O documento discute a abordagem formalista na historiografia da arte, propondo conceitos como "visibilidade pura" e "vontade artística". Apresenta os principais autores desta corrente, como Aloïs Riegl e Heinrich Wölfflin, e conceitos como linear/pictórico utilizados para analisar estilos como Renascimento e Barroco.
2. Objetivo:
Conhecer as abordagens propostas por seus fundadores,
cujas concepções se originam dos desdobramentos da
corrente da Escola de Viena de Historiografia da Arte e das
bases teóricas conhecidas como Teoria da Visibilidade Pura
(reine Sichtbarkeit).
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Profa. Dra. Catarina Argolo
3. Conteúdos:
• Definição
• Origem
• Antecedentes: Formalismo alemão
• Influências e características
• Autores: Riegl e Wölfflin
• Contribuições e críticas
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4. é o princípio de que a Arte deve
ser analisada através de uma
“teoria do olhar artístico”,
desconsiderando desenvolvimento
técnico, reflexos sociopolíticos,
biografias dos artistas, ou
quaisquer outros pressupostos.
Definição:
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5. Konrad Fiedler (1841-1891),
fundador desta perspectiva:
- opôs uma “ciência da arte” às
incertezas do sentimento;
- o artista não copia a natureza,
mas a exprime a sua maneira
através de um estilo e uma
técnica criados por ele”
(RICHARD, 1988).
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Origem: Séculos XIX e XX
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6. Fiedler:
– a relação do artista com a natureza não é visual (perceptiva,
sensorial), mas expressiva.
Origem: Séculos XIX e XX
Este novo foco na capacidade
expressiva da Arte, e não apenas
nas potencialidades
representativas, foi um aspecto
importante para ampliação da
corrente da “visibilidade pura”.
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7. O artista não se distingue por uma capacidade visual particular, [...] de
possuir [...] um dom especial de seleção, de síntese, de transfiguração; (mas)
pela [...] faculdade peculiar de sua natureza colocá-lo em posição de passar
[...] da percepção visual para a expressão visual; sua relação com a natureza
não é uma relação visual, mas uma relação de expressão (FIEDLER, 1991, p.
95).
Fiedler (1887)
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8. •A CRÍTICA FORMAL (método formalista)
nasceu em países de língua alemã.
•Foco na expressividade da Arte, e não só
em suas potencialidades
representativas.
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9. • Estuda a formação da obra de arte partindo da teoria da
“visualidade pura ”, onde as formas têm um conteúdo
significativo próprio.
• O campo da arte é, portanto, o da percepção objetiva.
• Heinrich Wölfflin (1831 – 1908) foi seu maior expoente , no
plano da aplicação histórica.
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10. Formalismo:
–as formas possuem um
conteúdo significativo próprio,
independente dos temas
(históricos, mitológicos ou
religiosos) abordados em cada
obra.
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11. Escola de Viena
(de Historiografia da Arte):
- enfoque sobre o fenômeno da
Visualidade, a Expressão e Visualidade,
e das formas em que a obra de arte é
organizada para expressar ideias do
artista e posterior fruição do
expectador.
A Teoria da visibilidade pura deu origem
à Escola de Viena (Aloïs Riegl e Heinrich
Wölfflin), na passagem para o século XX.
Influências:
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12. 1. Aloïs Riegl (1858 – 1905)
- Kunstwolllen (“Vontade artística”);
- “a história da arte é a única ciência
possível da arte”.
2. Heinrich Wölfflin (1831 – 1908)
- Proposição de um método
historiográfico de análise cujo eixo
seja o Estilo e não o artista.
Autores principais:
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13. Considerou a dimensão da historicidade ao buscar chaves
explicativas para caracterizar a produção artística de um estilo ou
período.
Aloïs Riegl
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14. O método de Riegl implica no estudo de um Estilo confrontando-o
com outros, particularmente com o estilo precedente e com o
estilo sucessor em um mesmo âmbito histórico-social.
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Aloïs Riegl
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15. Se interessou em desvendar as
conexões mais amplas, internas
ao Estilo e associadas à
sociedade e a outros padrões
de pensamento da época
(artístico, filosófico e religioso),
ou entre estes e uma
determinada visão de mundo
que lhes seria mais abrangente.
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Aloïs Riegl
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16. Kunstwolllen (vontade artística):
manifestação do espírito humano
expressado pela intenção
artística, conforme as variações e
afinidades formais da “visão de
mundo” (Weltanschauung), em
todas as culturas, numa mesma
época.
“Todo produto artístico nada mais é que
a manipulação da natureza em
benefício do homem, voltada para uma
finalidade utilitária, ou simplesmente
por mero prazer” (RIEGL, 1980).
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Aloïs Riegl
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17. A ‘visão de mundo’ responsável por
uma determinada maneira de
perceber e expressar as coisas está
por trás de um dos conceitos
fundamentais do campo teórico
proposto por Riegl: a “vontade de
Arte” (kunstwollen).
Essa ‘vontade’ se manifestaria de
maneira equivalente em todas as
artes, ou, em um território comum a
todas as expressões artísticas de uma
mesma época, sejam elas expressões
ligadas à visibilidade, à dramaticidade
ou à sonoridade.
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Aloïs Riegl
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18. Concepções de ESTILO utilizados por
Wölfflin:
– individual (a subjetividade é um
fator determinante)
– nacional (traços que são
inerentes ao estilo de cada nação);
– estilo de época (os estilos são a
expressão de seu tempo)
Wölfflin
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19. Tipologia a partir de alguns pares de
opostos :
• linear/pictórico;
• planar/recessional;
• forma fechada/forma aberta;
• multiplicidade/unidade.
Esses conceitos fundamentais
produzem outros desdobramentos
que podem ser expressos também
em pares, como “estático-dinâmico”,
“simétrico-assimétrico”.
Wölfflin Sistema de conceitos para compreensão da obra de arte (1915)
eficaz na apreensão dos modelos artísticos do Renascimento e do
Barroco, tratados comparativamente pelo autor, tomando-se por
base a pintura e a arquitetura.
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20. Nesta perspectiva, a arte do
RENASCIMENTO aparece associada
aos conceitos de linear / planar,
forma fechada / multiplicidade,
simetria / equilíbrio.
Enquanto isso, o BARROCO circula
por ideias opostas:
pictórico/recessional, forma
aberta/unidade, assimetria/
movimento.
Wölfflin
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21. Conceito: Linear (Wölfflin)
entende-se que as figuras e formas no interior de uma obra são
delineadas por limites definidos e claros.
Cada figura se destaca como uma peça de escultura, um efeito
realçado por uma iluminação uniforme, recurso tipicamente
Renascentista.
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23. Conceito: Pictórico
remete a uma definição
imprecisa e fragmentada da cor
e do contorno – traço marcante
da Arte Barroca.
Wölfflin
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24. ‘Esquemas’ explicativos (ou ‘esquemas
de visibilidade’) para a obra de arte:
-pares de oposições dicotômicas que
procuram dar conta de um padrão de
apreensão do Espaço e dos modos que a
visão medeia ou expressa a realidade
percebida (História da Percepção
Humana):
• a ‘forma existencial’ opõe-se à ‘forma
ativa’;
• a ‘visão distante’ (do artista) opõe-se à
‘visão próxima’ (do cientista).
Outros colaboradores:
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Adolf von Hildebrandt (escultor, 1847 – 1921):
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25. -‘forma existencial’
(Daseinsform): forma que os
objetos se apresentam ao serem
observados de perto, o olho
percebe as partes para revelar
uma justaposição formal. Tem
valor científico-prático, não-
artístico.
Adolf von Hildebrandt (escultor, 1847 – 1921):
-‘forma ativa’ (Wikungsform):
forma com que os objetos se
apresentam à distância, com os
‘múltiplos efeitos’ de que é capaz;
se manifesta como um ‘repertório
ativo’ e artisticamente eficaz.
‘Esquemas de visibilidade’ para a obra de arte:
(díade tátil-óptica)
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26. 26
Preocupação com padrões de
representação e tendências de
expressão: gerou a ideia de que a
História da Arte deve se ‘organizar’ em
torno de Estilos, e não de autores
individuais:
-abordagem comparativa e contrastiva
que analisa a História da Arte focalizando
não apenas o que cada artista traz de
singular nos seus modos de representação e
expressão, mas o que artistas imersos em um
mesmo padrão estilístico teriam em comum.
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27. • Confronto contra ‘historiografia dos grandes artistas’ (paralela à
modalidade da “História dos Grandes Homens”, proposta pelos
POSITIVISTAS);
• preconizava autonomia dos processos criativos, encadeados em
tendências de desenvolvimento relacionadas ao fazer artístico, mais
ou menos independente de pressões do contexto histórico-social,
ou da genialidade do indivíduo (Gombrich).
Escola de Viena: contribuição
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28. • Superou as descrições e
narrações da História da Arte que
costumavam compartimentar os
fatos artísticos dentro de
unidades nacionais (tendência
positivista e historicista).
Escola de Viena: contribuição
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29. Desvincula a História da Arte da
história de uma evolução tecnológica
ou funcional, e passa-se a focá-la como
a história de deslocamentos entre
padrões de visibilidade, esvaziando o
sentido da palavra “evolução” (técnica)
aplicada pelos positivistas.
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Escola de Viena: contribuição
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30. • Da associação de certos padrões
formais a determinadas realidades
étnicas, surgiram ‘sistemas de
Civilização’ que possibilitaram a
identificação de um contraste entre
modelos:
– o da ‘Arte Ocidental’ e da ‘Arte
Oriental’ (este abrigaria distintas
realidades sociais como Bizâncio, o
mundo Islâmico, a Índia e o Extremo
Oriente).
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31. A análise POSITIVISTA da história da arte focada no
desenvolvimento técnico, gerou como campo teórico de
estudo, a História da Percepção Humana (Riegl e Wölfflin):
• ignora as noções de “progresso”, “decadência”, e de “superioridade de
um Estilo” em relação a outro que o precedeu;
• a História da Arte é vista como uma série de deslocamentos entre
padrões de visibilidade, contrapondo-se à noção de uma ‘narrativa de
evolução tecnológica ou funcional’.
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32. Em sua História da Percepção Humana,
• RIEGL se opõe à Escola Positivista de Gottfried SEMPER (1803-1879)
onde a arte é analisada como produto mecânico de exigências técnicas,
práticas e funcionais (Semper, 1860-1863);
• a análise POSITIVISTA da história da arte é focada no desenvolvimento
técnico como núcleo de estudo dos objetos artísticos;
• SEMPER: um estilo entra em “decadência” à medida que se observa a
história da evolução técnica;
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33. •criação de pares de oposições dicotômicas (‘forma existencial’ em
oposição à ‘forma ativa’; ‘visão distante’ em contraponto à ‘visão
próxima’);
•concepção de um esquema único com o objetivo de captar os
aspectos fundamentais que apareceriam nas obras de todos os
artistas ligados a um mesmo estilo;
História da Percepção Humana: contribuição
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34. • Captação dos aspectos formais
comuns a um conjunto de obras de
uma mesma categoria e presentes na
ampla maioria de obras de um mesmo
período que, ao ser reunidos em um
Sistema e projetados em cada obra, em
particular, comunicariam algo além do
tema: uma determinada concepção do
mundo e do espaço.
História da Percepção Humana
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35. Outras contribuições teóricas para a análise da obra de arte
George Dickie:
Teoria Institucional da Arte
(décadas de 60 e 70):
a obra só é arte quando uma
comunidade de especialistas lhe
confere estatuto artístico, a partir
de um conjunto de aspectos.
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36. – permite incluir no campo das artes as
novas obras e as que não foram criadas
como tal (aspecto positivo da teoria);
– se um objeto é considerado Arte por
avaliação de um especialista, podem ser
aplicados critérios arbitrários, portanto,
essencialistas, que assegurem
‘indiscriminadamente’ esse status
(aspecto negativo da teoria).
Teoria Institucional da Arte
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Outras contribuições teóricas para a análise da obra de arte
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37. Críticos posteriores apontaram
como lacunas nas análises
esquemáticas da “visibilidade
pura” o fato de que seus autores
‘nem sempre’ se interessaram por
contextualizar propriamente a
obra de Arte dentro de linhas de
forças históricas e sociais.
Crítica
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38. Principais teóricos formalistas da
“visibilidade pura” – dão conta da
percepção de certos aspectos
formais, em suas análises
esquemáticas, porém, mas
descuram de uma importante
dimensão fundamental da obra
artística que é sua contextualização
social de produção.
Crítica
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39. à “visibilidade pura” - Arnold Hauser
(1892-1978):
sua ideologia política, o faz abandonar
o Formalismo e aproximar-se aos
postulados marxistas com os quais
construirá seu método sociológico.
O contexto histórico é a principal linha
de força na análise marxista proposta
nos anos 1950 e de grande aceitação nos
meios acadêmicos dos anos 60 e 70.
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Oposição
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