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o
2
À
Uma mulher de fibra,
Que com muito amor e coragem
Soube ultrapassar as adversidades que
A vida lhe impôs. A esta mulher, que tenho
certeza de onde está, sente-se muito feliz
pelo caminho que agora trilho. E também não
posso me esquecer de meu pai que apesar
de não professar nenhuma religião, sempre
teve sua maneira própria de chegar a Deus,
de integridade ilibada, sempre procurou
passar a seus filhos esses valores. A eles,
dedico este trabalho e o meu esforço em
crescer e aprender cada vez mais sobre a
Nossa Fé. A meus pais, ALDICIA, e
EURIPEDES com meu amor e saudade.
Hilmar
mar
3
- RELIGIÃO - O COMEÇO
A história da religião é tão antiga como a história do próprio homem. É
isto o que nos dizem os arqueólogos e os antropólogos. Mesmo entre as
civilizações “primitivas”, querendo-se com isto dizer as civilizações não
desenvolvidas, há evidências de algum tipo de adoração. De fato, a Nova
Enciclopédia Britânica diz que “Até onde os peritos conseguiram descobrir,
jamais existiu um povo, em qualquer parte, em qualquer tempo, que não fosse
de algum modo religioso”.
Além de sua antiguidade, há também grande variedade na religião. Os
caçadores de cabeças nas selvas de Bornéo, os esquimós no gelado Ártico,
os nômades no deserto do Saara, os habitantes das grandes metrópoles do
mundo – todo povo e toda nação na terra têm seu deus ou deuses e seu modo
próprio de adoração. A diversidade de religião é realmente atordoante.
- IMPORTÂNCIA DA RELIGIÃO
O que indica essa grande variedade mundial de devoção religiosa? Indica
que, por milhares de anos, a humanidade tem sentido a necessidade e anseio
espiritual. O homem tem convivido com as suas provações e cargas, suas
dúvidas e indagações, incluindo o enigma da morte. Os sentimentos religiosos
têm sido expressos de muitas maneiras, à medida que as pessoas se têm
voltado para Deus ou para seus deuses, em busca de bênçãos e refrigério. A
religião também procura resolver as grandes questões: Por que existimos?
Como devemos viver? O que o futuro reserva para a humanidade?
Por outro lado, há milhões de pessoas que não professam religião alguma,
tampouco qualquer crença num deus. São ateus. Outros, agnósticos, crêem
que deus é desconhecido e, provavelmente, desconhecível. Contudo, isso
obviamente não significa que sejam pessoas sem princípios ou sem ética,
assim como o professar alguém uma religião não significa necessariamente
que os tenha. Contudo, se se aceita a religião como sendo “devoção a um
princípio; estrita fidelidade ou lealdade; conscientização; pia afeição ou apego”,
então, neste caso, a maioria das pessoas, incluindo ateus e agnósticos, pratica
deveras algum tipo de devoção religiosa na sua vida.
- ORIGEM DAS RELIGIÕES
Quando se trata da questão da origem, pessoas de diferentes religiões
pensam em nomes tais como: Jesus, Buda, Confúcio. Em quase toda religião
existe uma figura central a quem se dá o crédito de ter estabelecido a
verdadeira fé. Alguns desses eram reformadores, outros filósofos, altruístas
heróis populares. Muitos deles deixaram escritos e palavras que formaram a
base de uma nova religião. Com o tempo, aquilo que disseram foi ampliado, e
se lhe conferiu uma aura mística.
Apesar destas pessoas serem tidos como fundadores dessas religiões
conhecidas, não o foram. Eles modificaram práticas religiosas existentes que
de alguma maneira não atendiam seus ideais, pois, se apresentavam de
4
alguma forma corrompida, até mesmo venda de indulgências e discriminação
racial ou social era encontrada.
- UMBANDA UMA DEFINIÇÃO
É uma religião e acima de tudo uma ciência, porque se baseia na
absorção das vibrações provindas de um espaço infinito, que atuam sobre
forças em nosso planeta.
- PARTICIPANTES DOS TRABALHOS UMBANDISTAS
1º Orixás:
2º. Com os elementos e as forças da natureza, o vento, raio, trevas.
3º Com os Exus,
4º.Com os espíritos desencarnados
- ORIXÁ – UMA DEFINIÇÃO
O Orixá seria, em princípio, um ancestral divinizado, que, em vida,
estabelecera vínculos que lhe garantiam um controle sobre certas forças da
natureza, como o travão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou, então,
assegurando-lhe a possibilidade de exercer certas atividades como a caça, o
trabalho com metais ou, ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades
das plantas e de sua utilização o poder, àxé, do ancestral Orixá teria, após a
sua morte, a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus
descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocada.
Atualmente, ainda não há, em todos os pontos do território chamado
Iorubá, um panteão dos Orixás bem hierarquizado, único e idêntico. As
variações locais demonstram que certos Orixás, que ocupam uma posição
dominante em alguns lugares, estão totalmente ausentes em outros. O culto
de Xangô, que ocupa o primeiro lugar em Oyó, é oficialmente inexistente em
Ifé, onde um deus local, Oramfé, está em seu lugar como poder do travão.
Oxum, cujo culto é muito marcante na região de Ijexá, é totalmente ausente na
região de Egbá. Yemanjá, que é soberana na região de Egbá, não é sequer
conhecida da região de Ijexá. A posição de todos estes Orixás é
profundamente dependente da história da cidade onde figuram como
protetores Xangô era, em vida, o terceiro rei de Oyó. Oxum, em Oxogbô, fez
um pacto com Larô, o fundador da dinastia dos reis locais e em consequência
a água nessa região é sempre abundante. Odudua, fundador da cidade de Ifé,
cujos filhos tornaram-se reis das outras cidades iorubás, conservou um caráter
mais histórico e até mesmo mais político que divino.
5
EXU (“esfera”)
Dia da semana: Segunda feira
Cores: vermelho (ativo) e preto (absorção de conhecimento)
Saudação: Laroiê Exu (“Salve Exu”)
Número: 1
Domínio: encruzilhada
Sincretismo: indevidamente diabo,
pelos católicos.
Comemoração: 13 de junho (Santo
Antônio)
Ervas: Amendoeira, amoreira
(armazena fluidos negativos e os
solta ao entardecer), Sapê, urtiga-
de-folha-grande, trombeta-roxa,
folha de fogo, mastruz, cansanção
de leite (tipo de urtiga), salsa, guiné
camapu.,corredeira, erva de bicho,
palmatorio do diabo
Velas: preta (conhecimento) e
vermelha (coragem)
Instrumento: tridente
Equivalências Tarô: carta n. º 15
Baralho cigano: carta n. º 1
A palavra EXU em iorubá significa
“ESFERA”, aquilo que é infinito, que
não tem começo nem fim.
Exu serve como intermediário
entre os Orixás e nós, homens. É a força da criação, é o princípio de tudo, o
nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, o que não quer dizer coisa ruim.
Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o infinito, infinitas vezes. É
o primeiro passo em tudo. Está presente, mais que em tudo e todos, na
concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem
vida. Principalmente dos seres humanos, que carregam em seu plexo este
elemento dinâmico denominado Exu. No candomblé é chamado Bára, ou seja,
“no corpo”, preso a ele. É a abertura de todos os caminhos e a saída de todos
os problemas. Aquele que ludibria, engana, confunde; mas, também ajuda, dá
caminhos, soluciona.
Seu símbolo não é o tridente associado ao diabo, mas sete ferros voltados
para cima representando os sete caminhos do homem, os setes chacras
(pontos de captação, distribuição e armazenamento de energia), as sete cores,
as sete auras. É o mais humano dos orixás, sendo uma divindade de fácil
relacionamento. Sua função de contato entre o homem e os demais orixás faz
com que supere o real, e atinja o mágico. São os orixás que respondem no
jogo de búzios, mas é Exu que traduz a resposta.
Não é dele a responsabilidade de decidir o que é certo ou errado; apenas
realiza a tarefa para a qual foi invocado. Teria mesmo papel que o deus
Mercúrio na mitologia romana e Hermes na grega.
Para se ter uma noção do comportamento e da regência paradoxal de Exu,
cito um de seus Orikís (versos sagrados), que diz:
“Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que jogou hoje! ”.
6
Arquétipo
O arquétipo de Exu é muito comum em nossa sociedade, onde proliferam
pessoas com caráter ambivalente, ao mesmo tempo boas e más, porém com
inclinação para a maldade, o desatino, a obscenidade, a depravação e a
corrupção. Pessoas que têm a arte de inspirar confiança e dela abusar, mas
que apresentam, em contrapartida, a faculdade de inteligente compreensão
dos problemas dos outros e a de dar ponderados conselhos, com tanto mais
zelo quanto maior a recompensa esperada. As cogitações intelectuais
enganadoras e as intrigas políticas lhes convêm particularmente e são, para
elas, garantias de sucesso na vida.
7
OGUN (gum: “guerra”)
Dia da semana: terça-feira
Cores: Umbanda - vermelho (ativo)
Candomblé - azul escuro
(cor do metal).(Aquecido na forja)
Saudação: Ogunhê (“Olá, Ogum”);
Patacori, Ogum.
Número: 3
Elemento: metais (ferro)
Domínio: todas as ligações que se
estabelecem em diferentes locais; a
estrada de ferro.
Sincretismo: São Jorge
Comemoração: 23 de abril
Flor: palma vermelha
Ervas: angico-folha-miúda, aroeira,
aloés, cana-do-brejo, dendezeiro,
dracena, espada-de-Ogum,
espada-de-São Jorge, losna,
jabuticabeira, mangueira, pinhão
roxo, sálvia.
Vela: vermelha (coragem)
Azul escura (atrai tudo que é
limpo, verdadeiro, próspero).
Instrumento: espada de ferro
Equivalências: Tarô - Carta n. º 7 - O Carro.
Baralho Cigano: - Carta n. º 22 - Os Caminhos.
É orixá das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o
português, significa luta, briga, batalha.
Divindade masculina iorubana, o filho mais enérgico de Odùduà, tornou-
se regente da cidade de Ifé quando seu pai ficou temporariamente cego. Em
outras lendas filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxóssi. Por este
último nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro. É o deus
do ferro, dos ferreiros e de todos que utilizam esse metal. Força da natureza
que se faz presente nos momentos de impacto e nos momentos fortes. O
sangue que corre no nosso corpo é regido por Ogum. Considerado como um
orixá impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar contra os
reinos vizinhos, ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil
e amável. É a vida em sua plenitude.
Os lugares consagrados a Ogum ficam ao ar livre, na entrada das casas
e terreiros. Geralmente são pedras em forma de bigorna junto às árvores.
Ogum é representado também por franjas de palmeira ou dendezeiro desfiadas
chamadas mariwo que penduradas nas portas ou janelas, representam
proteção, cortando as más influências e protegendo contra pessoas
indesejáveis.
O culto a Ogum é bastante difundido tanto no Brasil quanto na Nigéria.
Sem sua permissão e proteção, nenhuma atividade útil, tanto no espaço
urbano como no campo, poderia ser aproveitada. Deve ser invocado logo após
8
Exu ser despachado, abrindo caminho para os outros orixás. Como na África,
ele é representado por sete instrumentos de ferro pendurados em uma haste
de metal. A importância de Ogum vem do fato de ser ele um dos mais antigos
dos deuses iorubás e, também, em virtude de sua ligação com os metais e
aqueles que os utilizam.
Os Orikis de Ogum demonstram seu caráter aterrador e violento:
“Ogun que tendo água em casa, lava-se com sangue”.
“Ogum come cachorro e bebe vinho de palma”
“O homem louco com músculo de aço”
“Elemento: mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro”
Arquétipo
O arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas,
incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que
perseguem energeticamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente.
Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria
abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das pessoas que
possuem humor mutável, passando por furiosos acessos de raiva ao mais
tranquilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas
impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por
uma certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à
sinceridade e fraqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem
odiadas.
9
OXÓSSI (oxo: “caçador; ossi:
“noturno”)
Dia da semana: quinta-feira
Cores: Umbanda - verde
(transformação, matas).
Vermelho (ativo)
Branco (paz)
Candomblé - azul turquesa (cor do
céu no início do dia)
Saudação: Okê arô
Número: 6
Elemento: ar
Domínio: matas e caça
Sincretismo: São Sebastião
Comemoração: 20 de janeiro
Flor: todos os tipos
Ervas: acácia, alfavaquinha, aroeira,
arruda, capim-limão, cambará,
coqueiro-da-Bahia, dracena, guaco,
jaborandi, jurema, manacá, obi,
samambaia, taquara.
Vela: azul clara (afasta tristeza e atrai
o dinheiro)
Instrumento: ofá (arco e flecha)
Equivalências: Tarô - Não tem
Baralho Cigano - Carta n. º 5 - A Árvore.
Oxóssi, deus dos caçadores teria sido o irmão caçula ou o filho de
Ogum, é o orixá da caça, chamado muitas vezes de Odé Wawá, ou seja,
“Caçador dos Céus”. É a divindade da fartura, da abundância, da
prosperidade, em seu lado negativo, porém, pode ser também o pai da míngua,
da falta de provisão. A seguir citaremos outras importâncias, isto é, atribuição
de Oxóssi:
1ª ordem material, pois, como Ogum, protege os caçadores tornando
suas expedições eficazes e proveitosas, resultando em caça abundante.
2ª ordem médica, pois os caçadores quando nas florestas, estando em
contato frequente com Ossain, divindade das folhas terapêuticas e litúrgicas e
aprendem com ele parte de seu saber.
3ª ordem social, pois normalmente é um caçador que, durante as suas
expedições, descobre o lugar favorável a instalação de uma nova roça ou um
vilarejo. Torna-se assim o primeiro ocupante e senhor da terra (Onilé), com
autoridade sobre os demais habitantes que aí venham se instalar.
4ª ordem administrativa e policial. Pois antigamente somente os
caçadores possuíam armas servindo também de guardas noturnos (òsó).
Suas principais características são a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o
jeito ardiloso para faturar sua caça. É um orixá de contemplação, amante das
artes e das coisas belas.
Como todos os orixás, Oxóssi também está no dia-a-dia dos seres vivos,
convivendo intimamente com todos nós. Dentro do Culto, ele é o caçador do
10
Axé, aquele que busca as coisas boas para uma Casa de Santo, aquele que
caça as boas influências e as energias positivas.
No dia-a-dia, encontramos o deus da caça no almoço, no jantar, enfim
em todas as refeições, pois é ele que provê o alimento. Rege a lavoura, a
agricultura, permitindo bom plantio e boa colheita para todos.
O culto a esse orixá é bastante difundido no Brasil, mas pouco lembrado
na Nigéria, o que se deve ao fato de Oxóssi ter sido cultuado basicamente em
Keto (terra dos panos vermelhos), onde foi consagrado como rei. No século
XIX, devido ao tráfico negreiro, a cidade foi praticamente destruída pelos
ataques das tropas do rei Daomé. Os filhos consagrados a Oxóssi foram
vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba.
É o orixá que cultua o próprio individualismo, tendo determinação para
qualquer combate.
Outros deuses da caça: Oriluerê, Erinlé, Ibualama, Logun Edé.
Arquétipo
O arquétipo de Oxossi é o das pessoas espertas, rápidas, sempre alerta e em
movimento. São pessoas cheias de iniciativas e sempre em vias de novas
descobertas ou de novas atividades. Têm o senso de responsabilidade e dos
cuidados para com a família. São generosas, hospitaleiras e amigas da ordem,
mas gostam muito mudar de residência e de achar novo meios de existência
em detrimento, algumas vezes, de uma vida doméstica harmoniosa e calma.
11
XANGÔ
Dia da semana: quarta-feira
Cores: Umbanda - marrom (ativa o
chacra sexual e a terra, no sentido
de “manter os pés no chão”).
Candomblé - vermelho (ativo)
Branco (paz); marrom.
Saudação: Kaô Kabiecile (“Venham
ver o Rei descer sobre a terra”).
Número: 6, 12
Elemento: terra (pedras)
Domínio: rochas que o raio quebra
Sincretismo: São Jerônimo, São
Pedro, São João.
Comemoração: 30 de setembro; 29
de junho; 24 de.
Junho.
Flor: rosa e palma vermelha
Ervas: açafrão, banana São Tomé,
bradamundo, eritrina, espirradeira,
flamboyant, folha-da-fortuna,
gameleira, hortelã verde, imbaúba,
levante, manjericão-roxo, melão de
São Caetano, pau-pereira, taioba, tiririca, urucum.
Velas: marrom (sabedoria e firmeza)
Vermelha (dinamismo e força)
Instrumento: oxé (machado de pedra de lâmina dupla)
Equivalências: Tarô - Carta n. º 8 - A Justiça.
Baralho Cigano - Carta n. º 21 - A Montanha.
Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os
ladrões e os maleitosos. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada
infamante. Da mesma forma uma casa atingida pelo raio é uma casa marcada
pela cólera de Xangô. O proprietário deve pagar pesadas multas aos
sacerdotes do Orixá que vem procurar nos escombros os edùn àrá (pedras de
raio) lançados por Xangô e profundamente enterrados no local onde o solo foi
atingido. Esses edùn àrá (na realidade, machados neolíticos) são colocados
sobre um pilão de madeira esculpida (odó), consagrado a Xangô. Tais pedras
são consideradas emanações de Xangô e contêm o seu àsé, o seu poder. O
sangue dos animais sacrificados é derramado, em parte, sobre suas pedras de
raio para manter-lhes a força e o poder. O carneiro, cuja chifrada tem a rapidez
do raio; é o animal cujo sacrifício mais lhe convém. Fazem-lhe também
oferendas de amalá, iguaria preparada com farinha de inhame regada com um
molho feito com quiabos. É, no entanto, formalmente proibido oferecer-lhe
feijões brancos de espécie sèsé. Todas as pessoas que lhe são consagradas
estão sujeitas à mesma proibição. O símbolo de Xangô é o machado de duas
laminas estilizado, osé (oxé), que seus elégùn trazem nas mãos quando em
transe. Lembra o símbolo de Zeus em Creta
12
Talvez estejamos diante do orixá mais cultuado e respeitado no Brasil.
Isso porque foi ele o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em
terras brasileiras. É, portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil.
No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Òyó, filho de
Oranian e Torosi; no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian,
divinizado, porém tendo Yamase como mãe e três divindades como esposas:
Oiá, Oxum e Obá.
Xangô é o rei das pedreiras, senhor dos raios e do trovão, pai da justiça
e o orixá que gera o poder da política. Guerreiro, bravo e conquistador, Xangô
também é conhecido como o orixá mais vaidoso entre os deuses masculinos
africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Obá, que significa
rei. E é o orixá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital política daquele
país.
Outras saudações que seus fies lhe dirigem têm certa graça e mostram a sua
forte personalidade:
“Ele ri quando vai à casa de Oxum
Ele fica bastante tempo em casa de Oiá
Meu senhor, que cozinha o inhame com ar que escapa de suas narinas
Meu senhor, que mata seis pessoas com uma só pedra de raio
No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios
políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas
campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato
das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez,
organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e
cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de
realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o
chamado “sangue azul”, o poder de liderança.
Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista
vale a pena; o respeito pelo rei é mais importante que o medo.
Este, que apesar de grande guerreiro, justo e conquistador, detesta
doenças, a morte e aquilo que já morreu. Xangô é avesso a eguns (espíritos
desencarnados). Admite-se até que ele é uma espécie de imã de eguns, daí
sua aversão a eles.
Arquétipo
O arquétipo de Xangô é aquele das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas
e conscientes de sua importância real ou suposta. Das pessoas que podem
ser grandes senhores, corteses, mas que não toleram a menor contradição, e,
nesses casos, deixam-se possuir por crises de cólera, violentas e
incontroláveis. Das pessoas sensíveis ao charme do sexo oposto e que se
conduzem com o tato e encanto no decurso das reuniões sociais, mas que
podem perder o controle e ultrapassar os limites da decência. Enfim, o
arquétipo de Xangô é aquele das pessoas que possuem um elevado sentido
da sua própria dignidade e das suas obrigações, o que as leva a se
comportarem com um misto de severidade e benevolência, segundo o humor
do momento, mas sabendo aguardar, geralmente, um profundo e constante
sentimento de justiça.
Xangô costuma entregar a cabeça de seus filhos a Obaluaiê e Omulu
sete meses antes da morte destes, tal o grau de aversão que tem por doenças
e coisas mortas.
13
OIA-IANSÃ ou OYÁ
(mesan: “nove”)
Dia da semana: quarta-
feira
Cores: Umbanda -
amarelo
Candomblé - vermelho
(ativo)
Marrom (sensualidade
e “pés no chão”)
Saudação: Ê Parrei
(“Olá”, jovial e alegre).
Número: 9,11
Elemento: ar
Domínio: ventos e
tempestades
Sincretismo: Santa
Bárbara
Comemoração: 4 de
dezembro
Flor: rosa e palma vermelha
Ervas: aguapé, alface, bambu, Cambuí, cordão-de-frade, dormideira, erva-
santa, eritrina, espada de Oiá-Iansã, espirradeira, gigoga-vermelha, jasmim-
do-cabo, levante, loureiro, macaçá, milho, manjericão, pitangueira, romã,
umbaúba.
Vela: amarela
Vermelha (traz coragem e impulso)
Instrumento: iruexin (cabo de ferro ou cobre com um rabo de cavalo)
Equivalências: Tarô - não há
Baralho Cigano - Carta n. º 6 - As Nuvens.
Oiá-Iansã é o orixá de um rio conhecido como Níger, cujo nome original
em iorubá é Oyó. Deusa da espada do fogo, dona da paixão, Oiá-Iansã é a
rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo,
guerreira e poderosa. Mãe dos eguns, guia dos espíritos desencarnados,
senhora do cemitério. Orixá da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que
corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo
sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte
que a razão. A frase estou apaixonada “tem a presença e a regência de Oiá-
Iansã, que é o orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria
em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e
desesperados. É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a
paixão propriamente dita. É a falta de medo das consequências de um ato
impensado no campo amoroso. Oiá-Iansã rege o amor forte, violento.
Oyó é também a senhora dos espíritos dos mortos, dos eguns. É deusa
a dos cemitérios.
14
É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se
desprendeu do corpo.
É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda a
falange dos Boiadeiros.
Embora tenha sido esposa de Xangô, Oiá-Iansã percorreu vários reinos. Foi
paixão de Ogum, Oxaguian, Exu. Conviveu e seduziu Oxóssi, Logun-Edé e
tentou, em vão, relacionar-se com Obaluaiê. Em Ifé, terra de Ogum, foi a
grande paixão do guerreiro. Aprendeu com elee ganhou o direito do manuseio
da espada. Em Oxogbo, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu
o direito de usar o escudo. Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se
relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxóssi,
seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se
transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Exu. Seduziu
o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar. Oiá-Iansã partiu, então, para
o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo
conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Obaluaiê
resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos.
De início, Oiá-Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e
aprendeu a conviver com os eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oió, reino
de Xangô, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a
viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Oiá-Iansã
aprendeu muito mais. Aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão
violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu
coração. O fogo é o elemento básico de Oiá-Iansã. O fogo das paixões, da
alegria, o fogo que queima. E aqueles que dão uma conotação de vulgaridade
a essa belíssima e importantíssima divindade africana, são dignos de pena e
mais dignos ainda, do perdão de Oiá-Iansã.
Arquetipo
O arquétipo de Oiá-Iansã é o das mulheres audaciosas, poderosas e
autoritárias. Mulheres que podem ser fiéis e de lealdade absoluta em certas
circunstâncias, mas que, em outros momentos, quando contrariadas em seus
projetos e empreendimentos, deixam-se levar a manifestações a mais extrema
cólera. Mulheres, enfim, cujo temperamento sensual e voluptuoso pode levá-
las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e frequentes, sem reserva
nem decências, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos
seus maridos, por elas mesmas enganados
15
OXUM (rio que passa por
Oxogbo, na Nigéria)
Dia da semana: sábado
Cores: Umbanda: azul
Candomblé: dourada
Saudação: Ora ieiê (“brincar nas
águas”)
Número: 5
Elemento: água (doce)
Domínio: águas, cachoeira,
gestação.
Sincretismo: N.S. Conceição.
Comemoração: 8 de dezembro
Flor: rosas e palmas amarelas
Ervas: açafrão, aguapé,
alfavaquinha, anduzeiro, arnica,
iúca, bananeira, calêndula, cajá-
mirim, camomila, caruru, cipó-
chumbo, erva-de-passarinho,
folhas-da-costa, gigoga amarela,
guandu, ipê-amarelo, macaçá,
malmequer, erva cidreira,
mastruço, oriri.
Velas: azul; dourada.
Instrumento: abebê (espelho)
Equivalências: Tarô - Não há
Baralho Cigano: Carta n. º 30 - Os Lírios.
Segunda esposa de Xangô, tendo vivido em outras épocas com Ogum
e Oxóssi. Sua morada é nas cachoeiras e rios de água doce, onde costumam
lhe entregar comidas e presentes. Na África é chamada Iyalode, cargo
ocupado pela mulher mais importante da cidade.
Foi rainha de Oyó, onde as mulheres que queriam engravidar
procuravam-na, sendo respeitadíssima como feiticeira. Como todos os outros
orixás, existem diversos tipos de Oxuns, de acordo com a proximidade de uma
tribo ou a profundidade do rio. Oxum pode ser maternal, jovem feiticeira ou
uma guerreira.
Mãe da água doce, deusa da candura e da meiguice, dona do ouro.
Oxum é a rainha do Ijexá. Orixá da prosperidade, da riqueza, ligada ao
desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe.
Oxum exerce uma ampla influência no comportamento dos seres
humanos, regendo principalmente o lado teimoso e manhoso, além daquele
espírito maquiavélico que existe em todos nós. No bom sentido, Oxum “é o
veneno das palavras”, é o comportamento piegas das pessoas, é a forma
“metida”, esnobe apresentada principalmente pelo sexo feminino. É o
cochicho, o segredinho, a fofoca. Está encantada nas conversas, nos risinhos,
nos comentários, nas intriguinhas. Rege o charme, o it, a pose; tudo que está
ligado à sensualidade, sutileza, ao dengo, sendo o sexo feminino o mais
influenciado. É o flerte, o carinho. É o amor puro, real, maduro, solidificado,
sensível, não chegando a ser a paixão. É o amor verdadeiro; ela propicia e
alimenta este sentimento nos homens, fazendo-os ser mais calmos e
16
românticos. É a deusa do amor. Oxum está muito intimamente ligada à magia,
pois é a divindade africana mais ligada as yámi oxorongá, feiticeiras, bruxas.
Com elas aprendeu a arte da magia, estando esta arte ligada ao amor.
Regente do ouro, ela está presente e se encanta em joalherias e outros
lugares onde se trabalha com ouro, seu metal predileto e de regência absoluta.
É a protetora dos ourives. É o próprio ouro. A regência mais fascinante de
Oxum é o processo de fecundação. Na multiplicação da célula mater, Exu
entrega a regência para Oxum que vai cuidar do embrião, do feto, até o
nascimento. É Oxum que vai evitar o aborto, manter a criança viva e sadia na
barriga da mãe, onde no nascimento a entrega para Iemanjá, que lhe dará
destino.
Arquétipo
O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão
pelas joias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que são símbolos do
charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Oiá.
Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua
aparência graciosa e sedutora esconde uma vontade muito forte e um grande
desejo de ascensão social.
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NANÃ (originalmente Néné / Nana
/ Nanã)
Dia da semana: terça-feira
Cores: Umbanda: lilás
Candomblé: lilás
Branco rajado
de azul
Saudação: Saluba Nanã! (“Dona do
pote da Terra”)
Número: 13
Elemento: lama e pântanos
Sincretismo: Santana
Comemoração: 26 de julho
Flor: rosa e palma brancas
Ervas: assa-peixe, agapanto-lilás,
alfavaca, avenca, cedrinho, erva-
cidreira, feijão preto, lagrima-de-N.
Senhora, macaçá, manacá, obi,
tradescância, quaresmeira.
Vela: lilás (ativa a terceira visão e a
sabedoria)
. Instrumento: Iberi
Equivalências: Tarô - Carta n. º 2 - A
Papisa.
Baralho Cigano: - Carta n. º 9 - O Ramalhete.
Nanã, chamada também Nanã Burucu, Nanã Buruquê, é de origem Jeje,
da região de Dassa Zumê e Savê, no Daomé, hoje conhecida como República
de Benin.
A mais temida de todos os orixás, a mais respeitada, a mais velha,
poderosa e séria. Está associada à maternidade. Teria o poder de dar a vida
e forma aos seres humanos, por isso é também considerada orixá da
fecundação e dos primórdios da criação. Ela é a deusa dos pântanos, da morte
(associada à terra, para onde somos levados), da transcendência.
Entre o mundo dos vivos e dos mortos, existe um portal. É a passagem,
a fronteira entre a vida e a morte. Sua regente: Nanã. Senhora e geradora da
morte (Iku).
Seus cânticos são súplicas para que leve Iku para longe, para que a
vida seja mantida. É à força da natureza que o homem mais teme. Ela é
senhora da passagem desta vida para outras, comandando o portal mágico, a
passagem das dimensões.
Nanã está presente nos lodaçais, lamaçais, pois nasceu do contato da
água com a terra, formando a lama, dando origem a sua própria vida. Na
África, é chamada de Iniê, e seus assentamentos são salpicados de vermelho.
Ela é a chuva, a garoa, a tempestade. O banho de chuva é uma lavagem do
corpo no seu elemento; uma limpeza de grande força, uma homenagem a este
grande orixá.
Considerada a iabá mais velha, foi anexada pelos iorubanos nos rituais,
tal sua importância. Nanã é a mãe querida, carinhosa, compreensiva,
bondosa, mas que irada, não reconhece ninguém. É o orixá da vida que
representa a morte. E a isso devemos o máximo respeito e carinho.
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Nanã é a mãe de Obaluaiê. Tratou sempre de si e de seu filho de forma
nobre, nunca se metendo ou preocupando com o que as outras pessoas faziam
da própria vida.
Ogum travou batalha com Nanã pelo direito de passar por suas terras.
Por ser um forte e valente guerreiro, não admitia em pedir licença a uma “velha”
para entrar em seus domínios. Diante dos perigos do pântano e da ira de
Nanã, foi obrigado a bater em retirada tendo que achar outro caminho, longe
das terras de Nanã. Esta, por sua vez, aboliu o uso de metais em suas terras.
E até hoje, nada pode ser feito com lâmina de metal para ela.
Arquétipo
Nanã Bruque é o arquétipo das pessoas que agem com calma, benevolência,
dignidade e gentileza. Das pessoas lentas no cumprimento de seus trabalhos
e que julgaram ter a eternidade à sua frente para acabar seus afazeres. Elas
gostam das crianças e educam-nas, talvez, com excesso de doçura e
mansidão, pois têm tendência a se comportarem com a indulgência das avós.
Agem com segurança e majestade. Suas reações bem-equilibradas e a
pertinência de suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e
da justiça.
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IEMANJÁ (iya: “mãe”; omo:
“filho”; eja: “peixe”)
Dia da semana: sábado
Cores: branco ou cristal transparente
e azul
Saudação: Ô doiá! (odo: “rio”) (Ô
dociaba!).
Número: 4 9
Elemento: água
Domínio: água salgada
Sincretismo: N. S. Glória.
Comemoração: 15 de agosto (RJ
comemora junto à passagem do ano)
Flor: rosa e palma brancas
Ervas: anis, araticum-de-areia, arroz,
colônia, condessa, erva-de-Sta.
Luzia, graviola, jasmin, jequitibá-
rosa, lagrima-de-N. Senhora,
mamoeiro, musgo marinho, oriri, pata
de vaca, trapoeraba-azul, mãe boa.
Velas: branca (pureza e paz)
Instrumento: abebê (espelho)
Equivalências: Tarô - Carta n. º 3 - A
Imperatriz.
Baralho Cigano - Carta n. º 3 - O Navio.
A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá
é a rainha das águas salgadas, considerada como mãe da maioria dos orixás,
regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de deusa
das pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de
nascimento. Essa força da natureza também tem papel muito importante em
nossas vidas, pois é ele reger nossos lares, nossas casas. É ela que dá o
sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a
geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e
personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos.
Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as
comemorações familiares. É o sentido da união por laços consanguíneos ou
não.
Numa Casa de Santo, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à
comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar;
criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão
em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando
também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos
casos de relacionamento dos Babalorixás (Pai de Santo) ou Ialorixás (Mãe de
Santo) com os Omorixás (Filhos de Santo).
A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela
preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de
nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho,
filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o
desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção
da harmonia do lar.
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É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres
aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as
marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida
marinha.
Filha de Olokum e mãe da maioria dos orixás. Sua cor é branca,
associada ao orixá Oxalá; juntos teriam feito a criação do mundo. É
proveniente de uma nação chamada Egbá, na Nigéria, onde existe um rio com
o mesmo nome do orixá.
Arquétipo
São imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de
dignidade e dotados de irresistível fascínio. São voluntariosos, fortes,
rigorosos, protetores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e arrogantes; tem
o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justos mas formais; põem à
prova as amizades q lhe são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa
e, se perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são
maternais e sérios.
As filhas de Iemanjá são boas donas de casa, educadoras prodigas e
generosas, criando até os filhos de outros. Não perdoam facilmente qdo
ofendidas. São possessivas e muito ciumentas.
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OBALUAIÊ ( “rei”, “senhor da terra”)
Dia da semana: segunda-feira
Cores: branca (paz e cura),
preta (absorção de
Conhecimento) e/ou vermelho
(atividade).
Saudação: Atotô! (Oto:
“silêncio! ”).
Número: 7 e por extensão 13
Elemento: terra
Domínio: saúde (doenças)
Sincretismo: São Lázaro; São
Roque.
Comemoração: 17 de
dezembro; 16 de agosto.
Flor: bananeira silvestre,
monsenhor branco.
Ervas: agapanto lilás,
agoniada, alfavaca roxa, aloés,
aroeira, arrebenta cavalo,
barba-de-velho, beldroega,
boldo, panacéia, cajueiro,
carrapateira, cebola-cecém,
cipó chumbo, coentro, melão de
São Caetano, feijão preto, figo
benjamim, gameleira, gervão, Guararema, jenipapeiro, mamona, mastruço,
velame do campo, zinia.
Velas: branca (paz, limpeza) e preta (conhecimento).
Instrumento: xaxará
Equivalências: Tarô - Cartas n. º 5 - O Papa e Carta n. º 9 - O Eremita.
Baralho Cigano - Carta n. º 10 - A Foice.
Deus originário do Daomé. Obaluaiê é uma flexão dos termos Obá (rei)
- Oluwô (senhor) - Ayiê (terra), “rei, senhor da terra”. Omulu também é uma
flexão dos termos: Omo (filho) - Oluwô (senhor) que quer dizer “filho e senhor”.
Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais velho,
é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e
influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados
a mesma força da natureza.
Obaluaiê é o sol, a quentura e o calor do astro rei, é o senhor das pestes,
das doenças contagiosas ou não. É o rei da terra, do interior da terra, e é o
orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa), porque para os
humanos é proibido ver o seu rosto devido à deformação feita pela doença, e
pelo respeito que devemos a esse poderosíssimo orixá. Está no
funcionamento do organismo, na dor que sentimos pelo mau funcionamento
dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. A ele devemos a nossa
saúde. Trata do interior, mas cuida também da pele e de suas moléstias.
Divide com Oiá-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem
como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito
desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele
espírito. Obaluaiê também é o senhor da terra e das camadas do seu interior,
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para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem
vai cuidar do corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã.
Obaluaiê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores,
agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e
comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege
aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os
doentes. Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas,
sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele
proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. É o orixá da
misericórdia. Rege a má digestão, a congestão estomacal. Gera o ácido úrico
e seus efeitos.
Atoto ! Meu Pai !
Arquétipo
O arquétipo de Obaluaê é o das pessoas com tendências masoquistas, que
gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas das quais tiram uma satisfação
íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem quando a vida lhes corre
tranqüila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia,
todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas
que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem-estar dos
outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e
necessidades vitais.
23
IBEJI (ib: “nascer”; eji: “dois”)
Dia da semana: domingo
Cores: todas
Saudação: Beje eró! (“Chamar os dois! ”).
Número:
2
Elemento: todos
Domínio: tudo que nasce
Sincretismo: S. Cosme e S. Damião.
Comemoração: 27 de setembro
Flor: todas
Ervas: abacaxi, abóbora, aipim, ameixa,
banana, batata
doce, caruru, goiaba, laranja, maçã,
manga espada,
melão, melancia, milho, tangerina, uva
branca.
Velas: azul e rosa (atraem o amor)
Instrumento: não tem
Equivalências: Tarô - Não há
Baralho Cigano - Carta n. º 13 - A Criança.
Ibeji na nação Keto, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o orixá
Erê, ou seja, o orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; sua
regência está ligada à infância.
Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como
Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com suas
brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa
de Santo. É o orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança.
Sua determinação é tomar conta do bebê até a adolescência, independente do
orixá que a criança carrega.
Ibeji é tudo de bom, belo e puro que existe; uma criança pode nos
mostrar seu sorriso, sua alegria, sua felicidade, seu engatinhar, falar, seus
olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções
durante o vôo das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos
dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de uma
felicidade, de uma travessura e você estará vivendo ou revivendo uma lenda
desse orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu em nossa infância,
foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, ele já viveu todas as
felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.
A lenda, a história de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma
criança. Ao menos para manter vivo este importante orixá, procure dar
felicidade a uma criança. Faça você mesmo o encantamento de Ibeji. É fácil:
faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivendo. Transmita esta felicidade,
contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o
amor de uma criança. E seja Ibeji, fe
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LOGUN-EDÉ (“príncipe aclamado”)
(ode: ligação com Ogum; edé:
ligação com Oxóssi).
Dia da semana: quinta-feira
Saudação: Loci, loci, Logum! Loci,
Logum!
(“grita, grita seu brado de guerra,
príncipe guerreiro! ”).
Número: 9 e 6
Elemento: ar e água
Domínio: matas e cachoeiras
Flor: rosa e palma amarela
Ervas: dracena rajada, folha da
independência.
Vela: metade azul clara, metade
amarela (afasta
tristeza atrai sorte, dinheiro e
sabedoria).
Instrumento: ofá (arco e flecha) e
abebê (espelho)
Erinle teria tido, com Oxum
Ipondá, um filho chamado Logunedé,
cujo culto se fazainda, mas raramente,
em Ilexá, onde parece estar em vias de extinção. No Brasil,
tanto na Bahia como no Rio de Janeiro, Logunedé tem, entretanto, numerosos
adeptos. Esse deus tem por particularidade viver seis meses do ano sobre a
terra comendo caça e , e os outros seis meses, sob as águas de um rio,
comendo peixe. Ele seria também, alternadamente do sexo masculino, durante
seis meses, e do sexo feminino durante os
outros seis meses. Esse deus, segundo se conta na África, tem aversão por
roupas vermelhas ou marrons. Nenhum dos seus adeptos ousaria utilizar
essas cores no seu vestuário. O azul turquesa, entretanto parece ter sua
aprovação. É sincretizado na Bahia com São Expedito.
Esta síntese também está presente nas suas vestimentas, instrumentos
e oferendas. Seu otá é composto de duas pedras, uma retirada da mata e
outra retirada das águas (rios e cachoeiras). Logum dança ora como o pai, ora
como a mãe.
Logum-Edé é a beleza em pessoa, o encanto dos jovens, o namoro, o
flerte. Ele rege a ingenuidade do jovem, a adolescência. Seu encanto está no
primeiro beijo, no primeiro abraço, na primeira oportunidade de “mãos dadas”,
no primeiro carinho. É também o deus da arte, o príncipe daquilo que é belo e
terno, da alegria e jovialidade. Porém, de gênio imprevisível, encontramos
Logum-Edé na intriga, no segredo maldoso, pois ele é capcioso, matreiro,
inventivo, meio moleque.
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OXUMARÉ (“aquele que se desloca
com a chuva e retém o fogo nos
seus punhos”)
Dia da semana: terça-feira
Cores: amarela (renovação) e verde
(transformação)
Saudação: Arruboboi! (gbogbo,
“contínuo”).
Número: 14
Elementos: ar e água
Domínios: arco-íris e cobra
Flor: palma amarela
Ervas: alcaparreira, altéia, araticum
de areia, angelicó, dracena rajada,
guaco, graviola, cipó mil homens,
bananeira.
Velas: verde (saúde) e amarela
(sabedoria)
Instrumento: serpente
Equivalências: Tarô - Carta n.º 10 - A
Roda
Baralho Cigano - Carta n. º 7 - A
Cobra.
Orixá andrógino, cuja função principal
é a de dirigir as forças que produzem movimento, ação e transformação. Por
ser bissexual, tem uma natureza dupla; é representado na mitologia daomeana
por uma cobra e o arco-íris, que significam a renovação e a substituição.
Durante seis meses é masculino, representado pelo arco-íris e tem
como incumbência levar as águas da cachoeira para o reino de Oxalá no Orum
(céu). Nos outros seis meses, Oxumaré assume a forma feminina, e nessa
fase, seria uma cobra que vez ou outra se transforma em uma linda deusa
chamada Bessém.
A dualidade de Oxumaré faz com que ele carregue todos os opostos e
antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmeo, doce
e amargo.
Como uma cobra morde a própria cauda formando o símbolo ocidental
do Orobóros, gerando um movimento circular contínuo que representaria a
rotação da Terra e próprio movimento incessante dos corpos celestes no
espaço. Nas lendas, aparece sempre como filho de Nanã e Oxalá.
No Brasil, seus iniciados usam o brajá, um longo colar de búzios
trabalhados de maneira a parecerem às escamas de uma serpente. Durante
sua dança, a iaô aponta os dedos para cima e para baixo, alternadamente
indicando os poderes do céu e da terra. Em algumas regiões é cultuado como
deus da riqueza, simbolizado por uma grande cunha entre seus apetrechos de
culto.
Oxumaré está presente nas negociações, no pagamento das contas, no
recebimento de um prêmio, na compra, nos negócios envolvendo gastos,
lucros e despesas. Está presente nos bancos, nas financeiras, enfim, nos
lugares em que se manuseia dinheiro.
Arquétipo
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Oxumaré é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas
pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem
sacrifícios para atingir seus objetivos. Suas tendências à duplicidade podem
ser atribuídas à natureza andrógina de seu deus. Com o sucesso tornam-se
facilmente orgulhosas e pomposas e gostam de demonstrar sua grandeza
recente. Não deixam de possuir certa generosidade e não se negam a estender
a mão em socorro àquele que dela necessitam
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EWÁ (nome de um rio nigeriano)
Dia da semana: terça-feira
Cores: vermelho (atividade) e amarelo
(renovação)
Saudação: Rinró! (“valor concebido”)
Número: 14
Domínio: água doce (nascente dos rios)
Elemento: ar (raios) e água doce
Velas: amarela e vermelha
Instrumento: não tem
É um orixá feminino, divindade do
canto, das coisas alegres e vivas. Dona de
raro encanto e beleza, e é considerada
como a rainha das mutações, das
transformações orgânicas e inorgânicas. É
o orixá que transforma a água de seu
estado líquido para o gasoso, gerando
nuvens e chuva.
Quando olhamos para o céu e
vemos as nuvens formando figuras de
animais, objetos, pessoas, ali está a magia e o encantamento de Ewá,
evoluindo e desenhando no céu. É a deusa do que é belo, dando cores aos
seres tornando-os vivos e bonitos. Está ligada com a alegria, regendo com
Ibeji o que se tem ou o que se seja ser feliz. Filha de mais nova de Nanã,
gêmea de Oxumaré, irmã de Obaluaiê e Ossain.
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OBÁ (“rainha”)
Dia da semana: quarta-feira
Cor: vermelha
Saudação: Obá xirê! (“rainha
poderosa, forte”).
Número: não tem
Elemento: água doce
Domínio: águas revoltas
Vela: vermelha rubi (vigor)
Instrumento: adaga
Divindade guerreira,
considerada até como uma Oiá-
Iansã velha, originária do rio de
mesmo nome na Nigéria. Ligada à
água doce como Oxum, ao
contrário desta está presente nas
águas revoltas como: enchentes,
inundações e cheias dos rios e
também no corisco, que lhe foi
dado pelo marido Xangô. É o orixá
que domina a paixão. Obá rege a
desilusão amorosa, a tristeza, o
sentimento de perda, a
incapacidade do homem de ter o
que ama e deseja. Obá é a raiva, a frustração, a solidão, a depressão, o
sentimento de abandono. Embora a lenda diga ser Obá uma guerreira
vencedora, ela conseguiu seu encantamento no oposto, ou seja, na derrota.
Obá era esposa de Xangô, juntamente com Oxum que muito esperta
queria se livrar da rival. Certo dia, para enganar Obá, Oxum apareceu com um
pano cobrindo uma das orelhas. Obá quis saber o que era aquilo, e ela então
contou que tinha cortado a própria orelha e colocado na comida de Xangô, e
este teria gostado muito, daí ela ser a sua favorita. Obá por tanto amor que
nutria pelo marido, não pensou duas vezes, e fez o mesmo. Xangô repugnado
expulsou-a de seu reino. E toda esta dor, desesperança, abandono, ficou em
Obá e tem sua regência. É a lógica dizendo que é a “última gota”, que faz
transbordar nossos sentimentos. Se um rio enche e transborda, é porque não
suporta mais o volume de água, deixando escapar “aquilo que não cabe mais”,
isto é Obá, esta é sua regência, seu encantamento e sua influência.
Geralmente quando incorpora, lança-se contra as filhas de Oxum,
principalmente se estas estiverem próximas do orixá Xangô. A iniciação de
uma filha de Obá necessita de certas ervas difíceis de serem encontradas no
Brasil. Daí o grande número de filhas de Oiá-Iansã, de características muito
semelhantes a Obá, crescer a cada dia.
Arquetipo
O arquetipo de Obá é o das mulleres valorosas e incomprendidas. Suas
tendências um pouco viris fazem-nas frequentemente voltar-se para o
feminismo ativo. As suas atitudes militantes e agressivas são consequências
de experiências infelizes ou amargas por elas vividas. Os seus insucessos
devem-se, frequentemente, a um ciúme um tanto mórbido. Entretanto,
encontram geralmente compensação para as frustrações sofridas em
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sucessos matérias, onde a sua avidez de ganho e o cuidado de nada perder
dos seus bens tornam-se garantias de sucesso.
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OSSAIN (“luz divina”)
Dia da semana: terça-feira/quinta-
feira
Saudação: Eu, eu assa! (“Oh,
folhas! ”).
Número: não tem
Elemento: ar
Domínio: matas (florestas
virgens, folhas e ervas).
Flor: Palma e cróton
Ervas: amendoim, angélica, anis,
jitó, cajazeira, caferana, coco-de-
dendê, fumo bravo, jenipapo,
lagrima de N. Senhora, narciso
dos jardins, piteira.
Vela: verde (saúde)
Instrumento: haste metálica de
sete pontas, com um pombo no
centro.
Equivalências: Tarô - Não há
Baralho Cigano -
Carta n. º 20 - O Jardim.
Orixá masculino, filho de
Nanã, irmão de Obaluaiê,
Oxumarê e de Ewá, de origem
nagô (iorubá) que, como Oxóssi habita a floresta.
O deus das ervas, dono das matas, orixá da medicina, da cura, da
convalescença. Mestre do poder curativo das ervas, que proporciona o Axé
das plantas, ou seja, a força vital, imprescindível à realização de qualquer ritual
nos Cultos Africanos.
Ossain é a mágica das folhas, tornando mágicas também a sua
convivência com os seres humanos. É o pai da fitoterapia; tem influência na
homeopatia, aquele que gera a capacidade de cura pela ingestão ou aplicação
de plantas medicinais; nos consultórios, nas cirurgias, na farmácia, nas
pesquisas químicas e científicas. Ele é o alquimista, o mágico, o senhor das
poções mágicas e curativas, o bruxo, o médico dos orixás. Conhecedor
profundo do segredo de todas as ervas.
Todas as vezes que queimamos uma floresta desmatamos, cortamos
árvores, ou simplesmente arrancamos folhas desnecessariamente, estamos
violando a natureza, ofendendo seriamente essa força natural que
denominamos Ossain.
Assim, todo orixá que precisava de uma erva ou planta devia em
primeiro lugar pedir a Ossain, que cobrava por estes trabalhos, aceitando como
pagamento mel, fumo, etc... Até que um dia Xangô passou a achar que todos
os orixás deveriam ter o conhecimento das ervas, e pediu a Oiá-Iansã que
convencesse Ossain a dividir com os demais os segredos e os mistérios das
plantas. Oiá-Iansã sacudiu sua saia provocando grande ventania, espalhando
as folhas para todos os orixás, para que cada um exercesse poder sobre uma
delas. Em meio a ventania, Ossain repetia sem parar: Eu, eu assa. que
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significa “Oh, folhas!”. Embora cada orixá tenha se apossado de um tipo de
folha, com esta reza Ossain evitou que seu poder fosse distribuído com eles,
pois só ele conhecia o axé de cada uma delas conservando só para ele o poder
sobre elas
Arquétipo
O arquétipo de Ossain é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de
controlar seus sentimentos e emoções. Daquelas que não deixam suas
simpatias e antipatias intervirem nas suas decisões ou influenciarem as suas
opiniões sobre pessoas e acontecimentos. É o arquétipo dos indivíduos cuja
extraordinária reserva de energia criadora e resistência passiva ajuda-os a
atingir os objetivos que fixaram. Daqueles que não tem uma concepção estreita
e um sentido convencional da moral e da justiça. Enfim, daquelas pessoas
cujos julgamentos sobre os homens e as coisas são menos fundados sobre as
noções de bem e de mal do que sobre as de eficiência.
32
OXALÁ (oxa: “luz”; alá:
“branca”)
Dia da semana: sexta-feira
Cor: branca
Saudação: Epa, babá!
(“Salve, pai!”).
Número: 10
Elemento: ar
Domínio: ar (céu), a criação.
Sincretismo: Jesus Cristo
Comemoração: não tem
Flor: rosa e palma brancas
Ervas: agapanto branco,
aguapé, alecrim de caboclo,
alecrim do campo, algodoeiro,
colônia
Alfazema, anis doce, arroz,
badiana, calistemo fênico,
camélia, camomila, angélica,
chapéu de couro, colônia,
coentro, cravo da Índia,
espirradeira, espinheira santa,
eucalipto, pichuri, folha da
costa, funcho, girassol,
hortelã, jasmim, laranjeira, levante, manjericão, manjerona, mastruço, obi,
nogueira, palma de Oxalá, rosa branca, saião, boldo.
Vela: branca (pureza e paz)
Instrumento: paxoró (espécie de cajado)
Equivalências: Tarô - Carta n. º 4 O Imperador (Oxaguiã) Carta n. º 19 O Sol
(Oxalufan).
Baralho Cigano - Carta n. º 31 - O Sol.
Oxalá, o mais importante e elevado dos deuses iorubanos, foi o primeiro
a ser criado por Olorum, o deus supremo. Representa o céu, o princípio de
tudo, e foi encarregado de criar o mundo.
De sua união com Iemanjá resultou o nascimento da maioria dos orixás
e da linha do horizonte, dividindo o céu e o mar. É considerado o pai de todos
os orixás na cultura iorubana.
Equilíbrio positivo do universo é o pai da brancura, da paz, da união, da
fraternidade entre os povos da terra e do cosmo. É considerado o fim pacífico
de todos os seres. Orixá da ventura, da compreensão, do entendimento, do
fim da confusão.
Oxalá é orixá que vai determinar o fim da vida, o fim da estrada do ser
humano, o fim com a certeza do dever cumprido. A morte deve ser encarada
com naturalidade como encaramos os demais assuntos da nossa vida, pois ela
faz parte da natureza e sabemos que tudo tem um início, um meio e um fim.
Exu inicia, Oxalá termina. É assim nas rodas de Candomblé, nos Xirês,
quando louvamos todos os orixás.
É ele que sempre atuará como mediador para acalmar discórdias em
qualquer plano e produzindo uma solução, uma definição.
33
Oxalá era marido de Nanã, senhora do portal da vida e da morte. E por
determinação dela, somente os seres femininos tinham acesso ao portal, não
permitindo aproximação de seres masculinos em hipótese alguma.
Determinação que servia também para Oxalá, que com o passar do tempo não
se conformava com esta decisão, não só por ser marido de Nanã, como por
sua própria importância no panteão dos orixás.
Assim pensou até que encontrou uma forma de burlar as determinações
de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou
o adê (coroa) com os chorões no rosto, próprio das iabás e aproximou-se no
portal satisfazendo enfim sua curiosidade. Foi pego, porém, por Nanã no exato
momento em que via o outro lado da dimensão. Nanã aproximou-se e
determinou:
- “Já que tu, meu marido, vestiste-te de mulher para desvendar um
segredo tão importante, vou compartilhá-lo contigo. Terás, então, a
incumbência de ser o princípio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes
ao solo para determinar o fim de um ser. Porém, jamais conseguirá te desfazer
das vestes femininas e, daqui para frente terá todas as oferendas fêmeas!”.
E Oxalá passou a comer não mais como os demais santos aborós
(homens), mas sim cabras e galinhas como as iabás. E jamais se desfez das
vestes de mulher. Em compensação, transformou-se no senhor do princípio
da morte e conheceu todos os seus segredos.
Arquétipo
O arquétipo de personalidade dos devotos de Oxalá é aquele das pessoas
calmas e dignas de confiança; das pessoas respeitáveis e reservadas, dotadas
de força de vontade inquebrantável que nada pode influenciar. Em nenhuma
circunstância modificam seus planos e seus projetos, mesmo a despeito das
opiniões contrárias, racionais, que as alertam para as possíveis consequências
desagradáveis dos seus atos. Tais pessoas, no entanto, sabem aceitar, sem
reclamar, os resultados amargos daí decorrentes. O imenso respeito que o
Grande Orixá inspira às pessoas do candomblé revela-se plenamente quando
chega o momento da dança de Oxalufã, durante o xirê dos Orixás. Com essa
dança, fecha-se geralmente à noite, e os outros orixás presentes vão cerca-lo
e sustentá-lo, levantando a bainha de sua roupa para evitar que ele a pise e
venda a tropeçar. Oxalufã e aqueles que o escoltam seguem o ritmo da
orquestra, que interrompem a cadência em intervalos regulares, levando-os a
dar alguns passos hesitantes, entrecortados de paradas, no decorrer dos quais
o conjunto de orixás abaixa o corpo, deixa cair os braços e a cabeça, por um
breve momento, como se estivessem cansados e sem força. Não é raro ver
pessoas que, vindas como espectadoras, deixa-se tomar pelo ritmo, dançam e
agitam-se em seus lugares, acompanhando o desfalecer do corpo e a
retomada dos movimentos, conjuntamente com os Orixás, num afã de
comunhão com o Grande Orixá, aquele que foi, em tempos remotos, o rei dos
igbôs, longe, bem longe, em Iluayê, a terra da África.
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ORIXÁS BALÉS (ligados à morte)
OGUM - intimamente ligado a causa de acidentes e desastres;
OBALUAIÊ - ligado à doenças letais e contagiosas. Servirá de guia para os
espíritos desencarnados;
OIA-IANSÃ - regente dos cemitérios e principalmente por também ser guia dos
eguns;
NANÃ - dona do portal da vida e da morte. Considerada como a própria morte;
OXALÁ - princípio ativo da morte. A determinação final. A paz. O fim.
ORIXÁS - AFINIDADES
Os filhos de fé não recebem influências apenas de um ou dois orixás.
Da mesma forma que nós não ficamos presos à educação e à orientação de
um pai espiritual, não ficamos também sob a tutela de nosso orixá de frente ou
juntó.
Frequentemente recebemos influências de outros orixás (como se
fossem professores, avós, tios, amigos mais próximos na vida material). O fato
de recebermos estas influências, não quer dizer que somos filhos ou afilhados
desses orixás; trata-se apenas de uma afinidade espiritual.
Uma pessoa, às vezes, não se dá melhor com uma tia do que com uma
mãe? Assim também é com os orixás. Podemos ser filhos de Ogum ou Oxum
e receber mais influências de Xangô ou Oiá-Iansã. Posso ser filho de Obaluaiê
e não gostar de trabalhar com entidades que mais lhe dizem respeito (linha das
almas), preferindo trabalhar com entidades de cachoeiras, o que de forma
alguma, me faz ser adotado por estes outros orixás.
O importante é que nos momentos mais decisivos de nossas vidas, suas
influências benéficas se façam presentes, quase sempre uma soma de valores
e não apenas e individualmente, a característica de um único orixá.
FALANGES - DEFINIÇÃO E EXEMPLOS
Chamam-se falanges agrupamentos de entidades e forças afins que
atingindo um grau superior de conhecimento, são colocadas sob a direção de
mestres para ajudar a humanidade. De certo modo, o conhecimento específico
dessas falanges decorre da atividade exercida nesta terra. Assim, a falange
do povo da água, do povo do mar, falange do cemitério, das crianças, etc.,
possuem experiência desses setores, por isso sua ajuda é preciosa e efetiva.
GUIAS - IMPORTÂNCIA E CONFECÇÃO
As guias podem ser feitas de qualquer material, servem para proteção
de certas partes do corpo do médium, principalmente a cabeça, o tronco e as
mãos. Em volta do pescoço defende a cabeça e a mente; em volta do coração,
em sentido transversal, dos ombros para baixo, protege o sistema circulatório
e a manifestação emotiva do médium, emprestando coragem e resignação; e
em volta das mãos ou dos pulsos, serve para filtrar e aprimorar os fluidos
magnéticos e vibratórios emitidos pelo aparelho. As guias só podem ser feitas
35
pelo próprio que vai usá-la, com a autorização do guia de frente, isto é, do
mestre principal do médium.
O FUMO, ÁLCOOL, DEFUMADOR E OS BANHOS NOS TRABALHOS DA
UMBANDA
O uso do fumo, do álcool, do defumador, dos banhos e das flores na
Umbanda, é uma aplicação da magia do odor. A magia aplicada tem cinco
aspectos: a Magia da Luz, que emana do olhar; a Magia do Som, realizável
pela voz; a Magia da Forma, praticada pelo gesto ou movimento; a Magia do
Odor ou do Cheiro, com base no olfato animal; a Magia Mental cujo centro é
a própria Mente. O odor tanto atrai como repele, realizando, assim, a lei
básica dos Cosmos calcada nos sinais mais (+) ou menos (-). O fumo repele
certas larvas astrais e Eguns poucos esclarecidos; o álcool, volátil, serve de
Ebó para atrair e como defesa do próprio médium, ingerindo-o imantado, pela
vibração do guia; o defumador afugenta elementos nocivos e purifica o
ambiente; os banhos protegem o corpo físico do médium e as flores atraem
seres esclarecidos e constituem o melhor veículo para mensagens espirituais.
Segundo os Mestres, as flores, depois das crianças e das aves, são as mais
preciosas formas de criação capaz de reter e transmitir nossas vibrações.
PONTOS CANTADOS
As principais finalidades são:
1- Expressar através dele o desejo inedito e mental do médium,
pessoalmente, e da corrente da qual ele faz parte:
2- Transmitir mensagens pessoal ou coletiva, destinadas aos orixás, falanges
ou guias;
3- Forçar a mente do médium a fixar a atenção no ponto, levando a
concentrar-se, estabelecendo harmonia na corrente.
Segundo seu sentido, podem ser classificados em: ponto de exaltação
e evocação, destinados aos orixás; pontos de chamada, dirigidos aos
mestres, guias pessoais e protetores em geral; pontos de subida, quando da
partida das entidades para o além; pontos de defumação, na ocasião de
limpar o ambiente com defumadores; ponto de abertura e de encerramento,
no início e ao término dos trabalhos; ponto de invocação, mediante o qual são
chamadas entidades ou forças em circunstâncias especiais; ponto de
descarrego, para limpeza pessoal ou em ambiente; ponto de maleme,
quando, consciente de alguma falta, imploramos misericórdia ou perdão ou
ainda significando licença para afastar-se do terreiro, de certos trabalhos,
quando reconhecemos incapacitados de realizá-los; nesse caso maleme tem
o significado de pedido de ajuda. Há pontos especiais para a prática de atos
de magia, para fixação de exês e cruzamento de otás.
PONTOS RISCADOS - PONTOS DE FIXAÇÃO
Os pontos riscados têm uma significação nitidamente esotérica e se
constroem mediante a aplicação de sete expressões geométricas, a saber: o
ponto, o círculo, o triângulo, a seta, o quadrado, a linha sinuosa e a linha
quebrada. Em geral, traduzem mensagens ou significam o nome do guia ou
36
da falange a que ele pertence. Uma vez riscado, o ponto representa a própria
presença material do autor, o seu “assento”, por quanto embora o médium
receba o mestre que o riscou, o lugar que ele consagrou representa a
segurança dos trabalhos. É costume, geralmente, usar “assento” definitivo,
riscando-se o ponto em uma tábua, um pano, em cobre, ferro, etc. O guia que
usa esse sistema deve cruzar o material usado, nele imantando suas
vibrações a fim de torná-las um ponto de fixação. Faz-se também enterrado
para segurança dos locais de trabalhos ou nos rituais ou iniciação,
inscrevendo-se na cabeça e no corpo do médium. No ritual puro do
Candomblé, nos terreiros de Umbanda de linha cruzada chama-se a esse
ponto de fixação do guia ou orixá na cabeça do médium.
O ponto para representar o absoluto ou Zambi é a circunferência, figura
geométrica que não tem princípio nem fim; a dualidade que significa a
manifestação de Zambi é a circunferência cortada pelo diâmetro; a trindade
simbolizada pelo triângulo representa a realização da matéria e do espírito; a
matéria viva e consciente se expressa pelo quadrado, e assim por diante.
EXE
É um ponto de fixação e segurança dos locais de trabalho, espiritual ou do
próprio lar da criatura. Consiste de objetos votivos de certo orixá e deve ser
enterrado nos pontos previstos pelo mestre que dirige a cerimônia.
OTÁ
É um exê que fica em cima da terra, devidamente oculto dos olhos
profanos, geralmente no congá e é consagrado mediante cruzamento,
invocando-se a força do orixá a que ele corresponde.
- RETIRAR OS CALÇADOS AO ENTRAR NO “CONGÁ”
Nós Umbandistas consideramos o Congá um lugar imantado, onde
foram fixadas certas forças ou vibrações positivas que deve estar sempre limpo
de fluídos negativos e onde conservamos os pontos riscados destas mesmas
forças ou ordens, etc. mesmo porque certos preceitos são procedidos nele.
Assim, é de obrigação se tirar o calçado, visto este objeto ser anti-higiênico,
pois se pisa com ele em tudo, às vezes em detritos ou putrefações, etc., e ainda
por querermos estar em ligação com o elemento terra, sabendo-se que esta é
o escoadouro natural das vibrações ou ondas eletromagnéticas.
- PORQUE “BATER” A CABEÇA NO CONGÁ.
Em relação ao exposto e mesmo pelo respeito que o lugar impõe, não
por ser apenas um santuário, mas pelas ditas forças com que os médiuns vão
entrar em comunhão ou absorver, tendo no pensamento o Deus-Uno, ou
Oxalá, e ainda como sinal de deferência ao Chefe espiritual da Casa - Caboclo
ou Preto Velho.
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- PORQUE OS CABOCLOS ASSOVIAM
É claro que os caboclos não assobiam por estar chamando seus
companheiros de tribo... Estes assobios traduzem os sons de forças sutis da
natureza, ditos como tatwas pelos hindus, sendo, portanto sons mantrâmicos.
Obs.: mantras são sons de forma repetitiva que invocam forças da natureza.
- PORQUE OS MÉDIUNS NÃO DEVEM USAR BRINCOS, ANÉIS, ETC...
Estes objetos são geralmente de metal e podem causar distúrbios, visto
o médium necessitar ter seus plexos nervosos isentos de quaisquer percalços
que possam coibi-los em algo... E mesmo porque a regra da verdadeira Casa
Umbandista é a simplicidade; detesta exibições de vaidade ou aparências
fúteis. Casa espiritual não é casa de modas...
- PORQUE DOS MÉDIUNS PRODUZIREM ESTALOS COM OS DEDOS NA
PALMA DAS MÃOS
Sabe-se que a mão é um fixador natural de fluidos - dá e recebe. Estes
estalos se dão justamente sobre o monte lunar e são para precipitarem certas
condições fisio-psíquicas, quer no médium, quer sobre qualquer ação
relacionada com a magia dos Orixás, Guias e Protetores.
- PORQUE ALGUMAS MANIFESTAÇÕES DE CERTAS ENTIDADES SÃO
IMPETUOSAS
Estas entidades que se apresentam assim estão dentro de uma certa
tônica espiritual e que devem revelar, em relação com as Forças que põem em
jogo, que abalam ou excitam mais certos plexos nervosos dos médiuns,
produzindo então estas apresentações mais ativas ou impetuosas. Mas, isto
não é regra geral depende do estado psíquico dos citados médiuns.
- PORQUE NAS MANIFESTAÇÕES DE PRETOS-VELHOS OS MÉDIUN SE
CURVAM E FALAM COM MANSIDÃO
Estas entidades são os magos-velhos da Lei, espíritos que carregam o
peso de todas as lições e experiências e geralmente tomam esta forma para
representar a humildade, o sacrificial, perante os seres humanos. E mesmo
porque, devidos aos citados plexos que em que mais atual - Sacro e frontal,
dão estas curvaturas no médium.
DESPACHO, EBÓ, OFERENDA, OBRIGAÇÃO
- Despacho significa algo ou alguma coisa que entregamos e junto ao qual
deve ir o que desejamos nos desfazer;
- Ebó é um sacrifício ou oferenda a Exu ou mais exatamente algo que
signifique nossa homenagem a esse poderoso orixá, na qual, implicitamente,
se solicita sua anuência e pretensão para determinados trabalhos espirituais;
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- Oferenda vem a ser presentes, homenagem, louvor e graça que
proporcionamos ao orixá, falanges, guias, etc.…
- Obrigação ao contrário de despacho, é alguma coisa que destinamos a
alguma força espiritual no sentido de obtenção de favores que pretendemos
conseguir.
Para os críticos desta prática, passamos a relatar passagens Bíblicas
que trata deste assunto com o nome de sacrifício.
No Antigo Testamento, encontramos em Isaías, capítulo 56, versículo
sete.
“Também as levarei ao santo monte e os festejarei na minha casa de
oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu
altar...”
Em Êxodos, capítulo 29, versículo 15:
“Tomarás também um carneiro sobre a cabeça do qual Arão e seus
filhos porão as mãos. 16 E, depois de o terem degolado tomarás do seu
sangue, e derramá-lo-ás em torno do altar”.
Em Jonas, capítulo 2, assim ele se dirige a Deus:
“Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que Votei
pagarei...”
Em várias passagens do Novo Testamento, retrato completo dos fatos
ao tempo de Jesus, encontramos: Marcos, capítulo 12, versículo 33:
“É que amá-lo de todo coração e de todo o entendimento e de toda alma
e com todas as forças e amar o próximo como a si mesmo vale mais que
todos os holocaustos e sacrifícios.
Paulo, em suas cartas alude aos Efésios, capítulo 5, versículo 2:
“E andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si
mesmo, por nós, em oferta e sacrifício a Deus. ”
Aos Hebreus, capítulo 7, versículo 27:
“Que não necessitasse, como Sumos Sacerdotes, oferecer, cada dia,
sacrifícios.”
Salmos, capítulo 96, versículo 8:
“Daí ao Senhor a glória devida a Seu nome; trazei oferendas e entrai
nos Seus átrios. ”
Capítulo 107, versículo 21:
“Louvem ao Senhor pela Sua bondade e pelas Suas maravilhas para
com os filhos dos homens”.
E no versículo 22:
“E ofereçam sacrifícios de louvor. ”
Gênesis capitulo 22 versículo
1.
E Deus disse a Abraão: “Toma
Isac, teu filho único, a quem
amas, e vai a terra da visão, e
aí o oferecerás em holocausto
sobre um dos montes, que eu
te mostrar”.
39
MANTAÇÃO. EMANAÇÃO. FIXAÇÃO
Imantação é a capacidade de impregnarmos qualquer coisa com o que
pensamos ou desejamos que aconteça a alguém ou a nós mesmos. A
Imantação é obtida através de um processo de Magia na qual participa nossa
polaridade energética, positiva ou negativa, segundo o objetivo em mira. O
objeto ou coisa assim imantado recebe as vibrações de nossa Mente, fixado
pela energia animal do nosso corpo e atua como se fora o próprio imantador
onde quer que se encontre.
Emanação é, ao contrário de Imantação, o que se exala e se desprende
de algo beneficiando-nos ou nos prejudicando. A Emanação da flor é o
perfume; da energia é a luz; do Pai Supremo é o Amor. A emanação de um
talismã está condicionada à sua feitura.
Fixação é o trabalho mágico de prender, de vincular em alguma coisa,
definitivamente, qualidades estranhas a essa mesma coisa. Exê é um ponto
de fixação, embora nenhum de seus componentes tenha ou pudessem ter
separadamente as condições espirituais e mágicas adquiridas quando se
juntam sob determinado ritual e para certos fins.
MAGIA. MENTE. PENSAMENTO. VONTADE
A Magia só pode ser executada por aquele que, em primeiro lugar, se
dedica a dominar o seu próprio Eu Inferior. Sem entender e dominar a si
próprio não é possível conhecer, entender e dominar os seres e as coisas.
Esta só pode e deve ser aplicada para o Bem, a Harmonia e a Felicidade.
Aquele que promove o Bem aos outros está fazendo a maior soma de Bem a
si mesmo. Ninguém que esteja inseguro e vacilante no que diz respeito ao
conteúdo da Magia pode aplicá-la sob qualquer forma, sob pena de prejudicar
o agente e o paciente.
A Mente pura, limpa, tem influência fundamental na liturgia e no ritual
da Umbanda Aquele cuja Mente vive cheia de maldade só pode atrair forma
de vibrações primárias, muitas vezes elementais, cujo modo de agir e sentir
se identificam com a mente conturbada do agente. Os Guias podem defender
seu Instrumento, mas de forma alguma ajudam o filho a realizar os sombrios
pensamentos que ele tem em mente. Se persistir no erro, ele próprio se
sobrecarrega de vibrações negativas impedindo o Guia de chegar trazendo-
lhe a luz do saber e do amor. Por isso se diz que o Guia se afastou do
médium, que alguém tirou o anjo da guarda, etc.…, quando na verdade, é o
próprio médium que através da mente enegrecida se incumbe de tornar difícil
essa aproximação.
O pensamento é a manifestação do nosso Eu Superior, é a presença de
Zambi na criatura. À medida que vivemos e aprendemos, o nosso
pensamento se enriquece, acumulando sabedoria, supremo conhecimento,
de cuja fonte ele é parcela e assim dele participa.
A vontade é a presença de uma ordem vinda de dentro para fora, às
vezes imperativa, insólita, sem base na razão. Há que se distinguir entre
vontade e desejo; este é uma manifestação de necessidade do corpo físico
denotando carência ou excesso. A saudade é o desejo da presença de
alguém; a fome é o desejo de alimentação e assim por diante. Quando o
desejo se torna intenso, o nosso Eu transforma-o em lei, isto é, em uma
vontade de realizar. E é essa mutação que sempre faz os santos, os heróis
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e os grandes malfeitores da humanidade. O pensamento positivo propicia
bem-estar, harmonia, cura, aos objetos visados. O negativo sendo-lhe
contrário deve ser anulado.
MEDIUNIDADE
A palavra médium vem de “mediar”, servir de intermediário entre o
mundo material no qual vivemos e o espiritual no qual vivem os
desencarnados, de um modo em geral. A condição de médium praticamente
é altamente honrosa e útil aos nossos semelhantes. Há 7 (sete) categorias
de mediunidade: Incorporativa, na qual o médium sente no corpo e na mente
a presença de um ser espiritual; Vidência, quando o médium vê natural ou
mentalmente algo no mundo espiritual; Intuitiva quando recebe
exclusivamente pela mente ou excepcionalmente através de sonho as
mensagens ou respostas do além; Psicográfica, exercida pela escrita, que
pode ser consciente quando o médium pensa o que escreve ou inconsciente
quando maquinalmente produz escritos estranhos à própria mente; Olfativa,
quando sente pelo olfato ou pela mente, como se estivesse sonhando, odores
só percebidos pelo próprio; Sensitiva, manifestada pela epiderme que registra
através de sensação de ardores, coceiras, arrepios, contrações, cãibras, a
presença e a espécie vibratória do ser espiritual causador; Transporte,
efetivada através do corpo astral que se desloca para os mais distantes
lugares a fim de cumprir tarefas com ou sem o assentimento do médium.
MEDIUNIDADE - PRÊMIO OU CASTIGO?
Algumas pessoas acham-se premiadas com o fato. Outras já pensam
que é um fardo pesado a ser carregado. Na realidade, não é um prêmio e
nem é um fardo; é um resgate da dívida que temos para com os nossos
semelhantes, dívida esta adquirida em encarnação passada. A mediunidade
é um compromisso de resgatá-la e este compromisso foi assumido com nosso
consentimento, antes de nascermos. Podemos ou não assumi-la depois de
encarnados, pois para isso é que temos o livre-arbítrio.
Se, por qualquer motivo, não pudermos pagar esta dívida, devemos
procurar praticar a caridade de outra forma, pois não é só vestindo uma roupa
branca que podemos praticar a caridade e ser úteis ao próximo.
É preferível você usar de boa vontade para com o próximo que dela
necessitar, do que vestir uma roupa branca e rumar à casa de caridade em
que você trabalha resmungando, blasfemando por ser obrigado a deixar o
conforto do seu lar para ir ao trabalho espiritual ao qual você foi solicitado.
A mediunidade foi nos dada pelo Pai Maior e não será retirada por
ninguém, a não ser por Ele.
Quando o médium inicia a sua caminhada espiritual dentro de um
terreiro, deve auxiliar nos afazeres dos trabalhos, fornecendo cigarros,
charutos, água, pemba, velas, etc.… às entidades espirituais incorporadas.
Nas giras de desenvolvimento, um médium incorporado procurará
auxiliar o iniciante a dar condições para que a entidade que está a seu lado
dê a incorporação. Às vezes, o médium é uma fruta madura, pois ao primeiro
toque de vibração espiritual sua entidade já consegue incorporar. Outras
vezes, o médium ainda vai permanecer um bom tempo na gira de
41
desenvolvimento, pois seu grau de mediunidade ainda está verde e precisa
amadurecer. Mas, tanto um como outro, estão se encontrando pela primeira
vez na lida espiritual e ainda deverá decorrer um certo tempo para que esses
médiuns comecem a trabalhar efetivamente na seara do Senhor. Explica-se
o motivo: como em qualquer ramo, o principiante necessita de segurança e
firmeza e, por falta destas, muitos adeptos abandonam o desenvolvimento.
Médiuns que carecem de firmeza, carecem de confiança, vacilam no
momento em que mais são necessários, falham.
A falta de confiança em suas entidades pode permitir que espíritos
zombeteiros tomem o seu lugar.
Deve-se orientar espiritualmente àqueles que principia a caminhar no
difícil trajeto da mediunidade, doutrinando-os e também aos seus mentores
espirituais, que não é por já terem feito a sua passagem terrena, que se
tornaram sábios. A orientação possibilita um desempenho sadio e sábio por
parte do médium.
Quando somos convidados a envergar uma roupa branca que nos
distingue como médium nada há de mais errado do que nos sentirmos meio
santos. Com roupa branca devemos adquirir compreensão de que a cada dia
devemos tornar-nos melhores cidadãos e mais conscientes de nossas
responsabilidades perante a lei de Nosso Pai Oxalá.
PASSES
Passe é um fluído magnético ou vibratório emitido pelas extremidades
das mãos ou pela sua imposição. É uma forma de magia de gesto ou
movimento. Há várias espécies de passes:
a) magnéticos - produzido pelo agente com o próprio magnetismo animal de
que é dotado.
b) vibratório - realizado pelo médium com as puras vibrações de um guia
presente.
c) Teúrgico - que se leva a efeito com a luz de velas ou qualquer outro ponto
luminoso, com água doce ou salgada, com flores imantadas, fitas etc. e se
destina a trabalhos de cura material ou espiritual.
DESCARGA OU DESCARREGO
Quando o simples passe magnético ou vibratório não se revelam
positivos em determinados pacientes, pela presença de encostos ou cargas,
o médium transfere para os elementos receptores (médiuns de banco), o mal
do paciente, os quais recebem e, incontinentemente, libertam a presença
estranha que receberam, ficando a cargo dos Guias protetores da casa e
suas falanges o destino a ser dado a esses elementos perturbadores.
Quando não há médiuns capazes de absorver o mal do paciente, o
atendente pode pedir permissão ao protetor e ele próprio pode receber e
libertar o paciente da doença espiritual, entregando-o ao Guia presente.
Pode-se também transferir do paciente aquilo que o aflige para qualquer
objeto, imantando-o, após o que, se faz entregar, no local adequado,
conforme for a origem do padecimento.
42
CORRENTE
É a comunhão de pensamentos nobres para fins nobres. Manifesta-se pela
obtenção de fluidos favoráveis, positivos e destina-se ao Bem, a Harmonia,
ao Amor, a Cura e à Paz entre as criaturas.
Basta um pensamento negativo, uma vacilação, para que se verifique a
quebra de corrente. Conforme o trabalho, a quebra da corrente importa na
não consecução dos objetivos visados. Todavia, o mal, se houver, recai
sobre quem, deliberadamente, perturbou e quebrou a corrente.
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS NO CORPO HUMANO
No corpo do homem, o lado direito, na frente, é positivo e nas costas,
negativo; na mulher, é precisamente o oposto. Para qualquer prática de
Magia deve-se ter presente sempre esse detalhe. O ponto neutro não existe.
VIDA E MORTE NA VISÃO UMBANDISTA
A vida só tem um único e real sentido que é o de aprender, isto é,
adquirir conhecimento. Cada ato de nossa existência traz implícito uma
parcela de conhecimento; a soma desse conhecimento, posta em realização,
leva à Sabedoria e esta, e só esta, leva à presença do Pai. A minúscula soma
de ensinamentos aqui contidos, se posta em prática, levará inevitavelmente
ao encontro de outros conhecimentos já em escala mais elevada, e nesse
crescendo, a criatura chegará à posse de ensinamentos transcendentais. Vê-
se que esse objetivo não se consegue com dinheiro, glória, poder, beleza e
sim, com dedicação pessoal ao estudo e a realização, com amor e respeito
aos nossos mestres, com a firme, decidida e tenaz vontade de um dia ver
frente a frente à face de luz do Pai Supremo.
A morte ou desencarnação é, apenas, a passagem de um estado de
vida a outro. O corpo que vem se transformando desde a vida fetal,
aglutinando elementos e dando coesão à matéria, no fim da jornada se
decompõe, libertando os mesmos elementos, estes agora enriquecidos pela
experiência. Nem o Espírito, nem a alma animal, nem mesmo os
componentes atômicos, se esquecem da vida extinta, nem das que
antecederam. Não há fim enquanto a humanidade não se ilumina, não há
esquecimento no outro lado da vida, pois que tudo é memória, tudo é
presente. O ser que desencarna lembra de tudo por que passou e fez alguém
passar.
O Umbandista deve sentir a alegria do dever cumprido quando chegar
a hora, pois terá a glória de ir ao encontro do Mestre ou Mestres que o
aguardam. Sabe que a tarefa foi parcialmente cumprida e com a ajuda do
Mestre virá novamente, se for preciso, porém em situação nova, diferente,
cada vez mais aparelhado para prestar ajuda a si próprio e às pessoas com
quem privar.
GUIAS PROTETORES COM NOMES IGUAIS
43
Explica-se por dois fatos comuns: 1) o médium mal preparado, acha um
nome bonito e sem ouvir seu protetor, batiza-o por conta própria; o Protetor
quase sempre, não se interessa pelo nome dado a ele arbitrariamente;
conhece a fraqueza do aparelho e perdoa; outros mais severos, afastam-se;
2) muitos discípulos espirituais de grandes Mestres adotaram o mesmo nome
do instrutor com a sua plena autorização, constituindo dessa maneira uma
irmandade de nomes semelhantes. Na ordem dos Jesuítas se observa esse
fato e o mesmo se dá com os Papas que adotam nomes de apóstolos e
Santos.
SEXO, CARNE E ÁLCOOL EM GIRAS E OBRIGAÇÕES
Nas Obrigações deve-se evitar durante os dias que antecedem e nos
dias de gira porque:
- Carne, nela reside ainda restos das vibrações negativas da morte do animal.
Nas giras comuns não há necessidade de se evitar, com exceção nas
orientais ou algumas ligadas à Cura;
- Sexo, não porque seja pecado, mas porque em todo relacionamento sexual
existe uma permuta de vibrações e energia entre os parceiros, e o filho de fé
deve ofertar sua vibração original em cada obrigação ou em qualquer dia de
gira;
- Álcool, pois sendo o que é, além de provocar alterações no campo
vibratório, também exerce grande atração sobre espíritos inferiores e também
deverá ser evitado em qualquer dia de gira.
DIA DE FINADOS E A UMBANDA
No dia 2 de novembro reverenciamos a memória dos entes queridos já
desencarnados. Muitos umbandistas mantêm a tradição de visitar o campo
santo neste dia. Não vemos neste ato nada de prejudicial; porém, devemos
levar em conta que o médium capta muitas vibrações, inclusive negativas,
presentes no cemitério. Recomendamos a todos que lá forem em qualquer
época que previamente preparem um banho de defesa (que inclua o sal
grosso) para tomarem quando de regresso ao lar.
FASES LUNARES E OBRIGAÇÕES
A lua é de suma importância em quaisquer tipos de trabalhos na
Umbanda, como nas oferendas, nas obrigações, etc.
- Fase Crescente, tudo que deve evoluir e crescer devem ser feitos nesta
fase (da Lua Nova ao final da Crescente);
- Fase Minguante, tudo que deve involuir ou ser dissipado (descarga) deve
ser feito nesta fase (da Lua Cheia ao final da Minguante).
MAGIA
É a forma e a maneira de entender a voz da natureza e a possibilidade
de ser por ela entendido.
44
-ANJOS E DEMÔNIOS
As religiões ocidentais do Judaísmo, Cristianismo e o Islamismo, todas
aceitam a crença que há, entre Deus e o homem, uma classe intermediária
de seres denominados anjos. A palavra anjo vem da palavra grega angelos,
que significa “mensageiro”. Anjos são considerados seres imateriais ou
espíritos que realizam vários serviços para Deus ou para pessoas favorecidas
por Deus.
Anjos são bons espíritos. Em contrapartida eles têm os demônios, ou
espíritos maléficos. A palavra demônio é derivada da palavra grega daimon,
significando basicamente qualquer ser sobrenatural ou espírito. A crença em
espíritos de todos os tipos sempre prevaleceu no mundo antigo. Mas quando
o Cristianismo apareceu, cerca de 2000 anos atrás, ele condenou a crença
nos espíritos e denominou-os de demônios, desde então, demônio tem sido
compreendido com espíritos maléficos.
As origens da crença em anjos e demônios podem ser observadas na
religião persa antiga, no Zoroastrismo. Seguidores do profeta Zoroastro
acreditavam que havia 2 seres supremos, um bom e outro maléfico. O bom,
Ahura Mazda, era servido por anjos; o maléfico, Ahrman, tinha auxiliares
demoníacos. O Zoroastrismo se referia a demônios como daevas, e por isso
a palavra diabo. A crença em bons e maus espíritos penetrou no Judaísmo e
posteriormente nas religiões do Cristianismo e Islamismo.
Anjos são freqüentemente mencionados na Bíblia, na maioria das vezes
no papel de mensageiros de Deus para o homem. Sua aparência no mundo
parece ter sido na forma humana. No Velho testamento, livros de Jó,
Ezequiel, e Daniel, assim como no Apocalipse, livros de Tobit, anjos exercem
significantes papéis. No livro de Jó, o demônio chefe, Satã, é introduzido. Mas
é só no Novo Testamento que Satã, é retratado, sob o nome de Lúcifer, como
o primeiro dos anjos decaídos - os anjos que se rebelaram contra Deus.
No Novo Testamento, os anjos estão presentes em todos os eventos
importantes na vida de Jesus, desde o seu nascimento até a sua ressurreição,
No muito dramático Livro da Revelação, os anjos são retratados como os
agentes de deus no seu julgamento sobre o mundo. Outros escritores do
Novo Testamento também falam de anjos. São Paulo especialmente
estabeleceu uma classificação. Ele dividiu em 7 grupos: anjos, arcanos,
principados, potências, virtudes, dominações e tronos. O Velho testamento
citou apenas 2 ordens: querubins e serafins.
O Cristianismo atualmente aceita todas as nove classes e com o tempo
desenvolveu extensivas doutrinas sobre anjos e demônios. Os últimos foram
conceituados como legiões de Satã, que seduziriam o homem para deixar a
crença em Deus. Anjos e demônios exercem papeis semelhantes no
Islamismo e sempre são mencionados no Alcorão.
As crenças em espíritos sobrenaturais não foram limitadas nas grandes
religiões ocidentais. Nas sociedades de tradição oral na África, Oceania, Ásia
e Américas espíritos habitariam a totalidade do mundo natural (animismo).
Esses espíritos poderiam atuar tanto para o bem quanto para o mal, e assim
não haveria divisão entre eles, como há entre anjos e demônios. A força
desses espíritos é denominada mana, que tanto pode ser para ajudar com
prejudicar as pessoas.
A fascinação com anjos e demônios levou em frequentes retratações
em obras de arte e literatura. Os painéis, pinturas em vidros, mosaicos e
45
esculturas da Idade Média e Renascença são especialmente repletos com
figuras de ambos.
No poema “Paraíso Perdido” (1667) de John Milton, Satã para ele é um
personagem de destaque; e os anjos Rafael, Miguel e Gabriel exercem papéis
proeminentes. Na “Divina Comédia” (1321?) de Dante, anjos aparecem tanto
como guardiães como mensageiros, e Satã vivamente retratado congelado
num bloco de gelo.
Pretos Velhos
Pretos Velhos, apesar de escravizados, humilhados, exterminados quando
encarnados, retornam para mostrar ao mundo que daquela massa de
sofredores e humilhados de ontem surgiram mestres, que não só esqueceram
o mal e as dores sofridas, mas vem agora ajudar aqueles que em outros
tempos os oprimiram. Hoje, nos recebe em seu colo, escutando nossas
lamurias, queixas e sofrimentos, sempre com um carinho e uma palavra de
conforto. Sua benção meu amado protetor Rei Congo, que possa continuar a
merecer sua confiança e seu amparo.
Prece ao Preto Velho
Assim Seja, Preto Velho que estás em nosso coração. Abençoado seja
o seu nome no céu, assim como foi de redenção o seu sofrimento na terra.
Benditas sejam suas agonias físicas, assim como para sempre sejam
louvadas as tuas angústias morais.
Intercede por nos junto ao Pai Misericordioso. Tu que já galgaste as
escaladas luminosas da espiritualidade, e comunica-nos essa força
inquebrantável que te elevou o espírito aos páramos celestiais, onde te
encontras.
Anima-nos a prosseguir impávidos e serenos através dos obstáculos da
vida e combate, em nós o desânimo traiçoeiro que, como o banzo fatídico, nos
aniquila o ser.
Ajuda-nos a vencer na vida material, assim como quando em vida tu
ajudaste com teu labor escravo, o seu senhor.
Ensina-nos a ter com tua experiência milenar, a calma, a resignação, a
compreensão que muito necessitamos e que estejamos sempre contigo, assim
como Jesus te tem na Santa Glória.
A Ti, bondoso Preto Velho, oferecemos esta prece, reafirmando nossa
fé, nossa crença e a nossa esperança na tua força espiritual, sempre a serviço
do bem.
Protege-nos querido Preto Velho que tanto sofreste, dá-nos a coragem
que às vezes nos falta para poder prosseguir na nossa jornada, e algum dia
tenhamos merecimento para receber as graças de Deus.
Assim seja
- UMBANDA E SEUS CABOCLOS
Umbanda, religião e ciência, absorção das vibrações cósmicas que atuam
sobre a natureza. Congregação de Entidades que se apresentam em formas
46
diversas, espargindo o bem, a necessária ajuda ao ser humano. Dentre os
Protetores que se agrupam em Falanges, uma se destaca notadamente pela
pujança, vigor e por que não dizer, pela presteza com que se apresenta auxílio
aos necessitados: a Falange dos Caboclos.
Originariamente, a palavra cabocla significa mestiço de branco com índio, mas,
em nossa percepção umbandista, nos referimos aos indígenas que em épocas
remotas habitaram diversas partes de nosso planeta, numa civilização
aparentemente primitiva, mas na realidade de grande sabedoria. Remontando
ao passado, verificamos que tudo começou no dia 12 de outubro de 1942,
quando Cristóvão Colombo chegou a Ilha de São Salvador e lá encontrando
seus habitantes, deu-lhes o nome de "índios". Daquele momento até a
presente data, muitas coisas aconteceram, desde a catequização iniciada
naquela oportunidade, principalmente com as tribos TAINOS E ARAWAK,
cujos alguns elementos foram levados para a Espanha, até meados do século
passado, quando se processaram dentro do Espiritismo as primeiras
manifestações espirituais, atribuídas por diversos autores a índios peles-
vermelhas que ainda num primitivismo procuraram uma comunicação, através
de pancadas e ruídos, até então não identificados, Todavia, foi no Brasil que
estes espíritos indígenas, de diferentes posições geográficas, encontraram,
dentro de uma Espiritualidade, a verdadeira oportunidade de evoluírem, cada
vez mais, através do auxílio prestado a nós, seres carentes de ajuda. No Brasil
sim, porque é em nosso País que se pratica a Religião do século XXI, ou seja,
a Religião do Futuro, a Umbanda. Todos sabemos que a Umbanda tem a sua
origem nos cultos afros trazidos para o nosso continente, principalmente pelos
escravos que aqui aportaram. Todavia, nestes mesmos "cultos afros" não
encontramos a presença dos Caboclos e Preto Velhos, Falanges de Espíritos
que somente se apresentaram e se incorporaram como parte importantíssima
à Umbanda. Portanto, Caboclos e Pretos Velhos fazem parte da "Umbanda
Brasileira".
Nos Templos Umbandistas, nos Centros, nos Terreiros, a caridade
praticada pelas Falanges acima citadas é incomensurável. É de se salientar,
porém, que a Umbanda, Religião e Ciência, é praticada somente no Brasil e,
assim sendo, agrupou espíritos que, embora em suas encarnações tenham
vivido em outros países, espiritualmente se identificam perfeitamente na
vibração, no modo de vida quando encarnados. Assim, nas Falanges diversas
de Caboclos encontramos não só os índios que habitam o nosso Brasil, mas
também os que viveram nos Estados Unidos da América do Norte, os Astecas
e Maias na América Central, os Incas no Peru, e demais indígenas que
povoaram a América do Sul.
Falar-se em Caboclo, na Umbanda, é fazer-se menção a todos eles, que com
denominações diversas, atuam em nossos Terreiros e que, com humildade,
como muito bem recomenda a Espiritualidade, se omitem em detalhes
referentes às suas vidas quando encarnados, deixando-nos ávidos por
conhecermos seus feitos, surpreendendo-nos, muitas vezes, por captarmos
entre linhas que, aquele humilde caboclo que hoje se apresenta até nós, tenha
sido um Cacique de grande porte ou pajé praticante de uma alquimia, que nada
fica devendo à química moderna, iremos nos reportar a diversas tribos que
existiram e desapareceram num confronto com a evolução dos tempos, com o
mundo moderno do homem branco, procurando analisar, dentro das
47
limitações, a presença desses espíritos, hoje, em nossa Umbanda. Oke
Caboclo! Salve O Caboclo Mata Virgem
EXUS DE INCORPORAÇÃO
Os Exus que incorporam na
Umbanda são espíritos que
viveram aqui na Terra e têm a
missão de prestar caridade, a
fim de evoluírem no plano
espiritual.
A meta principal de um
Exu de incorporação é a
prática da caridade através de
passes e consultas (existem
Exus que não incorporam,
mas são de suma importância
no carrego de uma pessoa).
Contudo, por não ser um
espírito dotado de muita luz,
às vezes envereda por
caminhos nebulosos, tendo
em vista o Bem imediato da pessoa que, cegamente, pediu algo negativo.
As pessoas tendem a pedir aos Exus coisas negativas, achando que eles são
emissários do Mal (e não o são). Culpa do véu tenebroso com que taxam a
Umbanda, inclusive de “macumba” e termos mais pejorativos. Culpa do
desconhecimento de como os Exus são importantes e da carga positiva que
possuem. Embora, ao incorporarem nos médiuns assumam comportamento
desinibido, brincalhão, malandro e algumas vezes amoral, os Exus
necessariamente não foram, em suas estadas na Terra, malandros,
prostitutas, bandidos ou pessoas à margem da sociedade. Encontramos em
nossas pesquisas espíritos de médicos, padres, políticos, músicos,
professores e até donas-de-casa incorporados na forma de Exus, praticando
o Bem, em busca de evolução.
De acordo com essa pesquisa contínua, cai por terra o mito que cerca todo
Exu que incorpora. Ele não é um espírito a serviço do Mal, mas sim um
espírito em evolução, em busca da purificação de si mesmo, já que é só o
espírito procurando ficar a serviço do Bem.
Retirando toda a propaganda maldosa e negativa que envolve o ritual
umbandista relativo a Exu, ainda há um tumor que está dentro dos nossos
centros espíritas e que precisa ser extirpado, que é a falta de doutrina que
absurdamente cega nossos médiuns. Se todos os médiuns de Umbanda
soubessem através da doutrina, o que são, o que significam e qual a missão
dos Exus de incorporação, cairiam por terra todos os preconceitos.
Aliás, a missão mais espinhosa ficou com as religiões afro-brasileiras. Nas
igrejas católica e protestante é muito simples. Ao depararem-se com um
espírito sob a forma de Exu, expulsam-no, mandando para as profundezas.
No Kardecismo, tentam “doutriná-lo”, como se uma missão terminasse em
minutos.
Na Umbanda e no Candomblé, temos que conhecer, respeitar, ajudar e
entender a missão desse espírito, para que ele possa evoluir em busca da
redenção. E quem dera que toda missão fosse tão apaixonante e gratificante
quanto esta! Salve Sr Zé Pilintra! Meu grande amigo e meu Exu de trabalho.
48
.
Bibliografia
Verger, Pierre - Os Orixás
Verger, Pierre – Lendas Africanas dos Orixás
Verger, Pierre - Ewé
Barcellos, Mario Cesar - Os Orixás e o Segredo da Vida
Da Silva, Ornato José - Ervas Raízes Africana.
Enciclopédia Comptons = 1995
Ribeiro, José - O Jogo de Búzios.
Baptista, Hilmar – Apostilas.
PAULO NEWTON DE ALMEIDA (Umbanda e seus Caboclos)
Templo Umbandista A Caminho da Luz

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Umbanda

  • 1. o
  • 2. 2 À Uma mulher de fibra, Que com muito amor e coragem Soube ultrapassar as adversidades que A vida lhe impôs. A esta mulher, que tenho certeza de onde está, sente-se muito feliz pelo caminho que agora trilho. E também não posso me esquecer de meu pai que apesar de não professar nenhuma religião, sempre teve sua maneira própria de chegar a Deus, de integridade ilibada, sempre procurou passar a seus filhos esses valores. A eles, dedico este trabalho e o meu esforço em crescer e aprender cada vez mais sobre a Nossa Fé. A meus pais, ALDICIA, e EURIPEDES com meu amor e saudade. Hilmar mar
  • 3. 3 - RELIGIÃO - O COMEÇO A história da religião é tão antiga como a história do próprio homem. É isto o que nos dizem os arqueólogos e os antropólogos. Mesmo entre as civilizações “primitivas”, querendo-se com isto dizer as civilizações não desenvolvidas, há evidências de algum tipo de adoração. De fato, a Nova Enciclopédia Britânica diz que “Até onde os peritos conseguiram descobrir, jamais existiu um povo, em qualquer parte, em qualquer tempo, que não fosse de algum modo religioso”. Além de sua antiguidade, há também grande variedade na religião. Os caçadores de cabeças nas selvas de Bornéo, os esquimós no gelado Ártico, os nômades no deserto do Saara, os habitantes das grandes metrópoles do mundo – todo povo e toda nação na terra têm seu deus ou deuses e seu modo próprio de adoração. A diversidade de religião é realmente atordoante. - IMPORTÂNCIA DA RELIGIÃO O que indica essa grande variedade mundial de devoção religiosa? Indica que, por milhares de anos, a humanidade tem sentido a necessidade e anseio espiritual. O homem tem convivido com as suas provações e cargas, suas dúvidas e indagações, incluindo o enigma da morte. Os sentimentos religiosos têm sido expressos de muitas maneiras, à medida que as pessoas se têm voltado para Deus ou para seus deuses, em busca de bênçãos e refrigério. A religião também procura resolver as grandes questões: Por que existimos? Como devemos viver? O que o futuro reserva para a humanidade? Por outro lado, há milhões de pessoas que não professam religião alguma, tampouco qualquer crença num deus. São ateus. Outros, agnósticos, crêem que deus é desconhecido e, provavelmente, desconhecível. Contudo, isso obviamente não significa que sejam pessoas sem princípios ou sem ética, assim como o professar alguém uma religião não significa necessariamente que os tenha. Contudo, se se aceita a religião como sendo “devoção a um princípio; estrita fidelidade ou lealdade; conscientização; pia afeição ou apego”, então, neste caso, a maioria das pessoas, incluindo ateus e agnósticos, pratica deveras algum tipo de devoção religiosa na sua vida. - ORIGEM DAS RELIGIÕES Quando se trata da questão da origem, pessoas de diferentes religiões pensam em nomes tais como: Jesus, Buda, Confúcio. Em quase toda religião existe uma figura central a quem se dá o crédito de ter estabelecido a verdadeira fé. Alguns desses eram reformadores, outros filósofos, altruístas heróis populares. Muitos deles deixaram escritos e palavras que formaram a base de uma nova religião. Com o tempo, aquilo que disseram foi ampliado, e se lhe conferiu uma aura mística. Apesar destas pessoas serem tidos como fundadores dessas religiões conhecidas, não o foram. Eles modificaram práticas religiosas existentes que de alguma maneira não atendiam seus ideais, pois, se apresentavam de
  • 4. 4 alguma forma corrompida, até mesmo venda de indulgências e discriminação racial ou social era encontrada. - UMBANDA UMA DEFINIÇÃO É uma religião e acima de tudo uma ciência, porque se baseia na absorção das vibrações provindas de um espaço infinito, que atuam sobre forças em nosso planeta. - PARTICIPANTES DOS TRABALHOS UMBANDISTAS 1º Orixás: 2º. Com os elementos e as forças da natureza, o vento, raio, trevas. 3º Com os Exus, 4º.Com os espíritos desencarnados - ORIXÁ – UMA DEFINIÇÃO O Orixá seria, em princípio, um ancestral divinizado, que, em vida, estabelecera vínculos que lhe garantiam um controle sobre certas forças da natureza, como o travão, o vento, as águas doces ou salgadas, ou, então, assegurando-lhe a possibilidade de exercer certas atividades como a caça, o trabalho com metais ou, ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades das plantas e de sua utilização o poder, àxé, do ancestral Orixá teria, após a sua morte, a faculdade de encarnar-se momentaneamente em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocada. Atualmente, ainda não há, em todos os pontos do território chamado Iorubá, um panteão dos Orixás bem hierarquizado, único e idêntico. As variações locais demonstram que certos Orixás, que ocupam uma posição dominante em alguns lugares, estão totalmente ausentes em outros. O culto de Xangô, que ocupa o primeiro lugar em Oyó, é oficialmente inexistente em Ifé, onde um deus local, Oramfé, está em seu lugar como poder do travão. Oxum, cujo culto é muito marcante na região de Ijexá, é totalmente ausente na região de Egbá. Yemanjá, que é soberana na região de Egbá, não é sequer conhecida da região de Ijexá. A posição de todos estes Orixás é profundamente dependente da história da cidade onde figuram como protetores Xangô era, em vida, o terceiro rei de Oyó. Oxum, em Oxogbô, fez um pacto com Larô, o fundador da dinastia dos reis locais e em consequência a água nessa região é sempre abundante. Odudua, fundador da cidade de Ifé, cujos filhos tornaram-se reis das outras cidades iorubás, conservou um caráter mais histórico e até mesmo mais político que divino.
  • 5. 5 EXU (“esfera”) Dia da semana: Segunda feira Cores: vermelho (ativo) e preto (absorção de conhecimento) Saudação: Laroiê Exu (“Salve Exu”) Número: 1 Domínio: encruzilhada Sincretismo: indevidamente diabo, pelos católicos. Comemoração: 13 de junho (Santo Antônio) Ervas: Amendoeira, amoreira (armazena fluidos negativos e os solta ao entardecer), Sapê, urtiga- de-folha-grande, trombeta-roxa, folha de fogo, mastruz, cansanção de leite (tipo de urtiga), salsa, guiné camapu.,corredeira, erva de bicho, palmatorio do diabo Velas: preta (conhecimento) e vermelha (coragem) Instrumento: tridente Equivalências Tarô: carta n. º 15 Baralho cigano: carta n. º 1 A palavra EXU em iorubá significa “ESFERA”, aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu serve como intermediário entre os Orixás e nós, homens. É a força da criação, é o princípio de tudo, o nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o infinito, infinitas vezes. É o primeiro passo em tudo. Está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos, que carregam em seu plexo este elemento dinâmico denominado Exu. No candomblé é chamado Bára, ou seja, “no corpo”, preso a ele. É a abertura de todos os caminhos e a saída de todos os problemas. Aquele que ludibria, engana, confunde; mas, também ajuda, dá caminhos, soluciona. Seu símbolo não é o tridente associado ao diabo, mas sete ferros voltados para cima representando os sete caminhos do homem, os setes chacras (pontos de captação, distribuição e armazenamento de energia), as sete cores, as sete auras. É o mais humano dos orixás, sendo uma divindade de fácil relacionamento. Sua função de contato entre o homem e os demais orixás faz com que supere o real, e atinja o mágico. São os orixás que respondem no jogo de búzios, mas é Exu que traduz a resposta. Não é dele a responsabilidade de decidir o que é certo ou errado; apenas realiza a tarefa para a qual foi invocado. Teria mesmo papel que o deus Mercúrio na mitologia romana e Hermes na grega. Para se ter uma noção do comportamento e da regência paradoxal de Exu, cito um de seus Orikís (versos sagrados), que diz: “Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que jogou hoje! ”.
  • 6. 6 Arquétipo O arquétipo de Exu é muito comum em nossa sociedade, onde proliferam pessoas com caráter ambivalente, ao mesmo tempo boas e más, porém com inclinação para a maldade, o desatino, a obscenidade, a depravação e a corrupção. Pessoas que têm a arte de inspirar confiança e dela abusar, mas que apresentam, em contrapartida, a faculdade de inteligente compreensão dos problemas dos outros e a de dar ponderados conselhos, com tanto mais zelo quanto maior a recompensa esperada. As cogitações intelectuais enganadoras e as intrigas políticas lhes convêm particularmente e são, para elas, garantias de sucesso na vida.
  • 7. 7 OGUN (gum: “guerra”) Dia da semana: terça-feira Cores: Umbanda - vermelho (ativo) Candomblé - azul escuro (cor do metal).(Aquecido na forja) Saudação: Ogunhê (“Olá, Ogum”); Patacori, Ogum. Número: 3 Elemento: metais (ferro) Domínio: todas as ligações que se estabelecem em diferentes locais; a estrada de ferro. Sincretismo: São Jorge Comemoração: 23 de abril Flor: palma vermelha Ervas: angico-folha-miúda, aroeira, aloés, cana-do-brejo, dendezeiro, dracena, espada-de-Ogum, espada-de-São Jorge, losna, jabuticabeira, mangueira, pinhão roxo, sálvia. Vela: vermelha (coragem) Azul escura (atrai tudo que é limpo, verdadeiro, próspero). Instrumento: espada de ferro Equivalências: Tarô - Carta n. º 7 - O Carro. Baralho Cigano: - Carta n. º 22 - Os Caminhos. É orixá das contendas, deus da guerra. Seu nome, traduzido para o português, significa luta, briga, batalha. Divindade masculina iorubana, o filho mais enérgico de Odùduà, tornou- se regente da cidade de Ifé quando seu pai ficou temporariamente cego. Em outras lendas filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxóssi. Por este último nutre um enorme sentimento, um amor de irmão verdadeiro. É o deus do ferro, dos ferreiros e de todos que utilizam esse metal. Força da natureza que se faz presente nos momentos de impacto e nos momentos fortes. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Ogum. Considerado como um orixá impiedoso e cruel, temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos, ele até pode passar esta imagem, mas também sabe ser dócil e amável. É a vida em sua plenitude. Os lugares consagrados a Ogum ficam ao ar livre, na entrada das casas e terreiros. Geralmente são pedras em forma de bigorna junto às árvores. Ogum é representado também por franjas de palmeira ou dendezeiro desfiadas chamadas mariwo que penduradas nas portas ou janelas, representam proteção, cortando as más influências e protegendo contra pessoas indesejáveis. O culto a Ogum é bastante difundido tanto no Brasil quanto na Nigéria. Sem sua permissão e proteção, nenhuma atividade útil, tanto no espaço urbano como no campo, poderia ser aproveitada. Deve ser invocado logo após
  • 8. 8 Exu ser despachado, abrindo caminho para os outros orixás. Como na África, ele é representado por sete instrumentos de ferro pendurados em uma haste de metal. A importância de Ogum vem do fato de ser ele um dos mais antigos dos deuses iorubás e, também, em virtude de sua ligação com os metais e aqueles que os utilizam. Os Orikis de Ogum demonstram seu caráter aterrador e violento: “Ogun que tendo água em casa, lava-se com sangue”. “Ogum come cachorro e bebe vinho de palma” “O homem louco com músculo de aço” “Elemento: mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro” Arquétipo O arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energeticamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das pessoas que possuem humor mutável, passando por furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e fraqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas.
  • 9. 9 OXÓSSI (oxo: “caçador; ossi: “noturno”) Dia da semana: quinta-feira Cores: Umbanda - verde (transformação, matas). Vermelho (ativo) Branco (paz) Candomblé - azul turquesa (cor do céu no início do dia) Saudação: Okê arô Número: 6 Elemento: ar Domínio: matas e caça Sincretismo: São Sebastião Comemoração: 20 de janeiro Flor: todos os tipos Ervas: acácia, alfavaquinha, aroeira, arruda, capim-limão, cambará, coqueiro-da-Bahia, dracena, guaco, jaborandi, jurema, manacá, obi, samambaia, taquara. Vela: azul clara (afasta tristeza e atrai o dinheiro) Instrumento: ofá (arco e flecha) Equivalências: Tarô - Não tem Baralho Cigano - Carta n. º 5 - A Árvore. Oxóssi, deus dos caçadores teria sido o irmão caçula ou o filho de Ogum, é o orixá da caça, chamado muitas vezes de Odé Wawá, ou seja, “Caçador dos Céus”. É a divindade da fartura, da abundância, da prosperidade, em seu lado negativo, porém, pode ser também o pai da míngua, da falta de provisão. A seguir citaremos outras importâncias, isto é, atribuição de Oxóssi: 1ª ordem material, pois, como Ogum, protege os caçadores tornando suas expedições eficazes e proveitosas, resultando em caça abundante. 2ª ordem médica, pois os caçadores quando nas florestas, estando em contato frequente com Ossain, divindade das folhas terapêuticas e litúrgicas e aprendem com ele parte de seu saber. 3ª ordem social, pois normalmente é um caçador que, durante as suas expedições, descobre o lugar favorável a instalação de uma nova roça ou um vilarejo. Torna-se assim o primeiro ocupante e senhor da terra (Onilé), com autoridade sobre os demais habitantes que aí venham se instalar. 4ª ordem administrativa e policial. Pois antigamente somente os caçadores possuíam armas servindo também de guardas noturnos (òsó). Suas principais características são a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o jeito ardiloso para faturar sua caça. É um orixá de contemplação, amante das artes e das coisas belas. Como todos os orixás, Oxóssi também está no dia-a-dia dos seres vivos, convivendo intimamente com todos nós. Dentro do Culto, ele é o caçador do
  • 10. 10 Axé, aquele que busca as coisas boas para uma Casa de Santo, aquele que caça as boas influências e as energias positivas. No dia-a-dia, encontramos o deus da caça no almoço, no jantar, enfim em todas as refeições, pois é ele que provê o alimento. Rege a lavoura, a agricultura, permitindo bom plantio e boa colheita para todos. O culto a esse orixá é bastante difundido no Brasil, mas pouco lembrado na Nigéria, o que se deve ao fato de Oxóssi ter sido cultuado basicamente em Keto (terra dos panos vermelhos), onde foi consagrado como rei. No século XIX, devido ao tráfico negreiro, a cidade foi praticamente destruída pelos ataques das tropas do rei Daomé. Os filhos consagrados a Oxóssi foram vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba. É o orixá que cultua o próprio individualismo, tendo determinação para qualquer combate. Outros deuses da caça: Oriluerê, Erinlé, Ibualama, Logun Edé. Arquétipo O arquétipo de Oxossi é o das pessoas espertas, rápidas, sempre alerta e em movimento. São pessoas cheias de iniciativas e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades. Têm o senso de responsabilidade e dos cuidados para com a família. São generosas, hospitaleiras e amigas da ordem, mas gostam muito mudar de residência e de achar novo meios de existência em detrimento, algumas vezes, de uma vida doméstica harmoniosa e calma.
  • 11. 11 XANGÔ Dia da semana: quarta-feira Cores: Umbanda - marrom (ativa o chacra sexual e a terra, no sentido de “manter os pés no chão”). Candomblé - vermelho (ativo) Branco (paz); marrom. Saudação: Kaô Kabiecile (“Venham ver o Rei descer sobre a terra”). Número: 6, 12 Elemento: terra (pedras) Domínio: rochas que o raio quebra Sincretismo: São Jerônimo, São Pedro, São João. Comemoração: 30 de setembro; 29 de junho; 24 de. Junho. Flor: rosa e palma vermelha Ervas: açafrão, banana São Tomé, bradamundo, eritrina, espirradeira, flamboyant, folha-da-fortuna, gameleira, hortelã verde, imbaúba, levante, manjericão-roxo, melão de São Caetano, pau-pereira, taioba, tiririca, urucum. Velas: marrom (sabedoria e firmeza) Vermelha (dinamismo e força) Instrumento: oxé (machado de pedra de lâmina dupla) Equivalências: Tarô - Carta n. º 8 - A Justiça. Baralho Cigano - Carta n. º 21 - A Montanha. Xangô é viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os maleitosos. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma uma casa atingida pelo raio é uma casa marcada pela cólera de Xangô. O proprietário deve pagar pesadas multas aos sacerdotes do Orixá que vem procurar nos escombros os edùn àrá (pedras de raio) lançados por Xangô e profundamente enterrados no local onde o solo foi atingido. Esses edùn àrá (na realidade, machados neolíticos) são colocados sobre um pilão de madeira esculpida (odó), consagrado a Xangô. Tais pedras são consideradas emanações de Xangô e contêm o seu àsé, o seu poder. O sangue dos animais sacrificados é derramado, em parte, sobre suas pedras de raio para manter-lhes a força e o poder. O carneiro, cuja chifrada tem a rapidez do raio; é o animal cujo sacrifício mais lhe convém. Fazem-lhe também oferendas de amalá, iguaria preparada com farinha de inhame regada com um molho feito com quiabos. É, no entanto, formalmente proibido oferecer-lhe feijões brancos de espécie sèsé. Todas as pessoas que lhe são consagradas estão sujeitas à mesma proibição. O símbolo de Xangô é o machado de duas laminas estilizado, osé (oxé), que seus elégùn trazem nas mãos quando em transe. Lembra o símbolo de Zeus em Creta
  • 12. 12 Talvez estejamos diante do orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras. É, portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil. No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Òyó, filho de Oranian e Torosi; no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado, porém tendo Yamase como mãe e três divindades como esposas: Oiá, Oxum e Obá. Xangô é o rei das pedreiras, senhor dos raios e do trovão, pai da justiça e o orixá que gera o poder da política. Guerreiro, bravo e conquistador, Xangô também é conhecido como o orixá mais vaidoso entre os deuses masculinos africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Obá, que significa rei. E é o orixá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital política daquele país. Outras saudações que seus fies lhe dirigem têm certa graça e mostram a sua forte personalidade: “Ele ri quando vai à casa de Oxum Ele fica bastante tempo em casa de Oiá Meu senhor, que cozinha o inhame com ar que escapa de suas narinas Meu senhor, que mata seis pessoas com uma só pedra de raio No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral. Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo rei é mais importante que o medo. Este, que apesar de grande guerreiro, justo e conquistador, detesta doenças, a morte e aquilo que já morreu. Xangô é avesso a eguns (espíritos desencarnados). Admite-se até que ele é uma espécie de imã de eguns, daí sua aversão a eles. Arquétipo O arquétipo de Xangô é aquele das pessoas voluntariosas e enérgicas, altivas e conscientes de sua importância real ou suposta. Das pessoas que podem ser grandes senhores, corteses, mas que não toleram a menor contradição, e, nesses casos, deixam-se possuir por crises de cólera, violentas e incontroláveis. Das pessoas sensíveis ao charme do sexo oposto e que se conduzem com o tato e encanto no decurso das reuniões sociais, mas que podem perder o controle e ultrapassar os limites da decência. Enfim, o arquétipo de Xangô é aquele das pessoas que possuem um elevado sentido da sua própria dignidade e das suas obrigações, o que as leva a se comportarem com um misto de severidade e benevolência, segundo o humor do momento, mas sabendo aguardar, geralmente, um profundo e constante sentimento de justiça. Xangô costuma entregar a cabeça de seus filhos a Obaluaiê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal o grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
  • 13. 13 OIA-IANSÃ ou OYÁ (mesan: “nove”) Dia da semana: quarta- feira Cores: Umbanda - amarelo Candomblé - vermelho (ativo) Marrom (sensualidade e “pés no chão”) Saudação: Ê Parrei (“Olá”, jovial e alegre). Número: 9,11 Elemento: ar Domínio: ventos e tempestades Sincretismo: Santa Bárbara Comemoração: 4 de dezembro Flor: rosa e palma vermelha Ervas: aguapé, alface, bambu, Cambuí, cordão-de-frade, dormideira, erva- santa, eritrina, espada de Oiá-Iansã, espirradeira, gigoga-vermelha, jasmim- do-cabo, levante, loureiro, macaçá, milho, manjericão, pitangueira, romã, umbaúba. Vela: amarela Vermelha (traz coragem e impulso) Instrumento: iruexin (cabo de ferro ou cobre com um rabo de cavalo) Equivalências: Tarô - não há Baralho Cigano - Carta n. º 6 - As Nuvens. Oiá-Iansã é o orixá de um rio conhecido como Níger, cujo nome original em iorubá é Oyó. Deusa da espada do fogo, dona da paixão, Oiá-Iansã é a rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo, guerreira e poderosa. Mãe dos eguns, guia dos espíritos desencarnados, senhora do cemitério. Orixá da provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase estou apaixonada “tem a presença e a regência de Oiá- Iansã, que é o orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de medo das consequências de um ato impensado no campo amoroso. Oiá-Iansã rege o amor forte, violento. Oyó é também a senhora dos espíritos dos mortos, dos eguns. É deusa a dos cemitérios.
  • 14. 14 É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda a falange dos Boiadeiros. Embora tenha sido esposa de Xangô, Oiá-Iansã percorreu vários reinos. Foi paixão de Ogum, Oxaguian, Exu. Conviveu e seduziu Oxóssi, Logun-Edé e tentou, em vão, relacionar-se com Obaluaiê. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com elee ganhou o direito do manuseio da espada. Em Oxogbo, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo. Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxóssi, seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Exu. Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar. Oiá-Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Oiá-Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e aprendeu a conviver com os eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oió, reino de Xangô, e lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Oiá-Iansã aprendeu muito mais. Aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração. O fogo é o elemento básico de Oiá-Iansã. O fogo das paixões, da alegria, o fogo que queima. E aqueles que dão uma conotação de vulgaridade a essa belíssima e importantíssima divindade africana, são dignos de pena e mais dignos ainda, do perdão de Oiá-Iansã. Arquetipo O arquétipo de Oiá-Iansã é o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias. Mulheres que podem ser fiéis e de lealdade absoluta em certas circunstâncias, mas que, em outros momentos, quando contrariadas em seus projetos e empreendimentos, deixam-se levar a manifestações a mais extrema cólera. Mulheres, enfim, cujo temperamento sensual e voluptuoso pode levá- las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e frequentes, sem reserva nem decências, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados
  • 15. 15 OXUM (rio que passa por Oxogbo, na Nigéria) Dia da semana: sábado Cores: Umbanda: azul Candomblé: dourada Saudação: Ora ieiê (“brincar nas águas”) Número: 5 Elemento: água (doce) Domínio: águas, cachoeira, gestação. Sincretismo: N.S. Conceição. Comemoração: 8 de dezembro Flor: rosas e palmas amarelas Ervas: açafrão, aguapé, alfavaquinha, anduzeiro, arnica, iúca, bananeira, calêndula, cajá- mirim, camomila, caruru, cipó- chumbo, erva-de-passarinho, folhas-da-costa, gigoga amarela, guandu, ipê-amarelo, macaçá, malmequer, erva cidreira, mastruço, oriri. Velas: azul; dourada. Instrumento: abebê (espelho) Equivalências: Tarô - Não há Baralho Cigano: Carta n. º 30 - Os Lírios. Segunda esposa de Xangô, tendo vivido em outras épocas com Ogum e Oxóssi. Sua morada é nas cachoeiras e rios de água doce, onde costumam lhe entregar comidas e presentes. Na África é chamada Iyalode, cargo ocupado pela mulher mais importante da cidade. Foi rainha de Oyó, onde as mulheres que queriam engravidar procuravam-na, sendo respeitadíssima como feiticeira. Como todos os outros orixás, existem diversos tipos de Oxuns, de acordo com a proximidade de uma tribo ou a profundidade do rio. Oxum pode ser maternal, jovem feiticeira ou uma guerreira. Mãe da água doce, deusa da candura e da meiguice, dona do ouro. Oxum é a rainha do Ijexá. Orixá da prosperidade, da riqueza, ligada ao desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe. Oxum exerce uma ampla influência no comportamento dos seres humanos, regendo principalmente o lado teimoso e manhoso, além daquele espírito maquiavélico que existe em todos nós. No bom sentido, Oxum “é o veneno das palavras”, é o comportamento piegas das pessoas, é a forma “metida”, esnobe apresentada principalmente pelo sexo feminino. É o cochicho, o segredinho, a fofoca. Está encantada nas conversas, nos risinhos, nos comentários, nas intriguinhas. Rege o charme, o it, a pose; tudo que está ligado à sensualidade, sutileza, ao dengo, sendo o sexo feminino o mais influenciado. É o flerte, o carinho. É o amor puro, real, maduro, solidificado, sensível, não chegando a ser a paixão. É o amor verdadeiro; ela propicia e alimenta este sentimento nos homens, fazendo-os ser mais calmos e
  • 16. 16 românticos. É a deusa do amor. Oxum está muito intimamente ligada à magia, pois é a divindade africana mais ligada as yámi oxorongá, feiticeiras, bruxas. Com elas aprendeu a arte da magia, estando esta arte ligada ao amor. Regente do ouro, ela está presente e se encanta em joalherias e outros lugares onde se trabalha com ouro, seu metal predileto e de regência absoluta. É a protetora dos ourives. É o próprio ouro. A regência mais fascinante de Oxum é o processo de fecundação. Na multiplicação da célula mater, Exu entrega a regência para Oxum que vai cuidar do embrião, do feto, até o nascimento. É Oxum que vai evitar o aborto, manter a criança viva e sadia na barriga da mãe, onde no nascimento a entrega para Iemanjá, que lhe dará destino. Arquétipo O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas joias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que são símbolos do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Oiá. Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora esconde uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social.
  • 17. 17 NANÃ (originalmente Néné / Nana / Nanã) Dia da semana: terça-feira Cores: Umbanda: lilás Candomblé: lilás Branco rajado de azul Saudação: Saluba Nanã! (“Dona do pote da Terra”) Número: 13 Elemento: lama e pântanos Sincretismo: Santana Comemoração: 26 de julho Flor: rosa e palma brancas Ervas: assa-peixe, agapanto-lilás, alfavaca, avenca, cedrinho, erva- cidreira, feijão preto, lagrima-de-N. Senhora, macaçá, manacá, obi, tradescância, quaresmeira. Vela: lilás (ativa a terceira visão e a sabedoria) . Instrumento: Iberi Equivalências: Tarô - Carta n. º 2 - A Papisa. Baralho Cigano: - Carta n. º 9 - O Ramalhete. Nanã, chamada também Nanã Burucu, Nanã Buruquê, é de origem Jeje, da região de Dassa Zumê e Savê, no Daomé, hoje conhecida como República de Benin. A mais temida de todos os orixás, a mais respeitada, a mais velha, poderosa e séria. Está associada à maternidade. Teria o poder de dar a vida e forma aos seres humanos, por isso é também considerada orixá da fecundação e dos primórdios da criação. Ela é a deusa dos pântanos, da morte (associada à terra, para onde somos levados), da transcendência. Entre o mundo dos vivos e dos mortos, existe um portal. É a passagem, a fronteira entre a vida e a morte. Sua regente: Nanã. Senhora e geradora da morte (Iku). Seus cânticos são súplicas para que leve Iku para longe, para que a vida seja mantida. É à força da natureza que o homem mais teme. Ela é senhora da passagem desta vida para outras, comandando o portal mágico, a passagem das dimensões. Nanã está presente nos lodaçais, lamaçais, pois nasceu do contato da água com a terra, formando a lama, dando origem a sua própria vida. Na África, é chamada de Iniê, e seus assentamentos são salpicados de vermelho. Ela é a chuva, a garoa, a tempestade. O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento; uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá. Considerada a iabá mais velha, foi anexada pelos iorubanos nos rituais, tal sua importância. Nanã é a mãe querida, carinhosa, compreensiva, bondosa, mas que irada, não reconhece ninguém. É o orixá da vida que representa a morte. E a isso devemos o máximo respeito e carinho.
  • 18. 18 Nanã é a mãe de Obaluaiê. Tratou sempre de si e de seu filho de forma nobre, nunca se metendo ou preocupando com o que as outras pessoas faziam da própria vida. Ogum travou batalha com Nanã pelo direito de passar por suas terras. Por ser um forte e valente guerreiro, não admitia em pedir licença a uma “velha” para entrar em seus domínios. Diante dos perigos do pântano e da ira de Nanã, foi obrigado a bater em retirada tendo que achar outro caminho, longe das terras de Nanã. Esta, por sua vez, aboliu o uso de metais em suas terras. E até hoje, nada pode ser feito com lâmina de metal para ela. Arquétipo Nanã Bruque é o arquétipo das pessoas que agem com calma, benevolência, dignidade e gentileza. Das pessoas lentas no cumprimento de seus trabalhos e que julgaram ter a eternidade à sua frente para acabar seus afazeres. Elas gostam das crianças e educam-nas, talvez, com excesso de doçura e mansidão, pois têm tendência a se comportarem com a indulgência das avós. Agem com segurança e majestade. Suas reações bem-equilibradas e a pertinência de suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.
  • 19. 19 IEMANJÁ (iya: “mãe”; omo: “filho”; eja: “peixe”) Dia da semana: sábado Cores: branco ou cristal transparente e azul Saudação: Ô doiá! (odo: “rio”) (Ô dociaba!). Número: 4 9 Elemento: água Domínio: água salgada Sincretismo: N. S. Glória. Comemoração: 15 de agosto (RJ comemora junto à passagem do ano) Flor: rosa e palma brancas Ervas: anis, araticum-de-areia, arroz, colônia, condessa, erva-de-Sta. Luzia, graviola, jasmin, jequitibá- rosa, lagrima-de-N. Senhora, mamoeiro, musgo marinho, oriri, pata de vaca, trapoeraba-azul, mãe boa. Velas: branca (pureza e paz) Instrumento: abebê (espelho) Equivalências: Tarô - Carta n. º 3 - A Imperatriz. Baralho Cigano - Carta n. º 3 - O Navio. A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a rainha das águas salgadas, considerada como mãe da maioria dos orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também de deusa das pérolas, é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento de nascimento. Essa força da natureza também tem papel muito importante em nossas vidas, pois é ele reger nossos lares, nossas casas. É ela que dá o sentido da família às pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora do sentimento de amor ao seu ente querido, que vai dar sentido e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos tornando-os coesos. Rege as uniões, os aniversários, as festas de casamento, todas as comemorações familiares. É o sentido da união por laços consanguíneos ou não. Numa Casa de Santo, Iemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pai de Santo) ou Ialorixás (Mãe de Santo) com os Omorixás (Filhos de Santo). A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.
  • 20. 20 É ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo do seu reino. É ela quem controla as marés, é a praia em ressaca, é a onda do mar, é o maremoto. Protege a vida marinha. Filha de Olokum e mãe da maioria dos orixás. Sua cor é branca, associada ao orixá Oxalá; juntos teriam feito a criação do mundo. É proveniente de uma nação chamada Egbá, na Nigéria, onde existe um rio com o mesmo nome do orixá. Arquétipo São imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade e dotados de irresistível fascínio. São voluntariosos, fortes, rigorosos, protetores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e arrogantes; tem o sentido da hierarquia, fazem-se respeitar e são justos mas formais; põem à prova as amizades q lhe são devotadas, custam muito a perdoar uma ofensa e, se perdoam, não a esquecem jamais. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérios. As filhas de Iemanjá são boas donas de casa, educadoras prodigas e generosas, criando até os filhos de outros. Não perdoam facilmente qdo ofendidas. São possessivas e muito ciumentas.
  • 21. 21 OBALUAIÊ ( “rei”, “senhor da terra”) Dia da semana: segunda-feira Cores: branca (paz e cura), preta (absorção de Conhecimento) e/ou vermelho (atividade). Saudação: Atotô! (Oto: “silêncio! ”). Número: 7 e por extensão 13 Elemento: terra Domínio: saúde (doenças) Sincretismo: São Lázaro; São Roque. Comemoração: 17 de dezembro; 16 de agosto. Flor: bananeira silvestre, monsenhor branco. Ervas: agapanto lilás, agoniada, alfavaca roxa, aloés, aroeira, arrebenta cavalo, barba-de-velho, beldroega, boldo, panacéia, cajueiro, carrapateira, cebola-cecém, cipó chumbo, coentro, melão de São Caetano, feijão preto, figo benjamim, gameleira, gervão, Guararema, jenipapeiro, mamona, mastruço, velame do campo, zinia. Velas: branca (paz, limpeza) e preta (conhecimento). Instrumento: xaxará Equivalências: Tarô - Cartas n. º 5 - O Papa e Carta n. º 9 - O Eremita. Baralho Cigano - Carta n. º 10 - A Foice. Deus originário do Daomé. Obaluaiê é uma flexão dos termos Obá (rei) - Oluwô (senhor) - Ayiê (terra), “rei, senhor da terra”. Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) - Oluwô (senhor) que quer dizer “filho e senhor”. Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza. Obaluaiê é o sol, a quentura e o calor do astro rei, é o senhor das pestes, das doenças contagiosas ou não. É o rei da terra, do interior da terra, e é o orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa), porque para os humanos é proibido ver o seu rosto devido à deformação feita pela doença, e pelo respeito que devemos a esse poderosíssimo orixá. Está no funcionamento do organismo, na dor que sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. A ele devemos a nossa saúde. Trata do interior, mas cuida também da pele e de suas moléstias. Divide com Oiá-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele espírito. Obaluaiê também é o senhor da terra e das camadas do seu interior,
  • 22. 22 para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem vai cuidar do corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã. Obaluaiê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes. Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. É o orixá da misericórdia. Rege a má digestão, a congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos. Atoto ! Meu Pai ! Arquétipo O arquétipo de Obaluaê é o das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem quando a vida lhes corre tranqüila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais.
  • 23. 23 IBEJI (ib: “nascer”; eji: “dois”) Dia da semana: domingo Cores: todas Saudação: Beje eró! (“Chamar os dois! ”). Número: 2 Elemento: todos Domínio: tudo que nasce Sincretismo: S. Cosme e S. Damião. Comemoração: 27 de setembro Flor: todas Ervas: abacaxi, abóbora, aipim, ameixa, banana, batata doce, caruru, goiaba, laranja, maçã, manga espada, melão, melancia, milho, tangerina, uva branca. Velas: azul e rosa (atraem o amor) Instrumento: não tem Equivalências: Tarô - Não há Baralho Cigano - Carta n. º 13 - A Criança. Ibeji na nação Keto, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o orixá Erê, ou seja, o orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; sua regência está ligada à infância. Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo. É o orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. Sua determinação é tomar conta do bebê até a adolescência, independente do orixá que a criança carrega. Ibeji é tudo de bom, belo e puro que existe; uma criança pode nos mostrar seu sorriso, sua alegria, sua felicidade, seu engatinhar, falar, seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o vôo das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de uma felicidade, de uma travessura e você estará vivendo ou revivendo uma lenda desse orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu em nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, ele já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos. A lenda, a história de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma criança. Ao menos para manter vivo este importante orixá, procure dar felicidade a uma criança. Faça você mesmo o encantamento de Ibeji. É fácil: faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivendo. Transmita esta felicidade, contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji, fe
  • 24. 24 LOGUN-EDÉ (“príncipe aclamado”) (ode: ligação com Ogum; edé: ligação com Oxóssi). Dia da semana: quinta-feira Saudação: Loci, loci, Logum! Loci, Logum! (“grita, grita seu brado de guerra, príncipe guerreiro! ”). Número: 9 e 6 Elemento: ar e água Domínio: matas e cachoeiras Flor: rosa e palma amarela Ervas: dracena rajada, folha da independência. Vela: metade azul clara, metade amarela (afasta tristeza atrai sorte, dinheiro e sabedoria). Instrumento: ofá (arco e flecha) e abebê (espelho) Erinle teria tido, com Oxum Ipondá, um filho chamado Logunedé, cujo culto se fazainda, mas raramente, em Ilexá, onde parece estar em vias de extinção. No Brasil, tanto na Bahia como no Rio de Janeiro, Logunedé tem, entretanto, numerosos adeptos. Esse deus tem por particularidade viver seis meses do ano sobre a terra comendo caça e , e os outros seis meses, sob as águas de um rio, comendo peixe. Ele seria também, alternadamente do sexo masculino, durante seis meses, e do sexo feminino durante os outros seis meses. Esse deus, segundo se conta na África, tem aversão por roupas vermelhas ou marrons. Nenhum dos seus adeptos ousaria utilizar essas cores no seu vestuário. O azul turquesa, entretanto parece ter sua aprovação. É sincretizado na Bahia com São Expedito. Esta síntese também está presente nas suas vestimentas, instrumentos e oferendas. Seu otá é composto de duas pedras, uma retirada da mata e outra retirada das águas (rios e cachoeiras). Logum dança ora como o pai, ora como a mãe. Logum-Edé é a beleza em pessoa, o encanto dos jovens, o namoro, o flerte. Ele rege a ingenuidade do jovem, a adolescência. Seu encanto está no primeiro beijo, no primeiro abraço, na primeira oportunidade de “mãos dadas”, no primeiro carinho. É também o deus da arte, o príncipe daquilo que é belo e terno, da alegria e jovialidade. Porém, de gênio imprevisível, encontramos Logum-Edé na intriga, no segredo maldoso, pois ele é capcioso, matreiro, inventivo, meio moleque.
  • 25. 25 OXUMARÉ (“aquele que se desloca com a chuva e retém o fogo nos seus punhos”) Dia da semana: terça-feira Cores: amarela (renovação) e verde (transformação) Saudação: Arruboboi! (gbogbo, “contínuo”). Número: 14 Elementos: ar e água Domínios: arco-íris e cobra Flor: palma amarela Ervas: alcaparreira, altéia, araticum de areia, angelicó, dracena rajada, guaco, graviola, cipó mil homens, bananeira. Velas: verde (saúde) e amarela (sabedoria) Instrumento: serpente Equivalências: Tarô - Carta n.º 10 - A Roda Baralho Cigano - Carta n. º 7 - A Cobra. Orixá andrógino, cuja função principal é a de dirigir as forças que produzem movimento, ação e transformação. Por ser bissexual, tem uma natureza dupla; é representado na mitologia daomeana por uma cobra e o arco-íris, que significam a renovação e a substituição. Durante seis meses é masculino, representado pelo arco-íris e tem como incumbência levar as águas da cachoeira para o reino de Oxalá no Orum (céu). Nos outros seis meses, Oxumaré assume a forma feminina, e nessa fase, seria uma cobra que vez ou outra se transforma em uma linda deusa chamada Bessém. A dualidade de Oxumaré faz com que ele carregue todos os opostos e antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmeo, doce e amargo. Como uma cobra morde a própria cauda formando o símbolo ocidental do Orobóros, gerando um movimento circular contínuo que representaria a rotação da Terra e próprio movimento incessante dos corpos celestes no espaço. Nas lendas, aparece sempre como filho de Nanã e Oxalá. No Brasil, seus iniciados usam o brajá, um longo colar de búzios trabalhados de maneira a parecerem às escamas de uma serpente. Durante sua dança, a iaô aponta os dedos para cima e para baixo, alternadamente indicando os poderes do céu e da terra. Em algumas regiões é cultuado como deus da riqueza, simbolizado por uma grande cunha entre seus apetrechos de culto. Oxumaré está presente nas negociações, no pagamento das contas, no recebimento de um prêmio, na compra, nos negócios envolvendo gastos, lucros e despesas. Está presente nos bancos, nas financeiras, enfim, nos lugares em que se manuseia dinheiro. Arquétipo
  • 26. 26 Oxumaré é o arquétipo das pessoas que desejam ser ricas; das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem sacrifícios para atingir seus objetivos. Suas tendências à duplicidade podem ser atribuídas à natureza andrógina de seu deus. Com o sucesso tornam-se facilmente orgulhosas e pomposas e gostam de demonstrar sua grandeza recente. Não deixam de possuir certa generosidade e não se negam a estender a mão em socorro àquele que dela necessitam
  • 27. 27 EWÁ (nome de um rio nigeriano) Dia da semana: terça-feira Cores: vermelho (atividade) e amarelo (renovação) Saudação: Rinró! (“valor concebido”) Número: 14 Domínio: água doce (nascente dos rios) Elemento: ar (raios) e água doce Velas: amarela e vermelha Instrumento: não tem É um orixá feminino, divindade do canto, das coisas alegres e vivas. Dona de raro encanto e beleza, e é considerada como a rainha das mutações, das transformações orgânicas e inorgânicas. É o orixá que transforma a água de seu estado líquido para o gasoso, gerando nuvens e chuva. Quando olhamos para o céu e vemos as nuvens formando figuras de animais, objetos, pessoas, ali está a magia e o encantamento de Ewá, evoluindo e desenhando no céu. É a deusa do que é belo, dando cores aos seres tornando-os vivos e bonitos. Está ligada com a alegria, regendo com Ibeji o que se tem ou o que se seja ser feliz. Filha de mais nova de Nanã, gêmea de Oxumaré, irmã de Obaluaiê e Ossain.
  • 28. 28 OBÁ (“rainha”) Dia da semana: quarta-feira Cor: vermelha Saudação: Obá xirê! (“rainha poderosa, forte”). Número: não tem Elemento: água doce Domínio: águas revoltas Vela: vermelha rubi (vigor) Instrumento: adaga Divindade guerreira, considerada até como uma Oiá- Iansã velha, originária do rio de mesmo nome na Nigéria. Ligada à água doce como Oxum, ao contrário desta está presente nas águas revoltas como: enchentes, inundações e cheias dos rios e também no corisco, que lhe foi dado pelo marido Xangô. É o orixá que domina a paixão. Obá rege a desilusão amorosa, a tristeza, o sentimento de perda, a incapacidade do homem de ter o que ama e deseja. Obá é a raiva, a frustração, a solidão, a depressão, o sentimento de abandono. Embora a lenda diga ser Obá uma guerreira vencedora, ela conseguiu seu encantamento no oposto, ou seja, na derrota. Obá era esposa de Xangô, juntamente com Oxum que muito esperta queria se livrar da rival. Certo dia, para enganar Obá, Oxum apareceu com um pano cobrindo uma das orelhas. Obá quis saber o que era aquilo, e ela então contou que tinha cortado a própria orelha e colocado na comida de Xangô, e este teria gostado muito, daí ela ser a sua favorita. Obá por tanto amor que nutria pelo marido, não pensou duas vezes, e fez o mesmo. Xangô repugnado expulsou-a de seu reino. E toda esta dor, desesperança, abandono, ficou em Obá e tem sua regência. É a lógica dizendo que é a “última gota”, que faz transbordar nossos sentimentos. Se um rio enche e transborda, é porque não suporta mais o volume de água, deixando escapar “aquilo que não cabe mais”, isto é Obá, esta é sua regência, seu encantamento e sua influência. Geralmente quando incorpora, lança-se contra as filhas de Oxum, principalmente se estas estiverem próximas do orixá Xangô. A iniciação de uma filha de Obá necessita de certas ervas difíceis de serem encontradas no Brasil. Daí o grande número de filhas de Oiá-Iansã, de características muito semelhantes a Obá, crescer a cada dia. Arquetipo O arquetipo de Obá é o das mulleres valorosas e incomprendidas. Suas tendências um pouco viris fazem-nas frequentemente voltar-se para o feminismo ativo. As suas atitudes militantes e agressivas são consequências de experiências infelizes ou amargas por elas vividas. Os seus insucessos devem-se, frequentemente, a um ciúme um tanto mórbido. Entretanto, encontram geralmente compensação para as frustrações sofridas em
  • 29. 29 sucessos matérias, onde a sua avidez de ganho e o cuidado de nada perder dos seus bens tornam-se garantias de sucesso.
  • 30. 30 OSSAIN (“luz divina”) Dia da semana: terça-feira/quinta- feira Saudação: Eu, eu assa! (“Oh, folhas! ”). Número: não tem Elemento: ar Domínio: matas (florestas virgens, folhas e ervas). Flor: Palma e cróton Ervas: amendoim, angélica, anis, jitó, cajazeira, caferana, coco-de- dendê, fumo bravo, jenipapo, lagrima de N. Senhora, narciso dos jardins, piteira. Vela: verde (saúde) Instrumento: haste metálica de sete pontas, com um pombo no centro. Equivalências: Tarô - Não há Baralho Cigano - Carta n. º 20 - O Jardim. Orixá masculino, filho de Nanã, irmão de Obaluaiê, Oxumarê e de Ewá, de origem nagô (iorubá) que, como Oxóssi habita a floresta. O deus das ervas, dono das matas, orixá da medicina, da cura, da convalescença. Mestre do poder curativo das ervas, que proporciona o Axé das plantas, ou seja, a força vital, imprescindível à realização de qualquer ritual nos Cultos Africanos. Ossain é a mágica das folhas, tornando mágicas também a sua convivência com os seres humanos. É o pai da fitoterapia; tem influência na homeopatia, aquele que gera a capacidade de cura pela ingestão ou aplicação de plantas medicinais; nos consultórios, nas cirurgias, na farmácia, nas pesquisas químicas e científicas. Ele é o alquimista, o mágico, o senhor das poções mágicas e curativas, o bruxo, o médico dos orixás. Conhecedor profundo do segredo de todas as ervas. Todas as vezes que queimamos uma floresta desmatamos, cortamos árvores, ou simplesmente arrancamos folhas desnecessariamente, estamos violando a natureza, ofendendo seriamente essa força natural que denominamos Ossain. Assim, todo orixá que precisava de uma erva ou planta devia em primeiro lugar pedir a Ossain, que cobrava por estes trabalhos, aceitando como pagamento mel, fumo, etc... Até que um dia Xangô passou a achar que todos os orixás deveriam ter o conhecimento das ervas, e pediu a Oiá-Iansã que convencesse Ossain a dividir com os demais os segredos e os mistérios das plantas. Oiá-Iansã sacudiu sua saia provocando grande ventania, espalhando as folhas para todos os orixás, para que cada um exercesse poder sobre uma delas. Em meio a ventania, Ossain repetia sem parar: Eu, eu assa. que
  • 31. 31 significa “Oh, folhas!”. Embora cada orixá tenha se apossado de um tipo de folha, com esta reza Ossain evitou que seu poder fosse distribuído com eles, pois só ele conhecia o axé de cada uma delas conservando só para ele o poder sobre elas Arquétipo O arquétipo de Ossain é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar seus sentimentos e emoções. Daquelas que não deixam suas simpatias e antipatias intervirem nas suas decisões ou influenciarem as suas opiniões sobre pessoas e acontecimentos. É o arquétipo dos indivíduos cuja extraordinária reserva de energia criadora e resistência passiva ajuda-os a atingir os objetivos que fixaram. Daqueles que não tem uma concepção estreita e um sentido convencional da moral e da justiça. Enfim, daquelas pessoas cujos julgamentos sobre os homens e as coisas são menos fundados sobre as noções de bem e de mal do que sobre as de eficiência.
  • 32. 32 OXALÁ (oxa: “luz”; alá: “branca”) Dia da semana: sexta-feira Cor: branca Saudação: Epa, babá! (“Salve, pai!”). Número: 10 Elemento: ar Domínio: ar (céu), a criação. Sincretismo: Jesus Cristo Comemoração: não tem Flor: rosa e palma brancas Ervas: agapanto branco, aguapé, alecrim de caboclo, alecrim do campo, algodoeiro, colônia Alfazema, anis doce, arroz, badiana, calistemo fênico, camélia, camomila, angélica, chapéu de couro, colônia, coentro, cravo da Índia, espirradeira, espinheira santa, eucalipto, pichuri, folha da costa, funcho, girassol, hortelã, jasmim, laranjeira, levante, manjericão, manjerona, mastruço, obi, nogueira, palma de Oxalá, rosa branca, saião, boldo. Vela: branca (pureza e paz) Instrumento: paxoró (espécie de cajado) Equivalências: Tarô - Carta n. º 4 O Imperador (Oxaguiã) Carta n. º 19 O Sol (Oxalufan). Baralho Cigano - Carta n. º 31 - O Sol. Oxalá, o mais importante e elevado dos deuses iorubanos, foi o primeiro a ser criado por Olorum, o deus supremo. Representa o céu, o princípio de tudo, e foi encarregado de criar o mundo. De sua união com Iemanjá resultou o nascimento da maioria dos orixás e da linha do horizonte, dividindo o céu e o mar. É considerado o pai de todos os orixás na cultura iorubana. Equilíbrio positivo do universo é o pai da brancura, da paz, da união, da fraternidade entre os povos da terra e do cosmo. É considerado o fim pacífico de todos os seres. Orixá da ventura, da compreensão, do entendimento, do fim da confusão. Oxalá é orixá que vai determinar o fim da vida, o fim da estrada do ser humano, o fim com a certeza do dever cumprido. A morte deve ser encarada com naturalidade como encaramos os demais assuntos da nossa vida, pois ela faz parte da natureza e sabemos que tudo tem um início, um meio e um fim. Exu inicia, Oxalá termina. É assim nas rodas de Candomblé, nos Xirês, quando louvamos todos os orixás. É ele que sempre atuará como mediador para acalmar discórdias em qualquer plano e produzindo uma solução, uma definição.
  • 33. 33 Oxalá era marido de Nanã, senhora do portal da vida e da morte. E por determinação dela, somente os seres femininos tinham acesso ao portal, não permitindo aproximação de seres masculinos em hipótese alguma. Determinação que servia também para Oxalá, que com o passar do tempo não se conformava com esta decisão, não só por ser marido de Nanã, como por sua própria importância no panteão dos orixás. Assim pensou até que encontrou uma forma de burlar as determinações de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou o adê (coroa) com os chorões no rosto, próprio das iabás e aproximou-se no portal satisfazendo enfim sua curiosidade. Foi pego, porém, por Nanã no exato momento em que via o outro lado da dimensão. Nanã aproximou-se e determinou: - “Já que tu, meu marido, vestiste-te de mulher para desvendar um segredo tão importante, vou compartilhá-lo contigo. Terás, então, a incumbência de ser o princípio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes ao solo para determinar o fim de um ser. Porém, jamais conseguirá te desfazer das vestes femininas e, daqui para frente terá todas as oferendas fêmeas!”. E Oxalá passou a comer não mais como os demais santos aborós (homens), mas sim cabras e galinhas como as iabás. E jamais se desfez das vestes de mulher. Em compensação, transformou-se no senhor do princípio da morte e conheceu todos os seus segredos. Arquétipo O arquétipo de personalidade dos devotos de Oxalá é aquele das pessoas calmas e dignas de confiança; das pessoas respeitáveis e reservadas, dotadas de força de vontade inquebrantável que nada pode influenciar. Em nenhuma circunstância modificam seus planos e seus projetos, mesmo a despeito das opiniões contrárias, racionais, que as alertam para as possíveis consequências desagradáveis dos seus atos. Tais pessoas, no entanto, sabem aceitar, sem reclamar, os resultados amargos daí decorrentes. O imenso respeito que o Grande Orixá inspira às pessoas do candomblé revela-se plenamente quando chega o momento da dança de Oxalufã, durante o xirê dos Orixás. Com essa dança, fecha-se geralmente à noite, e os outros orixás presentes vão cerca-lo e sustentá-lo, levantando a bainha de sua roupa para evitar que ele a pise e venda a tropeçar. Oxalufã e aqueles que o escoltam seguem o ritmo da orquestra, que interrompem a cadência em intervalos regulares, levando-os a dar alguns passos hesitantes, entrecortados de paradas, no decorrer dos quais o conjunto de orixás abaixa o corpo, deixa cair os braços e a cabeça, por um breve momento, como se estivessem cansados e sem força. Não é raro ver pessoas que, vindas como espectadoras, deixa-se tomar pelo ritmo, dançam e agitam-se em seus lugares, acompanhando o desfalecer do corpo e a retomada dos movimentos, conjuntamente com os Orixás, num afã de comunhão com o Grande Orixá, aquele que foi, em tempos remotos, o rei dos igbôs, longe, bem longe, em Iluayê, a terra da África.
  • 34. 34 ORIXÁS BALÉS (ligados à morte) OGUM - intimamente ligado a causa de acidentes e desastres; OBALUAIÊ - ligado à doenças letais e contagiosas. Servirá de guia para os espíritos desencarnados; OIA-IANSÃ - regente dos cemitérios e principalmente por também ser guia dos eguns; NANÃ - dona do portal da vida e da morte. Considerada como a própria morte; OXALÁ - princípio ativo da morte. A determinação final. A paz. O fim. ORIXÁS - AFINIDADES Os filhos de fé não recebem influências apenas de um ou dois orixás. Da mesma forma que nós não ficamos presos à educação e à orientação de um pai espiritual, não ficamos também sob a tutela de nosso orixá de frente ou juntó. Frequentemente recebemos influências de outros orixás (como se fossem professores, avós, tios, amigos mais próximos na vida material). O fato de recebermos estas influências, não quer dizer que somos filhos ou afilhados desses orixás; trata-se apenas de uma afinidade espiritual. Uma pessoa, às vezes, não se dá melhor com uma tia do que com uma mãe? Assim também é com os orixás. Podemos ser filhos de Ogum ou Oxum e receber mais influências de Xangô ou Oiá-Iansã. Posso ser filho de Obaluaiê e não gostar de trabalhar com entidades que mais lhe dizem respeito (linha das almas), preferindo trabalhar com entidades de cachoeiras, o que de forma alguma, me faz ser adotado por estes outros orixás. O importante é que nos momentos mais decisivos de nossas vidas, suas influências benéficas se façam presentes, quase sempre uma soma de valores e não apenas e individualmente, a característica de um único orixá. FALANGES - DEFINIÇÃO E EXEMPLOS Chamam-se falanges agrupamentos de entidades e forças afins que atingindo um grau superior de conhecimento, são colocadas sob a direção de mestres para ajudar a humanidade. De certo modo, o conhecimento específico dessas falanges decorre da atividade exercida nesta terra. Assim, a falange do povo da água, do povo do mar, falange do cemitério, das crianças, etc., possuem experiência desses setores, por isso sua ajuda é preciosa e efetiva. GUIAS - IMPORTÂNCIA E CONFECÇÃO As guias podem ser feitas de qualquer material, servem para proteção de certas partes do corpo do médium, principalmente a cabeça, o tronco e as mãos. Em volta do pescoço defende a cabeça e a mente; em volta do coração, em sentido transversal, dos ombros para baixo, protege o sistema circulatório e a manifestação emotiva do médium, emprestando coragem e resignação; e em volta das mãos ou dos pulsos, serve para filtrar e aprimorar os fluidos magnéticos e vibratórios emitidos pelo aparelho. As guias só podem ser feitas
  • 35. 35 pelo próprio que vai usá-la, com a autorização do guia de frente, isto é, do mestre principal do médium. O FUMO, ÁLCOOL, DEFUMADOR E OS BANHOS NOS TRABALHOS DA UMBANDA O uso do fumo, do álcool, do defumador, dos banhos e das flores na Umbanda, é uma aplicação da magia do odor. A magia aplicada tem cinco aspectos: a Magia da Luz, que emana do olhar; a Magia do Som, realizável pela voz; a Magia da Forma, praticada pelo gesto ou movimento; a Magia do Odor ou do Cheiro, com base no olfato animal; a Magia Mental cujo centro é a própria Mente. O odor tanto atrai como repele, realizando, assim, a lei básica dos Cosmos calcada nos sinais mais (+) ou menos (-). O fumo repele certas larvas astrais e Eguns poucos esclarecidos; o álcool, volátil, serve de Ebó para atrair e como defesa do próprio médium, ingerindo-o imantado, pela vibração do guia; o defumador afugenta elementos nocivos e purifica o ambiente; os banhos protegem o corpo físico do médium e as flores atraem seres esclarecidos e constituem o melhor veículo para mensagens espirituais. Segundo os Mestres, as flores, depois das crianças e das aves, são as mais preciosas formas de criação capaz de reter e transmitir nossas vibrações. PONTOS CANTADOS As principais finalidades são: 1- Expressar através dele o desejo inedito e mental do médium, pessoalmente, e da corrente da qual ele faz parte: 2- Transmitir mensagens pessoal ou coletiva, destinadas aos orixás, falanges ou guias; 3- Forçar a mente do médium a fixar a atenção no ponto, levando a concentrar-se, estabelecendo harmonia na corrente. Segundo seu sentido, podem ser classificados em: ponto de exaltação e evocação, destinados aos orixás; pontos de chamada, dirigidos aos mestres, guias pessoais e protetores em geral; pontos de subida, quando da partida das entidades para o além; pontos de defumação, na ocasião de limpar o ambiente com defumadores; ponto de abertura e de encerramento, no início e ao término dos trabalhos; ponto de invocação, mediante o qual são chamadas entidades ou forças em circunstâncias especiais; ponto de descarrego, para limpeza pessoal ou em ambiente; ponto de maleme, quando, consciente de alguma falta, imploramos misericórdia ou perdão ou ainda significando licença para afastar-se do terreiro, de certos trabalhos, quando reconhecemos incapacitados de realizá-los; nesse caso maleme tem o significado de pedido de ajuda. Há pontos especiais para a prática de atos de magia, para fixação de exês e cruzamento de otás. PONTOS RISCADOS - PONTOS DE FIXAÇÃO Os pontos riscados têm uma significação nitidamente esotérica e se constroem mediante a aplicação de sete expressões geométricas, a saber: o ponto, o círculo, o triângulo, a seta, o quadrado, a linha sinuosa e a linha quebrada. Em geral, traduzem mensagens ou significam o nome do guia ou
  • 36. 36 da falange a que ele pertence. Uma vez riscado, o ponto representa a própria presença material do autor, o seu “assento”, por quanto embora o médium receba o mestre que o riscou, o lugar que ele consagrou representa a segurança dos trabalhos. É costume, geralmente, usar “assento” definitivo, riscando-se o ponto em uma tábua, um pano, em cobre, ferro, etc. O guia que usa esse sistema deve cruzar o material usado, nele imantando suas vibrações a fim de torná-las um ponto de fixação. Faz-se também enterrado para segurança dos locais de trabalhos ou nos rituais ou iniciação, inscrevendo-se na cabeça e no corpo do médium. No ritual puro do Candomblé, nos terreiros de Umbanda de linha cruzada chama-se a esse ponto de fixação do guia ou orixá na cabeça do médium. O ponto para representar o absoluto ou Zambi é a circunferência, figura geométrica que não tem princípio nem fim; a dualidade que significa a manifestação de Zambi é a circunferência cortada pelo diâmetro; a trindade simbolizada pelo triângulo representa a realização da matéria e do espírito; a matéria viva e consciente se expressa pelo quadrado, e assim por diante. EXE É um ponto de fixação e segurança dos locais de trabalho, espiritual ou do próprio lar da criatura. Consiste de objetos votivos de certo orixá e deve ser enterrado nos pontos previstos pelo mestre que dirige a cerimônia. OTÁ É um exê que fica em cima da terra, devidamente oculto dos olhos profanos, geralmente no congá e é consagrado mediante cruzamento, invocando-se a força do orixá a que ele corresponde. - RETIRAR OS CALÇADOS AO ENTRAR NO “CONGÁ” Nós Umbandistas consideramos o Congá um lugar imantado, onde foram fixadas certas forças ou vibrações positivas que deve estar sempre limpo de fluídos negativos e onde conservamos os pontos riscados destas mesmas forças ou ordens, etc. mesmo porque certos preceitos são procedidos nele. Assim, é de obrigação se tirar o calçado, visto este objeto ser anti-higiênico, pois se pisa com ele em tudo, às vezes em detritos ou putrefações, etc., e ainda por querermos estar em ligação com o elemento terra, sabendo-se que esta é o escoadouro natural das vibrações ou ondas eletromagnéticas. - PORQUE “BATER” A CABEÇA NO CONGÁ. Em relação ao exposto e mesmo pelo respeito que o lugar impõe, não por ser apenas um santuário, mas pelas ditas forças com que os médiuns vão entrar em comunhão ou absorver, tendo no pensamento o Deus-Uno, ou Oxalá, e ainda como sinal de deferência ao Chefe espiritual da Casa - Caboclo ou Preto Velho.
  • 37. 37 - PORQUE OS CABOCLOS ASSOVIAM É claro que os caboclos não assobiam por estar chamando seus companheiros de tribo... Estes assobios traduzem os sons de forças sutis da natureza, ditos como tatwas pelos hindus, sendo, portanto sons mantrâmicos. Obs.: mantras são sons de forma repetitiva que invocam forças da natureza. - PORQUE OS MÉDIUNS NÃO DEVEM USAR BRINCOS, ANÉIS, ETC... Estes objetos são geralmente de metal e podem causar distúrbios, visto o médium necessitar ter seus plexos nervosos isentos de quaisquer percalços que possam coibi-los em algo... E mesmo porque a regra da verdadeira Casa Umbandista é a simplicidade; detesta exibições de vaidade ou aparências fúteis. Casa espiritual não é casa de modas... - PORQUE DOS MÉDIUNS PRODUZIREM ESTALOS COM OS DEDOS NA PALMA DAS MÃOS Sabe-se que a mão é um fixador natural de fluidos - dá e recebe. Estes estalos se dão justamente sobre o monte lunar e são para precipitarem certas condições fisio-psíquicas, quer no médium, quer sobre qualquer ação relacionada com a magia dos Orixás, Guias e Protetores. - PORQUE ALGUMAS MANIFESTAÇÕES DE CERTAS ENTIDADES SÃO IMPETUOSAS Estas entidades que se apresentam assim estão dentro de uma certa tônica espiritual e que devem revelar, em relação com as Forças que põem em jogo, que abalam ou excitam mais certos plexos nervosos dos médiuns, produzindo então estas apresentações mais ativas ou impetuosas. Mas, isto não é regra geral depende do estado psíquico dos citados médiuns. - PORQUE NAS MANIFESTAÇÕES DE PRETOS-VELHOS OS MÉDIUN SE CURVAM E FALAM COM MANSIDÃO Estas entidades são os magos-velhos da Lei, espíritos que carregam o peso de todas as lições e experiências e geralmente tomam esta forma para representar a humildade, o sacrificial, perante os seres humanos. E mesmo porque, devidos aos citados plexos que em que mais atual - Sacro e frontal, dão estas curvaturas no médium. DESPACHO, EBÓ, OFERENDA, OBRIGAÇÃO - Despacho significa algo ou alguma coisa que entregamos e junto ao qual deve ir o que desejamos nos desfazer; - Ebó é um sacrifício ou oferenda a Exu ou mais exatamente algo que signifique nossa homenagem a esse poderoso orixá, na qual, implicitamente, se solicita sua anuência e pretensão para determinados trabalhos espirituais;
  • 38. 38 - Oferenda vem a ser presentes, homenagem, louvor e graça que proporcionamos ao orixá, falanges, guias, etc.… - Obrigação ao contrário de despacho, é alguma coisa que destinamos a alguma força espiritual no sentido de obtenção de favores que pretendemos conseguir. Para os críticos desta prática, passamos a relatar passagens Bíblicas que trata deste assunto com o nome de sacrifício. No Antigo Testamento, encontramos em Isaías, capítulo 56, versículo sete. “Também as levarei ao santo monte e os festejarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar...” Em Êxodos, capítulo 29, versículo 15: “Tomarás também um carneiro sobre a cabeça do qual Arão e seus filhos porão as mãos. 16 E, depois de o terem degolado tomarás do seu sangue, e derramá-lo-ás em torno do altar”. Em Jonas, capítulo 2, assim ele se dirige a Deus: “Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que Votei pagarei...” Em várias passagens do Novo Testamento, retrato completo dos fatos ao tempo de Jesus, encontramos: Marcos, capítulo 12, versículo 33: “É que amá-lo de todo coração e de todo o entendimento e de toda alma e com todas as forças e amar o próximo como a si mesmo vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios. Paulo, em suas cartas alude aos Efésios, capítulo 5, versículo 2: “E andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo, por nós, em oferta e sacrifício a Deus. ” Aos Hebreus, capítulo 7, versículo 27: “Que não necessitasse, como Sumos Sacerdotes, oferecer, cada dia, sacrifícios.” Salmos, capítulo 96, versículo 8: “Daí ao Senhor a glória devida a Seu nome; trazei oferendas e entrai nos Seus átrios. ” Capítulo 107, versículo 21: “Louvem ao Senhor pela Sua bondade e pelas Suas maravilhas para com os filhos dos homens”. E no versículo 22: “E ofereçam sacrifícios de louvor. ” Gênesis capitulo 22 versículo 1. E Deus disse a Abraão: “Toma Isac, teu filho único, a quem amas, e vai a terra da visão, e aí o oferecerás em holocausto sobre um dos montes, que eu te mostrar”.
  • 39. 39 MANTAÇÃO. EMANAÇÃO. FIXAÇÃO Imantação é a capacidade de impregnarmos qualquer coisa com o que pensamos ou desejamos que aconteça a alguém ou a nós mesmos. A Imantação é obtida através de um processo de Magia na qual participa nossa polaridade energética, positiva ou negativa, segundo o objetivo em mira. O objeto ou coisa assim imantado recebe as vibrações de nossa Mente, fixado pela energia animal do nosso corpo e atua como se fora o próprio imantador onde quer que se encontre. Emanação é, ao contrário de Imantação, o que se exala e se desprende de algo beneficiando-nos ou nos prejudicando. A Emanação da flor é o perfume; da energia é a luz; do Pai Supremo é o Amor. A emanação de um talismã está condicionada à sua feitura. Fixação é o trabalho mágico de prender, de vincular em alguma coisa, definitivamente, qualidades estranhas a essa mesma coisa. Exê é um ponto de fixação, embora nenhum de seus componentes tenha ou pudessem ter separadamente as condições espirituais e mágicas adquiridas quando se juntam sob determinado ritual e para certos fins. MAGIA. MENTE. PENSAMENTO. VONTADE A Magia só pode ser executada por aquele que, em primeiro lugar, se dedica a dominar o seu próprio Eu Inferior. Sem entender e dominar a si próprio não é possível conhecer, entender e dominar os seres e as coisas. Esta só pode e deve ser aplicada para o Bem, a Harmonia e a Felicidade. Aquele que promove o Bem aos outros está fazendo a maior soma de Bem a si mesmo. Ninguém que esteja inseguro e vacilante no que diz respeito ao conteúdo da Magia pode aplicá-la sob qualquer forma, sob pena de prejudicar o agente e o paciente. A Mente pura, limpa, tem influência fundamental na liturgia e no ritual da Umbanda Aquele cuja Mente vive cheia de maldade só pode atrair forma de vibrações primárias, muitas vezes elementais, cujo modo de agir e sentir se identificam com a mente conturbada do agente. Os Guias podem defender seu Instrumento, mas de forma alguma ajudam o filho a realizar os sombrios pensamentos que ele tem em mente. Se persistir no erro, ele próprio se sobrecarrega de vibrações negativas impedindo o Guia de chegar trazendo- lhe a luz do saber e do amor. Por isso se diz que o Guia se afastou do médium, que alguém tirou o anjo da guarda, etc.…, quando na verdade, é o próprio médium que através da mente enegrecida se incumbe de tornar difícil essa aproximação. O pensamento é a manifestação do nosso Eu Superior, é a presença de Zambi na criatura. À medida que vivemos e aprendemos, o nosso pensamento se enriquece, acumulando sabedoria, supremo conhecimento, de cuja fonte ele é parcela e assim dele participa. A vontade é a presença de uma ordem vinda de dentro para fora, às vezes imperativa, insólita, sem base na razão. Há que se distinguir entre vontade e desejo; este é uma manifestação de necessidade do corpo físico denotando carência ou excesso. A saudade é o desejo da presença de alguém; a fome é o desejo de alimentação e assim por diante. Quando o desejo se torna intenso, o nosso Eu transforma-o em lei, isto é, em uma vontade de realizar. E é essa mutação que sempre faz os santos, os heróis
  • 40. 40 e os grandes malfeitores da humanidade. O pensamento positivo propicia bem-estar, harmonia, cura, aos objetos visados. O negativo sendo-lhe contrário deve ser anulado. MEDIUNIDADE A palavra médium vem de “mediar”, servir de intermediário entre o mundo material no qual vivemos e o espiritual no qual vivem os desencarnados, de um modo em geral. A condição de médium praticamente é altamente honrosa e útil aos nossos semelhantes. Há 7 (sete) categorias de mediunidade: Incorporativa, na qual o médium sente no corpo e na mente a presença de um ser espiritual; Vidência, quando o médium vê natural ou mentalmente algo no mundo espiritual; Intuitiva quando recebe exclusivamente pela mente ou excepcionalmente através de sonho as mensagens ou respostas do além; Psicográfica, exercida pela escrita, que pode ser consciente quando o médium pensa o que escreve ou inconsciente quando maquinalmente produz escritos estranhos à própria mente; Olfativa, quando sente pelo olfato ou pela mente, como se estivesse sonhando, odores só percebidos pelo próprio; Sensitiva, manifestada pela epiderme que registra através de sensação de ardores, coceiras, arrepios, contrações, cãibras, a presença e a espécie vibratória do ser espiritual causador; Transporte, efetivada através do corpo astral que se desloca para os mais distantes lugares a fim de cumprir tarefas com ou sem o assentimento do médium. MEDIUNIDADE - PRÊMIO OU CASTIGO? Algumas pessoas acham-se premiadas com o fato. Outras já pensam que é um fardo pesado a ser carregado. Na realidade, não é um prêmio e nem é um fardo; é um resgate da dívida que temos para com os nossos semelhantes, dívida esta adquirida em encarnação passada. A mediunidade é um compromisso de resgatá-la e este compromisso foi assumido com nosso consentimento, antes de nascermos. Podemos ou não assumi-la depois de encarnados, pois para isso é que temos o livre-arbítrio. Se, por qualquer motivo, não pudermos pagar esta dívida, devemos procurar praticar a caridade de outra forma, pois não é só vestindo uma roupa branca que podemos praticar a caridade e ser úteis ao próximo. É preferível você usar de boa vontade para com o próximo que dela necessitar, do que vestir uma roupa branca e rumar à casa de caridade em que você trabalha resmungando, blasfemando por ser obrigado a deixar o conforto do seu lar para ir ao trabalho espiritual ao qual você foi solicitado. A mediunidade foi nos dada pelo Pai Maior e não será retirada por ninguém, a não ser por Ele. Quando o médium inicia a sua caminhada espiritual dentro de um terreiro, deve auxiliar nos afazeres dos trabalhos, fornecendo cigarros, charutos, água, pemba, velas, etc.… às entidades espirituais incorporadas. Nas giras de desenvolvimento, um médium incorporado procurará auxiliar o iniciante a dar condições para que a entidade que está a seu lado dê a incorporação. Às vezes, o médium é uma fruta madura, pois ao primeiro toque de vibração espiritual sua entidade já consegue incorporar. Outras vezes, o médium ainda vai permanecer um bom tempo na gira de
  • 41. 41 desenvolvimento, pois seu grau de mediunidade ainda está verde e precisa amadurecer. Mas, tanto um como outro, estão se encontrando pela primeira vez na lida espiritual e ainda deverá decorrer um certo tempo para que esses médiuns comecem a trabalhar efetivamente na seara do Senhor. Explica-se o motivo: como em qualquer ramo, o principiante necessita de segurança e firmeza e, por falta destas, muitos adeptos abandonam o desenvolvimento. Médiuns que carecem de firmeza, carecem de confiança, vacilam no momento em que mais são necessários, falham. A falta de confiança em suas entidades pode permitir que espíritos zombeteiros tomem o seu lugar. Deve-se orientar espiritualmente àqueles que principia a caminhar no difícil trajeto da mediunidade, doutrinando-os e também aos seus mentores espirituais, que não é por já terem feito a sua passagem terrena, que se tornaram sábios. A orientação possibilita um desempenho sadio e sábio por parte do médium. Quando somos convidados a envergar uma roupa branca que nos distingue como médium nada há de mais errado do que nos sentirmos meio santos. Com roupa branca devemos adquirir compreensão de que a cada dia devemos tornar-nos melhores cidadãos e mais conscientes de nossas responsabilidades perante a lei de Nosso Pai Oxalá. PASSES Passe é um fluído magnético ou vibratório emitido pelas extremidades das mãos ou pela sua imposição. É uma forma de magia de gesto ou movimento. Há várias espécies de passes: a) magnéticos - produzido pelo agente com o próprio magnetismo animal de que é dotado. b) vibratório - realizado pelo médium com as puras vibrações de um guia presente. c) Teúrgico - que se leva a efeito com a luz de velas ou qualquer outro ponto luminoso, com água doce ou salgada, com flores imantadas, fitas etc. e se destina a trabalhos de cura material ou espiritual. DESCARGA OU DESCARREGO Quando o simples passe magnético ou vibratório não se revelam positivos em determinados pacientes, pela presença de encostos ou cargas, o médium transfere para os elementos receptores (médiuns de banco), o mal do paciente, os quais recebem e, incontinentemente, libertam a presença estranha que receberam, ficando a cargo dos Guias protetores da casa e suas falanges o destino a ser dado a esses elementos perturbadores. Quando não há médiuns capazes de absorver o mal do paciente, o atendente pode pedir permissão ao protetor e ele próprio pode receber e libertar o paciente da doença espiritual, entregando-o ao Guia presente. Pode-se também transferir do paciente aquilo que o aflige para qualquer objeto, imantando-o, após o que, se faz entregar, no local adequado, conforme for a origem do padecimento.
  • 42. 42 CORRENTE É a comunhão de pensamentos nobres para fins nobres. Manifesta-se pela obtenção de fluidos favoráveis, positivos e destina-se ao Bem, a Harmonia, ao Amor, a Cura e à Paz entre as criaturas. Basta um pensamento negativo, uma vacilação, para que se verifique a quebra de corrente. Conforme o trabalho, a quebra da corrente importa na não consecução dos objetivos visados. Todavia, o mal, se houver, recai sobre quem, deliberadamente, perturbou e quebrou a corrente. PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS NO CORPO HUMANO No corpo do homem, o lado direito, na frente, é positivo e nas costas, negativo; na mulher, é precisamente o oposto. Para qualquer prática de Magia deve-se ter presente sempre esse detalhe. O ponto neutro não existe. VIDA E MORTE NA VISÃO UMBANDISTA A vida só tem um único e real sentido que é o de aprender, isto é, adquirir conhecimento. Cada ato de nossa existência traz implícito uma parcela de conhecimento; a soma desse conhecimento, posta em realização, leva à Sabedoria e esta, e só esta, leva à presença do Pai. A minúscula soma de ensinamentos aqui contidos, se posta em prática, levará inevitavelmente ao encontro de outros conhecimentos já em escala mais elevada, e nesse crescendo, a criatura chegará à posse de ensinamentos transcendentais. Vê- se que esse objetivo não se consegue com dinheiro, glória, poder, beleza e sim, com dedicação pessoal ao estudo e a realização, com amor e respeito aos nossos mestres, com a firme, decidida e tenaz vontade de um dia ver frente a frente à face de luz do Pai Supremo. A morte ou desencarnação é, apenas, a passagem de um estado de vida a outro. O corpo que vem se transformando desde a vida fetal, aglutinando elementos e dando coesão à matéria, no fim da jornada se decompõe, libertando os mesmos elementos, estes agora enriquecidos pela experiência. Nem o Espírito, nem a alma animal, nem mesmo os componentes atômicos, se esquecem da vida extinta, nem das que antecederam. Não há fim enquanto a humanidade não se ilumina, não há esquecimento no outro lado da vida, pois que tudo é memória, tudo é presente. O ser que desencarna lembra de tudo por que passou e fez alguém passar. O Umbandista deve sentir a alegria do dever cumprido quando chegar a hora, pois terá a glória de ir ao encontro do Mestre ou Mestres que o aguardam. Sabe que a tarefa foi parcialmente cumprida e com a ajuda do Mestre virá novamente, se for preciso, porém em situação nova, diferente, cada vez mais aparelhado para prestar ajuda a si próprio e às pessoas com quem privar. GUIAS PROTETORES COM NOMES IGUAIS
  • 43. 43 Explica-se por dois fatos comuns: 1) o médium mal preparado, acha um nome bonito e sem ouvir seu protetor, batiza-o por conta própria; o Protetor quase sempre, não se interessa pelo nome dado a ele arbitrariamente; conhece a fraqueza do aparelho e perdoa; outros mais severos, afastam-se; 2) muitos discípulos espirituais de grandes Mestres adotaram o mesmo nome do instrutor com a sua plena autorização, constituindo dessa maneira uma irmandade de nomes semelhantes. Na ordem dos Jesuítas se observa esse fato e o mesmo se dá com os Papas que adotam nomes de apóstolos e Santos. SEXO, CARNE E ÁLCOOL EM GIRAS E OBRIGAÇÕES Nas Obrigações deve-se evitar durante os dias que antecedem e nos dias de gira porque: - Carne, nela reside ainda restos das vibrações negativas da morte do animal. Nas giras comuns não há necessidade de se evitar, com exceção nas orientais ou algumas ligadas à Cura; - Sexo, não porque seja pecado, mas porque em todo relacionamento sexual existe uma permuta de vibrações e energia entre os parceiros, e o filho de fé deve ofertar sua vibração original em cada obrigação ou em qualquer dia de gira; - Álcool, pois sendo o que é, além de provocar alterações no campo vibratório, também exerce grande atração sobre espíritos inferiores e também deverá ser evitado em qualquer dia de gira. DIA DE FINADOS E A UMBANDA No dia 2 de novembro reverenciamos a memória dos entes queridos já desencarnados. Muitos umbandistas mantêm a tradição de visitar o campo santo neste dia. Não vemos neste ato nada de prejudicial; porém, devemos levar em conta que o médium capta muitas vibrações, inclusive negativas, presentes no cemitério. Recomendamos a todos que lá forem em qualquer época que previamente preparem um banho de defesa (que inclua o sal grosso) para tomarem quando de regresso ao lar. FASES LUNARES E OBRIGAÇÕES A lua é de suma importância em quaisquer tipos de trabalhos na Umbanda, como nas oferendas, nas obrigações, etc. - Fase Crescente, tudo que deve evoluir e crescer devem ser feitos nesta fase (da Lua Nova ao final da Crescente); - Fase Minguante, tudo que deve involuir ou ser dissipado (descarga) deve ser feito nesta fase (da Lua Cheia ao final da Minguante). MAGIA É a forma e a maneira de entender a voz da natureza e a possibilidade de ser por ela entendido.
  • 44. 44 -ANJOS E DEMÔNIOS As religiões ocidentais do Judaísmo, Cristianismo e o Islamismo, todas aceitam a crença que há, entre Deus e o homem, uma classe intermediária de seres denominados anjos. A palavra anjo vem da palavra grega angelos, que significa “mensageiro”. Anjos são considerados seres imateriais ou espíritos que realizam vários serviços para Deus ou para pessoas favorecidas por Deus. Anjos são bons espíritos. Em contrapartida eles têm os demônios, ou espíritos maléficos. A palavra demônio é derivada da palavra grega daimon, significando basicamente qualquer ser sobrenatural ou espírito. A crença em espíritos de todos os tipos sempre prevaleceu no mundo antigo. Mas quando o Cristianismo apareceu, cerca de 2000 anos atrás, ele condenou a crença nos espíritos e denominou-os de demônios, desde então, demônio tem sido compreendido com espíritos maléficos. As origens da crença em anjos e demônios podem ser observadas na religião persa antiga, no Zoroastrismo. Seguidores do profeta Zoroastro acreditavam que havia 2 seres supremos, um bom e outro maléfico. O bom, Ahura Mazda, era servido por anjos; o maléfico, Ahrman, tinha auxiliares demoníacos. O Zoroastrismo se referia a demônios como daevas, e por isso a palavra diabo. A crença em bons e maus espíritos penetrou no Judaísmo e posteriormente nas religiões do Cristianismo e Islamismo. Anjos são freqüentemente mencionados na Bíblia, na maioria das vezes no papel de mensageiros de Deus para o homem. Sua aparência no mundo parece ter sido na forma humana. No Velho testamento, livros de Jó, Ezequiel, e Daniel, assim como no Apocalipse, livros de Tobit, anjos exercem significantes papéis. No livro de Jó, o demônio chefe, Satã, é introduzido. Mas é só no Novo Testamento que Satã, é retratado, sob o nome de Lúcifer, como o primeiro dos anjos decaídos - os anjos que se rebelaram contra Deus. No Novo Testamento, os anjos estão presentes em todos os eventos importantes na vida de Jesus, desde o seu nascimento até a sua ressurreição, No muito dramático Livro da Revelação, os anjos são retratados como os agentes de deus no seu julgamento sobre o mundo. Outros escritores do Novo Testamento também falam de anjos. São Paulo especialmente estabeleceu uma classificação. Ele dividiu em 7 grupos: anjos, arcanos, principados, potências, virtudes, dominações e tronos. O Velho testamento citou apenas 2 ordens: querubins e serafins. O Cristianismo atualmente aceita todas as nove classes e com o tempo desenvolveu extensivas doutrinas sobre anjos e demônios. Os últimos foram conceituados como legiões de Satã, que seduziriam o homem para deixar a crença em Deus. Anjos e demônios exercem papeis semelhantes no Islamismo e sempre são mencionados no Alcorão. As crenças em espíritos sobrenaturais não foram limitadas nas grandes religiões ocidentais. Nas sociedades de tradição oral na África, Oceania, Ásia e Américas espíritos habitariam a totalidade do mundo natural (animismo). Esses espíritos poderiam atuar tanto para o bem quanto para o mal, e assim não haveria divisão entre eles, como há entre anjos e demônios. A força desses espíritos é denominada mana, que tanto pode ser para ajudar com prejudicar as pessoas. A fascinação com anjos e demônios levou em frequentes retratações em obras de arte e literatura. Os painéis, pinturas em vidros, mosaicos e
  • 45. 45 esculturas da Idade Média e Renascença são especialmente repletos com figuras de ambos. No poema “Paraíso Perdido” (1667) de John Milton, Satã para ele é um personagem de destaque; e os anjos Rafael, Miguel e Gabriel exercem papéis proeminentes. Na “Divina Comédia” (1321?) de Dante, anjos aparecem tanto como guardiães como mensageiros, e Satã vivamente retratado congelado num bloco de gelo. Pretos Velhos Pretos Velhos, apesar de escravizados, humilhados, exterminados quando encarnados, retornam para mostrar ao mundo que daquela massa de sofredores e humilhados de ontem surgiram mestres, que não só esqueceram o mal e as dores sofridas, mas vem agora ajudar aqueles que em outros tempos os oprimiram. Hoje, nos recebe em seu colo, escutando nossas lamurias, queixas e sofrimentos, sempre com um carinho e uma palavra de conforto. Sua benção meu amado protetor Rei Congo, que possa continuar a merecer sua confiança e seu amparo. Prece ao Preto Velho Assim Seja, Preto Velho que estás em nosso coração. Abençoado seja o seu nome no céu, assim como foi de redenção o seu sofrimento na terra. Benditas sejam suas agonias físicas, assim como para sempre sejam louvadas as tuas angústias morais. Intercede por nos junto ao Pai Misericordioso. Tu que já galgaste as escaladas luminosas da espiritualidade, e comunica-nos essa força inquebrantável que te elevou o espírito aos páramos celestiais, onde te encontras. Anima-nos a prosseguir impávidos e serenos através dos obstáculos da vida e combate, em nós o desânimo traiçoeiro que, como o banzo fatídico, nos aniquila o ser. Ajuda-nos a vencer na vida material, assim como quando em vida tu ajudaste com teu labor escravo, o seu senhor. Ensina-nos a ter com tua experiência milenar, a calma, a resignação, a compreensão que muito necessitamos e que estejamos sempre contigo, assim como Jesus te tem na Santa Glória. A Ti, bondoso Preto Velho, oferecemos esta prece, reafirmando nossa fé, nossa crença e a nossa esperança na tua força espiritual, sempre a serviço do bem. Protege-nos querido Preto Velho que tanto sofreste, dá-nos a coragem que às vezes nos falta para poder prosseguir na nossa jornada, e algum dia tenhamos merecimento para receber as graças de Deus. Assim seja - UMBANDA E SEUS CABOCLOS Umbanda, religião e ciência, absorção das vibrações cósmicas que atuam sobre a natureza. Congregação de Entidades que se apresentam em formas
  • 46. 46 diversas, espargindo o bem, a necessária ajuda ao ser humano. Dentre os Protetores que se agrupam em Falanges, uma se destaca notadamente pela pujança, vigor e por que não dizer, pela presteza com que se apresenta auxílio aos necessitados: a Falange dos Caboclos. Originariamente, a palavra cabocla significa mestiço de branco com índio, mas, em nossa percepção umbandista, nos referimos aos indígenas que em épocas remotas habitaram diversas partes de nosso planeta, numa civilização aparentemente primitiva, mas na realidade de grande sabedoria. Remontando ao passado, verificamos que tudo começou no dia 12 de outubro de 1942, quando Cristóvão Colombo chegou a Ilha de São Salvador e lá encontrando seus habitantes, deu-lhes o nome de "índios". Daquele momento até a presente data, muitas coisas aconteceram, desde a catequização iniciada naquela oportunidade, principalmente com as tribos TAINOS E ARAWAK, cujos alguns elementos foram levados para a Espanha, até meados do século passado, quando se processaram dentro do Espiritismo as primeiras manifestações espirituais, atribuídas por diversos autores a índios peles- vermelhas que ainda num primitivismo procuraram uma comunicação, através de pancadas e ruídos, até então não identificados, Todavia, foi no Brasil que estes espíritos indígenas, de diferentes posições geográficas, encontraram, dentro de uma Espiritualidade, a verdadeira oportunidade de evoluírem, cada vez mais, através do auxílio prestado a nós, seres carentes de ajuda. No Brasil sim, porque é em nosso País que se pratica a Religião do século XXI, ou seja, a Religião do Futuro, a Umbanda. Todos sabemos que a Umbanda tem a sua origem nos cultos afros trazidos para o nosso continente, principalmente pelos escravos que aqui aportaram. Todavia, nestes mesmos "cultos afros" não encontramos a presença dos Caboclos e Preto Velhos, Falanges de Espíritos que somente se apresentaram e se incorporaram como parte importantíssima à Umbanda. Portanto, Caboclos e Pretos Velhos fazem parte da "Umbanda Brasileira". Nos Templos Umbandistas, nos Centros, nos Terreiros, a caridade praticada pelas Falanges acima citadas é incomensurável. É de se salientar, porém, que a Umbanda, Religião e Ciência, é praticada somente no Brasil e, assim sendo, agrupou espíritos que, embora em suas encarnações tenham vivido em outros países, espiritualmente se identificam perfeitamente na vibração, no modo de vida quando encarnados. Assim, nas Falanges diversas de Caboclos encontramos não só os índios que habitam o nosso Brasil, mas também os que viveram nos Estados Unidos da América do Norte, os Astecas e Maias na América Central, os Incas no Peru, e demais indígenas que povoaram a América do Sul. Falar-se em Caboclo, na Umbanda, é fazer-se menção a todos eles, que com denominações diversas, atuam em nossos Terreiros e que, com humildade, como muito bem recomenda a Espiritualidade, se omitem em detalhes referentes às suas vidas quando encarnados, deixando-nos ávidos por conhecermos seus feitos, surpreendendo-nos, muitas vezes, por captarmos entre linhas que, aquele humilde caboclo que hoje se apresenta até nós, tenha sido um Cacique de grande porte ou pajé praticante de uma alquimia, que nada fica devendo à química moderna, iremos nos reportar a diversas tribos que existiram e desapareceram num confronto com a evolução dos tempos, com o mundo moderno do homem branco, procurando analisar, dentro das
  • 47. 47 limitações, a presença desses espíritos, hoje, em nossa Umbanda. Oke Caboclo! Salve O Caboclo Mata Virgem EXUS DE INCORPORAÇÃO Os Exus que incorporam na Umbanda são espíritos que viveram aqui na Terra e têm a missão de prestar caridade, a fim de evoluírem no plano espiritual. A meta principal de um Exu de incorporação é a prática da caridade através de passes e consultas (existem Exus que não incorporam, mas são de suma importância no carrego de uma pessoa). Contudo, por não ser um espírito dotado de muita luz, às vezes envereda por caminhos nebulosos, tendo em vista o Bem imediato da pessoa que, cegamente, pediu algo negativo. As pessoas tendem a pedir aos Exus coisas negativas, achando que eles são emissários do Mal (e não o são). Culpa do véu tenebroso com que taxam a Umbanda, inclusive de “macumba” e termos mais pejorativos. Culpa do desconhecimento de como os Exus são importantes e da carga positiva que possuem. Embora, ao incorporarem nos médiuns assumam comportamento desinibido, brincalhão, malandro e algumas vezes amoral, os Exus necessariamente não foram, em suas estadas na Terra, malandros, prostitutas, bandidos ou pessoas à margem da sociedade. Encontramos em nossas pesquisas espíritos de médicos, padres, políticos, músicos, professores e até donas-de-casa incorporados na forma de Exus, praticando o Bem, em busca de evolução. De acordo com essa pesquisa contínua, cai por terra o mito que cerca todo Exu que incorpora. Ele não é um espírito a serviço do Mal, mas sim um espírito em evolução, em busca da purificação de si mesmo, já que é só o espírito procurando ficar a serviço do Bem. Retirando toda a propaganda maldosa e negativa que envolve o ritual umbandista relativo a Exu, ainda há um tumor que está dentro dos nossos centros espíritas e que precisa ser extirpado, que é a falta de doutrina que absurdamente cega nossos médiuns. Se todos os médiuns de Umbanda soubessem através da doutrina, o que são, o que significam e qual a missão dos Exus de incorporação, cairiam por terra todos os preconceitos. Aliás, a missão mais espinhosa ficou com as religiões afro-brasileiras. Nas igrejas católica e protestante é muito simples. Ao depararem-se com um espírito sob a forma de Exu, expulsam-no, mandando para as profundezas. No Kardecismo, tentam “doutriná-lo”, como se uma missão terminasse em minutos. Na Umbanda e no Candomblé, temos que conhecer, respeitar, ajudar e entender a missão desse espírito, para que ele possa evoluir em busca da redenção. E quem dera que toda missão fosse tão apaixonante e gratificante quanto esta! Salve Sr Zé Pilintra! Meu grande amigo e meu Exu de trabalho.
  • 48. 48 . Bibliografia Verger, Pierre - Os Orixás Verger, Pierre – Lendas Africanas dos Orixás Verger, Pierre - Ewé Barcellos, Mario Cesar - Os Orixás e o Segredo da Vida Da Silva, Ornato José - Ervas Raízes Africana. Enciclopédia Comptons = 1995 Ribeiro, José - O Jogo de Búzios. Baptista, Hilmar – Apostilas. PAULO NEWTON DE ALMEIDA (Umbanda e seus Caboclos) Templo Umbandista A Caminho da Luz