O TRIUNFO DA CIÊNCIA
Muitos aspectos da filosofia da Ilustração (Iluminismo)
possibilitaram o surgimento das ciências sociais no século
XIX. O primeiro deles foi a crescente credibilidade alcançada
pelo pensamento científico, especialmente pelas ciências
naturais (Biologia – Charles Darwin, 1809-1882).
As ideias de progresso, racionalismo e domínio do homem
sobre a natureza exerceram forte influência sobre a
mentalidade da época.
Se esse pensamento racional e científico parecia válido para
explicar a natureza e controlá-la, ele poderia incluir também a
sociedade, vista como um componente da natureza. A
Sociedade, igualmente, poderia ser explicada, conhecida e
controlada.
O TRIUNFO DA CIÊNCIA
As ciências sociais se desenvolveram no século
XIX quando a racionalidade das ciências naturais
e de seu método havia obtido o reconhecimento
necessário para substituir a religião na
explicação da origem, do desenvolvimento e da
finalidade do mundo.
As primeiras questões que os cientistas sociais
do século XIX buscaram responder foram
relativas aos fatos sociais e aos métodos de
investigação.
POSITIVISMO OU ORGANICISMO
Auguste Comte (1798-1857) - Nasceu em Montpellier, França,
de uma família católica e monarquista. Viveu a infância na
França napoleônica. Estudou no colégio de sua cidade e depois
em Paris, na Escola Politécnica.
Tornou-se discípulo de Saint-Simon (socialista utópico), de quem
sofreu enorme influência. Dedicou seus estudos à filosofia
positivista ou a física social, que só posteriormente chamou de
sociologia. Para Comte, a sociologia deveria se orientar por
objetivos práticos: “conhecer para agir, compreender para
reorganizar”.
O positivismo derivou do cientificismo, isto é, da capacidade da
razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma
de leis naturais.
POSITIVISMO OU ORGANICISMO
Essas leis seriam a base da regulamentação da vida do homem, da
natureza como um todo e do próprio universo.
“A sã política não deveria ter por objetivo avançar a espécie
humana, que se move por impulso próprio, seguindo uma lei
necessária quanto a da gravidade, embora mais modificável; ela tem
por finalidade facilitar sua marcha, iluminando-a.” (Sistema de
Política Positiva: 95)
A sociedAde foi concebidA como um orgAnismo constituído
de pArtes integrAdAs e coesAs que funcionAm
hArmonicAmente, segundo um modelo físico ou mecânico.
por isso o positivismo tAmbém foi chAmAdo de orgAnicismo.
POSITIVISMO OU ORGANICISMO
A ciência positiva deveria responder pelas leis do progresso e do
desenvolvimento social, baseando-se no sistema de doutrinas gerais: onde
As idéiAs e crençAs comuns (consensus universAlis) garantiriam à
coesão social, por meio de uma moralidade ‘universal’.
Comte propôs responder a seguinte questão:
Como a sociedade pode se manter unida quando se torna maior, mais
complexa, mais variada, mais diferenciada, mais especializada e mais
dividida? E a resposta foi: Por meio de ideias e crenças comuns, o
consenso universal. “As sociedades só podem manter sua coerência por
meio de crenças comuns”.
A indústria deveria substituir o poder feudal e militar; e simultameamente, a
ciência positiva deveria substituir o poder teológico.
A FUNÇÃO DA FÍSICA SOCIAL
A função da física social (sociologia) seria a de oferecer aos
homens os instrumentos (um método de investigação)
pelo qual estes poderiam analisar o passado com a finalidade de
estabelecer a linha evolutiva que os levaria a um futuro certo e
inequívoco.
“em quAlquer ordem de fenômenos de que se possA
trAtAr, mesmo em relAção Aos mAis simples, nenhumA
verdAdeirA observAção é possível sem que sejA
primeirAmente dirigidA e finAlmente interpretAdA por
umA teoriA”.
O Positivismo fez uso das noções utilizadas pela Biologia, tais
como: consenso, hierarquia, meio, condições de existência,
relação entre estática e dinâmica, órgão e função.
SOCIOLOGIA ESTÁTICA E DINÂMICA
O movimento/estado estático e dinâmico da sociedade: Comte
se apropria desses dois conceitos das ciências naturais para
explicar a ordem social. Um define os elementos que explicam a
sociedade em repouso, a outra a sociedade em movimento.
Tratam-se de formulações teóricas, já que na sociedade os dois
aspectos se interrelacionam e se influenciam reciprocamente.
O movimento/estado estático é responsável pela estrutura da
sociedade, ele responde pelas leis da harmonia, da hierarquia,
manifestadas na coexistência das classes e dos indivíduos. É
responsável também pela preservação dos elementos
permanentes de toda organização social, isto é, as instituições
sociais que mantém e garantem o funcionamento da sociedade:
família, religião, propriedade, linguagem, direito (LEIS).
Para Comte eStÁtICa SoCIaL é IguaL a noção de ordem.
SOCIOLOGIA ESTÁTICA E DINÂMICA
Movimento/estado dinâmico: baseia-se nas noções de organização e
mobilidade social, representando a passagem para formas mais
complexas e multivariáveis do sistema social, como por exemplo, as
inovações técnicas, responsáveis pelo processo de industrialização.
O movimento/estado dinâmico é o responsável pela mobilidade dos
indivíduos e pela dinâmica entre os estratos e grupos sociais.
A ciência, as inovações tecnológicas, o conhecimento são construções
que possibilitam o progresso social. a dInâmICa eStÁ aSSoCIada a
noção de ProgreSSo.
Comte relacionava os dois movimentos de forma a privilegiar o estático
sobre o dinâmico, a conservação em detrimento da
mudança. Isto significa que o progresso destina-se a aperfeiçoar os
elementos da ordem, e não destruí-la.
ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO
Comte entendia a dinâmica social com a lei do progresso,
ou seja com a lei dos três estados. (teológico, metafísico e
positivo). Esse último representava o ápice do progresso da
humanidade.
O estágio mais primitivo (sociedades fetichistas, politeístas
ou monoteístas), evoluindo para o estágio metafísico
(sociedades que recorrem à argumentação, sem no entanto
estabelecer correlações entre os fenômenos observáveis) e,
por fim, o positivo (sociedade racional e científica).
Para Comte, a humanidade evolui constantemente, no
entanto, há fatores modificadores desse processo.
ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO
Os fatores secundários – acelerando-o ou retardando-o –
desse processo são: o clima, a raça e a ação humana (política).
Para Comte, porém os principais fatores de efetiva
mundança social são: o tédio, o suceder de gerações e o
aumento da população.
Comte afirma que, pelo tédio o homem busca mudar sua condição,
almejando novas coisas e posições. Pelo suceder de gerações
muda-se a composição da sociedade, que mesmo de forma sutil se
altera e evolui em relação a anterior e, finalmente com o aumento
da população, otimizam-se as relações entre indivíduos e grupos,
acelerando o processo da divisão do trabalho social.
OBJETIVOS DA SOCIOLOGIA
COMTEANA
A Sociologia ou Física social busca explicar a sociedade tendo em vista
prever suas inquietações/manifestações e apontando soluções pelo
consenso. Em outras palavras, o corpo das doutrinas gerais (conjunto
de crenças comuns a todos os homens, que se efetivaria por meio da
educação universal), deveria ‘administrar’ as mudanças sociais,
buscando eliminar as contradições e os conflitos, pois estes poderiam
levar à sociedade aos caos e a destruição.
Seu objeto de investigação são as relações inter-humanas (os aspectos
ideativos, afetivos e volitivos, que se originam e são passíveis de
observação quando o homem faz parte de um grupo) e os fenômenos
de ordem material e espiritual, que se criaram e se cristalizaram de
forma permanente e transmissível, de uma geração a outra (cultura),
como verdadeiras categorias objetivadas.
AUGUSTE COMTE: UM REFORMADOR SOCIAL
Comte foi um antiliberal e um anti-individualista.
Recomendava a intervenção do Estado na esfera econômica
e na organização social. Defendia a educação universal, pois
só assim todos teriam as mesmas oportunidades.
Adepto dA evolução grAduAl, não AdmitiA
mudAnçAs rAdicAis, pois estAs poderiAm levAr Ao
cAos sociAl. O papel da burguesia era evitar o avanço dos
ideais socialistas garantindo à ordem, enquanto o regime
positivista não pudesse ser implantado pela falta de completa
unidade de ideias e costumes.