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ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia
           4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia
           São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012


    Jornalismo e mídia social digital: considerações sobre o ingresso do jornal Zero
                                    Hora no Twitter

                                    Luciana Menezes Carvalho1
                                Eugenia Mariano da Rocha Barichello2
                                      UFSM, Santa Maria, RS



RESUMO

Este trabalho reflete sobre práticas do jornalismo na ambiência das mídias sociais
digitais. Tecem-se algumas considerações a respeito do ingresso do jornal Zero Hora no
serviço de micromensagens Twitter, ocorrido em 2008. O artigo parte de pesquisa
desenvolvida entre 2009 e 2010. As metodologias empregadas foram revisão de
literatura, observação participante e entrevista. O relato está dividido em duas seções: a
primeira apresenta conceituação introdutória de mídia social digital, além de aspectos
históricos do Twitter e suas funcionalidades; a segunda seção diz respeito à inserção de
Zero Hora no serviço. As conclusões apontam para o entendimento de que o processo
de utilização jornalística do Twitter consiste em uma etapa inicial de ingresso de ZH na
ambiência das mídias sociais digitais.

PALAVRAS-CHAVE: Mídia social digital; história da mídia; Twitter; Zero Hora.


INTRODUÇÃO

         A quarta geração do jornalismo digital ou Jornalismo Digital em Base de Dados
– JDBD3 (BARBOSA, 2007) tem entre suas características a exploração, por parte dos
processos e produtos jornalísticos, das possibilidades informativas e comunicacionais
das mídias sociais digitais. O processo de inserção dos veículos informativos nessa
ambiência4 ocorre paralelamente à utilização das ferramentas pelos atores individuais,
coletivos e institucionais.




1
  Mestre em Comunicação Midiática (UFSM); doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação
Midiática (POSCOM – UFSM); professora no curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA.
E-mail: lucianamenezescarvalho@gmail.com
2
  Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ); professora titular e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação Midiática – POSCOM-UFSM. E-mail: eugeniabarichello@gmail.com
3
   O trabalho não tem por objetivo aprofundar a discussão sobre JDBD, ou discorrer sobre o percurso histórico do
jornalismo digital e suas gerações. O conceito aparece apenas para contextualizar esta fase de inserção dos veículos
jornalísticos nas mídias sociais digitais.
4
  Remete ao conceito de medium em MCLuhan, para o qual o meio envolve sempre uma ambiência cultural, indo
além da ideia de canal ou suporte técnico.


                                                                                                                  1
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         Um dos primeiros serviços a ser apropriados pelo jornalismo foi o Twitter5 que,
a partir de 2008, passou a ser usado amplamente na divulgação de notícias6 e interação
com o público.
         O jornal Zero Hora (ZH) criou seu perfil no serviço em 2008, passando a utilizar
a ferramenta de modo periódico no ano seguinte. O perfil é mantido pela redação de
Zero Hora Online para divulgação de manchetes, coberturas colaborativas e interação
com os seguidores7.


1 MÍDIA SOCIAL DIGITAL


         A denominação mídia social ganhou força a partir de algumas apropriações das
possibilidades da web 2.0 – termo cunhado por Tim O’Reilly (2005) para explicar um
conjunto de transformações da web, com destaque ao papel ativo do usuário (SAAD,
2008). Ela é caracterizada como plataforma, em que o conteúdo é gerado pelos
interagentes e não apenas por editores e programadores, como ocorria na fase anterior,
com sites mais estáticos e pouca possibilidade de interação. Na atual fase, a web
ultrapassa a conexão entre computadores, passando a conectar pessoas, o que se dá cada
vez mais através de dispositivos móveis.
         A ideia de que toda mídia deveria, por essência, ser social, cria a necessidade de
uma maior delimitação ao termo, optando-se por “mídia social digital” para caracterizar
esta nova ambiência de fluxos informacionais e comunicacionais (CARVALHO, 2010).
São sistemas que possibilitam usos e apropriações que envolvem participação ativa do
interagente através de comentários, recomendações, disseminação e compartilhamento
de conteúdo próprio ou de terceiros.
         Esses meios carregam em si uma potencialidade para o uso social. São exemplos
de ferramentas de mídia social digital serviços como Facebook8, Youtube9, Flickr10,


5
  Serviço de micromensagens ou microblogging criado em 2006, nos Estados Unidos, cujas postagens são limitadas a
140 caracteres. Endereço na web: http://twitter.com
6
   Os usos informativos e noticiosos do Twitter destacam-se em situações de conflito, como a Primavera Árabe, e de
tragédias, como terremotos e enchentes.
7
  Conforme observação realizada durante pesquisa de dissertação de Mestrado (CARVALHO, 2010).
8
  Serviço de rede social criado em 2004, nos Estados Unidos. Permite a criação de perfis pessoais e fanpages (páginas
para uso institucional ou comercial). Endereço na web: http://www.facebook.com
9
  Serviço de compartilhamento de vídeos fundado em 2005. Endereço na web: http://www.youtube.com
10
   Serviço de hospedagem e compartilhamento de imagens fundado em 2004, no Canadá. O serviço permite que as
imagens sejam etiquetadas através de tags, funcionando também como um fotolog. Endereço na web:
http://www.flickr.com/


                                                                                                                   2
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Slideshare11, Instagram12, cada um atuando de modo distinto e possibilitando usos
combinados, conforme as apropriações dos atores.
          Ainda que sejam utilizadas tanto por usuários independentes quanto por atores
sociais corporativos, de forma estratégica - podendo ser apropriadas de modo massivo -
as ferramentas de mídia social digital, diferentemente do que ocorre com os meios de
comunicação de massa tradicionais, como o jornal impresso, a TV e o rádio, circulam
em outra lógica, não linear, em rede e interativa, em que os usuários não precisam de
autorização da esfera produtiva para se manifestar.
          O serviço de micromensagens Twitter é uma das principais manifestações dessa
nova ambiência midiática, em que a apropriação dos interagentes determina sua função
social.


1.1 Twitter: histórico e funcionalidades


          Embora exista desde 2006, o serviço13 de micromensagens Twitter teve seu
crescimento e popularização a partir de 2008 (HONEYCUTT & HERRING, 2009).
Trata-se de uma mídia social digital porque envolve uma ambiência com características
e funcionalidades que, de certo modo, favorecem apropriações voltadas à participação, à
mediação descentralizada e à conversação.
          Inicialmente, respondia-se à questão inicial “O que você está fazendo?”. Com o
crescimento dos usos mais voltados à troca de informação de relevância jornalística e
social, a frase foi substituída por “O que está acontecendo?”. Assim que foi lançado, o
serviço era utilizado principalmente para postagens pessoais, mas com o tempo foi
crescendo a apropriação voltada para usos informativos e colaborativos da ferramenta
(HONEYCUTT & HERRING, 2009). Atualmente, o serviço é considerado um novo
meio de compartilhamento de informações, sendo mais utilizado como mídia noticiosa
do que como rede social (KWAK et al, 2010).



11
   Outro serviço considerado típico da web 2.0. É focado no carregamento e compartilhamento de apresentações e
arquivos de texto. Endereço na web: http://slideshare.net
12
   Aplicativo que possibilita ao usuário tratar suas fotos instantaneamente através do celular e compartilhá-las nos
serviços de rede social. Foi inicialmente projetado para uso exclusivo em dispositivos móveis da Apple. Atualmente,
está disponível também no sistema Android, suportado por uma maior variedade de aparelhos. Endereço na web:
http://instagr.am/
13
   Prefere-se usar serviço ao invés de site porque o Twitter pode ser acessado também através de aplicativos para
plataformas móveis, em smartphones e tablets, e não apenas através de seu site na internet.


                                                                                                                  3
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       Diferente do que ocorre em muitas mídias sociais digitais - mais focadas no
suporte de redes sociais, com forte influência da preocupação com os laços interacionais
entre os atores, no Twitter predomina a função informativa, incluindo o
compartilhamento de notícias e links (KWAK et al, 2010; RECUERO e ZAGO, 2010).
A função informacional, no entanto, não deixa de se relacionar com as apropriações
conversacionais, pois uma apropriação informativa pode levar à conversação, e vice-
versa. A informação e a conversação podem ser entendidas como funções macro que
perpassam diferentes usos da ferramenta, uma espécie de hibridação que é característica
das mídias sociais digitais.
       As principais funcionalidades são as mentions, pelas quais os usuários podem
conversar entre si ou mencionar outros perfis presentes no serviço; os replies, que
permitem a conversa direta entre os interagentes; e os retweets ou RTs, usados para
replicar ou compartilhar uma informação dada por outra pessoa. Algumas dessas
funcionalidades foram sendo incorporadas ao serviço depois de terem sido criadas e
apropriadas pelos próprios interagentes.
   Uma importante apropriação do Twitter é o uso do sinal de sustenido “#” à frente de
expressões e palavras-chaves como forma de etiquetar os assuntos e agrupar as
postagens, que depois podem ser recuperadas através da pesquisa ou acompanhadas em
tempo real. A API aberta também facilita sua apropriação para diversos fins, por meio
de mixagens de suas funções originais com as de outros sistemas.
       Em 2010, uma mudança no Twitter incorporou algumas funcionalidades que já
existiam em aplicativos para utilização do serviço, ou que já eram adotadas
informalmente pelos interagentes. É o caso das replies, que hoje contam com um botão
específico. Sendo uma mídia social, a ferramenta pode ser apropriada para fins diversos,
dependendo do interesse e das habilidades dos usuários.




                                                                                       4
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2 PRÁTICAS JORNALÍSTICAS DE ZERO HORA NO TWITTER



          Para compreender a inserção do jornal Zero Hora no Twitter, é importante
contextualizar, ainda que brevemente, o ingresso do jornal na web. Trata-se de um
processo que pode ser relacionado às fases do jornalismo digital14, com o site
inicialmente estático e que recebe aos poucos possibilidades mais interativas, como a
seção de jornalismo participativo, até chegar à integração com as mídias sociais digitais
(MIELNICZUK, 2003; BARBOSA, 2007).
          Zero Hora ingressou na web em de 1997, com um site que reproduzia a versão
impressa do jornal, fazendo parte da primeira geração do webjornalismo15. A sua
inserção na plataforma digital ocorreu no mesmo período da maioria dos jornais
brasileiros, que inicialmente não iam além da mera transposição de suas versões
impressas para o meio digital, sem um aproveitamento das características potenciais da
mídia digital (MIELNICZUK, op cit).
          Em 1999, o site de Zero Hora foi integrado ao portal do Clic RBS, junto aos
demais produtos do grupo nas áreas de jornal impresso, televisão e rádio. Segundo
Belochio (2009), em 2007 é que cada veículo passou a estruturar seus sites
independentes, incluindo Zero Hora, que passou a ter na internet, além de sua versão
impressa, a versão totalmente digital. Desde setembro de 2010, a maioria dos conteúdos
da versão impressa só pode ser acessada no site por assinantes do jornal (CARVALHO,
2010).
          Atualmente, o site possui recursos que aproveitam as potencialidades do meio
digital, com notícias em tempo real, recursos multimídia e de jornalismo participaivo,
além de integração com mídias sociais, como blogs, Twitter e Facebook. Com o
objetivo de mapear o histórico de inserção de ZH no Twitter e observar os usos
jornalísticos dados pelo jornal à ferramenta, realizou-se uma observação exploratório-

14
   A literatura da área aponta quatro fases ou gerações do jornalismo digital. A primeira teria sido a fase transpositiva,
com sites que funcionavam como cópias de suas versões impressas; a segunda, denominada metáfora, reflete
produtos que passam a incorporar aos poucos funcionalidades típicas da web, como atualização contínua e
interatividade; a terceira fase seria aquela em que os sites dos jornais passam a explorar melhor as características do
suporte digital, como hipertextualidade e multimídia; e a quarta fase seria caracterizada pelas bases de dados,
jornalismo participativo, e exploração das potencialidades da web 2.0 (MIELNICZUK, 2003; BARBOSA, 2007).
15
   Embora alguns autores estabeleçam uma distinção entre os termos, usamos neste trabalho as denominações
webjornalismo, jornalismo digital e ciberjornalismo como sinônimos.


                                                                                                                        5
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descritiva no site de zerohora.com e no perfil do jornal no serviço, seguida de entrevista
com a editora de mídias sociais do Grupo RBS, Bárbara Nickel.


2.1. O perfil de Zero Hora no Twitter


         No site de zerohora.com, há um botão na barra lateral esquerda da página inicial
denominado “ZH no Twitter". Ao clicar nele, abre uma página em que estão linkados 37
perfis de editorias, cadernos, colunas e blogs, além de perfis pessoais de jornalistas de
Zero Hora (Figura 1), indicando a importância que o Twitter passou a representar para
o jornal. Em dezembro de 2010, o perfil já havia postado mais de sete mil tweets,
contava com 65 mil e 586 seguidores (followers) e seguia quatro mil 885 perfis
(following), conforme mostra a captura de tela na Figura 216.




                        Figura 1: Fragmento da página "Zero Hora no Twitter"
                                       Fonte: zerohora.com




16
   No dia 16 de abril de 2012, o perfil do jornal no Twitter apresentava os seguintes dados: 20.782 tweets, 114.547
following e 186.108 followers. Como se pode observar, chama atenção, sobretudo, o crescimento da proporção entre
seguidores e seguidos.


                                                                                                                 6
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         A fim de compreender o trabalho de Zero Hora com as mídias sociais digitais,
especialmente em relação ao uso do Twitter, realizou-se uma visita à redação do jornal,
nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 2010, quando foi realizada entrevista com a editora
de mídias sociais17.
         A jornalista Bárbara Nickel, uma das editoras de Zero Hora online, exerce desde
novembro de 2009 a função de editora de mídias sociais do Grupo RBS, englobando
todos os veículos de comunicação que pertencem ao grupo de comunicação. No entanto,
enquanto editora do jornal, ela tem sua base de atuação na redação de Zero Hora, junto à
editoria de online, que fica integrada ao restante da redação.
         O perfil de Zero Hora no Twitter foi criado em 2008, mas passou a ser utilizado
com mais frequência no decorrer de 2009. O trabalho diário de escolha do que vai ou
não ser postado nos perfis de Zero Hora no Twitter e Facebook18 é discutido em
conjunto entre os editores da redação online, ou mesmo do impresso, e os assistentes de
conteúdo19.




                   Figura 2: Número de followers e following do perfil @zerohora
                                   Fonte: perfil de Zero Hora noTwitter




17
   Também foi realizada entrevista com o editor geral de Zero Hora, Ricardo Stefanelli, que para este artigo não foi
considerada.
18
   Este trabalho ateve-se ao estudo do Twitter. O Facebook faz parte das ferramentas usadas pelo jornal desde 2009.
19
   Estagiários que ainda não concluíram a graduação em jornalismo.


                                                                                                                  7
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           A atuação de Nickel se dilui entre ajudar os jornalistas do Grupo a se integrar e
saber utilizar as ferramentas de mídia social, pensar em novas possibilidades de uso
dessas ferramentas, monitorar o que é dito sobre a organização nos sites de rede social,
respondendo quando for de sua alçada e repassando as questões aos setores
responsáveis, se for o caso. Ela foi contratada pelo jornal em 2007, quando foi lançado o
novo site da zerohora.com. Sua principal responsabilidade seria trabalhar com
iniciativas que envolvessem interatividade com o leitor, como a seção de jornalismo
participativo “leitor-repórter”.
           Na época, foram contratados profissionais do quadro, que já trabalhavam no
clicrbs, e muitos de fora da empresa, como foi o caso dela. Sua atuação, nesse período
inicial, entre 2007 e 2008, envolvia a participação do leitor, combinada a uma tarefa de
buscar novidades para o site da Zero Hora.
                             Eu sempre trabalhei com a equipe de assistentes de conteúdo na
                             mesma mesa. Sempre ajudei a controlar o fluxo de trabalho deles.
                             Com o tempo, as atividades foram sendo diluídas. Sempre me
                             interessei por buscar outros recursos para o site, pensar como usar a
                             ferramenta (NICKEL, 2010)20.

           Nesse processo de busca por novidades para o site do jornal, Nickel conheceu o
Twitter, especialmente com a repercussão que a ferramenta ganhou após as eleições de
Barack Obama, nos Estados Unidos, quando os sites de rede social ganharam destaque
por possibilitar a mobilização rápida das pessoas na internet. O perfil de Zero Hora no
Twitter foi criado por ela, em 2008, sem que um planejamento estratégico de uso da
ferramenta tivesse sido traçado, ou que alguma deliberação editorial tivesse sido
adotada para normatizar o uso do serviço.
           Esse uso mais motivado pela curiosidade e pela experimentação mudou de rumo
a partir de 2009, quando o Twitter se popularizou, passando a ser usado pela maioria
dos grandes jornais. Nesse período, a jornalista já era editora de zerohora.com e foi
convidada a fazer um projeto para cuidar das mídias sociais que estavam ganhando cada
vez mais força. Em novembro de 2009, foi feito o anúncio oficial de que ela seria
editora de mídias sociais do Grupo RBS. No entanto, a jornalista continuou
paralelamente com seu trabalho como editora de zerohora.com, passando a se dedicar
exclusivamente às mídias sociais em 2010.



20
     Em Carvalho (2010).


                                                                                                8
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             O modo como o Twitter passaria a ser usado pela Zero Hora foi sendo
construído pela editora em conjunto com os assistentes de conteúdo de zerohora.com.
Nesse contexto de troca sobre a ferramenta, uma das primeiras definições a respeito do
uso do Twitter foi sobre o tipo de postagem que o jornal iria priorizar. Ao perceber que
muitos jornais e organizações informativas estavam presentes no Twitter distribuindo
informações de caráter nacional e internacional, houve uma percepção de que Zero Hora
deveria focar nas notícias regionais, do Rio Grande do Sul. Então as postagens com
chamadas para notícias do site deveriam ser guiadas pelo critério do apelo local. Outra
definição foi quanto à postagem de links para assuntos interessantes abordados nos
blogs e no site do jornal, bem como chamadas para infográficos e vídeos.
             Também houve uma preocupação inicial com a interação com o público. Ainda
que o Twitter seja utilizado por Zero Hora como uma ferramenta jornalística, de
produção da Redação do jornal, os interagentes identificam seu perfil como uma
presença organizacional, para além da questão jornalística. São feitos comentários sobre
atendimento, reclamações sobre assinaturas, que acabam envolvendo os jornalistas que
postam no Twitter de Zero Hora com assuntos que ultrapassam o uso jornalístico. “[...]
Isso é uma ficha que ta caindo faz pouco tempo, da resposta, do atendimento como uma
questão estratégica” (NICKEL, 2010)21. A editora reconhece que a maioria dos jornais
tem ótimos projetos editoriais, mas não de atendimento, pois as organizações entendem
que não estão ali para responder. “E é atendimento, as pessoas entendem como
atendimento”, complementa.
             Com relação a essas especificidades do uso do Twitter pela Zero Hora, Nickel
afirma que ele reflete a política geral da empresa para a internet, fazendo, portanto,
emergir em suas postagens o modo como a organização vê o negócio como um todo e o
jornalismo online.
             Um dos aspectos da utilização do Twitter e de outras ferramentas de mídia social
diz respeito ao crescimento no número de acessos ao portal do Grupo RBS, o Clic RBS.
Análises de monitoramento feito pelo Grupo mostram que a presença do jornal nos
serviços de mídia social representa maior visibilidade ao seu portal na web. Os números




21
     Idem.


                                                                                            9
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têm crescido, mostrando que as postagens nesses sites com links para os produtos do
jornal na web é uma estratégia que dá resultados22.
         A importância da participação do jornal nas mídias sociais digitais, no entanto, é
mais complexa do que podem indicar os números. Em texto publicado no Blog do
Editor no dia 21/11/2009, e com o mesmo conteúdo em editorial na edição impressa de
Zero Hora no dia 22/11/2009, o editor Ricardo Stefanelli fala sobre o que considera um
marco na relação do jornal com os leitores – a cobertura feita por Zero Hora e os demais
veículos da RBS com a participação do público a partir do temporal que atingiu grande
parte do Rio Grande do Sul no dia 18/11 daquele mesmo ano. Segundo o editor, na
redação de Zero Hora e dos demais veículos do grupo, não paravam de chegar
contribuições sobre os estragos causados pelo temporal:
                               Eram fotos, vídeos e textos em profusão, delimitando um novo marco
                               na participação de ouvintes, leitores, internautas e telespectadores. O
                               acesso ilimitado a novas ferramentas via internet estimulava a
                               interatividade numa forma que nem nós conhecíamos. (...) Árvores
                               caídas, muros derrubados, telhas arrancadas, gente ferida ou morta
                               compunham os registros, alguns consternados. Até a noite daquela
                               quinta, mais de 22 mil pessoas haviam entrado no blog ao vivo para
                               acompanhar o minuto a minuto e relatar dramas ou buscar de
                               informações. Até então, a maior participação neste tipo de cobertura
                               ao vivo de zerohora.com envolvera cerca de 8 mil internautas.
                               (STEFANELLI, 2009)


         Ao destacar no editorial a questão da participação, da cobertura colaborativa e
do relacionamento do jornal com os leitores, o editor revela a importância de algumas
características das mídias sociais digitais para o jornalismo de Zero Hora. O evento
“temporal” pode ser, então, considerado, do ponto de vista institucional, um marco da
inserção do periódico na ambiência das mídias sociais digitais23.




22
   Segundo dados apresentados à pesquisadora pela editora de mídias sociais, em agosto de 2009, 2,5% do total de
acessos ao site do clicrbs (RS) chegava através de links nas ferramentas de mídia social digital. Em agosto de 2010,
esse percentual chegava a 4%. Segundo Bárbara Nickel, o monitoramento não indica o papel das mídias sociais no
número de visitas ao site de zerohora.com especificamente. As pesquisas realizadas pelo Grupo mostram, ainda, que
há um crescimento significativo no número de leitores que chegam ao portal clicrbs através da página web do
Twitter. Essa é a ferramenta de mídia social que envia o maior número de visitas ao portal do Grupo RBS. Do total de
visitas ao clicrbs do Rio Grande do sul em agosto de 2010, 62% vieram do Twitter, representando 848 mil acessos. Já
o Facebook, que levava ao portal uma média de 10 mil acessos nos primeiros meses de 2010, passou a enviar 40 mil
acessos em julho e 70 mil em agosto (CARVALHO, 2010).
23
   Na dissertação de Mestrado de Carvalho (2010), o referido acontecimento constitui um dos corpora de pesquisa em
que foram analisados os principais usos dados pelo jornal ao Twitter, com destaque para quatro categorias: difusão de
informações, participação, compartilhamento e conversação.


                                                                                                                  10
ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia
         4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia
         São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012




CONSIDERAÇÕES FINAIS


       Este trabalho teceu algumas considerações introdutórias sobre o ingresso do
jornal Zero Hora no Twitter, em 2008, e algumas de suas práticas desenvolvidas nos
anos seguintes na ferramenta.
       Por meio de revisão de literatura sobre mídias sociais digitais, observação
participante na redação do jornal e entrevista com a editora de mídias sociais do Grupo
RBS, foi possível observar aspectos do processo de inserção de ZH na ambiência do
Twitter, de modo particular, e das mídias sociais digitais, de modo geral.
       Foi possível identificar uma apropriação mais instintiva do que estratégica do
serviço, mostrando uma preocupação do jornal em estar presente na ambiência da mídia
social digital, sem que houvesse um planejamento de sua utilização. Cabe verificar se
esta tendência de uso se aplica a outras ferramentas de mídia social digital.
       A entrevista com a editora de mídias sociais e a observação das rotinas na
redação apontou para usos voltados à informação e à interação com os leitores, neste
período inicial de utilização do Twitter. Os resultados indicam que novos estudos
devem ser realizados para se promover um mapeamento histórico dos usos dados pelos
veículos jornalísticos aos serviços de mídia social digital.




REFERÊNCIAS


BARBOSA, Suzana. (2007). Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD) - Um
paradigma para produtos jornalísticos digitais dinâmicos. (Tese de Doutorado).
FACOM/UFBA. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/producao_teses.htm>.
Acesso em 17/07/2010.

BELOCHIO, Vivian. (2009). Jornalismo Colaborativo em Redes Digitais: estratégia
comunicacional no ciberespaço - o caso de zero hora.com. (Dissertação de Mestrado).
POSCOM/UFSM.

CARVALHO, Luciana. (2010). Legitimação institucional do jornalismo informativo
nas mídias sociais digitais: estratégias emergentes no conteúdo de Zero Hora no Twitter.
(Dissertação     de      Mestrado).       POSCOM/UFSM.         Disponível     em:     <



                                                                                      11
ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia
        4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia
        São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012


<http://w3.ufsm.br/poscom/wp-content/uploads/2011/08/Luciana-Menezes-Carvalho-
Disserta%C3%A7%C3%A3o-2009.pdf>.

HONEYCUTT, C. & HERRING, S.C. Beyond microblogging: Conversation and
collaboration via Twitter. Forty-Second Hawai'i International Conference on
System Sciences. Los Alamitos, CA: IEEE Press, 2009. Disponível em:
http://ella.slis.indiana.edu/~herring/honeycutt.herring.2009.pdf. Acesso em: 02/06/2009.

KWAK, H. et al. What is Twitter, a social network or a news media? WWW’10
Proceedings of the 19th internacional conference on World Wide Web. Raleigh,
USA, 2010. Disponível em: http://an.kaist.ac.kr/traces/WWW2010.html. Acesso em
20/12/2010.

MIELNICZUK, Luciana. (2003). Jornalismo na Web: uma contribuição para o estudo
do formato da notícia na escrita hipertextual. (Tese de doutorado) – FACOM-UFBA.

RECUERO, Raquel. ZAGO, Gabriela. “RT, por favor”: considerações sobre a difusão
de informações no Twitter. Revista Fronteiras: estudos midiáticos, vol. 12, n. 2, maio-
agosto 2010. Disponível em: <http://www.fronteiras.unisinos.br/pdf/88.pdf>. Acesso
em 10/12/2010.

SAAD, Beth. Estratégias 2.0 para a mídia digital: internet, informação e
comunicação. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008.

STEFANELLI, R. Blog do Editor. Leitores também iluminam a cena. Disponível em:
<http://wp.clicrbs.com.br/editor/2009/11/21/leitores-tambem-iluminam-a-cena/>.
Acesso em: 21/11/2009.




                                                                                      12

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  • 1. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 Jornalismo e mídia social digital: considerações sobre o ingresso do jornal Zero Hora no Twitter Luciana Menezes Carvalho1 Eugenia Mariano da Rocha Barichello2 UFSM, Santa Maria, RS RESUMO Este trabalho reflete sobre práticas do jornalismo na ambiência das mídias sociais digitais. Tecem-se algumas considerações a respeito do ingresso do jornal Zero Hora no serviço de micromensagens Twitter, ocorrido em 2008. O artigo parte de pesquisa desenvolvida entre 2009 e 2010. As metodologias empregadas foram revisão de literatura, observação participante e entrevista. O relato está dividido em duas seções: a primeira apresenta conceituação introdutória de mídia social digital, além de aspectos históricos do Twitter e suas funcionalidades; a segunda seção diz respeito à inserção de Zero Hora no serviço. As conclusões apontam para o entendimento de que o processo de utilização jornalística do Twitter consiste em uma etapa inicial de ingresso de ZH na ambiência das mídias sociais digitais. PALAVRAS-CHAVE: Mídia social digital; história da mídia; Twitter; Zero Hora. INTRODUÇÃO A quarta geração do jornalismo digital ou Jornalismo Digital em Base de Dados – JDBD3 (BARBOSA, 2007) tem entre suas características a exploração, por parte dos processos e produtos jornalísticos, das possibilidades informativas e comunicacionais das mídias sociais digitais. O processo de inserção dos veículos informativos nessa ambiência4 ocorre paralelamente à utilização das ferramentas pelos atores individuais, coletivos e institucionais. 1 Mestre em Comunicação Midiática (UFSM); doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática (POSCOM – UFSM); professora no curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA. E-mail: lucianamenezescarvalho@gmail.com 2 Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ); professora titular e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática – POSCOM-UFSM. E-mail: eugeniabarichello@gmail.com 3 O trabalho não tem por objetivo aprofundar a discussão sobre JDBD, ou discorrer sobre o percurso histórico do jornalismo digital e suas gerações. O conceito aparece apenas para contextualizar esta fase de inserção dos veículos jornalísticos nas mídias sociais digitais. 4 Remete ao conceito de medium em MCLuhan, para o qual o meio envolve sempre uma ambiência cultural, indo além da ideia de canal ou suporte técnico. 1
  • 2. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 Um dos primeiros serviços a ser apropriados pelo jornalismo foi o Twitter5 que, a partir de 2008, passou a ser usado amplamente na divulgação de notícias6 e interação com o público. O jornal Zero Hora (ZH) criou seu perfil no serviço em 2008, passando a utilizar a ferramenta de modo periódico no ano seguinte. O perfil é mantido pela redação de Zero Hora Online para divulgação de manchetes, coberturas colaborativas e interação com os seguidores7. 1 MÍDIA SOCIAL DIGITAL A denominação mídia social ganhou força a partir de algumas apropriações das possibilidades da web 2.0 – termo cunhado por Tim O’Reilly (2005) para explicar um conjunto de transformações da web, com destaque ao papel ativo do usuário (SAAD, 2008). Ela é caracterizada como plataforma, em que o conteúdo é gerado pelos interagentes e não apenas por editores e programadores, como ocorria na fase anterior, com sites mais estáticos e pouca possibilidade de interação. Na atual fase, a web ultrapassa a conexão entre computadores, passando a conectar pessoas, o que se dá cada vez mais através de dispositivos móveis. A ideia de que toda mídia deveria, por essência, ser social, cria a necessidade de uma maior delimitação ao termo, optando-se por “mídia social digital” para caracterizar esta nova ambiência de fluxos informacionais e comunicacionais (CARVALHO, 2010). São sistemas que possibilitam usos e apropriações que envolvem participação ativa do interagente através de comentários, recomendações, disseminação e compartilhamento de conteúdo próprio ou de terceiros. Esses meios carregam em si uma potencialidade para o uso social. São exemplos de ferramentas de mídia social digital serviços como Facebook8, Youtube9, Flickr10, 5 Serviço de micromensagens ou microblogging criado em 2006, nos Estados Unidos, cujas postagens são limitadas a 140 caracteres. Endereço na web: http://twitter.com 6 Os usos informativos e noticiosos do Twitter destacam-se em situações de conflito, como a Primavera Árabe, e de tragédias, como terremotos e enchentes. 7 Conforme observação realizada durante pesquisa de dissertação de Mestrado (CARVALHO, 2010). 8 Serviço de rede social criado em 2004, nos Estados Unidos. Permite a criação de perfis pessoais e fanpages (páginas para uso institucional ou comercial). Endereço na web: http://www.facebook.com 9 Serviço de compartilhamento de vídeos fundado em 2005. Endereço na web: http://www.youtube.com 10 Serviço de hospedagem e compartilhamento de imagens fundado em 2004, no Canadá. O serviço permite que as imagens sejam etiquetadas através de tags, funcionando também como um fotolog. Endereço na web: http://www.flickr.com/ 2
  • 3. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 Slideshare11, Instagram12, cada um atuando de modo distinto e possibilitando usos combinados, conforme as apropriações dos atores. Ainda que sejam utilizadas tanto por usuários independentes quanto por atores sociais corporativos, de forma estratégica - podendo ser apropriadas de modo massivo - as ferramentas de mídia social digital, diferentemente do que ocorre com os meios de comunicação de massa tradicionais, como o jornal impresso, a TV e o rádio, circulam em outra lógica, não linear, em rede e interativa, em que os usuários não precisam de autorização da esfera produtiva para se manifestar. O serviço de micromensagens Twitter é uma das principais manifestações dessa nova ambiência midiática, em que a apropriação dos interagentes determina sua função social. 1.1 Twitter: histórico e funcionalidades Embora exista desde 2006, o serviço13 de micromensagens Twitter teve seu crescimento e popularização a partir de 2008 (HONEYCUTT & HERRING, 2009). Trata-se de uma mídia social digital porque envolve uma ambiência com características e funcionalidades que, de certo modo, favorecem apropriações voltadas à participação, à mediação descentralizada e à conversação. Inicialmente, respondia-se à questão inicial “O que você está fazendo?”. Com o crescimento dos usos mais voltados à troca de informação de relevância jornalística e social, a frase foi substituída por “O que está acontecendo?”. Assim que foi lançado, o serviço era utilizado principalmente para postagens pessoais, mas com o tempo foi crescendo a apropriação voltada para usos informativos e colaborativos da ferramenta (HONEYCUTT & HERRING, 2009). Atualmente, o serviço é considerado um novo meio de compartilhamento de informações, sendo mais utilizado como mídia noticiosa do que como rede social (KWAK et al, 2010). 11 Outro serviço considerado típico da web 2.0. É focado no carregamento e compartilhamento de apresentações e arquivos de texto. Endereço na web: http://slideshare.net 12 Aplicativo que possibilita ao usuário tratar suas fotos instantaneamente através do celular e compartilhá-las nos serviços de rede social. Foi inicialmente projetado para uso exclusivo em dispositivos móveis da Apple. Atualmente, está disponível também no sistema Android, suportado por uma maior variedade de aparelhos. Endereço na web: http://instagr.am/ 13 Prefere-se usar serviço ao invés de site porque o Twitter pode ser acessado também através de aplicativos para plataformas móveis, em smartphones e tablets, e não apenas através de seu site na internet. 3
  • 4. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 Diferente do que ocorre em muitas mídias sociais digitais - mais focadas no suporte de redes sociais, com forte influência da preocupação com os laços interacionais entre os atores, no Twitter predomina a função informativa, incluindo o compartilhamento de notícias e links (KWAK et al, 2010; RECUERO e ZAGO, 2010). A função informacional, no entanto, não deixa de se relacionar com as apropriações conversacionais, pois uma apropriação informativa pode levar à conversação, e vice- versa. A informação e a conversação podem ser entendidas como funções macro que perpassam diferentes usos da ferramenta, uma espécie de hibridação que é característica das mídias sociais digitais. As principais funcionalidades são as mentions, pelas quais os usuários podem conversar entre si ou mencionar outros perfis presentes no serviço; os replies, que permitem a conversa direta entre os interagentes; e os retweets ou RTs, usados para replicar ou compartilhar uma informação dada por outra pessoa. Algumas dessas funcionalidades foram sendo incorporadas ao serviço depois de terem sido criadas e apropriadas pelos próprios interagentes. Uma importante apropriação do Twitter é o uso do sinal de sustenido “#” à frente de expressões e palavras-chaves como forma de etiquetar os assuntos e agrupar as postagens, que depois podem ser recuperadas através da pesquisa ou acompanhadas em tempo real. A API aberta também facilita sua apropriação para diversos fins, por meio de mixagens de suas funções originais com as de outros sistemas. Em 2010, uma mudança no Twitter incorporou algumas funcionalidades que já existiam em aplicativos para utilização do serviço, ou que já eram adotadas informalmente pelos interagentes. É o caso das replies, que hoje contam com um botão específico. Sendo uma mídia social, a ferramenta pode ser apropriada para fins diversos, dependendo do interesse e das habilidades dos usuários. 4
  • 5. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 2 PRÁTICAS JORNALÍSTICAS DE ZERO HORA NO TWITTER Para compreender a inserção do jornal Zero Hora no Twitter, é importante contextualizar, ainda que brevemente, o ingresso do jornal na web. Trata-se de um processo que pode ser relacionado às fases do jornalismo digital14, com o site inicialmente estático e que recebe aos poucos possibilidades mais interativas, como a seção de jornalismo participativo, até chegar à integração com as mídias sociais digitais (MIELNICZUK, 2003; BARBOSA, 2007). Zero Hora ingressou na web em de 1997, com um site que reproduzia a versão impressa do jornal, fazendo parte da primeira geração do webjornalismo15. A sua inserção na plataforma digital ocorreu no mesmo período da maioria dos jornais brasileiros, que inicialmente não iam além da mera transposição de suas versões impressas para o meio digital, sem um aproveitamento das características potenciais da mídia digital (MIELNICZUK, op cit). Em 1999, o site de Zero Hora foi integrado ao portal do Clic RBS, junto aos demais produtos do grupo nas áreas de jornal impresso, televisão e rádio. Segundo Belochio (2009), em 2007 é que cada veículo passou a estruturar seus sites independentes, incluindo Zero Hora, que passou a ter na internet, além de sua versão impressa, a versão totalmente digital. Desde setembro de 2010, a maioria dos conteúdos da versão impressa só pode ser acessada no site por assinantes do jornal (CARVALHO, 2010). Atualmente, o site possui recursos que aproveitam as potencialidades do meio digital, com notícias em tempo real, recursos multimídia e de jornalismo participaivo, além de integração com mídias sociais, como blogs, Twitter e Facebook. Com o objetivo de mapear o histórico de inserção de ZH no Twitter e observar os usos jornalísticos dados pelo jornal à ferramenta, realizou-se uma observação exploratório- 14 A literatura da área aponta quatro fases ou gerações do jornalismo digital. A primeira teria sido a fase transpositiva, com sites que funcionavam como cópias de suas versões impressas; a segunda, denominada metáfora, reflete produtos que passam a incorporar aos poucos funcionalidades típicas da web, como atualização contínua e interatividade; a terceira fase seria aquela em que os sites dos jornais passam a explorar melhor as características do suporte digital, como hipertextualidade e multimídia; e a quarta fase seria caracterizada pelas bases de dados, jornalismo participativo, e exploração das potencialidades da web 2.0 (MIELNICZUK, 2003; BARBOSA, 2007). 15 Embora alguns autores estabeleçam uma distinção entre os termos, usamos neste trabalho as denominações webjornalismo, jornalismo digital e ciberjornalismo como sinônimos. 5
  • 6. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 descritiva no site de zerohora.com e no perfil do jornal no serviço, seguida de entrevista com a editora de mídias sociais do Grupo RBS, Bárbara Nickel. 2.1. O perfil de Zero Hora no Twitter No site de zerohora.com, há um botão na barra lateral esquerda da página inicial denominado “ZH no Twitter". Ao clicar nele, abre uma página em que estão linkados 37 perfis de editorias, cadernos, colunas e blogs, além de perfis pessoais de jornalistas de Zero Hora (Figura 1), indicando a importância que o Twitter passou a representar para o jornal. Em dezembro de 2010, o perfil já havia postado mais de sete mil tweets, contava com 65 mil e 586 seguidores (followers) e seguia quatro mil 885 perfis (following), conforme mostra a captura de tela na Figura 216. Figura 1: Fragmento da página "Zero Hora no Twitter" Fonte: zerohora.com 16 No dia 16 de abril de 2012, o perfil do jornal no Twitter apresentava os seguintes dados: 20.782 tweets, 114.547 following e 186.108 followers. Como se pode observar, chama atenção, sobretudo, o crescimento da proporção entre seguidores e seguidos. 6
  • 7. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 A fim de compreender o trabalho de Zero Hora com as mídias sociais digitais, especialmente em relação ao uso do Twitter, realizou-se uma visita à redação do jornal, nos dias 15, 16 e 17 de setembro de 2010, quando foi realizada entrevista com a editora de mídias sociais17. A jornalista Bárbara Nickel, uma das editoras de Zero Hora online, exerce desde novembro de 2009 a função de editora de mídias sociais do Grupo RBS, englobando todos os veículos de comunicação que pertencem ao grupo de comunicação. No entanto, enquanto editora do jornal, ela tem sua base de atuação na redação de Zero Hora, junto à editoria de online, que fica integrada ao restante da redação. O perfil de Zero Hora no Twitter foi criado em 2008, mas passou a ser utilizado com mais frequência no decorrer de 2009. O trabalho diário de escolha do que vai ou não ser postado nos perfis de Zero Hora no Twitter e Facebook18 é discutido em conjunto entre os editores da redação online, ou mesmo do impresso, e os assistentes de conteúdo19. Figura 2: Número de followers e following do perfil @zerohora Fonte: perfil de Zero Hora noTwitter 17 Também foi realizada entrevista com o editor geral de Zero Hora, Ricardo Stefanelli, que para este artigo não foi considerada. 18 Este trabalho ateve-se ao estudo do Twitter. O Facebook faz parte das ferramentas usadas pelo jornal desde 2009. 19 Estagiários que ainda não concluíram a graduação em jornalismo. 7
  • 8. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 A atuação de Nickel se dilui entre ajudar os jornalistas do Grupo a se integrar e saber utilizar as ferramentas de mídia social, pensar em novas possibilidades de uso dessas ferramentas, monitorar o que é dito sobre a organização nos sites de rede social, respondendo quando for de sua alçada e repassando as questões aos setores responsáveis, se for o caso. Ela foi contratada pelo jornal em 2007, quando foi lançado o novo site da zerohora.com. Sua principal responsabilidade seria trabalhar com iniciativas que envolvessem interatividade com o leitor, como a seção de jornalismo participativo “leitor-repórter”. Na época, foram contratados profissionais do quadro, que já trabalhavam no clicrbs, e muitos de fora da empresa, como foi o caso dela. Sua atuação, nesse período inicial, entre 2007 e 2008, envolvia a participação do leitor, combinada a uma tarefa de buscar novidades para o site da Zero Hora. Eu sempre trabalhei com a equipe de assistentes de conteúdo na mesma mesa. Sempre ajudei a controlar o fluxo de trabalho deles. Com o tempo, as atividades foram sendo diluídas. Sempre me interessei por buscar outros recursos para o site, pensar como usar a ferramenta (NICKEL, 2010)20. Nesse processo de busca por novidades para o site do jornal, Nickel conheceu o Twitter, especialmente com a repercussão que a ferramenta ganhou após as eleições de Barack Obama, nos Estados Unidos, quando os sites de rede social ganharam destaque por possibilitar a mobilização rápida das pessoas na internet. O perfil de Zero Hora no Twitter foi criado por ela, em 2008, sem que um planejamento estratégico de uso da ferramenta tivesse sido traçado, ou que alguma deliberação editorial tivesse sido adotada para normatizar o uso do serviço. Esse uso mais motivado pela curiosidade e pela experimentação mudou de rumo a partir de 2009, quando o Twitter se popularizou, passando a ser usado pela maioria dos grandes jornais. Nesse período, a jornalista já era editora de zerohora.com e foi convidada a fazer um projeto para cuidar das mídias sociais que estavam ganhando cada vez mais força. Em novembro de 2009, foi feito o anúncio oficial de que ela seria editora de mídias sociais do Grupo RBS. No entanto, a jornalista continuou paralelamente com seu trabalho como editora de zerohora.com, passando a se dedicar exclusivamente às mídias sociais em 2010. 20 Em Carvalho (2010). 8
  • 9. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 O modo como o Twitter passaria a ser usado pela Zero Hora foi sendo construído pela editora em conjunto com os assistentes de conteúdo de zerohora.com. Nesse contexto de troca sobre a ferramenta, uma das primeiras definições a respeito do uso do Twitter foi sobre o tipo de postagem que o jornal iria priorizar. Ao perceber que muitos jornais e organizações informativas estavam presentes no Twitter distribuindo informações de caráter nacional e internacional, houve uma percepção de que Zero Hora deveria focar nas notícias regionais, do Rio Grande do Sul. Então as postagens com chamadas para notícias do site deveriam ser guiadas pelo critério do apelo local. Outra definição foi quanto à postagem de links para assuntos interessantes abordados nos blogs e no site do jornal, bem como chamadas para infográficos e vídeos. Também houve uma preocupação inicial com a interação com o público. Ainda que o Twitter seja utilizado por Zero Hora como uma ferramenta jornalística, de produção da Redação do jornal, os interagentes identificam seu perfil como uma presença organizacional, para além da questão jornalística. São feitos comentários sobre atendimento, reclamações sobre assinaturas, que acabam envolvendo os jornalistas que postam no Twitter de Zero Hora com assuntos que ultrapassam o uso jornalístico. “[...] Isso é uma ficha que ta caindo faz pouco tempo, da resposta, do atendimento como uma questão estratégica” (NICKEL, 2010)21. A editora reconhece que a maioria dos jornais tem ótimos projetos editoriais, mas não de atendimento, pois as organizações entendem que não estão ali para responder. “E é atendimento, as pessoas entendem como atendimento”, complementa. Com relação a essas especificidades do uso do Twitter pela Zero Hora, Nickel afirma que ele reflete a política geral da empresa para a internet, fazendo, portanto, emergir em suas postagens o modo como a organização vê o negócio como um todo e o jornalismo online. Um dos aspectos da utilização do Twitter e de outras ferramentas de mídia social diz respeito ao crescimento no número de acessos ao portal do Grupo RBS, o Clic RBS. Análises de monitoramento feito pelo Grupo mostram que a presença do jornal nos serviços de mídia social representa maior visibilidade ao seu portal na web. Os números 21 Idem. 9
  • 10. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 têm crescido, mostrando que as postagens nesses sites com links para os produtos do jornal na web é uma estratégia que dá resultados22. A importância da participação do jornal nas mídias sociais digitais, no entanto, é mais complexa do que podem indicar os números. Em texto publicado no Blog do Editor no dia 21/11/2009, e com o mesmo conteúdo em editorial na edição impressa de Zero Hora no dia 22/11/2009, o editor Ricardo Stefanelli fala sobre o que considera um marco na relação do jornal com os leitores – a cobertura feita por Zero Hora e os demais veículos da RBS com a participação do público a partir do temporal que atingiu grande parte do Rio Grande do Sul no dia 18/11 daquele mesmo ano. Segundo o editor, na redação de Zero Hora e dos demais veículos do grupo, não paravam de chegar contribuições sobre os estragos causados pelo temporal: Eram fotos, vídeos e textos em profusão, delimitando um novo marco na participação de ouvintes, leitores, internautas e telespectadores. O acesso ilimitado a novas ferramentas via internet estimulava a interatividade numa forma que nem nós conhecíamos. (...) Árvores caídas, muros derrubados, telhas arrancadas, gente ferida ou morta compunham os registros, alguns consternados. Até a noite daquela quinta, mais de 22 mil pessoas haviam entrado no blog ao vivo para acompanhar o minuto a minuto e relatar dramas ou buscar de informações. Até então, a maior participação neste tipo de cobertura ao vivo de zerohora.com envolvera cerca de 8 mil internautas. (STEFANELLI, 2009) Ao destacar no editorial a questão da participação, da cobertura colaborativa e do relacionamento do jornal com os leitores, o editor revela a importância de algumas características das mídias sociais digitais para o jornalismo de Zero Hora. O evento “temporal” pode ser, então, considerado, do ponto de vista institucional, um marco da inserção do periódico na ambiência das mídias sociais digitais23. 22 Segundo dados apresentados à pesquisadora pela editora de mídias sociais, em agosto de 2009, 2,5% do total de acessos ao site do clicrbs (RS) chegava através de links nas ferramentas de mídia social digital. Em agosto de 2010, esse percentual chegava a 4%. Segundo Bárbara Nickel, o monitoramento não indica o papel das mídias sociais no número de visitas ao site de zerohora.com especificamente. As pesquisas realizadas pelo Grupo mostram, ainda, que há um crescimento significativo no número de leitores que chegam ao portal clicrbs através da página web do Twitter. Essa é a ferramenta de mídia social que envia o maior número de visitas ao portal do Grupo RBS. Do total de visitas ao clicrbs do Rio Grande do sul em agosto de 2010, 62% vieram do Twitter, representando 848 mil acessos. Já o Facebook, que levava ao portal uma média de 10 mil acessos nos primeiros meses de 2010, passou a enviar 40 mil acessos em julho e 70 mil em agosto (CARVALHO, 2010). 23 Na dissertação de Mestrado de Carvalho (2010), o referido acontecimento constitui um dos corpora de pesquisa em que foram analisados os principais usos dados pelo jornal ao Twitter, com destaque para quatro categorias: difusão de informações, participação, compartilhamento e conversação. 10
  • 11. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teceu algumas considerações introdutórias sobre o ingresso do jornal Zero Hora no Twitter, em 2008, e algumas de suas práticas desenvolvidas nos anos seguintes na ferramenta. Por meio de revisão de literatura sobre mídias sociais digitais, observação participante na redação do jornal e entrevista com a editora de mídias sociais do Grupo RBS, foi possível observar aspectos do processo de inserção de ZH na ambiência do Twitter, de modo particular, e das mídias sociais digitais, de modo geral. Foi possível identificar uma apropriação mais instintiva do que estratégica do serviço, mostrando uma preocupação do jornal em estar presente na ambiência da mídia social digital, sem que houvesse um planejamento de sua utilização. Cabe verificar se esta tendência de uso se aplica a outras ferramentas de mídia social digital. A entrevista com a editora de mídias sociais e a observação das rotinas na redação apontou para usos voltados à informação e à interação com os leitores, neste período inicial de utilização do Twitter. Os resultados indicam que novos estudos devem ser realizados para se promover um mapeamento histórico dos usos dados pelos veículos jornalísticos aos serviços de mídia social digital. REFERÊNCIAS BARBOSA, Suzana. (2007). Jornalismo Digital em Base de Dados (JDBD) - Um paradigma para produtos jornalísticos digitais dinâmicos. (Tese de Doutorado). FACOM/UFBA. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/jol/producao_teses.htm>. Acesso em 17/07/2010. BELOCHIO, Vivian. (2009). Jornalismo Colaborativo em Redes Digitais: estratégia comunicacional no ciberespaço - o caso de zero hora.com. (Dissertação de Mestrado). POSCOM/UFSM. CARVALHO, Luciana. (2010). Legitimação institucional do jornalismo informativo nas mídias sociais digitais: estratégias emergentes no conteúdo de Zero Hora no Twitter. (Dissertação de Mestrado). POSCOM/UFSM. Disponível em: < 11
  • 12. ALCAR - Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia 4º Encontro do Núcleo Gaúcho de História da Mídia São Borja, RS - 14 e 15 de maio de 2012 <http://w3.ufsm.br/poscom/wp-content/uploads/2011/08/Luciana-Menezes-Carvalho- Disserta%C3%A7%C3%A3o-2009.pdf>. HONEYCUTT, C. & HERRING, S.C. Beyond microblogging: Conversation and collaboration via Twitter. Forty-Second Hawai'i International Conference on System Sciences. Los Alamitos, CA: IEEE Press, 2009. Disponível em: http://ella.slis.indiana.edu/~herring/honeycutt.herring.2009.pdf. Acesso em: 02/06/2009. KWAK, H. et al. What is Twitter, a social network or a news media? WWW’10 Proceedings of the 19th internacional conference on World Wide Web. Raleigh, USA, 2010. Disponível em: http://an.kaist.ac.kr/traces/WWW2010.html. Acesso em 20/12/2010. MIELNICZUK, Luciana. (2003). Jornalismo na Web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual. (Tese de doutorado) – FACOM-UFBA. RECUERO, Raquel. ZAGO, Gabriela. “RT, por favor”: considerações sobre a difusão de informações no Twitter. Revista Fronteiras: estudos midiáticos, vol. 12, n. 2, maio- agosto 2010. Disponível em: <http://www.fronteiras.unisinos.br/pdf/88.pdf>. Acesso em 10/12/2010. SAAD, Beth. Estratégias 2.0 para a mídia digital: internet, informação e comunicação. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. STEFANELLI, R. Blog do Editor. Leitores também iluminam a cena. Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/editor/2009/11/21/leitores-tambem-iluminam-a-cena/>. Acesso em: 21/11/2009. 12