1. HISTÓRIA DA MODA
MATERIAL 10 BIMESTRE
1. BELA ÉPOCA - 1900 a 1914
O início do século ficou conhecido como a Belle Époque que iria até os anos de 1914
e foi marcado por um período de feminilidade e sofisticação. Gibson Girl transformou-se no
referencial de beleza das jovens da época com seus cabelos em bandos, olhos sonolentos e
boca carnuda .Em 1904 Karl Nessler, um cabeleireiro alemão criou o permanente. Um
procedimento caro e que levava doze horas para ficar pronto. Depois de ter conquistado fama
e fortuna mudou o seu nome para Sharles Nestle.As mulheres da sociedade tinham uma
grande preocupação que era o brilho da pele, a tez deveria ser de um branco rosado, assim
como as das jovens meninas. O cosmético mais usual era o pó.
A maquiagem era feita com poudre de riz (pó de arroz) que era branco, rosado ou
rosa forte, o ruge tinha que ser forte e brilhante no tom escarlate. Esses produtos eram
comercializados em livretos com folhas de papel macias que quando as mulheres usavam
aplicava no rosto com o auxilio de um pincel que era passado sobre essas folhas. Nos lábios
um líquido vermelho verniz era aplicado. O batom no formato que conhecemos hoje só seria
apresentando por volta de 1915.As damas da sociedade jamais seriam vistas com os olhos
pintados que só eram usados pelas artistas de teatro e coristas. (vita)
Em 1907 foi inventada a primeira tintura, que daria origem as demais que estavam por
vir, seu criador Eugène Schueller, criou três anos mais tarde a L’Oreal. Os cabelos eram a
coqueluche do momento, seguido do chapéu, adornado com flores, plumas e rendas,
referencial de posição social, já que só as operárias saiam de cabeça descoberta. Marques
complementa que os cabelos longos eram moda, somente as mulheres ousadas cortavam os
cabelos. Os penteados eram volumosos e as menos favorecidas contavam com a ajuda de
apliques para aumentá-los, seu uso era muito comum. Um enfeite com grande importância
naquela época foi o pente de prata, que assim como o chapéu deixava visível a que classe
social pertencia.
Grandes precursores da beleza e da indústria cosmética aparecem no início do século
como Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Max Factor. (vita)
Max Factor fez muito sucesso não só com as atrizes, mas também com as “mortais”
da época por seus lançamentos em maquiagem que proporcionavam uma aparência perfeita,
2. levando muitos atores e atrizes a roubar os produtos de Max Factor, motivando-o a abrir sua
loja em 1904.(vita)
Shiseido (1906), Dorine (1910), Creme Nívea (1911), Peggye Sage (1916), foram
algumas das marcas de cosméticos que fizeram a cabeça das mulheres da época e algumas
dessas marcas fazem até os dias atuais.
A moda vestuário da bela época acentuava o busto graças ao espartilho que o
empurrou para frente, jogando os quadris para trás. O resultado foi uma silhueta em S. O
ideal de beleza privilegiava a mulher com cintura de 40 centímetros de circunferência. A
beleza deveria transmitir doçura e fragilidade.
DÉCADA DE 20
Foi uma década marcante e de muitas transformações. As mulheres lutavam pelo
direito de um estatuto de igualdade. Ficou conhecido como os “loucos anos 20” O uso dos
produtos de maquiagem foi reavaliado transformando o uso da maquiagem em uma mania
mundial e fazendo com que as indústrias cosméticas progredissem cada vez mais .Para
evidenciar uma nova personalidade os olhos começavam a ser maquiados, mostrando uma
nova visão do mundo. As bocas femininas tomaram a forma de um coração deixando os
cantos da boca sem cor, nos olhos sombras preta e muito rímel à face recebia exageradamente
o ruge e claro finalizando com o pó.
Coco Chanel, uma grande e criativa estilista da época cortou os cabelos bem curtos
com talhe reto e franja, causando uma revolução entre as mulheres e em uma sociedade
inteira.A intenção era parecer-se com a figura masculina, os cabelos eram apresentados nas
revistas, puxados para trás, com brilhantina e uma nuca quase raspada.
Querendo um visual mais natural e cansadas dos artifícios, as mulheres deixavam
revelar o volume natural dos fios. Muitos acessórios foram usados para enfeitar os cabelos, as
faixas, toucas de crochê, à noite as mulheres enriqueciam seus adornos com uso de fitas de
veludo ou de seda, com pedras e penas coloridas, broches. Os cabelos ondulados e longos e
os presos não saíram totalmente de moda.
A musa do cinema Louise Brooks também foi outra que adotou o cabelo à garçonne
corte reto e a franja, inspirado na mulher retratada no livro La Garçonne, um romance que
trazia uma mulher que usava cabelos curtos e fumava em público. Ela retratava esse ideal não
só nas telas, mas também na vida real. Clara Bow que fazia o gênero “louquinha” de ar
inocente também foi outro acontecimento. Foi muito imitada no quesito maquiagem e
3. penteado. O que era usado nos cinemas ditava a tendência das ruas .Faux relata uma novidade
que apesar do preço e da dificuldade do uso causaria grande entusiasmo foi o primeiro
curvador de cílios, o Kurlash. Max Factor cria em 1928 o primeiro gloss labial .
Aquela fragilidade que existia no começo do século começa a perder espaço Uma década
de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazz e pelo charme das
melindrosas .“Mulheres modernas da época, que freqüentavam os salões e traduziam em seu
comportamento e modo de vestir o espírito da Era do Jazz.
A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos, tanto que a mulher
da época usava faixas que ficaram conhecidas como achatadores de seio. A atenção estava
toda voltada aos tornozelos A silhueta dos anos 20 era tubular, os vestidos eram mais curtos,
leves e elegantes, com braços e costas à mostra. As meias eram em tons de bege, sugerindo
pernas nuas. A cintura dos vestidos ou o cós da saia ficava logo acima do quadril, dando um
aspecto de cintura reta ao corpo. A tendência era andrógina, masculinizada, anulando curvas.
Busca- se a magreza a qualquer custo. Nessa década surgiria também a preocupação com a
saúde da pele. Nadia Payot, médica ucraniana radicada em Paris cria a ginástica para
trabalhar os músculos do rosto e do pescoço. Em 1928 criou também as primeiras aplicações
de eletricidade no campo da estética e desenvolveu dois aparelhos destinados à remodelagem
do corpo.
DECADA DE 30
O ano de 1930 iniciou-se com a crise financeira causada pela queda da Bolsa de
Valores de Nova York, mas na contramão da crise a moda transmitia luxo, sofisticação e
esplendor. O referencial de beleza da época foi Greta Garbo e Marlene Dietrich. A grande
atração era o olhar com sombras escuras acentuando o côncavo da pálpebra superior para um
olhar melancólico, cílios curvados e com muito rímel, sobrancelhas depiladas e redesenhadas
ou a lápis ou tingidas. O blush era bege ou castanho bem claro. O batom vermelho forte
permanece nos lábios. Max Factor apresenta o pancake que teve sucesso imediato, a partir de
então imperfeições não existiam mais para as atrizes, a pele de pêssego era rapidamente
conseguida com o uso dessa base compacta cremosa.
As atrizes de cinema ditavam a moda dos cabelos curtos, mas modelados, ondulados,
penteados, tudo era harmônico .Contudo os cabelos longos voltaram a ser usados, mas de
forma moderada, pois ainda predominava o estilo mais curto. O repartido podia ser no meio
ou na lateral, ambos bem definidos, e as ondas voltaram com tudo. Turbantes e chapéus
4. complementavam o visual, foi nessa década também que as mulheres resolveram arriscar
outras cores para os cabelos, a cor mais procurada foi o loiro à la Marlene Dietrich.
Surge em 1932 a Revlon, empresa que é conhecida até hoje e tem uma infinidade de
produtos de beleza.
A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de beleza era a
atriz Greta Garbo. Diferente dos anos 20, que havia destruído as formas femininas, os 30
redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância refinada, sem grandes
ousadias.Assim como o corpo voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter forma.
Surgem os bojos de enchimento e as estruturas de metal para aumentar os seios. A mulher
então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou espartilho flexível. As formas eram marcadas,
porém naturais. Os vestidos encompridaram-se novamente, podiam ser justos ou retos, mas
o maior auge foi a do corte a godê e do evasê, dando um toque romântico à roupa. As costas
eram muito valorizadas: nos vestidos de noite, grandes decotes desnudam o corpo feminino;
os vestidos de dia eram confeccionados a fim de dar uma nova silhueta à mulher, com
ombros largos, quadris estreitos e decotes acentuados. A bainha dos vestidos desceu e as saias
afunilaram. Silhueta em triangulo invertido.
• A moda dos anos 30 descobriu o esporte ao ar livre e aos banhos de sol.
• Para isso, os saiotes de praias diminuíram, as cavas aumentaram e ao decotes
chegaram até a cintura,
A indústria cosmética não conheceria limites e as mulheres incentivadas pelos novos
produtos lançados a cada época, se maquiavam sem complexo, e em público, derrubando por
ora a idéia de que a maquiagem deveria ser feita às escondidas.
• Um acessório que se tornou moda nos anos 30 foram os óculos escuros. Eles eram
muito usados pelos astros do cinema e da música.Surge os óculos de sol (Ray Ban), o
bronzeador e o nudismo.
• Surge as unhas postiças
• Cilíos postiços
• Banhos de espuma redutores de peso
• Tratamentos elétricos inovadores prometiam afinar a silhueta.
• As half moon nails (unhas meia-lua), também conhecidas como francesinhas ao
contrário, eram bastante populares nas décadas de 20 e 30.
No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, que estourou na
Europa em 1939, as roupas já apresentavam uma linha militar, assim como algumas peças já
5. se preparavam para dias difíceis, como as saias, que já vinham com uma abertura lateral, para
facilitar o uso de bicicletas.
DÉCADA DE 40
O começo dessa década foi marcado pela Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) que
estava acontecendo e que perduraria até 1945. Mudanças no comportamento foram fatais,
como já tinha acontecido no período da guerra anterior. Com a guerra veio não somente a
falta de produtos de beleza como também o racionamento, a dificuldade em conseguir um
produto de beleza era grande e a única solução era o mercado negro o que acabava elevando
significativamente o custo do mesmo.
Os padrões de beleza clássica foram resgatados, linhas perfeitas, bom gosto e
refinamento eram valorizados. Cílios postiços, batom delineado e pancake na preparação da
pele. Neste momento o tom do batom, das sombras e pós combinavam melhor com cada tipo
de pele, a maquiagem ficou individual e não era mais a mesma para todas. O pancake e o
ruge apresentavam várias tonalidades.
Verônica Lake com seus longos cabelos loiros divididos na lateral e deixando uma
mecha cobrindo metade do seu rosto, foi imitada loucamente por todas as classes sociais. Isso
causaria um problema para operárias já que essa mecha poderia entrar nas engrenagens das
máquinas causando grandes acidentes, levando as fábricas proibirem o penteado Veronica
Lake e a obrigatoriedade do cabelo preso com redinhas. Mais tarde a rede virou moda, já que
as operárias com pressa acabavam indo embora com elas, foi a primeira vez que a moda saiu
da classe menos favorecida para a elite, com diferença que as mulheres da elite usavam redes
douradas ou prateadas, bordadas com pérolas ou flores, enquanto as operárias usavam redes
pretas. Os cabelos da época eram compostos por ondas, enchimentos, coques, chapéus e
turbantes. Não foram só os penteados presos que caracterizaram essa época, os cabelos soltos
também fora adotado. Muitos meios de embelezamento não ficaram acessíveis durante o
conflito e os cabelos longos foram uma maneira de mostrar feminilidade.
As pin-ups surgiram em meio a guerra e Betty Grable foi a mais popular entre todas,
elas serviam meio que para compensar as frustrações do momento que estavam passando.
Ainda segundo Faux New York Times em 1941 relatou que nos EUA vinte milhões de
dólares eram vendidos em batons, isso frisando que estavam em meio a uma guerra e essa
cifra aumentaria ao longo de toda guerra. As enfermeiras não deixavam o submarino sem
antes passar ou retocar o batom .
6. Durante os anos da Segunda Guerra e a década que a segue, as mulheres, cada vez mais
magras, agora se preocupavam em não perder mais peso. A escassez da guerra trouxe novos
valores, a bela mulher era aquela jovem de saúde, robusta e de caráter forte.
Com a crise econômica a roupa feminina ganhou seriedade, com tendência à praticidade,
surgindo o estilo uniforme. Muitos materiais sumiram do mercado, e foi preciso criatividade
para substituí-los.
Surgiram saltos de madeira ou cortiça, e chapéus feitos de lascas de madeira e de jornal,
usados com véu decorativo. Os chapéus assumiram muitas formas, e até o turbante foi
implantado, por volta de 1942. Essa moda se justificou pelo fato de que os xampus da época
eram de má qualidade, e a maioria dos cabeleireiros tinha-se alistado no exército.A maioria
das mulheres utilizavam grampos para prender os cabelos e formar cachos ou lançavam mão
dos lenços .
Com o nylon em falta, as meias desapareceram dos armários femininos. As mulheres
substituíram a meia-calça por meia soquetes, pernas nuas muitas vezes com uma pintura
falsa, imitando uma costura.
A cintura volta ao lugar, mas de forma discreta, sugerindo um formato de corpo
ampulheta, com ombros e quadris em equilíbrio.
DÉCADA DE 50
A maior preocupação da mulher da década de 50 era “agradar o marido e cuidar bem da
casa.” Em 1950, o luxo e o glamour estavam em alta, com Paris ditando a moda. Surgiram
as linhas em "A", "H", "Y", iniciando-se a moda jovem (camiseta e jeans para homens, saia
rodada para mulheres). Época conhecida como "Anos Dourados", com influência americana
na moda e nos hábitos. Depois do baby-boom (nascimento de muitos bebês em decorrência
da volta dos homens da guerra), as mulheres tornaram-se mais caseiras, fazendo a linha de
mãe e esposa exemplar.
Com o New Look, queria-se apagar a imagem dos tempos duros de guerra, com os
luxuosos trajes. As mulheres ricas davam muita importância à etiqueta. A televisão
influenciou a moda americana, e era comum a cópia de vestidos de atrizes e cantoras para
bailes e coquetéis. A cintura era marcada, ombros e quadris em harmonia, destacando a
silhueta ampulheta.
Os anos posteriores a guerra após 1945 , foram de incertezas e reconstrução. Foram anos
de elegância e de resgate dos valores conservadores. As cores da maquiagem seguiam as
cores das roupas, assim como antes da guerra, o que não era bem aceito pelos maquiadores de
7. Hollywood. A pele era pálida e os lábios intensos, o olhar era modelado por sombra nas
pálpebras, rímel e especialmente delineador, sem esquecer o lápis de sobrancelha, o que
estava na moda era o oposto do olhar fatal. Pó de arroz era usado em casa enquanto o pó
compacto ficava sempre nas bolsas, para uso emergencial.
Os cabelos nesta década eram curtos inspirados nas musas do cinema e não eram mais o
foco da sensualidade, podiam ser ruivas, morenas ou platinadas, mas sempre ondulados.
A sensualidade e feminilidade eram os trunfos usados pelas mulheres, que eram divididas em
3 padrões de estilos: as boazinhas (ingênuas) e destruidoras de lares (fatais), e as femininas .
Entre as atrizes esses estereótipos começavam a aparecer evidentemente , Grace Kelly e
Audrey Hepburn apareciam entre as ingênuas e suas armas eram a naturalidade os cabelos
emolduravam o rosto, sobrancelhas naturais levemente sublinhadas e os lábios claros. Grace
Kelly cria o estilo loura chique. Já o oposto delas são Ava Gardner e Rita Hayworth sendo
elas as belezas consideradas femininas e sensuais. Junto com esses dois estereótipos teríamos
ainda a união de Marilyn Monroe e Brigitte Bardot com a mistura perfeita de ingenuidade e
inocência com sensualidade e erotismo elas seriam os símbolos sexual de uma década.
A maquiagem de Marilyn era resultado de três horas de trabalho, tudo era bem estudado
era mais natural, porém mais sedutora usava de todos os artifícios disponíveis base, pó, rímel,
sombra, cílios postiços, delineador e batom com um toque de vaselina para deixar os lábios
volumosos . Brigitte Bardot tinha um ar inocente, usava rabo de cavalo, franja e os olhos
sempre muito marcados.
Chega ao mercado no fim da década mais uma das invenções de Max Factor, o
delineador líquido. Em 1957 em busca da beleza as mulheres, sobretudo as que trabalhavam
gastaram quatro bilhões de dólares com seu ritual de embelezamento . As marcas de
cosméticos famosas como Max Factor, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden chegavam a
terras brasileiras nessa época.