Contextualização
Com a evolução das tecnologias móveis um novo “paradigma”
educacional tem emergido denominado por mobile learning ou m-learning
(Attewell et al., 2009; Kukulska-Hulme & Traxler, 2005; Quinn, 2000; Ryu &
Parsons, 2009) e é definido como a aquisição de qualquer conhecimento ou
competência usando tecnologias móveis, em qualquer lugar e momento,
resultando numa alteração no comportamento (Geddes, 2004, Yousuf, 2007);
Estas tecnologias podem suprimir as limitações da aprendizagem
confinada à sala de aula, oferecendo acesso a materiais de ensino e de
aprendizagem em qualquer local e tempo (Kukulska-Hulme & Traxler, 2005;
Song, 2008; Vavoula et al., 2009; Pachler et al., 2010; Sharples et al., 2006);
Há necessidade de investigar a forma como estas tecnologias podem ser
melhor utilizadas como ferramentas de aprendizagem formal e informal
(Pachler et al., 2010; Sharples et al., 2006);
Alguns autores sugerem que as tecnologias móveis vão transformar a
educação nos próximos tempos (Pachler et al., 2010; Ryu & Parsons,
2009, Soloway et al., 2001). Mas para uma utilização eficaz é preciso
compreender:
i) como os alunos utilizam as tecnologias que guardam nos bolsos;
ii) como se sentem relativamente a essas tecnologias;
iii) as possibilidades e limitações que apresentam;
iv) como estas tecnologias alteram o local de aprendizagem e as
actividades que suportam.
Estes novos cenários educativos levou-nos a tentar compreender
os desafios e oportunidades da integração de dispositivos móveis,
como o telemóvel, no processo de ensino e aprendizagem.
Questões da Investigação
Como se processa a apropriação do telemóvel enquanto
ferramenta de aprendizagem?
Como é que artefactos como o telemóvel são usados na
aprendizagem individual e colaborativa como elementos de
mediação pedagógica?
Que papel têm os artefactos na aprendizagem e
desenvolvimento de competências de línguas dentro e fora da
sala de aula?
Que impactes têm as tecnologias móveis no desenvolvimento
de estratégias pedagógicas e acompanhamento do processo de
ensino e aprendizagem?
Referencial Teórico
Abordagens Construtivistas (Bruner, 1966; Fosnot, 1996; Papert,
1999; Piaget, 1977);
Teoria da Atividade (Vygotsky, 1978; Leontiev, 1978; Engeström,
2001);
Modelo ARCS (Keller, 1987);
Investigação em m-learning (Naismith et al., 2004; Kukulska-Hulme
& Traxler, 2005; Kukulska-Hulme, 2009; Sharples et al., 2007; Vavoula
et al., 2009; Shuler, 2009).
Dos resultados inferimos que os alunos depois de terem começado a
explorar as potencialidades do telemóvel como ferramenta de aprendizagem,
descobriram os benefícios e utilidade do aparelho e passaram a usá-lo
Conclusões
também como ferramenta de aprendizagem, integrando-o nas suas práticas
educativas diárias de forma natural, tal como em estudos de Waycott (2004)
e Waycott et al. (2005);
As características do telemóvel tais como a sua natureza pessoal, a
familiaridade, o controlo, a conveniência, a gestão pessoal da informação e a
comunicação facilitaram a apropriação do telemóvel como ferramenta de
mediação em m-learning;
Verificamos que o telemóvel foi visto como introduzindo novas
possibilidades e constrangimentos à actividade (Teoria da Actividade);
O telemóvel, ao ser usado como ferramenta de aprendizagem, o artefacto
transformou-se, deixando de ser uma ferramenta pessoal para ganhar um
novo estatuto (Teoria da Actividade).
A maioria dos alunos perspectivou o telemóvel como uma ferramenta
de mediação em m-learning;
Conclusões
As limitações técnicas dos dispositivos dos alunos parecem não ter
interferido na forma como se apropriaram da ferramenta para aprender,
nem no nível de satisfação relativamente às experiências mediadas pelos
seus telemóveis.
“Eu antes nunca pensei que o “… o potencial do telemóvel para
telemóvel desse para aprender aprender em qualquer lado e a
qualquer tipo de matéria. Mas qualquer hora é bastante bom pois
hoje...depois destas motiva os alunos a interagir mais na
experiências, digo que é uma sala de aula e a aprender mais, tanto
óptima ferramenta de dentro da sala como fora” (DE03).
aprendizagem” (CE07).
O facto do telemóvel ser um objecto pessoal, facilitou a sua utilização e
apropriação e a resolução de problemas ligados às limitações dos
dispositivos;
A proposta de trabalho colaborativo suportado pelo telemóvel incentivou
à colaboração;
O processo de ensino e aprendizagem foi considerado mais atractivo,
aumentando a motivação pela aprendizagem;
A qualidade da aprendizagem efectuada com o apoio do telemóvel foi
considerada melhor do que sem o seu apoio;
O professor não desaparece com a tecnologia, ele passa a ter mais
oportunidades, pois é uma peça fundamental no processo educativo;
O professor não deve ter medo de levar para a sala de aula uma
tecnologia pessoal, como o telemóvel, por pensar que perde o controlo
sobre os alunos e as actividades;
Os dispositivos móveis obrigam a uma reconceptualização de papéis
(professor/aluno) e a novas dinâmicas na sala de aula;
O aluno tem domínio sobre a tecnologia, por ser sua, e sobre a
construção da sua aprendizagem;
Não chega mudar a tecnologia, é preciso mudar as abordagens do
processo de ensino e aprendizagem.