O documento discute as relações intertextuais entre textos literários, definindo intertextualidade e apresentando os principais tipos: alusão, citação, epígrafe, paráfrase e paródia. Também analisa exemplos de intertextualidade na Canção do Exílio de Casemiro de Abreu e em outras obras que fazem referência a ela.
1. Relações Intertextuais
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2. Definição
INTERTEXTUALIDADE
É a relação existente entre dois textos
em que um recria ou cita o outro, mesmo
que de modo passageiro.
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3. Relações
Intertextuais
Nas relações
intertextuais,
sempre temos um
texto original,
chamado também
de
TEXTO
MATRIZ.
CANÇÃO DO EXÍLIO
“Kennst du das Land, wo die Zitronen blühn,
Im dunkeln Laud die Gold-Orangem glühn,
Kennst du es wohl?
— Dahin, dahin!
Möch ich… ziehn.
Johann Wolfgang von Goethe
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
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4. Relações
Intertextuais
Nas relações
intertextuais,
sempre temos um
texto original,
chamado também
de
TEXTO
MATRIZ.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores.
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
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5. Relações
Intertextuais
Nas relações
intertextuais,
sempre temos um
texto original,
chamado também
de
TEXTO
MATRIZ.
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Minha terra tem primores
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiá.
6. Principais Tipos de Intertextualidade
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8. ALUSÃO
Referência explícita ou implícita a uma obra de arte,
um fato histórico ou um autor, para servir de termo
de comparação;
Apela à capacidade de associação de ideias do leitor;
Depende fortemente do contexto em que está
inserida.
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11. CITAÇÃO
Reprodução de uma enunciação pertencente a outro
processo enunciativo;
Reprodução exata do discurso citado;
A citação normalmente vem indicada por pontuação
específica e referência ao autor do enunciado
original.
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14. EPÍGRAFE
Pequeno texto ou fragmento em forma de inscrição
posta no início de um livro, capítulo, poema etc.;
Serve de tema, mote ou motivação;
Pode resumir o pensamento ou conjunto ideológico
que será apresentado;
Ora vale como um lema, ora como elemento
causal/consequente do enunciado em questão.
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15. EPÍGRAFE
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“Kennst du das Land, wo die Zitronen blühn,
Im dunkeln Laud die Gold-Orangem glühn,
Kennst du es wohl?
— Dahin, dahin!
Möch ich… ziehn.
Conheceis o país onde florescem as laranjeiras?
Ardem na escura fronde os frutos de ouro...
Conhecê-lo?
– Para lá, para lá
quisera eu ir!
Johann Wolfgang von Goethe
17. PARÁFRASE
Tradução interpretativa de um texto, sem prestar
muita atenção à forma original do texto traduzido;
Reprodução explicativa de um texto, no qual se
mantêm basicamente as ideias originais, podendo
acrescentar-se a elas algumas ideias e impressões de
quem parafraseia o texto;
EM SUMA: reescrever o texto mantendo as ideias e
modificando as palavras.
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20. PARÓDIA
Recriação de um texto com nítido objetivo de
satirizar, contestar ou ridicularizar um discurso
específico;
Ruptura com as ideologias impostas;
Leva o leitor a uma reflexão crítica das verdades
incontestadas anteriormente;
Desconstrução de enunciados.
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21. PARÓDIA
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Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Não fazem cocoricó.
Jô Soares
22. PARÓDIA
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O meu céu tem mais estrelas
Minha várzea tem mais cores.
Este bosque reduzido
Deve ter custado horrores.
E depois de tanta planta,
Orquídea, fruta e cipó,
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Jô Soares
48. MAIS
“CANÇÃO DO EXÍLIO”
Principais
Tipos de Intertextualidade
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49. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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CANÇÃO DO EXÍLIO (Casemiro de Abreu)
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
50. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria, não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos
Tão doces duma mãe!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
51. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA (Oswald de
Andrade)
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
52. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA (Oswald de
Andrade)
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
53. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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EUROPA, FRANÇA E BAHIA (Carlos Drummond de
Andrade)
[...]
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha boca procura a "Canção do Exílio".
Como era mesmo a "Canção do Exílio"?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
54. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO (Carlos Drummond de
Andrade)
Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.
O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.
55. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO (Carlos Drummond de
Andrade)
Ainda um grito de vida e
voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.
Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.
Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)
56. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO (Guilherme de
Almeida)
[...]
Deixei lá atrás meu terreiro
meu limão meu limoeiro,
meu pé de jacarandá,
minha casa pequenina
lá no alto da colina
onde canta o sabiá.
ATENÇÃO
57. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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UMA CANÇÃO (Mario Quintana)
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!
58. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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Jogos Florais (Cacaso)
I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre
a água já não vira vinha
vira direto vinagre
59. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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II
Minha terra tem palmares
memória cala-te já
Peço licença poética
Belém capital Pará
Bem, meus prezados senhores
dado o avanço da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
(será mesmo com esses dois esses
que se escreve paçarinho?)
60. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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SABIÁ (Chico Buarque e Tom
Jobim)
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Cantar uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia
61. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
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(Caulos, Vida de Passarinho, 1978. In:
Carlos Vogt, Canções do Exílio,
seção Armazém Literário, 05/12/2000 –
extraído do site
www.observatoriodaimprensa.com.br)
62. MAIS “CANÇÃO DO EXÍLIO”
OUTROS INTERTEXTOS DA “CANÇÃO DO EXÍLIO”
Terra das Palmeiras — Taiguara
Pátria Minha — Vinícius de Moraes
Lisboa: Aventuras — José Paulo Paes
Canção do exílio mais recente — Affonso Romano de
Sant’Anna
Nova canção do exílio — Ferreira Gullar
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63. Outros Tipos de Intertextualidade
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65. PASTICHE
Criação artística produzida pela reunião e colagem
de outros enunciados.
Diluição textual que se aproxima da sátira e da
paródia, podendo até ser considerada como um tipo
de homenagem;
Imitação reiterativa, com recorrência a
determinados recursos a ponto de esvaziá-los de
significação.
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66. RELAÇÕES INTERTEXTUAIS
"O cônego ou
a metafísica
do estilo“
MACHADO DE ASSIS
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67. PASTICHE
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— Vem do Líbano, esposa minha, vem do Líbano, vem... As
mandrágoras deram o seu cheiro. Temos as nossas portas toda a casta
de pombos...”
— “Eu vos conjuro, filhas de Jerusalém, que se encontrardes
com meu amado, lhe façais saber que estou enferma de amor...“Era
assim, com essas melodias do velho drama de Judá, que procuravam
um ao outro na cabeça do cônego Matias um substantivo e um
adjetivo... Não me interrompas, leitor precipitado. (...)
Procuram-se e acham-se. Enfim, Silvio achou Silvia. Viram-se
caíram nos braços um do outro, ofegantes de canseira, mas remidos
com a consciência. “Quem é esta que sobe do deserto, firmada sobre seu
amado?” pergunta Silvio, como no Cântico; e ela, com a mesma lábia
erudita, responde-lhe que “é o selo do seu coração”, e que “o amor é tão
valente como a própria morte.” MACHADO DE ASSIS
69. TRADUÇÃO
Passagem de um idioma a outro;
Modelo intertextual que busca a neutralidade;
Tradução implica recriação do texto, especialmente
nas obras literárias.
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70. www.literaturaeshow.com.brwww.literaturaeshow.com.br Professor José Ricardo LimaProfessor José Ricardo Lima
Todo Meu Amor
Feche os olhos e eu irei te beijar
Amanhã sentirei saudades de você
Lembre-se que eu sempre serei verdadeiro
E enquanto eu estiver fora
Escreverei para casa todo dia
E mandarei todo meu amor pra você
Vou fingir que estou beijando
Os lábios que sinto saudade
E esperar que meus sonhos se tornem
[realidade
E enquanto eu estiver fora
Escreverei para casa todo dia
E mandarei todo meu amor pra você
.
All My Loving
Close your eyes and I'll kiss you
Tomorrow I'll miss you
Remember I'll always be true
And then while I'm away
I'll write home everyday
And I'll send all my loving to you
I'll pretend that I'm kissing
The lips I am missing
And hope that my dreams will come true
And then while I'm away
I'll write home everyday
And I'll send all my loving to you
74. VERSÃO
variante de um enunciado original, do qual se
aproveita algum recurso formal, mas no qual,
geralmente, não há compromisso com o conteúdo do
discurso.
Em suma: adaptar a tradução acrescentando
elementos de literariedade.
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75. www.literaturaeshow.com.brwww.literaturaeshow.com.br Professor José Ricardo LimaProfessor José Ricardo Lima
Todo Meu Amor
Feche os olhos e eu irei te beijar
Amanhã sentirei saudades de você
Lembre-se que eu sempre serei verdadeiro
E enquanto eu estiver fora
Escreverei para casa todo dia
E mandarei todo meu amor pra você
Vou fingir que estou beijando
Os lábios que sinto saudade
E esperar que meus sonhos se tornem
[realidade
E enquanto eu estiver fora
Escreverei para casa todo dia
E mandarei todo meu amor pra você
.
Feche os olhos
Feche os olhos e sinta
um beijinho agora
De alguém que não vive sem você
Que não pensa e nem gosta
De outra menina
E tem medo de lhe perder
Todo a...mor desse mundo
Parece querida
Que está dentro do meu coração
Por favor queridinha
Divida comigo
Um pouco da minha paixão