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* Apego é uma ligação afetiva que um pessoa forma
  com outra.
* Já na relação do bebê com sua mãe, formas ou
  padrões de apego começam a se estabelecer – assim
  como com outros familiares e amigos.
* Na fase inicial da infância, uma base emocional
  segura ajuda na posterior proteção da criança em
  idades vulneráveis.
* A confiança é construída lentamente durante a
  infância e adolescência com a ajuda de pessoas
  cuidadosas e reparadoras.
* A criança aprende a ter confiança a partir do apego
  com seus cuidadores.
* Aprende que estarão à disposição quando
  desejarem, e vão prover amor, suporte e carinho
  previsíveis.
* Neste aprendizado constrói-se um padrão mental,
  ou modelo interno de funcionamento, provendo a
  expectativa de que as coisas funcionarão bem.
* Nos momentos mais difíceis, a criança conhece um
  lugar ou porto seguro (a mãe) para retornar em
  ordem para receber suporte e ser suavizada
  (acalmada).
* Quando já adulta, aquela criança será menos
  inclinada a ter sentimentos intensos ou medo
  crônico – através do desenvolvimento de boa
  expectativa e confiança – e terá aprendido a
  manejar emoções extremas.
* Então o apego que desenvolveu na infância terá
  como custo o seu próprio funcionamento.
* Distorções no pensamento e sentimento estão
  enraizadas nos precoces distúrbios do apego com
  seus cuidadores – e na inabilidade dos cuidadores
  de se encontrarem com as necessidades emocionais
  da criança.
* O apego é vital no desenvolvimento de forte senso
  de self na criança e de entendimento empático dos
  outros.
* Quando o vínculo de apego é interrompido, se induz
  raiva interpessoal na criança que se mostra como
  comportamento de protesto, cuja função é dirigida
  no sentido de recuperar o contato com a figura de
  apego.
* Para uma criança que ainda não desenvolveu a
  linguagem ou a lógica, uma mãe ausente ou
  imprevisível é interpretada como uma ameaça à
  vida devido à separação ou abandono – produzindo
  respostas emocionais extremas de terror, aflição e
  raiva.
* As predições que a criança faz de como as figuras
  de apego irão se comportar com ela são
  extrapolações razoáveis do modo como adultos se
  comportaram com ela no seu passado.
* Se teve que ser insegura diante dos cuidadores,
  esta insegurança continuará como seu repertório de
  como se comportar quando adulta. Pois terá uma
  predição de como as pessoas irão se comportar
  perante ela.
* Influenciará seus comportamentos, pensamentos,
  sentimentos e expectativas nos futuros
  relacionamentos.
* Se a base segura ou abrigo seguro não está
  disponível para a criança, ela desenvolverá um
  apego inseguro que pode se manifestar em
  toda a infância, adolescência e apegos nos
  relacionamentos adultos.
* As distorções nos pensamentos e sentimentos
  que ocorreram como resultado de apegos
  inseguros sustentarão muitos relacionamentos
  disfuncionais e muito da psicopatologia do
  indivíduo.
* Nesta idade a criança começa a desenvolver um
  senso de autonomia e separação de sua mãe, na
  medida em que começa a se locomover mais
  facilmente.
* Durante a exploração das coisas, longe dos braços
  de sua mãe, a criança volta o olhar constantemente
  para avaliar a expressão facial de sua mãe,
  esperando resposta (feedback) sobre o que é seguro
  e aceitável.
* Para a criança é excitante ainda que assustador
  aprender que não é mais um prolongamento de sua
  mãe, mas uma entidade separada.
* Às vezes, à medida em que explora, o medo
  aumenta e a criança quer correr de volta à
  segurança dos braços de sua mãe.
* O abraço caloroso e a expressão de carinho de sua
  mãe amplifica que a vontade é positiva assim como
  a excitação por exploração, encorajando que se
  repita.
* A mãe que encoraja sendo responsiva, sensitiva e
  sintonizada com a criança irá ajudá-la no
  desenvolvimento de um apego seguro.
* Essa mãe tem conhecimento da experiência interna
  de seu filho, e sentirá quando ele está sintonizado
  ou não a ela.
* Não estar sintonizado à sua mãe (ou cuidador) não
 é necessariamente uma experiência negativa. Pelo
 contrário, pode ser vital para o crescimento
 saudável da resiliência ao estresse.
* É por este meio que a criança aprende a se
 aproximar adequadamente na reunião com sua
 mãe, repara os extremos emocionais que a falta de
 sintonia traz, e se habilita a se acalmar (self-
 soothe) ou a procurar pela mãe ou outro que a
 acalme (suaviza uma emoção).
* Essa resiliência diante do estresse é um
 importante indicador de um apego seguro.


* Então é da dependência social da criança nos
 seus primeiros anos que emerge a auto-
 confiança e resiliência encontrada na sua vida
 adulta.
* Todos os bebês começam a vida sendo
  egocêntricos, focando puramente nas suas próprias
  necessidades para a sobrevivência.
* No entanto este narcisismo e onipotência acabam
  quando se constrói um apego seguro e a empatia é
  introduzida, na medida em que desenvolve um
  entendimento das emoções e necessidades dos
  outros em relação às deles.
* Uma criança com apego seguro aprende a sentir, a
  entender, e a regular os extremos de suas
  emoções apropriadamente.
* Monitorando as expressões faciais de sua mãe, o
  bebê aprende a correlacionar estas expressões com
  a emoção sentida.
* Aprende as nuances da comunicação não-verbal das
  emoções.
* Assim, desenvolve a capacidade de entendimento
  dos estados mentais dos outros – é o
  desenvolvimento da empatia.
* Vendo as expressões faciais dos outros em sua
  volta, usando o feedback de sua mãe, a criança fará
  uma aproximação de como os outros podem estar
  se sentindo – é o começo do intercurso social.
* Desenvolvendo a empatia, aprenderá a compaixão,
  valores pró-sociais, e moralidade – o que o protegerão
  do comportamento anti-social e da alienação.
* A criança se tornará socialmente extrovertida e
  confiante, será capaz de explorar seu ambiente de
  forma confiante, e será menos medrosa em relação a
  possíveis perigos provenientes de relacionamentos já
  que estará atenta às necessidades dos outros.
* A criança com apego seguro a seus cuidadores usam
  todas essas informações para desenvolver fortes e
  próximos laços de amizade quando começa a
  frequentar a escola.
* O sistema nervoso central compreende o
 cérebro e a medula espinhal, e, junto com o
 sistema nervoso periférico, ele ativa nosso
 comportamento.
* Parte do sistema nervoso periférico é o sistema
 nervoso autônomo, que tem dois processos de
 ativação: o sistema nervoso simpático e o
 sistema nervoso parassimpático.
* Simpático (up-regulation): sistema de luta e
 fuga.


* Parassimpático (down-regulation): sistema de
 descanso e digestão.
* Estes dois sistemas atuam de forma antagonista
 de um em relação ao outro, na maioria das
 vezes.
* Por exemplo, quando o ‘simpático’ é ativado,
 processos como digestão e auto-análise (ou
 reflexão) são desativados.
* No entanto, ambos trabalham para manter um
 balanço (ou homeostase) junto aos processos
 corporais.
* O tronco cerebral é a parte principal do cérebro,
  sem o qual morreríamos, já que é responsável por
  funções vitais como respiração e frequência
  cardíaca.
* Embrulhado em volta deste tronco, está o sistema
  límbico – onde ocorre muito do nosso
  processamento hormonal e emocional.
* No topo de tudo é o córtex, onde a maior parte do
  nosso mais sofisticado processamento intelectual
  ocorre, assim como nossas funções motoras. Na
  superfície do córtex existem sulcos e fissuras com
  aparência semelhante à estrutura de uma couve-
  flor. - A estrutura cortical é dividida em duas
  metades: os hemisférios esquerdo e direito.
* Num local chamado corpo caloso, a inervação dos
 dois hemisférios se cruzam; então o hemisfério
 direito ativa e controla o lado esquerdo do corpo –
 e vice-versa. O corpo caloso também facilita a
 interação entre os hemisférios.


* Os dois hemisférios não são idênticos na forma: o
 esquerdo se expande numa região parietal por volta
 de “áreas da fala”, já o direito se expande numa
 região pré-frontal onde ficam as “áreas do apego”.
 Estas expansões podem ser alargadas com a maior
 demanda exigida pelo indivíduo sobre elas.
* Bilhões de neurônios formam a massa do cérebro –
 um neurônio pode ter prolongamento curto ou tão
 longo que vai do cérebro até a coluna espinhal.
* Em adição, existem as células da glia que dão
 suporte aos neurônios e reforçam conexões
 sinápticas.
* Um neurônio é ativado por uma carga elétrica que
 corre do dentrito pro núcleo e depois axônio.
* A sinápse é um espaço onde substâncias químicas
 (neurotransmissores) são passadas adiante.
* Alguns neurotransmissores são desenhados para
  facilitar (aumentar) a transmissão (excitação),
  outros inibem a transmissão.
* Vias neuronais com um comportamento específico
  são criadas, formando uma estrutura viária baseada
  na adaptação da criança a uma vivência.
* Uma vez que uma via neuronal é ativada, o axônio
  é coberto por um revestimento gorduroso (bainha
  ou invólucro) chamado mielina.
* Este revestimento estabelece e protege aquela via
  neuronal, facilitando a sua reutilização e
  acelerando o processo desta via.
* O fácil uso de vias neuronais já pré-preparadas (ou
 pré-programadas) permite que o indivíduo aprenda
 rotinas que podem deixar a vida mais fácil e rápida
 para ele.


* No entanto, igualmente, certas rotinas podem fazer
 um desserviço ao indivíduo se estas vias crescerem
 para além de sua necessidade:


* se crescerem excessivamente,
* fora do controle do indivíduo,
* superando sua personalidade prévia,
* ou pondo-se à parte da sua personalidade.
* O cérebro direito se desenvolve mais cedo na
  infância, enquanto o cérebro esquerdo com suas
  funções verbais se desenvolve mais lentamente.
* Ambos expressam emoções via sistema límbico.
* Mas o cérebro direito acessa mais prontamente
  expressões emocionais não-verbais e respostas
  corporais.
* O cérebro esquerdo armazena estados de humor
  mediados verbalmente.
* O cérebro direito é dominante nos primeiros anos
  de vida, e só mais tarde o cérebro esquerdo assume
  domínio em preparação para a fala e o
  aprendizado.
* O cérebro direito tende a ser mais responsivo a
 ativação de vias com emoções negativas como
 o medo, aflição, depressão, ansiedade e
 desgosto.
* O cérebro esquerdo tende a moderar ou inibir
 emoções e comportamentos negativos
 encontrados no hemisfério direito.
* Há uma tendência a descrever um indivíduo de
  acordo com a dominância do hemisfério
  cerebral.
* Aqueles com cérebro direito dominantes são
  considerados a serem artistas, atores, músicos,
  dramaturgos, e geralmente criativos.
* Enquanto aqueles com dominância do cérebro
  esquerdo tendem a se apegar em funções
  executivas, mais lógicas, e formas de trabalhos
  mais matemáticos.
* O corpo caloso do cérebro das mulheres tende
 a ser mais grosso que o do cérebro dos homens.


* Esta característica permite maior coordenação
 e integração entre os hemisférios – o que pode
 justificar uma tendência das mulheres em usar
 ambos os hemisférios no diálogo, enquanto os
 homens tendem a usar apenas o lado esquerdo.
* O hemisfério esquerdo interpreta nossas
  experiências de vida por nossa interpretação
  linguística dos eventos formulados em nosso
  conhecimento consciente – rotulando,
  categorizando, e elucidando os eventos.
* No entanto, esta explanação ocorre baseada na
  resposta emocional recebida do hemisfério direito
  em como isso é interpretado durante a sondagem
  (exame ou varredura) do mundo.


* Seria o hemisfério esquerdo que torna consciente
 (explícito) processos inconscientes (implícitos) do
 hemisfério direito.
* A percepção de uma ameaça pode criar uma
  resposta rápida, um processo mente-corpo
  automático (sem mediação verbal ou análise da
  situação), através da ativação do eixo HPA
  (Hipotálamo-Pituitária-Adrenal).
* O hipotálamo é uma área do sistema límbico que
  produz o hormônio liberador das corticotrofinas,
  que estimula a pituitária anterior (ou hipófise
  anterior - situada em sua base) a liberar o hormônio
  adrenocorticotrófico que estimula o córtex da
  glândula adrenal (ou suprarenal), liberando cortisol.
* O cortisol tem efeito de catabolismo, com aumento
  da pressão arterial e da glicemia sanguínea, além
  de suprimir o sistema imune.
* O bebê recém-nascido tem apenas circuitos neurais
  emocionais pré-programados, desenhados, em
  termos evolucionários, para proteger o bebê
  vulnerável de feridas (danos) e para aumentar o
  potencial de sobrevivência.
* São chamados de circuitos emocionais ou sistemas
  de operação emocional:


* SEEKING
* CARE
* PLAY
* FEAR
* PANIC
* RAGE
* Envolve busca ativa, curiosidade, excitação,
 engajamento, e o desejo de explorar “da
 loucura para o conhecimento” (“from nuts to
 knowledge”).


* Seu propósito é motivar a criança para a
 interação com o mundo.


* A criança então se torna proativa em seu
 próprio desenvolvimento.
* Envolve a cordialidade e ternura quando está
 na companhia de figuras de seu apego (seus
 cuidadores), desenvolvendo interesse e
 preocupação empática.


* O propósito é sua segurança já que faz parte
 de um grupo maior de pessoas. Por fazer parte
 de um grupo maior, o risco de dano é menor.
* Brincar com outros é sentir alegria e sorrir na
 interação, encorajando o processo de
 socialização.


* Também produz opióides, que ajuda no
 desenvolvimento de centros de prazer.
PANIC
* É desenhado e designado para escapar de um
 perigo iminente.


* É ativado pelo sistema nervoso autônomo
 simpático (com aumento da tensão, etc.).


* É considerado um sistema de fuga – FLIGHT -
 ou paralisação/congelamento (como se fingisse
 de morto) – FREEZE.
* No estudo que estamos fazendo sobre o apego,
 este pânico vem da ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO.


* Medo da separação de pessoas importantes – e
 inclui solidão e tristeza.


* Essa separação precipita a vocalização
 (fala/expressão) da aflição (angústia), e
 movimentos no sentido de voltar a esta pessoa
 importante – cuja ausência pode colocar a vida
 da criança sob risco.
* Ativada pelo sistema nervoso autônomo
 simpático.


* Produzindo a resposta de LUTA.

* Este é um mecanismo de auto-proteção.
* A excitação sexual e sua satisfação motiva a
 reprodução das espécies.
* A amigdala e o hipocampo são as únicas partes
 do sistema límbico funcionando (online) já
 desde o nascimento.
* O sistema de busca (SEEKING) usa a amigdala
 como uma orientadora designada a buscar por
 segurança (i.e., buscar pela mãe) e protestar
 contra ameaça ou dano.
* Isso foca no calor humano dos sistemas de
 cuidado (CARE) e brincadeira (PLAY) durante a
 interação com a mãe.
* Na ausência da mãe, a amigdala desencadeia
 pânico (PANIC) e tem acesso direto ativando
 resposta do sistema nervoso autônomo
 simpático de luta (RAGE), fuga ou
 congelamento (FEAR), via eixo HPA.
* Pânico ativa MEDO OU RAIVA.

*Raiva = reação de LUTA
*Medo = reação de FUGA ou CONGELAMENTO
PANIC
* Uma criança não é um recipiente passivo
 esperando pela mãe para atender e prover o
 que ela necessita.
* Mas é uma ativa e exigente entidade (com
 demandas rigorosas), procurando pelo que ela
 geneticamente sabe que necessita.
* Bebês recém-nascidos são “todos olhos”
 (procurando), com suas amigdalas explorando o
 ambiente e os olhos se movendo a cada meio
 segundo, mesmo quando estão em ambiente
 escuro.
* Brincar promove a risada, que pode “infectar”
 os outros, e encoraja o laço afetivo entre as
 pessoas.
* A criança não pode importunar ou divertir a si
 mesma; ela precisa de interação social.
* Então brincar encoraja a conexão social e a
 ligação com outras pessoas – desenvolvendo
 este circuito incrementamos nossa inteligência
 social.
* Usando modelos de relacionamentos sociais, junto
 com uma teoria da mente e da resposta empática,
 uma criança pode predizer e manipular o
 comportamento social de outros e de si mesma em
 relação aos outros.
* Brincar produz ânimo com a ajuda de opióides
 endógenos, mas a criança também precisa de
 calmaria, desacelerar afim de prevenir uma
 hiperatividade indesejável.
* Então, cansaço após a brincadeira encoraja
 novamente a criança à busca (SEEKING) e cuidado
 (CARE).
* Se a mãe está ausente por um período, o circuito
 PANIC será ativado. Os níveis de opióides endógenos
 e oxitocina regridem.
* Assim, a ansiedade com a separação realmente
 promove dor física. A dor física inicia a produção de
 hormônios do estresse: adrenalina e cortisol.
* A criança vocaliza esta aflição com o choro e busca
 no ambiente (SEEKING) a sua mãe, através de seus
 órgãos sensórios e de sua atividade motora, para
 restabelecer contato e carinho (CARE).
* Reunião com a mãe acalma a aflição, sendo que o
 carinho (CARE) libera oxitocina que dissolve o
 cortisol; reunidos se ligam de novo ao circuito do
 apego.
PANIC
* Essa criança irá estocar estas informações no
 hipocampo: imprimindo imagens instantâneas
 (snapshots) em um esquema de memória visual
 - com elas agarradas a uma etiqueta emocional
 (sensação corporal), no hemisfério direito do
 cérebro.
* Este esquema formula importantíssimas
 “memórias relâmpago” da interação da criança
 com sua mãe – memórias que são vívidas e
 duradouras.
* Serão lembradas no corpo e nas sensações, mas
 sem terem nenhum registro verbal.
* Estas experiências impregnadas formam
 processos de rápida aprendizagem, provendo
 memórias e vias padronizadas que são a base
 para o desenvolvimento de apegos no futuro.
* A comunicação entre mãe e infante é mediada
 via suas retinas no olho-a-olho da conversação,
 o que faz os hemisférios direitos de ambos
 disponíveis um ao outro.
* Neste estado de sincronização e ritmo,
 chamado de protoconversação, a criança é
 hábil em acessar os sentimentos de sua mãe
 num modo direto.
* O cérebro direito pode avaliar uma expressão
 emocional em menos de 100 milésimos de
 segundo, enquanto para se saber
 conscientemente desta avaliação (no cérebro
 esquerdo) se requer um tempo cinco vezes
 mais longo.
* Então os caminhos visuais são vitais para o
 desenvolvimento saudável do circuito
 emocional de carinho e brincadeira (CARE and
 PLAY).


* A criança se comunica e brinca com sua mãe,
 sistema límbico para sistema límbico, seus
 olhos se atrelam juntos para se tornarem um
 unidade única, como um plugue que se encaixa
 na tomada, a criança absolve as emoções de
 sua mãe como se fossem suas próprias - e ligam
 essas emoções ao desenvolvimento de uma
 base de dados com imagens visuais, sons, e
 sensações.
* Enquanto a mãe cuida, o cérebro dela produz
 oxitocina e vasopressina, neuropeptídeos
 liberados pelo hipotálamo e glândula pituitária,
 que facilitam a ligação afetiva e o
 comportamento cuidadoso.
* Enquanto isso a faz se sentir calorosa, segura,
 e confortável, simultaneamente seu bebê irá
 produzir oxitocina também.
* Oxitocina é conhecida por ter efeitos anti-
 estresse através da redução dos níveis de
 cortisol, criando sentimentos de calma.
* A criança também continuará o
 desenvolvimento emocional durante estados de
 sono, especialmente durante o sono REM (rapid
 eye movement), quando a maior parte do
 sonho acontece.
* Durante o sono, o cérebro esquerdo acessa as
 memórias não-verbais no cérebro direito e as
 processa na forma dos sonhos.
* Isso pode levar à natureza simbólica dos sonhos
 e à habilidade da pessoa em resolver
 problemas durante o estado de sono.
* Precoces ou “primitivos” circuitos de SEEKING,
 CARE, PLAY, PANIC, FEAR, RAGE, promovem
 respostas fisiológicas, sentimentos emocionais,
 e consequências comportamentais para a
 criança que até então não teria processos de
 pensamento verbal para moderá-los.
* Quando a criança busca carinho e brincadeira
 do modo como lhe é familiar, e este caminho é
 interrompido, geralmente cria rotas
 alternativas.
* Essa via alternativa é feita por novos neurônios
 mielinizados que formam um novo circuito
 emocional.
* Da próxima vez que sua via familiar é
 bloqueada (p. ex., sua mãe está
 inesperadamente ausente), a criança mais
 facilmente usará o novo circuito, facilitado
 pelo invólucro de mielina.
* A inabilidade em obter o cuidado (CARE)
 desejado provoca pânico (PANIC), com
 ansiedade de separação e aflição com um
 comportamento e desejo de buscar (SEEKING)
 sua mãe por cuidado (CARE).
* A ausência da mãe, no entanto, pode ativar o
 medo (FEAR) e a raiva (RAGE) como expressões
 de ansiedade de separação, até o cuidado
 (CARE) de sua mãe ser reestabelecido.
* A ativação do sistema de pânico é fisicamente
 dolorosa, pois produz uma retirada dos
 opióides e oxitocina no cérebro, experienciada
 como dor física.
PANIC
* Caso a separação se prolongue causando intensa
 ansiedade de separação, a criança desregula o
 seu entendimento da situação (não entende, não
 se conforta) e muda para uma ativação
 parassimpática de retirada do oxitocina e
 opióides do cérebro – similar ao que ocorre em
 adultos deprimidos.
* A criança aprende algo novo, que cria um novo
 circuito emocional ligado à rejeição a ao
 abandono, chamado de perda (LOSS) – que em
 seu extremo seria a própria morte.
PANIC
bloqueado




              LOSS
            - rejeição
            - abandono
* Com a perda (LOSS), o sentimento de dano e dor da
 rejeição, a sensação de vazio pelo abandono, e o
 terror (em termos de sobrevivência) de morte
 iminente sem sua cuidadora.
* Quando o indivíduo sentir que não será hábil em
 conseguir o que ele quer, ele terá uma experiência
 subjetiva de perda.
* Esta perda é como se transmitisse uma redução na
 chance do indivíduo sobreviver, com sentimentos
 de insegurança e se por último se afirma como uma
 ameaça à estabilidade e existência do self (si
 mesmo).
* Há memórias instantâneas que criam a expectativa
 de que as figuras de apego estão indisponíveis,
 imprevisíveis ou ausentes.
* Por até cerca dos 3 anos de idade, as crianças
 podem espontaneamente se lembrarem e falar
 sobre seu nascimento e questões afetivas precoces,
 sendo que suas consciências ainda estão atreladas
 às memórias das estruturas límbicas no cérebro
 direito.
* À medida que o desenvolvimento de sua consciência
 se move para o hemisfério esquerdo, a memória do
 nascimento se torna inconsciente, assim como
 outras memórias pré-verbais.
* Estas memórias do sistema límbico não têm senso
 de tempo ou conhecimento sobre a diferença entre
 o passado e o presente.
* Elas são apenas respostas “aqui e agora”, é por isso
 que memórias ativadas do inconsciente pode ter um
 profundo efeito no adulto.
* Vias neurais formulam padrões implícitos de
 comportamento automático que se mantém
 entricheirados até que possam se tornar mais
 explícitas através do auto-conhecimento.
* Mais tarde, o desenvolvimento de apegos
 apropriados permite maiores níveis de
 codificação (abstração) e análise das situações
 emocionais.
* Esta é uma longa rota de processamento
 provendo o “controle de volume” da expressão
 emocional.
* Ao invés de uma operação diretamente do centro
 do medo na amigdala, gerando descarga de
 grande estresse via eixo HPA, essa via curta é
 chamada de rota “quick and dirty”, com
 desleixada generalização.
* Da metade do primeiro ano pro fim do segundo
 ano, é chamado às vezes de nascimento
 psicológico da criança por ser crucial no
 desenvolvimento do seu senso de self (si
 mesmo).
* Primeiro a criança aprende a sentir que é uma
 entidade separada de sua mãe, e então
 aprende um senso do sentimento sobre si
 mesmo através dos olhos de sua mãe.
* Usando a nova empatia desenvolvida responde
 à mãe e o feedback emocional de como sua
 mãe responde a ele subjaz como ele irá se
 sentir sobre si mesmo.
* Por essas respostas emocionais serem viscerais,
 a experiência do self (si mesmo) é através de
 estados emocionais.
* Quando altos níveis de prazer são expressados
 pela mãe durante o cuidado (CARE) e a
 brincadeira (PLAY), estes níveis de prazer são
 espelhados e refletidos pela criança.
* Estar contente e com prazer na relação, se
 torna uma via padrão, com essas memórias
 armazenadas no hemisfério direito não-verbal
 do cérebro.
* Algumas vezes a sincronia entre mãe e filho pode
 não ser perfeita se ela está preocupada com outra
 coisa ou não está constantemente à disposição. Isso
 ativa o estado de pânico (PANIC) na criança que
 ainda está a aprender o conceito de tempo.
* Essa falta de sintonia é importante porque a boa
 reparação e reaproximação, provenientes da falta
 de sintonia, é um aprendizado para a criança.
* A criança pode aprender a não ativar estados de
 medo (FEAR) ou raiva (RAGE), e aprender que um
 conforto é previsível e alcançável.
* Dessa forma a criança constrói conceitos de self (si
 mesmo) em relação a outros, e , quando usa esta
 referência, começa a construir modelos internos de
 como se comportar diante de certas condições. Este
 é o desenvolvimento do self reflexivo.
* Allez GH. Infant Losses, Adult Searches – A
 Neural and Developmental Perspective on
 Psychopathology and Sexual Offending – Second
 Edition – Karnac Books – London, 2011.

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Apego

  • 1.
  • 2. * Apego é uma ligação afetiva que um pessoa forma com outra. * Já na relação do bebê com sua mãe, formas ou padrões de apego começam a se estabelecer – assim como com outros familiares e amigos. * Na fase inicial da infância, uma base emocional segura ajuda na posterior proteção da criança em idades vulneráveis. * A confiança é construída lentamente durante a infância e adolescência com a ajuda de pessoas cuidadosas e reparadoras.
  • 3. * A criança aprende a ter confiança a partir do apego com seus cuidadores. * Aprende que estarão à disposição quando desejarem, e vão prover amor, suporte e carinho previsíveis. * Neste aprendizado constrói-se um padrão mental, ou modelo interno de funcionamento, provendo a expectativa de que as coisas funcionarão bem. * Nos momentos mais difíceis, a criança conhece um lugar ou porto seguro (a mãe) para retornar em ordem para receber suporte e ser suavizada (acalmada).
  • 4. * Quando já adulta, aquela criança será menos inclinada a ter sentimentos intensos ou medo crônico – através do desenvolvimento de boa expectativa e confiança – e terá aprendido a manejar emoções extremas. * Então o apego que desenvolveu na infância terá como custo o seu próprio funcionamento. * Distorções no pensamento e sentimento estão enraizadas nos precoces distúrbios do apego com seus cuidadores – e na inabilidade dos cuidadores de se encontrarem com as necessidades emocionais da criança.
  • 5. * O apego é vital no desenvolvimento de forte senso de self na criança e de entendimento empático dos outros. * Quando o vínculo de apego é interrompido, se induz raiva interpessoal na criança que se mostra como comportamento de protesto, cuja função é dirigida no sentido de recuperar o contato com a figura de apego. * Para uma criança que ainda não desenvolveu a linguagem ou a lógica, uma mãe ausente ou imprevisível é interpretada como uma ameaça à vida devido à separação ou abandono – produzindo respostas emocionais extremas de terror, aflição e raiva.
  • 6. * As predições que a criança faz de como as figuras de apego irão se comportar com ela são extrapolações razoáveis do modo como adultos se comportaram com ela no seu passado. * Se teve que ser insegura diante dos cuidadores, esta insegurança continuará como seu repertório de como se comportar quando adulta. Pois terá uma predição de como as pessoas irão se comportar perante ela. * Influenciará seus comportamentos, pensamentos, sentimentos e expectativas nos futuros relacionamentos.
  • 7. * Se a base segura ou abrigo seguro não está disponível para a criança, ela desenvolverá um apego inseguro que pode se manifestar em toda a infância, adolescência e apegos nos relacionamentos adultos. * As distorções nos pensamentos e sentimentos que ocorreram como resultado de apegos inseguros sustentarão muitos relacionamentos disfuncionais e muito da psicopatologia do indivíduo.
  • 8. * Nesta idade a criança começa a desenvolver um senso de autonomia e separação de sua mãe, na medida em que começa a se locomover mais facilmente. * Durante a exploração das coisas, longe dos braços de sua mãe, a criança volta o olhar constantemente para avaliar a expressão facial de sua mãe, esperando resposta (feedback) sobre o que é seguro e aceitável. * Para a criança é excitante ainda que assustador aprender que não é mais um prolongamento de sua mãe, mas uma entidade separada.
  • 9. * Às vezes, à medida em que explora, o medo aumenta e a criança quer correr de volta à segurança dos braços de sua mãe. * O abraço caloroso e a expressão de carinho de sua mãe amplifica que a vontade é positiva assim como a excitação por exploração, encorajando que se repita. * A mãe que encoraja sendo responsiva, sensitiva e sintonizada com a criança irá ajudá-la no desenvolvimento de um apego seguro. * Essa mãe tem conhecimento da experiência interna de seu filho, e sentirá quando ele está sintonizado ou não a ela.
  • 10. * Não estar sintonizado à sua mãe (ou cuidador) não é necessariamente uma experiência negativa. Pelo contrário, pode ser vital para o crescimento saudável da resiliência ao estresse. * É por este meio que a criança aprende a se aproximar adequadamente na reunião com sua mãe, repara os extremos emocionais que a falta de sintonia traz, e se habilita a se acalmar (self- soothe) ou a procurar pela mãe ou outro que a acalme (suaviza uma emoção).
  • 11. * Essa resiliência diante do estresse é um importante indicador de um apego seguro. * Então é da dependência social da criança nos seus primeiros anos que emerge a auto- confiança e resiliência encontrada na sua vida adulta.
  • 12. * Todos os bebês começam a vida sendo egocêntricos, focando puramente nas suas próprias necessidades para a sobrevivência. * No entanto este narcisismo e onipotência acabam quando se constrói um apego seguro e a empatia é introduzida, na medida em que desenvolve um entendimento das emoções e necessidades dos outros em relação às deles. * Uma criança com apego seguro aprende a sentir, a entender, e a regular os extremos de suas emoções apropriadamente.
  • 13. * Monitorando as expressões faciais de sua mãe, o bebê aprende a correlacionar estas expressões com a emoção sentida. * Aprende as nuances da comunicação não-verbal das emoções. * Assim, desenvolve a capacidade de entendimento dos estados mentais dos outros – é o desenvolvimento da empatia. * Vendo as expressões faciais dos outros em sua volta, usando o feedback de sua mãe, a criança fará uma aproximação de como os outros podem estar se sentindo – é o começo do intercurso social.
  • 14. * Desenvolvendo a empatia, aprenderá a compaixão, valores pró-sociais, e moralidade – o que o protegerão do comportamento anti-social e da alienação. * A criança se tornará socialmente extrovertida e confiante, será capaz de explorar seu ambiente de forma confiante, e será menos medrosa em relação a possíveis perigos provenientes de relacionamentos já que estará atenta às necessidades dos outros. * A criança com apego seguro a seus cuidadores usam todas essas informações para desenvolver fortes e próximos laços de amizade quando começa a frequentar a escola.
  • 15. * O sistema nervoso central compreende o cérebro e a medula espinhal, e, junto com o sistema nervoso periférico, ele ativa nosso comportamento. * Parte do sistema nervoso periférico é o sistema nervoso autônomo, que tem dois processos de ativação: o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático.
  • 16. * Simpático (up-regulation): sistema de luta e fuga. * Parassimpático (down-regulation): sistema de descanso e digestão.
  • 17. * Estes dois sistemas atuam de forma antagonista de um em relação ao outro, na maioria das vezes. * Por exemplo, quando o ‘simpático’ é ativado, processos como digestão e auto-análise (ou reflexão) são desativados. * No entanto, ambos trabalham para manter um balanço (ou homeostase) junto aos processos corporais.
  • 18. * O tronco cerebral é a parte principal do cérebro, sem o qual morreríamos, já que é responsável por funções vitais como respiração e frequência cardíaca. * Embrulhado em volta deste tronco, está o sistema límbico – onde ocorre muito do nosso processamento hormonal e emocional. * No topo de tudo é o córtex, onde a maior parte do nosso mais sofisticado processamento intelectual ocorre, assim como nossas funções motoras. Na superfície do córtex existem sulcos e fissuras com aparência semelhante à estrutura de uma couve- flor. - A estrutura cortical é dividida em duas metades: os hemisférios esquerdo e direito.
  • 19.
  • 20. * Num local chamado corpo caloso, a inervação dos dois hemisférios se cruzam; então o hemisfério direito ativa e controla o lado esquerdo do corpo – e vice-versa. O corpo caloso também facilita a interação entre os hemisférios. * Os dois hemisférios não são idênticos na forma: o esquerdo se expande numa região parietal por volta de “áreas da fala”, já o direito se expande numa região pré-frontal onde ficam as “áreas do apego”. Estas expansões podem ser alargadas com a maior demanda exigida pelo indivíduo sobre elas.
  • 21.
  • 22. * Bilhões de neurônios formam a massa do cérebro – um neurônio pode ter prolongamento curto ou tão longo que vai do cérebro até a coluna espinhal. * Em adição, existem as células da glia que dão suporte aos neurônios e reforçam conexões sinápticas. * Um neurônio é ativado por uma carga elétrica que corre do dentrito pro núcleo e depois axônio. * A sinápse é um espaço onde substâncias químicas (neurotransmissores) são passadas adiante.
  • 23. * Alguns neurotransmissores são desenhados para facilitar (aumentar) a transmissão (excitação), outros inibem a transmissão. * Vias neuronais com um comportamento específico são criadas, formando uma estrutura viária baseada na adaptação da criança a uma vivência. * Uma vez que uma via neuronal é ativada, o axônio é coberto por um revestimento gorduroso (bainha ou invólucro) chamado mielina. * Este revestimento estabelece e protege aquela via neuronal, facilitando a sua reutilização e acelerando o processo desta via.
  • 24. * O fácil uso de vias neuronais já pré-preparadas (ou pré-programadas) permite que o indivíduo aprenda rotinas que podem deixar a vida mais fácil e rápida para ele. * No entanto, igualmente, certas rotinas podem fazer um desserviço ao indivíduo se estas vias crescerem para além de sua necessidade: * se crescerem excessivamente, * fora do controle do indivíduo, * superando sua personalidade prévia, * ou pondo-se à parte da sua personalidade.
  • 25. * O cérebro direito se desenvolve mais cedo na infância, enquanto o cérebro esquerdo com suas funções verbais se desenvolve mais lentamente. * Ambos expressam emoções via sistema límbico. * Mas o cérebro direito acessa mais prontamente expressões emocionais não-verbais e respostas corporais. * O cérebro esquerdo armazena estados de humor mediados verbalmente. * O cérebro direito é dominante nos primeiros anos de vida, e só mais tarde o cérebro esquerdo assume domínio em preparação para a fala e o aprendizado.
  • 26. * O cérebro direito tende a ser mais responsivo a ativação de vias com emoções negativas como o medo, aflição, depressão, ansiedade e desgosto. * O cérebro esquerdo tende a moderar ou inibir emoções e comportamentos negativos encontrados no hemisfério direito.
  • 27. * Há uma tendência a descrever um indivíduo de acordo com a dominância do hemisfério cerebral. * Aqueles com cérebro direito dominantes são considerados a serem artistas, atores, músicos, dramaturgos, e geralmente criativos. * Enquanto aqueles com dominância do cérebro esquerdo tendem a se apegar em funções executivas, mais lógicas, e formas de trabalhos mais matemáticos.
  • 28. * O corpo caloso do cérebro das mulheres tende a ser mais grosso que o do cérebro dos homens. * Esta característica permite maior coordenação e integração entre os hemisférios – o que pode justificar uma tendência das mulheres em usar ambos os hemisférios no diálogo, enquanto os homens tendem a usar apenas o lado esquerdo.
  • 29. * O hemisfério esquerdo interpreta nossas experiências de vida por nossa interpretação linguística dos eventos formulados em nosso conhecimento consciente – rotulando, categorizando, e elucidando os eventos. * No entanto, esta explanação ocorre baseada na resposta emocional recebida do hemisfério direito em como isso é interpretado durante a sondagem (exame ou varredura) do mundo. * Seria o hemisfério esquerdo que torna consciente (explícito) processos inconscientes (implícitos) do hemisfério direito.
  • 30. * A percepção de uma ameaça pode criar uma resposta rápida, um processo mente-corpo automático (sem mediação verbal ou análise da situação), através da ativação do eixo HPA (Hipotálamo-Pituitária-Adrenal). * O hipotálamo é uma área do sistema límbico que produz o hormônio liberador das corticotrofinas, que estimula a pituitária anterior (ou hipófise anterior - situada em sua base) a liberar o hormônio adrenocorticotrófico que estimula o córtex da glândula adrenal (ou suprarenal), liberando cortisol. * O cortisol tem efeito de catabolismo, com aumento da pressão arterial e da glicemia sanguínea, além de suprimir o sistema imune.
  • 31.
  • 32.
  • 33. * O bebê recém-nascido tem apenas circuitos neurais emocionais pré-programados, desenhados, em termos evolucionários, para proteger o bebê vulnerável de feridas (danos) e para aumentar o potencial de sobrevivência. * São chamados de circuitos emocionais ou sistemas de operação emocional: * SEEKING * CARE * PLAY * FEAR * PANIC * RAGE
  • 34. * Envolve busca ativa, curiosidade, excitação, engajamento, e o desejo de explorar “da loucura para o conhecimento” (“from nuts to knowledge”). * Seu propósito é motivar a criança para a interação com o mundo. * A criança então se torna proativa em seu próprio desenvolvimento.
  • 35. * Envolve a cordialidade e ternura quando está na companhia de figuras de seu apego (seus cuidadores), desenvolvendo interesse e preocupação empática. * O propósito é sua segurança já que faz parte de um grupo maior de pessoas. Por fazer parte de um grupo maior, o risco de dano é menor.
  • 36. * Brincar com outros é sentir alegria e sorrir na interação, encorajando o processo de socialização. * Também produz opióides, que ajuda no desenvolvimento de centros de prazer.
  • 37.
  • 38. PANIC
  • 39. * É desenhado e designado para escapar de um perigo iminente. * É ativado pelo sistema nervoso autônomo simpático (com aumento da tensão, etc.). * É considerado um sistema de fuga – FLIGHT - ou paralisação/congelamento (como se fingisse de morto) – FREEZE.
  • 40. * No estudo que estamos fazendo sobre o apego, este pânico vem da ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO. * Medo da separação de pessoas importantes – e inclui solidão e tristeza. * Essa separação precipita a vocalização (fala/expressão) da aflição (angústia), e movimentos no sentido de voltar a esta pessoa importante – cuja ausência pode colocar a vida da criança sob risco.
  • 41. * Ativada pelo sistema nervoso autônomo simpático. * Produzindo a resposta de LUTA. * Este é um mecanismo de auto-proteção.
  • 42. * A excitação sexual e sua satisfação motiva a reprodução das espécies.
  • 43. * A amigdala e o hipocampo são as únicas partes do sistema límbico funcionando (online) já desde o nascimento. * O sistema de busca (SEEKING) usa a amigdala como uma orientadora designada a buscar por segurança (i.e., buscar pela mãe) e protestar contra ameaça ou dano. * Isso foca no calor humano dos sistemas de cuidado (CARE) e brincadeira (PLAY) durante a interação com a mãe.
  • 44.
  • 45. * Na ausência da mãe, a amigdala desencadeia pânico (PANIC) e tem acesso direto ativando resposta do sistema nervoso autônomo simpático de luta (RAGE), fuga ou congelamento (FEAR), via eixo HPA. * Pânico ativa MEDO OU RAIVA. *Raiva = reação de LUTA *Medo = reação de FUGA ou CONGELAMENTO
  • 46. PANIC
  • 47. * Uma criança não é um recipiente passivo esperando pela mãe para atender e prover o que ela necessita. * Mas é uma ativa e exigente entidade (com demandas rigorosas), procurando pelo que ela geneticamente sabe que necessita. * Bebês recém-nascidos são “todos olhos” (procurando), com suas amigdalas explorando o ambiente e os olhos se movendo a cada meio segundo, mesmo quando estão em ambiente escuro.
  • 48. * Brincar promove a risada, que pode “infectar” os outros, e encoraja o laço afetivo entre as pessoas. * A criança não pode importunar ou divertir a si mesma; ela precisa de interação social. * Então brincar encoraja a conexão social e a ligação com outras pessoas – desenvolvendo este circuito incrementamos nossa inteligência social.
  • 49. * Usando modelos de relacionamentos sociais, junto com uma teoria da mente e da resposta empática, uma criança pode predizer e manipular o comportamento social de outros e de si mesma em relação aos outros. * Brincar produz ânimo com a ajuda de opióides endógenos, mas a criança também precisa de calmaria, desacelerar afim de prevenir uma hiperatividade indesejável. * Então, cansaço após a brincadeira encoraja novamente a criança à busca (SEEKING) e cuidado (CARE).
  • 50. * Se a mãe está ausente por um período, o circuito PANIC será ativado. Os níveis de opióides endógenos e oxitocina regridem. * Assim, a ansiedade com a separação realmente promove dor física. A dor física inicia a produção de hormônios do estresse: adrenalina e cortisol. * A criança vocaliza esta aflição com o choro e busca no ambiente (SEEKING) a sua mãe, através de seus órgãos sensórios e de sua atividade motora, para restabelecer contato e carinho (CARE). * Reunião com a mãe acalma a aflição, sendo que o carinho (CARE) libera oxitocina que dissolve o cortisol; reunidos se ligam de novo ao circuito do apego.
  • 51. PANIC
  • 52. * Essa criança irá estocar estas informações no hipocampo: imprimindo imagens instantâneas (snapshots) em um esquema de memória visual - com elas agarradas a uma etiqueta emocional (sensação corporal), no hemisfério direito do cérebro. * Este esquema formula importantíssimas “memórias relâmpago” da interação da criança com sua mãe – memórias que são vívidas e duradouras. * Serão lembradas no corpo e nas sensações, mas sem terem nenhum registro verbal. * Estas experiências impregnadas formam processos de rápida aprendizagem, provendo memórias e vias padronizadas que são a base para o desenvolvimento de apegos no futuro.
  • 53. * A comunicação entre mãe e infante é mediada via suas retinas no olho-a-olho da conversação, o que faz os hemisférios direitos de ambos disponíveis um ao outro. * Neste estado de sincronização e ritmo, chamado de protoconversação, a criança é hábil em acessar os sentimentos de sua mãe num modo direto. * O cérebro direito pode avaliar uma expressão emocional em menos de 100 milésimos de segundo, enquanto para se saber conscientemente desta avaliação (no cérebro esquerdo) se requer um tempo cinco vezes mais longo.
  • 54. * Então os caminhos visuais são vitais para o desenvolvimento saudável do circuito emocional de carinho e brincadeira (CARE and PLAY). * A criança se comunica e brinca com sua mãe, sistema límbico para sistema límbico, seus olhos se atrelam juntos para se tornarem um unidade única, como um plugue que se encaixa na tomada, a criança absolve as emoções de sua mãe como se fossem suas próprias - e ligam essas emoções ao desenvolvimento de uma base de dados com imagens visuais, sons, e sensações.
  • 55. * Enquanto a mãe cuida, o cérebro dela produz oxitocina e vasopressina, neuropeptídeos liberados pelo hipotálamo e glândula pituitária, que facilitam a ligação afetiva e o comportamento cuidadoso. * Enquanto isso a faz se sentir calorosa, segura, e confortável, simultaneamente seu bebê irá produzir oxitocina também. * Oxitocina é conhecida por ter efeitos anti- estresse através da redução dos níveis de cortisol, criando sentimentos de calma.
  • 56. * A criança também continuará o desenvolvimento emocional durante estados de sono, especialmente durante o sono REM (rapid eye movement), quando a maior parte do sonho acontece. * Durante o sono, o cérebro esquerdo acessa as memórias não-verbais no cérebro direito e as processa na forma dos sonhos. * Isso pode levar à natureza simbólica dos sonhos e à habilidade da pessoa em resolver problemas durante o estado de sono.
  • 57. * Precoces ou “primitivos” circuitos de SEEKING, CARE, PLAY, PANIC, FEAR, RAGE, promovem respostas fisiológicas, sentimentos emocionais, e consequências comportamentais para a criança que até então não teria processos de pensamento verbal para moderá-los.
  • 58. * Quando a criança busca carinho e brincadeira do modo como lhe é familiar, e este caminho é interrompido, geralmente cria rotas alternativas. * Essa via alternativa é feita por novos neurônios mielinizados que formam um novo circuito emocional. * Da próxima vez que sua via familiar é bloqueada (p. ex., sua mãe está inesperadamente ausente), a criança mais facilmente usará o novo circuito, facilitado pelo invólucro de mielina.
  • 59. * A inabilidade em obter o cuidado (CARE) desejado provoca pânico (PANIC), com ansiedade de separação e aflição com um comportamento e desejo de buscar (SEEKING) sua mãe por cuidado (CARE). * A ausência da mãe, no entanto, pode ativar o medo (FEAR) e a raiva (RAGE) como expressões de ansiedade de separação, até o cuidado (CARE) de sua mãe ser reestabelecido. * A ativação do sistema de pânico é fisicamente dolorosa, pois produz uma retirada dos opióides e oxitocina no cérebro, experienciada como dor física.
  • 60. PANIC
  • 61. * Caso a separação se prolongue causando intensa ansiedade de separação, a criança desregula o seu entendimento da situação (não entende, não se conforta) e muda para uma ativação parassimpática de retirada do oxitocina e opióides do cérebro – similar ao que ocorre em adultos deprimidos. * A criança aprende algo novo, que cria um novo circuito emocional ligado à rejeição a ao abandono, chamado de perda (LOSS) – que em seu extremo seria a própria morte.
  • 62. PANIC bloqueado LOSS - rejeição - abandono
  • 63. * Com a perda (LOSS), o sentimento de dano e dor da rejeição, a sensação de vazio pelo abandono, e o terror (em termos de sobrevivência) de morte iminente sem sua cuidadora. * Quando o indivíduo sentir que não será hábil em conseguir o que ele quer, ele terá uma experiência subjetiva de perda. * Esta perda é como se transmitisse uma redução na chance do indivíduo sobreviver, com sentimentos de insegurança e se por último se afirma como uma ameaça à estabilidade e existência do self (si mesmo). * Há memórias instantâneas que criam a expectativa de que as figuras de apego estão indisponíveis, imprevisíveis ou ausentes.
  • 64. * Por até cerca dos 3 anos de idade, as crianças podem espontaneamente se lembrarem e falar sobre seu nascimento e questões afetivas precoces, sendo que suas consciências ainda estão atreladas às memórias das estruturas límbicas no cérebro direito. * À medida que o desenvolvimento de sua consciência se move para o hemisfério esquerdo, a memória do nascimento se torna inconsciente, assim como outras memórias pré-verbais. * Estas memórias do sistema límbico não têm senso de tempo ou conhecimento sobre a diferença entre o passado e o presente. * Elas são apenas respostas “aqui e agora”, é por isso que memórias ativadas do inconsciente pode ter um profundo efeito no adulto.
  • 65. * Vias neurais formulam padrões implícitos de comportamento automático que se mantém entricheirados até que possam se tornar mais explícitas através do auto-conhecimento. * Mais tarde, o desenvolvimento de apegos apropriados permite maiores níveis de codificação (abstração) e análise das situações emocionais. * Esta é uma longa rota de processamento provendo o “controle de volume” da expressão emocional. * Ao invés de uma operação diretamente do centro do medo na amigdala, gerando descarga de grande estresse via eixo HPA, essa via curta é chamada de rota “quick and dirty”, com desleixada generalização.
  • 66.
  • 67. * Da metade do primeiro ano pro fim do segundo ano, é chamado às vezes de nascimento psicológico da criança por ser crucial no desenvolvimento do seu senso de self (si mesmo). * Primeiro a criança aprende a sentir que é uma entidade separada de sua mãe, e então aprende um senso do sentimento sobre si mesmo através dos olhos de sua mãe. * Usando a nova empatia desenvolvida responde à mãe e o feedback emocional de como sua mãe responde a ele subjaz como ele irá se sentir sobre si mesmo.
  • 68. * Por essas respostas emocionais serem viscerais, a experiência do self (si mesmo) é através de estados emocionais. * Quando altos níveis de prazer são expressados pela mãe durante o cuidado (CARE) e a brincadeira (PLAY), estes níveis de prazer são espelhados e refletidos pela criança. * Estar contente e com prazer na relação, se torna uma via padrão, com essas memórias armazenadas no hemisfério direito não-verbal do cérebro.
  • 69. * Algumas vezes a sincronia entre mãe e filho pode não ser perfeita se ela está preocupada com outra coisa ou não está constantemente à disposição. Isso ativa o estado de pânico (PANIC) na criança que ainda está a aprender o conceito de tempo. * Essa falta de sintonia é importante porque a boa reparação e reaproximação, provenientes da falta de sintonia, é um aprendizado para a criança. * A criança pode aprender a não ativar estados de medo (FEAR) ou raiva (RAGE), e aprender que um conforto é previsível e alcançável. * Dessa forma a criança constrói conceitos de self (si mesmo) em relação a outros, e , quando usa esta referência, começa a construir modelos internos de como se comportar diante de certas condições. Este é o desenvolvimento do self reflexivo.
  • 70. * Allez GH. Infant Losses, Adult Searches – A Neural and Developmental Perspective on Psychopathology and Sexual Offending – Second Edition – Karnac Books – London, 2011.