A semiologia abdominal, assim como a
cardíaca, é fundamental na prática
clínica. Portanto, dominar esse campo é
essencial para sua prática no dia-a-dia.
A cavidade abdominal é divida por quatro
planos: dois horizontais e dois verticais,
delimitando as seguintes regiões:
Hipocôndrio direito (HCD): fígado, vesícula
biliar, rim direito;
Epigástrio: lobo esquerdo do fígado, piloro,
duodeno, cólon transverso e cabeça e corpo
do pâncreas;
Hipocôndrio esquerdo: baço, estômago, rim
esquerdo, cauda do pâncreas;
Flanco direito (ou região lateral): cólon
ascendente, rim direito e jejuno;
Mesogástrio (ou região umbilical): duodeno,
jejuno, íleo, aorta abdominal, mesentério,
linfonodos;
Flanco esquerdo (ou região lateral): cólon
descendente, jejuno, íleo;
Fossa ilíaca direita (ou região inguinal): ceco,
apêndice, ovário e tuba uterina direita;
Hipogástrio: bexiga, útero, ureter;
Fossa ilíaca esquerda (ou região
inguinal): cólon sigmoide, ovário e tuba
esquerda.
A cavidade abdominal também pode ser
divida em quatro quadrantes. A partir do
plano mediano (vertical), seguindo o trajeto
da linha alba e o plano transumbilical
(horizontal) entre L3 e L4.
A partir do exame físico minucioso e história
clínica do paciente, é possível estabelecer
suspeitas diagnósticas. Isso a depender da
região acometida.
Importante: diferente do sistema
cardiovascular e respiratório, a ausculta deve
ser o primeiro elemento a ser avaliado após a
inspeção. A explicação é que a palpação ou
percussão do abdome pode alterar os
movimentos peristálticos.
Deve ser realizada com o paciente em decúbito
dorsal com pernas estendidas. São observadas,
forma, volume e alterações cutâneas do
abdome.
Forma: avaliar se há presença de assimetria,
como pode ocorrer na hepatoesplenomegalia,
hérnias de parede abdominal, neoplasias e
obstruções. Globoso (panículo adiposo ou
líquido ascítico), escavado (emagrecimento ou
síndrome consuptiva), pendular (gravidez).
Avaliar se há presença de assimetria, como
pode ocorrer na hepatoesplenomegalia,
hérnias de parede abdominal, neoplasias e
obstruções.
Globoso (panículo adiposo ou líquido ascítico),
escavado (emagrecimento ou síndrome
consuptiva), pendular (gravidez).
Abaulamentos: presença de massas
abdominais, como neoplasias ou hérnia da
parede abdominal.
Retrações (depressões): bridas pós-
cirúrgicas, caquexia.
Circulação colateral: pode ser visível em caso
de obstrução do sistema venoso porta
(cabeça de medusa) ou veia cava.
Ondas peristálticas: em geral não são
observadas em indivíduos normais, mas pode
estar presente quadros obstrutivos.
Lesões cutâneas: sinal de Cullen e sinal de
Turner, presentes na pancreatite aguda.
Deve ser realizada nos quatro quadrantes de
forma superficial para avaliar os ruídos
hidroaéreos. Para avaliar alterações do fluxo
aórtico (sopros ou aneurismas), aprofunda-se
o estetoscópio ao longo do trajeto da aorta.
Principais alterações a serem pesquisadas na
ausculta:
Presença de ruídos hidroaéreos (descrever
intensidade ++++/IV);
Peristaltismo de luta: obstrução;
Íleo paralítico: silêncio abdominal;
Sopros: sugerem aneurismas e compressões
arteriais.
Palpação superficial: Avaliar sensibilidade,
integridade anatômica e grau de distensão
da parede abdominal. Os pacientes com dor
abdominal devem ser solicitados a localizá-
la. Só então inicia-se a palpação da área
mais distante da região dolorosa, deixando
esta por último. Deve ser feita com uma
mão a 45 graus ou duas mãos superpostas.
Epigástrico: sensível na úlcera péptica em
atividade;
Cístico: situa-se no ângulo formado pelo
rebordo costal direito com a borda externa
do músculo reto abdominal. Na interseção da
linha hemi clavicular com o rebordo costal
direito. Deve ser palpado em busca do Sinal
de Murphy que pode estar presente
na colecistite aguda.
McBurney: união do terço externo com dois
terços internos da linha que une a espinha
ilíaca ântero-superior à cicatriz umbilical.
Dor nessa região sugere apendicite aguda.
O Sinal de Blumberg , dor a descompressão,
pode ser pesquisado na palpação profunda.
Tem como objetivo palpar órgãos abdominais
em busca de visceromegalias e tumorações.
Palpação do fígado: o método mais utilizado
na prática é o de Lemos Torres. Em que o
examinador com a mão esquerda na região
lombar direita do paciente. Tenta evidenciar o
fígado para frente e com a mão direita
espalmada sobre a parede anterior. Tenta
palpar a borda hepática anterior durante a
inspiração profunda.
Deve ser avaliado a borda hepática, se tem borda fina ou romba;
regularidade da superfície, sensibilidade, consistência, presença
de nodulações.
Normalmente não é palpável, exceto quando
atinge duas ou três vezes seu tamanho normal.
Para palpá-lo, o examinador posiciona-se à
direita do paciente e com a mão direita em
garra tenta sentir o polo esplênico inferior
durante a inspiração profunda próximo ao
rebordo costal esquerdo.
Os princípios básicos da semiologia e semiotécnica de enfermagem
são de fundamental importância no processo do cuidado para com o
paciente. É preciso de competência técnica para uma efetiva
realização do exame clínico e avaliação dos sistemas corporais. Uma
das fases da avaliação física é a percussão, que tem a finalidade de
identificar algum som ou sensibilidade diferente. Determina também
o tamanho, a consistência e o limite de alguns órgãos. Nessa
perspectiva, associe corretamente os achados obtidos que são
gerados a partir da percussão.
(1) Som maciço. (2) Som submaciço. (3) Som timpânico. (4) Som claro
pulmonar.
( ) Som de tórax normal, sem alterações. ( ) Se obtém em áreas que contêm
ar e que são recobertas por membrana flexível. ( ) É uma variação do som
maciço em que a presença de ar em quantidade restrita lhe dá característica
peculiar. ( ) Em regiões que não exista ar.
Marque a sequência correta:
Alternativas
(A) 4, 3, 1, 2.
(B) 1, 2, 3, 4.
(C) 4, 2, 1, 3.
(D) 3, 4, 2, 1.
(E) 4, 3, 2, 1
(1) Som maciço. (2) Som submaciço (3) Som timpânico (4) Som
claro pulmonar.
( ) Som de tórax normal, sem alterações.
( ) Se obtém em áreas que contêm ar e que são recobertas por
membrana flexível.
( ) É uma variação do som maciço em que a presença de ar em
quantidade restrita lhe dá característica peculiar.
( ) Em regiões que não exista ar.
Marque a sequência correta:
Alternativas
A4, 3, 1, 2.
B1, 2, 3, 4.
C4, 2, 1, 3.
D3, 4, 2, 1.
E4, 3, 2, 1
A partir da percussão é possível
identificar presença de ar livre, líquidos e
massas intra-abdominais. A técnica é digito-
digital, em que o examinador posiciona uma
das mãos sobre o abdome e percute com o
dedo indicador.
Som normal: maciço (baço e fígado),
timpânico (vísceras ocas);
Percussão normal: macicez hepática no
hipocôndrio direito; timpanismo no espaço
de Traube, timpanismo nas demais regiões.
Massas abdominais sólidas ou líquidas
(ascite) são maciços.
Timpanismo generalizado pode indicar
obstrução
Algumas manobras são fundamentais para
avaliar o paciente com suspeita de ascite, que
é o acúmulo de líquido na cavidade
peritoneal. Essa avaliação baseia-se
justamente na percussão como veremos nas
duas principais manobras abaixo:
Macicez móvel: ocorre em casos de ascite de
médio volume. Quando o paciente está em
decúbito dorsal o líquido acumula-se na
região lateral do abdome, revelando
timpanismo na região anterior, quando o
paciente posiciona-se em decúbito lateral, o
líquido desloca-se para o mesmo lado, onde
fica maciço e a região acima fica timpânica.
Semi-círculo de Skoda: com o paciente em
decúbito dorsal percute-se a regiçao
periumbilical do meio para as extremidades.
Em casos de ascite, observa-se alteração do
timpanismo.
Sinal de Giordano: punho-percussão das lojas
renais. Se o paciente sentir dor, é positivo e
pode indicar pielonefrite aguda.
Sinal de Jobert: percussão do hipocôndrio
direito com detecção de timpanismo. É
indicativo de pneumoperitôneo (ar na
cavidade abdominal).
Sinal de Corvoisier-Terrier: vesícula biliar
palpável. Pode ser indicativo de neoplasia.
ABDOME: plano, sem lesões de pele,
cicatrizes, circulação colateral, retrações ou
abaulamentos. Peristalse não identificável à
inspeção. Ruídos hidroaéreos presentes nos
quatros quadrantes (+/IV). Ausência de
timpanismo difuso e macicez em flancos.
Traube livre. Fígado e baço não palpáveis.
Abdome indolor à palpação profunda e
superficial.