1. Apostila de Filosofia – 2015
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1
Curso de Filosofia
Primeiro Ano
Ensino Médio
Apostila para o Curso de Filosofia ministrado para o primeiro ano regular e
EJA do Ensino Médio
Professor Antonio Marques
2. Apostila de Filosofia – 2015
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SUMÁRIO
UMA CONVERSA INICIAL
RESPEITO, SILÊNCIO E
COOPERAÇÃO
Não nos distraiam
Pergunte sempre que preciso:
OBJETIVOS DA MINHA PRÁTICA
PEDAGÓGICA
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
METODOLOGIA / ESTRAGÉGIA DE
AÇÃO
AVALIAÇÃO
POR QUE FILOSOFIA?
UM MODELO POSSÍVEL: GRÁFICO DA
HISTÓRIA DA FILOSOFIA
PROGRAMAÇÃO SIMPLIFICADA
PROGRAMAÇÃO TEMÁTICA
ATIVIDADE EXTRA 1: Contrato tácito entre
as pessoas que se conformam
ATIVIDADE EXTRA 2: O Direito de Sonhar -
Eduardo Galeano
ATIVIDADE EXTRA 3: O Último Discurso -
Charles Chaplin
ATIVIDADE EXTRA 4: REDAÇÃO: Assista ao
filme Waking Life (2001), EUA, de Richard
Linklater.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SUGESTÕES DE VÍDEOS, FILMES,
DOCUMENTÁRIOS, MÚSICAS
CALENDÁRIO DE LUTAS
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
FILMOGRAFIA SUGERIDA
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UMA CONVERSA INICIAL:
Meu trabalho no estado de Minas Gerais é ser
professor de filosofia. Recebo meu salário, pago
por todos os contribuintes, com a condição de
que eu ensine esta disciplina. Uma das
maneiras de ensiná-la é apresentando algumas
das dúvidas e reflexões que os filósofos ao
longo da história da filosofia tiveram. Como são
2500 anos de história não é possível ver todos.
Os critérios que utilizo para escolher um filósofo
em detrimento de outro é a sua relevância e
influência que pode ser percebida pelos livros
didáticos, pelos programas de vestibulares e
Enems e pelos parâmetros curriculares
nacionais. A escolha de um filósofo não é
pessoal. Não apresento para vocês apenas as
ideias que eu concordo. Tento ser o máximo fiel
às ideias de cada autor e cabe a cada um de
nós, de modo independente, avaliá-las e aceitá-
las ou não. Seria uma desonestidade da minha
parte se eu apresentasse apenas os filósofos
e/ou ideias que eu concordasse ou que os
agradasse. A filosofia é muito mais um espaço
para dúvidas do que para as certezas. Estas
vocês devem procurar em outros espaços. O
que mais há neste mundo são ―certezas‖.
Também gostaria que compreendessem
que apesar de haver liberdade de pensamento,
de haver liberdade para cada um crer naquilo
que quiser, as ideias não são todas iguais,
muito menos são indiferentes ao nosso destino
social, político, econômico, histórico,
biológico,etc. Por exemplo: posso acreditar que
tenho habilidade para voar, mas talvez ao pular
do décimo andar de um prédio eu perceba que
minha ideia não estava tão certa assim; posso
acreditar que ao construir uma ponte, posso
substituir o cimento por isopor, mas irei
perceber que minhas crenças não terão a
funcionalidade esperada; posso acreditar que
aqueles que não creem no mesmo deus que eu,
são infiéis e devem ser eliminados da face da
terra, mas esta ideia teria uma consequência
desagradável para muitas pessoas. Então, por
favor, façam um pouquinho de esforço e tente
compreender que as ideias, não são apenas
ideias e que tudo que há de concreto no mundo
e que é feito e construído pelos humanos
possuem relações diretas com as ideias.
RESPEITO, SILÊNCIO E COOPERAÇÃO
Prezados alunos e alunas,
Deixe os únicos 50 minutos por semana
para a Filosofia para falarmos de
Filosofia. Tenham calma, dediquem um
pouco, leiam um pouco mais e
entenderão que a Filosofia tem algo de
importante a nos dizer.
As minhas aulas são o trabalho que
presto para a sociedade, para você, sua
família e toda a sociedade. Preciso e
quero realizar minhas aulas cada vez
melhor. Peço que cooperem para
fazermos um bom trabalho. Isto é o
melhor para todos nós.
Em toda e qualquer relação é preciso
respeito, na relação professor-alun@s,
não é diferente. É preciso respeito em
sala, de todo e qualquer alun@, assim
como também preciso respeitar.
Ao desrespeitar o professor, você está
desrespeitando a tod@s. Isto entristece,
superficializa e dificulta o Ensino.
Não nos distraiam:
• Deixe o celular por um momento. Deixe
para usar a tecnologia de comunicação a
distância quando não houver demanda
por comunicação presencial. É isto que
ocorre em sala de aula durante uma
aula, ocorre um processo
comunicacional. Participe dele. Ouvindo,
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compreendendo, complementando,
perguntando, opinando.
• Não fique virando ou virado para trás.
• Não saia da sala sem antes comunicar.
Estas atitudes impedem que o ambiente
seja o mais adequado para a realização
do propósito, que é o processo-de-tentar-
ensinar-filosofar-estudar-aprender...
• Quem não quer cooperar e ainda assim
quer ficar em sala de aula: dormindo ou
estudando, não é adequado, mas desde
que ―não‖ faça barulho, nem movimento,
eu compreendo, mas ficar em sala, no
coletivo e sabotar o coletivo, atrapalhar e
dificultar a aula...Isto não! Conto com
todos vocês!
Pergunte sempre que preciso:
• Pergunte, mas não fale em particular. A
conversa em aula é coletiva. Tente isto!
• Pergunte sempre que estiver com uma
dúvida verdadeira.
• Evite perguntas que fuja do assunto em
pauta no momento.
• Pergunte em sala, pergunte
pessoalmente, pelo face (no grupo ou
inbox), por e-mail e pelo whatsapp.
Sugestão de Música:
Fala – Secos e Molhados
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OBJETIVOS DA MINHA PRÁTICA
PEDAGÓGICA:
Ministrar um curso da história do
pensamento filosófico;
Preparar os estudantes para os exames:
Enem, Vestibular e avaliações internas;
Pautar assuntos relevantes para os
estudantes;
Estimular a reflexão filosófica, o
questionamento das próprias ideias e
valores e o contínuo exame e
consideração dos dados disponíveis;
Estimular a reflexão em torno de todas
as formas de discriminação – sexual,
étnica, racial, por orientação sexual.
Fazer da sala de aula e da sociedade
como um todo um espaço de troca de
saberes e fazeres;
Ter no diálogo o instrumento de
humanização ao comprometer-se com a
libertação dos sujeitos da condição de
―seres para o outros‖ passando a
condição de ―seres para si‖;
Desenvolvimento da autonomia individual
como sujeitos de direitos. Os sujeitos de
direito são indivíduos que se reconhecem
nos demais seres humanos como iguais
também como sujeitos que devem ter
sua autonomia e diversidade
respeitadas, valorizam a solidariedade e
são pessoas que estão preparadas para
estar em permanente vigilância em
defesa da dignidade humana.
Construção de um espaço pedagógico
democrático capaz de formar cidadãos e
cidadãs ativas;
Preocupação com a consolidação da
democracia resultante de projetos
coletivos e lutas por justiça e paz.
Recuperar a alegria em ser-humano e a
―utopia possível‖.
Norteia a reflexão sobre a experiência
tomando como pressuposto a ideia de
totalidade e do materialismo histórico
dialético, articulada a estudos sobre os
modos de produção, antagonismos
sociais e relações de poder.
Analisar as demandas pautadas pela
ação dos movimentos sociais
contemporâneos que, pelo processo
civilizatório que desencadeiam, indagam
a história em busca das causas
estruturantes dos problemas hoje
vivenciados.
Dar um sentido ético e político ao
trabalho, à formação escolar e à atuação
profissional.
Empregar o tempo da vida e o espaço da
formação para capacitar atores sociais
que ajudem a construir outra realidade
possível.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES:
Refletir criticamente os problemas do
mundo contemporâneo;
Desenvolver a compreensão de si
mesmo como um bem social, histórico e
em processo de autoprodução;
Ler de maneira filosófica, textos de
diferentes estruturas e registros;
Elaborar textos reflexivos;
Debater, assumindo uma posição,
defendendo-a através de argumentos
significativos e mudando de posição
diante de argumentos mais consistentes;
Articular conhecimentos filosóficos e
diferentes conhecimentos presentes nas
ciências naturais e humanas, nas artes e
em outras produções culturais;
Contextualizar conhecimentos
filosóficos, nos planos de sua origem
específica, sócio-política, histórica,
cultural e científico tecnológico;
Diferenciar a filosofia de outros tipos de
conhecimento, apontando para sua
utilidade, compreender que o seu
surgimento se dá a partir do pensamento
crítico;
Dialogar sobre os filósofos, buscando
perceber seus questionamentos, bem
como suas características essenciais;
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METODOLOGIA / ESTRAGÉGIA DE
AÇÃO
Exposição oral e sistemática das ideias
dos filósofos;
Leitura e análise de textos em sala;
Elaboração de estudos dirigidos e
pesquisas extra-sala;
Fazer uso de vídeos e músicas,
Preocupação com a coerência entre
discurso e prática;
Metodologia de investigação participativa
em que a pergunta é utilizada como
meio de descoberta conjunta;
O Processo educativo não é para os/as
estudantes, mas com as/os estudantes;
Apresentar o contexto sócio-histórico de
constituição, formação e
desenvolvimento das ideias filosóficas;
Apresentar visão globalizante dos
problemas, pela perspectiva
multidisciplinar;
Facilitar a aprendizagem, inter-
relacionando conteúdos;
Deixar claro os objetivos da aula;
Estruturar o tempo conforme a
relevância e complexidade do assunto;
Abordar os principais elementos da
temática em questão;
Consolidar ideias principais;
Utilizar exemplos relevantes;
Facilitar a síntese do conteúdo;
Reflexão associada à prática. A reflexão
deve se dar por uma participação
democrática dos sujeitos refletindo a
legítima organização social para a
liberdade;
Enfoque pedagógico problematizador e
crítico;
Apresentação de seminários;
Participação em projetos e eventos
extra-classe;
AVALIAÇÃO:
A avaliação será contínua e permanente e para
todas as aulas será atribuído nota. O processo
avaliativo retroalimentará o processo de ensino-
aprendizado, servindo como um diagnóstico,
que possibilite a correção das falhas e como
parâmetro para prognósticos que vise prever
novas.
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POR QUE FILOSOFIA?
―Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos
do senso comum for útil; se não se deixar guiar
pela submissão às ideias dominantes e aos
poderes estabelecidos for útil; se buscar
compreender a significação do mundo, da
cultura, da história for útil; se conhecer o
sentido das criações humanas nas artes, nas
ciências e na política for útil; se dar a cada um
de nós e à nossa sociedade os meios para
serem conscientes de si e de suas ações numa
prática que deseja a liberdade a felicidade para
todos for útil, então podemos dizer que a
Filosofia é o mais útil de todos os saberes de
que os seres humanos são capazes.‖ Marilena
Chauí
―Do que você precisa, acima de tudo, é de não
se lembrar do que eu lhe disse; nunca pense
por mim, pense sempre por você; fique certo de
que mais valem todos os erros se forem
cometidos segundo o que pensou e decidiu do
que todos os acertos, se eles foram meus, não
seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito
a mim não teríamos talvez dois corpos distintos
ou duas cabeças também distintas. Os meus
conselhos devem servir para que você se lhes
oponha. É possível que depois da oposição
venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa
altura já o pensamento lhe pertence. São meus
discípulos, se alguns tenho, os que estão contra
mim; porque esses guardaram no fundo da
alma a força que verdadeiramente me anima e
que mais desejaria transmitir-lhes: a de não se
conformarem‖. Agostinho da Silva, Sete Cartas
a um Jovem Filósofo, 1945
―O que é um filósofo? É alguém que pratica a
filosofia, que se serve da razão para tentar
pensar o mundo e a sua própria vida, a fim de
se aproximar da sabedoria ou da felicidade. E
isso se aprende na escola? Tem de ser
aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já
que a filosofia é, antes de mais nada, um
trabalho. Tanto melhor, se ele começar na
escola. O importante é começar, e não parar
mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais
para filosofar, dizia Epicuro [...]. Digamos que
só é tarde demais quando já não é possível
pensar de modo algum.‖ COMTE-SPONVILLE,
André. Dicionário Filosófico. São Paulo: Martins
Fontes, 1991. p.79.
"A tarefa da filosofia não é fornecer respostas
ou soluções, mas sim submeter as próprias
perguntas ao exame crítico; de nos fazer ver
como a própria forma pela qual percebemos um
problema é um o bstáculo para sua solução.
Assim, pode-se dizer que a principal função do
intelectual público hoje é fazer com que as
pessoas façam as perguntas certas."— Slavoj
Žižek
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UM MODELO POSSÍVEL: GRÁFICO DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA
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PROGRAMAÇÃO:
Segue abaixo, de modo simplificado os Filósofos que pretendo apresentar-ensinar-aprender em
2015. A proposta está aberta para sugestões. Tem algum outro filósofo ou filósofa, deste período,
que você gostaria que fosse incluído na lista? Com poucas exceções, os Filósofos estão
organizados em ordem cronológica por ser a mais simples, facilitando as convergências de
compreensão. A apresentação nesta ordem não impede de estabelecer o máximo de conexões,
tanto com os pensadores do futuro, quanto do passado.
PROGRAMAÇÃO SIMPLIFICADA - 2015
PERÍODO HISTÓRICO TEMA OU
FILÓSOFO
DATA
Mito
Filosofia
PRÉ-SOCRÁTICOS
Tales 640 – 548 a.C
Anaximandro 610 – 547 a.C
Anaxímenes 588 – 524 a.C
Pitágoras 571 – 500 a.C
Xenófanes 570 – 460 a.C
Heráclito 535 - 475 a.C
Parmênides 530 – 515 a.C
Leucipo Séc. V a.C
Anaxágoras 499 - 428 a.C
Empédocles 483 – 430 a.C
Demócrito 460 – 370 a.C
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
Górgias 483 – 376 a.C
Protágoras 481 – 420 a.C
Sócrates 469 – 399 a.C
Platão 427 – 347 a.C
Aristóteles 384 – 322 a.C
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PROGRAMAÇÃO TEMÁTICA
MITO ANTIGO
Algumas perspectivas sobre o mito:
O mito como estrutura.
Genealogia fabulosa;
Narrado pelo poeta-rapsodo;
Mais de uma versão e mais de uma
interpretação;
O mito continua presente
Prometheus (1774) – Wolfgang von
Goethe
FILOSOFIA
Surgimento e Condições Históricas,
Etimologia,
Características,
Importância,
Campos de investigação.
PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA
Pré-socrático (séc. VII e VI a.C)
Socrático ou clássico (séc.V e IV a.C)
Pós-socrático (séc. III e II a.C.)
PRÉ-SOCRÁTICOS
Primeiras perguntas,
Principais características,
Arché (conceito e referente)
HERÁCLITO (535 – 475 a.C)
O Eterno Fluxo
A Guerra é Pai e Rei de Todas as Coisas
A Harmonia dos contrários
PARMÊNIDES (530 -515 a.C)
A Imobilidade do Ser
Sócrates: Ironia e Maiêutica
A Imobilidade do Ser
Sócrates: Ironia e Maiêutica
HERÁCLITO E PARMÊNIDES
SOFISTAS: a arte de argumentar
O relativismo
SÓCRATES
Biografia,
Método argumentativo: a ironia e a
maiêutica,
Pressuposto: "Só sei que nada sei."
PLATÃO (427 – 347 a.C)
Biografia,
Mito da Caverna: das aparências ao
mundo das essências,
Teoria das ideias perfeitas,
Relação Corpo e Alma
ARISTÓTELES (384-322 a.C.)
Biografia,
Rejeição do mundo das ideias,
Metafísica: surgimento, etimologia,
sentido contemporâneo,
Teoria do Ato e Potência,
Substância, Essência e Acidente,
Teoria das ―Quatro Causas‖,
Primeiro Motor Imóvel
Ética: a justa medida.
Lógica: fundamentos, silogismos e
validade.
Quadrado de oposições
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IDADE ANTIGA
Do Mito ao Logos
Os mitos vistos enquanto maneiras fantasiosas de explicar a realidade seriam lendas,
fábulas, crendices e, portanto, um tipo inferior de conhecimento, a ser superado por explicações
mais racionais. Tanto é que, na linguagem comum, costuma-se identificar o mitoi
à mentira.‖ (p.26)
Os relatos míticos se sustentam na crença, na fé em forças superiores que protegem ou ameaçam,
recompensam ou castigam.
―Como processo de compreensão da realidade, o mito não é lenda, pura fantasia, mas
verdade. Quando pensamos em verdade, é comum nos referirmos à coerência lógica, garantida
pelo rigor da argumentação e pela apresentação de provas. A verdade do mito, porém, resulta de
uma intuição progressiva da realidade, cujas raízes se fundam na emoção e na afetividade. Nesse
sentido, antes de interpretar o mundo de maneira argumentativa, o mito expressa o que desejamos
ou tememos, como somos atraídos pelas coisas ou como delas nos afastamos.
Alguns teóricos do mito:
Bronislaw Malinowski,
Claude Lévi-Strauss;
Ernst Cassirer,
Georges Gusdorf,
Roland Barthes,
Michel Foucault;
Sigmund Freud,
Carl Jung;
Mircea Eliade.
Algumas perspectivas sobre o mito:
Para Sigmund Freud e Carl Jung o mito é revelador do sonho, da fantasia, dos desejos mais
profundos do ser humano. Por exemplo, ao analisar o mito de Édipo, Freud realça o amor e o ódio
inconscientes que permeiam a relação familiar. E Jung se refere ao inconsciente coletivoii
, que seria
encontrável nos grupos e nas pessoas em qualquer época ou lugar. (p.29)
O mito como estrutura. Lévi-Strauss pesquisou a estrutura básica que explica os mais
diversos mitos, procedimento que valorizou mais o sistema do que os elementos que o compõem.
Os elementos, por serem relativos, só tem valor de acordo com a posição que encontram na
estrutura a que pertencem. Ou seja, um fato isolado ou um mito isolado não possuem significado em
si.‖ (p.29) Enquanto outros teóricos interpretam os mitos pela sua funcionalidade e se baseiam nos
elementos particulares, na pura subjetividade ou na história de um determinado povo, Lévi-Strauss
buscou os elementos invariantes, que persistem sob diferenças superficiais. Para tanto, interessam-
lhe os sistemas de relações de parentesco, filiação, comunicação lingüística, troca econômica etc.
comuns a todas as sociedades. Por exemplo, uma regra universal é a proibição do incesto. Esse
interdito tem o lado positivo de garantir a exogamiaiii
, ou seja, a união com pessoas de outro grupo.‖
(p.30). Segundo Lévi-Strauss, o mito não é, como se costuma dizer, o lugar da fantasia e do
arbitrário, mas pode ser compreendido a partir de uma estrutura lógico-formal subjacente, pelo lugar
que cada elemento ocupa em determinada estrutura. Assim ele explica:
Não pretendemos mostrar como os homens pensam nos mitos, mas como os mitos [através
das estruturas] se pensam nos homens, e à sua revelia.iv
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O MITO GREGO
A filosofia é grega, por ter nascido nas colônias gregas no século VI a.C. E antes da filosofia
era o pensamento mítico que ocupava a mente das pessoas. O mito é o modo de consciência
que predomina nas sociedades tribais e que nas civilizações da Antiguidade ainda exerceu
significativa influência. Ao contrário, porém, do que muitos supõem, o mito não desapareceu
com o tempo. Está presente até hoje, permeando nossas esperanças e temores. (p.26)
Os mitos antigos são genealogias fabulosas, fundamentadas na imaginação, sobre a origem
de algo real (o mundo ordenado (cosmologia), as técnicas, os instrumentos, os sentimentos,
as paixões, as emoções, a noite...) a partir de forças geradoras divinas, que se aliam, se
relacionam sexualmente ou lutam entre si.
O mito é narrado pelo poeta-rapsodo.
Os mitos em geral possuem muitas versões e há mais de uma interpretação possível para os
mesmo.
A evolução histórica da Grécia Antiga conhece quatro períodos (Pré-Homérico, Homérico,
Arcaico e Clássico). Nos dois primeiros, o mito ainda era preponderante na interpretação dos fatos
históricos, sendo que no período Homérico ocorre a dissolução dos génos e a conseqüente
formação das cidades-estado. Esta fase obscura da história da Grécia Antiga, que se estende do
século XII ao VIII a C. é chamada de Período Homérico porque seu conhecimento é baseado na
interpretação de lendas contidas em dois poemas épicos atribuídos a um suposto rapsodo cego da
Ásia Menor chamado Homero. No primeiro poema chamado A Ilíada, Homero conta a Guerra de
Tróia, mostrando sua tomada pelos gregos. O poema concentra-se na figura do herói Aquiles que se
negou a combater os troianos devido a sua cólera contra Agamenon que lhe roubou a escrava
Briseida. Somente com a morte do amigo Patroclo, Aquiles volta ao combate. Outro momento
importante da obra descreve a tomada da cidade pelos gregos, que sem a liderança de Aquiles
usaram da astúcia, e por conselho de Odisseu (Ulisses), construíram um grande cavalo de madeira
e esconderam em seu interior os soldados mais valentes, que durante a noite saíram do cavalo e
abriram as portas da cidade para seus companheiros destruírem Tróia. "A Odisséia", descreve o
retorno do guerreiro Odisseu (Ulisses) ao seu reino na ilha grega de Ítaca.
Curiosidades: Lilith é uma personagem da mitologia hebraica oral. No folclore popular hebreu
medieval, ela é tida como a primeira mulher criada por Deus junto com Adão, que o abandonou,
partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, passando depois
a ser descrita como um demônio.
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13
De acordo a interpretação da criação humana no Gênesis feita no Alfabeto de Ben-Sira, entre 600 e
1000 d.C, Lilite foi criada por Deus com a mesma matéria prima de Adão, porém ela recusava-se a
"ficar sempre por baixo durante as suas relações sexuais". Na modernidade, isso levou a
popularização da noção de que Lilite foi a primeira mulher a rebelar-se contra o sistema patriarcal e
a primeira feminista.
Sugestão de Filmes:
A Odisséia;
Tróia;
Os Trezentos
Sugestão de Músicas:
Mulheres de Atenas – Chico Buarque;
Os 12 trabalhos de Hércules – Zé Ramalho;
Mulher nova, bonita e carinhosa – Zé Ramalho
Faça o teste: Qual é o seu deus do Olimpo? Qual deus do Olimpo mais condiz com a sua
personalidade? Um deus poderoso e temível, apesar de assexuado? Uma serena provedora de
abundância? Ou talvez o imprevisível senhor dos mares? Identifique qual dos deuses você louvaria.
http://pandemicquiz.com/pt/q/answer/qual-e-o-seu-deus-do-olimpo#.VNAMs9LF-So
Prometheus (1774)
Wolfgang von Goethe (1749-1832)
Quando era menino e não sabia
Pra onde havia de virar-me,
Voltava os olhos desgarrados
Para o sol, como se lá houvesse
Ouvido pra o meu queixume,
Coração como o meu
Que se compadecesse da minha
angústia.
Quem me ajudou
Contra a insolência dos Titãs?
Quem me livrou da morte,
Da escravidão?
Pois não foste tu que tudo
acabaste,
Meu coração em fogo sagrado?
E jovem e bom — enganado —
Ardias ao Deus que lá no céu
dormia
Tuas graças de salvação?!
Encobre o teu céu, ó Zeus,
Com vapores de nuvens,
E, qual menino que decepa
A flor dos cardos,
Exercita-te em robles e cristas de
montes;
Mas a minha Terra
Hás-de-ma deixar,
E a minha cabana, que não
construíste,
E o meu lar,
Cujo braseiro
Me invejas.
Eu venerar-te? E por quê?
Suavizaste tu jamais as dores
Do oprimido?
Enxugaste jamais as lágrimas
Do angustiado?
Pois não me forjaram Homem
O Tempo todo-poderoso
E o Destino eterno,
Meus senhores e teus?
Nada mais pobre conheço
Sob o sol do que vós, ó Deuses!
Mesquinhamente nutris
De tributos de sacrifícios
E hálitos de preces
A vossa majestade;
E morreríeis de fome, se não
fossem
Crianças e mendigos
Loucos cheios de esperança.
Pensavas tu talvez
Que eu havia de odiar a Vida
E fugir para os desertos,
Lá porque nem todos
Os sonhos em flor frutificaram?
Pois aqui estou! Formo Homens
À minha imagem,
Uma estirpe que a mim se
assemelhe:
Para sofrer, para chorar,
Para gozar e se alegrar,
E pra não te respeitar,
Como eu!
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EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
Sobre o mito antigo, analise as seguintes proposições, e assinale a alternativa FALSA:
A) O mito, mesmo quando compreendido literalmente, é uma verdade sobre o mundo, já que a
verdade é uma mera questão de decisão individual.
B) O mito é uma cosmogonia, ou seja, uma narrativa fabulosa sobre a origem do mundo ordenado
(sentimentos, paixões, emoções, técnicas, instrumentos), a partir da relação sexual, lutas e alianças
entre forças geradoras divinas (sobrenaturais).
C) O mito é narrado pelo poeta-rapsodo.
D) Com o surgimento da Filosofia, a Mitologia foi criticada por alguns filósofos que viam os deuses e
heróis como sendo fruto da imaginação do homem.
QUESTÃO 02
Analise os itens abaixo sobre o MITO e marque a alternativa única alternativa FALSA.
A) O mito é um relato fabuloso, de caráter religioso, que diz respeito a uma história de deuses,
heróis, semideuses e remonta a um tempo primitivo.
B) Tanto o Mito quanto a Filosofia buscam fornecer aos homens explicações e respostas para os
questionamentos acerca do mundo, o que muda são os critérios válidos para essa explicação.
C) Os deuses gregos são entidades superiores da natureza que sempre se mantiveram serenos e
amorosos.
D) O mito é parte da história narrativa sobre a origem do homem e das coisas da natureza que falam
de aspectos da condição humana, sendo portanto parte integrante da história dos povos ao longo
dos séculos.
QUESTÃO 03
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A Caixa de Pandora - Ao homem imprudente e temeroso são atribuidos os males humanos
Sobre o Mito antigo, analise as afirmações abaixo e marque aquela a única INCORRETA:
A) Dentro do contexto tribal, os mitos são de natureza sobrenatural, pois envolvem a concepção do
sagrado e se tornam para as comunidades que os sustentam, um processo de compreensão da
realidade que não é tido nem como lenda, nem como fantasia, mas como verdade.
B) O conceito de mito envolve outro componente – o mistério – pois ele sempre é um enigma a ser
decifrado.
C) A filosofia representa uma ruptura radical e imediata em relação aos mitos, uma nova forma de
pensamento plenamente racional desde suas origens até o momento presente.
D) O mito é essencialmente uma narrativa que não se define apenas pelo tema ou objeto da
narrativa, mas pelo seu modo de narrar que recorre ao mágico para descrever o mundo e o homem.
O QUE É FILOSOFIA?
Não há um consenso sobre a totalidade dos significados do termo ―filosofia‖, e a explicitação
do que é filosofia já é uma questão filosófica, mas é possível encontrar algumas ideias mais
recorrentes nas tentativas de definição do termo.
Etimologicamente, a palavra filosofia (philos-sophia) significa ―amor à sabedoria‖ ou ―amizade
pelo saber‖. Pitágoras (séc. VI a.C), filósofo e matemático grego, teria sido o primeiro a usar o termo
filósofo, por não se considerar um ―sábio‖ (sophos), mas apenas alguém que ama e procura a
sabedoria. A filosofia é um modo e vida, um estado de espírito e uma atitude. É um estado de
espírito disposto a estranhar e se surpreender com o óbvio. É uma atitude de pensar e refletir sobre
o mundo, na sua totalidade, incluindo, portanto nossa própria vida, nos seus diversos aspectos:
pensamentos, sentimentosv
, sensaçõesvi
, valores e ações...
Os campos clássicos da investigação filosófica são: lógica, metafísica, epistemologia, filosofia
política, ética e estética. Existe também inúmeras aplicações da filosofia a áreas específicas do
conhecimento: Veja alguns exemplos: filosofia da educação, filosofia da linguagem, filosofia do
direito, filosofia da religião, filosofia de ―cada uma das ciências‖ (filosofia da matemática, da história,
da biologia, da física etc) e assim por diante.
As questões filosóficas abrangem uma grande gama de possibilidades e fazem parte do
nosso dia-a-dia: Devo votar ou não votar? Se sim, em quem votar? Devo trocar de emprego? Devo
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preocupar com minha saúde? Qual o sentido da existência? Por que estamos neste mundo? Para
que estamos neste mundo?... e assim por diante. Alguns problemas filosóficos podem permanecer
abertos, sem que haja respostas unânimes, enquanto existir o filosofar.
O processo de reflexão filosófica ocorre por indagações e conclusões mais ou menos
consistentes sobre o problema ou fenômeno em análise. Este processo de busca de compreensão
tem como horizonte diversos objetivos, cada filósofo ou filósofa tem o seus, os mais comuns são a
sabedoria, o bem-viver, a felicidade, a verdade....Sobre o significado destes termos também não há
consenso. Todas as pessoas, na medida em que pensam sobre o mundo, em alguma medida
filosofam. Caso desejem isto pode ser aprimorado. Pensar bem e com autonomia intelectual pode
ser exercitado estudando o pensamento dos filósofos.
No filosofar, se delimita o problema, investiga, explicita e avalia os conceitos relacionados ao
mesmo. Seja em qual for o campo, investigar filosoficamente o mundo é investigar os conceitos que
utilizamos para compreender este mundo, tornando claros os seus fundamentos e pressupostos. Se
avalia as certezas, as supostas soluções, e as hipóteses levantadas....e argumenta, concordando ou
discordando total ou parcialmente das mesmas, complementando-as ou ainda apresenta a questão
de um outro ponto de vista, que se acha mais adequado, até mesmo criando novos conceitos para
esta nova abordagem.
O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
A filosofia é uma ruptura com o mito, na medida em que inaugura uma nova maneira de
explicar os conflitos e as tensões sociais.
O surgimento da consciência filosófica na Grécia do final do século VII a.C, se deve
principalmente à conjunção de fatores históricos, como navegações, o aparecimento da
escrita alfabética, do calendário, a formação da pólis, o contato entre os povos antigos, a
herança recebida de outras civilizações, a experiência de um discurso (logos) público pautado
pelo diálogo.
A filosofia está intimamente ligada à cosmologia, tentando oferecer uma explicação racional
para a origem e a ordem do mundo.
Por que se filosofa? A filosofia é uma atividade que tem como origem, para Platão, a
admiração, o espanto.
Através da Filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios
fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política e arte.
Tanto o mito como a filosofia buscam responder a questões que incomodam o homem. O
homem sempre desejou afugentar a insegurança, os temores e a angústia diante do
desconhecido, do perigo e da morte.
CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA
O significado da palavra Filosofia (philos-sophia), com base em sua etimologia é amor à
sabedoria. Mas a filosofia não pode ser definida por uma simples frase.
O Filósofo procura a sabedoria. Sabedoria [Sophia] é a ciência sobre os princípios e as
causas.
A Filosofia desencoraja as crenças dogmáticas e busca, em suas explicações, coerência,
universalidade, logicidade, racionalidade e verdade.
Leitura Complementar:
Leia mais em: ARANHA, Maria Lucia Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando.
Introdução à filosofia. volume único.4ª edição. S.P: - Moderna.2009. Cap. 2. A consciência mítica
(p.25-34) e Cap. 3. O nascimento da filosofia (p.36-42).
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Sugestão de filme:
Waking Life – Despertando para a Vida (2001) – Disponível em:
http://www.disclose.tv/action/viewvideo/146645/Waking_Life__Despertando_Para_a_Vida__2001/
Um pouco de diversão: Filosofighters
"A vida é um grande combate", dizia o mestre Platão na antiguidade. Desde sua origem, a Filosofia
estuda os problemas fundamentais da mente. Teorias foram aclamadas, demolidas e reerguidas por
textos apaixonados (e muitas vezes cruéis) saídos das mentes mais brilhantes da humanidade.
Nove desses grandes pensadores - de diferentes continentes e escolas - foram convocadas para
uma batalha de ideias. Você está pronto para a porrada?
http://super.abril.com.br/mul.../filosofighters-631063.shtml
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
A respeito do surgimento da consciência filosófica na Grécia do final do século VII a.C marque a
alternativa ERRADA:
A) Se deve principalmente à conjunção de fatores históricos, como navegações, a escrita alfabética,
o calendário, a formação das cidades (as pólis).
B) Constitui um milagre grego, um acontecimento extraordinário que não pode ser nem explicado,
nem compreendido por ninguém.
C) A filosofia está intimamente ligada à cosmologia, tentando oferecer uma explicação racional e
verdadeira para a origem e a ordem do mundo.
D) A filosofia inaugurou uma nova maneira de explicar os conflitos e as tensões sociais.
QUESTÃO 02
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Sobre a Filosofia e seu surgimento é correto afirmar, EXCETO:
(A) Com o surgimento da Filosofia, a Mitologia foi bastante criticada pelos pensadores (filósofos) que
viam os deuses e heróis como sendo fruto da imaginação do homem. Assim sendo a Filosofia é uma
superação da Mitologia quando passa a explicar o sentido da vida através do Logos (Razão), do
discurso racional rigoroso.
(B) Os filósofos a partir das explicações filosóficas tentaram provar que as explicações mitológicas
também eram confiáveis.
(C) Os homens procuravam formular seus questionamentos filosóficos sem ter de recorrer aos Mitos
e passaram a construir um pensamento baseado na experiência e na razão.
(D) Os povos antigos explicavam a origem do mundo e do homem como criação dos deuses.
QUESTÃO 03
Sobre a Filosofia, assinale a alternativa ERRADA.
A) A palavra Filosofia vem do grego philosophia, philein, amor, e sophia , saber, sabedoria.O
significado da palavra Filosofia, com base em sua etimologia, é amor à sabedoria. E sabedoria é
uma ciência sobre os princípios e causas. Mas sabemos que 2500 anos de diversificada produção
filosófica não pode ser resumida numa simples definição etimológica.
B) A Grécia é matriz cultural do ocidente, pois desenvolveu um novo modo de pensar e agir diante
do mundo, por isso é chamada o berço da Filosofia. Através da Filosofia, os gregos instituíram para
o Ocidente as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, ciência, ética, política e
arte.
C) O papel da Filosofia é estimular nossa fé nos livros sagrados, que foram todos revelados por
Deus, consolidando em nós uma atitude dogmática e fundamentalista diante da vida e do mundo.
D) A filosofia tende à reflexão, à racionalidade, à coerência e ao rigor, isto é, o Logos (a razão) com
seus princípios e regras, é o critério de explicação do mundo.
QUESTÃO 04
Dentre as alternativas abaixo, assinale a que contém alguma afirmação INCORRETA.
A) Senso Comum e Filosofia têm significados diferentes, pois o primeiro baseia-se nas experiências
do dia-a-dia, enquanto a segunda busca uma fundamentação mais rigorosa para suas explicações
de mundo.
B) A filosofia é uma atividade que tem como origem, para Platão, a admiração.
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C) A filosofia procura a verdade por meio das capacidades humanas, no uso da razão e pelo amor à
sabedoria.
D) A filosofia deseja oferecer uma explicação conclusiva sobre as coisas e, para consegui-la, se
serve do apelo emocional.
QUESTÃO 05
Para que serve a filosofia?
A) A filosofia nos serve para não aceitarmos como óbvias as ideias, as verdades, os fatos, os
valores e comportamentos sem antes investigar e compreender.
B) A filosofia nos serve para não aceitarmos de imediato as coisas sem maiores considerações.
C) A filosofia nos serve para perguntarmos: O que somos? Por que somos? Como somos? De onde
viemos? Para onde vamos?
D) A filosofia nos serve para dominar o mundo e obter rapidamente fama, grana, sexo e poder.
QUESTÃO 06
São campos de investigação filosófica, EXCETO:
A) Teoria do conhecimento: campo de investigação filosófica que abarca as questões sobre o
conhecer.
B) Estética: a parte da filosofia que discute sobre a beleza e os juízos de gosto.
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C) Ética: a parte da filosofia que nos auxilia a responder a pergunta: "como viver?". Lida com valores
de bem e de mal, de bom e de mau, de certo e de errado, de justo e de injusto.
D) Cinética: é a parte da filosofia que estuda a velocidade das reações e processos e os fatores que
as influenciam.
QUESTÃO 07
Sobre a Filosofia, marque a alternativa FALSA:
A) Desde Tales de Mileto, passando por Heráclito, Descartes e chegando aos ambientalistas de
hoje, as explicações sobre o Cosmos (Natureza) são dadas por argumentos, razões plausíveis para
que o processo desencadeado pela Physis se comporte de determinada maneira e continue
permitindo-nos viver aqui.
B) Na história da filosofia, os argumentos são confrontados por outros argumentos e,
progressivamente, as concepções tornam-se cada vez mais elaboradas. Desta forma, por conta
desse movimento o pensamento filosófico aproxima-se do pensamento mítico.
C) A filosofia apresenta uma visão de mundo com base racional e científica que pode ser repensada
por meio de argumentação que está sempre sendo revista.
D) A Filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A Filosofia não é um conjunto
de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo.
QUESTÕES ABERTAS
01) O que significa a palavra filosofia? (etimologia da palavra). Explique.
02) Para que serve a filosofia?
03) Comente a seguinte afirmação ―A filosofia grega nasceu procurando desenvolver o logos em
contraste com os mitos‖. Procure estabelecer o sentido de logos e de mito.
04) O que é cosmologia? Explique.
05) Qual foi a importância da pólis (cidade-estado) para o nascimento da filosofia?
06) Comente a seguinte afirmação ―A filosofia grega nasceu procurando desenvolver o logos em
contraste com os mitos‖. Procure estabelecer o sentido de logos e de mito.
07) (UFMG) Leia este trecho
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―[...] a filosofia não é a revelação feita ao ignorante por quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais
que se fazem cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e não à razão da força.‖
(Fernando Savater. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p.2.)
Com base na leitura desse trecho e em outros conhecimentos sobre o assunto, redija um texto
destacando duas características da atitude filosófica.
08) Quais foram as condições históricas que possibilitaram o nascimento da filosofia?
PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA
Pré-socrático (séc. VII e VI a.C). Os primeiros filósofos ocupavam-se com questões cosmológicas,
iniciando a separação entre a filosofia e o pensamento mítico.
Socrático ou clássico (séc.V e IV a.C). Ênfase nas questões antropológicas e maior
sistematização do pensamento. Desse período fazem parte os sofistas, o próprio Sócrates, seu
discípulo Platão e Aristóteles, discípulo de Platão.
Pós-socrático (séc. III e II a.C.) Durante o helenismo, preponderou o interesse pela física e pela
ética. Surgiram as correntes filosóficas do estoicismo (Zenão de Cítio), do hedonismo (Epicuro) e do
ceticismo (Pirro de Élida).
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PRÉ-SOCRÁTICOS
Os pré-socráticos são considerados os primeiros filósofos e viveram por volta dos séculos VII
e VI a.C.
A filosofia começou não na Grécia continental, mas nas colônias da Jônia e da Magna Grécia
(sul da atual Itália), onde florescia o comércio.
Filósofos gregos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma
explicação racional. Suas teses constituem buscas para conhecer o mundo, o cosmo.
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Tales de Mileto (astrônomo e matemático) é considerado o primeiro pensador grego, por isso
é considerado o pai da filosofia.
Pitágoras foi o que pela primeira vez usou a palavra filosofia.
O mito explica o mundo como criação dos deuses, ou seja, com uma cosmogonia, já para os
primeiros filósofos o mundo é incriado e há uma racionalidade constitutiva do mesmo, daí
objetivarem explicar racionalmente a natureza da realidade física (Filosofia da natureza), daí
a elaboração de diversas cosmologias (estudo do universo).
A perguntarem como diante da mudança encontramos a estabilidade e como diante do
múltiplo, descobrimos o uno, os pré-socráticos buscam o princípio (em grego, a arkhé) de
todas as coisas, entendido não como aquilo que antecede no tempo, mas como fundamento
do ser. Buscar a arkhé é explicar qual é o elemento ou princípio (fundamento) constitutivo de
todas as coisas. A unidade que pode explicar a multiplicidade.
Apenas com Sócrates (469-399 a.C) começa as preocupações éticas e, portanto o período
socrático é chamado de antropológico.
A maior parte dos escritos desapareceram. Só nos resta fragmentos e referências de filósofos
posteriores.
Em geral escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica das epopéias,
dos relatos míticos.
FILÓSOFO CIDADE REGIÃ
O
DATA ARCHÉ
Tales Mileto Jônia 640 a.C – 548 a.C Água
Anaximandro Mileto Jônia 610 a.C – 547 a.C Matéria indeterminada,
ilimitada,
Ápeiron
Anaxímenesvii
Mileto Jônia 588 a.C – 524 a.C Ar1
Leucipoviii
Séc. V a.C Átomos
Pitágoras 571 a.C – 500 a.C Número
Xenófanes Cólofon 570 a.C – 460 a.C Terra
Heráclito Éfeso 535 a.C - 475 a.C Fogo (desacordo, o
devir)
Anaxágoras Clazôme
na
499 aaa.C - 428 a.C Homeomerias
(sementes), ordenas
pela Inteligência cósmica
(Nous, em grego)
Empédocles 483 – 430 a.C Terra, água, ar, fogo
Demócrito 460 a.C – 370 a.C Átomos (materialista e
determinista)
Parmênides 530 – 515 a.C Ser
Leitura Complementar:
Ler da página 39 a 41 do livro Filosofando.
Sugestão de filme:
Donald no País da Matemágica
1
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EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia à cosmologia. Aqui
destaca-se os pré-socráticos que tem como abordagem cosmológica:
A) O princípio (arché) fundamento de todas as coisas está embasado na cosmogonia, os pré-
socráticos, procuraram uma razão filosófica para sustentar as concepções míticas.
B) Os pré-socráticos, considerado os primeiros filósofos, têm uma preocupação com uma filosofia
antropológica, por isso buscam os princípios éticos e morais da sociedade.
C) Heráclito, Parmênides, Empédocles estes chamados de pré-socráticos, buscam a arché —
princípio constitutivo de todas as coisas — dentro de princípios teóricos, mas com a preocupação de
não obscurecer as concepções míticas existentes.
D) A arché, princípio teórico enquanto fundamento de todas as coisas. O pensamento desse
momento se caracteriza pela preocupação com a natureza do mundo exterior, o que podemos
denominar de uma filosofia da natureza.
QUESTÃO 02
Dentre as alternativas abaixo, assinale a alternativa INCORRETA.
A) Os filósofos pré-socráticos se preocuparam em encontrar explicações racionais para a realidade
física.
B) Tanto o mito como a filosofia buscam responder a questões que incomodam o homem.
C) O nascimento da filosofia está intimamente relacionado com o domínio
D) A filosofia é uma atividade que tem como origem, para Platão, a admiração.
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QUESTÃO 03
Os filósofos da natureza, a partir da explicação filosófica, tentaram provar que as explicações
mitológicas não poderiam ser confiáveis, queria significar com a palavra Filosofia:
A) O conhecimento crítico das coisas. O amor pelo saber, e, particularmente, pela investigação das
causas e dos efeitos.
B) A adoração aos seres de inteligência superior.
C) O amor pela mitologia grega.
D) O amor por tudo que desperta o desejo.
QUESTÃO 04
Sobre o início da filosofia, marque a alternativa ERRADA:
A) Os pré-socráticos são considerados os primeiros filósofos e viveram por volta dos séculos I e II
D.C.
B) A filosofia começou não na Grécia continental, mas nas colônias da Jônia e da Magna Grécia (sul
da atual Itália), onde florescia o comércio.
C) Tales de Mileto (astrônomo e matemático) é considerado o primeiro pensador grego, por isso é
considerado o pai da filosofia.
D) Pitágoras foi o que pela primeira vez usou a palavra filosofia.
QUESTÃO 05
Sobre o início da filosofia e os filósofos pré-socráticos, marque a alternativa ERRADA:
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A) O mito explica o mundo como criação dos deuses, ou seja, com uma cosmogonia, já para os
primeiros filósofos o mundo é incriado e há uma racionalidade constitutiva do mesmo, daí
objetivarem explicar racionalmente a natureza da realidade física (Filosofia da natureza), daí a
elaboração de diversas cosmologias (estudo do universo).
B) Ao perguntarem como diante da mudança encontramos a estabilidade e como diante do múltiplo
descobrimos o uno, os pré-socráticos buscam o princípio (em grego, a arkhé) de todas as coisas,
entendido não como aquilo que antecede no tempo, mas como fundamento do ser. Buscar a arkhé é
explicar qual é o elemento (princípio, fundamento) constitutivo de todas as coisas. A unidade que
pode explicar a multiplicidade.
C) Apenas com Sócrates (469-399 a.C) começa as preocupações éticas e, portanto o período
socrático é chamado de antropológico.
D) Em geral escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica das epopéias, dos
relatos míticos. Todos os seus escritos, milhares de volumes, foram preservados e se encontram
digitalizados e à disposição do público na rede mundial de computadores.
QUESTÃO 06
Sobre a Arché proposta por cada filósofo Pré-Socrático, marque a alternativa CORRETA:
I. Para Tales de Mileto era a água;
II. Para Anaximandro de Mileto era a matéria indeterminada e ilimitada chamada apeíron ou éter;
III. Para Anímenes era o ar;
IV. Para Demócrito e Leucipo era os átomos;
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V. Para Pitágoras era os números;
VI. Para Xenófanes era a terra
VII. Para Heráclito era o fogo, o desacordo, o devir...
VIII. Para Anaxágoras era as homeomerias (sementes cósmicas) ordenadas pela inteligência cósmica
(nous).
IX. Para Empédocles era os quatro elementos: terra, fogo, ar e água;
A) Apenas afirmações I, III e VII estão corretas
B) Apenas as afirmações I, VI e IX estão corretas.
C) Todas as afirmações estão corretas
D) Nenhuma das afirmações estão corretas
QUESTÕES ABERTAS
01) O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia à cosmologia.
Aqui destaca-se os pré-socráticos que tem como abordagem cosmológica, a arché, princípio teórico
enquanto fundamento de todas as coisas. Qual a principal preocupação do pensamente desse
momento?
02) O que diferencia as explicações de mundo dos filósofos pré-socráticos das explicações míticas?
03) Os filósofos da natureza, a partir da explicação filosófica, tentaram provar que as explicações
mitológicas não poderiam ser confiáveis. O que queriam significar com a palavra Filosofia?
04) Os pré-socráticos são considerados os primeiros filósofos. A filosofia começou não na Grécia
continental, mas nas colônias da Jônia e da Magna Grécia (sul da atual Itália), onde florescia o
comércio. Quem foi considerado o primeiro pensador grego?
05) Qual foi o pré-socrático que pela primeira vez usou a palavra filosofia?
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HERÁCLITO
Heráclito (535 – 475 a.C) nasceu em Éfeso, na Jônia. Sua doutrina, criticada pela filosofia clássica,
foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a Dialética (totalidade,
mediação, contradição). Sendo Heráclito o primeiro grande representante deste pensamento.
Estudioso da natureza e preocupado com a arché, como todo pré-socrático. Sobre sua filosofia
podemos afirmar:
I. Para o filósofo o Mundo (o ser, o universo) é : incriado (nenhum dos deuses ou dos
homens o fez), eterno (sempre foi e sempre será, constante), móvel (oscilante, pulsante,
se acende com medida e se apaga com medida), regido pelo Logos e igual para todos.
II. Tudo flui (Panta Rei). Sua escola é chamada mobilista. O mundo, todas as coias, a
realidade, a vida é dinâmica, é movimento, está em transformação, em mudança
constantemente, pela eternidade, permanentemente. ―Não nos banhamos duas vezes no
mesmo rio‖. Do arco o nome é vida e a obra é morte. Não há uma identidade do ser. O ser
não é mais que o vir-a-ser, o devir. Tudo que é fixo é uma ilusão.
III. A Luta dos Contrários é o princípio de todas as coisas e produz a Mobilidade e a Harmonia
da realidade. Todas as coisas estão em oposição umas com as outras. ―A guerra é o pai
de todos‖.
IV. O Fogo é a substância que dá origem a todos os seres e ao próprio Universo. É também
uma imagem e uma metáfora que representa a Luta dos Contrários, o desacordo, o Devir,
o Logos, a lei unitária sob o qual as coisas nascem e morrem, aparecem e desaparecem.
V. O cosmo é harmônico, uma harmonia dos contrários, que advém da permanente tensão e
conciliação dos opostos. Como as tensões do arco e das cordas de uma lira, geram uma
unidade. Tal unidade expressa a harmonia segundo a qual o kosmos é ordenado num
equilíbrio dinâmico de sucessão de opostos, movimento contínuo e pluralidade, cujo Logos
é Um. ―Não compreendem como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de
tensões contrárias, como de arco e lira‖. Fr. 51, Os Pré-Socráticos. São Paulo: Abril
Cultural, 1973, p.84. (Col. Os Pensadores)
Segundo Heráclito alguns homens não conseguem compreender a verdadeira natureza da
realidade:
I. São desatentos: alguns homens ignoram o que fazem quando acordados.
II. Esquecem o que fazem quando dormem.
III. Seus sentidos são deseducados: As sensações são falíveis, contudo educáveis. ―Más
testemunhas para os homens são os olhos e ouvidos, se almas bárbaras eles tem.‖
IV. Inexperientes. Sem experiência não compreendem, nem antes, nem depois que ouvem o
logos.
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V. Ignoram que ignoram. A si próprios lhes parece que conhecem e percebem. (DK 22 B 17).
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
Heráclito nasceu em Éfeso, na Jônia, e viveu entre os séculos VI e V a.C. Sua doutrina, criticada
pela filosofia clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a
Dialética. Sendo Heráclito o primeiro grande representante deste pensamento. Estudioso da
natureza e preocupado com a arché, como todo pré-socrático. Sobre sua filosofia podemos afirmar:
VI. Para o filósofo o Mundo (o ser, o universo) é : incriado (nenhum dos deuses ou dos homens o fez),
eterno (sempre foi e sempre será, constante), móvel, oscilante (pulsante, se acende com medida e
se apaga com medida), regido pelo Logos e igual para todos.
VII. Tudo flui (Panta Rei). Sua escola é chamada mobilista. O mundo, todas as coias, a realidade, a
vida é dinâmica, é movimento, está em transformação, em mudança constantemente, pela
eternidade, permanentemente. ―Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio‖. Do arco o nome é
vida e a obra é morte. Não há uma identidade do ser. O ser não é mais que o vir-a-ser, o devir.
Tudo que é fixo é uma ilusão.
VIII. A Luta dos Contrários é o princípio de todas as coisas e produz a Mobilidade e a Harmonia da
realidade. Todas as coisas estão em oposição umas com as outras. ―A guerra é o pai de todos‖.
IX. O Fogo é a substância que dá origem a todos os seres e ao próprio Universo. É também uma
imagem e uma metáfora que representa a Luta dos Contrários, o desacordo, o Devir, o Logos, a lei
unitária sob o qual as coisas nascem e morrem, aparecem e desaparecem.
X. O cosmo é harmônico, uma harmonia dos contrários, que advém da permanente tensão e
conciliação dos opostos. Como as tensões do arco e das cordas de uma lira, geram uma unidade.
Tal unidade expressa a harmonia segundo a qual o kosmos é ordenado num equilíbrio dinâmico
de sucessão de opostos, movimento contínuo e pluralidade, cujo Logos é Um. ―Não compreendem
como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tensões contrárias, como de arco e
lira‖. Fr. 51, Os Pré-Socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.84. (Col. Os Pensadores)
A) Apenas I, II e IV estão corretas
B) Apenas I, III e V estão corretas
C) Apenas II, III e IV estão corretas
D) Todas estão corretas
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QUESTÃO 02
Segundo Heráclito alguns homens não conseguem compreender a verdadeira natureza da
realidade, pois:
VI. São desatentos: alguns homens ignoram o que fazem quando acordados.
VII. Esquecem o que fazem quando dormem.
VIII. Seus sentidos são deseducados: As sensações são falíveis contudo educáveis. ―Más testemunhas
para os homens são os olhos e ouvidos, se almas bárbaras eles tem.‖
IX. Inexperientes. Sem experiência não compreendem, nem antes, nem depois que ouvem o logos.
X. Ignoram que ignoram. A si próprios lhes parece que conhecem e percebem. (DK 22 B 17).
A) Apenas I, II e IV estão corretas
B) Apenas I, III e V estão corretas
C) Apenas II, III e IV estão corretas
D) Todas estão corretas
QUESTÃO ABERTA
01 - ―Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas. (...) Não se pode entrar
duas vezes no mesmo rio‖. (Heráclito. Pré-socráticos. Col. Os Pensadores. Abril Cultural, 1978).
A partir do fragmento acima, estabeleça a concepção do ser de Heráclito.
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PARMÊNIDES (530 a.C – 460 a.C)
Parmênides de Eléia, nasceu no sul da Magna Grécia (sul da atual Itália), filósofo pré-socrático,
fundador da metafísica, e autor do poema ―Sobre a Natureza‖.
Parmênides de Eléia se concentrou no confronto entre o conhecimento racional e o conhecimento
sensível. Ele rejeita a experiência como fonte da verdade. O ser não pode ser percebido pelos
sentidos. As percepções sensíveis são feitas apenas de aparências e ilusões.
Para o filósofo existe somente uma via para a compreensão e conhecimento da realidade que é o
caminho da razão, do pensamento, da essência ou da Filosofia.
O ser é imóvel, imutável, eterno e UNO e sempre idêntico a si mesmo.
Só o mundo inteligível é verdadeiro e está submetido aos princípios que mais tarde Aristóteles
chamou de identidade e de não contradição. Sua formulação se da por meio da seguinte tese
defendida pelos Eleatas sobre o ser: "o ser não pode não-ser, o não-ser não pode ser e o devir não
existe". Apenas o ser é e pode ser dito e pensando. O ser e o pensar é o mesmo. O não-ser de
modo algum é, nem mesmo pensado. E é absurdo uma coisa ser e não ser ao mesmo tempo. Os
opostos não podem coexistir ou alternar-se um ao outro.
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
Sobre Parmênides de Eléia, sul da Magna Grécia (530 a.C – 460 a.C), filósofo pré-socrático,
fundador da metafísica, e autor do poema ―Sobre a Natureza‖ podemos afirmar que , EXCETO:
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A) Parmênides de Eléia se concentrou no confronto entre o conhecimento racional e o conhecimento
sensível. Ele rejeita a experiência como fonte da verdade. O ser não pode ser percebido pelos
sentidos. As percepções sensíveis são feitas apenas de aparências e ilusões.
B) Para o filósofo existe somente uma via para a compreensão e conhecimento da realidade que é o
caminho da razão, do pensamento, da essência ou da Filosofia.
C) O ser é imóvel, imutável, eterno e múltiplo e sempre idêntico a si mesmo.
D) Só o mundo inteligível é verdadeiro e está submetido aos princípios que mais tarde Aristóteles
chamou de identidade e de não contradição. Sua formulação se da por meio da seguinte tese
defendida pelos Eleatas sobre o ser: "o ser não pode não-ser, o não-ser não pode ser e o devir não
existe". Apenas o ser é e pode ser dito e pensando. O ser e o pensar é o mesmo. O não-ser de
modo algum é, nem mesmo pensado. E é absurdo uma coisa ser e não ser ao mesmo tempo. Os
opostos não podem coexistir ou alternar-se um ao outro.
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HERÁCLITO E PARMÊNIDES
A teoria de Parmênides e Heráclito possuem fundamentos opostos no que diz respeito a concepção
de Ser. A tese sobre a realidade ou o Ser de Heráclito pode ser expressa, em síntese, da seguinte
maneira: ―O ser é devir‖. Já a tese de Parmênides se resumiria assim: ―O ser é (existe) e o não ser,
não é (não existe)‖.
Heráclito de Éfeso compreendia a realidade como fluxo ou devir permanente e eterno, concebe toda
a physis como um fluxo incessante e como multiplicidade e Parmênides de Eléia defendia que a
realidade é aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo e imutável.
Embora a concepção do Ser ou da realidade seja para Heráclito e Parmênides bastante distinta e
até mesmo oposta, é necessário reconhecer que, tanto para um quanto para outro, os sentidos e o
senso comum não alcançam o verdadeiro conhecimento, mas engendram apenas a opinião (doxa).
Para ambos, apenas o pensamento (logos) pode conhecer a verdade.
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
Sobre a filosofia de Heráclito e Parmênides podemos afirmar, EXCETO:
A) A teoria de Parmênides e Heráclito tem o mesmo fundamento, falam sobre o eterno movimento.
B) A tese sobre a realidade ou o Ser de Heráclito pode ser expressa, em síntese, da seguinte
maneira: ―O ser é devir‖. Já a tese de Parmênides se resumiria assim: ―O ser é (existe) e o não ser,
não é (não existe)‖.
C) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em desacordo quanto a mutabilidade ou não do
ser. Heráclito de Éfeso compreendia a realidade como fluxo ou devir permanente e eterno, concebe
toda a physis como um fluxo incessante e como multiplicidade e Parmênides de Eléia defendia que a
realidade é aquilo que permanece sempre idêntico a si mesmo e imutável.
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D) Embora a concepção do Ser ou da realidade seja para Heráclito e Parmênides bastante distinta e
até mesmo oposta, é necessário reconhecer que, tanto para um quanto para outro, os sentidos e o
senso comum não alcançam o verdadeiro conhecimento, mas engendram apenas a opinião (doxa).
Para ambos, apenas o pensamento (logos) pode conhecer a verdade.
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PERÍODO ANTROPOLÓGICO, SOCRÁTICO OU CLÁSSICO (V e IV a.C)
Os pensadores desse período, embora ainda discutissem questões cosmológicas, ampliaram os
questionamentos para a antropologia, a moral e a política. O centro cultural deslocou-se das
colônias para a cidade de Atenas.
OS SOFISTAS: A ARTE DE ARGUMENTAR
Sofistas. Do grego sophós, ―sábio‖, ou melhor, ―professor de sabedoria‖.
Alguns sofistas são interlocutores de Sócrates:
Protágoras, de Abdera (485-411 a.C) (O homem é a medida de todas as coisas.);
Górgias, de Leôncio, na Sicília (485-380 a.C);
Híppias de Élis
Trasímaco, Pródico e Hipódamos
Tal como ocorreu com os pré-socráticos, dos sofistas só nos restam fragmentos de suas
obras, reunidas nas doxografias.
Ocupam-se de um ensino intinerante.
Cobravam pelas aulas. (Sócrates os acusavam de ―prostituição‖).
Contribuiram para a sistematização do ensino. Currículo: gramática, retórica, dialética,
aritmética, geometria, astronomia e música.
Elaboraram o ideal teórico da democracia, valorizada pelos comerciantes em ascensão e
desvalorizada pela aristocracia rural. (Nem Sócrates, nem Platão tinham simpatia pela
democracia, por causa do risco da demagogia.)
Após o período pré-socrático seguiu-se uma nova fase filosófica, caracterizada pelo interesse
no próprio homem e nas relações políticas o homem com a sociedade. Essa nova fase foi
marcada no início, pelos sofistas;
Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembléias
democráticas, assim, as lições dos sofistas tinham o como objetivo o desenvolvimento da
argumentação, da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes;
Essas características dos ensinamentos sofistas favoreceram o surgimento de concepções
filosóficas relativista sobre as coisas;
Hegel reabilitou os sofistas no século XIX. Desde então o período iniciado pelos sofistas
passou a ser denominado Aufklärung grega, imitando a expressão alemã que designa o
Iluminismo europeu do século XVIII.
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39
EXERCÍCIOS
QUESTÃO 01
A denominação e o significado atual da palavra ―sofista‖ já está carregada de um forte preconceito
histórico e um grande acento ideológico. Foram estes apresentados pela filosofia tradicional como
―vilões‖, demagogos, perversos, imputando-lhes uma culpa eterna pela morte de Sócrates. Assinale
a única alternativa INCORRETA:
A) Formaram uma grande escola e uma proeminente tradição na ―pólis‖ ateniense, tendo como dois
grandes precursores da escola, Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini;
B) Estes filósofos faziam-se chamar de sábios e iniciaram uma nova sistemática nos seus encargos
de ensinar: faziam-se pagar pelos seus discípulos;
C) Para eles a educação deve ser dirigida somente aos políticos, pois necessitam de retórica
decidida, raciocínio firme e claro, manejo hábil no pensar e no falar em público;
D) Para Protágoras ―o homem é a medida de todas as coisas‖ e ensinar é a arte de persuadir, em
todas as suas formas.
QUESTÃO ABERTA
01) O que eram os Sofistas? O que eles ensinavam?
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HELENISMO
Com o Helenismo, surge um novo período na filosofia, a ―filosofia helenística‖(cujo início é
tradicionalmente associado à morte de Alexandre, em 323 a.C., prolongando-se até o surgimento de
Plotino, no século III da nossa era).
Designa-se por ―período helenístico‖ (do grego, hellenizein– "falar grego", "viver como os gregos") o
período da história da Grécia de parte do Oriente Médio compreendido entre a morte de Alexandre,
o Grande, em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 146 a.C.
Caracterizou-se pela difusão da civilização grega numa vasta área que se estendia do mar
Mediterrâneo oriental à Ásia Central. De modo geral, o helenismo foi a concretização de um ideal de
Alexandre: o de levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava. Foi naquele período
que as ciênciasparticulares tiveram seu primeiro e grande desenvolvimento.
As principais escolas filosóficas deste período são:
Estoicismo
Epicurismo
Ceticismo
Cinismo
É nesse período do pensamento ocidental que a filosofia se expande da Grécia para outros centros
como Roma e Alexandria.
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41
SÓCRATES (469/470 – 399 a.C)
―Enquanto tiver ânimo e puder fazê-lo, jamais deixarei de filosofar, de vos
advertir, de ensinar em toda ocasião àquele de vós que eu encontrar, dizendo-
lhe o que costumo: ‗Meu caro, tu, um ateniense, da cidade mais importante e
mais reputada por sua sabedoria, não te importares nem pensares na razão, na
verdade e em melhorar tua alma?‘ E se algum de vós responder que se
importa, não irei embora, mas hei de o interrogar, examinar e refutar e, se me
parecer que afirma ter adquirido a virtude sem a ter, hei de repreendê-lo por
estimar menos o que vale mais e mais o que vale menos .‖ PLATÃO. Apologia
de Sócrates, 29 d-e.
BIOGRAFIA: Tanto quanto os sofistas, Sócrates se concentrou na problemática do homem. Embora
tenha sido em sua época, confundido com os sofistas, (O comediógrafo Aristófanes o ridicularizava
incluindo-o entre os sofistas), Sócrates travou uma polêmica profunda com eles, pois procurava um
fundamento último para as interrogações humanas (O que é o bem?, O que é a virtude?, O que é a
justiça?, etc.);
Sócrates procurava compreender o que é a essência do homem. Ele dizia que a essência é a alma
do homem, entendendo alma aqui como a razão, o nosso eu consciente.
―Sócrates nasceu e viveu em Atenas, Grécia. Filho de um escultor e de uma parteira, Sócrates
conhecia a doutrina dos filósofos que o antecederam e de seus contemporâneos. Discutia em praça
pública sem nada cobrar. Não deixou livros, por isso conhecemos suas ideias por meio de seus
discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte. Acusado de corromper a mocidade e negar os deuses
oficiais da cidade, foi condenado à morte. Esses acontecimentos finais são relatados no diálogo de
Platão, Defesa de Sócrates. Em outra obra, Fédon, Sócrates discute com os discípulos sobre a
imortalidade da alma, enquanto aguarda o momento de beber a cicuta. Na maioria dos diálogos
platônicos, Sócrates é o protagonista.‖ (p.21)
MÉTODO SOCRÁTICO: A IRONIA E A MAIÊUTICA.
Sócrates enfrentou o relativismo moral com um método simples: é preciso conhecer para se poder
falar.
Ironia: Com isso, Sócrates criou um método que muitos confundem ainda hoje apenas com uma
figura de linguagem. A ironia socrática era, antes de tudo, o método de perguntar sobre uma coisa
em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo. No sentido comum, usamos a
ironia para dizer algo e expressar exatamente o contrário. Por exemplo: afirmamos que alguma coisa
é bonita, mas na verdade insinuamos que é muito feia. Diferentemente, para Sócrates, a ironia
consiste em perguntar, simulando não saber. Desse modo, o interlocutor expões sua opinião, à qual
Sócrates contrapõe argumentos. Ao fazer perguntas, comentando as respostas, refutando e
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42
voltando a perguntar, Sócrates caminha com o interlocutor para encontrar a definição da coisa
procurada levando-o à consciência de que seu saber era baseado em reflexões, cujo conteúdo era
repleto de conceitos vagos e imprecisos, preconceitos recebidos, imagens sensoriais percebidas ou
opiniões subjetivas e não definição buscada, tendo, portanto um caráter purificador, à medida que
levava o interlocutor a confessar suas próprias contradições e ignorâncias, a perceber a ilusão do
conhecimento, a abandonar os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias que
coordenavam um modo de ver e agir e passasse a pensar, a refletir por si mesmo. Esse exercício
era o que ficou conhecido como maiêutica, que significa a arte de parturejar.
Maiêutica: A maiêutica centra-se na investigação dos conceitos. Para tanto, Sócrates faz novas
perguntas para que seu interlocutor possa refletir. Portanto não ensina, mas o interlocutor descobre
o que já sabia. Sócrates dizia que, enquanto sua mãe fazia parto de corpos, ele ajudava a trazer à
luz ideias. Sócrates julgava ser destinado a não produzir um conhecimento, mas a parturejar as
ideias provindas dos seus interlocutores. Significa que ele, Sócrates, não tinha nenhum saber pronto
e acabado, apenas sabia perguntar mostrando as contradições de seus interlocutores, levando-os a
produzirem um juízo segundo uma reflexão e não mais a tradição, os costumes, as opiniões alheias,
etc. E quando o juízo era exprimido, cabia a Sócrates somente verificar se era um discurso
verdadeiro, correto ou se tratava de uma ideia que deveria ser abortada (discurso falso, errôneo).
Assim, ironia e maiêutica, constituíam, por excelência, as principais formas de atuação do método
dialético de Sócrates, desfazendo equívocos que permitiam a introspecção e a reflexão interna,
proporcionando a criação de juízos cada vez mais fundamentados no lógos ou razão.
O interessante nesse método é que nem sempre as discussões levam de fato a uma conclusão
definitiva (diálogos aporéticos, sem passagem) mas ainda assim trazem o benefício de cada um
abandonar a sua Doxa, termo grego que designa a opinião, um conhecimento impreciso e sem
fundamento. (p.21)
PRESSUPOSTO: “SÓ SEI QUE NADA SEI”.
Sócrates conversava com todos a partir do pressuposto: ―Só sei que nada sei‖. Por este princípio
inicia a interrogação e o questionamento de tudo que parece óbvio.
Em certa passagem de a Defesa de Sócrates, na qual se refere às calúnias de que foi vítima, o
próprio filósofo lembra quando esteve em Delfos, local em que as pessoas consultavam o oráculoix
no templo de Apolo para saber sobre assuntos religiosos, políticos ou ainda sobre o futuro. Lá
quando o seu amigo Querofonte consultou Pítia indagando se havia alguém mais sábio do que seu
mestre Sócrates, ouviu uma resposta negativa.
Surpreendido com a resposta do oráculo, Sócrates resolveu investigar por si próprio quem se
dizia sábio. Sua fala é assim relatada por Platão:
Fui ter com um dos que passam por sábios, porquanto, se havia lugar, era ali que, para rebater o
oráculo, mostraria ao deus: ―Eis aqui um mais sábio que eu, quanto tu disseste que eu o era!‖.
Submeti a exame essa pessoa – é escusado dizer o seu nome: era um dos políticos. Eis,
Atenienses, a impressão que me ficou do exame e da conversa que tive com ele; achei que ele
passava por sábio aos olhos de muita gente, principalmente aos seus próprios, mas não o era. Meti-
me, então, a explicar-lhe que supunha ser sábio, mas não o era. A consequência foi tornar-me
odiado dele e de muitos dos circunstantes. Ao retirar-me, ia concluindo de mim para comigo: ―Mais
sábio do que esse homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele
supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece
que sou um nadinha mais sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei‖. Daí fui
ter com outro, um dos que passam por ainda mais sábios e tive a mesmíssima impressão; também
ali me tornei odiado dele e de muitos outros.2
2
PLATÃO. Defesa de Sócrates. v.II. São Paulo: Abril Cultural, 1972. P. 15. (Coleção Os pensadores).
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43
Leitura complementar: Filosofando: Sócrates e Sofistas (Cap. 1 – p.21 e 22) e (Cap.13 – p.151
-153 - (parte 3 e 4)).
Sócrates Encontra Jesus
Este diálogo se chama ―Socrates
Meets Jesus‖ (Sócrates Encontra
Jesus), embora eu ache que Jesus
não seria tão dogmático assim e
saberia aderir melhor ao método
dialético do que só repetir frases. O
locutor em questão parece-me mais
com Paulo ou Pedro ou algum cristão
moderno. Mesmo assim, traduzo-o
aqui para vocês do jeito que estava:
Sócrates
Bom dia, Jesus, eu ouvi falar dos
seus maravilhosos ensinamentos.
Sou modestamente um filósofo aqui
em Atenas. Disseram-me que você
tem grande sabedoria e isso se
demonstra pela quantidade de
admiradores que lhe seguem pelas
ruas. Se você tiver um minuto, eu
agradeceria que me iluminasse com
algumas respostas para alguns
intrincados problemas com os quais
tenho me debatido na vida.
Jesus
Eu sou um pescador de homens em
busca de seguidores. Eu trago a
verdade de Deus a todos. Procure e
encontrarás, pergunte e será
respondido, bata à porta e esta lhe
será aberta.
Sócrates
Há uma pergunta básica que sempre
me incomodou. Embora para mim
seja um obstáculo na busca da
verdade e do sentido, estou certo que
você me ajudará, que para você será
fácil responder e que me achará um
velho tolo. Eu tenho ansiado por
honra e nobreza, mas parece que
nunca conheci algo honrado ou
nobre. Com minha compreensão
limitada, sempre me pareceu que a
vida – com todo seu som e fúria – na
verdade não significa nada. Por favor,
me diga: como um homem deveria
viver, qual o propósito da vida?
Jesus
Servir e cultuar Deus.
Sócrates
Qual Deus?
Jesus
Só existe um Deus.
Sócrates
Oh. Você deveria morar aqui em
Atenas, nós temos vários para
escolher.
Jesus
Só existe um Deus verdadeiro.
Sócrates
Certo, e qual é o Deus verdadeiro?
Jesus
O deus verdadeiro é o Senhor Deus.
Sócrates
Sim, mas quem é o Senhor Deus? Ou
o que ele é?
Jesus
Ele é a sabedoria, amor, compaixão,
paz e misericórdia infinitas. Ele é o
criador do céu e da terra e de todas
as coisas do universo.
Sócrates
De todas as coisas?
Jesus
Sim, todas. Ele é onipotente. Ele é
mestre e controlador e criador de
tudo. Ele é onipresente, nada pode
acontecer que ele não saiba antes.
Sócrates
Ele criou pragas, guerras, morte,
sofrimento e o mal?
Jesus
Não. Essas coisas e todos os outros
males e tragédias vieram do
Demônio, o príncipe das trevas; ou da
fraqueza e natureza maligna do
homem. Deus é todo bondade e livre
de maldades; somente o bem pode
vir de Deus.
Sócrates
E quem diabos é o demônio? Claro
que ele deve ser um deus, já que é
capaz de tantas calamidades à
humanidade; mas você disse que só
há um deus. Você também disse que
tudo que existe vem de Deus; e agora
você diz que só a bondade vem de
Deus e o mal vem de alguém
chamado demônio. Isso parece
contraditório. Temo que sua religião é
complexa demais para entrar nessa
minha cabeça de velho. Ainda assim,
serei um aluno aplicado e tentarei
entender, se você me ajudar. Por
favor, explique: quem é o demônio e
como todas as coisas podem vir de
Deus e ainda não virem de Deus?
Jesus:
O Demônio é um anjo caído que é
ambicioso. Ele se rebelou contra
Deus e quer destruir todos os seus
trabalhos.
Sócrates:
E o que, em nome de Zeus, é um
anjo?
Jesus:
Um anjo é um anjo.
Sócrates:
Claro, isso é uma identidade.
Sócrates é Sócrates. Mas, sabe, isso
não significa nada para mim,
inexperiente que sou na sua religião.
Embora seja tão verdadeiro quanto
possa ser, não se relaciona a nada
que eu compreenda. Compare com
algo que eu conheça.
Jesus:
Um anjo é um anjo.
Sócrates:
Por favor, perdoe minha impassível
ignorância. Entenda que não sou uma
autoridade nisso como você. Eu
nunca vi um anjo ou ouvi falar de um.
Eu soube que você teve muitas
visões estranhas no deserto por 40
dias sem comer. Diga-me, qual é a
aparência desses anjos?
Jesus:
Eles têm asas.
Sócrates:
Os mosquitos também. Você pode
ser mais específico?
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Jesus:
Eles se parecem com as pessoas,
exceto por terem asas.
Sócrates:
Que mais? Eles podem voar,
suponho.
Jesus:
Sim, é pra isso que servem as asas.
Sócrates:
Claro, eu deveria saber. Você diz que
eles parecem os homens. Como eles
diferem dos homens?
Jesus:
Eles são muito melhores que os
homens, e nunca morrem.
Sócrates:
Melhores como?
Jesus:
Mais virtuosos e mais poderosos.
Muito mais poderosos.
Sócrates:
São super-humanos então.
Jesus:
Sim, absolutamente!
Sócrates:
Então eles são super humanos e são
imortais. Nós em Atenas
chamaríamos tais seres de deuses.
Jesus:
Não! Deus é mais poderoso que eles.
Sócrates:
Zeus também é mais poderoso que
os outros deuses olimpianos, mas os
outros ainda são definidos como
deuses. Como você definiria o termo
Deus?
Jesus:
Deus é o criador de tudo. Ele é todo
poder, conhecimento, sabedoria e
exemplo típico de justiça,
misericórdia, compaixão, bondade e
paz.
Sócrates:
Essas qualidade são, no entanto, não
necessariamente consistentes. Não é
possível para uma pessoa ser justa,
pacífica e misericordiosa, tudo de
uma só vez e em uma só situação. Se
uma pessoa ou uma nação merece
punição pela regra da justiça, você
deve puni-lo ou lançar sua ira sobre
eles, mas isso seria uma violação da
regra da paz ou da misericórdia.
Ninguém poderia ter todas essas
qualidades porque elas se
contradizem uma a outra, elas não
podem existir juntas na mesma
pessoa ao mesmo tempo. É como se
um homem virasse tanto para a
direita como para a esquerda em uma
esquina, ao mesmo tempo, enquanto
ainda permanecesse inteiro e
completo.
Jesus:
Deus trabalha suas maravilhas de
formas misteriosas.
Sócrates:
Parece que vocês têm vários deuses
como nós temos em Atenas, apenas
não os chamam de deuses.
Jesus:
Não! Deus é o todo-poderoso.
Sócrates:
Então a única diferença é o grau de
poder?
Jesus:
Não. Deus é melhor e mais virtuoso
que eles. O pecado é impossível para
ele.
Sócrates:
O que é pecado?
Jesus:
É um ato de desobediência a Deus.
Sócrates:
Vejo então que Deus não poderia
pecar, porque ele não pode
desobedecer a si mesmo. Mas uma
vez que o pecado é impossível para
ele, isso não é mais uma marca
característica de ele ser livre de
pecado do que a marca de uma rocha
ser a característica de não poder se
mover. É meramente uma questão de
definição. O que eles fazem, esses
anjos?
Jesus:
Eles são os mensageiros de Deus.
Sócrates:
Por que, se Deus é todo poderoso,
ele precisa de mensageiros?
Jesus:
Ele gosta assim.
Sócrates:
Eles são os escravos dele, então?
Jesus:
Não, eles o servem por vontade
própria.
Sócrates:
O que acontece se não o servirem
por vontade própria?
Jesus:
Existiram vários anjos liderados por
Satã, o demônio, que se rebelaram
contra Deus e foram lançados para
fora do paraíso celeste, para um
tormento e punição eternos.
Sócrates:
O que é o paraíso?
Jesus:
É um lugar maravilhoso no alto do
céu. As ruas são pavimentadas de
ouro. Tudo é pacífico e lindo lá. Deus
mora lá e todos que acreditam em
Deus vão para lá depois de morrer.
Os homens têm vida eterna lá e eles
ganham asas e cultuam Deus e
tocam harpa em felicidade eterna
para sempre. Esse é o propósito e
objetivo de toda vida humana: ir para
o céu quando morrer.
Sócrates:
Isso parece muito com os relatos que
ouvi dados por aqueles comedores de
lótus. Se esse é o propósito da vida,
não seria mais simples se intoxicar de
vinho e drogas e sentir-se assim o
tempo todo, como os mendigos e
bêbados que vemos do outro lado da
cidade?
Jesus:
A Bíblia diz que você não deve se
embriagar de vinho ou bebidas fortes.
Sócrates:
E, se o único propósito da vida
humana é ir para o céu, por que não
simplesmente nos matamos e vamos
para lá?
Jesus:
Não matarás.
Sócrates:
Se Deus queria que o homem fosse
para o céu, por que ele colocou o
homem na terra? Por que ele não
simplesmente colocou o homem no
céu desde o começo? Acho difícil
acreditar que o homem, com todas as
suas capacidades, desejos e
complexidades, foi criado meramente
para sentar, fazer reverência, passar
dificuldade e prestar culto.
Certamente não há, nem nunca
houve, um humano tirano tão vaidoso
e orgulhoso que ele quis que seus
súditos simplesmente fizessem
reverência e labutassem de forma
servil diante dele da alvorada ao
crepúsculo, que dirá por toda a
eternidade. Eu certamente posso
entender por que Satã quis se rebelar
contra tal sociedade estática,
regimentada, opressora e tediosa. Do
que você me disse, eu teria que me
juntar a Satã na sua rebelião, pois –
embora me considere um homem
humilde – eu não poderia me curvar e
ralar os joelhos e cantar louvores o
dia todo para um ser que ameaça me
punir e me dar um tormento eterno se
eu não o obedecer.
Jesus:
O Senhor teu Deus é um deus
ciumento e não terás outros deuses
antes dele.
Sócrates:
Por que Satã se rebelou? Ele sabia
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que Deus era tão poderoso como
você o descreve e que ele com
certeza seria derrotado?
Jesus:
Satã se rebelou porque ele era muito
orgulhoso e quis governar o céu
sozinho. Ele conhecia parcialmente o
grande poder de Deus, que era maior
que o dele, mas ele queria tanto o
poder que ficou disposto a arriscar.
Sócrates:
Satã foi certamente muito corajoso
então; se debater contra um inimigo
que não poderia derrotar.
Jesus:
Ele foi pecaminoso, porque
desobedeceu à vontade de Deus.
Sócrates:
Parece que a única diferença entre
Satã e Deus é o grau de poder.
Jesus:
Deus é perfeito. Ele é todo-poderoso,
todo-conhecimento, e sem pecado.
Sócrates:
Claro; por definição ele é sem pecado
porque ele não pode desobedecer a
si mesmo. A única diferença real dos
dois é o grau de poder. Portanto, Satã
não estava errado ou em pecado ao
se rebelar contra Deus, ele só estava
errado por perder a rebelião. Se ele
tivesse ganho, Deus seria o pecador,
porque Deus teria sido desobediente
a Satã que seria melhor do que Deus
ou os outros anjos porque ele não
poderia pecar contra si mesmo, ou
seja, ser desobediente a si mesmo, e
ele teria se provado o todo-poderoso.
Se Satã tivesse ganho, ele teria se
tornado Deus, por sua definição,
porque ele teria sido todo-poderoso e
sem pecado. Quem sabe se não foi
isso que aconteceu? Da sua
descrição de Deus, a esse ponto eu
começo a suspeitar que foi isso o que
ocorreu.
Jesus:
Deus é mais que mero poder e
ausência de pecado: ele é justiça,
misericórdia, paz e compaixão
infinitas. Satã é vicioso, egoísta,
destrutivo e mau.
Sócrates:
O que aconteceu a Satã depois que
foi lançado para fora do céu?
Jesus:
Ele foi jogado no Inferno por Deus,
onde ele é atormentado e torturado
por toda a eternidade.
Sócrates:
O que é o Inferno e por que Satã fica
lá se é tão doloroso e desagradável?
Jesus:
Deus o trancou no Inferno e a ele não
é permitido sair. Deus criou o Inferno
como um lugar para punir Satã e
todos os homens que não têm fé em
Deus. Trata-se de um fogo infernal de
tortura, agonia e tormento: todos os
homens pecadores que não pedem
perdão a Deus e não têm fé nele vão
para lá por toda a eternidade, para
serem torturados pelo demônio.
Sócrates:
Se Deus é justo ou misericordioso,
como ele pode fazer isso a um
inimigo que lutou com ele em
batalha? Por que Deus não
simplesmente perdoou Satã depois
de derrotá-lo, como os homens
normalmente fazem a uma nação
capturada depois de derrotada? A
humanidade vitoriosa parece ser mais
misericordiosa que Deus; pois eles
não tratam os vencidos com tantos
tormentos terríveis por toda a vida,
que dirá pela eternidade. Por que
Deus não demonstrou as qualidades
que você descreveu, como sua
justiça, misericórdia, compaixão e
perdão, a Satã? Certamente a
natureza guerreira de Deus está em
contraste marcante com a sua
definição do termo Deus como um ser
pacífico, misericordioso e todo-
perdão.
Jesus:
Deus age de formas misteriosas,
realizando maravilhas.
Sócrates:
Se Satã está preso no Inferno, como
ele poderia trazer pragas e tormentos
à humanidade? E por que Deus
permite isso se ele é todo-poderoso e
todo-bondade? Se Deus é todo
poderoso, como ele permite que o
maligno Satã sobreviva? Por que ele
não o destrói? Embora eu comece a
considerar, a essa altura, se não seria
melhor o contrário.
Jesus:
Deus permite a Satã ser livre para
trazer pragas e tormentas à
humanidade, a fim de punir o homem
por seu pecado no Jardim do Éden.
Sócrates:
O que é o Jardim do Éden?
Jesus:
Quando Deus criou o primeiro homem
e mulher, Adão e Eva, ele os colocou
no Jardim do Éden. Quando eles
foram criados, eles eram puros e sem
pecado. Eis como Deus os criou. O
Jardim do Éden era um lugar lindo,
que tinha tudo o que Adão e Eva
precisavam. Eles não tinham que
trabalhar, era só colher os frutos dos
ramos das frondosas árvores. Eles
eram tão inocentes e descomplicados
quanto crianças, e não sabiam nada
sobre o amor carnal. Eles tinham um
ao outro como companheiros e
adoravam e cultuavam Deus, que os
visitava de vez em quando.
Sócrates:
Por que Deus criou a humanidade?
Jesus:
Ele se sentiu solitário.
Sócrates:
Por que ele não simplesmente criou
anjos adicionais que eram mais
semelhantes a ele do que essa forma
inferior de vida que é o Homem? Será
que ele não quis escravos servis que
ele poderia olhar de cima para baixo,
e que o temeriam, reverenciaram e o
cultuariam?
Jesus:
Uma vez que ele é nosso criador, nós
devemos a ele nosso culto,
reverência e obediência.
Sócrates:
O filho de um criminoso tem a
obrigação de ser obediente a seu pai,
ou ele tem o direito de julgar sozinho
entre o certo e o errado? Que pecado
o homem cometeu no Jardim do
Éden?
Jesus:
No centro do Jardim do Éden, Deus
colocou a árvore do conhecimento.
Deus disse a Adão e Eva que não
deveriam comer o fruto daquela
árvore. Satã foi ao Jardim disfarçado
de serpente e disse para a Eva que
ela poderia ganhar grande
conhecimento se comesse do fruto.
Satã disse que Deus disse para eles
não comerem do fruto porque ele
tinha medo de que eles se tornassem
tão grandioso quanto ele era. Eva
convenceu Adão a comer a fruta.
Depois de comerem, eles
aprenderam sobre o sexo. Esse foi o
pecado original.
Sócrates:
Você disse que Deus é todo-
conhecimento; que ele sabe de tudo o
que acontece antes de acontecer.
Certamente Deus já sabia como o
homem se comportaria em qualquer
situação.
Jesus:
Deus deu o livre-arbítrio para o
homem. Era tão possível ao homem
ser virtuoso e obediente a Deus
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quanto era possível que ele fosse
pecador e desobediente à palavra de
Deus.
Sócrates:
Deus sabia que o homem iria pecar?
Jesus:
Ele sabia que o homem iria pecar,
mas ele permitiu ao homem ter o livre
arbítrio para fazer sua própria
escolha.
Sócrates:
Deus poderia ter criado o homem
para não pecar? Deus poderia ter
criado o homem para que ele não
tivesse pecado nessa situação
específica?
Jesus:
Sim, uma vez que Deus é todo-
poderoso, ele poderia ter feito isso,
mas ele não quis que os homens
fossem meros marionetes; ele quis
que os homens tivessem livre arbítrio.
Sócrates:
Deus poderia ter criado o homem
com duas cabeças e três pernas ou
de outra forma, se ele quisesse?
Jesus:
Deus poderia ter criado o homem do
jeito que ele quisesse.
Sócrates:
Deus criou o homem do jeito que bem
entendeu? Ele tinha a intenção que o
homem tivesse uma cabeça, duas
pernas e a aparência que tem hoje?
Jesus:
Claro! Deus é perfeito e todo-
poderoso, ele não cometeria um erro.
Sócrates:
Então Deus não errou, mas criou o
homem exatamente como pretendia,
em todos os sentidos?
Jesus:
Sim.
Sócrates:
Então você e eu fomos criados
exatamente como Deus pretendia que
fôssemos? E Adão e Eva foram
criados exatamente como Deus
pretendia que eles fossem?
Jesus:
Sim, foi isso que eu disse.
Sócrates:
E tudo o que é parte do homem veio
de Deus?
Jesus:
Sim, deus é o mestre e controlador e
criador de tudo.
Sócrates:
O demônio ou outra força qualquer
criaram parte do homem?
Jesus:
Não. Deus é o único criador de tudo.
Sócrates:
Então, se Deus criou os olhos do
homem, pernas e mente, ele também
criou os desejos do homem; todos os
seus desejos, até seu desejo por
conhecimento e sexo. Por que o
homem pecou?
Jesus:
Ele pecou por causa da sua fraqueza
e sua natureza maligna.
Sócrates:
A natureza humana é parte do
homem, como as mãos e pés são
partes do homem?
Jesus:
Sim, a natureza do homem é parte do
homem.
Sócrates:
Quem criou o homem?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem criou as mãos e pés do
homem?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem deu ao homem duas mãos e
dois pés e criou-os como são hoje, e
exatamente como eram no tempo de
Adão e Eva?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem criou a natureza humana?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem deu ao homem sua natureza
maligna e sua fraqueza? Deus o fez,
porque tudo que é parte do homem
veio de Deus e apenas de Deus.
Jesus:
Deus deu ao homem o livre-arbítrio.
Sócrates:
Quem teve a intenção de que os
homens tivessem duas mãos, o
demônio?
Jesus:
Não. Deus que teve a intenção de
fazer o homem com duas mãos.
Sócrates:
Quem teve a intenção de que o
homem tivesse fraquezas e uma
natureza maligna, o demônio? Não.
Deus pretendia que o homem tivesse
fraquezas e natureza maligna. Se a
humanidade é falha ou má ou fraca, é
porque Deus colocou a falta ou a
fraqueza lá e teve a intenção de que
fosse assim. Deixe-me contar-lhe
outra parábola. Você já viu os
pássaros matando os peixes no mar?
Quem colocou naquele pássaro
presas para matar o peixe-voador?
Quem irá condenar o homem se o
próprio juiz é arrastado para a frente
da bancada?
Jesus:
O homem tem livre arbítrio. Deus não
o forçou a pecar. Ele meramente deu-
lhe a oportunidade de ser virtuoso ou
pecador. O homem não teria valor
algum para Deus se ele meramente o
fizesse um marionete que não
pudesse fazer nada além do bem. Ele
quis dar ao homem a oportunidade de
ser bom ou mau, de acordo com seu
próprio mérito e escolha.
Sócrates:
É absurdo que Deus puna o homem
depois de criá-lo. É como se Homero
escrevesse uma ode sobre um porco
e depois açoitasse as páginas ou as
lançasse ao fogo eterno para serem
consumidas só porque as qualidades
do animal o desagradam. Ou como se
um escultor fabuloso fizesse uma
estátua perfeita de um porco e depois
o chicoteasse por toda a eternidade
porque ele não gostou dos traços do
animal.
Jesus:
Deus não criou o homem com uma
natureza maligna que
predeterminasse que ele deveria
pecar.
Sócrates:
Então quem fez isso?
Jesus:
Deus criou o homem para ser
inocente e naturalmente bom. Deus
colocou o homem em um paraíso, o
Jardim do Éden. Ele deu ao homem o
livre arbítrio e permitiu a Satã ir ao
Jardim do Éden para testar a
humanidade. Deus não predestinou
que o homem pecaria.
Sócrates:
Mas Deus criou tudo que estava
presente nessa combinação, situação
ou ambiente. Quando ele criou cada
um dos elementos ou ingredientes da
situação, ele sabia exatamente como
cada um iria reagir com os outros em
qualquer circunstância, porque ele
sabia de tudo. Ele teve a intenção de
que cada elemento fosse exatamente
como era porque ele era todo-
poderoso e não poderia cometer um
erro. É como se um cientista ou um
médico combinassem vários
ingredientes para fazer um remédio,
os quais – ainda que inofensivos