1. TRECHOS DO TEXTO DESEJO DE
LIBERDADE
Mirella Rodrigues
Olinda, 1888.
- Traga logo escrava
sapatos,
esses
tola! – Gritou Elizabeth de sua
alcova. Ao subir sem muita
pressa, Maria, de olhar vagos,
adentra o quarto onde estava sua
senhora, segurando numa
almofada pequena e requintada,
os sapatos que tanto eram
almejados por sua dona.
- Não sabe o que é diligência, Maria? Ponha-os agora em
meus pés! Preciso estar pronta a tempo. Tenho de estar perfeita.
Senhor Frederico logo estará a minha espera. Não posso tardar.
De outro modo, o que ele pensará de mim? Que o estou
desprezando? Não posso. Casamento tem se tornado algo cada
vez mais difícil. Tu não concordas? Que pergunta estúpida! O que
poderias saber? Nunca saberás o que isso significa.
Enquanto aquela medíocre e jovem donzela, medíocre e
insuportável donzela, passava seu tempo entretendo-se com seus
insignificantes sentimentalismos, Maria tinha mais o que fazer,
muito mais, aliás. Deu graças por não vê-la, por não mais
importuná-la, e retirou-se para a cozinha.
Texto diagramado por jovens da Oficina de Informática