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Os Nàgó e a Morte: um estudo das fontes.
Luiz L. Marins
www.luizlmarins.com.br
Segunda edição
Fevereiro de 2015
RESUMO
O objetivo deste texto é fazer um demonstrativo das fontes que foram utilizadas no
livro Os Nàgó e a Morte, apresentando no final o percentual das contribuições no
computo geral de todo o corpo de texto.
PALAVRAS CHAVES: Ifa, Iorubá, Candomblé, Orixás, Nagôs, Religiões afro-brasileiras,
Religiões africanas.
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
INTRODUÇÃO
A etnografia religiosa afro-brasileira, sem dúvida, pode ser classificada como “antes e
depois” do livro Os Nàgó e a Morte, de Juana Elbein dos Santos, publicado em 1976
pela editora Vozes, RJ. O livro é um resumo de sua tese para obtenção do doutorado
em etnologia apresentada na Universidade de Sorbonne, em 1972, traduzido pelo
CEAO/UFBA, como consta em sua ficha catalográfica.
Claro que houve bons trabalhos antes e depois dele, não só em língua portuguesa,
como em outras línguas, mas este tornou-se um marco, evidenciando a diferença entre
o pesquisador “desde fora”, que não interpreta, pois não tem o conhecimento
iniciático, portanto não faz teologia, e o pesquisador “desde dentro”, que busca
interpretar os símbolos religiosos. Enquanto o primeiro apenas registra o que vê, o
segundo interpreta, e na maioria das vezes, reinterpreta, terminando por fazer (e
refazer) a teologia, influenciando a diáspora, como ocorreu com o conceito de “Exu
Bara do Corpo”, que embora entre os iorubas não exista como conceito de Noção de
Pessoa1
, tornou-se fundamento nos candomblés do Brasil. A condição “desde dentro”
da autora, é fruto de sua iniciação no candomblé, nos anos 60, no Ilê Axé Opô Afonjá,
Salvador.
1 Não referimo-nos à feitura do Òrìsà Èsù.
2
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
A PROPOSTA DE JUANA ELBEIN
Na introdução do livro “Os Nàgó e a Morte”, a autora deixa claro o objetivo do seu
trabalho, do qual faremos um resumo:
“[...] Propomo-nos, no presente trabalho, examinar e desenvolver algumas interpretações sobre a
concepção da morte […] É nos difícil deixar de assinalar as dificuldades inerentes ao estudo, à
localização e à seleção do material africano [pois] são fundamentalmente os textos oraculares de
Ifá que esclarecem a maior parte da tradição e da liturgia Nàgô no Brasil […] o presente ensaio
tem por centro a descrição e a interpretação dos elementos e dos ritos associados à morte [e] o
fato de nos estendermos mais sobre a significação de Èsú, não deve ser interpretado como uma
supervalorização deste último em detrimento dos Òrìsá [e foi] concebido em três fases: a) uma
série de capítulos preliminares sobre a origem dos Nàgô brasileiros […] b) uma série de capítulos
sobre as entidades sobrenaturais e os ritos diretamente associados à morte […] c) dois capítulos,
enfim, sobre os ritos precedentes e a concepção da morte nas comunidades Nàgô.”
“[...] A convivência, passiva como observadora no começo, e ativa à medida que se foi
desenvolvendo progressivamente a rede de relações interpessoais e minha consequente
localização no grupo, foi-me iniciando no conhecimento “desde dentro”, obrigando-me a agilizar,
revisar, modificar, às vezes, rejeitar, mesmo inteiramente, teorias e métodos inaplicáveis ou
desprovidos de eficácia, para a compreensão consciente e objetiva dos fatos. Isto nos leva a
defrontar-nos com dois problemas: 1) como ver, e 2) como interpretar [...]”.
“[...] Em todo caso, o presente estudo pretende ver e elaborar - desde dentro para fora. Nossa
pesquisa está orientada de maneira a focalizar três níveis: a) o nível fatual; b) da revisão crítica;
c) o da interpretação.
A) O nível fatual inclui os componentes da realidade empírica [pois] ignorar aquilo que é
pronunciado no decorrer de um rito é o mesmo que amputar um de seus elementos constitutivos
mais importantes, [por isso] vemos na coletânea e na transcrição dos textos orais uma tarefa das
mais urgentes e apaixonantes […].
B) A revisão crítica foi uma das imposições prementes que se me apresentaram no decorrer da
pesquisa. Ela conduz à revisão de alguns conceitos e descrições que uma pesquisa mais apurada
permite hoje contestar […]. No nível da revisão, impõe-se a necessidade urgente de rever a
3
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
tradução que eu qualificaria de criminosa, de certas palavras. Criminosa porque ela atenta contra
a própria estrutura e compreensão do sistema [e] torna-se desnecessário precisar à vasta
bibliografia existente [porém] com poucas exceções, sinto-me inclinada a qualificar a bibliografia
afro-brasileira como ultrapassada […].
C) É neste nível que se elabora a perspectiva - desde dentro para fora - isto é, a análise da
natureza e do significado do material fatual, recolocando os elementos num contexto dinâmico,
descobrindo a simbologia subjacente, reconstituindo a trama dos signos em função de suas inter-
relações internas e de suas relações com o mundo exterior. Além desta distinção, parece-me
importante introduzir uma outra como instrumento de trabalho: a equação simbólica e a
representação simbólica […]. Enquanto a representação simbólica é uma substituição primária, a
representação simbólica constitui o cripto símbolo, isto é, uma elaboração complexa, madura,
cuja natureza e função são essenciais para a compreensão do sistema [...].
Como vimos, a autora esclarece com muita propriedade que o trabalho de sua tese
visa, nos três níveis de estudo a que se refere, reinterpretar os elementos simbólicos da
religião Nàgó, que sobreviveram, deram forma e conteúdo às religiões afro-brasileiras,
partindo do “desde dentro para fora” sob uma nova visão conceitual, a partir da
interação dos três níveis de trabalho.
AS OBSERVAÇÕES DA ACADEMIA
Não obstante, o trabalho de reinterpretação dos símbolos e rituais é visto como uma
construção (ou reconstrução) teológica que termina por inserir ou retirar conceitos na
diáspora ritual religiosa. O caminhar da antropologia e da teologia são muito próximos,
para não dizer que se cruzam. Sobre isso, Silva (2010, pg. 281) escreve:
“A atribuição da sacralidade dos textos religiosos é comum em quase todas as religiões que tem
história e doutrinas escritas. No caso das religiões afro-brasileiras, a ausência de textos
doutrinários sobre o culto faz com que as etnografias acabem desempenhando um papel
teológico ao construir narrativas que se tornam referências para uma tradição conservada
geralmente por transmissão oral […]. Nas avaliações que nós, antropólogos fazemos de nossos
4
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
textos etnográficos, o tráfego entre as fronteiras da teologia e da antropologia é visto como
decorrente dos objetivos que cada pesquisador atribui ao seu trabalho […].
Dos textos transcritos acima, duas frases da autora chamaram-nos particularmente a
atenção. A primeira: “são fundamentalmente os textos oraculares de Ifá que
esclarecem a maior parte da tradição e da liturgia Nàgô no Brasil”. E a segunda: “sinto-
me inclinada a qualificar a bibliografia afro-brasileira como ultrapassada”.
Estas frases, curtas no tamanho, mas enormes no significado, aguçaram-nos a
curiosidade de procurar no corpo da tese as fontes utilizadas para a mitologia, pois
segundo a autora, são os textos mitológicos que esclarecem a tradição, e informa que a
sua busca na África foi difícil.
Brumana (2007) já havia demonstrado esta mesma preocupação com as fontes de
Juana, dizendo que:
“Em alguns casos, Elbein menciona os “informantes” africanos dos quais tomou longas cantigas,
mas nada diz das condições em que esses textos foram registrados, da relação que teve com os
“informantes”, do grau de integração no grupo – caso existisse – a que pertenciam, a língua em
que se comunicavam, etc. Salvo uma referência em nota de rodapé, na qual informa sobre um
idoso com o qual trabalhou em 1970-1971, na Nigéria, que lhe recitou e traduziu (para o inglês,
suponho) uma narração: Elbein, Os nàgô e a morte, p. 59. Meu exemplar de Os nàgó e a morte
está cheio de anotações marginais junto a histórias registradas por Elbein: “de onde as tirou? em
que condições se contam normalmente? em que língua as transmitiram?”
É um estudo sobre estas fontes que nos interessa, e que gerou este artigo, e são estas
fontes que veremos agora.
AS FONTES
Nesta busca interessou-nos apenas as fontes que contribuíram para embasar os
conceitos da tese, na esfera da mitologia. Outros autores citados, mas que não
forneceram nenhum material nesse sentido, foram excluídos da nossa pesquisa. A
5
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
partir deste critério, identificamos 24 mitos que julgamos mais importantes, e que
serviram de base.
De fato, como anunciou a autora em sua introdução, nenhuma fonte afro-brasileira foi
utilizada, exceto a tradição oral da própria casa de nàgó que foi iniciada nos anos 60, o
Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador, o que confirma a qualificação dada pela autora à
bibliografia afro-brasileira como ultrapassada. Vale lembrar que nesta época Verger
ainda não havia sido editado em português.
A tabela a seguir apresenta a página do livro em que o mito aparece, o nome do mito,
e a fonte ou o informante de onde foi colhido.2
TABELA 1
PÁG. MITO FONTE
55 Separações do òrun-ayé Não informada
59 Nascimentos de Òrìsànlá David Agboola Adeniji, Iwo.
59 Nascimentos de Èsù Yangí David Agboola Adeniji, Iwo.
61 Criações do ayé Não informada
64 Obàtálá e Odùduwà Não informada
85 Histórias de Òsun Não informada
87 Histórias do ekodide Ilé Àse Òpó Afònjá
107 Ikú e a criação do ser humano Elbein & Santos, pg. 87, 1971
108 A criação da roupa de Eégún Verger, pg. 200, 1965
112 Como Òrúnmìlà apazígua Ìyàmi Verger, pg. 178, 1965
113 As 7 árvores de Ìyàmi Verger, pg. 196, 1965
121 História dos 9 filhos de Oya Não informada
123 História de Oya e a sociedade Egúngún Tradição oral do Ilé Àse Òpó Afònjá
131 Conceitos do Èsù “bara do corpo” Elbein & Santos, pg. 7, 1971 A
132 Conceitos do Èsù como Òdàrà Elbein & Santos, pg. 91, 1971 A 3
2 Quando o mito não trazia um título próprio, inserimos um nome, para fins de catálogo.
6
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
135 Conceitos de nascimento de Èsù Yangí Elbein & Santos, pg. 31, 1971 A
149 História de Òsé'túrá, a 17ª pessoa de Ifá Não informada
176 História de como Èsù se tornou Asiwájú Não informada
185 Oríkì de Èsù Iná Babalaô Serifá de Kétu
198 Lésé-lésé4
sobre ÈsùÒjíse'bo (extrato) Babalaô Serifá de Kétu
205 Ìtàn Ìpònrí Elbein & Santos, pg. 51, 1971 B 5
214 História de Elégbaa Maupoil, pg. 75, 1943
216 Oríkì de Orí Abimbola, 81, 1971
217 História de Orí Apéré Não informada
TABELA 2
QUANTIDADE UTILIZADA IMPORTANTE PARA A TESE?
Babalaô Serifá de Ketu 2 Não
Bernard Maupoil 1 Não
David Agboola Adeniji 2 Sim
Elbein & Santos 5 Sim
Não informada 8 Sim
Pierre Verger 3 Sim
Ilé Àse Òpó Afònjá 2 Não
Wande Abimbola 1 Não
TABELA 3
AUTOR %
Abimbola 4,1
David Adeniji 8,2
Elbein & Santos 20,8
Maupoil 4,1
7
FONTE INFORMADA
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
Não informada 33,3
Babalaô Serifá 8,2
Pierre Verger 12,5
Tradição Oral Afonjá 8,2
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com exposto e conforme as informações da autora (ou a falta delas), dos 24
textos selecionados, chegamos ao entendimento que aproximadamente 50% do
embasamento da tese, parte das reinterpretações da própria autora, cumprindo o
prometido no início do trabalho, e assim mostram as tabelas.
A tabela 2 mostrou a quantidade de dados informados por fonte, e sua importância, e
a tabela 3 mostrou o percentual relativo aos autores.
Nestes questionamentos foi conclusiva a fala do professor Reginaldo Prandi, Titular da
Cadeira de Sociologia da U.S.P.:
“[...] Juana Elbein dos Santos em “Os Nagô e a Morte” (1976), parte de uma base empírica
oferecida por suas pesquisas no Brasil e na África, e com uma reinterpretação apoiada na
etnografia, cria, no papel, uma religião que não se pode encontrar nem no Brasil nem na África,
propondo para cada dimensão ritual da religião que ela reconstitui significados que procuram dar
às partes o sentido de um todo, dando-se à religião uma forma acabada que ela não tem.”
(Prandi, 1997, p. 30-31).
8
Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins
BIBLIOGRAFIA
ABIMBOLA, Wande. “The Yoruba Concept of Human Personality”. In: La Notion de Personne em Afrique
Noire, Paris, Centre National de La Recherche Scientifique, 1971.
BRUMANA, Fernando. “Reflexos Negros em Olhos Brancos – a academia na africanização dos
candomblés”. Afro-Ásia 36, 2007, p. 153-197, Salvador, BA.
ELBEIN, Juana & SANTOS, Deoscoredes. Èsù Bara Láróyè, a comparative study, Ibadan, Institute of
African Studies, University of Ibadan, Nigeria, 1971 A.
___________“Èsù Bara, principle of individual life in the nàgó system”. In: La Notion de Personne em
Afrique Noire, Paris, Centre National de La Recherche Scientifique, 1971 B.
MAUPOIL, Bernard. La Géomancie à l'ancienne Côte des Esclaves, Paris, Institut D'Ethnologie Musée de
L'Homme, 1943.
PRANDI, José Reginaldo. Herdeiras do Axé, São Paulo, Hucitec, 1997.
SILVA, Vagner G. “Segredos do Escrever e o Escrever dos Segrêdos”. In: Barretti Filho, Aulo (org.). Dos
Yoruba ao Candomblé Kétu, São Paulo, Edusp, 2010.
VERGER, Pierre. “Grandeur et Décadence du Culte de Ìyámi Òsòròngà”. In: Journal de la Societe des
Africanistes, 35 (1), 141-243, Paris, Centre National de La Recherche Scientifique, 1965.
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Os nago e a morte - um estudo das fontes

  • 1. Os Nàgó e a Morte: um estudo das fontes. Luiz L. Marins www.luizlmarins.com.br Segunda edição Fevereiro de 2015 RESUMO O objetivo deste texto é fazer um demonstrativo das fontes que foram utilizadas no livro Os Nàgó e a Morte, apresentando no final o percentual das contribuições no computo geral de todo o corpo de texto. PALAVRAS CHAVES: Ifa, Iorubá, Candomblé, Orixás, Nagôs, Religiões afro-brasileiras, Religiões africanas.
  • 2. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins INTRODUÇÃO A etnografia religiosa afro-brasileira, sem dúvida, pode ser classificada como “antes e depois” do livro Os Nàgó e a Morte, de Juana Elbein dos Santos, publicado em 1976 pela editora Vozes, RJ. O livro é um resumo de sua tese para obtenção do doutorado em etnologia apresentada na Universidade de Sorbonne, em 1972, traduzido pelo CEAO/UFBA, como consta em sua ficha catalográfica. Claro que houve bons trabalhos antes e depois dele, não só em língua portuguesa, como em outras línguas, mas este tornou-se um marco, evidenciando a diferença entre o pesquisador “desde fora”, que não interpreta, pois não tem o conhecimento iniciático, portanto não faz teologia, e o pesquisador “desde dentro”, que busca interpretar os símbolos religiosos. Enquanto o primeiro apenas registra o que vê, o segundo interpreta, e na maioria das vezes, reinterpreta, terminando por fazer (e refazer) a teologia, influenciando a diáspora, como ocorreu com o conceito de “Exu Bara do Corpo”, que embora entre os iorubas não exista como conceito de Noção de Pessoa1 , tornou-se fundamento nos candomblés do Brasil. A condição “desde dentro” da autora, é fruto de sua iniciação no candomblé, nos anos 60, no Ilê Axé Opô Afonjá, Salvador. 1 Não referimo-nos à feitura do Òrìsà Èsù. 2
  • 3. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins A PROPOSTA DE JUANA ELBEIN Na introdução do livro “Os Nàgó e a Morte”, a autora deixa claro o objetivo do seu trabalho, do qual faremos um resumo: “[...] Propomo-nos, no presente trabalho, examinar e desenvolver algumas interpretações sobre a concepção da morte […] É nos difícil deixar de assinalar as dificuldades inerentes ao estudo, à localização e à seleção do material africano [pois] são fundamentalmente os textos oraculares de Ifá que esclarecem a maior parte da tradição e da liturgia Nàgô no Brasil […] o presente ensaio tem por centro a descrição e a interpretação dos elementos e dos ritos associados à morte [e] o fato de nos estendermos mais sobre a significação de Èsú, não deve ser interpretado como uma supervalorização deste último em detrimento dos Òrìsá [e foi] concebido em três fases: a) uma série de capítulos preliminares sobre a origem dos Nàgô brasileiros […] b) uma série de capítulos sobre as entidades sobrenaturais e os ritos diretamente associados à morte […] c) dois capítulos, enfim, sobre os ritos precedentes e a concepção da morte nas comunidades Nàgô.” “[...] A convivência, passiva como observadora no começo, e ativa à medida que se foi desenvolvendo progressivamente a rede de relações interpessoais e minha consequente localização no grupo, foi-me iniciando no conhecimento “desde dentro”, obrigando-me a agilizar, revisar, modificar, às vezes, rejeitar, mesmo inteiramente, teorias e métodos inaplicáveis ou desprovidos de eficácia, para a compreensão consciente e objetiva dos fatos. Isto nos leva a defrontar-nos com dois problemas: 1) como ver, e 2) como interpretar [...]”. “[...] Em todo caso, o presente estudo pretende ver e elaborar - desde dentro para fora. Nossa pesquisa está orientada de maneira a focalizar três níveis: a) o nível fatual; b) da revisão crítica; c) o da interpretação. A) O nível fatual inclui os componentes da realidade empírica [pois] ignorar aquilo que é pronunciado no decorrer de um rito é o mesmo que amputar um de seus elementos constitutivos mais importantes, [por isso] vemos na coletânea e na transcrição dos textos orais uma tarefa das mais urgentes e apaixonantes […]. B) A revisão crítica foi uma das imposições prementes que se me apresentaram no decorrer da pesquisa. Ela conduz à revisão de alguns conceitos e descrições que uma pesquisa mais apurada permite hoje contestar […]. No nível da revisão, impõe-se a necessidade urgente de rever a 3
  • 4. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins tradução que eu qualificaria de criminosa, de certas palavras. Criminosa porque ela atenta contra a própria estrutura e compreensão do sistema [e] torna-se desnecessário precisar à vasta bibliografia existente [porém] com poucas exceções, sinto-me inclinada a qualificar a bibliografia afro-brasileira como ultrapassada […]. C) É neste nível que se elabora a perspectiva - desde dentro para fora - isto é, a análise da natureza e do significado do material fatual, recolocando os elementos num contexto dinâmico, descobrindo a simbologia subjacente, reconstituindo a trama dos signos em função de suas inter- relações internas e de suas relações com o mundo exterior. Além desta distinção, parece-me importante introduzir uma outra como instrumento de trabalho: a equação simbólica e a representação simbólica […]. Enquanto a representação simbólica é uma substituição primária, a representação simbólica constitui o cripto símbolo, isto é, uma elaboração complexa, madura, cuja natureza e função são essenciais para a compreensão do sistema [...]. Como vimos, a autora esclarece com muita propriedade que o trabalho de sua tese visa, nos três níveis de estudo a que se refere, reinterpretar os elementos simbólicos da religião Nàgó, que sobreviveram, deram forma e conteúdo às religiões afro-brasileiras, partindo do “desde dentro para fora” sob uma nova visão conceitual, a partir da interação dos três níveis de trabalho. AS OBSERVAÇÕES DA ACADEMIA Não obstante, o trabalho de reinterpretação dos símbolos e rituais é visto como uma construção (ou reconstrução) teológica que termina por inserir ou retirar conceitos na diáspora ritual religiosa. O caminhar da antropologia e da teologia são muito próximos, para não dizer que se cruzam. Sobre isso, Silva (2010, pg. 281) escreve: “A atribuição da sacralidade dos textos religiosos é comum em quase todas as religiões que tem história e doutrinas escritas. No caso das religiões afro-brasileiras, a ausência de textos doutrinários sobre o culto faz com que as etnografias acabem desempenhando um papel teológico ao construir narrativas que se tornam referências para uma tradição conservada geralmente por transmissão oral […]. Nas avaliações que nós, antropólogos fazemos de nossos 4
  • 5. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins textos etnográficos, o tráfego entre as fronteiras da teologia e da antropologia é visto como decorrente dos objetivos que cada pesquisador atribui ao seu trabalho […]. Dos textos transcritos acima, duas frases da autora chamaram-nos particularmente a atenção. A primeira: “são fundamentalmente os textos oraculares de Ifá que esclarecem a maior parte da tradição e da liturgia Nàgô no Brasil”. E a segunda: “sinto- me inclinada a qualificar a bibliografia afro-brasileira como ultrapassada”. Estas frases, curtas no tamanho, mas enormes no significado, aguçaram-nos a curiosidade de procurar no corpo da tese as fontes utilizadas para a mitologia, pois segundo a autora, são os textos mitológicos que esclarecem a tradição, e informa que a sua busca na África foi difícil. Brumana (2007) já havia demonstrado esta mesma preocupação com as fontes de Juana, dizendo que: “Em alguns casos, Elbein menciona os “informantes” africanos dos quais tomou longas cantigas, mas nada diz das condições em que esses textos foram registrados, da relação que teve com os “informantes”, do grau de integração no grupo – caso existisse – a que pertenciam, a língua em que se comunicavam, etc. Salvo uma referência em nota de rodapé, na qual informa sobre um idoso com o qual trabalhou em 1970-1971, na Nigéria, que lhe recitou e traduziu (para o inglês, suponho) uma narração: Elbein, Os nàgô e a morte, p. 59. Meu exemplar de Os nàgó e a morte está cheio de anotações marginais junto a histórias registradas por Elbein: “de onde as tirou? em que condições se contam normalmente? em que língua as transmitiram?” É um estudo sobre estas fontes que nos interessa, e que gerou este artigo, e são estas fontes que veremos agora. AS FONTES Nesta busca interessou-nos apenas as fontes que contribuíram para embasar os conceitos da tese, na esfera da mitologia. Outros autores citados, mas que não forneceram nenhum material nesse sentido, foram excluídos da nossa pesquisa. A 5
  • 6. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins partir deste critério, identificamos 24 mitos que julgamos mais importantes, e que serviram de base. De fato, como anunciou a autora em sua introdução, nenhuma fonte afro-brasileira foi utilizada, exceto a tradição oral da própria casa de nàgó que foi iniciada nos anos 60, o Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador, o que confirma a qualificação dada pela autora à bibliografia afro-brasileira como ultrapassada. Vale lembrar que nesta época Verger ainda não havia sido editado em português. A tabela a seguir apresenta a página do livro em que o mito aparece, o nome do mito, e a fonte ou o informante de onde foi colhido.2 TABELA 1 PÁG. MITO FONTE 55 Separações do òrun-ayé Não informada 59 Nascimentos de Òrìsànlá David Agboola Adeniji, Iwo. 59 Nascimentos de Èsù Yangí David Agboola Adeniji, Iwo. 61 Criações do ayé Não informada 64 Obàtálá e Odùduwà Não informada 85 Histórias de Òsun Não informada 87 Histórias do ekodide Ilé Àse Òpó Afònjá 107 Ikú e a criação do ser humano Elbein & Santos, pg. 87, 1971 108 A criação da roupa de Eégún Verger, pg. 200, 1965 112 Como Òrúnmìlà apazígua Ìyàmi Verger, pg. 178, 1965 113 As 7 árvores de Ìyàmi Verger, pg. 196, 1965 121 História dos 9 filhos de Oya Não informada 123 História de Oya e a sociedade Egúngún Tradição oral do Ilé Àse Òpó Afònjá 131 Conceitos do Èsù “bara do corpo” Elbein & Santos, pg. 7, 1971 A 132 Conceitos do Èsù como Òdàrà Elbein & Santos, pg. 91, 1971 A 3 2 Quando o mito não trazia um título próprio, inserimos um nome, para fins de catálogo. 6
  • 7. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins 135 Conceitos de nascimento de Èsù Yangí Elbein & Santos, pg. 31, 1971 A 149 História de Òsé'túrá, a 17ª pessoa de Ifá Não informada 176 História de como Èsù se tornou Asiwájú Não informada 185 Oríkì de Èsù Iná Babalaô Serifá de Kétu 198 Lésé-lésé4 sobre ÈsùÒjíse'bo (extrato) Babalaô Serifá de Kétu 205 Ìtàn Ìpònrí Elbein & Santos, pg. 51, 1971 B 5 214 História de Elégbaa Maupoil, pg. 75, 1943 216 Oríkì de Orí Abimbola, 81, 1971 217 História de Orí Apéré Não informada TABELA 2 QUANTIDADE UTILIZADA IMPORTANTE PARA A TESE? Babalaô Serifá de Ketu 2 Não Bernard Maupoil 1 Não David Agboola Adeniji 2 Sim Elbein & Santos 5 Sim Não informada 8 Sim Pierre Verger 3 Sim Ilé Àse Òpó Afònjá 2 Não Wande Abimbola 1 Não TABELA 3 AUTOR % Abimbola 4,1 David Adeniji 8,2 Elbein & Santos 20,8 Maupoil 4,1 7 FONTE INFORMADA
  • 8. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins Não informada 33,3 Babalaô Serifá 8,2 Pierre Verger 12,5 Tradição Oral Afonjá 8,2 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com exposto e conforme as informações da autora (ou a falta delas), dos 24 textos selecionados, chegamos ao entendimento que aproximadamente 50% do embasamento da tese, parte das reinterpretações da própria autora, cumprindo o prometido no início do trabalho, e assim mostram as tabelas. A tabela 2 mostrou a quantidade de dados informados por fonte, e sua importância, e a tabela 3 mostrou o percentual relativo aos autores. Nestes questionamentos foi conclusiva a fala do professor Reginaldo Prandi, Titular da Cadeira de Sociologia da U.S.P.: “[...] Juana Elbein dos Santos em “Os Nagô e a Morte” (1976), parte de uma base empírica oferecida por suas pesquisas no Brasil e na África, e com uma reinterpretação apoiada na etnografia, cria, no papel, uma religião que não se pode encontrar nem no Brasil nem na África, propondo para cada dimensão ritual da religião que ela reconstitui significados que procuram dar às partes o sentido de um todo, dando-se à religião uma forma acabada que ela não tem.” (Prandi, 1997, p. 30-31). 8
  • 9. Os Nagô e a Morte: um estudo das fontes - Luiz L. Marins BIBLIOGRAFIA ABIMBOLA, Wande. “The Yoruba Concept of Human Personality”. In: La Notion de Personne em Afrique Noire, Paris, Centre National de La Recherche Scientifique, 1971. BRUMANA, Fernando. “Reflexos Negros em Olhos Brancos – a academia na africanização dos candomblés”. Afro-Ásia 36, 2007, p. 153-197, Salvador, BA. ELBEIN, Juana & SANTOS, Deoscoredes. Èsù Bara Láróyè, a comparative study, Ibadan, Institute of African Studies, University of Ibadan, Nigeria, 1971 A. ___________“Èsù Bara, principle of individual life in the nàgó system”. In: La Notion de Personne em Afrique Noire, Paris, Centre National de La Recherche Scientifique, 1971 B. MAUPOIL, Bernard. La Géomancie à l'ancienne Côte des Esclaves, Paris, Institut D'Ethnologie Musée de L'Homme, 1943. PRANDI, José Reginaldo. Herdeiras do Axé, São Paulo, Hucitec, 1997. SILVA, Vagner G. “Segredos do Escrever e o Escrever dos Segrêdos”. In: Barretti Filho, Aulo (org.). Dos Yoruba ao Candomblé Kétu, São Paulo, Edusp, 2010. VERGER, Pierre. “Grandeur et Décadence du Culte de Ìyámi Òsòròngà”. In: Journal de la Societe des Africanistes, 35 (1), 141-243, Paris, Centre National de La Recherche Scientifique, 1965. 9