Caminhonete do senhor filomeno

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Caminhonete do Senhor Filomeno

Contos de momentos especiais que não voltam mais.
Geraldo Magela Batista
Visite o Site: www.geraldofadipa.comunidades.net
A Caminhonete do Sr. Filomeno
Olhando para o passado vejo minha vida como uma paisagem
composta de planícies e planaltos e todos os momentos tiveram o poder
de influenciar minha forma de pensar e de apreciar acontecimentos e
pessoas.
Uma deles foi uma caminhonete, de propriedade do Sr. Filomeno,
que esteve sobre a responsabilidade de meu pai por um determinado
período. Lembro-me de meu pai na direção da dita caminhonete,
enveredando pelas trilhas ladeadas de vegetação primitiva e eu, na
carroceria, ficava admirado o cume dos montes com seus coqueiros
altaneiros e os pastos com bois preguiçosamente deitados ao chão.
O fresco aroma da terra em flor aguçava o meu olfato nas tardes
plácidas do campo tendo como teto o manto azul do firmamento. Na velha
estrada havia bois e carros indo em todas as direções. Observava curioso
as várias cicatrizes vermelhas, golpeando o dorso verde das colinas,
responsáveis pela interligação de diversas casebres e pela transporte de
cargas feitos pelos carros de bois.
Este veículo não era mole não. Não respeitava o céu escuro cheio de
nuvens carregadas e iam garbosamente pelos caminhos tortuosos
observando as mesmas cenas: Os pastos, córregos, montes, campos e
cafezais.
Lembro-me que uma vez atravessamos as águas de um singelo
arroio para colher mangas de um pomar. Este saboroso fruto iria trilhar
caminhos a bordo do veículo para serem negociados em cidades vizinhas.
Alguns homens balançavam os galhos das árvores e outros colhiam
os frutos e os acondicionavam em caixotes próprios. Estas árvores, neste
momento, pareciam tristonhas e sombrias como se a perda de seus frutos
consumisse as estranhas de seu ser e uma mágoa aflora-se em suas
folhas. Não se importava com o sol, a chuva e o vento. Mas a perda de seus
frutos as levavam a um desalento sóbrio e uma angustiante tortura e
desconforto. Sem que nenhuma daquelas pessoas percebesse o trama de
cada uma delas.
Aqueles seres, em cima de seus galhos, eram incapazes de ouvir o
lamento emitido pela natureza. Não eram capazes de perceberem o gemido
sopro da brisa matinal, o soluçar dos Ipês e o canto triste dos coqueiros.
O interessante é que estas mangueiras continuam como sempre,
dando frutos, mesmo sabendo que iram perde-los para os humanos e os
pássaros, que em bandos, pousam em seus galhos para se alimentarem.
Mas estes, ao menos, alegrava suas almas com o gorjeio em plena luz do
dia.
Outra lembrança foi uma viagem a cidade vizinha de Córrego Novo,
que havia se emancipado de Bom Jesus em 1962, na casa de uma amiga
da família chamada Jandira. Partimos em uma manhã fresca e orvalhada
iluminada pelas raios dourados do sol.
Como Lancelot, em busca do cálice sagrado, adentramos pelas ruas
empoeiradas da minúscula cidade sentindo o ar puro daquela doce manhã.
Meus olhos, de criança, admiravam cada detalhe até chegarmos a casa
cheio de flores e cheirando a tempero. Na hora do almoço sentia algo
semelhante a abertura do Mar Vermelho. Eu estava com uma fome e
cansaço de um povo que vagou quarenta anos do deserto e a mesa repleta
representava um milagre diante dos meus olhos.
Das janelas eram possível avistar um alegre sagui, não sei se
pertencente a alguns vizinho, que aguardava ansiosos seu quinhão.
Em frente a uma igreja, um
dos filhos da Jandira, fotografou
este momento mágico que iria
preservar a imagem este veículo
tão admirado. Durante a pose
abasteci meus pulmões do mais
puro oxigênio e prepararei para
sair da melhor forma possível na
foto.
Jandira foi uma amiga intima da família e por diversas vezes passou
alguns dias em nossa casa e até hoje sinto um carinho profundo por ela.
O Sr. Filomeno e a sua esposa eram pessoas boníssimas e detinham
um grande respeito de todos. Infelizmente os reencontrei tempos depois,
já morando em Caratinga, no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora onde sua
esposa travava uma cruel batalha contra o câncer.
Pela primeira vez observei os horrores que está doença pode causar
as pessoas e não aceitava que a mesma pudesse estar disseminando o
corpo daquela senhora que no passado esbanjava saúde.
Ela foi uma heroína ao enfrentar, como os campeões, uma disputa
com reduzidas chaves de vencer. Com a sua morte cheguei a pensar que
Família Batista e a Caminhonete
quando o câncer procura um corpo para penetrar, não importa se ele é
saudável ou não, simplesmente aparece e não há nada que possamos
fazer.
Foi nesse momento triste que tive acesso a minha primeira revista
em quadrinhos. Foi um almanaque do Tio Patinhas que recebi de presente
de um dos filhos do Sr. Filomeno. Evidentemente não tinha nação da
divisão que havia entre a nossa realidade e a americana, mas mesmo assim
me apaixonei pelo mundo mágico de Walt Disney.

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5_02_a revolução francesa_RESUMO.pdf por Vítor Santos
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Caminhonete do senhor filomeno

  • 1. Contos de momentos especiais que não voltam mais. Geraldo Magela Batista Visite o Site: www.geraldofadipa.comunidades.net A Caminhonete do Sr. Filomeno Olhando para o passado vejo minha vida como uma paisagem composta de planícies e planaltos e todos os momentos tiveram o poder de influenciar minha forma de pensar e de apreciar acontecimentos e pessoas. Uma deles foi uma caminhonete, de propriedade do Sr. Filomeno, que esteve sobre a responsabilidade de meu pai por um determinado período. Lembro-me de meu pai na direção da dita caminhonete, enveredando pelas trilhas ladeadas de vegetação primitiva e eu, na carroceria, ficava admirado o cume dos montes com seus coqueiros altaneiros e os pastos com bois preguiçosamente deitados ao chão. O fresco aroma da terra em flor aguçava o meu olfato nas tardes plácidas do campo tendo como teto o manto azul do firmamento. Na velha estrada havia bois e carros indo em todas as direções. Observava curioso as várias cicatrizes vermelhas, golpeando o dorso verde das colinas, responsáveis pela interligação de diversas casebres e pela transporte de cargas feitos pelos carros de bois. Este veículo não era mole não. Não respeitava o céu escuro cheio de nuvens carregadas e iam garbosamente pelos caminhos tortuosos observando as mesmas cenas: Os pastos, córregos, montes, campos e cafezais. Lembro-me que uma vez atravessamos as águas de um singelo arroio para colher mangas de um pomar. Este saboroso fruto iria trilhar caminhos a bordo do veículo para serem negociados em cidades vizinhas. Alguns homens balançavam os galhos das árvores e outros colhiam os frutos e os acondicionavam em caixotes próprios. Estas árvores, neste momento, pareciam tristonhas e sombrias como se a perda de seus frutos consumisse as estranhas de seu ser e uma mágoa aflora-se em suas folhas. Não se importava com o sol, a chuva e o vento. Mas a perda de seus frutos as levavam a um desalento sóbrio e uma angustiante tortura e desconforto. Sem que nenhuma daquelas pessoas percebesse o trama de cada uma delas.
  • 2. Aqueles seres, em cima de seus galhos, eram incapazes de ouvir o lamento emitido pela natureza. Não eram capazes de perceberem o gemido sopro da brisa matinal, o soluçar dos Ipês e o canto triste dos coqueiros. O interessante é que estas mangueiras continuam como sempre, dando frutos, mesmo sabendo que iram perde-los para os humanos e os pássaros, que em bandos, pousam em seus galhos para se alimentarem. Mas estes, ao menos, alegrava suas almas com o gorjeio em plena luz do dia. Outra lembrança foi uma viagem a cidade vizinha de Córrego Novo, que havia se emancipado de Bom Jesus em 1962, na casa de uma amiga da família chamada Jandira. Partimos em uma manhã fresca e orvalhada iluminada pelas raios dourados do sol. Como Lancelot, em busca do cálice sagrado, adentramos pelas ruas empoeiradas da minúscula cidade sentindo o ar puro daquela doce manhã. Meus olhos, de criança, admiravam cada detalhe até chegarmos a casa cheio de flores e cheirando a tempero. Na hora do almoço sentia algo semelhante a abertura do Mar Vermelho. Eu estava com uma fome e cansaço de um povo que vagou quarenta anos do deserto e a mesa repleta representava um milagre diante dos meus olhos. Das janelas eram possível avistar um alegre sagui, não sei se pertencente a alguns vizinho, que aguardava ansiosos seu quinhão. Em frente a uma igreja, um dos filhos da Jandira, fotografou este momento mágico que iria preservar a imagem este veículo tão admirado. Durante a pose abasteci meus pulmões do mais puro oxigênio e prepararei para sair da melhor forma possível na foto. Jandira foi uma amiga intima da família e por diversas vezes passou alguns dias em nossa casa e até hoje sinto um carinho profundo por ela. O Sr. Filomeno e a sua esposa eram pessoas boníssimas e detinham um grande respeito de todos. Infelizmente os reencontrei tempos depois, já morando em Caratinga, no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora onde sua esposa travava uma cruel batalha contra o câncer. Pela primeira vez observei os horrores que está doença pode causar as pessoas e não aceitava que a mesma pudesse estar disseminando o corpo daquela senhora que no passado esbanjava saúde. Ela foi uma heroína ao enfrentar, como os campeões, uma disputa com reduzidas chaves de vencer. Com a sua morte cheguei a pensar que Família Batista e a Caminhonete
  • 3. quando o câncer procura um corpo para penetrar, não importa se ele é saudável ou não, simplesmente aparece e não há nada que possamos fazer. Foi nesse momento triste que tive acesso a minha primeira revista em quadrinhos. Foi um almanaque do Tio Patinhas que recebi de presente de um dos filhos do Sr. Filomeno. Evidentemente não tinha nação da divisão que havia entre a nossa realidade e a americana, mas mesmo assim me apaixonei pelo mundo mágico de Walt Disney.