A partir do século XIX, a vida social passou a ser um
“problema” para as pessoas. Percebeu-se que era
preciso entender o que se passava com a sociedade
para explicar como as pessoas viviam e se posicionar
diante do que estava acontecendo.
O desenvolvimento da ciência (cujas origens
remontam ao século XV) foi fundamental para o
surgimento da sociologia. Afinal, a sociologia é uma
interpretação científica da realidade social
Pensadores franceses da época (como Saint-Simon, Le
Play, Augusto Comte e alguns outros) concentrarão
suas reflexões sobre a natureza e as conseqüências do
surgimento do capitalismo. Em seus trabalhos,
utilizarão expressões como “anarquia”, “perturbação”,
“crise”, “desordem”, para julgar a nova realidade.
A tarefa desses pensadores é racionalizar a nova ordem
política, econômica e cultural, encontrando soluções
para o estado de desorganização então existente.
A burguesia, uma vez instalada no poder, se assusta
com os resultados da revolução industrial.
Embora seja considerado fundador da sociologia, não
desenvolveu nenhum método de estudo sociológico.
Pensava que, assim como a natureza, a sociedade
também possuiria leis. Assim como as leis naturais
trazem o equilíbrio para a Natureza, as leis sociais
também trariam equilíbrio para a sociedade. Para
restabelecer a ordem e a paz, para encontrar um estado
de equilíbrio na sociedade capitalista que surgia, seria
necessário, segundo eles, conhecer as leis que regem os
fenômenos sociais.
A sociologia seria a ciência que descobriria as leis da
sociedade.
Para Comte, a sociedade moderna modificou o mundo
feudal baseado na aliança entre o poder espiritual
(igreja) e o poder temporal (militar). A reorganização
da sociedade moderna exigia a união entre a ciência
(novo poder espiritual) e os empresários (novo poder
temporal) para o pleno desenvolvimento e equilíbrio
do mundo industrial nascente. Assim, o mundo dos
conflitos militares da sociedade medieval seria
substituído pela união pacífica de todos na sociedade
industrial.
Lei dos três estados: a evolução da humanidade está
condicionada pelo progresso do conhecimento, que
acontece em três fases:
Estado teológico: Neste momento, explicam-se os
fenômenos pelos deuses (fetichismo: o homem confere
vida, ação e poder sobrenaturais aos seres inanimados
e aos animais; politeísmo, monoteísmo
Estado metafísico (filosófico) – As causas divinas são
substituídas por causas mais gerais, entidades
abstratas (ideias); o princípio da causalidade é
atribuído às essências das coisas.
Estado
positivo (científico). O homem tenta
compreender as relações entre coisas e acontecimentos
através da observação e experimentação científica.
A evolução do conhecimento é comparada à evolução
do ser humano. Religião (infância), Filosofia
(adolescência), ciência (vida adulta).
Para Comte, as ciências não evoluíram todas ao mesmo
tempo. Quando a humanidade chegou ao estado
positivo foi necessário que elas se desenvolvessem de
acordo com a complexidade de seus objetos,
começando pelos mais simples até chegar aos mais
complexos.
A sociologia seria a última das ciências, aquela que
completaria o quadro geral do conhecimento positivo:
matemática = astronomia = física = química = biologia
= sociologia.
Como a sociologia representa uma
continuidade quase natural em relação aos
outros tipos de ciência, Comte achava que
ela teria que proceder da mesma forma que
estas ciências, ou seja, sua função seria
estabelecer um sistema completo de leis
que explicassem o comportamento dos
homens na sociedade. Para realizar esta
tarefa, Comte afirmava que a sociologia,
que ele também chamava de “física social”,
dividia-se em dois campos essenciais: a
estática e a dinâmica.
Estática social: estuda as condições
constantes da sociedade ou
ordem;
Dinâmica social: estuda as leis
desenvolvimento
histórico
qualquer sociedade, ou seja,
progresso.
a
de
de
o
A sociedade é regida por leis naturais, isto é, leis
invariáveis, independentes da vontade e da ação
humanas; na vida social reina uma harmonia
natural.
A
sociedade
pode,
portanto,
ser
epistemologicamente assimilada pela natureza (o
que classificaremos como naturalismo positivista)
e ser estudada pelos menos métodos e processos
empregados pelas ciências naturais.
As ciência da sociedade, assim como as da
natureza, devem limitar-se à observação e à
explicação causal dos fenômenos, de forma
objetiva, neutra, livre de julgamentos de
valor ou ideologia, descartando previamente
todas as noções e preconceitos.