Cartilha Promoção da Saúde na Infância e Adolescência!
Apego
1.
2. * Apego é uma ligação afetiva que um pessoa forma
com outra.
* Já na relação do bebê com sua mãe, formas ou
padrões de apego começam a se estabelecer – assim
como com outros familiares e amigos.
* Na fase inicial da infância, uma base emocional
segura ajuda na posterior proteção da criança em
idades vulneráveis.
* A confiança é construída lentamente durante a
infância e adolescência com a ajuda de pessoas
cuidadosas e reparadoras.
3. * A criança aprende a ter confiança a partir do apego
com seus cuidadores.
* Aprende que estarão à disposição quando
desejarem, e vão prover amor, suporte e carinho
previsíveis.
* Neste aprendizado constrói-se um padrão mental,
ou modelo interno de funcionamento, provendo a
expectativa de que as coisas funcionarão bem.
* Nos momentos mais difíceis, a criança conhece um
lugar ou porto seguro (a mãe) para retornar em
ordem para receber suporte e ser suavizada
(acalmada).
4. * Quando já adulta, aquela criança será menos
inclinada a ter sentimentos intensos ou medo
crônico – através do desenvolvimento de boa
expectativa e confiança – e terá aprendido a
manejar emoções extremas.
* Então o apego que desenvolveu na infância terá
como custo o seu próprio funcionamento.
* Distorções no pensamento e sentimento estão
enraizadas nos precoces distúrbios do apego com
seus cuidadores – e na inabilidade dos cuidadores
de se encontrarem com as necessidades emocionais
da criança.
5. * O apego é vital no desenvolvimento de forte senso
de self na criança e de entendimento empático dos
outros.
* Quando o vínculo de apego é interrompido, se induz
raiva interpessoal na criança que se mostra como
comportamento de protesto, cuja função é dirigida
no sentido de recuperar o contato com a figura de
apego.
* Para uma criança que ainda não desenvolveu a
linguagem ou a lógica, uma mãe ausente ou
imprevisível é interpretada como uma ameaça à
vida devido à separação ou abandono – produzindo
respostas emocionais extremas de terror, aflição e
raiva.
6. * As predições que a criança faz de como as figuras
de apego irão se comportar com ela são
extrapolações razoáveis do modo como adultos se
comportaram com ela no seu passado.
* Se teve que ser insegura diante dos cuidadores,
esta insegurança continuará como seu repertório de
como se comportar quando adulta. Pois terá uma
predição de como as pessoas irão se comportar
perante ela.
* Influenciará seus comportamentos, pensamentos,
sentimentos e expectativas nos futuros
relacionamentos.
7. * Se a base segura ou abrigo seguro não está
disponível para a criança, ela desenvolverá um
apego inseguro que pode se manifestar em
toda a infância, adolescência e apegos nos
relacionamentos adultos.
* As distorções nos pensamentos e sentimentos
que ocorreram como resultado de apegos
inseguros sustentarão muitos relacionamentos
disfuncionais e muito da psicopatologia do
indivíduo.
8. * Nesta idade a criança começa a desenvolver um
senso de autonomia e separação de sua mãe, na
medida em que começa a se locomover mais
facilmente.
* Durante a exploração das coisas, longe dos braços
de sua mãe, a criança volta o olhar constantemente
para avaliar a expressão facial de sua mãe,
esperando resposta (feedback) sobre o que é seguro
e aceitável.
* Para a criança é excitante ainda que assustador
aprender que não é mais um prolongamento de sua
mãe, mas uma entidade separada.
9. * Às vezes, à medida em que explora, o medo
aumenta e a criança quer correr de volta à
segurança dos braços de sua mãe.
* O abraço caloroso e a expressão de carinho de sua
mãe amplifica que a vontade é positiva assim como
a excitação por exploração, encorajando que se
repita.
* A mãe que encoraja sendo responsiva, sensitiva e
sintonizada com a criança irá ajudá-la no
desenvolvimento de um apego seguro.
* Essa mãe tem conhecimento da experiência interna
de seu filho, e sentirá quando ele está sintonizado
ou não a ela.
10. * Não estar sintonizado à sua mãe (ou cuidador) não
é necessariamente uma experiência negativa. Pelo
contrário, pode ser vital para o crescimento
saudável da resiliência ao estresse.
* É por este meio que a criança aprende a se
aproximar adequadamente na reunião com sua
mãe, repara os extremos emocionais que a falta de
sintonia traz, e se habilita a se acalmar (self-
soothe) ou a procurar pela mãe ou outro que a
acalme (suaviza uma emoção).
11. * Essa resiliência diante do estresse é um
importante indicador de um apego seguro.
* Então é da dependência social da criança nos
seus primeiros anos que emerge a auto-
confiança e resiliência encontrada na sua vida
adulta.
12. * Todos os bebês começam a vida sendo
egocêntricos, focando puramente nas suas próprias
necessidades para a sobrevivência.
* No entanto este narcisismo e onipotência acabam
quando se constrói um apego seguro e a empatia é
introduzida, na medida em que desenvolve um
entendimento das emoções e necessidades dos
outros em relação às deles.
* Uma criança com apego seguro aprende a sentir, a
entender, e a regular os extremos de suas
emoções apropriadamente.
13. * Monitorando as expressões faciais de sua mãe, o
bebê aprende a correlacionar estas expressões com
a emoção sentida.
* Aprende as nuances da comunicação não-verbal das
emoções.
* Assim, desenvolve a capacidade de entendimento
dos estados mentais dos outros – é o
desenvolvimento da empatia.
* Vendo as expressões faciais dos outros em sua
volta, usando o feedback de sua mãe, a criança fará
uma aproximação de como os outros podem estar
se sentindo – é o começo do intercurso social.
14. * Desenvolvendo a empatia, aprenderá a compaixão,
valores pró-sociais, e moralidade – o que o protegerão
do comportamento anti-social e da alienação.
* A criança se tornará socialmente extrovertida e
confiante, será capaz de explorar seu ambiente de
forma confiante, e será menos medrosa em relação a
possíveis perigos provenientes de relacionamentos já
que estará atenta às necessidades dos outros.
* A criança com apego seguro a seus cuidadores usam
todas essas informações para desenvolver fortes e
próximos laços de amizade quando começa a
frequentar a escola.
15. * O sistema nervoso central compreende o
cérebro e a medula espinhal, e, junto com o
sistema nervoso periférico, ele ativa nosso
comportamento.
* Parte do sistema nervoso periférico é o sistema
nervoso autônomo, que tem dois processos de
ativação: o sistema nervoso simpático e o
sistema nervoso parassimpático.
16. * Simpático (up-regulation): sistema de luta e
fuga.
* Parassimpático (down-regulation): sistema de
descanso e digestão.
17. * Estes dois sistemas atuam de forma antagonista
de um em relação ao outro, na maioria das
vezes.
* Por exemplo, quando o ‘simpático’ é ativado,
processos como digestão e auto-análise (ou
reflexão) são desativados.
* No entanto, ambos trabalham para manter um
balanço (ou homeostase) junto aos processos
corporais.
18. * O tronco cerebral é a parte principal do cérebro,
sem o qual morreríamos, já que é responsável por
funções vitais como respiração e frequência
cardíaca.
* Embrulhado em volta deste tronco, está o sistema
límbico – onde ocorre muito do nosso
processamento hormonal e emocional.
* No topo de tudo é o córtex, onde a maior parte do
nosso mais sofisticado processamento intelectual
ocorre, assim como nossas funções motoras. Na
superfície do córtex existem sulcos e fissuras com
aparência semelhante à estrutura de uma couve-
flor. - A estrutura cortical é dividida em duas
metades: os hemisférios esquerdo e direito.
19.
20. * Num local chamado corpo caloso, a inervação dos
dois hemisférios se cruzam; então o hemisfério
direito ativa e controla o lado esquerdo do corpo –
e vice-versa. O corpo caloso também facilita a
interação entre os hemisférios.
* Os dois hemisférios não são idênticos na forma: o
esquerdo se expande numa região parietal por volta
de “áreas da fala”, já o direito se expande numa
região pré-frontal onde ficam as “áreas do apego”.
Estas expansões podem ser alargadas com a maior
demanda exigida pelo indivíduo sobre elas.
21.
22. * Bilhões de neurônios formam a massa do cérebro –
um neurônio pode ter prolongamento curto ou tão
longo que vai do cérebro até a coluna espinhal.
* Em adição, existem as células da glia que dão
suporte aos neurônios e reforçam conexões
sinápticas.
* Um neurônio é ativado por uma carga elétrica que
corre do dentrito pro núcleo e depois axônio.
* A sinápse é um espaço onde substâncias químicas
(neurotransmissores) são passadas adiante.
23. * Alguns neurotransmissores são desenhados para
facilitar (aumentar) a transmissão (excitação),
outros inibem a transmissão.
* Vias neuronais com um comportamento específico
são criadas, formando uma estrutura viária baseada
na adaptação da criança a uma vivência.
* Uma vez que uma via neuronal é ativada, o axônio
é coberto por um revestimento gorduroso (bainha
ou invólucro) chamado mielina.
* Este revestimento estabelece e protege aquela via
neuronal, facilitando a sua reutilização e
acelerando o processo desta via.
24. * O fácil uso de vias neuronais já pré-preparadas (ou
pré-programadas) permite que o indivíduo aprenda
rotinas que podem deixar a vida mais fácil e rápida
para ele.
* No entanto, igualmente, certas rotinas podem fazer
um desserviço ao indivíduo se estas vias crescerem
para além de sua necessidade:
* se crescerem excessivamente,
* fora do controle do indivíduo,
* superando sua personalidade prévia,
* ou pondo-se à parte da sua personalidade.
25. * O cérebro direito se desenvolve mais cedo na
infância, enquanto o cérebro esquerdo com suas
funções verbais se desenvolve mais lentamente.
* Ambos expressam emoções via sistema límbico.
* Mas o cérebro direito acessa mais prontamente
expressões emocionais não-verbais e respostas
corporais.
* O cérebro esquerdo armazena estados de humor
mediados verbalmente.
* O cérebro direito é dominante nos primeiros anos
de vida, e só mais tarde o cérebro esquerdo assume
domínio em preparação para a fala e o
aprendizado.
26. * O cérebro direito tende a ser mais responsivo a
ativação de vias com emoções negativas como
o medo, aflição, depressão, ansiedade e
desgosto.
* O cérebro esquerdo tende a moderar ou inibir
emoções e comportamentos negativos
encontrados no hemisfério direito.
27. * Há uma tendência a descrever um indivíduo de
acordo com a dominância do hemisfério
cerebral.
* Aqueles com cérebro direito dominantes são
considerados a serem artistas, atores, músicos,
dramaturgos, e geralmente criativos.
* Enquanto aqueles com dominância do cérebro
esquerdo tendem a se apegar em funções
executivas, mais lógicas, e formas de trabalhos
mais matemáticos.
28. * O corpo caloso do cérebro das mulheres tende
a ser mais grosso que o do cérebro dos homens.
* Esta característica permite maior coordenação
e integração entre os hemisférios – o que pode
justificar uma tendência das mulheres em usar
ambos os hemisférios no diálogo, enquanto os
homens tendem a usar apenas o lado esquerdo.
29. * O hemisfério esquerdo interpreta nossas
experiências de vida por nossa interpretação
linguística dos eventos formulados em nosso
conhecimento consciente – rotulando,
categorizando, e elucidando os eventos.
* No entanto, esta explanação ocorre baseada na
resposta emocional recebida do hemisfério direito
em como isso é interpretado durante a sondagem
(exame ou varredura) do mundo.
* Seria o hemisfério esquerdo que torna consciente
(explícito) processos inconscientes (implícitos) do
hemisfério direito.
30. * A percepção de uma ameaça pode criar uma
resposta rápida, um processo mente-corpo
automático (sem mediação verbal ou análise da
situação), através da ativação do eixo HPA
(Hipotálamo-Pituitária-Adrenal).
* O hipotálamo é uma área do sistema límbico que
produz o hormônio liberador das corticotrofinas,
que estimula a pituitária anterior (ou hipófise
anterior - situada em sua base) a liberar o hormônio
adrenocorticotrófico que estimula o córtex da
glândula adrenal (ou suprarenal), liberando cortisol.
* O cortisol tem efeito de catabolismo, com aumento
da pressão arterial e da glicemia sanguínea, além
de suprimir o sistema imune.
31.
32.
33. * O bebê recém-nascido tem apenas circuitos neurais
emocionais pré-programados, desenhados, em
termos evolucionários, para proteger o bebê
vulnerável de feridas (danos) e para aumentar o
potencial de sobrevivência.
* São chamados de circuitos emocionais ou sistemas
de operação emocional:
* SEEKING
* CARE
* PLAY
* FEAR
* PANIC
* RAGE
34. * Envolve busca ativa, curiosidade, excitação,
engajamento, e o desejo de explorar “da
loucura para o conhecimento” (“from nuts to
knowledge”).
* Seu propósito é motivar a criança para a
interação com o mundo.
* A criança então se torna proativa em seu
próprio desenvolvimento.
35. * Envolve a cordialidade e ternura quando está
na companhia de figuras de seu apego (seus
cuidadores), desenvolvendo interesse e
preocupação empática.
* O propósito é sua segurança já que faz parte
de um grupo maior de pessoas. Por fazer parte
de um grupo maior, o risco de dano é menor.
36. * Brincar com outros é sentir alegria e sorrir na
interação, encorajando o processo de
socialização.
* Também produz opióides, que ajuda no
desenvolvimento de centros de prazer.
39. * É desenhado e designado para escapar de um
perigo iminente.
* É ativado pelo sistema nervoso autônomo
simpático (com aumento da tensão, etc.).
* É considerado um sistema de fuga – FLIGHT -
ou paralisação/congelamento (como se fingisse
de morto) – FREEZE.
40. * No estudo que estamos fazendo sobre o apego,
este pânico vem da ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO.
* Medo da separação de pessoas importantes – e
inclui solidão e tristeza.
* Essa separação precipita a vocalização
(fala/expressão) da aflição (angústia), e
movimentos no sentido de voltar a esta pessoa
importante – cuja ausência pode colocar a vida
da criança sob risco.
41. * Ativada pelo sistema nervoso autônomo
simpático.
* Produzindo a resposta de LUTA.
* Este é um mecanismo de auto-proteção.
42. * A excitação sexual e sua satisfação motiva a
reprodução das espécies.
43. * A amigdala e o hipocampo são as únicas partes
do sistema límbico funcionando (online) já
desde o nascimento.
* O sistema de busca (SEEKING) usa a amigdala
como uma orientadora designada a buscar por
segurança (i.e., buscar pela mãe) e protestar
contra ameaça ou dano.
* Isso foca no calor humano dos sistemas de
cuidado (CARE) e brincadeira (PLAY) durante a
interação com a mãe.
44.
45. * Na ausência da mãe, a amigdala desencadeia
pânico (PANIC) e tem acesso direto ativando
resposta do sistema nervoso autônomo
simpático de luta (RAGE), fuga ou
congelamento (FEAR), via eixo HPA.
* Pânico ativa MEDO OU RAIVA.
*Raiva = reação de LUTA
*Medo = reação de FUGA ou CONGELAMENTO
47. * Uma criança não é um recipiente passivo
esperando pela mãe para atender e prover o
que ela necessita.
* Mas é uma ativa e exigente entidade (com
demandas rigorosas), procurando pelo que ela
geneticamente sabe que necessita.
* Bebês recém-nascidos são “todos olhos”
(procurando), com suas amigdalas explorando o
ambiente e os olhos se movendo a cada meio
segundo, mesmo quando estão em ambiente
escuro.
48. * Brincar promove a risada, que pode “infectar”
os outros, e encoraja o laço afetivo entre as
pessoas.
* A criança não pode importunar ou divertir a si
mesma; ela precisa de interação social.
* Então brincar encoraja a conexão social e a
ligação com outras pessoas – desenvolvendo
este circuito incrementamos nossa inteligência
social.
49. * Usando modelos de relacionamentos sociais, junto
com uma teoria da mente e da resposta empática,
uma criança pode predizer e manipular o
comportamento social de outros e de si mesma em
relação aos outros.
* Brincar produz ânimo com a ajuda de opióides
endógenos, mas a criança também precisa de
calmaria, desacelerar afim de prevenir uma
hiperatividade indesejável.
* Então, cansaço após a brincadeira encoraja
novamente a criança à busca (SEEKING) e cuidado
(CARE).
50. * Se a mãe está ausente por um período, o circuito
PANIC será ativado. Os níveis de opióides endógenos
e oxitocina regridem.
* Assim, a ansiedade com a separação realmente
promove dor física. A dor física inicia a produção de
hormônios do estresse: adrenalina e cortisol.
* A criança vocaliza esta aflição com o choro e busca
no ambiente (SEEKING) a sua mãe, através de seus
órgãos sensórios e de sua atividade motora, para
restabelecer contato e carinho (CARE).
* Reunião com a mãe acalma a aflição, sendo que o
carinho (CARE) libera oxitocina que dissolve o
cortisol; reunidos se ligam de novo ao circuito do
apego.
52. * Essa criança irá estocar estas informações no
hipocampo: imprimindo imagens instantâneas
(snapshots) em um esquema de memória visual
- com elas agarradas a uma etiqueta emocional
(sensação corporal), no hemisfério direito do
cérebro.
* Este esquema formula importantíssimas
“memórias relâmpago” da interação da criança
com sua mãe – memórias que são vívidas e
duradouras.
* Serão lembradas no corpo e nas sensações, mas
sem terem nenhum registro verbal.
* Estas experiências impregnadas formam
processos de rápida aprendizagem, provendo
memórias e vias padronizadas que são a base
para o desenvolvimento de apegos no futuro.
53. * A comunicação entre mãe e infante é mediada
via suas retinas no olho-a-olho da conversação,
o que faz os hemisférios direitos de ambos
disponíveis um ao outro.
* Neste estado de sincronização e ritmo,
chamado de protoconversação, a criança é
hábil em acessar os sentimentos de sua mãe
num modo direto.
* O cérebro direito pode avaliar uma expressão
emocional em menos de 100 milésimos de
segundo, enquanto para se saber
conscientemente desta avaliação (no cérebro
esquerdo) se requer um tempo cinco vezes
mais longo.
54. * Então os caminhos visuais são vitais para o
desenvolvimento saudável do circuito
emocional de carinho e brincadeira (CARE and
PLAY).
* A criança se comunica e brinca com sua mãe,
sistema límbico para sistema límbico, seus
olhos se atrelam juntos para se tornarem um
unidade única, como um plugue que se encaixa
na tomada, a criança absolve as emoções de
sua mãe como se fossem suas próprias - e ligam
essas emoções ao desenvolvimento de uma
base de dados com imagens visuais, sons, e
sensações.
55. * Enquanto a mãe cuida, o cérebro dela produz
oxitocina e vasopressina, neuropeptídeos
liberados pelo hipotálamo e glândula pituitária,
que facilitam a ligação afetiva e o
comportamento cuidadoso.
* Enquanto isso a faz se sentir calorosa, segura,
e confortável, simultaneamente seu bebê irá
produzir oxitocina também.
* Oxitocina é conhecida por ter efeitos anti-
estresse através da redução dos níveis de
cortisol, criando sentimentos de calma.
56. * A criança também continuará o
desenvolvimento emocional durante estados de
sono, especialmente durante o sono REM (rapid
eye movement), quando a maior parte do
sonho acontece.
* Durante o sono, o cérebro esquerdo acessa as
memórias não-verbais no cérebro direito e as
processa na forma dos sonhos.
* Isso pode levar à natureza simbólica dos sonhos
e à habilidade da pessoa em resolver
problemas durante o estado de sono.
57. * Precoces ou “primitivos” circuitos de SEEKING,
CARE, PLAY, PANIC, FEAR, RAGE, promovem
respostas fisiológicas, sentimentos emocionais,
e consequências comportamentais para a
criança que até então não teria processos de
pensamento verbal para moderá-los.
58. * Quando a criança busca carinho e brincadeira
do modo como lhe é familiar, e este caminho é
interrompido, geralmente cria rotas
alternativas.
* Essa via alternativa é feita por novos neurônios
mielinizados que formam um novo circuito
emocional.
* Da próxima vez que sua via familiar é
bloqueada (p. ex., sua mãe está
inesperadamente ausente), a criança mais
facilmente usará o novo circuito, facilitado
pelo invólucro de mielina.
59. * A inabilidade em obter o cuidado (CARE)
desejado provoca pânico (PANIC), com
ansiedade de separação e aflição com um
comportamento e desejo de buscar (SEEKING)
sua mãe por cuidado (CARE).
* A ausência da mãe, no entanto, pode ativar o
medo (FEAR) e a raiva (RAGE) como expressões
de ansiedade de separação, até o cuidado
(CARE) de sua mãe ser reestabelecido.
* A ativação do sistema de pânico é fisicamente
dolorosa, pois produz uma retirada dos
opióides e oxitocina no cérebro, experienciada
como dor física.
61. * Caso a separação se prolongue causando intensa
ansiedade de separação, a criança desregula o
seu entendimento da situação (não entende, não
se conforta) e muda para uma ativação
parassimpática de retirada do oxitocina e
opióides do cérebro – similar ao que ocorre em
adultos deprimidos.
* A criança aprende algo novo, que cria um novo
circuito emocional ligado à rejeição a ao
abandono, chamado de perda (LOSS) – que em
seu extremo seria a própria morte.
63. * Com a perda (LOSS), o sentimento de dano e dor da
rejeição, a sensação de vazio pelo abandono, e o
terror (em termos de sobrevivência) de morte
iminente sem sua cuidadora.
* Quando o indivíduo sentir que não será hábil em
conseguir o que ele quer, ele terá uma experiência
subjetiva de perda.
* Esta perda é como se transmitisse uma redução na
chance do indivíduo sobreviver, com sentimentos
de insegurança e se por último se afirma como uma
ameaça à estabilidade e existência do self (si
mesmo).
* Há memórias instantâneas que criam a expectativa
de que as figuras de apego estão indisponíveis,
imprevisíveis ou ausentes.
64. * Por até cerca dos 3 anos de idade, as crianças
podem espontaneamente se lembrarem e falar
sobre seu nascimento e questões afetivas precoces,
sendo que suas consciências ainda estão atreladas
às memórias das estruturas límbicas no cérebro
direito.
* À medida que o desenvolvimento de sua consciência
se move para o hemisfério esquerdo, a memória do
nascimento se torna inconsciente, assim como
outras memórias pré-verbais.
* Estas memórias do sistema límbico não têm senso
de tempo ou conhecimento sobre a diferença entre
o passado e o presente.
* Elas são apenas respostas “aqui e agora”, é por isso
que memórias ativadas do inconsciente pode ter um
profundo efeito no adulto.
65. * Vias neurais formulam padrões implícitos de
comportamento automático que se mantém
entricheirados até que possam se tornar mais
explícitas através do auto-conhecimento.
* Mais tarde, o desenvolvimento de apegos
apropriados permite maiores níveis de
codificação (abstração) e análise das situações
emocionais.
* Esta é uma longa rota de processamento
provendo o “controle de volume” da expressão
emocional.
* Ao invés de uma operação diretamente do centro
do medo na amigdala, gerando descarga de
grande estresse via eixo HPA, essa via curta é
chamada de rota “quick and dirty”, com
desleixada generalização.
66.
67. * Da metade do primeiro ano pro fim do segundo
ano, é chamado às vezes de nascimento
psicológico da criança por ser crucial no
desenvolvimento do seu senso de self (si
mesmo).
* Primeiro a criança aprende a sentir que é uma
entidade separada de sua mãe, e então
aprende um senso do sentimento sobre si
mesmo através dos olhos de sua mãe.
* Usando a nova empatia desenvolvida responde
à mãe e o feedback emocional de como sua
mãe responde a ele subjaz como ele irá se
sentir sobre si mesmo.
68. * Por essas respostas emocionais serem viscerais,
a experiência do self (si mesmo) é através de
estados emocionais.
* Quando altos níveis de prazer são expressados
pela mãe durante o cuidado (CARE) e a
brincadeira (PLAY), estes níveis de prazer são
espelhados e refletidos pela criança.
* Estar contente e com prazer na relação, se
torna uma via padrão, com essas memórias
armazenadas no hemisfério direito não-verbal
do cérebro.
69. * Algumas vezes a sincronia entre mãe e filho pode
não ser perfeita se ela está preocupada com outra
coisa ou não está constantemente à disposição. Isso
ativa o estado de pânico (PANIC) na criança que
ainda está a aprender o conceito de tempo.
* Essa falta de sintonia é importante porque a boa
reparação e reaproximação, provenientes da falta
de sintonia, é um aprendizado para a criança.
* A criança pode aprender a não ativar estados de
medo (FEAR) ou raiva (RAGE), e aprender que um
conforto é previsível e alcançável.
* Dessa forma a criança constrói conceitos de self (si
mesmo) em relação a outros, e , quando usa esta
referência, começa a construir modelos internos de
como se comportar diante de certas condições. Este
é o desenvolvimento do self reflexivo.
70. * Allez GH. Infant Losses, Adult Searches – A
Neural and Developmental Perspective on
Psychopathology and Sexual Offending – Second
Edition – Karnac Books – London, 2011.