é uma
30
forma de psicoterapia que se propõe a trabalhar com o ser humano, através de um
estudo com o corpo e a mente. Afinal, “o propósito essencial da Análise
Bioenergética sempre foi curar a cisão mente-corpo” (LOWEN, 2007, p. 15).
Segundo Lowen (2007), “eu criara a abordagem bioenergética com base na
proposta de que a pessoa é seu corpo e que uma mudança na personalidade
deve ser manifestada por uma mudança correspondente no funcionamento
corporal” (p. 109).
A bioenergética é uma técnica poderosa, e é preciso saber usá-la
corretamente para evitar que o paciente fique assustado ou traumatizado.
Ainda assim, trata-se de um processo relativamente seguro, caso o
paciente faça os exercícios por conta própria, uma vez que
inconscientemente ele evitará forçar o trabalho até o ponto de sofrer um
abalo sério. Por essa mesma razão, as pessoas que seguem um
programa de exercícios em bioenergética não são forçadas até o ponto
de uma ruptura ou crise radical (LOWEN, 2007, p. 109).
“Ser capaz de ver e compreender as expressões corporais é o que constitui
a bioenergética” (LOWEN, 2007, p. 126). Portanto, para compreender o
comportamento do ser humano, um dos aspectos é avaliar o nível de energia do
seu corpo.
Para Lowen (1982), “desde que o corpo é um sistema energético, está em
constante interação energética com seu meio ambiente” (p. 47). Portanto, quando
uma pessoa que está altamente carregada de energia, ela se torna mais resistente
às influências negativas, e assim acaba influenciando positivamente as outras
pessoas (LOWEN, 1982).
“A bioenergética se apóia na simples proposição de que cada ser é o seu
corpo. Nenhuma pessoa existe fora do corpo vivo, através do qual se expressa e
se relaciona com o mundo à sua volta” (LOWEN, 1982, p. 47). Portanto, “dado que
o seu corpo expressa quem você é, ele também indica a intensidade de sua
presença no mundo” (LOWEN, 1982, p. 48).
A partir dessas definições e compreensões, a Bioenergética, no processo
terapêutico, tenta conscientizar o ser humano do seu direito de ser e estar no
mundo.
31
A terapia é uma viagem de autodescoberta. Não uma jornada curta e
simples, nem tampouco livre das dores e dos tropeços. Há perigos, há
riscos e nem a própria vida passa sem eles, já que em si constitui uma
viagem para o desconhecido, que é o futuro. A terapia retoma o passado
esquecido e esta não é uma época segura e tranqüila, pois se fosse não
teríamos vindo dela marcados pelas cicatrizes das batalhas e defendidos
pela impenetrável couraça das tensões musculares. (LOWEN, 1982, p.
92).
“É necessário que o terapeuta bioenergético tenha feito a sua viagem
pessoal ou que esteja a meio caminho e com um nível suficiente de experiências
armazenadas, para poder já ter construído um senso sólido de si mesmo”
(LOWEN, 1982, p. 93). Portanto, o psicoterapeuta deve estar enraizado a sua
realidade para poder servir ao seu cliente.
A viagem da autodescoberta não acaba nunca. Portanto, mesmo quando a
terapia é bem-sucedida não ficamos livres de todas as tensões musculares
(LOWEN, 1982).
O propósito da psicoterapia para análise bioenergética é recuperar o fluxo
desimpedido da excitação, pois todos os bloqueios no fluxo são estados de
contração nos tecidos (LOWEN, 2007). “Os bloqueios são causados por tensões
musculares crônicas nos grandes músculos estriados que revestem o corpo e nos
músculos lisos que constituem os diversos tubos do interior do corpo” (LOWEN,
2007, p. 145).
Portanto, este é um dos propósitos, mas não é o único, pois se nunca
ficamos livres das tensões musculares e a viagem a autodescoberta é infinita
deve-se ter outros propósitos para se fazer psicoterapia (LOWEN, 1982). Outro
propósito é “ajudar as pessoas a libertar-se de suas restrições e distorções
inerentes à segunda natureza, trazendo-as mais perto de suas primeiras
naturezas, fonte de sua força e de sua fé” (LOWEN, 1982, p. 93).
“Se a terapia não tem condições de nos fazer voltar à primeira natureza, ou
estado de graça, pode colocar-nos mais próximos dela, diminuindo a alienação da
qual sofremos tantos de nós” (LOWEN, 1982, p. 94).
A base da alienação segundo Lowen (1982),
[...] é o distanciamento que a pessoa vive de seu próprio corpo. Apenas
por intermédio de seu corpo é que você experiencia a vida que anima e
32
sua existência no mundo. Mas isto não é bastante para a tomada de
contato com o corpo. A pessoa deve manter-se em contato e isto
representa um compromisso com a vida do corpo. Tal compromisso não
deve excluir a mente, mas exclui o compromisso com um intelecto
dissociado, com a mente desatenta ao corpo. O compromisso com a vida
do corpo é o único seguro de que a viagem vá terminar bem,
descobrindo-se a pessoa em si (p. 94).
Para Lowen (1982), “o self não pode divorciar-se do corpo e a
autopercepção não pode separar-se da consciência corporal” (p. 102). Portanto,
deve haver uma integração entre a essência do ser e seu corpo, para se viver com
equilíbrio a vida humana.
A essência, segundo Lowen (1982, p. 104) “é o coração”. Se alguma
pessoa passou por alguma experiência no início de sua vida de ansiedade no
centro do seu ser, como uma taquicardia, desenvolverá um grande número de
defesas para proteger o coração dos perigos de outro distúrbio de seu
funcionamento (LOWEN, 1982). “Dentro de uma terapia levada a bom termo,
estas defesas são estudadas, analisadas em suas relações às experiências
individuais daquela vida e cuidadosamente trabalhadas em toda sua extensão, até
que o coração da pessoa seja por fim alcançado” (LOWEN, 1982, p. 104).
As defesas devem ser entendidas como um processo de desenvolvimento,
que podem ser explicadas como camadas (Vide figura abaixo). Estas camadas,
segundo Lowen (1982), “podem ser resumidas a partir da situada mais
externamente: camada do ego, contendo as defesas psíquicas e constituindo a
camada mais aparente da personalidade” (p. 105). As defesas do ego são: negar,
desconfiar, culpar, projetar e racionalizar (LOWEN, 1985).
“A camada muscular, onde se encontram as tensões musculares crônicas
suportivas e justificadoras das defesas do ego, protege, ao mesmo tempo, a
pessoa contra a camada subjacente dos sentimentos e sensações reprimidas, que
não ousa expressar” (LOWEN, 1982, p. 105).
“A camada emocional de sentimentos inclui as emoções reprimidas de
raiva, pânico ou terror, desespero, tristeza e dor” (LOWEN, 1982, p. 105)
E por fim a camada centro ou do coração, que para Lowen (1982),
“decorrem os sentimentos de amar e ser amado” (p. 105).
33
A abordagem terapêutica não pode limitar-se apenas à primeira camada,
conquanto ela seja importante. Embora possamos ajudar o indivíduo a
tomar consciência de suas tendências a negar, projetar, culpar e
racionalizar, esta consciência a nível intelectual dificilmente afetará as
tensões musculares ou libertará os sentimentos reprimidos. Esta é
exatamente a fraqueza de uma abordagem meramente verbal, dado que,
por sua natureza, limita-se exclusivamente à primeira camada. Se as
tensões musculares não são afetadas, a percepção consciente pode
degenerar muito rápido num tipo diferente de racionalização, com uma
forma concomitante e alterada de negações e projeções. (LOWEN, 1982,
p. 105).
Segundo Lowen (1977), “o terapeuta bioenergético analisa não apenas o
problema psicológico do paciente como o faria qualquer analista, mas também a
expressão física do problema, à medida que é manifesto em sua estrutura corporal
e movimento” (p. 16).
“Se o pânico e o terror não forem trazidos à luz e trabalhados
extensamente, o efeito catártico da soltura dos gritos, da raiva e da tristeza terá
curta duração” (LOWEN, 1982, p. 106). Portanto, enquanto o cliente não enfrentar
34
os seus medos e entender as razões destes, continuará gritando ou chorando sem
modificar sua personalidade, pois substituíra um processo catártico por outro de
natureza inibidora (LOWEN, 1982).
Para Lowen trabalhar apenas com a camada emocional não irá produzir os
resultados desejados, pois o fato de não se analisar a camada do ego e muscular
não as tira de cena, pois estarão inoperantes enquanto durar o efeito catártico
(LOWEN, 1982).
Segundo Lowen (1982),
Poderia parecer lógico trabalhar a primeira e a terceira camadas, dado
que se complementam – a primeira lidando com as defesas intelectuais e
a terceira com as defesas emocionais. Mas esse amálgama é de difícil
obtenção, dado que apenas através da camada das tensões musculares
é que se pode conseguir uma ligação direta entre elas (p. 106).
“Se o trabalho for empreendido a nível da segunda camada, pode-se entrar
pela primeira ou pela terceira toda vez que necessário” (LOWEN, 1982, p. 106). A
partir, do trabalho direcionado nas tensões musculares pode ajudar o cliente a
compreender como é que suas atitudes psicológicas são condicionadas pela
couraça ou rigidez do corpo (LOWEN, 1982). Portanto, esse trabalho com as
couraças pode-se atingir os sentimentos reprimidos ao mobilizar os músculos
contraídos que restringem e bloqueiam sua manifestação (LOWEN, 1982).
Não se pode dizer que um trabalho terapêutico com o enfoque
bioenergético, trabalha somente com as tensões musculares sem trabalhar a
análise das defesas psíquicas e sem a evocação dos sentimentos reprimidos
(LOWEN, 1982). Portanto, a Análise Bioenergética não trabalha somente com as
tensões musculares, e sim, também com uma profunda análise da história do seu
cliente.
Em um ser humano saudável, após um processo psicoterapêutico bem
trabalhado e com sucesso, segundo Lowen (1982), “continuariam existindo as
quatro camadas, com a diferença de que agora não seriam mais defensivas e sim
coordenadas e expressivas” (p. 107). Portanto, este ser humano responderia,
emocionalmente e seus movimentos seriam graciosos (LOWEN, 1982).
35
“A terapia que tenha por objetivo aumentar ou expandir o estado de ser
deve tomar conhecimentos do fator dinâmico ou energético. Mais sensações e
sentimentos significam mais vitalidade, mais excitação e energia no organismo”
(LOWEN, 1986, p. 141).
O padrão terapêutico é o inverso do círculo vicioso. Cada irrupção de
sentimentos e sensações aumenta a energia ou a excitação no
organismo, que a pessoa deve então aprender a tolerar. Isto é feito
integrando a experiência à personalidade e à vida do indivíduo, de tal
modo que em resultado disso seu ser se amplie. Assim, a cada
oportunidade de choro ou zanga, a pessoa tem sensações mais
profundas e mais energeticamente carregadas. Corresponde a estas uma
ampliação da faculdade de conscientização, muito embora o problema
confrontando não seja novo. Na realidade, confrontaremos os mesmos
problemas vezes e vezes seguidas, esperando a cada vez que aumente
a energia e as sensações, neste processo (LOWEN, 1986, p. 141).
“No processo terapêutico, damos várias voltas em torno do círculo da vida
das pessoas, do passado para o presente e de volta novamente para o passado”
(LOWEN, 1986, p. 142). Assim, o psicoterapeuta relaciona situações do passado
do cliente com seu comportamento presente. Portanto, “quando o circuito se
completa, o resultado é maior percepção, sensações e sentimentos mais
profundos, nível de energia mais elevado” (LOWEN, 1986, p. 142).
O processo psicoterapêutico não consegue eliminar todos os problemas ou
todas as tensões, pois segundo Lowen (1986), “as feridas produzidas pelos
traumas da nossa vida podem até sarar mais permanecerão as cicatrizes” (p.
142). Portanto, não é possível ser espontâneo como na natureza primária, mas
estar mais próximo desta.
“Existe uma outra forma de se considerar o processo terapêutico: como se
fosse uma tentativa de solucionar um quebra-cabeça” (LOWEN, 1986, p. 142). No
começo não se tem todas as peças, com o decorrer das sessões essas se
encaixam e fecham uma configuração, tornando a imagem mais nítida,
oportunizando um insight para o cliente (LOWEN, 1986). O cliente conhecendo o
seu passado, este entra em contato consigo mesmo e estar em contato com seu
si-mesmo é estar em contato com o corpo (LOWEN, 1986). Portanto, segundo
Lowen (1986), “recuperar nosso passado e recuperar nosso corpo” (p. 142).
36
“O crescimento terapêutico não ocorre numa linha ascendente e retilínea.
Existem picos e vales, nessa experiência. O pico é a ruptura para atingir um nível
superior de excitação” (LOWEN, 1986, p. 143). No entanto, a pessoa que se deixa
levar ao pico “emerge com uma maior conscientização do seu si-mesmo”
(LOWEN, 1986, p. 143).
A ruptura pode ocorrer no decurso de uma sessão terapêutica, ou como
sonho. É sempre acompanhada de um insight, ou seja, de uma luz que
incide sobre uma área escura da personalidade. Esta luz brilha pela
fresta aberta na superfície da concha. Portanto, em minha opinião, a
ruptura vem antes da luz, e não como resultado da luz. A brecha é
causada pelo aumento da vida dentro das paredes do recipiente que não
tem mais capacidade para conter a excitação ou energia, que então
irrompe por suas paredes. Em termos mais concretos, são as sensações
ou a carga mais intensa que produzem a brecha, que por sua vez,
propiciam um insight. Não se pode predizer o momento de uma ruptura.
Acontece espontaneamente, quando há um acúmulo suficiente de força
dentro do si-mesmo para produzir a brecha no recipiente. Este acúmulo
normalmente se faz com lentidão, em resultado de um trabalho
terapêutico cuidadoso (LOWEN, 1986, p. 143).
O objetivo da psicoterapia segundo Lowen e Lowen (1985), “é um corpo
cheio de vida, capaz de experienciar totalmente prazeres e dores, alegrias e
tristezas da vida” (p. 18).
Além de ser uma técnica psicoterapêutica, a Bioenergética é uma teoria da
personalidade, pois segundo Lowen e Lowen (1985), “é uma maneira de entender
a personalidade em termos do corpo e seus processos bioenergéticos” (p. 11).
A personalidade de um indivíduo, para Lowen (1982), “enquanto algo
distinto de sua estrutura de caráter é determinada pela sua vitalidade, ou seja,
pela força dos impulsos e pelas defesas levantadas no sentido de controlá-los” (p.
132).
Para entender a personalidade em termos do corpo, Lowen aprofundou as
dinâmicas psicológicas e corporais de algumas estruturas caracterológicas. São
estas: esquizóide, oral, psicopático, masoquista e rígido.
Em termos mais amplos, o caráter esquizóide, segundo Lowen (1982),
“descreve a pessoa cujo senso de si mesma está diminuído, cujo ego é fraco e
37
cujo contato com seu corpo e sentimentos está reduzido em grande parte” (p.
132).
Segundo Lowen (1982), “o termo esquizóide deriva de esquizofrenia e
denota um indivíduo em cuja personalidade encontram-se tendências à formação
do estado esquizofrênico” (p. 132). Estas tendências são: cisão no funcionamento
unitário da personalidade e o refúgio dentro de si mesmo, rompendo ou perdendo
contato com a realidade externa (LOWEN, 1982).
“Há energeticamente, uma cisão do corpo na altura da cintura; resulta daí
uma falta de integração entre as partes superior e inferior” (LOWEN, 1982, p. 133).
Para Lowen, (1982, p. 134), “frequentemente, há uma discrepância
marcante entre as duas metades do corpo. Em muitos casos, não parece
pertencerem à mesma pessoa.”
A pessoa com estrutura de caráter esquizóide, segundo Lowen (1977), “não
tem a sensação de que ele é o seu corpo; ao contrário, sente que o corpo é a
moradia de seu self sensível e intelectivo” (p. 324).
Em relação ainda a estrutura de caráter esquizóide, Lowen (1982) comenta
que, “em todos os casos, há uma evidência inequívoca de ter ocorrido uma
rejeição logo no início da vida da pessoa, por parte da mãe, que foi sentida como
ameaça à sua vida” (p. 135).
Para a estrutura de caráter oral, segundo Lowen (1982), “as pessoas
dotadas deste tipo de estrutura, demonstram uma independência exagerada que,
no entanto, não se sustenta em situações de tensão” (p. 136).
“A estrutura oral é um estado de baixa carga energética. A energia não está
fixada no centro, como na condição esquizóide, porém, flui até a periferia do
corpo, de modo minguado” (LOWEN, 1982, p. 136).
Para Lowen é frequente encontrar sinais físicos de imaturidade na estrutura
caráter oral (LOWEN, 1982). “A pelve é menor do que o normal, tanto para
homens quanto para mulheres. Em algumas mulheres, todo o processo de
crescimento é retardado, conferindo-lhes corpos de criança” (p. 137).
Algumas das características dessa estrutura de caráter oral são
sentimentos de vazio interior e a solidão (LOWEN, 1977).
38
Como fator histórico para esta estrutura de caráter oral, segundo Lowen
(1982), “aprivação inicial pode ser devida à perda real de uma figura materna
calorosa e amiga, seja por morte, doença ou ausência determinada pela
necessidade de trabalhar” (p. 138).
“É comum ter havido outras experiências de desapontamento no início da
vida, quando criança tentou buscar contato, calor humano e apoio com pai,
irmãos, irmãs e não obteve” (LOWEN, 1982, p. 138).
A estrutura da pessoa de caráter psicopática, requer muita cautela, pois é
considera complexa. “Um dos aspectos da pessoa com essa estrutura de caráter,
é a motivação de poder e a necessidade de dominar e controlar” (LOWEN, 1982,
p. 139).
A condição bioenergética desta estrutura de caráter segundo Lowen (1982,
p. 139), “a cabeça comporta uma carga de energia acima do normal, o que
significa a existência de uma hiperexcitação da capacidade mental; daí resulta
uma contínua atenção aos meios de conseguir controlar e dominar as situações.”
Nas suas características físicas “pode-se perceber tensões musculares
graves ao longo da base do crânio, na região do segmento oral, representativas
de uma inibição do impulso de sucção” (LOWEN, 1982, p. 141).
“O indivíduo de personalidade psicopática precisa de alguém para controlar-
se e, embora aparentemente alguém possa controlá-lo, depende dele também”
(LOWEN, 1982, p. 141).
Para Lowen (1982), “o mais importante dos fatores etiológicos desta
condição é a presença de um pai (ou mãe) sexualmente sedutor” (p. 142).
Na estrutura de caráter masoquista, Lowen (1982), “descreve aquele que
sofre e lamenta-se, que se queixa e permanece submisso. A tendência
masoquista predominante é a submissão” (p. 143).
Quando o indivíduo de caráter masoquista exibe uma atitude submissa
na conduta externalizada, por dentro ocorre justamente o contrário. No
nível emocional mais profundo, a pessoa acolhe sentimentos intensos de
despeito, de negatividade, de hostilidade e superioridade. Contudo, estes
sentimentos estão fortemente aquém dos ataques de medo, que
explodiria num violento comportamento social. O medo de explodir é
contraposto a um padrão muscular de contenção. Músculos densos e
39
poderosos restringem qualquer asserção direta de si, permitindo somente
as queixas, os lamentos (LOWEN, 1982, p. 143).
Para Lowen (1982), “devido à severa contenção interna, os órgãos
periféricos estão pouco carregados, o que impede tanto a descarga quanto a
liberação energética, ou seja, as ações expressivas são limitadas” (p. 143).
“O corpo típico do masoquista é curto, grosso, musculoso. Por motivos
ainda desconhecidos há, em geral, um crescimento acentuado de pêlos no corpo”
(LOWEN, 1982, p. 144).
Segundo Lowen (1982), “uma atitude de submissão e de cordialidade são
traços característicos do comportamento masoquista” (p. 145).
“A estrutura de caráter masoquista é fruto de um lar onde haja amor e
aceitação, ao lado de uma repressão severa. A mãe é dominadora e sacrifica-se;
o pai é passivo e submisso” (LOWEN, 1982, p. 145).
Já o indivíduo de estrutura de caráter rígida, “tem medo de ceder, pois
iguala o ato de submeter-se com perder-se completamente. A rigidez torna-se
uma defesa contra uma tendência masoquista subjacente” (LOWEN, 1982, p.
146).
“Há uma carga razoavelmente poderosa, nesta estrutura de caráter, em
todos os pontos periféricos de contato com o meio ambiente. Isto favorece a
capacidade de testar a realidade antes de agir” (LOWEN, 1982, p. 146).
A característica física desta estrutura é um corpo proporcional e mostra
harmonia entre as partes (LOWEN, 1982). “A pessoa se sente integrada e
conectada” (LOWEN, 1982, p. 147).
Para Lowen (1982), “os indivíduos com esta estrutura de caráter são
geralmente mundanos, ambiciosos, competitivos e agressivos” (p. 147).
“O trauma relevante deste caso é a experiência de uma frustração na busca
da gratificação erótica, principalmente a nível genital. Essa frustração acontece
através da proibição da masturbação infantil e também em relação ao pai do sexo
oposto” (LOWEN, 1982, p. 148).
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Segundo Lowen (1982, p. 151), “podemos simplificar ainda mais esta
colocação dos tipos de estrutura de caráter, destacando seus conflitos de seguinte
modo”:
Esquizóide: existência X necessidades
Oral: necessidades X independência
Psicopático: independência X intimidade
Masoquista: proximidade X liberdade
Rígido: liberdade X ceder ao amor.
“Uma resolução de qualquer um destes conflitos significa que desapereceu
o antagonismo entre os dois conjuntos de valores. A pessoa esquizóide descobre
que existir e ter necessidades não são mutuamente exclusivos, pois pode-se ter
as duas premissas” (LOWEN, 1982, p. 151). Portanto, o papel da psicoterapia é
ajudar o ser humano a se aproximar desta resolução, para que este possa viver
em hosmeostase.
A terapia bioenergética não oferece tratamento para problemas
emocionais. A terapia é um processo de autocura, em que o terapeuta é
um guia e um facilitador. Mas sua qualidade depende de como ele
entende a condição humana e o problema que se manifesta quando a
cultura, agindo por meio da família, impõe condições e restrições ao
desenvolvimento natural da personalidade humana. Como o terapeuta –
a exemplo de todos os outros membros da sociedade – sofreu e lutou
com os conflitos decorrentes da interação da cultura com a natureza, seu
valor como guia depende do quanto ele entende a condição humana e de
como lidou com os traumas pessoais pelos quais passou em seu
crescimento (LOWEN, 2007, p. 259).
A Análise Bioenergética pode ser considerada como uma proposta
ecológica, pois esta pretende ajudar o ser humano a voltar a sua natureza
primária, assim propondo este a conectar-se com a Terra através dos exercícios
de grounding. Os seres humanos enraizados com a Terra conscientizam-se da
importância do ambiente natural, pois este é parte de nós. Portanto, o ser humano
por meio desta consciência mística compreende que somos parte desta Terra,
além de termos os mesmos elementos orgânicos encontrados nela.
O psicoterapeuta deve ter o cuidado de não reduzir o humano por meio de
suas teorias psicológicas, pois estas são de natureza secundária, criadas por
41
compreensões individuais ou até mesmo coletivas, mas que muitos de nós nos
identificamos e nos encantamos com essas idéias, mas não a sentimos e
compreendemos de forma semelhante ao outro. Portanto, o bom psicoterapeuta
deve ter um conhecimento e compreensão da teoria usada em sua prática clínica,
mas deve ter o cuidado para não reduzir seus clientes por meio de suas teorias e
significações subjetivas, tendo assim, um olhar humano, acolhendo seus clientes
de forma humanizada.
“A abordagem terapêutica almeja ajudar os pacientes a abrir mão de sua
postura defensiva, o que pode acontecer somente se eles compreenderem o
quanto esse comportamento os mobiliza” (LOWEN, 2007, p. 268). Mas o cliente
deve ter coragem para enfrentar esse processo, pois este trás momentos de
alegria e tristeza também. Através de uma mobilização dos processos energéticos
do corpo, a coragem pode aumentar (LOWEN, 2007). Este trabalho deve ser feito
com um bom psicoterapeuta, e este é bom se atravessou a escuridão do seu
próprio medo (LOWEN, 2007).
O compromisso com a vida, segundo Lowen (2007),
É essencial para se tornar um indivíduo livre e perder o medo. Isso não
quer dizer que quem entra em terapia bioenergética deve se
comprometer com ela pelo resto da vida. Essa pessoa se compromete
com a vida – e isso é terapia. Entretanto, o compromisso com o corpo, a
vida corporal e suas sensações é que constitui o processo curativo (p.
269).
Nem todas as pessoas se encantam com as técnicas bioenergéticas, pois
algumas delas têm medo de qualquer forma de manifestação mais forte, mas isto
acaba limitando-as de se expressarem de forma mais espontânea, mais natural
(LOWEN, 2007). “O poder terapêutico da análise bioenergética atrai muitas
pessoas, que percebem como são amedrontadas e como sua vida é limitada”
(LOWEN, 2007, p. 240). Portanto, essa técnica se propõe ajudar os seres
humanos a compreenderem que a felicidade está no horizonte de suas vidas e
que esta é linda de se viver.
A Análise Bioenergética tem como objetivo ajudar o indivíduo a retomar sua
natureza primária que se constitui na sua condição de ser livre, seu estado de ser
42
gracioso e sua qualidade de ser belo (LOWEN, 1982, p. 38). Portanto, seu objetivo
é ajudar o ser humano para que este volte a ser espontâneo, aberto para a vida e
ao amor.
2.3 Técnicas da Análise Bioenergética
Os exercícios da Análise Bioenergética promovem um fluxo saudável de
energia na vida do ser humano. “Esse treinamento pode ser feito em casa, em
aulas de exercícios de bioenergética e em sessões de terapia bioenergética”
(LOWEN, 2007, p. 146).
Estes exercícios destinam-se ajudar as pessoas se sentirem mais seguras
de si mesmas. Mas para Lowen (2007), “os indivíduos costumam resistir
fortemente a se comprometer com esse programa, que se dedica às sensações,
não ao poder” (p. 187).
Poucos estão dispostos a sentir seu grau de insegurança, assim como a
sentir a tristeza e o vazio de uma vida sem satisfações nem realizações.
Notam-se uma forte raiva e uma profunda tristeza nas pessoas que foram
privadas de amor na infância, amor que lhes teria dado a sensação de
segurança de que precisavam. Na vida adulta, não é fácil admitir que,
agora, ninguém pode lhes proporcionar a almejada segurança. Elas
acreditam que o exercício do poder será capaz de compensar a carência
de uma segurança interior (LOWEN, 2007, p. 187).
O ser humano que queira construir a capacidade de abrir seu coração à
vida, deve abdicar-se dessa ênfase no ego (LOWEN, 2007). Portanto, a pessoa
que pretende abrir-se para a vida e ser feliz, deve persistir no amor e no
crescimento do seu ser interior.
Para que isto aconteça, o psicoterapeuta bioenergético deve trabalhar com
a relação entre três elementos, quais são: mente, corpo e processos energéticos.
Para Lowen e Lowen (1985), “Esta interação, contudo, está limitada aos aspectos
conscientes ou superficiais da personalidade” (p. 11). Portanto, é fundamental,
que o psicoterapeuta ajude seu cliente, a viver de forma integrada com esses três
elementos.
43
“Em nível mais profundo, ou seja, no nível do inconsciente, tanto o pensar
quanto o sentir são condicionados por fatores de energia” (LOWEN e LOWEN,
1985, p. 12).
“Quanto mais vigorosa a pessoa está, mais energia ela tem, e vice-versa.
Rigidez ou tensão crônica diminuem a vitalidade da pessoa e rebaixam sua
energia” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 12). Para diminuir essa rigidez é preciso
trabalhar nas tensões musculares crônicas, resultantes de conflitos emocionais
não resolvidos (LOWEN e LOWEN, 1985).
O trabalho bioenergético do corpo inclui tanto procedimentos
manipulatórios como exercícios especiais. Os procedimentos
manipulatórios consistem de massagem, pressão controlada e toques
suaves para relaxar a musculatura contraída. Os exercícios se propõem a
ajudar a pessoa entrar em contato com suas tensões e liberá-las através
de movimentos apropriados. É importante saber que todo músculo
contraído está bloqueando algum movimento (LOWEN e LOWEN, 1985,
p. 13).
Os exercícios bioenergéticos ajudam o ser humano a se conhecerem
melhor. “Eles farão isso através do aumento do estado vibratório do seu corpo,
grounding das pernas e do corpo, aprofundamento da respiração, agudização da
autoconsciência, e ampliação da auto-expressão” (LOWEN e LOWEN, 1985, p.
14).
“Um dos exercícios mais fundamentais na bioenergética é também o mais
fácil e simples. Nós usamos para iniciar as vibrações nas pernas e para ajudar a
pessoa a senti-las” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 19). Este exercício se chama
grounding, fundamentado no início do trabalho.
Neste exercício a pessoa deve manter-se em pé com os pés separados
cerca de 25 cm; artelhos ligeiramente voltados para dentro de modo a alongar
alguns músculos das nádegas (LOWEN e LOWEN, 1985). A pessoa deverá se
inclinar para frente tocando o chão com os dedos das duas mãos e os joelhos
devem estar ligeiramente dobrados (LOWEN e LOWEN, 1985). Não deve haver
peso algum nas mãos; todo o peso do corpo deve cair nos pés e a cabeça deve
ficar pendurada o máximo possível (LOWEN e LOWEN, 1985).
44
A respiração deve ser vagarosa e profundamente pela boca, devendo
esquecer-se de respirar pelo nariz (LOWEN e LOWEN, 1985).
“O peso do corpo deve ir para frente, de modo que ele caia no peito do pé.
Os calcanhares podem ficar um pouco erguidos” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 20).
“Os joelhos devem ser esticados devagar até que os músculos posteriores
das pernas estejam esticados. Isso não significa, entretanto, que os joelhos devam
ficar totalmente esticados ou trancados” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 20). A
pessoa dever permanecer nesta posição cerca de um minuto (LOWEN e LOWEN,
1985).
O próximo exercício permite nos sentirmos mais seguro de nossas pernas
sobre o chão e ficarmos conscientes da flexibilidade que os joelhos nos
proporcionam quando não trancados ou rigidamente tensionados, este exercício,
flexão dos joelhos, permite que isto aconteça feito de forma correta.
A pessoa deve manter-se em pé com os pés separados cerca de 20 cm, na
sua posição normal (LOWEN e LOWEN, 1985). “Deve observar se seus joelhos
estão trancados ou flectidos, se seus pés estão paralelos ou virados para fora, se
o seu peso está caindo no peito do pé ou atrás, nos calcanhares” (LOWEN e
LOWEN, 1985, p. 27).
Após essa observação, a pessoa deve dobrar ligeiramente os joelhos e
colocar os pés absolutamente paralelos (LOWEN e LOWEN, 1985). “O peso deve
ir para frente sem levantar os calcanhares, de modo que caia no peito do pé”
(LOWEN e LOWEN, 1985, p. 27).
45
Devagar, a pessoa deve dobrar e esticar os joelhos seis vezes, e depois
ficar nesta posição cerca de 30 segundos respirando normalmente (LOWEN e
LOWEN, 1985). Após isso, provavelmente a pessoa sentirá suas pernas
tremerem, ampliando sua consciência corporal e percebendo a vida que há nelas.
O propósito do próximo exercício a ser descrito é permitir que a pessoa
sinta as tensões na parte inferior do corpo (LOWEN e LOWEN, 1985).
Neste a pessoa deve ficar em pé também, com os pés separados 20 cm, e
tão retos quanto possível, os joelhos devem ser dobrados um pouco (LOWEN e
LOWEN, 1985). Sem levantar os calcanhares do chão, deve-se deslizar para
frente de modo que o peso do corpo fique no peito do pé (LOWEN e LOWEN,
1985). Após, deve-se soltar a barriga tanto quanto possa ir e a respiração deve
continuar normalmente por um minuto (LOWEN e LOWEN, 1985).
Segundo Lowen e Lowen (1985, p. 30), “o que surpreende é a maioria das
pessoas não conseguirem soltar a barriga.” Pois, para a maioria reter a barriga
tornou-se parte de seu modo de ser e não pode ser superada facilmente (LOWEN
e LOWEN, 1985).
Estes exercícios descritos têm como propósito tornar as pessoas mais
conscientes de que elas são o seu corpo. São focados na parte inferior, para que
estas possam andar com suas próprias pernas.
Os próximos exercícios são realizados para os seres humanos
conscientizarem-se da forma como respiram, e o quanto esta é importante para
uma saúde vibrante.
Um desses exercícios é focado na respiração abdominal, onde a pessoa
deita no chão, sobre um tapete. Primeiramente os joelhos devem ficar dobrados, e
os pés devem ficar totalmente apoiados no chão, separados uns 30 cm; artelhos
ligeiramente voltados para fora (LOWEN e LOWEN, 1985). A cabeça deve ser
alongada para trás tanto quanto ela possa ir confortavelmente, para abrir a
garganta e as mãos devem ir até a barriga, sobre os ossos pubianos, para que a
pessoa possa sentir os movimentos abdominais (LOWEN e LOWEN, 1985). A
pessoa deve continuar com a respiração abdominal normal, com a boca aberta,
por um minuto mais ou menos (LOWEN e LOWEN, 1985).
46
Após este exercício o psicoterapeuta deve observar como seu cliente
respirou, se seu peito estava em harmonia com seu abdômen ou estava rígido. O
cliente pode verbalizar aonde sentiu tensões e como percebeu sua respiração.
Outro exercício relacionado à respiração tem a função de ajudar a pessoa a
respirar mais espontaneamente. A pessoa deve se deitar no chão e colocar suas
pernas para cima, no ar (LOWEN e LOWEN, 1985). Os joelhos devem estar
levemente flexionados e deve se dobrar os tornozelos e empurrá-los para cima,
pelos calcanhares (LOWEN e LOWEN, 1985).
Segundo Lowen e Lowen (1985), “mantenha suas pernas vibrando com os
calcanhares projetados para cima” (p. 42).
A partir destes movimentos, o cliente deve possivelmente perceber que sua
respiração tornou-se mais profunda. Após ser realizado este exercício por um
minuto, é preciso que se coloquem os pés no chão, em posição de descanso
(LOWEN e LOWEN, 1985).
Este exercício praticado de forma correta possibilita uma sensação de
relaxamento, sensação esta importante para termos uma vida saudável. Portanto
para Lowen e Lowen (1985), “a respiração está tão intimamente ligada à vida que
tem sido identificada com o espírito vital” (p. 44).
Existem também exercícios para testar a consciência da responsavidade
sexual e as tensões pélvicas (LOWEN e LOWEN, 1985). Um deles é o exercício
da rotação dos quadris. “A pessoa deve ficar em pé, com os pés separados mais
ou menos 30 cm, retos e paralelos, joelhos ligeiramente flectidos e o peso do
corpo sobre o peito dos pés” (Lowen e Lowen, 1985, p. 50). Os ombros devem
estar para baixo, o peito solto, a barriga para fora e as mãos no quadril (LOWEN e
LOWEN, 1985). “Nesta posição a pessoa deve tentar letamente girar seu quadril
num círculo, da esquerda para direita. O movimento deve ocorrer principalmente
na pelve e envolver o terço superior do tronco e as pernas apenas ao mínimo”
(LOWEN e LOWEN, 1985, p. 51).
Segundo Lowen e Lowen (1985), “depois de meia dúzia de círculos da
esquerda para a direita, inverta a direção e faça o mesmo número de círculos, da
direita para esquerda (p. 51).
47
A pessoa que está praticando este exercício deve sentir como está sua
respiração, se está presa ou não.
Deve perceber se sua barriga se contraiu. Pois se contraiu, para Lowen e
Lowen (1985, p. 51) “estava eliminando as sensações sexuais.”
O importante neste exercício é perceber se a pessoa teve grounding, pois
se não teve, o balanço pélvico mostra a falta de uma tonalidade emocional
(LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen(1985),
Para entender melhor isto, considere o que acontece com uma corda de
violão que está solta de um lado. Se ela for vibrada, se moverá, mas o
movimento não produz um som musical. Isto acontece apenas quando a
corda está firme dos dois lados e com uma tensão adequada (p. 51).
“A bioenergética, como outras terapias, pretende ajudar a pessoas a
desenvolver um melhor senso do eu, isto é, a ser mais ela própria” (LOWEN e
LOWEN, 1985, p. 57). Portanto, ela sugere exercícios para avaliar o grau de auto-
expressão e autoconhecimento das pessoas (LOWEN e LOWEN, 1985).
Um dos exercícios, para avaliar o grau de auto-expressão é sugerido que a
pessoa deite-se numa cama, preferivelmente de colchão macio e que não tenha
borda, ou um colchonete de espuma de borracha de 10 cm de espessura sobre o
chão (LOWEN e LOWEN, 1985). A pessoa deve esticar as pernas e manter-las
soltas com os joelhos estendidos, mas não rígidos; esta deve espernear
levantando as pernas para cima e para baixo ritmicamente (LOWEN e LOWEN,
1985). “Os tornozelos devem estar soltos também, e o impacto deve ser sentido
nos calcanhares e barriga da perna” (Lowen e Lowen, 1985, p. 59). A pessoa deve
espernear moderadamente no início, e gradualmente ela deve ir aumentando a
força e o andamento de seus movimentos (LOWEN e LOWEN, 1985). E por final,
ela deve segurar nos lados do colchão e espernear com toda a força e mais rápido
que puder (LOWEN e LOWEN, 1985).
Segundo Lowen e Lowen (1985), “a ação de espernear se parece com o
movimento cortante de uma chicotada. Se você está coordenado, sua cabeça
sacudirá para cima e para baixo a cada movimento de espernear” (p. 59). Caso
48
contrário, “se você está com medo de deixar-se levar (medo de soltar a cabeça),
seus movimentos serão apenas mecânicos” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 59).
Deve ser avaliado se a pessoa que praticou o exercício, se ela parou
abruptamente os movimentos ou deixou que eles fossem se esgotando. Para
Lowen e Lowen (1985), “parar abruptamente é como frear o carro repentinamente
e violentamente e indica um medo de deixar que o movimento alcance um término
natural” (p. 59).
É importante avaliar, se os joelhos ficaram dobrados de modo que os
impactos atingiram só os calcanhares. (LOWEN e LOWEN, 1985). Pois, este “tipo
de movimento resulta de uma tensão excessiva dos músculos posteriores das
pernas” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 60).
Este exercício pode ser aprofundando, tornando o mais forte, de uma
maneira que a pessoa tente dizer “não” enquanto esperneia, como um protesto
forte (LOWEN e LOWEN, 1985). Portanto, este exercício é uma das maneiras de
avaliar a auto-expressão, entre outros.
No seguinte exercício proposto pela Bioenergética, um dos objetivos é
ajudar a pessoa a sentir ou entrar em contato com seu corpo. “Isto é necessário
porque muitas pessoas vivem, em suas cabeças, com uma consciência muito
pequena do que está se passando abaixo de seus pescoços” (LOWEN e LOWEN,
1985, p. 63).
A pessoa que praticá-lo deve sentar-se numa cadeira, levantar os braços e
fazer um arco para trás com as costas sobre o espaldar da cadeira (LOWEN e
LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985), “dê uma boa esticada e a
mantenha por 30 segundos, mais ou menos. Enquanto isto, a pessoa deve
respirar tranquilamente e profundamente pela boca (LOWEN e LOWEN, 1985).
Assim terminado o exercício, deve ser percebido se as costas pressionaram
a cadeira, se estavam presas ou relaxadas e se foi doloroso ou não. Também
deve ser avaliada a respiração, se foi respirado normalmente nesta posição
(LOWEN e LOWEN, 1985).
49
A importância de estar em contato com a parte de trás do corpo é algo
que não há como enfatizar em demasia. Sem sentir as costas, é muito
difícil para a pessoa respaldar, sustentar a sua posição. Não é suficiente
ter a espinha dorsal (anatomicamente todos nós temos); a pessoa
precisa sentir sua espinha dorsal; deve perceber se está muito rígida ou
inflexível, ou muito solta e maleável. Se está rígida demais, a pessoa não
pode abandonar-se e entregar-se nas situações onde tais respostas
seriam adequadas. Se está solta demais, não fornecerá o nível suficiente
de tensionamento para habitá-la a manter-se em sua posição, diante de
pressões (stresses). (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 65).
“O processo de entrar em contato com o corpo nunca termina. Conforme
você prosseguir com os exercícios, entrará em contato mais profundo com seu
corpo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 67). No decorrer do processo a auto-
expressão e o autoconhecimento aumentarão (LOWEN e LOWEN, 1985).
Segundo Lowen e Lowen (1985), “estes exercícios bioenergéticos não se
destinam a substituir a terapia, apesar de terem valor terapêutico” (p. 69). Pessoas
com problemas emocionais devem praticá-los, mas com acompanhamento de um
profissional competente, pois ela pode chegar a sentimentos que estão além de
sua possibilidade de manipulá-los sozinha (LOWEN e LOWEN, 1985).
Estes exercícios corporais levam o ser humano a entrar em contato com
seus sentimentos suprimidos. Pois, segundo Lowen e Lowen (1985), “sentir é a
percepção do movimento interno, e a meta destes exercícios é aumentar a
capacidade da pessoa para o movimento e para o sentir” (p. 69).
Para algumas pessoas, no início do tratamento a dor pode ser maior que o
prazer. “A dor é um reflexo do grau de tensão do seu corpo. Quando a tensão é
liberada, você começa a experimentar prazer” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 72).
Considera-se o melhor horário para fazer os exercícios no período matutino,
após uma ducha quente (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen
(1985), “entretanto, qualquer hora é boa, exceto após uma refeição substancial”
(p. 73).
“Às vezes, fazer alguns exercícios à noite, especialmente os de respiração
profunda, possibilitará um adormecer mais fácil. Pegar no sono envolve desligar-
se da cabeça e sintonizar o corpo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 73).
50
Segundo Lowen e Lowen (1985), “deve ser gasto um tempo considerável
nos exercícios de grounding, isto é, no trabalho com pernas e pés, devido à sua
fundamental importância para todo o trabalho com o corpo.
“A conscientização conseguida através dos exercícios de grounding deve
estar presente no trabalho com todas as outras partes do corpo. Assim,
gradualmente, o corpo inteiro é envolvido em todos os movimentos” (LOWEN e
LOWEN, 1985, p. 78).
Além dos exercícios descritos, entre outros que não foram citados, a
bioenergética também trabalha com técnicas de massagem.
Pois esta é segundo Lowen e Lowen (1985), “a contrapartida aos exercícios
ativos, nos quais se requer um esforço para produzir resultado” (p. 171). “Às
vezes, entretanto, quando uma área de tensão muscular é envolvida, a massagem
pode provocar dor” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 171).
Muito do valor da massagem depende da sensibilidade, da destreza e
das mãos da pessoa que faz a massagem. É necessário que ela saiba o
quanto de pressão aplicar. Muita, causará tensão excessiva; pouca, terá
pouco efeito. Na medida em que a massagem é uma função do toque, a
pessoa deve estar em contato com os sentimentos da pessoa
massageada (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 172).
Para Lowen e Lowen (1985, p. 172) “tocar é um processo energético de
contato. Através do toque, a energia flui de uma pessoa para outra.”
“Contudo estes exercícios de bioenergética, embora sendo de valor, não
substituem uma vida saudável. Para se estar vibrante vivo, é necessário se sentir
bem com relação à própria vida, ter satisfação no trabalho e ter prazer nos
contatos pessoais” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 195).
“A meta do trabalho bioenergético é ajudar a pessoa a “se deixar levar” pelo
prazer. O prazer é uma resposta corporal. A capacidade para o prazer é uma
função da vitalidade do corpo, ou seja, de quão vibrantemente vivo está o corpo”
(LOWEN e LOWEN, 1985, p. 196). Portanto, este trabalho deve ajudar o ser
humano aproximar-se de suas características primárias, desencouraçando suas
tensões musculares, possibilitando uma redução dos conflitos relacionados à sua
51
estrutura de caráter, ajudando este a perceber o que o afasta de ser um humano
equilibrado e assim possibilitando aproximá-lo de uma vida saudável e feliz.
52
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
A presente Pesquisa fundamentou-se, metodologicamente, na Pesquisa
Bibliográfica. A Pesquisa Bibliográfica, segundo Oliveira (1997), é o ato de fichar,
relacionar, referenciar, ler arquivar, fazer resumos de assuntos relacionados com o
campo da pesquisa em questão. Para realizá-la é preciso um roteiro cuidadoso
com delimitação, identificando escolas ou correntes, definição apropriada da
matéria que está sendo objeto de estudo.
O referido trabalho de investigação assumiu o caráter de anotações com
um sistema coordenado e coerente sobre os conceitos que fundamentam a teoria
e técnica da Análise Bioenergética.
As etapas da pesquisa foram consolidadas conforme Gil (2002), consistindo
na escolha do tema em questão. Posteriormente, sendo efetuado um
levantamento bibliográfico acerca do tema, como base levou-se em consideração
as seguintes etapas propostas pelo autor:
• Elaboração do plano provisório do assunto;
• Busca de fontes;
• Leitura do material;
• Fichamento;
• Organização lógica do assunto; e
• Redação do texto.
A busca da literatura realizou-se conforme os recursos existentes na
Biblioteca Central da UNIVALI (BBC), na Biblioteca Setorial do Centro de
Ciências da Saúde (BSCCS), artigos on-line e também com materiais
adquiridos pela pesquisadora. Priorizou-se a análise teórico-metodológica das
seguintes obras sobre a Análise Bioenergética, próprios de Alexander Lowen:
Alegria - a entrega ao corpo e à vida; Narcisismo – Negação do Verdadeiro
Self; Bioenergética; Amor, Sexo e seu Coração; Espiritualidade do Corpo –
Bioenergética para a Beleza e a Harmonia; O corpo em Terapia – a abordagem
bioenergética; O Corpo Traído; Prazer: Uma Abordagem Criativa da Vida;
Medo da Vida; O corpo em depressão – As bases biológicas da fé e da
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  • 1. 0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA Análise Bioenergética: corpo-mente GABRIELA SCHIAVENIN SEMINOTTI Itajaí, (SC), 2009
  • 2. 1 GABRIELA SCHIAVENIN SEMNOTTI Análise Bioenergética: corpo-mente Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. Msc. Aurino Ramos Filho Itajaí, (SC), 2009
  • 3. 2 Dedico esta pesquisa aos meus pais, por terem me dado a oportunidade de estar nesse caminho de sabedoria e conhecimento, e por terem acreditado em meu ser. À minha filha por ter me compreendido e ter sido paciente nos momentos em que me abdiquei de compartilhá-los. E a Deus por ter me guiado neste caminho de luz e encantamento.
  • 4. 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus por ter me colocado neste caminho de luz e sabedoria. Ao professor, mestre e orientador Aurino Ramos Filho, por ter acolhido esta temática e por ter iluminado nossos encontros, que foram além de uma orientação, e sim ensinamentos para a minha vida. Pois, muitas vezes, suas filosofias me tocaram, tornaram minha vida mais feliz e o meu ser mais consciente da relação com o Mundo. Agradeço aos meus pais, por acreditarem nas minhas potencialidades e por terem me ensinado valores realmente humanos. À minha mãe, pelo companheirismo e dedicação, e ao meu pai pela compreensão e determinação. À minha filha, por ter sido paciente em todos os momentos em que precisei estar ausente, e por ser o maior sentido da minha vida, o qual me dá forças para tornar-me um ser humano cada dia melhor. À minha irmã, por ter me ajudado, sempre, no que precisei e por me aconselhar construtivamente. À minha amada avó, por ter orado por mim. À minha psicoterapeuta Arlene, por ter me encorajado e ter acreditado em mim. Sua fé me deu forças para realizar este trabalho e nunca ter pensando em desistir. Agradeço a ela também, por ter me ensinado a cada encontro, fundamentos sobre o tema pesquisado. À minha amiga Mana, que sempre me escutou, de forma generosa, e presenteou-me com a autobiografia do Lowen, que surpresa maravilhosa! Agradeço também ao sol por me iluminar, o mar por me plenificar e a terra por me enraizar.
  • 5. 4 “Estar cheio de vida é respirar profundamente, mover-se livremente e sentir com intensidade.” Alexander Lowen
  • 6. 5 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................ 6 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 2 EMBASAMENTO TEÓRICO ................................................................................ 9 3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 52 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 54 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 56 6 OBRAS CONSULTADAS.................................................................................. 57
  • 7. 6 ANÁLISE BIOENERGÉTICA: CORPO-MENTE Orientador: Prof. Msc. Aurino Ramos Filho Defesa: Novembro de 2009 Resumo: A Análise Bioenergética tem como objetivo ajudar o ser humano a recuperar a sua natureza primária que se integra na sua condição de ser livre e belo. Para que isto se realize propõe que se deve curar a cisão mente- corpo. Assim, a presente Pesquisa investigou, por meio da Pesquisa Bibliográfica, a Análise Bioenergética como proposta para o ser humano reencontrar-se com o seu corpo e tirar proveito da vida que há nele. Os Objetivos Específicos, próprios dessa Pesquisa, constituiram-se em: descrever os principais conceitos da Bioenergética, analisá-la como técnica psicoterapêutica e propor técnicas que ajudem o ser humano a reencontrar-se com seu corpo. Intencionou-se, pois, elucidar a Análise Bioenergética e sua relevância para o corpo e a vida humanos. Conclui-se, portanto, que esta teoria e técnica, ajudam o ser humano a integrar-se como corpo-mente, por meio dos exercícios específicos e pelas análises das histórias e dos corpos que guardam as experiências. Palavras-chave: corpo; mente; técnica psicoterapêutica. Sub-Área de concentração (CNPq) 7.07.00.00-1 - Psicologia 7.07.07.00-6 - Psicologia do Desenvolvimento Humano Membros da Banca ______________________________________ Mara Cristina Binz Professora convidada ______________________________________ Arlene Beatriz Schauffert de Amorim Professora convidada ______________________________________ Prof. Msc. Aurino Ramos Filho Professor Orientador
  • 8. 7 1 INTRODUÇÃO O ser humano faz diferentes viagens durante a sua vida, pois somos seres de passagens. Essas passagens são do útero para a vida, do bebê para a criança, da adolescência para o adulto, do adulto para a velhice, da velhice para a morte. Aspectos emocionais, corporais, sociais, existenciais, espirituais e transcendentais estão presentes nas passagens da vida, desde o útero até a morte do ser humano. A partir de minhas curiosidades relacionadas às passagens de minha vida e de outros seres humanos, surgiu o desafio de estudar e compreender os comportamentos e personalidades por meio de uma teoria da Psicologia, que além dos aspectos hereditários, psicológicos, sociais e espirituais, estuda o ser humano no aspecto corporal também. Segundo Lowen (1977), “o terapeuta bioenergético analisa não apenas o problema psicológico do paciente como o faria qualquer analista, mas também a expressão física do problema, à medida que é manifesto em sua estrutura corporal e movimento” (p. 16). “Ser capaz de ver e compreender as expressões corporais é o que constitui a bioenergética” (LOWEN, 2007, p. 126). Portanto, para compreender o comportamento do ser humano, um dos aspectos é avaliar o nível de energia do seu corpo. A bioenergética fundamenta que cada ser é o seu corpo. “Nenhuma pessoa existe fora do corpo vivo, através do qual se expressa e se relaciona com o mundo à sua volta” (LOWEN, 1982, p. 47). Portanto, “dado que o seu corpo expressa quem você é, ele também indica a intensidade de sua presença no mundo” (LOWEN, 1982, p. 48). Além de estudar e compreender o ser humano, a Análise Bioenergética, propõe técnicas para ajudá-lo. Pois seu objetivo é segundo Lowen (1985), “é um corpo cheio de vida, capaz de experienciar totalmente prazeres e dores, alegrias e tristezas da vida” (p. 18). Portanto, criou exercícios especiais para o ser humano praticar em sessões terapêuticas, em aula e em casa.
  • 9. 8 Os exercícios bioenergéticos ajudam o ser humano a se conhecer melhor. “Eles farão isso através do aumento do estado vibratório do seu corpo, grounding das pernas e do corpo, aprofundamento da respiração, agudização da autoconsciência, e ampliação da auto-expressão” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 14). A partir de alguns exercícios praticados e análises realizadas em sessões psicoterapêuticas, compreendi melhor o meu ser como corpo. No entanto, resolvi investigar esse tema, que tanto me fascina e pretendo poder trabalhar com essa teoria, após minha formação no Curso de Psicologia. Pois esta é uma técnica que habilita o profissional da área da Psicologia, a utilizá-la na Clínica, na Educação, em Treinamento e Desenvolvimento Empresarial e no Campo Social, entre outras. No Brasil, seu modo de atuação se encontra restrito, tendo como ponto de partida a psicoterapia clínica. O estudo da Bioenergética é um caminho árduo, de reflexão e de descobertas, mas que proporciona um crescimento e desenvolvimento, interminável. A Análise Bioenergética é um dos olhares da Psicologia, um olhar específico, mas com propósitos semelhantes a outras teorias, com o qual, ajuda o ser humano a reencontrar-se com seu self. Portanto, como problema de pesquisa, intencionou-se elucidar a Análise Bioenergética como técnica psicoterapêutica, que ajuda o ser humano a reencontrar-se com o seu corpo e tirar proveito da vida que há nele. Como Objetivos Específicos, constituíu-se em descrever os principais conceitos da Bioenergética, analisou-a como técnica psicoterapêutica e propôs técnicas para ajudar o ser humano a reencontrar-se com seu corpo. É relevante, pois, compreender essa teoria e técnica, ainda pouco desfrutada nos cursos de Psicologia no Brasil e nas demais áreas relacionadas à Psicologia.
  • 10. 9 2 EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1 Os principais conceitos da Análise Bioenergética A Bioenergética foi criada a partir do trabalho do psicanalista Wilhelm Reich (1897-1957). Mais tarde, foi desenvolvida por John C. Pierrakos (1921-2001) e Alexander Lowen (1910-2008), o pai da Bioenergética. No desenvolvimento desta teoria, foram conceituadas palavras básicas para fundamentá-la, como o grounding, a respiração, a motilidade, a vibração e a sexualidade. Além destes, Lowen, a partir da teoria de Reich, sobre a análise do caráter, ampliou-a para relacionar esta com as estruturas corporais. 2.1.1 Grounding Para a Bioenergética, grounding significa “fazer a pessoa entrar em contato com o chão. Estar em contato com o chão é o oposto a ter uma “obsessão”, a estar no ar” (LOWEN, 1982, p. 169). O Grounding (Ground= solo, chão) é um exercício conceituado, especificamente, pela Bioenergética. “Grounding, ou seja, fazer com que o paciente tenha contato com a realidade, com o solo onde pisa, com seu corpo e sua sexualidade, tornou-se umas das pedras fundamentais da bioenergética” (LOWEN, 1982, p. 35). Alguns seres humanos acreditam estar com os pés no chão, mas a partir dos exercícios de grounding, alguns podem sentir vibrações em suas pernas e então compreender melhor o que é estar grounded ou estar com os pés no chão. Este processo pode vir a ser, lento ou rápido, pois depende da estrutura corporal de cada pessoa, algumas sendo mais tensas e rígidas, enquanto, outras não. As pessoas enraizadas [grounded] estão conectadas à terra e ao ambiente natural, ao seu corpo e seus sentimentos e aos seus entes queridos e seus semelhantes. O indivíduo desenraizado é solitário, folha que se desprendeu da árvore, criatura sem lar (LOWEN, 2007, p. 165).
  • 11. 10 “O lar de cada um é o seu corpo. Não se ligar de maneira sensível ao próprio corpo significa viver como um espírito desconectado, que flutua pela vida, sem qualquer sensação de pertencer algo ou alguém” (LOWEN, 2007, p. 165). Para Weigand (2005, p. 35) “ao trabalhar com o paciente na posição ereta, Lowen inovou em relação à técnica de Reich, que colocava o paciente deitado no divã.” Esta posição ajuda o ser humano a sentir o solo, para que este entre em contato com a realidade de sua vida, pois realizando este exercício, a respiração é aprofundada e os sentimentos afloram. As posturas de grounding e as vibrações aumentam as ondas respiratórias e a excitação geral do organismo. O fluxo energético pulsa movendo-se pendularmente dos pés até a cabeça. O bloqueio em qualquer segmento do corpo impede esse fluxo. Como a onda de excitação deve atravessar o segmento pélvico para chegar até as pernas e os pés, a sensação de grounding estará prejudicada por bloqueios neste segmento (WEIGAND, 2005, p. 35). O grounding para Lowen e Lowen (1985, p.23) “implica em conseguir que a pessoa “deixe acontecer”, fazendo seu centro de gravidade recair mais embaixo; implica em fazê-la sentir-se mais perto da terra. O resultado imediato é que aumenta seu senso de segurança.” Portanto, este exercício pretende ajudar o ser humano a entrar em contato com seu ser interior e com o mundo, identificando-se com sua natureza animal. Para Heller e Henkin (1998 apud WEIGAND, 2005), Acreditam que dizer que alguém está firmemente grounded é o mesmo que dizer que seu peso está distribuído simetricamente sobre os dois pés refletindo o equilíbrio e o alinhamento da estrutura como um todo, do topo da cabeça aos pés, assim como lateralmente (p. 36). O conceito de grounding é ampliado destacando-se os diferentes tipos de grounding: postural, interno, prematuro, grounding do olhar e grounding na família, cultura e religião (WEIGAND, 2005). O grounding postural é um exercício que se assemelha com um dos exercícios do Tai Chi Chuan, praticado pelos chineses, chamado “curvatura taoísta”, “este tem como objetivo para eles, alcançar a harmonia com o universo por meio de uma combinação de movimentos do corpo com a técnica da
  • 12. 11 respiração” (LOWEN, 1982, p. 65). O que também se assemelha com os objetivos da Análise Bioenergética, pois esta posição segundo Lowen (1982, p. 64) “é utilizada para fazer com que as pessoas sintam-se integradas e conectadas, seus pés firmemente plantados e sua cabeça levantada.” Esta posição é usada para diagnosticar a natureza das principais tensões musculares, mostrando a falta de integração do corpo (LOWEN, 1982, p. 64). Este exercício para Weigand (2005), Tem por objetivo criar um senso de grounding postural que tem por objetivo desenvolver capacidades de autonomia, ou seja, um crescimento a partir de posições infantis para outras mais adultas, aumentar a carga energética e a excitação geral no organismo (p.42). O grounding interno, na relação psicoterapêutica para a Análise Bioenergética segundo Weigand (2005, p. 42) “é sustentado pela qualidade da relação terapêutica que implica em confiança, suporte, cuidado, reconhecimento, vínculo.” Acredito que grounding interno também se desenvolve com uma combinação de exercícios de Análise Bioenergética e auto-percepção. Que a auto-percepção pode ser criada ao praticar os exercícios com consciência corporal percebendo não só os processos cinestésicos, a temperatura, a respiração, mas também a sensação de energia fluindo, sua pulsação, a excitação, as sensações de carga, de leveza e possíveis sentimentos que surjam com as mobilizações, como um caminho para o crescimento do grounding interno (WEIGAND, 2005, p. 43). Já o grounding prematuro, é um estudo sobre o desenvolvimento prematuro do ego relacionado ao grounding. Segundo Weigand (2005, p. 46) “a dificuldade de ter um grounding adequado atribui-se às experiências precoces da criança com um cuidador que tem episódios de desconexão durante os quais ele (cuidador) não consegue reconhecer-se como um ser separado da criança.” E pelo fato da criança ainda não ser madura, capta essa dissonância diretamente em sua estrutura celular, em seu sistema nervoso autônomo e centros energéticos (WEIGAND, 2005). A partir dessa dissonância, a criança que é cuidada por um ser humano que tem grandes porções de seu ego não estruturadas, acaba tendo que descobrir
  • 13. 12 como se manter por si (WEIGAND, 2005). Pois a partir de uma criação ambivalente vinda de seu cuidador, a criança rompe sua psiquê do soma, estando sujeita a comportamentos bons ou ruins deste. Assim, segundo Weigand (2005, p. 47) “dessa forma, o bebê passa a tomar conta do ambiente, saindo da condição de ser cuidado para a condição de cuidador.” O grounding do olhar está relacionado ao contato visual. Os primeiros contatos inicias que o ser humano faz após nascer é o contato ocular com seu cuidador. Segundo Baker, (1980, apud WEIGAND, 2005, p. 54) “com o bloqueio do anel ocular, a percepção da excitação fica prejudicada, mas a excitação pode crescer e inundar o organismo, sem possibilidade de regulação do ego.” Para Weigand (2005, p. 54) “a severidade dos sintomas psíquicos depende da etapa do desenvolvimento em que se forma o bloqueio.” Conforme for a intensidade do bloqueio ocular e a fase com que ele ocorreu, posteriormente, a criança não consegue criar as defesas caracterológicas neuróticas (WEIGAND 2005). Em relação ao grouding na família Para Stern (1997, apud WEIGAND, 2005, p. 57) “certas representações estão baseadas em eventos culturais ou históricos nunca experienciados diretamente pela criança, por exemplo, um avô falecido pode ser transformado em um mito familiar.” “antes mesmo de enraizar-se no útero, um bebê começa a existir no mundo representacional dos pais” (WEIGAND, 2005, p. 57). Segundo Stern (1997, apud WEIGAND, 2005, p. 57) “esse mundo representacional dos pais inclui suas fantasias, esperanças, medos, sonhos, lembranças da própria infância, modelos de pais e profecias para o futuro bebê.” Portanto, para Weigand (2005) “tanto a tradição da família de origem quanto o que é construído pela família atual se entrelaçam para formar o grounding familiar onde o bebê vai se enraizar” (p. 57). Assim formando um grounding familiar saudável ou não, podendo afetar a constituição do self do bebê, dependendo de como os cuidadores elaboraram os conteúdos herdados de seus próprios pais (WEIGAND, 2005).
  • 14. 13 O grounding na cultura e comunidade “remete a estar inserido numa cultura e num grupo social implica enraizar-se absorvendo os mitos, crenças e práticas religiosas vigentes nesse contexto” (WEIGAND, 2005, p. 61). A partir da absorção destes, compõem-se um ground, segundo Weigand (2005) “cheio de significados e de mitos privados onde o bebê começa o longo processo de se perceber, de perceber os outros e perceber o mundo” (p. 62). Este é também o momento em que se constituído a dimensão étnica de seu self, pois na medida em que o bebê toma o corpo materno como próprio, organiza-se segundo os aspectos étnicos da comunidade em que nasceu. Esses elementos étnicos se desenvolvem e ganham sofisticação ao longo do desenvolvimento, pelo convívio da criança com as pessoas em seu meio ambiente, pela apropriação dos ethos refletido na corporeidade, nas emoções e atitudes desses outros significativos (Safra, 2002, apud WEIGAND, 2005, p. 62). A ligação que a criança faz com seu contexto familiar, segundo Weigand (2005) “toma a forma de amor e boa sorte, não importando se a família é nutritiva ou negligente; os valores, hábitos, crenças e atos da família se inscrevem na consciência e passam a fazer parte da identidade” (p. 62). Portanto, a partir do momento que o ser humano, Apóia seus pés no chão, seus braços se levantam para os céus, seus olhos se abrem para as glórias do universo e seu espírito ascende exultante com o milagre que é sua vida, sua consciência, o sentir-se parte de um todo (LOWEN, 1983, p. 43). Os sentimentos dos seres humanos com raízes no chão possibilitam a sensação corporal equivalente a todos os sentimentos espirituais, é à base de toda experiência religiosa (LOWEN, 1983). 2.1.2 Respiração A respiração é essencial para a Análise Bioenergética e para uma saúde vibrante. Segundo Lowen e Lowen (1985, p. 35) “através da respiração, conseguimos o oxigênio para manter aceso o fogo do nosso metabolismo, e isto
  • 15. 14 nos assegura a energia de que precisamos mais oxigênio cria um fogo mais quente e produz mais energia.” Respirar é a forma de sentirmos a nós mesmos, os outros e o ambiente. Em situações em que não queremos sentir, respiramos menos, assim facilitando o desenvolvimento das tensões musculares. O foco da Análise Bioenergética é ajudar o ser humano a perceber e liberar as tensões que o impedem de respirar naturalmente, pois esta não é normalmente uma coisa da qual deveríamos estar conscientes (LOWEN e LOWEN, 1985). Portanto, a Bioenergética não quer que o indivíduo force a respiração, e sim que este tenha consciência desta. A respiração saudável é uma ação do corpo todo; todos os músculos do corpo estão envolvidos, em algum grau. Isto é especialmente verdadeiro para os músculos pélvicos profundos que giram suavemente a pelve para trás e para baixo durante a inspiração, para alargar o ventre, e então giram-na para frente e para cima, a fim de diminuir a cavidade abdominal durante a expiração. Este movimento da pelve para frente é auxiliado pela contração dos músculos abdominais. A expiração, contudo, é um processo basicamente passivo, melhor exemplificado por um suspiro (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 36). Segundo Lowen (1982), a “respiração desempenha importante papel na bioenergética, pois apenas através de uma respiração profunda e plena é que podemos conseguir energia para uma vida mais espirituosa e espiritual” (p.57). Considera-se que a respiração seja um caminho para o autoconhecimento. Pois se compreende que o modo como respiramos é o modo como vivemos a nossa vida. “Na respiração nós participamos inconscientemente da Vida Maior” (Durckheim apud LOWEN, 1983, p.44). Para Lowen (1983), “a razão desta afirmação é que a respiração é um processo de expansão e contração que envolve todo o corpo e é, ao mesmo tempo, consciente e inconsciente, a respiração guarda o segredo da vida” (p. 44). Segundo Lowen (1983), “a respiração profunda e completa, nos torna consciente da pulsação viva de nossos corpos e assim nos sentimos unidos a todas as criaturas pulsantes de um universo em pulsação” (p. 44).
  • 16. 15 Para Reich (1975) “a inibição respiratória e fixação do diafragma é sem dúvida um dos primeiros e mais importantes atos na supressão das sensações de prazer no abdômen, e também na redução da “angústia abdominal” (p. 260). “Quando se tem uma respiração reduzida, absorve-se menos oxigênio; de fato, apenas o suficiente para a preservação da vida. Com menos energia no organismo, as excitações vegetativas são menos intensas e, pois, mais fáceis de controlar” (REICH, 1975, p. 262). Segundo Reich (1975), “vista biologicamente, a inibição da respiração nos neuróticos tem a função de reduzir a produção de energia no organismo e de reduzir assim a produção de angústia” (p. 262). A inibição respiratória para Reich (1975), “é experimentada na região superior ou média do abdômen, respirando fundo, sentimentos fortes de prazer ou de angústia aparecem no abdômem” (p. 277). Segundo Lowen (1982), “qualquer obstrução do processo respiratório produzirá ansiedade” (p. 109). Para se exemplificar uma situação de ansiedade relacionada à respiração, basta imaginar uma pessoa que tem asma lutando para tomar ar. “A respiração é praticamente tão importante para o organismo quanto a circulação” (LOWEN, 1982, p. 109). Uma outra pista a respeito da natureza da ansiedade foi fornecida por Rollo May, que remontou as origens da palavra “ansiedade” à raiz germânica Angst, que significa “um apertão nos estreitos”. Os estreitos podem ser, por exemplo, o próprio parto pelo qual ninguém deixa de passar para uma existência independente. Pode ser uma passagem feita sob o peso de uma forte ansiedade, dado que representa a transição para a respiração independente, por parte do novo organismo. Qualquer dificuldade que um mamífero tenha para o estabelecimento de uma respiração independente põe sua vida em risco e produz um estado fisiológico de ansiedade. Os estreitos podem referir-se, por outro lado, ao pescoço, esta estreita passagem entre a cabeça e o resto do corpo, passagem pela qual veicula-se o ar para os pulmões e o sangue para a cabeça. Um estrangulamento na região é também uma ameaça direta à vida e resulta em ansiedade (LOWEN, 1982, p. 110). Para Lowen e Lowen (1985), “os movimentos respiratórios são como ondas, a onda inspiratória começa no fundo na pelve e flui para cima, até a boca. À medida que vai subindo, as cavidades largas do corpo se expandem para sugar o ar” (p. 37).
  • 17. 16 Já a onda expiratória “começa na boca e flui para baixo, quando ela alcança a pelve, esta estrutura move-se suavemente para frente. A expiração induz ao relaxamento de todo o corpo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 37). Nos seres humanos com peito inflado a expiração é forçada, pois segundo Lowen (1985), “o peito inflado é uma defesa contra o sentimento de pânico, o qual está relacionado ao medo de não ser capaz de conseguir ar suficiente. Por outro lado, as pessoas que têm medo de ir ativamente ao encontro do mundo, têm dificuldade em inspirar” (p. 37). “A respiração também está vinculada à voz, para produzir um som, é preciso deslocar o ar através da laringe. E durante a emissão de um som pode-se ter certeza da respiração” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 39). Os seres humanos são algumas vezes proibidos de soltarem um grito, ou melhor, um som alto, esta restrição severa pode limitar a respiração. Segundo Lowen e Lowen (1985), “por estas razões, as pessoas em terapia bioenergética e em aulas de exercício são encorajadas a vocalizar ou emitir um som prolongado enquanto fazem exercícios ou respiram” (p. 39). “Os exercícios de respiração ajudam um pouco, mas não fazem nada para reduzir a tensão e restaurar o padrão respiratório natural” (LOWEN e LOWEN, 1985 p. 35). Para se fazer isto é necessário aprender a liberar as tensões. Na Análise Bioenergética existem alguns mandamentos, os quais são: não prender sua respiração, deixar-se respirar. O outro mandamento é emitir um som. Permita-se ser ouvido. Se você der um suspiro, faça-o audível. Muitas pessoas desenvolveram problema porque quando crianças eram severamente advertidas a ficarem quietas. Esta negação de seu direito de uso da própria os pode tê-las levado a imagem de pessoas sem voz ativa em seus próprios assuntos (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 40). De forma mais didática e anatômica, se divide o movimento respiratório em três áreas do corpo: respiração abdominal e ou diafragmática, respiração intercostal ou média e respiração clavicular ou peitoral. Segundo Elias (2009), a respiração abdominal ou diafragmática “é aquela que acentua o movimento na parte baixa da barriga, fazendo a barriga crescer
  • 18. 17 com a inspiração e recolher-se na exalação, o ar concentra-se na parte baixa dos pulmões.” “Esta respiração é que exige menos esforço e corresponde à aproximadamente 60% do ar que podemos absorver, é predominante em estados de descanso, relaxamento e durante o sono” (ELIAS, 2009). “A respiração intercostal ou média é aquela que movimenta a região intermediária entre o abdômen e o peito, fazendo as costelas inferiores se abrirem na inspiração e se recolherem na exalação. Equivale à 30% do volume de ar que podemos absorver” (ELIAS, 2009). Já a respiração clavicular ou peitoral, para Elias (2009), “é aquela que movimenta a parte alta do tronco, abrindo e elevando o peito na inspiração, recolhendo-o na exalação, o ar concentra-se na parte mais alta dos pulmões.” “Esta respiração é a que exige mais esforço do corpo e corresponde a 10% do volume de ar que podemos absorver” (ELIAS, 2009). Segundo Elias (2009), pode-se “dividir o movimento respiratório em quatro momentos distintos que são: inspiração, pausa com os pulmões cheios, exalação, pausa com os pulmões vazios.” Estes movimentos respiratórios, para Elias (2009), “repetem o eterno ciclo da vida, onde alternam-se nascimento e morte, encontro e separação, ação e repouso.” “Se queremos resgatar emoções reprimidas, um dos recursos utilizados pela Bioenergética é o de voluntariamente aumentar a profundidade da respiração” (ELIAS, 2009). Portanto, para o ser humano ter um corpo e vida saudável é preciso que respire profundo para que fique consciente de seus sentimentos. 2.1.3 Sexualidade Para a Análise Bioenergética existe uma identidade entre saúde emocional e sexual. Segundo Lowen e Lowen (1985), “a unidade do organismo pode ser descrita como um círculo, cada aspecto de sua saúde está relacionado a outro e reflete sua saúde total” (p. 45). Portanto, “problemas e ansiedades sexuais irão
  • 19. 18 afetar seriamente a saúde física, emocional e mental da pessoa” (LOWEN, 1985, p. 45). A sexualidade, segundo Lowen (1982), “foi e é a chave de todos os problemas emocionais, mas os distúrbios de funcionamento sexual só podem ser compreendidos, de um lado, a partir da estrutura total da personalidade, e de outro, dentro da estrutura das condições da vida sexual” (p. 26). Portanto, a sexualidade é um dos aspectos principais da personalidade, mas não que seja o único. Um ser humano com a mente calma, provavelmente ira ter um corpo gracioso. Pois segundo Lowen e Lowen (1985): “Similarmente, a saúde emocional é definida positivamente: é ter pleno domínio das próprias faculdades e de toda a vasta gama dos próprios sentimentos. Naturalmente, esta definição inclui a habilidade para sentir e expressar plenamente a própria sexualidade e a capacidade de experienciar o prazer desta expressão. Está será nossa definição de saúde sexual. Basicamente, ser vibrantemente vital pode equivaler à capacidade de ter prazer e alegria de viver” (p. 46). O ser humano deve soltar sua pelve, para desimpedir o fluxo de suas sensações sexuais. “Portanto, o modo como a pessoa conserva sua pelve é um objeto de estudo tão importante quanto o modo como esta pessoa mantém sua cabeça” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 46). Quando a pelve está para frente, o ser humano poderá sentir as sensações sexuais fluírem diretamente para os genitais, órgão de descarga, e quando estiver para trás, está em posição de ser carregada (LOWEN e LOWEN, 1985). A barriga é o reservatório de sensações sexuais, mas se contrairmos ela e mantermos a pelve para frente, esta função de reservatório fica perdida (LOWEN, e LOWEN 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985), prendendo a respiração e imobilizando a pelve “como resultado, a pessoa não está sexualmente viva e tem de ser “ligada”; está em grounding em sua natureza sexual” (p. 49). Um corpo sexualmente vivo é caracterizado por um balanço livre da pelve. Isto significa que a pelve move-se espontaneamente, que não está sendo empurrada, ou movendo-se aos trancos, nem sendo fixada. Em
  • 20. 19 contraste, as pessoas de nossas mais sofisticadas culturas andam de maneira inflexível, com as nádegas contraídas (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 49). A tensão de contrair as nádegas, para Lowen e Lowen (1985), “representam medo de “deixar acontecer”, de, se o fizermos, defecar ou fazer sujeira” (p. 50). Treino infantil para o controle esfincteriano, surgindo mais tarde tensões inconscientes que bloquearão a entrega a descarga sexual (LOWEN e LOWEN, 1985). De acordo com Lowen (1982), Reich acreditava que a repressão do trauma original era mantida por uma supressão das sensações sexuais. Esta supressão constituía a predisposição ao sintoma histérico, transformado mais tarde em algo concreto por um incidente sexual posterior. Para Reich a supressão das sensações sexuais mais a atitude caracterológica concomitante constituíam a verdadeira neurose; o sintoma em si não passava de uma expressão observável. A consideração desse elemento, mais precisamente, o comportamento e a atitude do paciente em relação à sexualidade, introduziu um fator “econômico” no problema da neurose. O termo “econômico” se refere às forças que predispõem um indivíduo para o desenvolvimento de sintomas neuróticos... (p. 14). Para Reich (1975), “a sexualidade é o centro em torno do qual gira a vida da sociedade como um todo, e também o mundo intelectual interior do indivíduo” (p. 28). Para Freud segundo Reich (1975), “a sexualidade adulta procede de estágios de desenvolvimento sexual na infância” (p. 34). Acreditava que a experiência sexual incluía um campo maior que a experiência genital, por esta razão não usava as palavras “sexual” e “genital” para falar sobre o mesmo assunto (REICH, 1975). “Os escritores pré-freudianos empregaram o conceito do “libido” para denotar simplesmente o desejo consciente de atividade sexual” (REICH, 1975, p. 34). Porém Reich (1975) acreditava “que a “libido” de Freud não é o mesmo que a “libido” dos pré-freudianos, a última denota os desejos sexuais conscientes, e a libido de Freud não é, e não pode ser, senão a energia do instinto sexual” (p. 35).
  • 21. 20 Segundo Reich (1975), “se eu houvesse definido a sexualidade apenas como sexualidade genital, caíria na noção pré-freudiana errada de sexualidade, e sexual equivaleria a genital” (p. 102). Alargando o conceito de função genital com o conceito de potência orgástica, e definindo-o em termos de energia, somei uma nova dimensão à teoria psicanalítica de sexualidade e libido, conservando o seu arcabouço original (REICH, 1975, p. 102). “Se toda enfermidade psíquica tem um cerne de excitação sexual reprimida, só pode ser causada pela perturbação da capacidade de experimentar a satisfação orgástica” (REICH, 1975, p. 102). Para Reich (1975), “a fonte de energia da neurose tem origem na diferença entre o acúmulo e a descarga da energia sexual” (p. 102). Pois a excitação sexual não satisfeita leva o ser humano a ter um mecanismo psíquico neurótico. “A fórmula terapêutica de Freud para as neuroses, embora correta, é incompleta. O pré-requisito fundamental da terapia consiste em tornar o paciente consciente da sua sexualidade reprimida” (REICH, 1975, p. 102). Portanto, é importante torná-lo consciente disto, mas não é apenas isto que vai curá-lo. O ser humano precisa obter uma plena satisfação orgástica para curar-se de suas neuroses. “Não pode haver dúvidas, portanto, de que a meta mais alta e mais importante da terapia analítica causal é o estabelecimento da potência orgástica: a capacidade de descarregar energia sexual acumulada” (REICH, 1975, p. 102). “A excitação sexual é um processo somático. Os conflitos da neurose são de natureza psíquica. O que acontece é que um conflito secundário, em si mesmo normal, causa uma leve perturbação na balança da energia sexual” (REICH, 1975, p. 103). As dinâmicas da sexualidade pré-genital (oral, anal, muscular, etc.) são fundamentalmente diferentes das dinâmicas da sexualidade genital. Se as atividades sexuais não-genitais são reprimidas, a função genital se torna perturbada. Essa perturbação provoca fantasias e ações pré- genitais. As fantasias e atividades sexuais pré-genitais, que encontramos nas neuroses e perversões, são não apenas a causa das perturbações
  • 22. 21 genitais mas, de qualquer forma, também o resultado dessa perturbação (REICH, 1975, p. 103). Segundo Reich (1975), “já que o processo vital e processo sexual são um só e mesmo processo, não é preciso dizer que a energia vegetativa e sexual é ativa em tudo quanto vive” (p. 105). Para Lowen (1982), “uma descarga sexual satisfatória eliminará o excesso de excitação no corpo, reduzindo em grande medida o nível geral de tensão. No sexo a excitação excessiva torna-se centralizada no aparelho genital e é descarregada no momento do clímax” (p. 213). A partir desta descarga o ser humano sente-se mais relaxado, se isto não houver talvez seja por não ter tido um contato sexual pleno, assim acumulando mais energia e levando a uma inquietude na pessoa que não atingiu o clímax. “Nem todo clímax é completamente insatisfatório. Há descargas parciais, em que apenas uma fração da energia acumulada é descarregada” (LOWEN, 1982, p. 214). Segundo Lowen (1982), “Reich empregava o termo “orgasmo” em sentido muito especial, para fazer referência à entrega completa à excitação sexual, com o envolvimento completo do corpo nos movimentos convulsivos da descarga” (p. 214). “Uma resposta total a uma situação qualquer é incomum na nossa sociedade, pois estamos envolvidos em uma carga muito grande de conflitos para nos entregar de modo completo a qualquer sentimento que seja” (LOWEN, 1982, p. 214). Para Lowen (1982), “seria correto utilizar a palavra “orgasmo” para descrever uma descarga sexual na qual há movimentos involuntários e convulsivos espontâneos e agradáveis no corpo e na pelve, sentidos como satisfatórios” (p. 215). Caso ocorra o aparato genital somente para descarga e liberação não se deve usar o termo orgasmo e sim, ejaculação para o homem e clímax para a mulher (LOWEN, 1982). “Para que a resposta mereça ser chamada de orgasmo, a descarga deveria ampliar-se para outras partes do corpo: pelve e
  • 23. 22 pernas pelo menos, devendo acontecer alguns movimentos involuntários de prazer pelo corpo” (LOWEN, 1982, p. 215). O problema enfrentado pela maioria das pessoas é que as tensões em seu corpo estão tão profundamente estruturadas que é raro acontecer a liberação orgástica. Os movimentos convulsivos de prazer são muito ameaçadores e a rendição é por demais assustadora. Independente do que se diz, a maioria das pessoas tem medo e é incapaz de dar-se aos poderosos sentimentos sexuais (LOWEN, 1982, p. 215). Segundo Freud (1997) “creio, pois que a amnésia infantil, que converte a infância de cada um numa espécie de época pré-histórica e oculta dele os primórdios de sua própria vida sexual, carrega a culpa por não se dar valor ao período infantil no desenvolvimento da vida sexual” (p. 54). “Já em 1896 frisei a significação da infância para a origem de certos fenômenos importantes que dependem da vida sexual, e desde então nunca deixei de trazer para primeiro plano o fator infantil na sexualidade” (FREUD, 1997, p. 54). A supressão da curiosidade sexual da criança e da sua tendência a brincar com assuntos ligados à prática do amor elimina o ludismo natural das crianças, não tendo permissão para manifestar-se livremente e plenamente (LOWEN, 1982). “Podem ser enterradas na consciência ou removidas de lá, mas permanecem nas camadas subterrâneas da personalidade, emergindo quando há oportunidade na forma de perversões das tendências naturais” (LOWEN, 1982, p. 50). Para Lowen (1982), “neste caso, as qualidades infantis não foram integradas à personalidade, tendo permanecido isoladas e encapsuladas, formando corpos estranhos ao ego” (p.50). Lowen, segundo Weigand (2005), “colocou que o objetivo da psicoterapia bioenergética era, para ele, auto-percepção, auto-expressão, e auto possessão, ou seja, conhercer-se, expressar sua verdade e ser dono de si mesmo” (p. 27). Portanto, “coloca o ego saudável como objetivo principal da psicoterapia, e a manifestação da sexualidade como uma das formas de expressão desse ego saudável” (WEIGAND, 2005, p. 27).
  • 24. 23 “A superênfase dada ao poder em nossa cultura coloca o ego contra o corpo e a sua sexualidade, criando um antagonismo entre ambas as motivações, quando o ideal seria o apoio e o reforço comum entre elas” (LOWEN, 1982, p. 27). Portanto, “o objetivo terapêutico é integrar o ego ao corpo e à sua busca de prazer e realização sexual” (LOWEN, 1982, p. 27). 2.1.4 Motilidade “A Bioenergética é o estudo da personalidade humana em termos dos processos energéticos do corpo. A energia está envolvida no movimento de todas as coisas, tanto vivas quanto inertes” (LOWEN, 1982, p. 40). Portanto, “a energia envolve-se em todos os processos da vida, nos movimentos, sentimentos e pensamentos, e que os mesmos chegariam ao fim se a fonte de energia para o organismo se esgotasse” (LOWEN, 1982, p. 40). “Estudos cinemáticos mostram que os ser humano deprimido desempenha cerca da metade dos movimentos espontâneos normais que o indivíduo não deprimido” (LOWEN, 1982, p. 42). Segundo Lowen (1982), “seu estado subjetivo geralmente corresponde à sua imagem objetiva: é a pessoa que sempre sente faltar em si a energia para dar vida a qualquer movimento” (p. 42). “Todas as atividades requerem e utilizam energias, das batidas do coração aos movimentos peristálticos dos intestinos, ao caminhar, falar, trabalhar e ao sexo” (LOWEN, 1982, p. 43). Para Lowen (1982), “uma pessoa se expressa em suas ações e movimentos e, quando sua auto-expressão é livre e apropriada à realidade da sua situação, experimentará uma sensação de satisfação e prazer produzida pela descarga de energia” (p. 43). Segundo Lowen (1982), “ao olhar para o corpo de um bebê, podemos ver o seu constante movimentar, assim como as ondas de um lago, movimentos estes provocados por forças internas” (p. 46). Quando o corpo do ser humano começa a envelhecer, sua motilidade diminui, vindo cessar com a morte (LOWEN, 1982). O movimento, como sendo um processo energético do ser humano, interfere na sua vida emocional. Segundo Lowen (1982):
  • 25. 24 Em todos os nossos movimentos voluntários existe um componente involuntário, que representa a motilidade essencial do organismo. O componente involuntário, integrado à ação voluntária, responde pela vivacidade e espontaneidade de nossas ações e movimentos. Quando está ausente ou reduzido, os movimentos do corpo têm um caráter mecânico sem vida (p.46). Para Lowen (1982), “o tom de sentimento dos movimentos expressivos advém do componente involuntário, componente esse que não está sujeito ao controle consciente” (p. 47). Se estes componentes voluntários e involuntários se associarem, surgirão movimentos que têm uma ligação emocional e que se constituem em ações coordenadas e eficientes (LOWEN, 1982). Os movimentos involuntários do corpo são a essência da vida, como as ações involuntárias do batimento cardíaco, o ciclo respiratório, os movimentos peristálticos dos intestinos (LOWEN, 1982). Para Lowen (1982), “a resposta mais satisfatória, mais capaz de nos completar e mais significativa dentre todas as respostas involuntárias é aquela do orgasmo, em que a pelve move-se espontanemante” (p. 213). “A vida emocional de um indivíduo depende da motilidade do seu corpo, que por sua vez é uma função do fluxo de excitação através dele” (p.47). Partes do corpo onde o movimento é menor deve haver um distúrbio no fluxo, causando bloqueios e impedindo assim um movimento espontâneo (LOWEN, 1982). Segundo Lowen (1982), “geralmente pode-se inferir a existência de um bloqueio pela constatação de uma área de insensibilidade ou por sentir a contração muscular que o mantém” (p. 47). O movimento corporal não só interfere na vida emocional do ser humano, mas também é uma das modalidades da auto-expressão para a Bioenergética. Esta auto-expressividade (LOWEN, 1982) pode ou não ser uma atividade consciente, porém independente disso estamos sempre nos expressando, e a espontaneidade é a qualidade essencial da auto-expressividade. “As emoções são eventos corporais; literalmente, são movimentos ou impulsos dentro do corpo que geralmente resultam em alguma ação externa” (LOWEN, 1982, p. 48).
  • 26. 25 Segundo Lowen (1982), “a atitude do indivíduo em relação à vida ou seu estilo pessoal refletem-se no seu comportamento, em sua postura e no modo como se movimenta” (48). Portanto, o ser humano expressa-se em qualquer ação que executa ou movimento que seu corpo realiza (LOWEN, 1982). “Os movimentos e ações corporais não são as únicas modalidades de auto- expressão.” (LOWEN, 1982, p. 228). Portanto, para Lowen (1982), “podemos reconhecer um leão ou um cavalo a partir de um desenho, e não há movimento algum no retrato” (p.228). “A espontaneidade é uma função da motilidade do corpo. Um corpo cheio de vida nunca está completamente parado, mesmo ao dormir” (LOWEN, 1982, p. 231). Os movimentos variam em qualidade e intensidade, segundo o grau de excitação, quanto maior for à motilidade de nosso organismo, mais auto- expressivo ele será (LOWEN, 1982). A motilidade de um corpo está diretamente relacionada ao seu nível de energia. É preciso energia para movimentar-se. Quando o nível energético está baixo, a motilidade necessariamente decresce. Uma linha direta conecta a energia à auto-expressividade. Energia – motilidade – sentimento – espontaneidade – auto-expressividade. Esta sequência também opera em seu sentido inverso. Se a auto-expressividade de uma pessoa estiver bloqueada, sua espontaneidade estará reduzida. A redução da espontaneidade afeta negativamente o tônus afetivo que, por sua vez, decresce a motilidade do corpo e deprime seu nível de energia (LOWEN, 1982, p. 232). “Na bioenergética, focalizamos três áreas principais de auto-expressividade: movimento, voz e olhos. A raiva é semelhantemente expressa em movimentos corporais, sons e olhares” (LOWEN, 1982, p. 233). Segundo Lowen (1982), “descobri que é necessário fazer os pacientes realizarem exercícios que envolvem chutar, bater, tocar, muitas vezes seguidas para soltar os movimentos, de modo que os sentimentos tenham condições de fluir sem obstáculos para a ação” (p. 234). Portanto, toda vez que o paciente faz esses exercícios, aprende a movimentar-se completamente, permitindo a mais elementos de seu corpo sentirem a ação (LOWEN, 1982). Para a Análise Bioenergética, a terapia requer uma dupla abordagem: uma que se centralize no passado, que é o lado analítico, que acentua o porquê de um
  • 27. 26 comportamento, de uma ação, dos movimentos da pessoa (LOWEN, 1982). Já o trabalho sobre o presente segundo Lowen (1982), “lança luz sobre como alguém age e se move” (p.235). O indivíduo que não respira corretamente reduz a vida do seu corpo. Se não se movimenta livremente, limita a vida de seu corpo. Se não se sente inteiramente, estreita a vida de seu corpo, e se sua auto-expressão é reduzida, o indivíduo terá a vida de ser corpo restringida” (LOWEN, 1982, p. 38). “O movimento é a essência da vida; crescimento e declínio são dois aspectos do movimento. Não há, em verdade, o platô, a paralisação” (LOWEN, 1982, p. 95). Enquanto o ser humano tiver fé na vida, esse manterá o movimento da vida (LOWEN, 1983). 2.1.5 Vibração Lowen diferencia vibração de tremor. “Segundo ele, tremor é um movimento mais forte, próximo ao chacoalhar. Quando há fortes tensões, a passagem da energia através dos tecidos tensos provoca este tipo de tremor” (WEIGAND, 2005, p. 28). A vibração, para Lowen “é um movimento mais sutil ou fino e pode estar associado ao prazer de estar vivo e vibrante, a metáfora seria um motor de carro bem regulado, funcionando tranquilamente” (WEIGAND, 2005, p. 28). Segundo Oschman (2000, apud WEIGAND 2005), “afirma que as vibrações estão presentes em todos os aspectos da natureza, átomos vibrando criam som e calor” (p. 28). “Num nível básico, toda vida depende de moléculas interagindo através de campos energéticos vibratórios ou oscilantes” (Oschman, 2000, p. 121 apud WEIGAND 2005, p. 28). Independente de filosofia ou crenças, interações energéticas ocorrem entre indivíduos que estão próximos, mesmo sem contato físico. Ver e falar com outra pessoa são interações energéticas envolvendo vibrações de luz e som. Informações podem ser transferidas de um organismo para o outro, via campos energéticos, e os sistemas vivos são muito sensíveis
  • 28. 27 as esses campos. Se for adicionado intencionalidade terapêutica e toque à equação, novas dimensões de trocas sutis, porém mensuráveis, tornam-se perceptíveis (WEIGAND, 2005, p. 29). Na Análise Bioenergética “promove-se um estado de vibração por meio de exercícios criados ou adaptados por Alexander Lowen e sua esposa Leslie Lowen, cujo objetivo é manter as vibrações num nível estável e sutil quando a excitação aumenta ou a tensão cresce” (WEIGAND, 2005, p. 30). Segundo Weigand (2005), “essa vibração aumenta a tolerância do corpo para a excitação e o prazer, criando uma via de descarga da excitação pela parte inferior do corpo por meio de dois canais: a sexualidade e a motricidade” (p. 30). Para Weingand (2005), “na análise bioenergética, quando ocorrem as vibrações, não é necessariamente por cansaço muscular” (p. 31). Se não há bloqueios ao fluxo de energia as vibrações são prazerosas, e se há a pessoa possa vir sentir dor durante o processo, mas no fim, a sensação de liberdade é prazerosa (WEIGAND, 2005). Reich (1995, apud WEIGAND, 2005), “observou que as vibrações aconteciam espontaneamente conforme os pacientes expressavam emoções” (p. 31). “Penso que, entendidas como a descarga motora da energia física que permanecia ligada ao conteúdo emocional retido na couraça, as vibrações têm a função de válvula de segurança do organismo” (WEIGAND, 2005, p. 31). A vibração tem a haver com excitação, pois segundo Weigand (2005): a energia flui nas células, propicia equilíbrio nas funções de energia, facilita carga – descarga proporciona maior contato e percepção da realidade, aprofunda a respiração, libera tensões do tecido conectivo e alegria e excitação intensa. Lowen criou um método para desenvolver as vibrações, a partir da atividade voluntária de músculos e da respiração, descobriu como preparar o terreno, no corpo, para o fluxo de excitações intensas (WEIGAND, 2005). Segundo Lowen (1984, p. 42 apud WEIGAND, 2005, p. 34), “podemos dizer que indivíduos cujos corpos não vibram estão mortos emocionalmente.” “Ele costumava afirmar que uma personalidade sadia é vibrante e um corpo sadio é pulsante e vibrante” (WEIGAND, 2005, p. 34). Portanto, segundo Lowen (2007), “a atividade vibratória do corpo é a base da vida sensível” (p. 192).
  • 29. 28 A vibração nas pernas tem o objetivo de reduzir-lhes a rigidez, é o caminho natural para contrair a tensão muscular, pois quando o ser humano se solta, o corpo vibra como uma mola livre do parto (LOWEN, 1982). Segundo Lowen (1982), “nossas pernas são como molas, e quando as mantemos tensas por muito tempo, elas endurecem e enrijecem, perdendo sua elasticidade” (p. 210). “Há várias maneiras de se fazer as pernas vibrarem. O exercício que usamos mais constantemente na bioenergética é a posição de flexão à frente, com as mãos tocando o chão e os joelhos levemente refletidos” (LOWEN, 1982, p. 210). Também existe um exercício mais simples para que as pernas comecem a vibrar, instruindo o paciente a deitar-se de costas na cama e erguer ambas as pernas para o ar (LOWEN, 1982). A vibração do corpo tem uma outra função importante além da liberação da tensão: permite à pessoa experienciar e usufruir dos movimentos involuntários do corpo, que são uma expressão de sua vida, de sua força vibrante. Se a pessoa sente medo desses movimentos, achando que deve estar no controle dos mesmos o tempo todo, perde a espontaneidade e acaba como uma pessoa automatizada, rigidamente contida (LOWEN, 1982, p. 213). A vibração é uma manifestação da vida; o corpo vivo pulsa, pois a mesma é um aspecto da propriedade pulsátil do tecido vivo (LOWEN, 2007). O ser humano que não tem medo de perder o controle poderá se libertar de uma característica rígida da neurose (LOWEN, 2007). Segundo Lowen (2007), “todavia, o controle não é necessariamente saudável e, na maioria dos casos, representa um medo das sensações intensas que nos movem” (p. 189). Portanto, “somos o que sentimos” (LOWEN, 2007, p. 189). “Você é o seu corpo, e o objetivo da terapia é ajudá-lo a se identificar com ele. A terapia trata de resgatar a ação vibratória dos músculos, o que requer um aumento da energia no corpo, especialmente nos músculos” (LOWEN, 2007, p.189). É preciso energia para mover o corpo e fazer que ele vibre. Para isso é indispensável que o ser humano respire profundamente. (LOWEN, 2007). “Os exercícios de grounding visam despertar alguma ação vibratória nos músculos das
  • 30. 29 pernas, esta pode subir pelo corpo, causando uma poderosa ação vibratória no tronco” (LOWEN, 2007, p. 190). Segundo Lowen (2007), “a vibração forte demais pode gerar ansiedade no paciente, quando ocorre durante uma sessão terapêutica, pode tomar conta do ego, fazendo a pessoa se recolher a regredir” (p. 190). Isso acontece quando o ser humano, cujo corpo não agüenta uma carga forte. (LOWEN, 2007). “O corpo vivo permanece num estado de vibração que se manifesta em minúsculos tremores pelo corpo, visíveis até mesmo quando este está em repouso. Os olhos, por exemplo, nunca ficam completamente imóveis quando abertos” (LOWEN, 2007, p. 191). Para Lowen (2007), “todo problema neurótico encontra raízes em um estado corporal de depressão vibratória, apesar do fato de algumas pessoas neuróticas funcionarem num estado hiperativo, mas isso não significa que sejam mais vivas e tenham mais energia” (p. 192). Minha noção da bioenergética almeja libertar as pessoas de suas tensões corporais crônicas, que as impedem de se entregar ao próprio corpo e à vida. A fim de alcançar esse objetivo, o corpo precisa tornar mais vivo, apaixonado, mais vibrante. Um exercício fundamental para aumentar a chance de alcançar tal resultado é chamado arco pélvico. Aplicando o arco pélvico com uma compreensão mais profunda do corpo, junto com outros exercícios bioenergéticos, a pessoa será capaz de efetuar mudanças significativas em seu corpo e sua personalidade, e vivenciar a alegria de estar plenamente viva (LOWEN, 2007, p. 199). Sentir e se identificar com o corpo são ações essenciais para que os processos involuntários possam funcionar plena e livremente. (LOWEN, 2007). Portanto, segundo Lowen (2007), “esse processo, enfim, permite que você se torne seu corpo” (p. 200). 2.2 A Bioenergética como técnica psicoterapêutica “A Bioenergética é uma técnica terapêutica que ajuda o indivíduo a reencontra-se com o seu corpo e a tirar o mais alto grau de proveito possível da vida que há nele” (LOWEN, 1982, p. 38). Portanto, a Análise Bioenergética é uma
  • 31. 30 forma de psicoterapia que se propõe a trabalhar com o ser humano, através de um estudo com o corpo e a mente. Afinal, “o propósito essencial da Análise Bioenergética sempre foi curar a cisão mente-corpo” (LOWEN, 2007, p. 15). Segundo Lowen (2007), “eu criara a abordagem bioenergética com base na proposta de que a pessoa é seu corpo e que uma mudança na personalidade deve ser manifestada por uma mudança correspondente no funcionamento corporal” (p. 109). A bioenergética é uma técnica poderosa, e é preciso saber usá-la corretamente para evitar que o paciente fique assustado ou traumatizado. Ainda assim, trata-se de um processo relativamente seguro, caso o paciente faça os exercícios por conta própria, uma vez que inconscientemente ele evitará forçar o trabalho até o ponto de sofrer um abalo sério. Por essa mesma razão, as pessoas que seguem um programa de exercícios em bioenergética não são forçadas até o ponto de uma ruptura ou crise radical (LOWEN, 2007, p. 109). “Ser capaz de ver e compreender as expressões corporais é o que constitui a bioenergética” (LOWEN, 2007, p. 126). Portanto, para compreender o comportamento do ser humano, um dos aspectos é avaliar o nível de energia do seu corpo. Para Lowen (1982), “desde que o corpo é um sistema energético, está em constante interação energética com seu meio ambiente” (p. 47). Portanto, quando uma pessoa que está altamente carregada de energia, ela se torna mais resistente às influências negativas, e assim acaba influenciando positivamente as outras pessoas (LOWEN, 1982). “A bioenergética se apóia na simples proposição de que cada ser é o seu corpo. Nenhuma pessoa existe fora do corpo vivo, através do qual se expressa e se relaciona com o mundo à sua volta” (LOWEN, 1982, p. 47). Portanto, “dado que o seu corpo expressa quem você é, ele também indica a intensidade de sua presença no mundo” (LOWEN, 1982, p. 48). A partir dessas definições e compreensões, a Bioenergética, no processo terapêutico, tenta conscientizar o ser humano do seu direito de ser e estar no mundo.
  • 32. 31 A terapia é uma viagem de autodescoberta. Não uma jornada curta e simples, nem tampouco livre das dores e dos tropeços. Há perigos, há riscos e nem a própria vida passa sem eles, já que em si constitui uma viagem para o desconhecido, que é o futuro. A terapia retoma o passado esquecido e esta não é uma época segura e tranqüila, pois se fosse não teríamos vindo dela marcados pelas cicatrizes das batalhas e defendidos pela impenetrável couraça das tensões musculares. (LOWEN, 1982, p. 92). “É necessário que o terapeuta bioenergético tenha feito a sua viagem pessoal ou que esteja a meio caminho e com um nível suficiente de experiências armazenadas, para poder já ter construído um senso sólido de si mesmo” (LOWEN, 1982, p. 93). Portanto, o psicoterapeuta deve estar enraizado a sua realidade para poder servir ao seu cliente. A viagem da autodescoberta não acaba nunca. Portanto, mesmo quando a terapia é bem-sucedida não ficamos livres de todas as tensões musculares (LOWEN, 1982). O propósito da psicoterapia para análise bioenergética é recuperar o fluxo desimpedido da excitação, pois todos os bloqueios no fluxo são estados de contração nos tecidos (LOWEN, 2007). “Os bloqueios são causados por tensões musculares crônicas nos grandes músculos estriados que revestem o corpo e nos músculos lisos que constituem os diversos tubos do interior do corpo” (LOWEN, 2007, p. 145). Portanto, este é um dos propósitos, mas não é o único, pois se nunca ficamos livres das tensões musculares e a viagem a autodescoberta é infinita deve-se ter outros propósitos para se fazer psicoterapia (LOWEN, 1982). Outro propósito é “ajudar as pessoas a libertar-se de suas restrições e distorções inerentes à segunda natureza, trazendo-as mais perto de suas primeiras naturezas, fonte de sua força e de sua fé” (LOWEN, 1982, p. 93). “Se a terapia não tem condições de nos fazer voltar à primeira natureza, ou estado de graça, pode colocar-nos mais próximos dela, diminuindo a alienação da qual sofremos tantos de nós” (LOWEN, 1982, p. 94). A base da alienação segundo Lowen (1982), [...] é o distanciamento que a pessoa vive de seu próprio corpo. Apenas por intermédio de seu corpo é que você experiencia a vida que anima e
  • 33. 32 sua existência no mundo. Mas isto não é bastante para a tomada de contato com o corpo. A pessoa deve manter-se em contato e isto representa um compromisso com a vida do corpo. Tal compromisso não deve excluir a mente, mas exclui o compromisso com um intelecto dissociado, com a mente desatenta ao corpo. O compromisso com a vida do corpo é o único seguro de que a viagem vá terminar bem, descobrindo-se a pessoa em si (p. 94). Para Lowen (1982), “o self não pode divorciar-se do corpo e a autopercepção não pode separar-se da consciência corporal” (p. 102). Portanto, deve haver uma integração entre a essência do ser e seu corpo, para se viver com equilíbrio a vida humana. A essência, segundo Lowen (1982, p. 104) “é o coração”. Se alguma pessoa passou por alguma experiência no início de sua vida de ansiedade no centro do seu ser, como uma taquicardia, desenvolverá um grande número de defesas para proteger o coração dos perigos de outro distúrbio de seu funcionamento (LOWEN, 1982). “Dentro de uma terapia levada a bom termo, estas defesas são estudadas, analisadas em suas relações às experiências individuais daquela vida e cuidadosamente trabalhadas em toda sua extensão, até que o coração da pessoa seja por fim alcançado” (LOWEN, 1982, p. 104). As defesas devem ser entendidas como um processo de desenvolvimento, que podem ser explicadas como camadas (Vide figura abaixo). Estas camadas, segundo Lowen (1982), “podem ser resumidas a partir da situada mais externamente: camada do ego, contendo as defesas psíquicas e constituindo a camada mais aparente da personalidade” (p. 105). As defesas do ego são: negar, desconfiar, culpar, projetar e racionalizar (LOWEN, 1985). “A camada muscular, onde se encontram as tensões musculares crônicas suportivas e justificadoras das defesas do ego, protege, ao mesmo tempo, a pessoa contra a camada subjacente dos sentimentos e sensações reprimidas, que não ousa expressar” (LOWEN, 1982, p. 105). “A camada emocional de sentimentos inclui as emoções reprimidas de raiva, pânico ou terror, desespero, tristeza e dor” (LOWEN, 1982, p. 105) E por fim a camada centro ou do coração, que para Lowen (1982), “decorrem os sentimentos de amar e ser amado” (p. 105).
  • 34. 33 A abordagem terapêutica não pode limitar-se apenas à primeira camada, conquanto ela seja importante. Embora possamos ajudar o indivíduo a tomar consciência de suas tendências a negar, projetar, culpar e racionalizar, esta consciência a nível intelectual dificilmente afetará as tensões musculares ou libertará os sentimentos reprimidos. Esta é exatamente a fraqueza de uma abordagem meramente verbal, dado que, por sua natureza, limita-se exclusivamente à primeira camada. Se as tensões musculares não são afetadas, a percepção consciente pode degenerar muito rápido num tipo diferente de racionalização, com uma forma concomitante e alterada de negações e projeções. (LOWEN, 1982, p. 105). Segundo Lowen (1977), “o terapeuta bioenergético analisa não apenas o problema psicológico do paciente como o faria qualquer analista, mas também a expressão física do problema, à medida que é manifesto em sua estrutura corporal e movimento” (p. 16). “Se o pânico e o terror não forem trazidos à luz e trabalhados extensamente, o efeito catártico da soltura dos gritos, da raiva e da tristeza terá curta duração” (LOWEN, 1982, p. 106). Portanto, enquanto o cliente não enfrentar
  • 35. 34 os seus medos e entender as razões destes, continuará gritando ou chorando sem modificar sua personalidade, pois substituíra um processo catártico por outro de natureza inibidora (LOWEN, 1982). Para Lowen trabalhar apenas com a camada emocional não irá produzir os resultados desejados, pois o fato de não se analisar a camada do ego e muscular não as tira de cena, pois estarão inoperantes enquanto durar o efeito catártico (LOWEN, 1982). Segundo Lowen (1982), Poderia parecer lógico trabalhar a primeira e a terceira camadas, dado que se complementam – a primeira lidando com as defesas intelectuais e a terceira com as defesas emocionais. Mas esse amálgama é de difícil obtenção, dado que apenas através da camada das tensões musculares é que se pode conseguir uma ligação direta entre elas (p. 106). “Se o trabalho for empreendido a nível da segunda camada, pode-se entrar pela primeira ou pela terceira toda vez que necessário” (LOWEN, 1982, p. 106). A partir, do trabalho direcionado nas tensões musculares pode ajudar o cliente a compreender como é que suas atitudes psicológicas são condicionadas pela couraça ou rigidez do corpo (LOWEN, 1982). Portanto, esse trabalho com as couraças pode-se atingir os sentimentos reprimidos ao mobilizar os músculos contraídos que restringem e bloqueiam sua manifestação (LOWEN, 1982). Não se pode dizer que um trabalho terapêutico com o enfoque bioenergético, trabalha somente com as tensões musculares sem trabalhar a análise das defesas psíquicas e sem a evocação dos sentimentos reprimidos (LOWEN, 1982). Portanto, a Análise Bioenergética não trabalha somente com as tensões musculares, e sim, também com uma profunda análise da história do seu cliente. Em um ser humano saudável, após um processo psicoterapêutico bem trabalhado e com sucesso, segundo Lowen (1982), “continuariam existindo as quatro camadas, com a diferença de que agora não seriam mais defensivas e sim coordenadas e expressivas” (p. 107). Portanto, este ser humano responderia, emocionalmente e seus movimentos seriam graciosos (LOWEN, 1982).
  • 36. 35 “A terapia que tenha por objetivo aumentar ou expandir o estado de ser deve tomar conhecimentos do fator dinâmico ou energético. Mais sensações e sentimentos significam mais vitalidade, mais excitação e energia no organismo” (LOWEN, 1986, p. 141). O padrão terapêutico é o inverso do círculo vicioso. Cada irrupção de sentimentos e sensações aumenta a energia ou a excitação no organismo, que a pessoa deve então aprender a tolerar. Isto é feito integrando a experiência à personalidade e à vida do indivíduo, de tal modo que em resultado disso seu ser se amplie. Assim, a cada oportunidade de choro ou zanga, a pessoa tem sensações mais profundas e mais energeticamente carregadas. Corresponde a estas uma ampliação da faculdade de conscientização, muito embora o problema confrontando não seja novo. Na realidade, confrontaremos os mesmos problemas vezes e vezes seguidas, esperando a cada vez que aumente a energia e as sensações, neste processo (LOWEN, 1986, p. 141). “No processo terapêutico, damos várias voltas em torno do círculo da vida das pessoas, do passado para o presente e de volta novamente para o passado” (LOWEN, 1986, p. 142). Assim, o psicoterapeuta relaciona situações do passado do cliente com seu comportamento presente. Portanto, “quando o circuito se completa, o resultado é maior percepção, sensações e sentimentos mais profundos, nível de energia mais elevado” (LOWEN, 1986, p. 142). O processo psicoterapêutico não consegue eliminar todos os problemas ou todas as tensões, pois segundo Lowen (1986), “as feridas produzidas pelos traumas da nossa vida podem até sarar mais permanecerão as cicatrizes” (p. 142). Portanto, não é possível ser espontâneo como na natureza primária, mas estar mais próximo desta. “Existe uma outra forma de se considerar o processo terapêutico: como se fosse uma tentativa de solucionar um quebra-cabeça” (LOWEN, 1986, p. 142). No começo não se tem todas as peças, com o decorrer das sessões essas se encaixam e fecham uma configuração, tornando a imagem mais nítida, oportunizando um insight para o cliente (LOWEN, 1986). O cliente conhecendo o seu passado, este entra em contato consigo mesmo e estar em contato com seu si-mesmo é estar em contato com o corpo (LOWEN, 1986). Portanto, segundo Lowen (1986), “recuperar nosso passado e recuperar nosso corpo” (p. 142).
  • 37. 36 “O crescimento terapêutico não ocorre numa linha ascendente e retilínea. Existem picos e vales, nessa experiência. O pico é a ruptura para atingir um nível superior de excitação” (LOWEN, 1986, p. 143). No entanto, a pessoa que se deixa levar ao pico “emerge com uma maior conscientização do seu si-mesmo” (LOWEN, 1986, p. 143). A ruptura pode ocorrer no decurso de uma sessão terapêutica, ou como sonho. É sempre acompanhada de um insight, ou seja, de uma luz que incide sobre uma área escura da personalidade. Esta luz brilha pela fresta aberta na superfície da concha. Portanto, em minha opinião, a ruptura vem antes da luz, e não como resultado da luz. A brecha é causada pelo aumento da vida dentro das paredes do recipiente que não tem mais capacidade para conter a excitação ou energia, que então irrompe por suas paredes. Em termos mais concretos, são as sensações ou a carga mais intensa que produzem a brecha, que por sua vez, propiciam um insight. Não se pode predizer o momento de uma ruptura. Acontece espontaneamente, quando há um acúmulo suficiente de força dentro do si-mesmo para produzir a brecha no recipiente. Este acúmulo normalmente se faz com lentidão, em resultado de um trabalho terapêutico cuidadoso (LOWEN, 1986, p. 143). O objetivo da psicoterapia segundo Lowen e Lowen (1985), “é um corpo cheio de vida, capaz de experienciar totalmente prazeres e dores, alegrias e tristezas da vida” (p. 18). Além de ser uma técnica psicoterapêutica, a Bioenergética é uma teoria da personalidade, pois segundo Lowen e Lowen (1985), “é uma maneira de entender a personalidade em termos do corpo e seus processos bioenergéticos” (p. 11). A personalidade de um indivíduo, para Lowen (1982), “enquanto algo distinto de sua estrutura de caráter é determinada pela sua vitalidade, ou seja, pela força dos impulsos e pelas defesas levantadas no sentido de controlá-los” (p. 132). Para entender a personalidade em termos do corpo, Lowen aprofundou as dinâmicas psicológicas e corporais de algumas estruturas caracterológicas. São estas: esquizóide, oral, psicopático, masoquista e rígido. Em termos mais amplos, o caráter esquizóide, segundo Lowen (1982), “descreve a pessoa cujo senso de si mesma está diminuído, cujo ego é fraco e
  • 38. 37 cujo contato com seu corpo e sentimentos está reduzido em grande parte” (p. 132). Segundo Lowen (1982), “o termo esquizóide deriva de esquizofrenia e denota um indivíduo em cuja personalidade encontram-se tendências à formação do estado esquizofrênico” (p. 132). Estas tendências são: cisão no funcionamento unitário da personalidade e o refúgio dentro de si mesmo, rompendo ou perdendo contato com a realidade externa (LOWEN, 1982). “Há energeticamente, uma cisão do corpo na altura da cintura; resulta daí uma falta de integração entre as partes superior e inferior” (LOWEN, 1982, p. 133). Para Lowen, (1982, p. 134), “frequentemente, há uma discrepância marcante entre as duas metades do corpo. Em muitos casos, não parece pertencerem à mesma pessoa.” A pessoa com estrutura de caráter esquizóide, segundo Lowen (1977), “não tem a sensação de que ele é o seu corpo; ao contrário, sente que o corpo é a moradia de seu self sensível e intelectivo” (p. 324). Em relação ainda a estrutura de caráter esquizóide, Lowen (1982) comenta que, “em todos os casos, há uma evidência inequívoca de ter ocorrido uma rejeição logo no início da vida da pessoa, por parte da mãe, que foi sentida como ameaça à sua vida” (p. 135). Para a estrutura de caráter oral, segundo Lowen (1982), “as pessoas dotadas deste tipo de estrutura, demonstram uma independência exagerada que, no entanto, não se sustenta em situações de tensão” (p. 136). “A estrutura oral é um estado de baixa carga energética. A energia não está fixada no centro, como na condição esquizóide, porém, flui até a periferia do corpo, de modo minguado” (LOWEN, 1982, p. 136). Para Lowen é frequente encontrar sinais físicos de imaturidade na estrutura caráter oral (LOWEN, 1982). “A pelve é menor do que o normal, tanto para homens quanto para mulheres. Em algumas mulheres, todo o processo de crescimento é retardado, conferindo-lhes corpos de criança” (p. 137). Algumas das características dessa estrutura de caráter oral são sentimentos de vazio interior e a solidão (LOWEN, 1977).
  • 39. 38 Como fator histórico para esta estrutura de caráter oral, segundo Lowen (1982), “aprivação inicial pode ser devida à perda real de uma figura materna calorosa e amiga, seja por morte, doença ou ausência determinada pela necessidade de trabalhar” (p. 138). “É comum ter havido outras experiências de desapontamento no início da vida, quando criança tentou buscar contato, calor humano e apoio com pai, irmãos, irmãs e não obteve” (LOWEN, 1982, p. 138). A estrutura da pessoa de caráter psicopática, requer muita cautela, pois é considera complexa. “Um dos aspectos da pessoa com essa estrutura de caráter, é a motivação de poder e a necessidade de dominar e controlar” (LOWEN, 1982, p. 139). A condição bioenergética desta estrutura de caráter segundo Lowen (1982, p. 139), “a cabeça comporta uma carga de energia acima do normal, o que significa a existência de uma hiperexcitação da capacidade mental; daí resulta uma contínua atenção aos meios de conseguir controlar e dominar as situações.” Nas suas características físicas “pode-se perceber tensões musculares graves ao longo da base do crânio, na região do segmento oral, representativas de uma inibição do impulso de sucção” (LOWEN, 1982, p. 141). “O indivíduo de personalidade psicopática precisa de alguém para controlar- se e, embora aparentemente alguém possa controlá-lo, depende dele também” (LOWEN, 1982, p. 141). Para Lowen (1982), “o mais importante dos fatores etiológicos desta condição é a presença de um pai (ou mãe) sexualmente sedutor” (p. 142). Na estrutura de caráter masoquista, Lowen (1982), “descreve aquele que sofre e lamenta-se, que se queixa e permanece submisso. A tendência masoquista predominante é a submissão” (p. 143). Quando o indivíduo de caráter masoquista exibe uma atitude submissa na conduta externalizada, por dentro ocorre justamente o contrário. No nível emocional mais profundo, a pessoa acolhe sentimentos intensos de despeito, de negatividade, de hostilidade e superioridade. Contudo, estes sentimentos estão fortemente aquém dos ataques de medo, que explodiria num violento comportamento social. O medo de explodir é contraposto a um padrão muscular de contenção. Músculos densos e
  • 40. 39 poderosos restringem qualquer asserção direta de si, permitindo somente as queixas, os lamentos (LOWEN, 1982, p. 143). Para Lowen (1982), “devido à severa contenção interna, os órgãos periféricos estão pouco carregados, o que impede tanto a descarga quanto a liberação energética, ou seja, as ações expressivas são limitadas” (p. 143). “O corpo típico do masoquista é curto, grosso, musculoso. Por motivos ainda desconhecidos há, em geral, um crescimento acentuado de pêlos no corpo” (LOWEN, 1982, p. 144). Segundo Lowen (1982), “uma atitude de submissão e de cordialidade são traços característicos do comportamento masoquista” (p. 145). “A estrutura de caráter masoquista é fruto de um lar onde haja amor e aceitação, ao lado de uma repressão severa. A mãe é dominadora e sacrifica-se; o pai é passivo e submisso” (LOWEN, 1982, p. 145). Já o indivíduo de estrutura de caráter rígida, “tem medo de ceder, pois iguala o ato de submeter-se com perder-se completamente. A rigidez torna-se uma defesa contra uma tendência masoquista subjacente” (LOWEN, 1982, p. 146). “Há uma carga razoavelmente poderosa, nesta estrutura de caráter, em todos os pontos periféricos de contato com o meio ambiente. Isto favorece a capacidade de testar a realidade antes de agir” (LOWEN, 1982, p. 146). A característica física desta estrutura é um corpo proporcional e mostra harmonia entre as partes (LOWEN, 1982). “A pessoa se sente integrada e conectada” (LOWEN, 1982, p. 147). Para Lowen (1982), “os indivíduos com esta estrutura de caráter são geralmente mundanos, ambiciosos, competitivos e agressivos” (p. 147). “O trauma relevante deste caso é a experiência de uma frustração na busca da gratificação erótica, principalmente a nível genital. Essa frustração acontece através da proibição da masturbação infantil e também em relação ao pai do sexo oposto” (LOWEN, 1982, p. 148).
  • 41. 40 Segundo Lowen (1982, p. 151), “podemos simplificar ainda mais esta colocação dos tipos de estrutura de caráter, destacando seus conflitos de seguinte modo”: Esquizóide: existência X necessidades Oral: necessidades X independência Psicopático: independência X intimidade Masoquista: proximidade X liberdade Rígido: liberdade X ceder ao amor. “Uma resolução de qualquer um destes conflitos significa que desapereceu o antagonismo entre os dois conjuntos de valores. A pessoa esquizóide descobre que existir e ter necessidades não são mutuamente exclusivos, pois pode-se ter as duas premissas” (LOWEN, 1982, p. 151). Portanto, o papel da psicoterapia é ajudar o ser humano a se aproximar desta resolução, para que este possa viver em hosmeostase. A terapia bioenergética não oferece tratamento para problemas emocionais. A terapia é um processo de autocura, em que o terapeuta é um guia e um facilitador. Mas sua qualidade depende de como ele entende a condição humana e o problema que se manifesta quando a cultura, agindo por meio da família, impõe condições e restrições ao desenvolvimento natural da personalidade humana. Como o terapeuta – a exemplo de todos os outros membros da sociedade – sofreu e lutou com os conflitos decorrentes da interação da cultura com a natureza, seu valor como guia depende do quanto ele entende a condição humana e de como lidou com os traumas pessoais pelos quais passou em seu crescimento (LOWEN, 2007, p. 259). A Análise Bioenergética pode ser considerada como uma proposta ecológica, pois esta pretende ajudar o ser humano a voltar a sua natureza primária, assim propondo este a conectar-se com a Terra através dos exercícios de grounding. Os seres humanos enraizados com a Terra conscientizam-se da importância do ambiente natural, pois este é parte de nós. Portanto, o ser humano por meio desta consciência mística compreende que somos parte desta Terra, além de termos os mesmos elementos orgânicos encontrados nela. O psicoterapeuta deve ter o cuidado de não reduzir o humano por meio de suas teorias psicológicas, pois estas são de natureza secundária, criadas por
  • 42. 41 compreensões individuais ou até mesmo coletivas, mas que muitos de nós nos identificamos e nos encantamos com essas idéias, mas não a sentimos e compreendemos de forma semelhante ao outro. Portanto, o bom psicoterapeuta deve ter um conhecimento e compreensão da teoria usada em sua prática clínica, mas deve ter o cuidado para não reduzir seus clientes por meio de suas teorias e significações subjetivas, tendo assim, um olhar humano, acolhendo seus clientes de forma humanizada. “A abordagem terapêutica almeja ajudar os pacientes a abrir mão de sua postura defensiva, o que pode acontecer somente se eles compreenderem o quanto esse comportamento os mobiliza” (LOWEN, 2007, p. 268). Mas o cliente deve ter coragem para enfrentar esse processo, pois este trás momentos de alegria e tristeza também. Através de uma mobilização dos processos energéticos do corpo, a coragem pode aumentar (LOWEN, 2007). Este trabalho deve ser feito com um bom psicoterapeuta, e este é bom se atravessou a escuridão do seu próprio medo (LOWEN, 2007). O compromisso com a vida, segundo Lowen (2007), É essencial para se tornar um indivíduo livre e perder o medo. Isso não quer dizer que quem entra em terapia bioenergética deve se comprometer com ela pelo resto da vida. Essa pessoa se compromete com a vida – e isso é terapia. Entretanto, o compromisso com o corpo, a vida corporal e suas sensações é que constitui o processo curativo (p. 269). Nem todas as pessoas se encantam com as técnicas bioenergéticas, pois algumas delas têm medo de qualquer forma de manifestação mais forte, mas isto acaba limitando-as de se expressarem de forma mais espontânea, mais natural (LOWEN, 2007). “O poder terapêutico da análise bioenergética atrai muitas pessoas, que percebem como são amedrontadas e como sua vida é limitada” (LOWEN, 2007, p. 240). Portanto, essa técnica se propõe ajudar os seres humanos a compreenderem que a felicidade está no horizonte de suas vidas e que esta é linda de se viver. A Análise Bioenergética tem como objetivo ajudar o indivíduo a retomar sua natureza primária que se constitui na sua condição de ser livre, seu estado de ser
  • 43. 42 gracioso e sua qualidade de ser belo (LOWEN, 1982, p. 38). Portanto, seu objetivo é ajudar o ser humano para que este volte a ser espontâneo, aberto para a vida e ao amor. 2.3 Técnicas da Análise Bioenergética Os exercícios da Análise Bioenergética promovem um fluxo saudável de energia na vida do ser humano. “Esse treinamento pode ser feito em casa, em aulas de exercícios de bioenergética e em sessões de terapia bioenergética” (LOWEN, 2007, p. 146). Estes exercícios destinam-se ajudar as pessoas se sentirem mais seguras de si mesmas. Mas para Lowen (2007), “os indivíduos costumam resistir fortemente a se comprometer com esse programa, que se dedica às sensações, não ao poder” (p. 187). Poucos estão dispostos a sentir seu grau de insegurança, assim como a sentir a tristeza e o vazio de uma vida sem satisfações nem realizações. Notam-se uma forte raiva e uma profunda tristeza nas pessoas que foram privadas de amor na infância, amor que lhes teria dado a sensação de segurança de que precisavam. Na vida adulta, não é fácil admitir que, agora, ninguém pode lhes proporcionar a almejada segurança. Elas acreditam que o exercício do poder será capaz de compensar a carência de uma segurança interior (LOWEN, 2007, p. 187). O ser humano que queira construir a capacidade de abrir seu coração à vida, deve abdicar-se dessa ênfase no ego (LOWEN, 2007). Portanto, a pessoa que pretende abrir-se para a vida e ser feliz, deve persistir no amor e no crescimento do seu ser interior. Para que isto aconteça, o psicoterapeuta bioenergético deve trabalhar com a relação entre três elementos, quais são: mente, corpo e processos energéticos. Para Lowen e Lowen (1985), “Esta interação, contudo, está limitada aos aspectos conscientes ou superficiais da personalidade” (p. 11). Portanto, é fundamental, que o psicoterapeuta ajude seu cliente, a viver de forma integrada com esses três elementos.
  • 44. 43 “Em nível mais profundo, ou seja, no nível do inconsciente, tanto o pensar quanto o sentir são condicionados por fatores de energia” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 12). “Quanto mais vigorosa a pessoa está, mais energia ela tem, e vice-versa. Rigidez ou tensão crônica diminuem a vitalidade da pessoa e rebaixam sua energia” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 12). Para diminuir essa rigidez é preciso trabalhar nas tensões musculares crônicas, resultantes de conflitos emocionais não resolvidos (LOWEN e LOWEN, 1985). O trabalho bioenergético do corpo inclui tanto procedimentos manipulatórios como exercícios especiais. Os procedimentos manipulatórios consistem de massagem, pressão controlada e toques suaves para relaxar a musculatura contraída. Os exercícios se propõem a ajudar a pessoa entrar em contato com suas tensões e liberá-las através de movimentos apropriados. É importante saber que todo músculo contraído está bloqueando algum movimento (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 13). Os exercícios bioenergéticos ajudam o ser humano a se conhecerem melhor. “Eles farão isso através do aumento do estado vibratório do seu corpo, grounding das pernas e do corpo, aprofundamento da respiração, agudização da autoconsciência, e ampliação da auto-expressão” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 14). “Um dos exercícios mais fundamentais na bioenergética é também o mais fácil e simples. Nós usamos para iniciar as vibrações nas pernas e para ajudar a pessoa a senti-las” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 19). Este exercício se chama grounding, fundamentado no início do trabalho. Neste exercício a pessoa deve manter-se em pé com os pés separados cerca de 25 cm; artelhos ligeiramente voltados para dentro de modo a alongar alguns músculos das nádegas (LOWEN e LOWEN, 1985). A pessoa deverá se inclinar para frente tocando o chão com os dedos das duas mãos e os joelhos devem estar ligeiramente dobrados (LOWEN e LOWEN, 1985). Não deve haver peso algum nas mãos; todo o peso do corpo deve cair nos pés e a cabeça deve ficar pendurada o máximo possível (LOWEN e LOWEN, 1985).
  • 45. 44 A respiração deve ser vagarosa e profundamente pela boca, devendo esquecer-se de respirar pelo nariz (LOWEN e LOWEN, 1985). “O peso do corpo deve ir para frente, de modo que ele caia no peito do pé. Os calcanhares podem ficar um pouco erguidos” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 20). “Os joelhos devem ser esticados devagar até que os músculos posteriores das pernas estejam esticados. Isso não significa, entretanto, que os joelhos devam ficar totalmente esticados ou trancados” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 20). A pessoa dever permanecer nesta posição cerca de um minuto (LOWEN e LOWEN, 1985). O próximo exercício permite nos sentirmos mais seguro de nossas pernas sobre o chão e ficarmos conscientes da flexibilidade que os joelhos nos proporcionam quando não trancados ou rigidamente tensionados, este exercício, flexão dos joelhos, permite que isto aconteça feito de forma correta. A pessoa deve manter-se em pé com os pés separados cerca de 20 cm, na sua posição normal (LOWEN e LOWEN, 1985). “Deve observar se seus joelhos estão trancados ou flectidos, se seus pés estão paralelos ou virados para fora, se o seu peso está caindo no peito do pé ou atrás, nos calcanhares” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 27). Após essa observação, a pessoa deve dobrar ligeiramente os joelhos e colocar os pés absolutamente paralelos (LOWEN e LOWEN, 1985). “O peso deve ir para frente sem levantar os calcanhares, de modo que caia no peito do pé” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 27).
  • 46. 45 Devagar, a pessoa deve dobrar e esticar os joelhos seis vezes, e depois ficar nesta posição cerca de 30 segundos respirando normalmente (LOWEN e LOWEN, 1985). Após isso, provavelmente a pessoa sentirá suas pernas tremerem, ampliando sua consciência corporal e percebendo a vida que há nelas. O propósito do próximo exercício a ser descrito é permitir que a pessoa sinta as tensões na parte inferior do corpo (LOWEN e LOWEN, 1985). Neste a pessoa deve ficar em pé também, com os pés separados 20 cm, e tão retos quanto possível, os joelhos devem ser dobrados um pouco (LOWEN e LOWEN, 1985). Sem levantar os calcanhares do chão, deve-se deslizar para frente de modo que o peso do corpo fique no peito do pé (LOWEN e LOWEN, 1985). Após, deve-se soltar a barriga tanto quanto possa ir e a respiração deve continuar normalmente por um minuto (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985, p. 30), “o que surpreende é a maioria das pessoas não conseguirem soltar a barriga.” Pois, para a maioria reter a barriga tornou-se parte de seu modo de ser e não pode ser superada facilmente (LOWEN e LOWEN, 1985). Estes exercícios descritos têm como propósito tornar as pessoas mais conscientes de que elas são o seu corpo. São focados na parte inferior, para que estas possam andar com suas próprias pernas. Os próximos exercícios são realizados para os seres humanos conscientizarem-se da forma como respiram, e o quanto esta é importante para uma saúde vibrante. Um desses exercícios é focado na respiração abdominal, onde a pessoa deita no chão, sobre um tapete. Primeiramente os joelhos devem ficar dobrados, e os pés devem ficar totalmente apoiados no chão, separados uns 30 cm; artelhos ligeiramente voltados para fora (LOWEN e LOWEN, 1985). A cabeça deve ser alongada para trás tanto quanto ela possa ir confortavelmente, para abrir a garganta e as mãos devem ir até a barriga, sobre os ossos pubianos, para que a pessoa possa sentir os movimentos abdominais (LOWEN e LOWEN, 1985). A pessoa deve continuar com a respiração abdominal normal, com a boca aberta, por um minuto mais ou menos (LOWEN e LOWEN, 1985).
  • 47. 46 Após este exercício o psicoterapeuta deve observar como seu cliente respirou, se seu peito estava em harmonia com seu abdômen ou estava rígido. O cliente pode verbalizar aonde sentiu tensões e como percebeu sua respiração. Outro exercício relacionado à respiração tem a função de ajudar a pessoa a respirar mais espontaneamente. A pessoa deve se deitar no chão e colocar suas pernas para cima, no ar (LOWEN e LOWEN, 1985). Os joelhos devem estar levemente flexionados e deve se dobrar os tornozelos e empurrá-los para cima, pelos calcanhares (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985), “mantenha suas pernas vibrando com os calcanhares projetados para cima” (p. 42). A partir destes movimentos, o cliente deve possivelmente perceber que sua respiração tornou-se mais profunda. Após ser realizado este exercício por um minuto, é preciso que se coloquem os pés no chão, em posição de descanso (LOWEN e LOWEN, 1985). Este exercício praticado de forma correta possibilita uma sensação de relaxamento, sensação esta importante para termos uma vida saudável. Portanto para Lowen e Lowen (1985), “a respiração está tão intimamente ligada à vida que tem sido identificada com o espírito vital” (p. 44). Existem também exercícios para testar a consciência da responsavidade sexual e as tensões pélvicas (LOWEN e LOWEN, 1985). Um deles é o exercício da rotação dos quadris. “A pessoa deve ficar em pé, com os pés separados mais ou menos 30 cm, retos e paralelos, joelhos ligeiramente flectidos e o peso do corpo sobre o peito dos pés” (Lowen e Lowen, 1985, p. 50). Os ombros devem estar para baixo, o peito solto, a barriga para fora e as mãos no quadril (LOWEN e LOWEN, 1985). “Nesta posição a pessoa deve tentar letamente girar seu quadril num círculo, da esquerda para direita. O movimento deve ocorrer principalmente na pelve e envolver o terço superior do tronco e as pernas apenas ao mínimo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 51). Segundo Lowen e Lowen (1985), “depois de meia dúzia de círculos da esquerda para a direita, inverta a direção e faça o mesmo número de círculos, da direita para esquerda (p. 51).
  • 48. 47 A pessoa que está praticando este exercício deve sentir como está sua respiração, se está presa ou não. Deve perceber se sua barriga se contraiu. Pois se contraiu, para Lowen e Lowen (1985, p. 51) “estava eliminando as sensações sexuais.” O importante neste exercício é perceber se a pessoa teve grounding, pois se não teve, o balanço pélvico mostra a falta de uma tonalidade emocional (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen(1985), Para entender melhor isto, considere o que acontece com uma corda de violão que está solta de um lado. Se ela for vibrada, se moverá, mas o movimento não produz um som musical. Isto acontece apenas quando a corda está firme dos dois lados e com uma tensão adequada (p. 51). “A bioenergética, como outras terapias, pretende ajudar a pessoas a desenvolver um melhor senso do eu, isto é, a ser mais ela própria” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 57). Portanto, ela sugere exercícios para avaliar o grau de auto- expressão e autoconhecimento das pessoas (LOWEN e LOWEN, 1985). Um dos exercícios, para avaliar o grau de auto-expressão é sugerido que a pessoa deite-se numa cama, preferivelmente de colchão macio e que não tenha borda, ou um colchonete de espuma de borracha de 10 cm de espessura sobre o chão (LOWEN e LOWEN, 1985). A pessoa deve esticar as pernas e manter-las soltas com os joelhos estendidos, mas não rígidos; esta deve espernear levantando as pernas para cima e para baixo ritmicamente (LOWEN e LOWEN, 1985). “Os tornozelos devem estar soltos também, e o impacto deve ser sentido nos calcanhares e barriga da perna” (Lowen e Lowen, 1985, p. 59). A pessoa deve espernear moderadamente no início, e gradualmente ela deve ir aumentando a força e o andamento de seus movimentos (LOWEN e LOWEN, 1985). E por final, ela deve segurar nos lados do colchão e espernear com toda a força e mais rápido que puder (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985), “a ação de espernear se parece com o movimento cortante de uma chicotada. Se você está coordenado, sua cabeça sacudirá para cima e para baixo a cada movimento de espernear” (p. 59). Caso
  • 49. 48 contrário, “se você está com medo de deixar-se levar (medo de soltar a cabeça), seus movimentos serão apenas mecânicos” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 59). Deve ser avaliado se a pessoa que praticou o exercício, se ela parou abruptamente os movimentos ou deixou que eles fossem se esgotando. Para Lowen e Lowen (1985), “parar abruptamente é como frear o carro repentinamente e violentamente e indica um medo de deixar que o movimento alcance um término natural” (p. 59). É importante avaliar, se os joelhos ficaram dobrados de modo que os impactos atingiram só os calcanhares. (LOWEN e LOWEN, 1985). Pois, este “tipo de movimento resulta de uma tensão excessiva dos músculos posteriores das pernas” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 60). Este exercício pode ser aprofundando, tornando o mais forte, de uma maneira que a pessoa tente dizer “não” enquanto esperneia, como um protesto forte (LOWEN e LOWEN, 1985). Portanto, este exercício é uma das maneiras de avaliar a auto-expressão, entre outros. No seguinte exercício proposto pela Bioenergética, um dos objetivos é ajudar a pessoa a sentir ou entrar em contato com seu corpo. “Isto é necessário porque muitas pessoas vivem, em suas cabeças, com uma consciência muito pequena do que está se passando abaixo de seus pescoços” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 63). A pessoa que praticá-lo deve sentar-se numa cadeira, levantar os braços e fazer um arco para trás com as costas sobre o espaldar da cadeira (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985), “dê uma boa esticada e a mantenha por 30 segundos, mais ou menos. Enquanto isto, a pessoa deve respirar tranquilamente e profundamente pela boca (LOWEN e LOWEN, 1985). Assim terminado o exercício, deve ser percebido se as costas pressionaram a cadeira, se estavam presas ou relaxadas e se foi doloroso ou não. Também deve ser avaliada a respiração, se foi respirado normalmente nesta posição (LOWEN e LOWEN, 1985).
  • 50. 49 A importância de estar em contato com a parte de trás do corpo é algo que não há como enfatizar em demasia. Sem sentir as costas, é muito difícil para a pessoa respaldar, sustentar a sua posição. Não é suficiente ter a espinha dorsal (anatomicamente todos nós temos); a pessoa precisa sentir sua espinha dorsal; deve perceber se está muito rígida ou inflexível, ou muito solta e maleável. Se está rígida demais, a pessoa não pode abandonar-se e entregar-se nas situações onde tais respostas seriam adequadas. Se está solta demais, não fornecerá o nível suficiente de tensionamento para habitá-la a manter-se em sua posição, diante de pressões (stresses). (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 65). “O processo de entrar em contato com o corpo nunca termina. Conforme você prosseguir com os exercícios, entrará em contato mais profundo com seu corpo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 67). No decorrer do processo a auto- expressão e o autoconhecimento aumentarão (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985), “estes exercícios bioenergéticos não se destinam a substituir a terapia, apesar de terem valor terapêutico” (p. 69). Pessoas com problemas emocionais devem praticá-los, mas com acompanhamento de um profissional competente, pois ela pode chegar a sentimentos que estão além de sua possibilidade de manipulá-los sozinha (LOWEN e LOWEN, 1985). Estes exercícios corporais levam o ser humano a entrar em contato com seus sentimentos suprimidos. Pois, segundo Lowen e Lowen (1985), “sentir é a percepção do movimento interno, e a meta destes exercícios é aumentar a capacidade da pessoa para o movimento e para o sentir” (p. 69). Para algumas pessoas, no início do tratamento a dor pode ser maior que o prazer. “A dor é um reflexo do grau de tensão do seu corpo. Quando a tensão é liberada, você começa a experimentar prazer” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 72). Considera-se o melhor horário para fazer os exercícios no período matutino, após uma ducha quente (LOWEN e LOWEN, 1985). Segundo Lowen e Lowen (1985), “entretanto, qualquer hora é boa, exceto após uma refeição substancial” (p. 73). “Às vezes, fazer alguns exercícios à noite, especialmente os de respiração profunda, possibilitará um adormecer mais fácil. Pegar no sono envolve desligar- se da cabeça e sintonizar o corpo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 73).
  • 51. 50 Segundo Lowen e Lowen (1985), “deve ser gasto um tempo considerável nos exercícios de grounding, isto é, no trabalho com pernas e pés, devido à sua fundamental importância para todo o trabalho com o corpo. “A conscientização conseguida através dos exercícios de grounding deve estar presente no trabalho com todas as outras partes do corpo. Assim, gradualmente, o corpo inteiro é envolvido em todos os movimentos” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 78). Além dos exercícios descritos, entre outros que não foram citados, a bioenergética também trabalha com técnicas de massagem. Pois esta é segundo Lowen e Lowen (1985), “a contrapartida aos exercícios ativos, nos quais se requer um esforço para produzir resultado” (p. 171). “Às vezes, entretanto, quando uma área de tensão muscular é envolvida, a massagem pode provocar dor” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 171). Muito do valor da massagem depende da sensibilidade, da destreza e das mãos da pessoa que faz a massagem. É necessário que ela saiba o quanto de pressão aplicar. Muita, causará tensão excessiva; pouca, terá pouco efeito. Na medida em que a massagem é uma função do toque, a pessoa deve estar em contato com os sentimentos da pessoa massageada (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 172). Para Lowen e Lowen (1985, p. 172) “tocar é um processo energético de contato. Através do toque, a energia flui de uma pessoa para outra.” “Contudo estes exercícios de bioenergética, embora sendo de valor, não substituem uma vida saudável. Para se estar vibrante vivo, é necessário se sentir bem com relação à própria vida, ter satisfação no trabalho e ter prazer nos contatos pessoais” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 195). “A meta do trabalho bioenergético é ajudar a pessoa a “se deixar levar” pelo prazer. O prazer é uma resposta corporal. A capacidade para o prazer é uma função da vitalidade do corpo, ou seja, de quão vibrantemente vivo está o corpo” (LOWEN e LOWEN, 1985, p. 196). Portanto, este trabalho deve ajudar o ser humano aproximar-se de suas características primárias, desencouraçando suas tensões musculares, possibilitando uma redução dos conflitos relacionados à sua
  • 52. 51 estrutura de caráter, ajudando este a perceber o que o afasta de ser um humano equilibrado e assim possibilitando aproximá-lo de uma vida saudável e feliz.
  • 53. 52 3 ASPECTOS METODOLÓGICOS A presente Pesquisa fundamentou-se, metodologicamente, na Pesquisa Bibliográfica. A Pesquisa Bibliográfica, segundo Oliveira (1997), é o ato de fichar, relacionar, referenciar, ler arquivar, fazer resumos de assuntos relacionados com o campo da pesquisa em questão. Para realizá-la é preciso um roteiro cuidadoso com delimitação, identificando escolas ou correntes, definição apropriada da matéria que está sendo objeto de estudo. O referido trabalho de investigação assumiu o caráter de anotações com um sistema coordenado e coerente sobre os conceitos que fundamentam a teoria e técnica da Análise Bioenergética. As etapas da pesquisa foram consolidadas conforme Gil (2002), consistindo na escolha do tema em questão. Posteriormente, sendo efetuado um levantamento bibliográfico acerca do tema, como base levou-se em consideração as seguintes etapas propostas pelo autor: • Elaboração do plano provisório do assunto; • Busca de fontes; • Leitura do material; • Fichamento; • Organização lógica do assunto; e • Redação do texto. A busca da literatura realizou-se conforme os recursos existentes na Biblioteca Central da UNIVALI (BBC), na Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Saúde (BSCCS), artigos on-line e também com materiais adquiridos pela pesquisadora. Priorizou-se a análise teórico-metodológica das seguintes obras sobre a Análise Bioenergética, próprios de Alexander Lowen: Alegria - a entrega ao corpo e à vida; Narcisismo – Negação do Verdadeiro Self; Bioenergética; Amor, Sexo e seu Coração; Espiritualidade do Corpo – Bioenergética para a Beleza e a Harmonia; O corpo em Terapia – a abordagem bioenergética; O Corpo Traído; Prazer: Uma Abordagem Criativa da Vida; Medo da Vida; O corpo em depressão – As bases biológicas da fé e da