O documento discute a diferença entre o valor restritivo e não restritivo dos adjetivos no português. Explica que adjetivos pospostos ao nome costumam ter valor restritivo, enquanto adjetivos pré-nominas expressam qualidades de forma não restritiva. Alguns adjetivos podem aparecer em ambas as posições, alterando o sentido para mais objetivo ou subjetivo.
3. Quando os adjetivos surgem em posição
pós-nominal costumam ter valor restritivo:
Os alunos passaram de ano.
Os alunos estudiosos passaram de ano.
As casas são caras.
As casas grandes são caras.
(O adjetivo incide sobre a realidade designada pelo
nome, especificando-a, limitando-a, reduzindo-a.)
4. Estes adjetivos pospostos ao nome
podem aliás ser substituídos por uma
oração relativa de valor restritivo:
Os alunos que estudaram passaram de ano.
As casas que são grandes são caras.
5. Em posição pré-nominal surgem sobretudo
adjetivos que exprimem qualidades,
avaliações, noções associadas a certa
subjetividade. Estes adjetivos têm um valor
não restritivo:
Um bom aluno.
Um esplêndido dia.
(Neste caso, os adjetivos não restringem a
realidade designada, avaliam-na.)
6. Muitos adjetivos podem surgir em qualquer
das posições, mas a opção de colocação
trará um sentido ora mais subjetivo
(conotativo), quando antes do nome, ora
mais objetivo (denotativo), quando depois
do nome:
Um amigo velho (= ‘idoso’)
Um velho amigo (= ‘querido’)
Um homem pobre (= ‘sem dinheiro’)
Um pobre homem (= ‘infeliz’)
7. À margem: os adjetivos relacionais não
surgem antes do nome nem são graduáveis:
A revolta estudantil
*A estudantil revolta / *A revolta muito estudantil
O campeonato mundial
*O campeonato muito mundial / *O mundial campeonato.
8. adjetivos qualificativos
o brioso comandante; o comandante alegre
a mais bela moça; o jovem inteligentíssimo
adjetivos relacionais
o governo português; a língua materna
adjetivos numerais
o quinto golo; o primeiríssimo filme
9.
10. normal (sorumbático)
comparativo
de superioridade (mais sorumbático do que)
de igualdade (tão sorumbático como)
de inferioridade (menos sorumbático do que)
superlativo absoluto
sintético (sorumbaticíssimo)
analítico (muito sorumbático)
superlativo relativo
de superioridade (o mais sorumbático)
de inferioridade (o menos sorumbático)
11.
12. 1.1 O adjetivo «simpático» (l. 2) é
utilizado no primeiro parágrafo no grau
a) normal.
b) comparativo de superioridade.
c) superlativo relativo de superioridade.
d) superlativo absoluto analítico.
13. 1.2 A palavra «pontes» (ll. 6-7) é utilizada
com o sentido figurado de
a)construções.
b)ligações.
c)passagens.
d)elevações.
14. 1.3 Em «dando pretexto ao narrador
para a crítica política» (l. 9), o
constituinte «ao narrador» desempenha
a função sintática de
a)modificador frásico.
b)complemento direto.
c)sujeito.
d)complemento indireto.
15. 1.4 No segmento «da qual sai maneta» (ll.
8-9) o referente de «da qual» é
a) «guerra» (l. 8).
b) «sucessão espanhola» (l. 8).
c) «guerra da sucessão espanhola» (l. 8).
d) «construção da máquina voadora» (ll. 9-10).
16. 1.5 A expressão «Heróis do pé descalço»
(l. 17 e 38) significa
a) Heróis sem recursos financeiros.
b) Heróis sem sapatos.
c) Heróis caminhantes.
d) Heróis extravagantes.
17. 1.6 O recurso ao vocábulo de cariz
religioso «via-sacra» (l. 26) salienta
a) o sofrimento de Blimunda em busca de
Baltasar.
b) o sacrifício de Baltasar.
c) os meios de procura utilizados por Blimunda
durante a sua viagem.
d) o carácter inconstante e débil de Blimunda.
18. 1.7 Os adjetivos presentes na passagem
«uma história invulgar ou insólita, de
personagens modeladas ou redondas» (l.
29) possuem um valor
a)exemplificativo.
b)restritivo.
c)explicativo.
d)conclusivo.
19. 2.1 Identifica o ato ilocutório
concretizado no sexto parágrafo (ll. 20-21).
No sexto parágrafo há um ato
ilocutório assertivo.
20. 2.2 Indica o antecedente de «esta», usado
na linha 23.
O antecedente de «esta» é «Blimunda»
(l. 23).
21. 2.3 Refere o valor da referência deítica
«No último auto de fé» (l. 25).
A suposta referência deítica «No
último auto de fé» tem valor temporal.
Nesse meu último auto de fé
Há pouco, quando começava a escrever
este texto
Ontem, fui visitar Mafra
24. [2014, 1.ª fase]
2.2. Classifique a oração «onde mal
cabia» (linha 16).
[É inquestionável que Eça ultrapassou de
longe a Escola Realista, onde mal cabia, e
chegou mesmo a pressentir o Modernismo que
iria estilhaçar muito em breve o conceito da
criação como reprodução da realidade.]
Subordinada adjetiva relativa explicativa.
25. [2014, 2.ª fase]
2.2. Classifique a oração «se bem que
apreciadas por alguns» (linha 25).
[As ideias de Vieira e as suas propostas
reformistas, se bem que apreciadas por alguns,
encontraram muitos opositores poderosos no
seu tempo, os quais, em grande medida,
acabaram por boicotar a sua aplicação plena.]
Subordinada adverbial concessiva.
26. [2014, época especial]
2.1. Classifique a oração «que a carta não diz toda
a verdade sobre a criação do heterónimo, nem dos
poemas» (ll. 11-12). [Apesar de os estudos
pessoanos terem demonstrado que a carta não diz
toda a verdade sobre a criação do heterónimo, nem
dos poemas, a verdade é que aquilo que nela
haverá de ficção serve para que Pessoa continue o
seu jogo infinito com as racionalmente definidas
fronteiras do real e do irreal.]
Subordinada substantiva completiva.
27. 2.2. Indique o valor da oração subordinada
adjetiva relativa seguinte: «que rejeita a
ideia defendida por muitos estudiosos da
“alma una” de Caeiro.» (linha 17).
[Ele resolveu todos os dramas entre a vida e a
consciência», diz o filósofo José Gil, que rejeita
a ideia defendida por muitos estudiosos da
«alma una» de Caeiro.]
Valor explicativo.
30. [Incorreu na prática de danças ridículas.]
Vai ter de abandonar o estabelecimento.
Declarativo
Frase deôntica dita por um «fiscal de
danças ridículas».
31. Vi-o a efetuar uma espécie de um
comboiinho.
Assertivo
Relato, relativamente a que o enunciador
se responsabiliza, de um acontecimento
anterior.
32. O que é que eu fiz?
Diretivo
Interrogação dirigida ao fiscal.
33. Não posso pactuar com comboiinhos!
Expressivo
Frase na 1.ª pessoa, dita com ênfase,
com indignação.
34. Não vou fechar os olhos a uma situação
como a que o vi fazer.
Compromissivo
Frase com complexo verbal (ir + infinitivo
do verbo principal) com valor de futuro
próximo.
35. Não perca a atualização das notícias
sobre a seleção nacional.
Diretivo
Frase com uso do conjuntivo,
correspondente a um imperativo
negativo.
36. Ao contrário do que fora anunciado,
Paulo Ferreira não jantou o prato de
peixe.
Assertivo
Informação, relato de uma circunstância,
negando-se informação anterior.
37. Vamos ter oportunidade de ouvir uma
entrevista com Dona Maria da Conceição
Ferradinha, uma alentejana que viu o
autocarro da seleção duas vezes.
Compromissivo
Frase com complexo verbal (ir + infinitivo
de verbo principal) com valor de futuro
próximo.
39. Agora é calcar! (= Calquem.)
Diretivo
Frase de teor apelativo, ainda que sem
uso de modo imperativo.
40. Eu estou a perder a cabeça!
Expressivo
Descrição de estado de espírito,
sublinhada com nervosismo evidente.
41.
42. ITENS DE EXAME EM TORNO DE ATOS
ILOCUTÓRIOS
[2014, 1.ª fase]
2.3. Classifique o ato ilocutório presente em
«Como um dia veremos.» (linha 29). [É por isso
que, para além do culto que a obra de Eça legitimamente
merece, por mérito próprio e grandeza genuína, se deve
reconhecer, para sermos justos, que muita da admiração
totalitária que Eça desencadeia nasce porventura duma
espécie de preguiça e lentidão em entender, ainda nos
nossos dias, a linguagem diferente daqueles que lhe
sucederam. O que não parece vir a propósito, embora
venha. Como um dia veremos.]
*(Ato ilocutório) compromissivo / [assertivo]
43. [2013, 1.ª fase]
1.7. Na frase «E, após isso, ninguém lerá
uma só palavra posta por mim num
pedaço de papel.» (linhas 9 e 10), o autor
realiza um ato ilocutório
(A) compromissivo. | (B) declarativo. | (C)
expressivo. | (D) diretivo.
44. [2013, 2.ª fase]
2.2. Classifique o ato ilocutório presente
em «A sua poesia ainda tem segredos
para si?» (linha 21).
(Ato ilocutório) diretivo
45.
46. TPC — Faz a dissertação
correspondente ao ponto 1.1 no fim da p.
54.