O documento apresenta diretrizes e características do estilo art nouveau e da poesia parnasiana, incluindo exemplos de obras de autores como Olavo Bilac e Raimundo Corrêa. Aborda temas como a reação ao academicismo, o uso de formas naturais e a valorização da vida moderna no art nouveau, assim como a ênfase na forma, no vocabulário elaborado e na perfeição formal na poesia parnasiana.

1. HISTÓRIA DA LITERATURA
Manoel Neves
PARNASIANISMO

2. UM PARALELO: O ART NOUVEAU

3. DIRETRIZES DO ESTILO ART NOUVEAU
reação à arte acadêmica expressa em formas e estruturas naturais;
contra o lirismo romântico, valorizam-se o cotidiano e a vida moderna;
flores, plantas e linhas curvas ganham destaque;
o art nouveau traduz o ideal artístico da belle époque;
valorização das linhas delicadas, sinuosas, assimétricas e entrelaçadas;
preço: a arte é um produto de consumo para a baixa burguesia;
o estilo vegetal e floral busca inspiração na natureza;
busca-se combinar belas artes e objetos utilitários: móveis, arquitetura, joias...

4. HORTA, Victor. Escada da Casa Tassel. Disponível em: http://portalarquitetonico.com.br/art-nouveau. Acesso: 14 ago. 2014.

5. BUGATTI, Carlo. Bench seat. Disponível em: http://gisellepadoin.blogspot.com.br. Acesso: 14 ago. 2014.

6. MUCHA, Alfons. F. Champenois imprimeus éditeur. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfons_Maria_Mucha. Acesso: 14 ago. 2014.

7. BEARDSLAY, Aubrey. Saia pavão. Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/Aubrey_Beardsley. Acesso: 14 ago. 2014.

8. MUCHA, Alfons. Savonnerie de bagnolet. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfons_Maria_Mucha. Acesso: 14 ago. 2014.

9. LALIQUE, René. Peitoral libélula. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/René_Lalique. Acesso: 14 ago. 2014.

10. KLIMT, Gustav. Judith I. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Klimt. Acesso: 14 ago. 2014.

11. KLIMT, Gustav. O beijo. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Klimt. Acesso: 14 ago. 2014.

12. KLIMT, Gustav. Retrato de Adele Bloch-Bauer I. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustav_Klimt. Acesso: 14 ago. 2014.

13. DIRETRIZES

14. DIRETRIZES DA POESIA PARNASIANA
IMPASSIBILIDADE ausência de envolvimento emocional
ARTE PELA ARTE poemas descrevem obras de arte: vasos, estátuas, túmulos
CULTO DA FORMA palavras raras, rimas ricas, chave de ouro, métrica impecável
DESCRITIVISMO metalinguagem; poesia descritiva, filosófica e patriótica
TEMAS CLÁSSICOS mito e arte gregos

15. CARACTERÍSTICAS

16. BILAC, Olavo. A um poeta. Disponível em: http://jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 30 dez. 2015.
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
arte pela arte: o tema é o fazer poético
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
vocabulário elaborado
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
perfeição formal: rimas ricas, chaves de ouro, hipérbato, polissíndeto, métrica impecável.

17. CORREA, Raimundo. Vaso chinês. Disponível em: http://jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 30 dez. 2015.
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
arte pela arte: o tema é um objeto artístico poema de forte pendor descritivo

18. CORREA, Raimundo. As pombas. Disponível em: http://jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 30 dez. 2015.
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
poesia filosófica: a vivência leva ao ceticismo alegoria
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
narração
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
argumentação
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
fixação pela cor azul
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
poema-clichê: filosofia superficial/popular

19. BILAC, Olavo. Nel mezzo del camin. Disponível em: http://jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 30 dez. 2015.
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
lirismo amoroso: fim de um relacionamento aspecto romântico [envolvimento emocional]
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
a forma é parnasiana! intertexto clássico + paródia moderna