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Faculdade e Escola Técnica Egídio José da Silva
FATEGÍDIO
APOSTILA DE ANATOMIA E
FISIOLOGIA HUMANAS
MAIO/2009
3
Organizador:
Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA
Colaboradores:
Prof. Esp. ADRÉ LUIS VELANO
Prof. Esp. FABIANA PARO PEREIRA
Prof. Esp. FABRICIO BRITO MUNIZ
Prof. Esp. LEONARDO FIGUEIREDO SANTOS
Capa:
Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA e
Secretário SERGIO TELES
Citações:
Esta Apostila foi baseada em texto da Professora MSc. Maria Luisa Miranda Vilela,
Licenciada em Ciências Biológicas pela PUC/MG, tem especialização nos cursos de Biologia
dos Vertebrados pela PUC/MG e Genética Humana pela UnB e mestrado em Microbiologia
pela UFMG (defesa de dissertação em genética molecular de Leishmania). Atualmente é
doutoranda no Curso de Pós-Graduação em Biologia Animal da UnB, pelo Dept° de Genética
e Morfologia, Laboratório de Genética.Lecionou Ciências no Ensino Fundamental, Biologia no
Ensino Médio e Citologia nas Faculdades Metodistas Isabela Hendrix, em Belo Horizonte/MG.
Em Brasília/DF, leciona biologia no ensino médio, desde 1994: em 1994 e 1995, nos Centros
Educacionais La Salle e Sagrada Família; de 1996 até agora, no Centro Educacional
Leonardo da Vinci. Cursos de atualização: Genética e Sociedade (UnB); Bioquímica, Nutrição
e Saúde (UnB); Ecologia e Gestão Ambiental (UFMG).
4
Aos alunos:
O mestre disse a um dos seus alunos: Yu,
queres saber em que consiste o
conhecimento? Consiste em ter
consciência tanto de conhecer uma coisa
quanto de não a conhecer. Este é o
conhecimento..
5
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA ................................................. 6
1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA ...................................................................... 6
1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA ...................................................... 6
1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA ...............................................................6
1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA .............................................................................7
1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO.................................................................7
1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO..............8
1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO.........................................................8
1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO ............................................................................9
1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAI ...................................................... 9
1.10 - PLANOS ANATÔMICO ..........................................................................10
1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA ..................................................10
2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO............................................................... 11
2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO............................................................................... 11
2.2 - SISTEMA ARTICULAR ....................................................................................21
2.3 - SISTEMA MUSCULAR ............................................................................27
3 - SISTEMA NERVOSO ..................................................................................36
4 - SISTEMA CIRCULATÓRIO ........................................................................57
5 - SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................66
6 - O SISTEMA DIGESTÓRIO ........................................................................72
7 - SISTEMA URINÁRIO/EXCRETOR .............................................................79
8 - SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ...................................................83
9 - SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ........................................................85
10 - SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................95
11 – SISTEMA SENSORIAL ............................................................................99
12 - SISTEMA TEGUMENTAR ......................................................................110
6
1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA
1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA
No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e
microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados.
Um excelente e amplo conceito de Anatomia foi proposto em 1981 pela American
Association of Anatomists: anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a
função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e
ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da
construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias
partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A
amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das mudanças a longo
prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária
em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, associadas
com fases diferentes de atividade funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura
estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus
órgãos até as organelas celulares e macromoléculas.
A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte).
Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a
anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos
desta ciência.
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização
humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos,
expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras.
Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: Anatomia
macroscópica, Anatomia microscópica e Anatomia do desenvolvimento.
A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando
ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é
aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de
instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é
dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se
organizam para a formação de órgãos).
A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo
fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do desenvolvimento até
o nascimento. Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a
existência de estudos específicos.
1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA
Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é
encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo
da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital. Este é o padrão.
Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila. Como não existe perda
funcional esta é uma variação.
Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a
anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral,
incompatível com a vida, é uma monstruosidade.
1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA
7
Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos
empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de
Nomenclatura Anatômica. Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século
passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França,
Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações
diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de
inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje
reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma
nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de
Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi
aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris
Nomina Anatomica). Revisões subseqüentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a
nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada,
desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em
Congressos Internacionais de Anatomia . A língua oficialmente adotada é o latim (por ser
“língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma
estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para
a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura.
Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os
termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu
trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento
sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da
escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há
nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo
uso.
1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA
Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a
posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição
anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos,
referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na
posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou
bípede), com a face voltada para a frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores
estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores
unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.
1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO
O corpo humano divide-se em cabeça, tronco e membros.
2.1. Cabeça
A cabeça é dividida em duas partes: crânio e face. Uma linha imaginária passando pelo
topo das orelhas e dos olhos é o limite aproximada entre estas duas regiões. O crânio contém o
encéfalo no seu interior, na chamada cavidade craniana. As lesões crânioencefálicas são as
causas mais freqüentes de óbito nas vitimas de trauma. A face é a sede dos órgãos dos sentidos
da visão, audição, olfato e paladar. Abriga as aberturas externas do aparelho respiratório e
digestivo. As lesões da face podem ameaçar a vida devido ao sangramento e obstrução das vias
aéreas.
2.2. Tronco
O tronco é dividido em pescoço, tórax, abdome e pelve.
2.2.1. Pescoço
Contém varias estruturas importantes. É suportado pela coluna cervical que abriga no
seu interior a porção cervical da medula espinhal. As porções superiores do trato respiratório e
digestivo passam pelo pescoço em direção ao tórax e abdome. Contém também vasos
8
sangüíneos calibrosos responsáveis pela irrigação da cabeça. As lesões do pescoço de maior
gravidade são as fraturas da coluna cervical com ou sem lesão medular, as lesões do trato
respiratório e as lesões de grandes vasos com hemorragia severa.
2.2.2. Tórax
Contém no seu interior, na chamada cavidade torácica, a parte inferior do trato
respiratório (vias aéreas inferiores), os pulmões, o esôfago, o coração e os grandes vasos
sangüíneos que chegam ou saem do coração. É sustentado por uma estrutura óssea da qual
fazem parte a coluna vertebral torácica, as costelas, o esterno, as clavículas e a escápula. As
lesões do tórax são a segunda causa mais freqüente de morte nas vítimas de trauma.
1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO
Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua
superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico,
um paralelepípedo.
Tem-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: dois
planos verticais, um tangente ao ventre – plano ventral ou anterior – e outro ao dorso – plano
dorsal ou posterior. Estes e outros a eles paralelos são também designados como planos
frontais, por serem paralelos à “fronte”; dois planos verticais tangentes aos lados do corpo –
planos laterais direito e esquerdo e, finalmente, dois planos horizontais, um tangente à cabeça –
plano cranial ou superior – e outro à planta dos pés – plano podálico – (de podos = pé) ou inferior.
O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano horizontal que tangencia o vértice
do cóccix, ou seja, o osso que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por esta
razão, este plano é denominado caudal.
Os planos descritos são de delimitação. É possível traçar também planos de secção: o
plano que divide o corpo humano em metades direita e esquerda é denominado mediano. Toda
secção do corpo feita por planos paralelos ao mediano é uma secção sagital (corte sagital) e os
planos de secção são também chamados sagitais; os planos de secção que são paralelos aos
planos ventral e dorsal são ditos frontais e a secção é também denominada frontal (corte
frontal); os planos de secção que são paralelos aos planos cranial, podálico e caudal são
horizontais. A secção é denominada transversal.
1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO
A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos planos de
delimitação e secção.
Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamadas de medial e
lateral conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano mediano do
corpo.
Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou ventral)
e posterior (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do
plano anterior.
Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial) para a
mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste plano.
Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros emprega-se, comumente, os
termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante
da raiz do membro. Para o tubo digestivo emprega-se os termos oral e aboral, referindo-se às
estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da boca.
Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de intermédia.
Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra posterior, ou entre uma
superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou ainda uma oral e outra aboral)
é denominada de média.
Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas, sendo
este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana, enquanto os
9
outros termos de posição e direção são relativos, pois baseiam-se na comparação da posição de
uma estrutura em relação a posição de outra
A anatomia é o estudo da forma e da constituição do corpo, pré-requisito indispensável
para o estudo da fisiologia dos órgãos. Seu estudo compreende tanto a evolução do indivíduo
desde a fase de zigoto até a velhice (ontogenia), como o desenvolvimento de uma estrutura no
reino animal (filogenia).
A anatomia macroscópica pode ser estudada de duas formas: (1) anatomia sistemática ou
descritiva, que estuda os vários sistemas separadamente e (2) anatomia topográfica ou cirúrgica,
que estuda todas as estruturas de uma região e suas relações entre si.
ORIGEM EMBRIOLÓGICA
Quanto à origem, os órgãos podem ser classificados em homólogos ou análogos. Diz-se que
dois órgãos são homólogos quando possuem a mesma origem embriológica mas diferentes
funções, como, por exemplo, os membros superiores do homem e as asas dos pássaros. A
analogia, por sua vez, acontece quando dois órgãos tem funções semelhantes e diferentes
origens embriológicas, como ocorre com os pulmões humanos e as guelras dos peixes.
1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO
1. inspeção: analisando através da visão. A análise pode ser de órgãos externos (ectoscopia) ou
internos (endoscopia);
2. palpação: analisando através do tato é possível verificar a pulsação, os tendões musculares e
as saliências ósseas, dentre outras coisas;
3. percussão: através de batimentos digitais na superfície corporal podemos produzir sons
audíveis, que ajudam a determinar a composição de órgãos ou estruturas (gases, líquidos ou
sólidos);
4. ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcionamento (Ex.: coração, pulmão, intestino);
5. mensuração: permite a avaliação da simetria corporal e de eventuais megalias;
6. dissecção: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma melhor
visualização;
7. métodos de estudo por imagem: inclui o raioX, ecografia, ressonância nuclear magnética e
tomografia computadorizada.
1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS
Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem
ser descritas:
1. idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa
escrotal e nela se localizando durante a vida adulta;
2. sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital,
enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal;
3. raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar,
enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira
vértebra lombar;
4. tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças morfológicas. Os principais
tipos são:
4.a- longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas
o estômago
geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente;
4.b- brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras
costumam estar
dispostas mais horizontalmente;
4.c- mediolíneo: características intermediárias.
10
A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem
semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças,
como por exemplo a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos.
1.10 - PLANOS ANATÔMICOS
O corpo humano é dividido por três eixos imaginários:
1. o eixo vertical ou longitudinal, que une a cabeça aos pés, classificado como heteropolar;
2. o eixo de profundidade ou ântero-posterior, que une o ventre ao dorso, classificado como
heteropolar;
3. o eixo de largura ou transversal, que une o lado direito ao lado esquerdo, classificado como
homopolar.
No momento em que projetamos um eixo sobre outro temos um plano. Existem quatro
planos principais:
1. o plano sagital, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do eixo
longitudinal;
2. o plano sagital mediano, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do
eixo longitudinal na linha mediana, dividindo o corpo em duas metades aparentemente
simétricas, denominadas antímeros;
3. o plano transversal ou horizontal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do
eixo ântero-posterior. Uma série sucessiva de planos transversais divide o corpo em segmentos
denominados metâmeros;
4. o plano frontal ou coronal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do eixo
longitudinal, dividindo o corpo em porções chamadas de paquímeros.
1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA
Inferior ou caudal: mais próximo dos pés;
Superior ou cranial: mais próximo da cabeça;
Anterior ou ventral: mais próximo do ventre;
Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso;
Proximal: mais próximo do ponto de origem;
Distal: mais afastado do ponto de origem;
Medial: mais próximo do plano sagital mediano;
Lateral: mais afastado do plano sagital mediano;
Superficial: mais próximo da pele;
Profundo: mais afastado da pele;
Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo;
Contra-lateral: do lado oposto do corpo;
Holotopia: localização geral de um órgão no organismo. Ex.: o fígado está localizado no
abdômen;
Sintopia: relação de vizinhança. Ex.: o estômago está abaixo do diafragma, a direita do baço e a
esquerda do fígado;
Esqueletopia: relação com esqueleto. Ex.: coração atrás do esterno e da terceira, quarta e quinta
costelas;
Idiotopia: relação entre as partes de um mesmo órgão. Ex.: ventrículo esquerdo adiante e abaixo
do átrio esquerdo.
11
2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO
2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem
evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997.
Além de dar sustentação ao
corpo, o esqueleto protege os
órgãos internos e fornece pontos
de apoio para a fixação dos
músculos. Ele constitui-se de
peças ósseas (ao todo 208
ossos no indivíduo adulto) e
cartilaginosas articuladas, que
formam um sistema de
alavancas movimentadas pelos
músculos.
O esqueleto humano pode
ser dividido em duas partes:
1-Esqueleto axial: formado
pela caixa craniana, coluna
vertebral caixa torácica.
2-Esqueleto apendicular:
compreende a cintura escapular,
formada pelas escápulas e
clavículas; cintura pélvica,
formada pelos ossos ilíacos (da
bacia) e o esqueleto dos
membros (superiores ou
anteriores e inferiores ou
posteriores).
1-Esqueleto axial
1.1-Caixa craniana
Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital,
esfenóide, nasal, lacrimais, malares ("maçãs do rosto" ou zigomático), maxilar
superior e mandíbula (maxilar inferior).
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed.
Moderna, 1997.
12
Observações:
Primeiro - no osso
esfenóide existe uma
depressão denominada de sela
turca onde se encontra uma
das menores e mais
importantes glândulas do corpo
humano - a hipófise, no centro
geométrico do crânio.
Segundo - Fontanela ou
moleira é o nome dado à
região alta e mediana, da
cabeça da criança, que facilita
a passagem da mesma no canal do parto; após o nascimento, será substituída por
osso.
1.2-Coluna vertebral
É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se
sobrepõem constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; é
dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna
torácica, coluna lombar, coluna sacral, coluna cocciciana (coccix).
1.3-Caixa torácica
É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas,
que são em número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se
inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao
esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, não se fixando ao
esterno).
13
2- Esqueleto apendicular
2-1- Membros e cinturas articulares
Cada membro superior é composto
de braço, antebraço, pulso e mão. O
osso do braço – úmero – articula-se no
cotovelo com os ossos do antebraço:
rádio e ulna. O pulso constitui-se de
ossos pequenos e maciços, os carpos.
A palma da mão é formada pelos
metacarpos e os dedos, pelas
falanges.
Cada membro inferior compõe-se
de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso
da coxa é o fêmur, o mais longo do
corpo. No joelho, ele se articula com os
dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula.
A região frontal do joelho está protegida
por um pequeno osso circular: a rótula.
Ossos pequenos e maciços, chamados
tarsos, formam o tornozelo. A planta do
pé é constituída pelos metatarsos e os
dedos dos pés (artelhos), pelas
falanges.
Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o
nome de cintura ou de cinta. A
cintura superior se chama cintura
torácica ou escapular (formada
pela clavícula e pela escápula ou
omoplata); a inferior se chama
cintura pélvica, popularmente
conhecida como bacia (constituída
pelo sacro - osso volumoso
resultante da fusão de cinco
vértebras, por um par de ossos
ilíacos e pelo cóccix, formado por
quatro a seis vértebras
rudimentares fundidas). A primeira
sustenta o úmero e com ele todo o
braço; a segunda dá apoio ao
fêmur e a toda a perna.
3 - Juntas e articulações
Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as
do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras
juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto
realizar movimentos.
14
4 - Ligamentos
Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos,
cordões resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão
firmemente unidos às membranas que revestem os ossos.
5 - Classificação dos ossos
Os ossos são classificados de acordo
com a sua forma em:
A - Longos: têm duas extremidades ou
epífises; o corpo do osso é a diáfise; entre a
diáfise e cada epífise fica a metáfise. A
diáfise é formada por tecido ósseo compacto,
enquanto a epífise e a metáfise, por tecido
ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur, úmero.
Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem
evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997, com
adaptações
B- Curtos: têm as três extremidades
praticamente equivalentes e são encontrados
nas mãos e nos pés. São constituídos por
tecido ósseo esponjoso. Exemplos: calcâneo,
tarsos, carpos.
C - Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de tecido ósseo
compacto, tendo entre elas uma camada de tecido
ósseo esponjoso e de medula óssea Exemplos:
esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula.
Revestindo o osso compacto na
diáfise, existe uma delicada membrana - o
periósteo - responsável pelo crescimento
em espessura do osso e também pela
consolidação dos ossos após fraturas (calo
ósseo). As superfícies articulares são
revestidas por cartilagem. Entre as epífises
e a diáfise encontra-se um disco ou placa
de cartilagem nos ossos em crescimento,
tal disco é chamado de disco metafisário
(ou epifisário) e é responsável pelo crescimento longitudinal do osso. O interior dos
ossos é preenchido pela medula óssea, que, em parte é amarela, funcionando
15
como depósito de lipídeos, e, no restante, é vermelha e gelatinosa, constituindo o
local de formação das células do sangue, ou seja, de hematopoiese. O tecido
hemopoiético é popularmente conhecido por "tutano". As maiores quantidades de
tecido hematopoético estão nos ossos da bacia e no esterno. Nos ossos longos, a
medula óssea vermelha é encontrada principalmente nas epífises.
Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino:
6 - TECIDOS QUE FORMAM O ESQUELETO
6.1 - O TECIDO ÓSSEO
O tecido ósseo possui um alto grau de rigidez e resistência à pressão. Por isso,
suas principais funções estão relacionadas à proteção e à sustentação. Também
funciona como alavanca e apoio para os músculos, aumentando a coordenação e a
força do movimento proporcionado pela contração do tecido muscular.
Os ossos ainda são grandes armazenadores de substâncias, sobretudo de
íons de cálcio e fosfato. Com o envelhecimento, o tecido adiposo também vai se
acumulando dentro dos ossos longos, substituindo a medula vermelha que ali
existia previamente.
A extrema rigidez do tecido ósseo é resultado da interação entre o componente
orgânico e o componente mineral da matriz. A nutrição das células que se localizam
dentro da matriz é feita por canais. No tecido ósseo, destacam-se os seguintes
tipos celulares típicos:
• Osteócitos: os osteócitos estão localizados em
cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea.
Destas lacunas formam-se canalículos que se
dirigem para outras lacunas, tornando assim a
difusão de nutrientes possível graças à
comunicação entre os osteócitos. Os osteócitos
têm um papel fundamental na manutenção da
integridade da matriz óssea.
16
• Osteoblastos: os osteoblastos sintetizam a
parte orgânica da matriz óssea, composta por
colágeno tipo I, glicoproteínas e
proteoglicanas. Também concentram fosfato
de cálcio, participando da mineralização da
matriz. Durante a alta atividade sintética, os
osteoblastos destacam-se por apresentar
muita basofilia (afinidade por corantes
básicos). Possuem sistema de comunicação
intercelular semelhante ao existente entre os osteócitos. Os osteócitos
inclusive originam-se de osteoblastos, quando estes são envolvidos
completamente por matriz óssea. Então, sua síntese protéica diminui e o seu
citoplasma torna-se menos basófilo.
• Osteoclastos: os osteoclastos participam dos processos de absorção e
remodelação do tecido ósseo. São células
gigantes e multinucleadas, extensamente
ramificadas, derivadas de monócitos que
atravessam os capilares sangüíneos. Nos
osteoclastos jovens, o citoplasma apresenta uma
leve basofilia que vai progressivamente
diminuindo com o amadurecimento da célula, até
que o citoplasma finalmente se torna acidófilo
(com afinidade por corantes ácidos). Dilatações dos osteoclastos, através da
sua ação enzimática, escavam a matriz óssea, formando depressões
conhecidas como lacunas de Howship.
• Matriz óssea: a matriz óssea é composta por uma parte orgânica (já
mencionada anteriormente) e uma parte inorgânica cuja composição é dada
basicamente por íons fosfato e cálcio formando cristais de hidroxiapatita. A
matriz orgânica, quando o osso se apresenta descalcificado, cora-se com os
corantes específicos do colágeno (pois ela é composta por 95% de colágeno
tipo I).
A classificação baseada no critério histológico admite apenas duas variantes
de tecido ósseo: o tecido ósseo compacto ou denso e o tecido ósseo esponjoso ou
lacunar ou reticulado. Essas variedades apresentam o mesmo tipo de célula e de
substância intercelular, diferindo entre si apenas na disposição de seus elementos e
na quantidade de espaços medulares. O tecido ósseo esponjoso apresenta
espaços medulares mais amplos, sendo formado por várias trabéculas, que dão
aspecto poroso ao tecido. O tecido ósseo compacto praticamente não apresenta
espaços medulares, existindo, no entanto, além dos canalículos, um conjunto de
canais que são percorridos por nervos e vasos sangüíneos: canais de Volkmann e
canais de Havers. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam
grande sensibilidade e capacidade de regeneração.
Os canais de Volkmann partem da superfície do osso (interna ou externa),
possuindo uma trajetória perpendicular em relação ao eixo maior do osso. Esses
canais comunicam-se com os canais de Havers, que percorrem o osso
longitudinalmente e que podem comunicar-se por projeções laterais. Ao redor de
cada canal de Havers, pode-se observar várias lamelas concêntricas de substância
intercelular e de células ósseas. Cada conjunto deste, formado pelo canal central
17
de Havers e por lamelas concêntricas é denominado sistema de Havers ou
sistema haversiano. Os canais de Volkmann não apresentam lamelas
concêntricas.
Tecido ósseo compacto
Tecido ósseo esponjoso
Os tecidos ósseos descritos são os tecidos mais abundantes dos ossos
(órgãos): externamente temos uma camada de tecido ósseo compacto e
internamente, de tecido ósseo esponjoso. Os ossos são revestidos externa e
internamente por membranas denominadas periósteo e endósteo, respectivamente.
Ambas as membranas são vascularizadas e suas células transformam-se em
osteoblastos. Portanto, são importantes na nutrição e oxigenação das células do
tecido ósseo e como fonte de osteoblastos para o crescimento dos ossos e
reparação das fraturas. Além disto, nas regiões articulares encontramos as
cartilagens fibrosas. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos
apresentam grande sensibilidade e capacidade de regeneração.
No interior dos ossos está a medula óssea, que pode ser:
vermelha: formadora de células do sangue e plaquetas (tecido reticular ou
hematopoiético): constituída por células reticulares associadas a fibras reticulares.
amarela: constituída por tecido adiposo (não produz células do sangue).
18
No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha. Já no adulto, a medula
vermelha fica restrita aos ossos chatos do corpo (esterno, costelas, ossos do
crânio), às vértebras e às epífises do fêmur e do úmero (ossos longos). Com o
passar dos anos, a medula óssea vermelha presente no fêmur e no úmero
transforma-se em amarela.
6.2 - O TECIDO CARTILAGINOSO
O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo de
consistência rígida. Desempenha a função de suporte de tecidos moles, reveste
superfícies articulares onde absorve choques, facilita os deslizamentos e é
essencial para a formação e crescimento dos ossos longos. A cartilagem é um tipo
de tecido conjuntivo composto exclusivamente de células chamadas condrócitos e
de uma matriz extracelular altamente especializada.
É um tecido avascular, não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos
capilares do conjuntivo envolvente (pericôndrio) ou através do líquido sinovial das
19
cavidades articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as
cartilagens, indo nutrir outros tecidos. O tecido cartilaginoso também é desprovido
de vasos linfáticos e de nervos. Dessa forma, a matriz extracelular serve de trajeto
para a difusão de substâncias entre os vasos sangüíneos do tecido conjuntivo
circundante e os condrócitos. As cavidades da matriz, ocupadas pelos condrócitos,
são chamadas lacunas; uma lacuna pode conter um ou mais condrócitos. A matriz
extracelular da cartilagem é sólida e firme, embora com alguma flexibilidade, sendo
responsável pelas suas propriedades elásticas. As propriedades do tecido
cartilaginoso, relacionadas ao seu papel fisiológico, dependem da estrutura da
matriz, que é constituída por colágeno ou colágeno mais elastina, em associação
com macromoléculas de proteoglicanas (proteína + glicosaminoglicanas). Como o
colágeno e a elastina são flexíveis, a consistência firme das cartilagens se deve às
ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas das proteoglicanas e o
colágeno, e à grande quantidade de moléculas de água presas a estas
glicosaminoglicanas (água de solvatação) que conferem turgidez à matriz.
As cartilagens (exceto as articulares e as peças de cartilagem fibrosa) são
envolvidas por uma bainha conjuntiva que recebe o nome de pericôndrio, o qual
continua gradualmente com a cartilagem por uma face e com o conjuntivo
adjacente pela outra. As cartilagens basicamente se dividem em três tipos distintos:
1) cartilagem hialina; 2) fibrocartilagem ou cartilagem fibrosa; 3) cartilagem elástica.
6.2.1 - Cartilagem hialina
Distingue-se pela presença de uma
matriz vítrea, homogênea e amorfa
(figura ao lado). Por toda cartilagem há
espaços, chamados lacunas, no interior
das lacunas encontram-se condrócitos.
Essas lacunas são circundadas pela
matriz, a qual tem dois componentes:
fibrilas de colágeno e matriz
fundamental
Essa cartilagem forma o esqueleto inicial do feto; é a precursora dos ossos que
se desenvolverão a partir do processo de ossificação endocondral. Durante o
desenvolvimento ósseo endocondral, a cartilagem hialina funciona como placa de
crescimento epifisário e essa placa continua funcional enquanto o osso estiver
crescendo em comprimento. No osso longo do adulto, a cartilagem hialina está
presente somente na superfície articular. No adulto, também está presente como
unidade esquelética na traquéia, nos brônquios, na laringe, no nariz e nas
extremidades das costelas (cartilagens costais).
20
Pericôndrio: a cartilagem hialina geralmente é circundada por um tecido
conjuntivo firmemente aderido, chamado pericôndrio. O pericôndrio não está
presente nos locais em que a cartilagem forma uma superfície livre, como nas
cavidades articulares e nos locais em que ela entra em contato direto com o osso.
Sua função não é apenas a de ser uma cápsula de cobertura; tem também a função
de nutrição, oxigenação, além de ser fonte de novas células cartilaginosas. É rico
em fibras de colágeno na parte mais superficial, porém, à medida que se aproxima
da cartilagem, é mais rico em células.
Calcificação: a calcificação consiste na deposição de fosfato de cálcio sob a
forma de cristais de hidroxiapatita, precedida por um aumento de volume e morte
das células. A matriz da cartilagem hialina sofre calcificação regularmente em três
situações bem definidas: 1) a porção da cartilagem articular que está em contato
com o osso é calcificada; 2) a calcificação sempre ocorre nas cartilagens que estão
para ser substituídas por osso durante o período de crescimento do indivíduo; 3) a
cartilagem hialina de todo o corpo se calcifica como parte do processo de
envelhecimento.
Regeneração: a cartilagem que sofre lesão regenera-se com dificuldade e,
freqüentemente, de modo incompleto, salvo em crianças de pouca idade. No adulto,
a regeneração se dá pela atividade do pericôndrio. Havendo fratura de uma peça
cartilaginosa, células derivadas do pericôndrio invadem a área da fratura e dão origem a
tecido cartilaginoso que repara a lesão. Quando a área destruída é extensa, ou mesmo,
algumas vezes, em lesões pequenas, o pericôndrio, em vez de formar novo tecido
cartilaginoso, forma uma cicatriz de tecido conjuntivo denso.
6.2.2 - Cartilagem elástica
Esta é uma cartilagem na qual a matriz
contém fibras elásticas e lâminas de material
elástico, além das fibrilas de colágeno e da
substância fundamental. O material elástico
confere maior elasticidade à cartilagem, como
a que se pode ver no pavilhão da orelha. A
presença desse material elástico (elastina)
confere a esse tipo de cartilagem uma cor
amarelada, quando examinado a fresco. A
cartilagem elástica pode estar presente
isoladamente ou formar uma peça
cartilaginosa junto com a cartilagem hialina. Como a cartilagem hialina, a elástica
possui pericôndrio e cresce principalmente por aposição. A cartilagem elástica é
menos sujeita a processos degenerativos do que a hialina. Ela pode ser encontrada
21
no pavilhão da orelha, nas paredes do canal auditivo externo, na tuba auditiva e na
laringe. Em todos estes locais há pericôndrio circundante. Diferentemente da
cartilagem hialina, a cartilagem elástica não se calcifica.
6.2.3 - Fibrocartilagem ou Cartilagem fibrosa
A cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem é um tecido com características
intermediárias entre o conjuntivo denso e a cartilagem hialina. É uma forma de
cartilagem na qual a matriz contém feixes evidentes de espessas fibras colágenas.
Na cartilagem fibrosa, as numerosas fibras colágenas constituem feixes, que
seguem uma orientação aparentemente irregular entre os condrócitos ou um
arranjo paralelo ao longo dos condrócitos em fileiras. Essa orientação depende das
forças que atuam sobre a fibrocartilagem. Os feixes colágenos colocam-se
paralelamente às trações exercidas sobre eles. Na fibrocartilagem não existe
pericôndrio. A fibrocartilagem está caracteristicamente presente nos discos
intervertebrais, na sínfise púbica, nos discos articulares das articulações dos
joelhos e em certos locais onde os tendões se ligam aos ossos. Geralmente, a
presença de fibrocartilagem indica que naquele local o tecido precisa resistir à
compressão e ao desgaste.
6.3 - Crescimento
A cartilagem possui dois tipos de crescimento: aposicional e intersticial.
Crescimento aposicional é a formação de cartilagem sobre a superfície de uma
cartilagem já existente. As células empenhadas nesse tipo de crescimento derivam
do pericôndrio. O crescimento intersticial ocorre no interior da massa cartilaginosa.
Isso é possível porque os condrócitos ainda são capazes de se dividir e porque a
matriz é distensível. Embora as células-filhas ocupem temporariamente a mesma
lacuna, separam-se quando secretam nova matriz extracelular. Quando parte desta
última matriz é secretada, forma-se uma divisão entre as células e, neste ponto,
cada célula ocupa sua própria lacuna. Com a continuidade da secreção da matriz,
as células ficam ainda mais separadas entre si.
Na cartilagem do adulto, os condrócitos freqüentemente estão situados em
grupos compactos ou podem estar alinhados em fileiras. Esses grupos de
condrócitos são formados como conseqüência de várias divisões sucessivas
durante a última fase de desenvolvimento. Há pouca produção de matriz adicional e
os condrócitos permanecem em íntima aposição. Tais grupos são chamados de
grupos isógenos.
2.2 - SISTEMA ARTICULAR
Articulação ou juntura é a conexão entre duas ou
mais peças esqueléticas (ossos ou cartilagens). Essas
uniões não só colocam as peças do esqueleto em contato,
como também permitem que o crescimento ósseo ocorra e
que certas partes do esqueleto mudem de forma durante o
parto. Além disto, capacitam que partes do corpo se
movimentem em resposta a contração muscular.
Embora apresentem consideráveis variações entre
elas, as articulações possuem certos aspectos estruturais e funcionais em comum
que permitem classificá-las em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e
22
sinoviais. O critério para esta divisão é o da natureza do elemento que se interpõe
às peças que se articulam.
2.1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES
a- Quanto a duração;
b- Quanto a maneira de fixação aos ossos;
c- Quanto a natureza do tecido interposto;
d- Quanto ao número de eixos.
e- Quanto ao número de ossos.
2.1.A - QUANTO A DURAÇÃO
-Temporárias
(Ex. Linha epifisiária)
-Permanentes
(Ex. Articulação do ombro
2.1.B - QUANTO A MANEIRA DE FIXAÇÃO AOS OSSOS
-Continuidade
(Ex. Disco intervertebral)
-Contigüidade
(Ex. Articulação do cotovelo)
2.1.C - QUANTO A NATUREZA DO TECIDO INTERPOSTO
- Fibrosas (IMÓVEIS)
- Cartilaginosas ou cartilagíneas (SEMI-MÓVEIS)
- Sinoviais (MÓVEIS)
Articulações fibrosas (móveis)
As articulações nas quais o elemento que se interpõe às peças que se
articulam é o tecido conjuntivo fibroso são ditas fibrosas (ou sinartroses). O grau de
mobilidade delas, sempre pequeno, depende do comprimento das fibras
interpostas. Existem três tipos de articulações fibrosas: sutura, sindesmose e
gonfose.
As suturas, que são encontradas somente entre os ossos do
crânio, são formadas por várias camadas fibrosas, sendo a união
suficientemente íntima de modo a limitar intensamente os
movimentos, embora confiram uma certa elasticidade ao crânio.
A maneira pela qual as bordas dos ossos articulados entram em
contato é variável, reconhecendo-se suturas planas (união linear
retilínea ou aproximadamente retilínea), suturas escamosas
(união em bisel) e suturas serreadas (união em linha “denteada”).
No crânio, a articulação entre os ossos nasais é uma sutura
plana; entre os parietais, sutura denteada; entre o parietal e o
temporal, escamosa.
23
No crânio do feto e recém-nascido, onde a ossificação ainda é incompleta, a
quantidade de tecido conjuntivo fibroso interposto é muito maior, explicando a
grande separação entre os ossos e uma maior mobilidade. Estas áreas fibrosas são
denominadas fontículos (ou fontanelas). São elas que permitem, no momento do
parto, uma redução bastante apreciável do volume da cabeça fetal pela
sobreposição dos ossos do crânio. Esta redução de volume facilita a expulsão do
feto para o meio exterior.
Na idade avançada pode ocorrer ossificação do tecido interposto (sinostose),
fazendo com que as suturas, pouco a pouco, desapareçam e, com elas, a
elasticidade do crânio.
Nas sindesmoses os ossos estão unidos por uma faixa de tecido fibroso,
relativamente longa, formando ou um ligamento interósseo ou uma membrana
interóssea, nos casos, respectivamente de menor ou maior comprimento das fibras,
o que condiciona um menor ou maior grau de movimentação. Exemplos típicos são
a sindesmose tíbio-fibular e a membrana interóssea radio-ulnar.
Gonfose é a articulação específica entre os dentes e seus receptáculos, os
alvéolos dentários. O tecido fibroso do ligamento periodontal segura firmemente o
dente no seu alvéolo. A presença de movimentos nesta articulação significa uma
condição patológica.
CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS (semi-móveis)
SINCONDROSE
SÍNFISE
- Cartilagem Hialina
- Fribro-cartilagem
Nas articulações cartilaginosas o tecido que se interpõe é a cartilagem.
Quando se trata de cartilagem hialina, temos as sincondroses; nas sínfises a
cartilagem é fibrosa. Em ambas a mobilidade é reduzida. As sincondroses são raras
e o exemplo mais típico é a sincondrose esfeno-occipital que pode ser visualizada
na base do crânio. Exemplo de sínfise é a união, no plano mediano, entre as
porções púbicas dos ossos do quadril, constituindo a sínfise púbica. Também as
articulações que se fazem entre os corpos das vértebras podem ser consideradas
como sínfise, uma vez que se interpõe entre eles um disco de fibrocartilagem - o
disco intervertebral.
Articulações sinoviais
CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
PLANA
GÍNGLIMO
TROCÓIDE
CONDILAR
SELAR
ESFERÓIDE
A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra e
isto é impossível quando entre elas interpõe-se um meio de ligação, seja fibroso ou
cartilagíneo. Para que haja o grau desejável de movimento, em muitas articulações,
o elemento que se interpõe às peças que se articulam é um líquido denominado
sinóvia, ou líquido sinovial.
Além da presença deste líquido, as articulações sinoviais possuem três outras
características básicas: cartilagem articular, cápsula articular e cavidade articular.
a cartilagem articular é a cartilagem do tipo hialino que reveste as superfícies
em contato numa determinada articulação (superfícies articulares), ou seja, a
cartilagem articular é a porção do osso que não foi invadida pela ossificação. Em
virtude deste revestimento as superfícies articulares se apresentam lisas, polidas e
24
de cor esbranquiçada. A cartilagem articular é avascular e não possui também
inervação. Sua nutrição, portanto, principalmente nas áreas mais centrais, é
precária, o que torna a regeneração, em caso de lesões, mais difícil e lenta.
a cápsula articular é uma membrana conjuntiva que envolve a articulação
sinovial como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa
(externa) e a membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar
reforçada, em alguns pontos, por ligamentos , destinados a aumentar sua
resistência. Em muitas articulações sinoviais, todavia, existem ligamentos
independentes da cápsula articular e em algumas, como na do joelho, aparecem
também ligamentos intra-articulares.
cavidade articular é o espaço existente entre as superfícies articulares, estando
preenchido pelo líquido sinovial
Ligamentos e cápsula articular têm por finalidade manter a união entre os
ossos, mas além disto, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a
amplitude dos movimentos considerados normais.
A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É
abundantemente vascularizada e inervada, sendo encarregada da produção da
sinóvia (líquido sinovial), o qual tem consistência similar a clara do ovo e tem por
funções lubrificar e nutrir as cartilagens articulares. O volume de líquido sinovial
presente em uma articulação é mínimo, somente o suficiente para revestir
delgadamente as superfícies articulares e localiza-se na cavidade articular.
Além destas características, que são comuns a todas articulações sinoviais,
em várias delas encontram-se formações fibrocartilagíneas, interpostas às
superfícies articulares, os discos e meniscos, de função discutida: serviriam à
melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou
seriam estruturas destinadas a receber violentas pressões, agindo como
amortecedores. Meniscos, com sua característica forma de meia lua, são
encontrados na articulação do joelho. Discos são encontrados nas articulações
esternoclavicular e temporomandibular.
movimentos das articulações sinoviais
As articulações fibrosas e cartilagíneas tem um mínimo grau de mobilidade.
Assim, a verdadeira mobilidade articular é dada pelas articulações sinoviais. Estes
movimentos ocorrem, obrigatoriamente, em torno de um eixo, denominado eixo de
movimento. A direção destes eixos é ântero-posterior, látero-lateral e longitudinal.
Na análise do movimento realizado, a determinação do eixo de movimento é feita
obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é sempre
perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento em questão. Assim, todo
movimento é realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é
perpendicular àquele plano. Os movimentos executados pelos segmentos do corpo
recebem nomes específicos e aqui serão definidos, a seguir, apenas os mais
comuns:
flexão e extensão são movimentos angulares, ou seja, neles ocorre uma
diminuição ou um aumento do ângulo existente entre o segmento que se desloca e
aquele que permanece fixo. Quando ocorre a diminuição do ângulo diz-se que há
flexão; quando ocorre o aumento, realizou-se a extensão, exceto para o pé. Neste
caso, não se usa a expressão extensão do pé: os movimentos são definidos como
flexão dorsal e flexão plantar do pé. Os movimentos angulares de flexão e extensão
ocorrem em plano sagital e, seguindo a regra, o eixo desses movimentos é látero-
lateral.
adução e abdução que são movimentos nos quais o segmento é deslocado,
respectivamente, em direção ao plano mediano ou em direção oposta, isto é,
afastando-se dele. Para os dedos prevalece o plano mediano do membro. Os
25
movimentos da adução e abdução desenvolvem-se em plano frontal e seu eixo de
movimento é ântero-posterior.
rotação que é o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo
longitudinal (vertical). Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação
medial, quando a face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do
corpo, e uma rotação lateral, no movimento oposto. A rotação é feita em plano
horizontal e o eixo de movimento, perpendicular a este plano é vertical.
circundução, é o resultado do movimento combinatório que inclui a adução,
extensão, abdução, flexão e rotação. Neste tipo de movimento, a extremidade distal
do segmento descreve um círculo e o corpo do segmento, um cone, cujo vértice é
representado pela articulação que se movimenta.
2.1.D - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE EIXOS
-NÃO AXIAL
- Planas (deslizamento)
-UNI-AXIAL
- Gínglimo (flexão/extensão) (EIXO TRANSVERSAL)
- Trocóide (rotação medila/lateral) (EIXO LONGITUDINAL)
- BI-AXIAL
- Condilar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL
e SAGITAL).
- Selar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL e
SAGITAL).
-TRI-AXIAL
- Esferóide (Circundução) (TODOS OS EIXOS) (FLEXÃO/EXTENSÃO;
ADUÇÃO/ABDUÇÃO; ROTAÇÃO MEDILA/LATERAL)
O movimento nas articulações depende, essencialmente, da forma das
superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo. Na
dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos em torno
de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classificá-las
funcionalmente. Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de
um eixo, diz-se que é mono-axial ou que possui um só grau de liberdade; será bi-
axial a que os realiza em torno de dois eixos (dois graus de liberdade); e tri-axial se
eles forem realizados em torno de três eixos (três graus de liberdade). Assim, as
articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são uni-
axiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a radio-
cárpica (articulação do punho), são bi-axiais; finalmente, as que além de flexão,
extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas tri-axiais, cujos
exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril.
Classificação morfológica das articulações sinoviais
O critério de base para a classificação morfológica das articulações sinoviais
é a forma das superfícies articulares. Contudo, às vezes é difícil fazer esta
correlação. Além disto, existem divergências entre anatomistas quanto não só a
classificação de determinadas articulações, mas também quanto à denominação
dos tipos. De acordo com a nomenclatura anatômica, os tipos morfológicos de
articulações sinoviais são:
plana, na qual as superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas,
permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. A
articulação acromioclavicular (entre o acrômio da escápula e a clavícula) é um
exemplo. Deslizamento existe em todas as articulações sinoviais mas nas
articulações planas ele é discreto, fazendo com que a amplitude do movimento seja
bastante reduzida. Entretanto, deve-se ressaltar que pequenos deslizamentos entre
26
vários ossos articulados permitem apreciável variedade e amplitude de movimento.
É isto que ocorre, por exemplo, nas articulações entre os ossos curtos do carpo, do
tarso e entre os corpos das vértebras.
gínglimo, ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao
movimento (flexão e extensão) que elas realizam do que à forma das superfícies
articulares. A articulação do cotovelo é um bom exemplo de gínglimo e a simples
observação mostra como a superfície articular do úmero, que entra em contato com
a ulna, apresenta-se em forma de carretel. Todavia, as articulações entre as
falanges também são do tipo gínglimo e nelas a forma das superfícies articulares
não se assemelha a um carretel. Este é um caso concreto em que o critério
morfológico não foi rigorosamente obedecido. Realizando apenas flexão e
extensão, as articulações sinoviais do tipo gínglimo são mono-axiais.
trocóide, na qual, as superfícies articulares são segmentos de cilindro e, por
esta razão, cilindróides talvez fosse um termo mais apropriado para designá-las.
Estas articulações permitem rotação e seu eixo de movimento, único, é vertical: são
mono-axiais. Um exemplo típico é a articulação radio-ulnar proximal (entre o rádio e
a ulna) responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na
pronação ocorre uma rotação medial do rádio e, na supinação, rotação lateral. Na
posição de descrição anatômica o antebraço está em supinação.
condilar, cujas superfícies articulares são de forma elíptica e elipsóide seria
talvez um termo mais adequado. Estas articulações permitem flexão, extensão,
abdução e adução, mas não a rotação. Possuem dois eixos de movimento, sendo
portanto bi-axiais. A articulação radio-cárpica (ou do punho) é um exemplo. Outros
são a articulação temporomandibular e as articulações metacarpofalângicas.
selar, na qual a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de
sela, apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa
numa segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido
inverso da primeira. A articulação carpo-metacárpica do polegar é exemplo típico. É
interessante notar que esta articulação permite flexão, extensão, abdução, adução
e rotação (conseqüentemente, também circundução) mas é classificada como bi-
axial. O fato é justificado porque a rotação isolada não pode ser realizada
ativamente pelo polegar sendo só possível com a combinação dos outros
movimentos.
esferóide, que apresenta superfícies articulares que são segmentos de esferas
e se encaixam em receptáculos ocos. O suporte de uma caneta de mesa, que pode
ser movimentado em qualquer direção, é um exemplo não anatômico de uma
articulação esferóide. Este tipo de articulação permite movimentos em torno de três
eixos, sendo portanto, tri-axial. Assim, a articulação do ombro (entre o úmero e a
escápula) e a do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) permitem movimentos
de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução.
2.1.E – CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE ELEMENTOS
ARTICULADOS (OSSOS)
- SIMPLES
2 ossos
- COMPOSTA (ou complexa)
3 ou mais ossosComplexidade de organização
Quando apenas dois ossos entram em contato numa articulação sinovial diz-
se que ela é simples (por exemplo, a articulação do ombro); quando três ou mais
ossos participam da articulação ela é denominada composta (a articulação do
cotovelo envolve três ossos: úmero, ulna e rádio).
Inervação
27
As articulações sinoviais são muito inervadas. Os nervos são derivados dos
que suprem a pele adjacente ou os músculos que movem as articulações. As
terminações nervosas sensíveis a dor são numerosas na membrana fibrosa da
cápsula e nos ligamentos e são sensíveis ao estiramento e à torção destas
estruturas. Contudo, o principal tipo de sensibilidade é a propriocepção. Das
terminações proprioceptoras da cápsula – fusos neurotendinosos – partem
impulsos que interpretados no sistema nervoso central informam sobre a posição
relativa dos ossos da articulação, do grau e direção de movimento. As vezes, essas
informações são inconscientes, e atuam em nível de medula espinhal para controle
dos músculos que agem sobre a articulação.
2.3 - SISTEMA MUSCULAR
O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado pela
propriedade de contração e distensão de suas células, o que determina a
movimentação dos membros e das vísceras. Há basicamente três tipos de tecido
muscular: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco.
Músculo liso: o músculo involuntário localiza-se na
pele, órgãos internos, aparelho reprodutor, grandes vasos
sangüíneos e aparelho excretor. O estímulo para a
contração dos músculos lisos é mediado pelo sistema
nervoso vegetativo.
Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema
nervoso central e, como este se encontra em parte sob
controle consciente, chama-se músculo voluntário. As
contrações do músculo esquelético permitem os
movimentos dos diversos ossos e cartilagens do esqueleto.
Músculo cardíaco: este tipo de tecido muscular forma
a maior parte do coração dos vertebrados. O músculo
cardíaco carece de controle voluntário. É inervado pelo
sistema nervoso vegetati
28
Estriado esquelético
Miócitos longos, multinucleados
(núcleos periféricos).
Miofilamentos organizam-se em
estrias longitudinais e transversais.
Contração rápida e voluntária
Estriado cardíaco
Miócitos estriados com um ou dois
núcleos centrais.
Células alongadas, irregularmente
ramificadas, que se unem por
estruturas especiais: discos
intercalares.
Contração involuntária, vigorosa e
rítmica.
Liso
Miócitos alongados,
mononucleados e sem estrias
transversais.
Contração involuntária e lenta.
2.3.1 - Musculatura Esquelética
O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do
corpo, formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura
recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela
movimentação corporal.
29
Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido
conjuntivo, o perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos
quais se derivam divisões sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em
feixes (primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores
(primários), chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas
delgadíssimas que envolvem cada uma das fibras musculares. A fibra muscular é
uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é
infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro), tendo
um aspecto de filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos, de
modo que se tem a idéia de ser a fibra constituída por várias células que perderam
os seus limites, fundindo-se umas com as outras. Dessa forma, podemos dizer que
um músculo esquelético é um pacote formado por longas fibras, que percorrem o
músculo de ponta a ponta.
No citoplasma da fibra muscular esquelética há muitas miofibrilas contráteis,
constituídas por filamentos compostos por dois tipos principais de proteínas – a
actina e a miosina. Filamentos de actina e miosina dispostos regularmente
originam um padrão bem definido de estrias
(faixas) transversais alternadas, claras e escuras.
Essa estrutura existe somente nas fibras que
constituem os músculos esqueléticos, os quais
são por isso chamados músculos estriados.
Em torno do conjunto de miofibrilas de uma
fibra muscular esquelética situa-se o retículo
sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso),
especializado no armazenamento de íons cálcio.
As miofibrilas são constituídas por unidades que se repetem ao longo de seu
comprimento, denominadas sarcômeros. A distribuição dos filamentos de actina e
miosina varia ao longo do sarcômero. As faixas mais extremas e mais claras do
sarcômero, chamadas banda I, contêm apenas filamentos de actina. Dentro da
banda I existe uma linha que se cora mais intensamente, denominada linha Z, que
corresponde a várias uniões entre dois filamentos de actina. A faixa central, mais
escura, é chamada banda A, cujas extremidades são formadas por filamentos de
actina e miosina sobrepostos. Dentro da banda A existe uma região mediana mais
clara – a banda H – que contém apenas miosina. Um sarcômero compreende o
segmento entre duas linhas Z consecutivas e é a unidade contrátil da fibra
muscular, pois é a menor porção da fibra muscular com capacidade de contração e
distensão.
30
1- Bandas escuras (anisotrópicas –
banda A).
2- Faixas claras (isotrópicas –
banda I, com linha Z central).
3- Núcleos periféricos.
2.3.2 - Contração
Ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina c
sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a
desaparecer.
A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamento
dos filamentos de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de
miosina existem pequenas projeções, capazes de formar ligações com certos sítios
dos filamentos de actina, quando o músculo é estimulado. Essas projeções de
miosina puxam os filamentos de actina, forçando-os a deslizar sobre os filamentos
de miosina. Isso leva ao encurtamento das miofibrilas e à contração muscular.
Durante a contração muscular, o sarcômero diminui devido à aproximação das duas
linhas Z, e a zona H chega a desaparecer.
Constatou-se, através de microscopia eletrônica, que o sarcolema (membrana
plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, formando túbulos anastomosados
que envolvem cada conjunto de miofibrilas. Essa rede foi denominada sistema T,
pois as invaginações são perpendiculares as miofibrilas. Esse sistema é
31
responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular estriada esquelética,
não ocorrendo nas fibras lisas e sendo reduzido nas fibras cardíacas.
2.3.3 - A química da contração muscular
O estímulo para a contração muscular é geralmente um impulso nervoso, que
chega à fibra muscular através de um nervo. O impulso nervoso propaga-se pela
membrana das fibras musculares (sarcolema) e atinge o retículo sarcoplasmático,
fazendo com que o cálcio ali armazenado seja liberado no hialoplasma. Ao entrar
em contato com as miofibrilas, o cálcio desbloqueia os sítios de ligação da actina e
permite que esta se ligue à miosina, iniciando a contração muscular. Assim que
cessa o estímulo, o cálcio é imediatamente rebombeado para o interior do retículo
sarcoplasmático, o que faz cessar a contração.
A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP
produzidas durante a respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da miosina à
actina quanto em sua separação, que ocorre durante o relaxamento muscular.
Quando falta ATP, a miosina mantém-se unida à actina, causando enrijecimento
muscular. É o que acontece após a morte, produzindo-se o estado de rigidez
cadavérica (rigor mortis).
A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir
apenas alguns segundos de atividade muscular intensa. A principal reserva de
energia nas células musculares é uma substância denominada fosfato de creatina
(fosfocreatina ou creatina-fosfato). Dessa forma, podemos resumir que a energia
é inicialmente fornecida pela respiração celular é armazenada como fosfocreatina
(principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra muscular necessita de energia
para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são transferidos da
fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho muscular
é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina
pela intensificação da respiração celular. Para isso utilizam o glicogênio
armazenado no citoplasma das fibras musculares como combustível.
Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a fibra
muscular mostra, em seqüência, os seguintes eventos:
1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e Mg++ para
o citoplasma.
2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP
ásica, isto é, desdobra o ATP, liberando a energia de um radical fosfato:
32
3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de
miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas.
2.3.4 - Musculatura Lisa
A estriação não existe nos músculos viscerais, que se chamam, portanto,
músculos lisos. Os músculos viscerais são também constituídos de fibras
fusiformes, mas muito mais curtas do que as fibras musculares esqueléticas: têm,
na verdade, um tamanho que varia de 30 a 450 mícrons. Têm, além disso, um só
núcleo e não são comandados pela vontade, ou seja, sua contração é involuntária,
além de lenta. As fibras lisas recebem, também, vasos e nervos sensitivos e
motores provenientes do sistema nervoso autônomo.
Embora a contração do músculo liso também seja regulada pela concentração
intracelular de íons cálcio, a resposta da célula é diferente da dos músculos
estriados. Quando há uma excitação da membrana, os íons cálcio armazenados no
retículo sarcoplasmático são então liberados para o citoplasma e se ligam a uma
proteína, a calmodulina. Esse complexo ativa uma enzima que fosforila a miosina e
permite que ela se ligue à actina. A actina e a miosina interagem então
praticamente da mesma forma que nos músculos estriados, resultando então na
contração muscular.
2.3.5 - Musculatura Cardíaca
O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar
de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da
nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre
os dois outros tipos de tecido muscular
As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em
feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que
não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar
que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas
celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura
cardíaca.
33
A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no
músculo estriado esquelético , com algumas diferenças :
• os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético;
• retículo sarcoplasmático menor;
• as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons
cálcio mais limitada;
• tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração
cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do
cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração
ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de
volta para o retículo.
Características Lisa Estriada Esquelética Estriada Cardíaca
Forma Fusiforme Filamentar
Filamentar ramificada
(anastomosada)
Tamanho (valores médios)
Diâmetro: 7mm
Comprimento: 100mm
30mm centímetros 15mm 100mm
Estrias transversais Não há Há Há
Núcleo 1 central Muitos periféricos (sincício) 1 central
Discos intercalares Não há Não há Há
Contração Lenta, involuntária Rápida, voluntária Rápida, voluntária
Apresentação
Formam camadas
envolvendo órgãos
Formam pacotes bem
definidos, os músculos
esqueléticos
Formam as paredes do
coração (miocárdio)
2.3.6 - Musculatura Cardíaca
O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar
de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da
nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre
os dois outros tipos de tecido muscular
As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em
feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que
não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar
que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas
celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura
cardíaca.
34
A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no
músculo estriado esquelético , com algumas diferenças :
• os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético;
• retículo sarcoplasmático menor;
• as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons
cálcio mais limitada;
• tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração
cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do
cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração
ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de
volta para o retículo.
2.3.7 - Característica do Tecido Muscular
O Tecido Muscular possui quatro características principais que são importantes na
compreensão de suas funções:
Excitabilidade – capacidade do tecido muscular de receber e responder a estímulos;
Contratilidade - capacidade de encurta-se e espessar;
Extensibilidade – capacidade do tecido de distender-se;
Elasticidade – capacidade do tecido de voltar a sua forma após uma contração ou
extensão.
1.3.8 – TIPOS DE MÚSCULOS
35
2.3.9 - ORIGEM E INSERÇÃO
Origem (ponto fixo) é a extremidade do músculo que fica presa à peça óssea que não
se desloca. Inserção (ponto móvel) é a extremidade do músculo presa à peça óssea que se
desloca.
Nos membros, geralmente a origem de um músculo é proximal e a inserção distal. Porém
existem situações em que o músculo pode alterar seus pontos de origem e inserção. Exemplo:
quando um atleta eleva seu corpo numa barra, é o braço que se flete sobre o antebraço e a
peça óssea em deslocamento é o úmero. Considerando –se a ação do músculo braquial, agora
sua extremidade ulnar será a origem e a extremidade umeral será a inserção, quando
normalmente o músculo braquial prende-se na face anterior do úmero e da ulna atravessando
a articulação do cotovelo, ao contrair-se executa a flexão do antebraço e consideramos sua
extremidade umeral como origem e sua extremidade ulnar como inserção.
Origem: quando os músculos se originam por mais de um tendão, diz-se que apresentam
mais de uma cabeça de origem. São então classificados como músculos bíceps, tríceps ou
quadríceps, conforme apresentam 2, 3 ou 4 cabeças de origem. Exemplos clássicos
encontramos na musculatura dos membros e a nomenclatura acompanha a classificação.
Exemplo: músculo bíceps braquial, músculo tríceps da perna, músculo quadríceps da coxa.
Inserção: do mesmo modo os músculos podem inserir-se por mais de um tendão. Quando
há dois tendões são bicaudados, quando possuem três ou mais policaudados. Exemplo:
músculo flexor longo dos dedos do pé, músculos flexores e extensores dos dedos da mão.
Ação: dependendo da ação principal resultante da contração do músculo ele pode ser
classificado como flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador medial, rotador lateral,
pronador, supinador, flexor plantar flexor dorsal etc.
36
2.3.10 - Ação Muscular
A analise do movimento é extremamente complexa, normalmente a ação envolve a
ação de vários músculos e a ação em conjunto desses músculos damos o nome de
coordenação motora. Estudamos os grupamentos musculares normalmente de acordo com a
sua distribuição e respectivas funções: os músculos da região Ântero-medial do antebraço são
flexores da mão ou dos dedos e pronadores, ao passo que os da região póstero-lateral são
extensores da mão ou dos dedos e supinadores. No movimento voluntário há um grande
numero de ações musculares que são automáticas e semi-automáticas. Exemplo: os músculos
acionados para manter a estabilidade quando nos abaixamos para pegarmos algum objeto, o
movimento principal e dos dedos da mão só que para que o objeto seja pego é necessário que
vários outros músculos sejam solicitados a fim de realizar a função.
Quando o músculo é o principal na execução de um movimento ele é chamado de
agonista e quando ele se opõe ao trabalho muscular de agonista (seja para regular a rapidez
ou a potencia de ação deste agonista) é chamado de antagonista, porém quando o músculo
trabalha a fim de eliminar algum movimento indesejado que poderia ser produzido pelo
agonista ele passa a se chamar sinergista. Exemplo: o músculo braquial quando se contrai é o
agente ativo na flexão do antebraço sendo um agonista. Quando o músculo tríceps braquial se
contrai para fazer a extensão do antebraço, o músculo braquial se opõe a este movimento
retardando-o para que ele não execute bruscamente atuando como antagonista. Na flexão dos
dedos, os músculos flexores dos dedos são os agonistas, como os tendões de inserção destes
músculos cruzam a articulação do punho, a tendência natural é provocar também a flexão da
mão, tal fato não ocorre porque outros músculos, como os extensores do carpo, se contraem e
desta forma estabilizam a articulação do punho, impedindo assim aquele movimento
indesejado sendo o sinergista.
3 - SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a
perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas
variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o
equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e
regulação das funções corporais.
No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células
da glia (ou da neuróglia). Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e
transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a
execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais
funções, contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade (também
denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a
capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou
externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula
apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No
entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das
37
outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica
transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios
transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua
extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à
propriedade de condutibilidade.
Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação exercidas pelo
sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura básica de um neurônio e como a
mensagem nervosa é transmitida.
Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o
citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos,
que podem ser subdivididos em dendritos e axônios.
Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como
receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas" para o neurônio. Os axônios
são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. Os
axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de colaterais. Todos os
axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio propriamente dito) e um
fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é o local onde o axônio entra em
contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação (impulso nervoso)
para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula
adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas ramificações em suas regiões
terminais e cada ramificação forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares.
Estas ramificações são chamadas coletivamente de arborização terminal.
Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas do
sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios nervosos,
localizados próximo da coluna vertebral.
Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes
chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP).
O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann
(encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em muitos
axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina - invólucro
principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada proteína básica da
mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em
axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que
acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de
Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas células de Schwann, a parte
celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o
chamado neurilema.
38
O impulso nervoso
A membrana plasmática do neurônio
transporta alguns íons ativamente, do líquido
extracelular para o interior da fibra, e outros, do
interior, de volta ao líquido extracelular. Assim
funciona a bomba de sódio e potássio, que
bombeia ativamente o sódio para fora, enquanto o
potássio é bombeado ativamente para
dentro.Porém esse bombeamento não é eqüitativo:
para cada três íons sódio bombeados para o
líquido extracelular, apenas dois íons potássio são
bombeados para o líquido intracelular.
Imagem: www.octopus.furg.br/ensino/anima/atpase/NaKATPase.html
Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é praticamente
impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de seu gradiente de
concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao potássio, que, favorecido
pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade da membrana, se difunde livremente
para o meio extracelular.
Em repouso: canais
de sódio fechados.
Membrana é
praticamente
impermeável ao sódio,
impedindo sua difusão a
favor do gradiente de
concentração.
Sódio é bombeado
ativamente para fora
39
Imagem: www.epub.org.br/cm/n10/fundamentos/animation.html pela bomba de sódio e
potássio.
Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio na mesma
proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e
extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da célula e as faces da membrana
mantêm-se eletricamente carregadas.
O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio
e potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior da membrana
positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está polarizada. Ao ser
estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável ao sódio (abertura dos
canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior fora do que dentro da célula, o
sódio atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de sódio é
acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta inversão vai sendo transmitida ao
longo do axônio, e todo esse processo é denominado onda de despolarização. Os impulsos
nervosos ou potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além de
um limiar (nível crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial
de ação). Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à
medida em que são conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração
fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito
até que se cruze o limiar e, então, surja o potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os
potenciais de ação obedecem à "lei do tudo ou nada".
Imagem: geocities.yahoo.com.br/jcc5001pt/museuelectrofisiologia.htm#impulsos
Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra
nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número de
íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo de íons
sódio para o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente
impermeável a esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao
potássio, que migra para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no interior,
muitos íons se difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade
no interior da membrana e positividade no exterior – processo chamado repolarização, pelo
qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A repolarização normalmente se
inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização, propagando-se ao longo da fibra.
Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia novamente os íons sódio para o exterior
da membrana, criando um déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se
torna temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade excessiva no
interior atrai íons potássio de volta para o interior (por difusão e por transporte ativo). Assim,
o processo traz as diferenças iônicas de volta aos seus níveis originais.
40
Para transferir informação de um
ponto para outro no sistema nervoso, é
necessário que o potencial de ação, uma
vez gerado, seja conduzido ao longo do
axônio. Um potencial de ação iniciado
em uma extremidade de um axônio
apenas se propaga em uma direção, não
retornando pelo caminho já percorrido.
Conseqüentemente, os potenciais de
ação são unidirecionais - ao que
chamamos condução ortodrômica.
Uma vez que a membrana axonal é
excitável ao longo de toda sua extensão,
o potencial de ação se propagará sem
decaimento. A velocidade com a qual o
potencial de ação se propaga ao longo
do axônio depende de quão longe a
despolarização é projetada à frente do
potencial de ação, o que, por sua vez,
depende de certas características físicas
do axônio: a velocidade de condução do
potencial de ação aumenta com o
diâmetro axonal. Axônios com menor
diâmetro necessitam de uma maior
despolarização para alcançar o limiar do
potencial de ação. Nesses de axônios,
presença de bainha de mielina acelera a
velocidade da condução do impulso
41
nervoso. Nas regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta" diretamente
de um nódulo para outro, não acontecendo em toda a extensão da região mielinizada (a
mielina é isolante). Fala-se em condução saltatória e com isso há um considerável aumento
da velocidade do impulso nervoso.
O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito corpo
celular axônio.
O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de
decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o
sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e
glândulas).
3.1 - DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO:
3.1.1 - O Sistema Nervoso Central
O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo
(hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico, que se
divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado cranialmente; e PONTE,
situada entre ambos.
42
No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância
cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com
exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a
substância branca, mais internamente.
Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana,
protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada
raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética:
dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-máter (a interna). Entre as meninges
aracnóide e pia-máter há um espaço preenchido por um líquido denominado líquido
cefalorraquidiano ou líquor.
3.1.1.1 - O TELENCÉFALO
O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa
aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais
bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos e
motores. Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS (ventrículos laterais e
terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao
nível do tronco encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-RAQUIDIANO,
(LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema nervoso.
Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro
esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu
crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o
restante permanece por entre os sulcos.
43
O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas,
sendo a maioria pertencente ao chamado neocórtex.
Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica.
1. hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui
apenas três camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
2. córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo;
apresenta duas ou três camadas celulares.
44
3. neocórtex: córtex mais complexo; separa-se
do córtex olfativo mediante um sulco chamado fissura rinal;
apresenta muitas camadas celulares e várias áreas
sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente
envolvidas com o controle do movimento voluntário.
Imagem:McCRONE, JOHN.
Como o cérebro funciona.
Série Mais Ciência. São
Paulo, Publifolha, 2002.
A região
superficial do
telencéfalo, que
acomoda bilhões de corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex
cerebral, formado a partir da fusão das partes superficiais telencefálicas e diencefálicas. O
córtex recobre um grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substância
branca). Em meio a este centro branco (nas profundezas do telencéfalo), há agrupamentos
de corpos celulares neuronais que formam os núcleos (gânglios) da base ou núcleos
(gânglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PÁLIDO e NÚCLEO SUBTALÂMICO,
envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que os gânglios da base
participam também de um grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns
poucos de função motora. Outros circuitos estão envolvidos em certos aspectos da memória
e da função cognitiva.
45
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto
Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002.
Algumas das funções mais específicas dos gânglios basais relacionadas aos
movimentos são:
1. núcleo caudato: controla
movimentos intencionais grosseiros do
corpo (isso ocorre a nível sub-
consciente e consciente) e auxilia no
controle global dos movimentos do
corpo.
2. putamen: funciona em
conjunto com o núcleo caudato no
controle de movimentos intensionais
grosseiros. Ambos os núcleos
funcionam em associação com o córtex
motor, para controlar diversos padrões
de movimento.
3. globo pálido: provavelmente controla a posição das principais partes
do corpo, quando uma pessoa inicia um movimento complexo, Isto é, se uma
pessoa deseja executar uma função precisa com uma de suas mãos, deve primeiro
colocar seu corpo numa posição apropriada e, então, contrair a musculatura do
braço. Acredita-se que essas funções sejam iniciadas, principalmente, pelo globo
pálido.
4. núcleo subtalâmico e áreas associadas: controlam possivelmente os
movimentos da marcha e talvez outros tipos de motilidade grosseira do corpo.
Evidências indicam que a via motora direta funciona para facilitar a iniciação de
movimentos voluntários por meio dos gânglios da base. Essa via origina-se com uma
conexão excitatória do córtex para as células do putamen. Estas células estabelecem
sinapses inibitórias em neurônios do globo pálido, que, por sua vez, faz conexões inibitórias
com células do tálamo (núcleo ventrolateral - VL). A conexão do tálamo com a área motora
do córtex é excitatória. Ela facilita o disparo de células relacionadas a movimentos na área
motora do córtex. Portanto, a conseqüência funcional da ativação cortical do putâmen é a
excitação da área motora do córtex pelo núcleo ventrolateral do tálamo.
46
Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto
Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002.
3.1.1.2 - O DIENCÉFALO (tálamo e hipotálamo)
Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do
olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de
substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como
estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela
condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser
processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento
emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexões com outras
estruturas do sistema límbico (que regula as emoções).
O hipotálamo, também
constituído por substância cinzenta, é
o principal centro integrador das
atividades dos órgãos viscerais,
sendo um dos principais responsáveis
pela homeostase corporal. Ele faz
ligação entre o sistema nervoso e o
sistema endócrino, atuando na
ativação de diversas glândulas
endócrinas. É o hipotálamo que
controla a temperatura corporal,
regula o apetite e o balanço de água
no corpo, o sono e está envolvido na
emoção e no comportamento sexual.
Tem amplas conexões com as demais
áreas do prosencéfalo e com o
mesencéfalo. Aceita-se que o
hipotálamo desempenha, ainda, um
papel nas emoções. Especificamente,
as partes laterais parecem envolvidas
com o prazer e a raiva, enquanto que
a porção mediana parece mais ligada
à aversão, ao desprazer e à tendência
ao riso (gargalhada) incontrolável. De
um modo geral, contudo, a
participação do hipotálamo é menor
na gênese (“criação”) do que na
expressão (manifestações
sintomáticas) dos estados
emocionais.
47
3.1.1.3 - O TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se
ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações sensitivas de
estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que
transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e, em direção
contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os
movimentos do lado direito do corpo; lado direito de cérebro controla os movimentos do lado
esquerdo do corpo); (3) regula a atenção, função esta que é mediada pela formação
reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes,
separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico).
Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham
funções motoras e sensitivas específicas.
Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurônios que se agrupam em
núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tractos,
fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico podem
estar relacionados com relevos ou depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do
tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos
nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco
encefálico.
48
Imagem: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora.
3.1.1.4 - O CEREBELO
Situado atrás do
cérebro está o cerebelo,
que é primariamente um
centro para o controle dos
movimentos iniciados pelo
córtex motor (possui
extensivas conexões com o
cérebro e a medula
espinhal). Como o cérebro,
também está dividido em
dois hemisférios. Porém, ao
contrário dos hemisférios
cerebrais, o lado esquerdo
do cerebelo está
relacionado com os
movimentos do lado
esquerdo do corpo,
enquanto o lado direito, com
os movimentos do lado
direito do corpo.
O cerebelo recebe
informações do córtex
motor e dos gânglios basais
de todos os estímulos
enviados aos músculos. A
49
partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que pretende
executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulações,
músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento
realmente executado. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista
realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real
seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos
movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular.
Algumas estruturas do encéfalo e suas funções
Córtex Cerebral
Funções:
• Pensamento
• Movimento voluntário
• Linguagem
• Julgamento
• Percepção
A palavra córtex vem do latim para "casca". Isto porque o córtex é a
camada mais externa do cérebro. A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6
mm. O lado esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso
de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos são as principais divisões
físicas do córtex cerebral. O lobo frontal é responsável pelo planejamento
consciente e pelo controle motor. O lobo temporal tem centros importantes de
memória e audição. O lobo parietal lida com os sentidos corporal e espacial. o
lobo occipital direciona a visão.
Cerebelo
Funções:
• Movimento
• Equilíbrio
• Postura
• Tônus muscular
A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O cerebelo fica
localizado ao lado do tronco encefálico. É parecido com o córtex cerebral em
alguns aspectos: o cerebelo é dividido em hemisférios e tem um córtex que
recobre estes hemisférios.
50
Tronco Encefálico
Funções:
• Respiração
• Ritmo dos batimentos cardíacos
• Pressão Arterial
Mesencéfalo
Funções:
• Visão
• Audição
• Movimento dos Olhos
• Movimento do corpo
O
Tronco
Encefálico é
uma área do
encéfalo
que fica
entre o
tálamo e a
medula
espinhal.
Possui
várias
estruturas
como o
bulbo, o
mesencéfal
o e a ponte.
Algumas
destas
áreas são
responsávei
s pelas
funções
básicas
para a
manutenção
da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a pressão
arterial.
Bulbo: recebe informações de vários órgãos do corpo,
controlando as funções autônomas (a chamada vida vegetativa):
batimento cardíaco, respiração, pressão do sangue, reflexos de
salivação, tosse, espirro e o ato de engolir.
Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo
no controle da respiração, além de ser um centro de transmissão de
impulsos para o cerebelo. Serve ainda de passagem para as fibras
nervosas que ligam o cérebro à medula.
Tálamo
Funções:
• Integração Sensorial
• Integração Motora
O tálamo recebe informações
sensoriais do corpo e as passa para o
córtex cerebral. O córtex cerebral envia
informações motoras para o tálamo
que posteriormente são distribuídas
pelo corpo. Participa, juntamente com
o tronco encefálico, do sistema
reticular, que é encarregado de “filtrar”
mensagens que se dirigem às partes
conscientes do cérebro.
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  • 1. Faculdade e Escola Técnica Egídio José da Silva FATEGÍDIO APOSTILA DE ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS MAIO/2009
  • 2. 3 Organizador: Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA Colaboradores: Prof. Esp. ADRÉ LUIS VELANO Prof. Esp. FABIANA PARO PEREIRA Prof. Esp. FABRICIO BRITO MUNIZ Prof. Esp. LEONARDO FIGUEIREDO SANTOS Capa: Prof. MSc. RODRIGO ANTONIO MONTEZANO VALINTIN LACERDA e Secretário SERGIO TELES Citações: Esta Apostila foi baseada em texto da Professora MSc. Maria Luisa Miranda Vilela, Licenciada em Ciências Biológicas pela PUC/MG, tem especialização nos cursos de Biologia dos Vertebrados pela PUC/MG e Genética Humana pela UnB e mestrado em Microbiologia pela UFMG (defesa de dissertação em genética molecular de Leishmania). Atualmente é doutoranda no Curso de Pós-Graduação em Biologia Animal da UnB, pelo Dept° de Genética e Morfologia, Laboratório de Genética.Lecionou Ciências no Ensino Fundamental, Biologia no Ensino Médio e Citologia nas Faculdades Metodistas Isabela Hendrix, em Belo Horizonte/MG. Em Brasília/DF, leciona biologia no ensino médio, desde 1994: em 1994 e 1995, nos Centros Educacionais La Salle e Sagrada Família; de 1996 até agora, no Centro Educacional Leonardo da Vinci. Cursos de atualização: Genética e Sociedade (UnB); Bioquímica, Nutrição e Saúde (UnB); Ecologia e Gestão Ambiental (UFMG).
  • 3. 4 Aos alunos: O mestre disse a um dos seus alunos: Yu, queres saber em que consiste o conhecimento? Consiste em ter consciência tanto de conhecer uma coisa quanto de não a conhecer. Este é o conhecimento..
  • 4. 5 SUMÁRIO 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA ................................................. 6 1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA ...................................................................... 6 1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA ...................................................... 6 1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA ...............................................................6 1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA .............................................................................7 1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO.................................................................7 1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO..............8 1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO.........................................................8 1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO ............................................................................9 1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAI ...................................................... 9 1.10 - PLANOS ANATÔMICO ..........................................................................10 1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA ..................................................10 2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO............................................................... 11 2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO............................................................................... 11 2.2 - SISTEMA ARTICULAR ....................................................................................21 2.3 - SISTEMA MUSCULAR ............................................................................27 3 - SISTEMA NERVOSO ..................................................................................36 4 - SISTEMA CIRCULATÓRIO ........................................................................57 5 - SISTEMA RESPIRATÓRIO ........................................................................66 6 - O SISTEMA DIGESTÓRIO ........................................................................72 7 - SISTEMA URINÁRIO/EXCRETOR .............................................................79 8 - SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ...................................................83 9 - SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ........................................................85 10 - SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................95 11 – SISTEMA SENSORIAL ............................................................................99 12 - SISTEMA TEGUMENTAR ......................................................................110
  • 5. 6 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA 1.1 - CONCEITO DE ANATOMIA No seu conceito mais amplo, a Anatomia é a ciência que estuda, macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Um excelente e amplo conceito de Anatomia foi proposto em 1981 pela American Association of Anatomists: anatomia é a análise da estrutura biológica, sua correlação com a função e com as modulações de estrutura em resposta a fatores temporais, genéticos e ambientais. Tem como metas principais a compreensão dos princípios arquitetônicos da construção dos organismos vivos, a descoberta da base estrutural do funcionamento das várias partes e a compreensão dos mecanismos formativos envolvidos no desenvolvimento destas. A amplitude da anatomia compreende, em termos temporais, desde o estudo das mudanças a longo prazo da estrutura, no curso de evolução, passando pelas das mudanças de duração intermediária em desenvolvimento, crescimento e envelhecimento; até as mudanças de curto prazo, associadas com fases diferentes de atividade funcional normal. Em termos do tamanho da estrutura estudada vai desde todo um sistema biológico, passando por organismos inteiros e/ou seus órgãos até as organelas celulares e macromoléculas. A palavra Anatomia é derivada do grego anatome (ana = através de; tome = corte). Dissecação deriva do latim (dis = separar; secare = cortar) e é equivalente etimologicamente a anatomia. Contudo, atualmente, Anatomia é a ciência, enquanto dissecar é um dos métodos desta ciência. Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização humana. Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos, expandiu-se, ao longo do tempo, graças a aquisição de tecnologias inovadoras. Atualmente, a Anatomia pode ser subdividida em três grandes grupos: Anatomia macroscópica, Anatomia microscópica e Anatomia do desenvolvimento. A Anatomia Macroscópica é o estudo das estruturas observáveis a olho nu, utilizando ou não recursos tecnológicos os mais variáveis possíveis, enquanto a Anatomia Microscópica é aquela relacionada com as estruturas corporais invisíveis a olho nu e requer o uso de instrumental para ampliação, como lupas, microscópios ópticos e eletrônicos. Este grupo é dividido em Citologia (estudo da célula) e Histologia (estudo dos tecidos e de como estes se organizam para a formação de órgãos). A Anatomia do desenvolvimento estuda o desenvolvimento do indivíduo a partir do ovo fertilizado até a forma adulta. Ela engloba a Embriologia que é o estudo do desenvolvimento até o nascimento. Embora não sejam estanques, a complexidade destes grupos torna necessária a existência de estudos específicos. 1.2 - NORMAL E VARIAÇÃO ANATÔMICA Normal, para o anatomista, é o estatisticamente mais comum, ou seja, o que é encontrado na maioria dos casos. Variação anatômica é qualquer fuga do padrão sem prejuízo da função. Assim, a artéria braquial mais comumente divide-se na fossa cubital. Este é o padrão. Entretanto, em alguns indivíduos esta divisão ocorre ao nível da axila. Como não existe perda funcional esta é uma variação. Quando ocorre prejuízo funcional trata-se de uma anomalia e não de uma variação. Se a anomalia for tão acentuada que deforme profundamente a construção do corpo, sendo, em geral, incompatível com a vida, é uma monstruosidade. 1.3 - NOMENCLATURA ANATÔMICA
  • 6. 7 Como toda ciência, a Anatomia tem sua linguagem própria. Ao conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes dá-se o nome de Nomenclatura Anatômica. Com o extraordinário acúmulo de conhecimentos no final do século passado, graças aos trabalhos de importantes “escolas anatômicas” (sobretudo na Itália, França, Inglaterra e Alemanha), as mesmas estruturas do corpo humano recebiam denominações diferentes nestes centros de estudos e pesquisas. Em razão desta falta de metodologia e de inevitáveis arbitrariedades, mais de 20 000 termos anatômicos chegaram a ser consignados (hoje reduzidos a poucos mais de 5 000). A primeira tentativa de uniformizar e criar uma nomenclatura anatômica internacional ocorreu em 1895. Em sucessivos congressos de Anatomia em 1933, 1936 e 1950 foram feitas revisões e finalmente em 1955, em Paris, foi aprovada oficialmente a Nomenclatura Anatômica, conhecida sob a sigla de P.N.A. (Paris Nomina Anatomica). Revisões subseqüentes foram feitas em 1960, 1965 e 1970, visto que a nomenclatura anatômica tem caráter dinâmico, podendo ser sempre criticada e modificada, desde que haja razões suficientes para as modificações e que estas sejam aprovadas em Congressos Internacionais de Anatomia . A língua oficialmente adotada é o latim (por ser “língua morta”), porém cada país pode traduzi-la para seu próprio vernáculo. Ao designar uma estrutura do organismo, a nomenclatura procura utilizar termos que não sejam apenas sinais para a memória, mas tragam também alguma informação ou descrição sobre a referida estrutura. Dentro deste princípio, foram abolidos os epônimos (nome de pessoas para designar coisas) e os termos indicam: a forma (músculo trapézio); a sua posição ou situação (nervo mediano); o seu trajeto (artéria circunflexa da escápula); as suas conexões ou inter-relações (ligamento sacroilíaco); a sua relação com o esqueleto (artéria radial); sua função (m. levantador da escápula); critério misto (m. flexor superficial dos dedos – função e situação). Entretanto, há nomes impróprios ou não muito lógicos que foram conservados, porque estão consagrados pelo uso. 1.4 - POSIÇÃO ANATÔMICA Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, considerando-se que a posição pode ser variável, optou-se por uma posição padrão, denominada posição de descrição anatômica (posição anatômica). Deste modo, os anatomistas, quando escrevem seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre na posição padronizada. Nela o indivíduo está em posição ereta (em pé, posição ortostática ou bípede), com a face voltada para a frente, o olhar dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente. 1.5 - DIVISÃO DO CORPO HUMANO O corpo humano divide-se em cabeça, tronco e membros. 2.1. Cabeça A cabeça é dividida em duas partes: crânio e face. Uma linha imaginária passando pelo topo das orelhas e dos olhos é o limite aproximada entre estas duas regiões. O crânio contém o encéfalo no seu interior, na chamada cavidade craniana. As lesões crânioencefálicas são as causas mais freqüentes de óbito nas vitimas de trauma. A face é a sede dos órgãos dos sentidos da visão, audição, olfato e paladar. Abriga as aberturas externas do aparelho respiratório e digestivo. As lesões da face podem ameaçar a vida devido ao sangramento e obstrução das vias aéreas. 2.2. Tronco O tronco é dividido em pescoço, tórax, abdome e pelve. 2.2.1. Pescoço Contém varias estruturas importantes. É suportado pela coluna cervical que abriga no seu interior a porção cervical da medula espinhal. As porções superiores do trato respiratório e digestivo passam pelo pescoço em direção ao tórax e abdome. Contém também vasos
  • 7. 8 sangüíneos calibrosos responsáveis pela irrigação da cabeça. As lesões do pescoço de maior gravidade são as fraturas da coluna cervical com ou sem lesão medular, as lesões do trato respiratório e as lesões de grandes vasos com hemorragia severa. 2.2.2. Tórax Contém no seu interior, na chamada cavidade torácica, a parte inferior do trato respiratório (vias aéreas inferiores), os pulmões, o esôfago, o coração e os grandes vasos sangüíneos que chegam ou saem do coração. É sustentado por uma estrutura óssea da qual fazem parte a coluna vertebral torácica, as costelas, o esterno, as clavículas e a escápula. As lesões do tórax são a segunda causa mais freqüente de morte nas vítimas de trauma. 1.6 - PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Tem-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: dois planos verticais, um tangente ao ventre – plano ventral ou anterior – e outro ao dorso – plano dorsal ou posterior. Estes e outros a eles paralelos são também designados como planos frontais, por serem paralelos à “fronte”; dois planos verticais tangentes aos lados do corpo – planos laterais direito e esquerdo e, finalmente, dois planos horizontais, um tangente à cabeça – plano cranial ou superior – e outro à planta dos pés – plano podálico – (de podos = pé) ou inferior. O tronco isolado é limitado, inferiormente, pelo plano horizontal que tangencia o vértice do cóccix, ou seja, o osso que no homem é o vestígio da cauda de outros animais. Por esta razão, este plano é denominado caudal. Os planos descritos são de delimitação. É possível traçar também planos de secção: o plano que divide o corpo humano em metades direita e esquerda é denominado mediano. Toda secção do corpo feita por planos paralelos ao mediano é uma secção sagital (corte sagital) e os planos de secção são também chamados sagitais; os planos de secção que são paralelos aos planos ventral e dorsal são ditos frontais e a secção é também denominada frontal (corte frontal); os planos de secção que são paralelos aos planos cranial, podálico e caudal são horizontais. A secção é denominada transversal. 1.7 - TERMOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO A situação e a posição das estruturas anatômicas são indicadas em função dos planos de delimitação e secção. Assim, duas estruturas dispostas em um plano frontal serão chamadas de medial e lateral conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano mediano do corpo. Duas estruturas localizadas em um plano sagital serão chamadas de anterior (ou ventral) e posterior (ou dorsal) conforme estejam, respectivamente, mais próxima ou mais distante do plano anterior. Para estruturas dispostas longitudinalmente, os termos são superior (ou cranial) para a mais próxima ao plano cranial e inferior (ou caudal) para a mais distante deste plano. Para estruturas dispostas longitudinalmente nos membros emprega-se, comumente, os termos proximal e distal referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da raiz do membro. Para o tubo digestivo emprega-se os termos oral e aboral, referindo-se às estruturas respectivamente mais próxima e mais distante da boca. Uma terceira estrutura situada entre uma lateral e outra medial é chamada de intermédia. Nos outros casos (terceira estrutura situada entre uma anterior e outra posterior, ou entre uma superior e outra inferior, ou entre uma proximal e outra distal ou ainda uma oral e outra aboral) é denominada de média. Estruturas situadas ao longo do plano mediano são denominadas de medianas, sendo este um conceito absoluto, ou seja, uma estrutura mediana será sempre mediana, enquanto os
  • 8. 9 outros termos de posição e direção são relativos, pois baseiam-se na comparação da posição de uma estrutura em relação a posição de outra A anatomia é o estudo da forma e da constituição do corpo, pré-requisito indispensável para o estudo da fisiologia dos órgãos. Seu estudo compreende tanto a evolução do indivíduo desde a fase de zigoto até a velhice (ontogenia), como o desenvolvimento de uma estrutura no reino animal (filogenia). A anatomia macroscópica pode ser estudada de duas formas: (1) anatomia sistemática ou descritiva, que estuda os vários sistemas separadamente e (2) anatomia topográfica ou cirúrgica, que estuda todas as estruturas de uma região e suas relações entre si. ORIGEM EMBRIOLÓGICA Quanto à origem, os órgãos podem ser classificados em homólogos ou análogos. Diz-se que dois órgãos são homólogos quando possuem a mesma origem embriológica mas diferentes funções, como, por exemplo, os membros superiores do homem e as asas dos pássaros. A analogia, por sua vez, acontece quando dois órgãos tem funções semelhantes e diferentes origens embriológicas, como ocorre com os pulmões humanos e as guelras dos peixes. 1.8 - MÉTODOS DE ESTUDO 1. inspeção: analisando através da visão. A análise pode ser de órgãos externos (ectoscopia) ou internos (endoscopia); 2. palpação: analisando através do tato é possível verificar a pulsação, os tendões musculares e as saliências ósseas, dentre outras coisas; 3. percussão: através de batimentos digitais na superfície corporal podemos produzir sons audíveis, que ajudam a determinar a composição de órgãos ou estruturas (gases, líquidos ou sólidos); 4. ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcionamento (Ex.: coração, pulmão, intestino); 5. mensuração: permite a avaliação da simetria corporal e de eventuais megalias; 6. dissecção: consiste na separação minuciosa dos diferentes órgãos para uma melhor visualização; 7. métodos de estudo por imagem: inclui o raioX, ecografia, ressonância nuclear magnética e tomografia computadorizada. 1.9 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS Existem algumas circunstâncias que determinam variações anatômicas normais e que devem ser descritas: 1. idade: os testículos no feto estão situados na cavidade abdominal, migrando para a bolsa escrotal e nela se localizando durante a vida adulta; 2. sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita principalmente na região tricipital, enquanto na mulher o depósito se dá preferencialmente na região abdominal; 3. raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a primeira e segunda vértebra lombar, enquanto que nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre a segunda e a terceira vértebra lombar; 4. tipo morfológico constitucional: é o principal fator das diferenças morfológicas. Os principais tipos são: 4.a- longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, tórax e membros longos. Nessas pessoas o estômago geralmente é mais alongado e as vísceras dispostas mais verticalmente; 4.b- brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e membros curtos. Aqui as vísceras costumam estar dispostas mais horizontalmente; 4.c- mediolíneo: características intermediárias.
  • 9. 10 A identificação do tipo morfológico é importante devido às diferentes técnicas de abordagem semiológica, avaliação das variações da normalidade e até mesmo maior incidência de doenças, como por exemplo a hipertensão, que é sabidamente mais comum em brevilíneos. 1.10 - PLANOS ANATÔMICOS O corpo humano é dividido por três eixos imaginários: 1. o eixo vertical ou longitudinal, que une a cabeça aos pés, classificado como heteropolar; 2. o eixo de profundidade ou ântero-posterior, que une o ventre ao dorso, classificado como heteropolar; 3. o eixo de largura ou transversal, que une o lado direito ao lado esquerdo, classificado como homopolar. No momento em que projetamos um eixo sobre outro temos um plano. Existem quatro planos principais: 1. o plano sagital, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do eixo longitudinal; 2. o plano sagital mediano, formado pelo deslocamento do eixo ântero-posterior ao longo do eixo longitudinal na linha mediana, dividindo o corpo em duas metades aparentemente simétricas, denominadas antímeros; 3. o plano transversal ou horizontal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do eixo ântero-posterior. Uma série sucessiva de planos transversais divide o corpo em segmentos denominados metâmeros; 4. o plano frontal ou coronal, formado pelo deslocamento do eixo de largura ao longo do eixo longitudinal, dividindo o corpo em porções chamadas de paquímeros. 1.11 - TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA Inferior ou caudal: mais próximo dos pés; Superior ou cranial: mais próximo da cabeça; Anterior ou ventral: mais próximo do ventre; Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso; Proximal: mais próximo do ponto de origem; Distal: mais afastado do ponto de origem; Medial: mais próximo do plano sagital mediano; Lateral: mais afastado do plano sagital mediano; Superficial: mais próximo da pele; Profundo: mais afastado da pele; Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo; Contra-lateral: do lado oposto do corpo; Holotopia: localização geral de um órgão no organismo. Ex.: o fígado está localizado no abdômen; Sintopia: relação de vizinhança. Ex.: o estômago está abaixo do diafragma, a direita do baço e a esquerda do fígado; Esqueletopia: relação com esqueleto. Ex.: coração atrás do esterno e da terceira, quarta e quinta costelas; Idiotopia: relação entre as partes de um mesmo órgão. Ex.: ventrículo esquerdo adiante e abaixo do átrio esquerdo.
  • 10. 11 2 – SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO 2.1 - SISTEMA ESQUELÉTICO Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997. Além de dar sustentação ao corpo, o esqueleto protege os órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixação dos músculos. Ele constitui-se de peças ósseas (ao todo 208 ossos no indivíduo adulto) e cartilaginosas articuladas, que formam um sistema de alavancas movimentadas pelos músculos. O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes: 1-Esqueleto axial: formado pela caixa craniana, coluna vertebral caixa torácica. 2-Esqueleto apendicular: compreende a cintura escapular, formada pelas escápulas e clavículas; cintura pélvica, formada pelos ossos ilíacos (da bacia) e o esqueleto dos membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores). 1-Esqueleto axial 1.1-Caixa craniana Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, esfenóide, nasal, lacrimais, malares ("maçãs do rosto" ou zigomático), maxilar superior e mandíbula (maxilar inferior). Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997.
  • 11. 12 Observações: Primeiro - no osso esfenóide existe uma depressão denominada de sela turca onde se encontra uma das menores e mais importantes glândulas do corpo humano - a hipófise, no centro geométrico do crânio. Segundo - Fontanela ou moleira é o nome dado à região alta e mediana, da cabeça da criança, que facilita a passagem da mesma no canal do parto; após o nascimento, será substituída por osso. 1.2-Coluna vertebral É uma coluna de vértebras que apresentam cada uma um buraco, que se sobrepõem constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; é dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna torácica, coluna lombar, coluna sacral, coluna cocciciana (coccix). 1.3-Caixa torácica É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, que são em número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, não se fixando ao esterno).
  • 12. 13 2- Esqueleto apendicular 2-1- Membros e cinturas articulares Cada membro superior é composto de braço, antebraço, pulso e mão. O osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: rádio e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão é formada pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges. Cada membro inferior compõe-se de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fêmur, o mais longo do corpo. No joelho, ele se articula com os dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula. A região frontal do joelho está protegida por um pequeno osso circular: a rótula. Ossos pequenos e maciços, chamados tarsos, formam o tornozelo. A planta do pé é constituída pelos metatarsos e os dedos dos pés (artelhos), pelas falanges. Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o nome de cintura ou de cinta. A cintura superior se chama cintura torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela escápula ou omoplata); a inferior se chama cintura pélvica, popularmente conhecida como bacia (constituída pelo sacro - osso volumoso resultante da fusão de cinco vértebras, por um par de ossos ilíacos e pelo cóccix, formado por quatro a seis vértebras rudimentares fundidas). A primeira sustenta o úmero e com ele todo o braço; a segunda dá apoio ao fêmur e a toda a perna. 3 - Juntas e articulações Junta é o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras juntas, denominadas articulações, os ossos são móveis e permitem ao esqueleto realizar movimentos.
  • 13. 14 4 - Ligamentos Os ossos de uma articulação mantêm-se no lugar por meio dos ligamentos, cordões resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão firmemente unidos às membranas que revestem os ossos. 5 - Classificação dos ossos Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em: A - Longos: têm duas extremidades ou epífises; o corpo do osso é a diáfise; entre a diáfise e cada epífise fica a metáfise. A diáfise é formada por tecido ósseo compacto, enquanto a epífise e a metáfise, por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur, úmero. Imagem: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica. Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997, com adaptações B- Curtos: têm as três extremidades praticamente equivalentes e são encontrados nas mãos e nos pés. São constituídos por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: calcâneo, tarsos, carpos. C - Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de tecido ósseo compacto, tendo entre elas uma camada de tecido ósseo esponjoso e de medula óssea Exemplos: esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula. Revestindo o osso compacto na diáfise, existe uma delicada membrana - o periósteo - responsável pelo crescimento em espessura do osso e também pela consolidação dos ossos após fraturas (calo ósseo). As superfícies articulares são revestidas por cartilagem. Entre as epífises e a diáfise encontra-se um disco ou placa de cartilagem nos ossos em crescimento, tal disco é chamado de disco metafisário (ou epifisário) e é responsável pelo crescimento longitudinal do osso. O interior dos ossos é preenchido pela medula óssea, que, em parte é amarela, funcionando
  • 14. 15 como depósito de lipídeos, e, no restante, é vermelha e gelatinosa, constituindo o local de formação das células do sangue, ou seja, de hematopoiese. O tecido hemopoiético é popularmente conhecido por "tutano". As maiores quantidades de tecido hematopoético estão nos ossos da bacia e no esterno. Nos ossos longos, a medula óssea vermelha é encontrada principalmente nas epífises. Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino: 6 - TECIDOS QUE FORMAM O ESQUELETO 6.1 - O TECIDO ÓSSEO O tecido ósseo possui um alto grau de rigidez e resistência à pressão. Por isso, suas principais funções estão relacionadas à proteção e à sustentação. Também funciona como alavanca e apoio para os músculos, aumentando a coordenação e a força do movimento proporcionado pela contração do tecido muscular. Os ossos ainda são grandes armazenadores de substâncias, sobretudo de íons de cálcio e fosfato. Com o envelhecimento, o tecido adiposo também vai se acumulando dentro dos ossos longos, substituindo a medula vermelha que ali existia previamente. A extrema rigidez do tecido ósseo é resultado da interação entre o componente orgânico e o componente mineral da matriz. A nutrição das células que se localizam dentro da matriz é feita por canais. No tecido ósseo, destacam-se os seguintes tipos celulares típicos: • Osteócitos: os osteócitos estão localizados em cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea. Destas lacunas formam-se canalículos que se dirigem para outras lacunas, tornando assim a difusão de nutrientes possível graças à comunicação entre os osteócitos. Os osteócitos têm um papel fundamental na manutenção da integridade da matriz óssea.
  • 15. 16 • Osteoblastos: os osteoblastos sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, composta por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas. Também concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz. Durante a alta atividade sintética, os osteoblastos destacam-se por apresentar muita basofilia (afinidade por corantes básicos). Possuem sistema de comunicação intercelular semelhante ao existente entre os osteócitos. Os osteócitos inclusive originam-se de osteoblastos, quando estes são envolvidos completamente por matriz óssea. Então, sua síntese protéica diminui e o seu citoplasma torna-se menos basófilo. • Osteoclastos: os osteoclastos participam dos processos de absorção e remodelação do tecido ósseo. São células gigantes e multinucleadas, extensamente ramificadas, derivadas de monócitos que atravessam os capilares sangüíneos. Nos osteoclastos jovens, o citoplasma apresenta uma leve basofilia que vai progressivamente diminuindo com o amadurecimento da célula, até que o citoplasma finalmente se torna acidófilo (com afinidade por corantes ácidos). Dilatações dos osteoclastos, através da sua ação enzimática, escavam a matriz óssea, formando depressões conhecidas como lacunas de Howship. • Matriz óssea: a matriz óssea é composta por uma parte orgânica (já mencionada anteriormente) e uma parte inorgânica cuja composição é dada basicamente por íons fosfato e cálcio formando cristais de hidroxiapatita. A matriz orgânica, quando o osso se apresenta descalcificado, cora-se com os corantes específicos do colágeno (pois ela é composta por 95% de colágeno tipo I). A classificação baseada no critério histológico admite apenas duas variantes de tecido ósseo: o tecido ósseo compacto ou denso e o tecido ósseo esponjoso ou lacunar ou reticulado. Essas variedades apresentam o mesmo tipo de célula e de substância intercelular, diferindo entre si apenas na disposição de seus elementos e na quantidade de espaços medulares. O tecido ósseo esponjoso apresenta espaços medulares mais amplos, sendo formado por várias trabéculas, que dão aspecto poroso ao tecido. O tecido ósseo compacto praticamente não apresenta espaços medulares, existindo, no entanto, além dos canalículos, um conjunto de canais que são percorridos por nervos e vasos sangüíneos: canais de Volkmann e canais de Havers. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam grande sensibilidade e capacidade de regeneração. Os canais de Volkmann partem da superfície do osso (interna ou externa), possuindo uma trajetória perpendicular em relação ao eixo maior do osso. Esses canais comunicam-se com os canais de Havers, que percorrem o osso longitudinalmente e que podem comunicar-se por projeções laterais. Ao redor de cada canal de Havers, pode-se observar várias lamelas concêntricas de substância intercelular e de células ósseas. Cada conjunto deste, formado pelo canal central
  • 16. 17 de Havers e por lamelas concêntricas é denominado sistema de Havers ou sistema haversiano. Os canais de Volkmann não apresentam lamelas concêntricas. Tecido ósseo compacto Tecido ósseo esponjoso Os tecidos ósseos descritos são os tecidos mais abundantes dos ossos (órgãos): externamente temos uma camada de tecido ósseo compacto e internamente, de tecido ósseo esponjoso. Os ossos são revestidos externa e internamente por membranas denominadas periósteo e endósteo, respectivamente. Ambas as membranas são vascularizadas e suas células transformam-se em osteoblastos. Portanto, são importantes na nutrição e oxigenação das células do tecido ósseo e como fonte de osteoblastos para o crescimento dos ossos e reparação das fraturas. Além disto, nas regiões articulares encontramos as cartilagens fibrosas. Por ser uma estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam grande sensibilidade e capacidade de regeneração. No interior dos ossos está a medula óssea, que pode ser: vermelha: formadora de células do sangue e plaquetas (tecido reticular ou hematopoiético): constituída por células reticulares associadas a fibras reticulares. amarela: constituída por tecido adiposo (não produz células do sangue).
  • 17. 18 No recém-nascido, toda a medula óssea é vermelha. Já no adulto, a medula vermelha fica restrita aos ossos chatos do corpo (esterno, costelas, ossos do crânio), às vértebras e às epífises do fêmur e do úmero (ossos longos). Com o passar dos anos, a medula óssea vermelha presente no fêmur e no úmero transforma-se em amarela. 6.2 - O TECIDO CARTILAGINOSO O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo de consistência rígida. Desempenha a função de suporte de tecidos moles, reveste superfícies articulares onde absorve choques, facilita os deslizamentos e é essencial para a formação e crescimento dos ossos longos. A cartilagem é um tipo de tecido conjuntivo composto exclusivamente de células chamadas condrócitos e de uma matriz extracelular altamente especializada. É um tecido avascular, não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos capilares do conjuntivo envolvente (pericôndrio) ou através do líquido sinovial das
  • 18. 19 cavidades articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as cartilagens, indo nutrir outros tecidos. O tecido cartilaginoso também é desprovido de vasos linfáticos e de nervos. Dessa forma, a matriz extracelular serve de trajeto para a difusão de substâncias entre os vasos sangüíneos do tecido conjuntivo circundante e os condrócitos. As cavidades da matriz, ocupadas pelos condrócitos, são chamadas lacunas; uma lacuna pode conter um ou mais condrócitos. A matriz extracelular da cartilagem é sólida e firme, embora com alguma flexibilidade, sendo responsável pelas suas propriedades elásticas. As propriedades do tecido cartilaginoso, relacionadas ao seu papel fisiológico, dependem da estrutura da matriz, que é constituída por colágeno ou colágeno mais elastina, em associação com macromoléculas de proteoglicanas (proteína + glicosaminoglicanas). Como o colágeno e a elastina são flexíveis, a consistência firme das cartilagens se deve às ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas das proteoglicanas e o colágeno, e à grande quantidade de moléculas de água presas a estas glicosaminoglicanas (água de solvatação) que conferem turgidez à matriz. As cartilagens (exceto as articulares e as peças de cartilagem fibrosa) são envolvidas por uma bainha conjuntiva que recebe o nome de pericôndrio, o qual continua gradualmente com a cartilagem por uma face e com o conjuntivo adjacente pela outra. As cartilagens basicamente se dividem em três tipos distintos: 1) cartilagem hialina; 2) fibrocartilagem ou cartilagem fibrosa; 3) cartilagem elástica. 6.2.1 - Cartilagem hialina Distingue-se pela presença de uma matriz vítrea, homogênea e amorfa (figura ao lado). Por toda cartilagem há espaços, chamados lacunas, no interior das lacunas encontram-se condrócitos. Essas lacunas são circundadas pela matriz, a qual tem dois componentes: fibrilas de colágeno e matriz fundamental Essa cartilagem forma o esqueleto inicial do feto; é a precursora dos ossos que se desenvolverão a partir do processo de ossificação endocondral. Durante o desenvolvimento ósseo endocondral, a cartilagem hialina funciona como placa de crescimento epifisário e essa placa continua funcional enquanto o osso estiver crescendo em comprimento. No osso longo do adulto, a cartilagem hialina está presente somente na superfície articular. No adulto, também está presente como unidade esquelética na traquéia, nos brônquios, na laringe, no nariz e nas extremidades das costelas (cartilagens costais).
  • 19. 20 Pericôndrio: a cartilagem hialina geralmente é circundada por um tecido conjuntivo firmemente aderido, chamado pericôndrio. O pericôndrio não está presente nos locais em que a cartilagem forma uma superfície livre, como nas cavidades articulares e nos locais em que ela entra em contato direto com o osso. Sua função não é apenas a de ser uma cápsula de cobertura; tem também a função de nutrição, oxigenação, além de ser fonte de novas células cartilaginosas. É rico em fibras de colágeno na parte mais superficial, porém, à medida que se aproxima da cartilagem, é mais rico em células. Calcificação: a calcificação consiste na deposição de fosfato de cálcio sob a forma de cristais de hidroxiapatita, precedida por um aumento de volume e morte das células. A matriz da cartilagem hialina sofre calcificação regularmente em três situações bem definidas: 1) a porção da cartilagem articular que está em contato com o osso é calcificada; 2) a calcificação sempre ocorre nas cartilagens que estão para ser substituídas por osso durante o período de crescimento do indivíduo; 3) a cartilagem hialina de todo o corpo se calcifica como parte do processo de envelhecimento. Regeneração: a cartilagem que sofre lesão regenera-se com dificuldade e, freqüentemente, de modo incompleto, salvo em crianças de pouca idade. No adulto, a regeneração se dá pela atividade do pericôndrio. Havendo fratura de uma peça cartilaginosa, células derivadas do pericôndrio invadem a área da fratura e dão origem a tecido cartilaginoso que repara a lesão. Quando a área destruída é extensa, ou mesmo, algumas vezes, em lesões pequenas, o pericôndrio, em vez de formar novo tecido cartilaginoso, forma uma cicatriz de tecido conjuntivo denso. 6.2.2 - Cartilagem elástica Esta é uma cartilagem na qual a matriz contém fibras elásticas e lâminas de material elástico, além das fibrilas de colágeno e da substância fundamental. O material elástico confere maior elasticidade à cartilagem, como a que se pode ver no pavilhão da orelha. A presença desse material elástico (elastina) confere a esse tipo de cartilagem uma cor amarelada, quando examinado a fresco. A cartilagem elástica pode estar presente isoladamente ou formar uma peça cartilaginosa junto com a cartilagem hialina. Como a cartilagem hialina, a elástica possui pericôndrio e cresce principalmente por aposição. A cartilagem elástica é menos sujeita a processos degenerativos do que a hialina. Ela pode ser encontrada
  • 20. 21 no pavilhão da orelha, nas paredes do canal auditivo externo, na tuba auditiva e na laringe. Em todos estes locais há pericôndrio circundante. Diferentemente da cartilagem hialina, a cartilagem elástica não se calcifica. 6.2.3 - Fibrocartilagem ou Cartilagem fibrosa A cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem é um tecido com características intermediárias entre o conjuntivo denso e a cartilagem hialina. É uma forma de cartilagem na qual a matriz contém feixes evidentes de espessas fibras colágenas. Na cartilagem fibrosa, as numerosas fibras colágenas constituem feixes, que seguem uma orientação aparentemente irregular entre os condrócitos ou um arranjo paralelo ao longo dos condrócitos em fileiras. Essa orientação depende das forças que atuam sobre a fibrocartilagem. Os feixes colágenos colocam-se paralelamente às trações exercidas sobre eles. Na fibrocartilagem não existe pericôndrio. A fibrocartilagem está caracteristicamente presente nos discos intervertebrais, na sínfise púbica, nos discos articulares das articulações dos joelhos e em certos locais onde os tendões se ligam aos ossos. Geralmente, a presença de fibrocartilagem indica que naquele local o tecido precisa resistir à compressão e ao desgaste. 6.3 - Crescimento A cartilagem possui dois tipos de crescimento: aposicional e intersticial. Crescimento aposicional é a formação de cartilagem sobre a superfície de uma cartilagem já existente. As células empenhadas nesse tipo de crescimento derivam do pericôndrio. O crescimento intersticial ocorre no interior da massa cartilaginosa. Isso é possível porque os condrócitos ainda são capazes de se dividir e porque a matriz é distensível. Embora as células-filhas ocupem temporariamente a mesma lacuna, separam-se quando secretam nova matriz extracelular. Quando parte desta última matriz é secretada, forma-se uma divisão entre as células e, neste ponto, cada célula ocupa sua própria lacuna. Com a continuidade da secreção da matriz, as células ficam ainda mais separadas entre si. Na cartilagem do adulto, os condrócitos freqüentemente estão situados em grupos compactos ou podem estar alinhados em fileiras. Esses grupos de condrócitos são formados como conseqüência de várias divisões sucessivas durante a última fase de desenvolvimento. Há pouca produção de matriz adicional e os condrócitos permanecem em íntima aposição. Tais grupos são chamados de grupos isógenos. 2.2 - SISTEMA ARTICULAR Articulação ou juntura é a conexão entre duas ou mais peças esqueléticas (ossos ou cartilagens). Essas uniões não só colocam as peças do esqueleto em contato, como também permitem que o crescimento ósseo ocorra e que certas partes do esqueleto mudem de forma durante o parto. Além disto, capacitam que partes do corpo se movimentem em resposta a contração muscular. Embora apresentem consideráveis variações entre elas, as articulações possuem certos aspectos estruturais e funcionais em comum que permitem classificá-las em três grandes grupos: fibrosas, cartilaginosas e
  • 21. 22 sinoviais. O critério para esta divisão é o da natureza do elemento que se interpõe às peças que se articulam. 2.1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES a- Quanto a duração; b- Quanto a maneira de fixação aos ossos; c- Quanto a natureza do tecido interposto; d- Quanto ao número de eixos. e- Quanto ao número de ossos. 2.1.A - QUANTO A DURAÇÃO -Temporárias (Ex. Linha epifisiária) -Permanentes (Ex. Articulação do ombro 2.1.B - QUANTO A MANEIRA DE FIXAÇÃO AOS OSSOS -Continuidade (Ex. Disco intervertebral) -Contigüidade (Ex. Articulação do cotovelo) 2.1.C - QUANTO A NATUREZA DO TECIDO INTERPOSTO - Fibrosas (IMÓVEIS) - Cartilaginosas ou cartilagíneas (SEMI-MÓVEIS) - Sinoviais (MÓVEIS) Articulações fibrosas (móveis) As articulações nas quais o elemento que se interpõe às peças que se articulam é o tecido conjuntivo fibroso são ditas fibrosas (ou sinartroses). O grau de mobilidade delas, sempre pequeno, depende do comprimento das fibras interpostas. Existem três tipos de articulações fibrosas: sutura, sindesmose e gonfose. As suturas, que são encontradas somente entre os ossos do crânio, são formadas por várias camadas fibrosas, sendo a união suficientemente íntima de modo a limitar intensamente os movimentos, embora confiram uma certa elasticidade ao crânio. A maneira pela qual as bordas dos ossos articulados entram em contato é variável, reconhecendo-se suturas planas (união linear retilínea ou aproximadamente retilínea), suturas escamosas (união em bisel) e suturas serreadas (união em linha “denteada”). No crânio, a articulação entre os ossos nasais é uma sutura plana; entre os parietais, sutura denteada; entre o parietal e o temporal, escamosa.
  • 22. 23 No crânio do feto e recém-nascido, onde a ossificação ainda é incompleta, a quantidade de tecido conjuntivo fibroso interposto é muito maior, explicando a grande separação entre os ossos e uma maior mobilidade. Estas áreas fibrosas são denominadas fontículos (ou fontanelas). São elas que permitem, no momento do parto, uma redução bastante apreciável do volume da cabeça fetal pela sobreposição dos ossos do crânio. Esta redução de volume facilita a expulsão do feto para o meio exterior. Na idade avançada pode ocorrer ossificação do tecido interposto (sinostose), fazendo com que as suturas, pouco a pouco, desapareçam e, com elas, a elasticidade do crânio. Nas sindesmoses os ossos estão unidos por uma faixa de tecido fibroso, relativamente longa, formando ou um ligamento interósseo ou uma membrana interóssea, nos casos, respectivamente de menor ou maior comprimento das fibras, o que condiciona um menor ou maior grau de movimentação. Exemplos típicos são a sindesmose tíbio-fibular e a membrana interóssea radio-ulnar. Gonfose é a articulação específica entre os dentes e seus receptáculos, os alvéolos dentários. O tecido fibroso do ligamento periodontal segura firmemente o dente no seu alvéolo. A presença de movimentos nesta articulação significa uma condição patológica. CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS (semi-móveis) SINCONDROSE SÍNFISE - Cartilagem Hialina - Fribro-cartilagem Nas articulações cartilaginosas o tecido que se interpõe é a cartilagem. Quando se trata de cartilagem hialina, temos as sincondroses; nas sínfises a cartilagem é fibrosa. Em ambas a mobilidade é reduzida. As sincondroses são raras e o exemplo mais típico é a sincondrose esfeno-occipital que pode ser visualizada na base do crânio. Exemplo de sínfise é a união, no plano mediano, entre as porções púbicas dos ossos do quadril, constituindo a sínfise púbica. Também as articulações que se fazem entre os corpos das vértebras podem ser consideradas como sínfise, uma vez que se interpõe entre eles um disco de fibrocartilagem - o disco intervertebral. Articulações sinoviais CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS PLANA GÍNGLIMO TROCÓIDE CONDILAR SELAR ESFERÓIDE A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra e isto é impossível quando entre elas interpõe-se um meio de ligação, seja fibroso ou cartilagíneo. Para que haja o grau desejável de movimento, em muitas articulações, o elemento que se interpõe às peças que se articulam é um líquido denominado sinóvia, ou líquido sinovial. Além da presença deste líquido, as articulações sinoviais possuem três outras características básicas: cartilagem articular, cápsula articular e cavidade articular. a cartilagem articular é a cartilagem do tipo hialino que reveste as superfícies em contato numa determinada articulação (superfícies articulares), ou seja, a cartilagem articular é a porção do osso que não foi invadida pela ossificação. Em virtude deste revestimento as superfícies articulares se apresentam lisas, polidas e
  • 23. 24 de cor esbranquiçada. A cartilagem articular é avascular e não possui também inervação. Sua nutrição, portanto, principalmente nas áreas mais centrais, é precária, o que torna a regeneração, em caso de lesões, mais difícil e lenta. a cápsula articular é uma membrana conjuntiva que envolve a articulação sinovial como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos, por ligamentos , destinados a aumentar sua resistência. Em muitas articulações sinoviais, todavia, existem ligamentos independentes da cápsula articular e em algumas, como na do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares. cavidade articular é o espaço existente entre as superfícies articulares, estando preenchido pelo líquido sinovial Ligamentos e cápsula articular têm por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disto, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais. A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É abundantemente vascularizada e inervada, sendo encarregada da produção da sinóvia (líquido sinovial), o qual tem consistência similar a clara do ovo e tem por funções lubrificar e nutrir as cartilagens articulares. O volume de líquido sinovial presente em uma articulação é mínimo, somente o suficiente para revestir delgadamente as superfícies articulares e localiza-se na cavidade articular. Além destas características, que são comuns a todas articulações sinoviais, em várias delas encontram-se formações fibrocartilagíneas, interpostas às superfícies articulares, os discos e meniscos, de função discutida: serviriam à melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinadas a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica forma de meia lua, são encontrados na articulação do joelho. Discos são encontrados nas articulações esternoclavicular e temporomandibular. movimentos das articulações sinoviais As articulações fibrosas e cartilagíneas tem um mínimo grau de mobilidade. Assim, a verdadeira mobilidade articular é dada pelas articulações sinoviais. Estes movimentos ocorrem, obrigatoriamente, em torno de um eixo, denominado eixo de movimento. A direção destes eixos é ântero-posterior, látero-lateral e longitudinal. Na análise do movimento realizado, a determinação do eixo de movimento é feita obedecendo a regra, segundo a qual, a direção do eixo de movimento é sempre perpendicular ao plano no qual se realiza o movimento em questão. Assim, todo movimento é realizado em um plano determinado e o seu eixo de movimento é perpendicular àquele plano. Os movimentos executados pelos segmentos do corpo recebem nomes específicos e aqui serão definidos, a seguir, apenas os mais comuns: flexão e extensão são movimentos angulares, ou seja, neles ocorre uma diminuição ou um aumento do ângulo existente entre o segmento que se desloca e aquele que permanece fixo. Quando ocorre a diminuição do ângulo diz-se que há flexão; quando ocorre o aumento, realizou-se a extensão, exceto para o pé. Neste caso, não se usa a expressão extensão do pé: os movimentos são definidos como flexão dorsal e flexão plantar do pé. Os movimentos angulares de flexão e extensão ocorrem em plano sagital e, seguindo a regra, o eixo desses movimentos é látero- lateral. adução e abdução que são movimentos nos quais o segmento é deslocado, respectivamente, em direção ao plano mediano ou em direção oposta, isto é, afastando-se dele. Para os dedos prevalece o plano mediano do membro. Os
  • 24. 25 movimentos da adução e abdução desenvolvem-se em plano frontal e seu eixo de movimento é ântero-posterior. rotação que é o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal (vertical). Assim, nos membros, pode-se reconhecer uma rotação medial, quando a face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do corpo, e uma rotação lateral, no movimento oposto. A rotação é feita em plano horizontal e o eixo de movimento, perpendicular a este plano é vertical. circundução, é o resultado do movimento combinatório que inclui a adução, extensão, abdução, flexão e rotação. Neste tipo de movimento, a extremidade distal do segmento descreve um círculo e o corpo do segmento, um cone, cujo vértice é representado pela articulação que se movimenta. 2.1.D - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE EIXOS -NÃO AXIAL - Planas (deslizamento) -UNI-AXIAL - Gínglimo (flexão/extensão) (EIXO TRANSVERSAL) - Trocóide (rotação medila/lateral) (EIXO LONGITUDINAL) - BI-AXIAL - Condilar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL e SAGITAL). - Selar (flexão/extensão; adução/abdução) (EIXOS TRANSVERSAL e SAGITAL). -TRI-AXIAL - Esferóide (Circundução) (TODOS OS EIXOS) (FLEXÃO/EXTENSÃO; ADUÇÃO/ABDUÇÃO; ROTAÇÃO MEDILA/LATERAL) O movimento nas articulações depende, essencialmente, da forma das superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo. Na dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos em torno de um, dois ou três eixos. Este é o critério adotado para classificá-las funcionalmente. Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo, diz-se que é mono-axial ou que possui um só grau de liberdade; será bi- axial a que os realiza em torno de dois eixos (dois graus de liberdade); e tri-axial se eles forem realizados em torno de três eixos (três graus de liberdade). Assim, as articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são uni- axiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a radio- cárpica (articulação do punho), são bi-axiais; finalmente, as que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas tri-axiais, cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril. Classificação morfológica das articulações sinoviais O critério de base para a classificação morfológica das articulações sinoviais é a forma das superfícies articulares. Contudo, às vezes é difícil fazer esta correlação. Além disto, existem divergências entre anatomistas quanto não só a classificação de determinadas articulações, mas também quanto à denominação dos tipos. De acordo com a nomenclatura anatômica, os tipos morfológicos de articulações sinoviais são: plana, na qual as superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas, permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. A articulação acromioclavicular (entre o acrômio da escápula e a clavícula) é um exemplo. Deslizamento existe em todas as articulações sinoviais mas nas articulações planas ele é discreto, fazendo com que a amplitude do movimento seja bastante reduzida. Entretanto, deve-se ressaltar que pequenos deslizamentos entre
  • 25. 26 vários ossos articulados permitem apreciável variedade e amplitude de movimento. É isto que ocorre, por exemplo, nas articulações entre os ossos curtos do carpo, do tarso e entre os corpos das vértebras. gínglimo, ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao movimento (flexão e extensão) que elas realizam do que à forma das superfícies articulares. A articulação do cotovelo é um bom exemplo de gínglimo e a simples observação mostra como a superfície articular do úmero, que entra em contato com a ulna, apresenta-se em forma de carretel. Todavia, as articulações entre as falanges também são do tipo gínglimo e nelas a forma das superfícies articulares não se assemelha a um carretel. Este é um caso concreto em que o critério morfológico não foi rigorosamente obedecido. Realizando apenas flexão e extensão, as articulações sinoviais do tipo gínglimo são mono-axiais. trocóide, na qual, as superfícies articulares são segmentos de cilindro e, por esta razão, cilindróides talvez fosse um termo mais apropriado para designá-las. Estas articulações permitem rotação e seu eixo de movimento, único, é vertical: são mono-axiais. Um exemplo típico é a articulação radio-ulnar proximal (entre o rádio e a ulna) responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação ocorre uma rotação medial do rádio e, na supinação, rotação lateral. Na posição de descrição anatômica o antebraço está em supinação. condilar, cujas superfícies articulares são de forma elíptica e elipsóide seria talvez um termo mais adequado. Estas articulações permitem flexão, extensão, abdução e adução, mas não a rotação. Possuem dois eixos de movimento, sendo portanto bi-axiais. A articulação radio-cárpica (ou do punho) é um exemplo. Outros são a articulação temporomandibular e as articulações metacarpofalângicas. selar, na qual a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela, apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa numa segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido inverso da primeira. A articulação carpo-metacárpica do polegar é exemplo típico. É interessante notar que esta articulação permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação (conseqüentemente, também circundução) mas é classificada como bi- axial. O fato é justificado porque a rotação isolada não pode ser realizada ativamente pelo polegar sendo só possível com a combinação dos outros movimentos. esferóide, que apresenta superfícies articulares que são segmentos de esferas e se encaixam em receptáculos ocos. O suporte de uma caneta de mesa, que pode ser movimentado em qualquer direção, é um exemplo não anatômico de uma articulação esferóide. Este tipo de articulação permite movimentos em torno de três eixos, sendo portanto, tri-axial. Assim, a articulação do ombro (entre o úmero e a escápula) e a do quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e circundução. 2.1.E – CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE ELEMENTOS ARTICULADOS (OSSOS) - SIMPLES 2 ossos - COMPOSTA (ou complexa) 3 ou mais ossosComplexidade de organização Quando apenas dois ossos entram em contato numa articulação sinovial diz- se que ela é simples (por exemplo, a articulação do ombro); quando três ou mais ossos participam da articulação ela é denominada composta (a articulação do cotovelo envolve três ossos: úmero, ulna e rádio). Inervação
  • 26. 27 As articulações sinoviais são muito inervadas. Os nervos são derivados dos que suprem a pele adjacente ou os músculos que movem as articulações. As terminações nervosas sensíveis a dor são numerosas na membrana fibrosa da cápsula e nos ligamentos e são sensíveis ao estiramento e à torção destas estruturas. Contudo, o principal tipo de sensibilidade é a propriocepção. Das terminações proprioceptoras da cápsula – fusos neurotendinosos – partem impulsos que interpretados no sistema nervoso central informam sobre a posição relativa dos ossos da articulação, do grau e direção de movimento. As vezes, essas informações são inconscientes, e atuam em nível de medula espinhal para controle dos músculos que agem sobre a articulação. 2.3 - SISTEMA MUSCULAR O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado pela propriedade de contração e distensão de suas células, o que determina a movimentação dos membros e das vísceras. Há basicamente três tipos de tecido muscular: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco. Músculo liso: o músculo involuntário localiza-se na pele, órgãos internos, aparelho reprodutor, grandes vasos sangüíneos e aparelho excretor. O estímulo para a contração dos músculos lisos é mediado pelo sistema nervoso vegetativo. Músculo estriado esquelético: é inervado pelo sistema nervoso central e, como este se encontra em parte sob controle consciente, chama-se músculo voluntário. As contrações do músculo esquelético permitem os movimentos dos diversos ossos e cartilagens do esqueleto. Músculo cardíaco: este tipo de tecido muscular forma a maior parte do coração dos vertebrados. O músculo cardíaco carece de controle voluntário. É inervado pelo sistema nervoso vegetati
  • 27. 28 Estriado esquelético Miócitos longos, multinucleados (núcleos periféricos). Miofilamentos organizam-se em estrias longitudinais e transversais. Contração rápida e voluntária Estriado cardíaco Miócitos estriados com um ou dois núcleos centrais. Células alongadas, irregularmente ramificadas, que se unem por estruturas especiais: discos intercalares. Contração involuntária, vigorosa e rítmica. Liso Miócitos alongados, mononucleados e sem estrias transversais. Contração involuntária e lenta. 2.3.1 - Musculatura Esquelética O sistema muscular esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo, formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, sendo responsável pela movimentação corporal.
  • 28. 29 Os músculos esqueléticos estão revestidos por uma lâmina delgada de tecido conjuntivo, o perimísio, que manda septos para o interior do músculo, septos dos quais se derivam divisões sempre mais delgadas. O músculo fica assim dividido em feixes (primários, secundários, terciários). O revestimento dos feixes menores (primários), chamado endomísio, manda para o interior do músculo membranas delgadíssimas que envolvem cada uma das fibras musculares. A fibra muscular é uma célula cilíndrica ou prismática, longa, de 3 a 12 centímetros; o seu diâmetro é infinitamente menor, variando de 20 a 100 mícrons (milésimos de milímetro), tendo um aspecto de filamento fusiforme. No seu interior notam-se muitos núcleos, de modo que se tem a idéia de ser a fibra constituída por várias células que perderam os seus limites, fundindo-se umas com as outras. Dessa forma, podemos dizer que um músculo esquelético é um pacote formado por longas fibras, que percorrem o músculo de ponta a ponta. No citoplasma da fibra muscular esquelética há muitas miofibrilas contráteis, constituídas por filamentos compostos por dois tipos principais de proteínas – a actina e a miosina. Filamentos de actina e miosina dispostos regularmente originam um padrão bem definido de estrias (faixas) transversais alternadas, claras e escuras. Essa estrutura existe somente nas fibras que constituem os músculos esqueléticos, os quais são por isso chamados músculos estriados. Em torno do conjunto de miofibrilas de uma fibra muscular esquelética situa-se o retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso), especializado no armazenamento de íons cálcio. As miofibrilas são constituídas por unidades que se repetem ao longo de seu comprimento, denominadas sarcômeros. A distribuição dos filamentos de actina e miosina varia ao longo do sarcômero. As faixas mais extremas e mais claras do sarcômero, chamadas banda I, contêm apenas filamentos de actina. Dentro da banda I existe uma linha que se cora mais intensamente, denominada linha Z, que corresponde a várias uniões entre dois filamentos de actina. A faixa central, mais escura, é chamada banda A, cujas extremidades são formadas por filamentos de actina e miosina sobrepostos. Dentro da banda A existe uma região mediana mais clara – a banda H – que contém apenas miosina. Um sarcômero compreende o segmento entre duas linhas Z consecutivas e é a unidade contrátil da fibra muscular, pois é a menor porção da fibra muscular com capacidade de contração e distensão.
  • 29. 30 1- Bandas escuras (anisotrópicas – banda A). 2- Faixas claras (isotrópicas – banda I, com linha Z central). 3- Núcleos periféricos. 2.3.2 - Contração Ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina c sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer. A contração do músculo esquelético é voluntária e ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina. Nas pontas dos filamentos de miosina existem pequenas projeções, capazes de formar ligações com certos sítios dos filamentos de actina, quando o músculo é estimulado. Essas projeções de miosina puxam os filamentos de actina, forçando-os a deslizar sobre os filamentos de miosina. Isso leva ao encurtamento das miofibrilas e à contração muscular. Durante a contração muscular, o sarcômero diminui devido à aproximação das duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer. Constatou-se, através de microscopia eletrônica, que o sarcolema (membrana plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, formando túbulos anastomosados que envolvem cada conjunto de miofibrilas. Essa rede foi denominada sistema T, pois as invaginações são perpendiculares as miofibrilas. Esse sistema é
  • 30. 31 responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular estriada esquelética, não ocorrendo nas fibras lisas e sendo reduzido nas fibras cardíacas. 2.3.3 - A química da contração muscular O estímulo para a contração muscular é geralmente um impulso nervoso, que chega à fibra muscular através de um nervo. O impulso nervoso propaga-se pela membrana das fibras musculares (sarcolema) e atinge o retículo sarcoplasmático, fazendo com que o cálcio ali armazenado seja liberado no hialoplasma. Ao entrar em contato com as miofibrilas, o cálcio desbloqueia os sítios de ligação da actina e permite que esta se ligue à miosina, iniciando a contração muscular. Assim que cessa o estímulo, o cálcio é imediatamente rebombeado para o interior do retículo sarcoplasmático, o que faz cessar a contração. A energia para a contração muscular é suprida por moléculas de ATP produzidas durante a respiração celular. O ATP atua tanto na ligação da miosina à actina quanto em sua separação, que ocorre durante o relaxamento muscular. Quando falta ATP, a miosina mantém-se unida à actina, causando enrijecimento muscular. É o que acontece após a morte, produzindo-se o estado de rigidez cadavérica (rigor mortis). A quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir apenas alguns segundos de atividade muscular intensa. A principal reserva de energia nas células musculares é uma substância denominada fosfato de creatina (fosfocreatina ou creatina-fosfato). Dessa forma, podemos resumir que a energia é inicialmente fornecida pela respiração celular é armazenada como fosfocreatina (principalmente) e na forma de ATP. Quando a fibra muscular necessita de energia para manter a contração, grupos fosfatos ricos em energia são transferidos da fosfocreatina para o ADP, que se transforma em ATP. Quando o trabalho muscular é intenso, as células musculares repõem seus estoques de ATP e de fosfocreatina pela intensificação da respiração celular. Para isso utilizam o glicogênio armazenado no citoplasma das fibras musculares como combustível. Uma teoria simplificada admite que, ao receber um estímulo nervoso, a fibra muscular mostra, em seqüência, os seguintes eventos: 1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca++ e Mg++ para o citoplasma. 2. Em presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP ásica, isto é, desdobra o ATP, liberando a energia de um radical fosfato:
  • 31. 32 3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de miosina, caracterizando o encurtamento das miofibrilas. 2.3.4 - Musculatura Lisa A estriação não existe nos músculos viscerais, que se chamam, portanto, músculos lisos. Os músculos viscerais são também constituídos de fibras fusiformes, mas muito mais curtas do que as fibras musculares esqueléticas: têm, na verdade, um tamanho que varia de 30 a 450 mícrons. Têm, além disso, um só núcleo e não são comandados pela vontade, ou seja, sua contração é involuntária, além de lenta. As fibras lisas recebem, também, vasos e nervos sensitivos e motores provenientes do sistema nervoso autônomo. Embora a contração do músculo liso também seja regulada pela concentração intracelular de íons cálcio, a resposta da célula é diferente da dos músculos estriados. Quando há uma excitação da membrana, os íons cálcio armazenados no retículo sarcoplasmático são então liberados para o citoplasma e se ligam a uma proteína, a calmodulina. Esse complexo ativa uma enzima que fosforila a miosina e permite que ela se ligue à actina. A actina e a miosina interagem então praticamente da mesma forma que nos músculos estriados, resultando então na contração muscular. 2.3.5 - Musculatura Cardíaca O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre os dois outros tipos de tecido muscular As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura cardíaca.
  • 32. 33 A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no músculo estriado esquelético , com algumas diferenças : • os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético; • retículo sarcoplasmático menor; • as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons cálcio mais limitada; • tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de volta para o retículo. Características Lisa Estriada Esquelética Estriada Cardíaca Forma Fusiforme Filamentar Filamentar ramificada (anastomosada) Tamanho (valores médios) Diâmetro: 7mm Comprimento: 100mm 30mm centímetros 15mm 100mm Estrias transversais Não há Há Há Núcleo 1 central Muitos periféricos (sincício) 1 central Discos intercalares Não há Não há Há Contração Lenta, involuntária Rápida, voluntária Rápida, voluntária Apresentação Formam camadas envolvendo órgãos Formam pacotes bem definidos, os músculos esqueléticos Formam as paredes do coração (miocárdio) 2.3.6 - Musculatura Cardíaca O tecido muscular cardíaco forma o músculo do coração (miocárdio). Apesar de apresentar estrias transversais, suas fibras contraem-se independentemente da nossa vontade, de forma rápida e rítmica, características estas, intermediárias entre os dois outros tipos de tecido muscular As fibras que formam o tecido muscular estriado cardíaco dispõem-se em feixes bem compactos, dando a impressão, ao microscópio óptico comum, de que não há limite entre as fibras. Entretanto, ao microscópio eletrônico podemos notar que suas fibras são alongadas e unidas entre si através de delgadas membranas celulares, formando os chamados discos intercalares, típicos da musculatura cardíaca.
  • 33. 34 A contração muscular segue praticamente os mesmos passos da contração no músculo estriado esquelético , com algumas diferenças : • os túbulos T são mais largos que os do músculo esquelético; • retículo sarcoplasmático menor; • as células musculares cardíacas possuem reservas intracelulares de íons cálcio mais limitada; • tanto o cálcio intracelular quanto o extracelular estão envolvidos na contração cardíaca: o influxo de cálcio externo age como desencadeador da liberação do cálcio armazenado na luz do retículo sarcoplasmático, provocando a contração ao atingir as miofibrilas e levando ao relaxamento ao serem bombeados de volta para o retículo. 2.3.7 - Característica do Tecido Muscular O Tecido Muscular possui quatro características principais que são importantes na compreensão de suas funções: Excitabilidade – capacidade do tecido muscular de receber e responder a estímulos; Contratilidade - capacidade de encurta-se e espessar; Extensibilidade – capacidade do tecido de distender-se; Elasticidade – capacidade do tecido de voltar a sua forma após uma contração ou extensão. 1.3.8 – TIPOS DE MÚSCULOS
  • 34. 35 2.3.9 - ORIGEM E INSERÇÃO Origem (ponto fixo) é a extremidade do músculo que fica presa à peça óssea que não se desloca. Inserção (ponto móvel) é a extremidade do músculo presa à peça óssea que se desloca. Nos membros, geralmente a origem de um músculo é proximal e a inserção distal. Porém existem situações em que o músculo pode alterar seus pontos de origem e inserção. Exemplo: quando um atleta eleva seu corpo numa barra, é o braço que se flete sobre o antebraço e a peça óssea em deslocamento é o úmero. Considerando –se a ação do músculo braquial, agora sua extremidade ulnar será a origem e a extremidade umeral será a inserção, quando normalmente o músculo braquial prende-se na face anterior do úmero e da ulna atravessando a articulação do cotovelo, ao contrair-se executa a flexão do antebraço e consideramos sua extremidade umeral como origem e sua extremidade ulnar como inserção. Origem: quando os músculos se originam por mais de um tendão, diz-se que apresentam mais de uma cabeça de origem. São então classificados como músculos bíceps, tríceps ou quadríceps, conforme apresentam 2, 3 ou 4 cabeças de origem. Exemplos clássicos encontramos na musculatura dos membros e a nomenclatura acompanha a classificação. Exemplo: músculo bíceps braquial, músculo tríceps da perna, músculo quadríceps da coxa. Inserção: do mesmo modo os músculos podem inserir-se por mais de um tendão. Quando há dois tendões são bicaudados, quando possuem três ou mais policaudados. Exemplo: músculo flexor longo dos dedos do pé, músculos flexores e extensores dos dedos da mão. Ação: dependendo da ação principal resultante da contração do músculo ele pode ser classificado como flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador medial, rotador lateral, pronador, supinador, flexor plantar flexor dorsal etc.
  • 35. 36 2.3.10 - Ação Muscular A analise do movimento é extremamente complexa, normalmente a ação envolve a ação de vários músculos e a ação em conjunto desses músculos damos o nome de coordenação motora. Estudamos os grupamentos musculares normalmente de acordo com a sua distribuição e respectivas funções: os músculos da região Ântero-medial do antebraço são flexores da mão ou dos dedos e pronadores, ao passo que os da região póstero-lateral são extensores da mão ou dos dedos e supinadores. No movimento voluntário há um grande numero de ações musculares que são automáticas e semi-automáticas. Exemplo: os músculos acionados para manter a estabilidade quando nos abaixamos para pegarmos algum objeto, o movimento principal e dos dedos da mão só que para que o objeto seja pego é necessário que vários outros músculos sejam solicitados a fim de realizar a função. Quando o músculo é o principal na execução de um movimento ele é chamado de agonista e quando ele se opõe ao trabalho muscular de agonista (seja para regular a rapidez ou a potencia de ação deste agonista) é chamado de antagonista, porém quando o músculo trabalha a fim de eliminar algum movimento indesejado que poderia ser produzido pelo agonista ele passa a se chamar sinergista. Exemplo: o músculo braquial quando se contrai é o agente ativo na flexão do antebraço sendo um agonista. Quando o músculo tríceps braquial se contrai para fazer a extensão do antebraço, o músculo braquial se opõe a este movimento retardando-o para que ele não execute bruscamente atuando como antagonista. Na flexão dos dedos, os músculos flexores dos dedos são os agonistas, como os tendões de inserção destes músculos cruzam a articulação do punho, a tendência natural é provocar também a flexão da mão, tal fato não ocorre porque outros músculos, como os extensores do carpo, se contraem e desta forma estabilizam a articulação do punho, impedindo assim aquele movimento indesejado sendo o sinergista. 3 - SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais. No sistema nervoso diferenciam-se duas linhagens celulares: os neurônios e as células da glia (ou da neuróglia). Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais funções, contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade (também denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das
  • 36. 37 outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação exercidas pelo sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura básica de um neurônio e como a mensagem nervosa é transmitida. Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo, o citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios. Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas" para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos. Os axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de colaterais. Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal é o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e passa a informação (impulso nervoso) para eles. A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a célula adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas ramificações em suas regiões terminais e cada ramificação forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são chamadas coletivamente de arborização terminal. Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em áreas restritas do sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral. Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios, formando feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP). O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina - invólucro principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada proteína básica da mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier. No caso dos axônios mielinizados envolvidos pelas células de Schwann, a parte celular da bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o chamado neurilema.
  • 37. 38 O impulso nervoso A membrana plasmática do neurônio transporta alguns íons ativamente, do líquido extracelular para o interior da fibra, e outros, do interior, de volta ao líquido extracelular. Assim funciona a bomba de sódio e potássio, que bombeia ativamente o sódio para fora, enquanto o potássio é bombeado ativamente para dentro.Porém esse bombeamento não é eqüitativo: para cada três íons sódio bombeados para o líquido extracelular, apenas dois íons potássio são bombeados para o líquido intracelular. Imagem: www.octopus.furg.br/ensino/anima/atpase/NaKATPase.html Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é praticamente impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de seu gradiente de concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao potássio, que, favorecido pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade da membrana, se difunde livremente para o meio extracelular. Em repouso: canais de sódio fechados. Membrana é praticamente impermeável ao sódio, impedindo sua difusão a favor do gradiente de concentração. Sódio é bombeado ativamente para fora
  • 38. 39 Imagem: www.epub.org.br/cm/n10/fundamentos/animation.html pela bomba de sódio e potássio. Como a saída de sódio não é acompanhada pela entrada de potássio na mesma proporção, estabelece-se uma diferença de cargas elétricas entre os meios intra e extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da célula e as faces da membrana mantêm-se eletricamente carregadas. O potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de sódio e potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior da membrana positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está polarizada. Ao ser estimulada, uma pequena região da membrana torna-se permeável ao sódio (abertura dos canais de sódio). Como a concentração desse íon é maior fora do que dentro da célula, o sódio atravessa a membrana no sentido do interior da célula. A entrada de sódio é acompanhada pela pequena saída de potássio. Esta inversão vai sendo transmitida ao longo do axônio, e todo esse processo é denominado onda de despolarização. Os impulsos nervosos ou potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além de um limiar (nível crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial de ação). Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à medida em que são conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer efeito até que se cruze o limiar e, então, surja o potencial de ação. Por esta razão, diz-se que os potenciais de ação obedecem à "lei do tudo ou nada". Imagem: geocities.yahoo.com.br/jcc5001pt/museuelectrofisiologia.htm#impulsos Imediatamente após a onda de despolarização ter-se propagado ao longo da fibra nervosa, o interior da fibra torna-se carregado positivamente, porque um grande número de íons sódio se difundiu para o interior. Essa positividade determina a parada do fluxo de íons sódio para o interior da fibra, fazendo com que a membrana se torne novamente impermeável a esses íons. Por outro lado, a membrana torna-se ainda mais permeável ao potássio, que migra para o meio interno. Devido à alta concentração desse íon no interior, muitos íons se difundem, então, para o lado de fora. Isso cria novamente eletronegatividade no interior da membrana e positividade no exterior – processo chamado repolarização, pelo qual se reestabelece a polaridade normal da membrana. A repolarização normalmente se inicia no mesmo ponto onde se originou a despolarização, propagando-se ao longo da fibra. Após a repolarização, a bomba de sódio bombeia novamente os íons sódio para o exterior da membrana, criando um déficit extra de cargas positivas no interior da membrana, que se torna temporariamente mais negativo do que o normal. A eletronegatividade excessiva no interior atrai íons potássio de volta para o interior (por difusão e por transporte ativo). Assim, o processo traz as diferenças iônicas de volta aos seus níveis originais.
  • 39. 40 Para transferir informação de um ponto para outro no sistema nervoso, é necessário que o potencial de ação, uma vez gerado, seja conduzido ao longo do axônio. Um potencial de ação iniciado em uma extremidade de um axônio apenas se propaga em uma direção, não retornando pelo caminho já percorrido. Conseqüentemente, os potenciais de ação são unidirecionais - ao que chamamos condução ortodrômica. Uma vez que a membrana axonal é excitável ao longo de toda sua extensão, o potencial de ação se propagará sem decaimento. A velocidade com a qual o potencial de ação se propaga ao longo do axônio depende de quão longe a despolarização é projetada à frente do potencial de ação, o que, por sua vez, depende de certas características físicas do axônio: a velocidade de condução do potencial de ação aumenta com o diâmetro axonal. Axônios com menor diâmetro necessitam de uma maior despolarização para alcançar o limiar do potencial de ação. Nesses de axônios, presença de bainha de mielina acelera a velocidade da condução do impulso
  • 40. 41 nervoso. Nas regiões dos nódulos de Ranvier, a onda de despolarização "salta" diretamente de um nódulo para outro, não acontecendo em toda a extensão da região mielinizada (a mielina é isolante). Fala-se em condução saltatória e com isso há um considerável aumento da velocidade do impulso nervoso. O percurso do impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito corpo celular axônio. O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores (músculos e glândulas). 3.1 - DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO: 3.1.1 - O Sistema Nervoso Central O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo (hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico, que se divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado cranialmente; e PONTE, situada entre ambos.
  • 41. 42 No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a substância branca, mais internamente. Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana, protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética: dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-máter (a interna). Entre as meninges aracnóide e pia-máter há um espaço preenchido por um líquido denominado líquido cefalorraquidiano ou líquor. 3.1.1.1 - O TELENCÉFALO O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos e motores. Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS (ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-RAQUIDIANO, (LÍQÜOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema nervoso. Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos.
  • 42. 43 O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas, sendo a maioria pertencente ao chamado neocórtex. Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica. 1. hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas três camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral. 2. córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta duas ou três camadas celulares.
  • 43. 44 3. neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante um sulco chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias áreas sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente envolvidas com o controle do movimento voluntário. Imagem:McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São Paulo, Publifolha, 2002. A região superficial do telencéfalo, que acomoda bilhões de corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex cerebral, formado a partir da fusão das partes superficiais telencefálicas e diencefálicas. O córtex recobre um grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substância branca). Em meio a este centro branco (nas profundezas do telencéfalo), há agrupamentos de corpos celulares neuronais que formam os núcleos (gânglios) da base ou núcleos (gânglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PÁLIDO e NÚCLEO SUBTALÂMICO, envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que os gânglios da base participam também de um grande número de circuitos paralelos, sendo apenas alguns poucos de função motora. Outros circuitos estão envolvidos em certos aspectos da memória e da função cognitiva.
  • 44. 45 Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002. Algumas das funções mais específicas dos gânglios basais relacionadas aos movimentos são: 1. núcleo caudato: controla movimentos intencionais grosseiros do corpo (isso ocorre a nível sub- consciente e consciente) e auxilia no controle global dos movimentos do corpo. 2. putamen: funciona em conjunto com o núcleo caudato no controle de movimentos intensionais grosseiros. Ambos os núcleos funcionam em associação com o córtex motor, para controlar diversos padrões de movimento. 3. globo pálido: provavelmente controla a posição das principais partes do corpo, quando uma pessoa inicia um movimento complexo, Isto é, se uma pessoa deseja executar uma função precisa com uma de suas mãos, deve primeiro colocar seu corpo numa posição apropriada e, então, contrair a musculatura do braço. Acredita-se que essas funções sejam iniciadas, principalmente, pelo globo pálido. 4. núcleo subtalâmico e áreas associadas: controlam possivelmente os movimentos da marcha e talvez outros tipos de motilidade grosseira do corpo. Evidências indicam que a via motora direta funciona para facilitar a iniciação de movimentos voluntários por meio dos gânglios da base. Essa via origina-se com uma conexão excitatória do córtex para as células do putamen. Estas células estabelecem sinapses inibitórias em neurônios do globo pálido, que, por sua vez, faz conexões inibitórias com células do tálamo (núcleo ventrolateral - VL). A conexão do tálamo com a área motora do córtex é excitatória. Ela facilita o disparo de células relacionadas a movimentos na área motora do córtex. Portanto, a conseqüência funcional da ativação cortical do putâmen é a excitação da área motora do córtex pelo núcleo ventrolateral do tálamo.
  • 45. 46 Imagem: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002. 3.1.1.2 - O DIENCÉFALO (tálamo e hipotálamo) Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexões com outras estruturas do sistema límbico (que regula as emoções). O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balanço de água no corpo, o sono e está envolvido na emoção e no comportamento sexual. Tem amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Aceita-se que o hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese (“criação”) do que na expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais.
  • 46. 47 3.1.1.3 - O TRONCO ENCEFÁLICO O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito de cérebro controla os movimentos do lado esquerdo do corpo); (3) regula a atenção, função esta que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). Além destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas específicas. Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico podem estar relacionados com relevos ou depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico.
  • 47. 48 Imagem: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora. 3.1.1.4 - O CEREBELO Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em dois hemisférios. Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo. O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos enviados aos músculos. A
  • 48. 49 partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares que pretende executar e de informações proprioceptivas que recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular. Algumas estruturas do encéfalo e suas funções Córtex Cerebral Funções: • Pensamento • Movimento voluntário • Linguagem • Julgamento • Percepção A palavra córtex vem do latim para "casca". Isto porque o córtex é a camada mais externa do cérebro. A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6 mm. O lado esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos são as principais divisões físicas do córtex cerebral. O lobo frontal é responsável pelo planejamento consciente e pelo controle motor. O lobo temporal tem centros importantes de memória e audição. O lobo parietal lida com os sentidos corporal e espacial. o lobo occipital direciona a visão. Cerebelo Funções: • Movimento • Equilíbrio • Postura • Tônus muscular A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O cerebelo fica localizado ao lado do tronco encefálico. É parecido com o córtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo é dividido em hemisférios e tem um córtex que recobre estes hemisférios.
  • 49. 50 Tronco Encefálico Funções: • Respiração • Ritmo dos batimentos cardíacos • Pressão Arterial Mesencéfalo Funções: • Visão • Audição • Movimento dos Olhos • Movimento do corpo O Tronco Encefálico é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a medula espinhal. Possui várias estruturas como o bulbo, o mesencéfal o e a ponte. Algumas destas áreas são responsávei s pelas funções básicas para a manutenção da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a pressão arterial. Bulbo: recebe informações de vários órgãos do corpo, controlando as funções autônomas (a chamada vida vegetativa): batimento cardíaco, respiração, pressão do sangue, reflexos de salivação, tosse, espirro e o ato de engolir. Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo no controle da respiração, além de ser um centro de transmissão de impulsos para o cerebelo. Serve ainda de passagem para as fibras nervosas que ligam o cérebro à medula. Tálamo Funções: • Integração Sensorial • Integração Motora O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as passa para o córtex cerebral. O córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo. Participa, juntamente com o tronco encefálico, do sistema reticular, que é encarregado de “filtrar” mensagens que se dirigem às partes conscientes do cérebro.